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0001
Resumo: O mundo contemporâneo, especialmente a partir do último quartel do século XX, vem pas-
sando por rápidas transformações – econômicas, sociais, culturais – como resultado da mais recente
revolução tecnológica. Essas mudanças tecnológicas vêm delineando o que, dependendo do autor, tem
sido caracterizado como era informacional, da informação ou do conhecimento. Castells (1999), por
exemplo, afirma que vivemos sob o modo de desenvolvimento informacional. Para analisar a mudança
do papel do conhecimento ao longo da história, lança mão da categoria modo de desenvolvimento, que
será considerada neste ensaio. Muitas vezes, esses conceitos são utilizados sem muita precisão, dificul-
tando a compreensão da realidade. Qual é o mais apropriado para apreender o momento em que vive-
mos? Este artigo busca analisá-los criticamente e situar o papel da educação nesse contexto. A escola
tem conseguido dar respostas às demandas de um mundo em transformação? A profusão de reformas
curriculares que vem sendo implantada em diversos países é um indício de que não, de que a educação
escolar ainda não encontrou um caminho consistente. Além disso, a educação não pode se restringir a
dar respostas às demandas do sistema produtivo, antes de tudo deve estar voltada para a emancipação
humana. E a geografia, tem conseguido adaptar-se às transformações do mundo contemporâneo e, ao
mesmo tempo, explicá-lo adequadamente? O texto também levanta algumas questões acerca do papel
da geografia – acadêmica e escolar – nesse contexto, embora sem aprofundá-las, o que exigiria outro
artigo.
Abstract: The contemporary world, especially after the last quarter of the 20th century, has been going
through fast economical, social and cultural changes as a result of the recent technological revolution.
According to different authors, these technological changes have characterized the information age or
knowledge age. Castells (1999), for example, affirms that we live under the development information
model. In order to analyze the change in the role of knowledge throughout history, he refers to a category
called development mode, which is discussed in this article. These concepts are used in some cases
without much precision making it difficult to understand reality. Which is the most appropriate concept
to understand the moment we live? This article tries to analyze and situate the role of education in this
context. Has the school been able to meet the demands of a world in constant transformation? The amount
of curricular reforms that have been implemented in several countries is a demonstration that the answer
is negative, that education has not found a consistent way of meeting the demands yet. Furthermore,
education can not restrict itself to meet the demands of the productive system, education should first of
all, be concerned with human emancipation. Has geography been able to adapt to the transformations
*Doutor em geografia humana pela FFLCH-USP, professor de metodologia do ensino de geografia na Faculdade de
Educação da USP e autor de livros educativos pela Editora Scipione.
*Doctor in Human Geography from the FFLCH-USP, professor of Geography Teaching Methodology at the
College of Education at the São Paulo University. Author of teaching materials by Scipione Publishing House.
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A educação e o ensino de Geografia: na era da informação ou do conhecimento?
of the contemporary world and at the same time explain it properly? This article discusses some of the
issues related to the role of academic and educational Geography in this context.
Introdução
mas apenas de uma reconstituição do papel diversas sociedades mundiais. Por fim, ana-
do conhecimento (e das técnicas) nos vários lisaremos a situação da geografia escolar, al-
momentos que marcam a história humana, gumas de suas relações com a geografia aca-
para compreender melhor sua importância dêmica e a contribuição contraditória desta
no mundo de hoje. Para tanto nos apoiaremos para a reforma curricular do Ensino Médio.
nas categorias “modos de desenvolvimento”
(CASTELLS, 1999) e “espaços antropológi-
cos” (LÉVY, 1998). Numa perspectiva geo- Dados-informações-conhecimentos
gráfica, e dialogando com elas, utilizaremos
a categoria “meio” (SANTOS, 1996) e sua
No senso comum e, às vezes, mesmo
transformação ao longo da história como
nos meios acadêmicos, os conceitos de dado,
consequência da agregação crescente de téc-
informação e conhecimento são utilizados
nicas ao território.
imprecisamente, quando não de forma in-
Serão destacados certos aspectos de tercambiável. Isso ocorre, sobretudo, num
algumas propostas de reforma curricular mundo em que o conhecimento cada vez
postas em prática no Canadá, nos Estados mais ganha relevo e somos inundados por
Unidos e na Espanha, que buscam dar con- uma crescente quantidade de informação.
ta das mudanças impostas pelas aceleradas Hoje em dia são comuns referências à era
transformações do mundo atual. Procuramos da informação ou do conhecimento. Muitas
enfatizar a proposta brasileira, por meio dos vezes, tem-se a ideia de que esses conceitos
Parâmetros Curriculares Nacionais do En- possuem o mesmo significado. Entretanto,
sino Médio e das Orientações Curriculares um breve levantamento de algumas defini-
para o Ensino Médio, elaborados pelo MEC, ções mostra que não é bem assim. Castells
e dar mais atenção à discussão sobre o lugar (1999, p. 45), por exemplo, citando Porat
da disciplina geografia nesse processo. Me- (1977, p. 2), afirma que “informação são
rece, desde já, lembrar que a geografia é uma dados que foram organizados e comunica-
disciplina multiparadigmática, o que faz com dos.” Bem, e o que são dados? De acordo
que recentemente tenha apresentado propos- com Simon (1999, p. 17): “Um dado é uma
tas discrepantes em termos conceituais para seqüência de símbolos, é um ente totalmen-
a reforma curricular e isso pode enfraquecer te sintático, não envolve semântica como na
sua capacidade explicativa. informação. Os dados podem ser represen-
Na busca de respostas para as ques- tados com sons, imagens, textos, números e
tões aqui levantadas é importante que come- estruturas.” Parece evidente que para haver
cemos pela elucidação de alguns conceitos informação é necessário haver comunicação.
informacionais – dados, informações, co- Assim, podemos pensar que a informação é
nhecimentos e inteligências –, para logo em o dado com algum significado.
seguida analisarmos as categorias modo de O próximo passo é a definição de co-
desenvolvimento, espaços antropológicos e nhecimento, o que é um pouco mais com-
meio geográfico, assim como seus possíveis plexo. Castells (1999, p. 45), em seu livro A
pontos de contato e suas inter-relações. Fei- sociedade em rede, diz que não tem nada a
to isso, discutiremos as mudanças que estão acrescentar à definição dada por Bell (1973,
ocorrendo na educação, em sua dimensão p.175), para quem conhecimento é “um con-
curricular, como consequência das trans- junto de declarações organizadas sobre fa-
formações tecnológicas em andamento nas tos ou idéias, apresentando um julgamento
Entretanto, alerta para o fato de que o falar de valores, o que nos remete à discus-
simples acúmulo de informações não garan- são do conceito mais complexo da pirâmide
te a passagem ao terceiro nível da pirâmide, informacional, aquele que se localiza em seu
não garante a produção de conhecimentos. topo: a inteligência, ou melhor, as inteligên-
Enquanto o conceito de dado remete cias.
a banco, à ideia de acumulação, informação
remete a veículo, à ideia de comunicação. De
fato, sem comunicação não há informação, Inteligências
como disse Porat (1977 apud CASTELLS,
1999). Aliás, sem comunicação também não O conceito de inteligência é o mais di-
há conhecimento. Quem é que já não tentou fícil de ser delimitado, de ser definido. Além
ler um livro numa língua estrangeira incom- disso, não há uma inteligência, mas várias,
preendida, sem conseguir extrair nenhuma daí o plural do subtítulo.
informação, nenhum conhecimento? Caso De fato, as primeiras tentativas de
fosse uma língua que utiliza o alfabeto latino definir ou mais especificamente mensurar a
ainda seria possível identificar os dados, isto inteligência datam do início do século XX.
é, as letras, mas ainda assim não depreender Em 1905, o psicólogo francês Alfred Binet
nenhum significado, não chegar ao elemento (1859-1911) foi instado a elaborar um teste
semântico, ou seja, não extrair nenhuma in- para medir o grau de aproveitamento dos es-
formação. Pior, se o texto fosse numa língua tudantes de escolas públicas francesas. Ela-
que utiliza outro alfabeto, como o russo, o borou a base para os testes de QI (Quocien-
árabe ou o chinês, não se atingiria nem mes- te de Inteligência), conhecido como Escala
mo o dado ou o elemento sintático. Simon-Binet, que depois foi aperfeiçoada e
O conhecimento, o terceiro nível da passou a ser muito utilizada no pós-guerra,
pirâmide informacional, remete à ideia de sobretudo nos Estados Unidos. O teste de QI
teoria, de compreensão. Machado (2000, p. mede a relação entre a idade mental e a ida-
67) afirma que para atingi-lo “é fundamental de cronológica de uma pessoa. Por exemplo,
a capacidade de estabelecer conexões entre se uma criança de oito anos passa num tes-
elementos informacionais aparentemente te criado para crianças de 10 anos, então ela
desconexos, processar informações, analisá- terá um QI de 125 (10/8 x 100 = 125).
-las, relacioná-las, armazená-las, avaliá-las Embora venham sendo utilizados há
segundo critérios de relevância, organizá-las muitos anos, o problema desses testes é que
em sistemas.” De fato, como propõe Mari- veem a inteligência como uma medida unidi-
na (1995, p. 40), “conhecer é compreender, mensional. Não por acaso Gardner (1995, p.
quer dizer, apreender o novo com o já co- 21) afirma: “Numa visão tradicional, a inte-
nhecido.” ligência é definida operacionalmente como a
capacidade de responder a itens em testes de
O educador Nilson Machado (2000),
inteligência.” Como contraponto a isso de-
remetendo-se ao filósofo espanhol José An-
fende, já como substrato de sua teoria das in-
tonio Marina (1995), afirma que o conheci-
teligências múltiplas, que: “Uma inteligência
mento é o meio para as pessoas realizarem
implica na capacidade de resolver problemas
seus projetos. Mais do que uma definição, é
ou elaborar produtos que são importantes
uma busca de operacionalização desse con-
num determinado ambiente ou comunidade
ceito. E falar de pessoas e projetos significa
cultural.” (GARDNER, 1995, p. 21).
histórico tenha se iniciado a expansão Isso exige trabalhadores cada vez mais
imperialista das potências industriais. As qualificados, já que o conhecimento é sem-
potências europeias, sobretudo, buscavam pre pessoal e embora não sendo sujeito histó-
garantir acesso a fontes de matérias-primas rico é o principal responsável pelo aumento
e de energia na África e na Ásia, visando a da oferta de bens e serviços e, sobretudo, da
garantir seus processos de industrialização, produtividade na era informacional. É o co-
sua inserção no modo de desenvolvimento nhecimento o responsável pela valorização
industrial. dos produtos, dos processos produtivos, dos
Segundo a caracterização de Castells serviços e também do território, constituin-
(1999), hoje estaríamos vivendo em pleno do, nesse caso, o que Santos (1996) chamou
modo de desenvolvimento informacional. As de “meio técnico-científico-informacional”.
sociedades do presente deixaram de ser agrá- O conjunto da humanidade é cada vez
rias e industriais? As matérias-primas e as mais industrial, é crescente a oferta de bens
fontes de energia deixaram de ser importan- de consumo, e a agricultura bate recordes de
tes? Nem é preciso dizer que continuamos a produtividade. A fome é um problema mui-
nos alimentar, logo, nossa espécie continua to mais ligado às más políticas econômicas
sendo agrária. A quantidade crescente de e às desigualdades de distribuição de renda,
produtos maquinofaturados em utilização do que à escassez de alimentos, contrarian-
também não deixa dúvidas de que as socie- do o que advogou Malthus no século XVIII,
dades atuais continuam sendo industriais, quando nem de longe sonhava com os avan-
cada vez mais. ços tecnológicos existentes na agricultura de
Com o termo informacional, Manuel hoje.
Castells busca apreender o fato de que o O que mudou é que atualmente tanto
conhecimento transformou-se no principal a agricultura quanto a indústria funcionam
fator de produção do mundo atual. Em suas sob a lógica do informacionalismo. O
palavras: modo de desenvolvimento informacional
encampou os setores que eram típicos de
No novo modo informacional de desen- modos de desenvolvimento precedentes.
volvimento, a fonte de produtividade Por exemplo, a soja que o Brasil cultiva no
acha-se na tecnologia de geração de co-
cerrado tropical é uma criação dos técnicos
nhecimentos, de processamento de infor-
mação e de comunicação de símbolos. Na
da Embrapa, já que esse grão é originário
verdade, conhecimentos e informação são de zonas temperadas. O que dizer então
elementos cruciais em todos os modos da soja transgênica Roundup Ready, da
de desenvolvimento, visto que o proces- multinacional norte-americana Monsanto,
so produtivo sempre se baseia em algum cuja modificação genética tornou-a resistente
grau de conhecimento e no processamento ao herbicida Roundup, produzido por essa
da informação. Contudo, o que é especí- empresa? Esses produtos já não são naturais,
fico ao modo informacional de desenvol- mas uma criação humana, portanto, prenhes
vimento é a ação de conhecimentos sobre de conhecimento. Da mesma forma, um
os próprios conhecimentos como princi-
automóvel, produto por excelência da era
pal fonte de produtividade. (CASTELLS,
1999, p. 35).
do industrialismo, mais especificamente
da segunda revolução industrial, hoje é um
produto informacional. Os carros atuais,
mesmo modelos mais simples e baratos, não
têm nada a ver com os pioneiros, como o lógico? Segundo Lévy (1998, p. 22): “É um
famoso Ford T. Embora o princípio básico sistema de proximidade (espaço) próprio do
de propulsão seja o mesmo – um motor a mundo humano (antropológico), e portanto
combustão interna queimando combustível dependente de técnicas, de significações, da
–, computadores de bordo, freios ABS, air linguagem, da cultura, das convenções, das
bag, mecanismos de navegação via GPS, representações e das emoções humanas.”
entre outros equipamentos eletrônicos, São espaços de significações que se constitu-
transformaram o automóvel num produto íram progressivamente ao longo da história
informacional. humana e se estendem ao conjunto da huma-
Enquanto as duas precedentes foram nidade. São quatro: a Terra, o Território, o
revoluções de energia – a primeira movida a Espaço das mercadorias e o Espaço do saber.
Esses espaços são irreversíveis e essa irre-
carvão, a segunda a petróleo e a eletricidade
versibilidade é que permite qualificá-los de
– a atual revolução industrial é movida a co-
espaços antropológicos. É uma construção
nhecimento. Não que a energia tenha deixa-
humana e coexistem em toda parte, embora
do de ser importante. Um computador, pro-
diferentemente. O Espaço do saber foi o últi-
duto informacional por excelência e símbolo
mo a se constituir, ou melhor, ainda está em
da atual revolução tecnológica, não funciona construção e nada garante que venha a ser
sem eletricidade, mas essa fonte de energia constituído. Assim, na prática a irreversibili-
é da segunda revolução industrial. Não há dade vale apenas para os três primeiros.
uma fonte de energia nova que movimente
A Terra foi o primeiro espaço antro-
a terceira revolução industrial, a base ener-
pológico construído. Terra, aqui, deve ser
gética atual vem das duas anteriores. Talvez
entendida como o mundo das significações,
na quarta revolução industrial, ou em outras
construído a partir do paleolítico e ancorado
posteriores, tenhamos o desenvolvimento de na linguagem, nos mitos e nos ritos. A Terra,
uma fonte revolucionária, como foram o car- segundo Lévy (1998), não é o planeta nem
vão, o petróleo e a eletricidade no passado. mesmo a biosfera; é o cosmo, o espaço-tem-
Quem sabe o hidrogênio ou a energia solar, po de relações. Naquela época o homem era
fontes inesgotáveis e limpas. nômade e sua principal atividade era caçar.
Sem dúvida, o conhecimento é o gran- Como início da construção da identidade dos
de motor da era informacional ou, com o per- humanos se destaca, além do vínculo com o
dão da redundância, da era do conhecimento. cosmo, o vínculo de filiação, de aliança com
outros homens.
De acordo com Lévy (1998, p. 115):
Espaços antropológicos e meios “Nossa espécie produziu a Terra, elaboran-
geográficos do o mundo humano como tal.” Em lugar de
Terra, também poderíamos falar em espaço
geográfico, que começou a ser construído
O filósofo francês Pierre Lévy, na ten- desde o início da civilização a partir do meio
tativa de apreender a história dos seres hu- natural. À medida que o espaço foi sendo
manos sobre o planeta e suas relações com o construído, que o homem foi lhe agregando
cosmo, os mitos, os ritos, com o território, a técnicas, o meio natural foi se transforman-
política e a economia e evidentemente com o do em meio técnico, como propôs Santos
conhecimento, fala em “espaços antropoló- (1996). Além da dimensão simbólica atribuí-
gicos”. Mas, o que seria um espaço antropo- da à Terra, depreende-se que há também uma
dimensão geográfica, quando Lévy (1998, p. pósito, Santos (1996) reserva a designação
22) afirma: “Só os seres humanos vivem so- de meio técnico à fase posterior à invenção
bre a Terra, os animais habitam em nichos e ao uso da máquina. Porém, abre uma bre-
ecológicos.” cha para chamarmos de meio técnico a fase
O Território, como espaço antropo- anterior ao maquinismo, ao afirmar que “a
lógico, começou a ser construído do inexistência de artefatos mais complexos
neolítico para cá, porém trata-se de um ou de máquinas não significa que uma dada
neolítico atemporal, não o da história, já que sociedade não disponha de técnicas.” (SAN-
a difusão das inovações é desigual. Santos TOS, 1996, p. 187). Podemos dizer, então,
(1996) alerta para o fato de que as técnicas se que o meio técnico generalizou-se após as
difundem de forma desigual no território1. Já revoluções industriais, mas mesmo a partir
o Território começou a ser construído quando daí, de forma desigual. Fazendo um parale-
o ser humano iniciou o desenvolvimento lo com Castells (1999), pode-se afirmar que
da agricultura, a construção de cidades, a origem do Território, como espaço antro-
a organização de Estados e a criação da pológico, coincide com o início do modo de
escrita. Isso marca o início da “civilização”, desenvolvimento agrário.
quando o homem deixou de ser nômade O terceiro espaço antropológico,
e tornou-se sedentário. A sedentarização o Espaço das mercadorias, começou a
demandou o controle de territórios, passando ser construído a partir do século XVI,
pela conquista e ocupação, o que levou à coincidindo com a expansão marítima
constituição dos primeiros impérios. Não por europeia e com o início do capitalismo. Em
acaso Lévy (1998) menciona que enquanto sua etapa comercial esse sistema organizou
o símbolo da Terra era o caçador pintando um espaço de fluxos – de matérias-primas,
um grande animal na parede de uma gruta, o de energia, de mercadorias, de capitais, de
símbolo do Território era Sargon de Agadés, mão-de-obra e de informações. O homem
primeiro imperador da história, que unificou continuou sedentário, como espécie, mas
por meio de suas conquistas todas as cidades- ao mesmo tempo tornou-se viajante: muitos
Estados da Mesopotâmia. de seus membros passaram a atingir lugares
Com isso no processo de construção cada vez mais distantes. Contrariando
da identidade do ser humano, além do nome, Pierre Lévy, só então, como resultado das
que remete à filiação, passa a ser importante grandes navegações, é que se inicia de fato
a definição de um “endereço”, ou seja, a lo- a construção da Terra, pelo menos como
calização no território ou no Território dos sinônimo de mundo. Antes disso existia
sedentários ou dos contribuintes, como diz um planeta, mas que não era conhecido
Lévy (1998). Numa perspectiva geográfi- inteiramente por nenhum povo – era igno-
ca, pode-se dizer que a partir daí o homem rado como um todo –, e vários mundos.
começou a construir o meio técnico, com a Exagerando um pouco, pode-se dizer que
gradativa implantação de objetos – cidades, havia tantos mundos quantos eram os povos.
campos agrícolas, canais, estradas, castelos, De fato, o mundo estava restrito quase que
igrejas, fortalezas etc. – no espaço geográfi- somente à escala do lugar ou, quando muito,
co. Mas isso ainda é muito incipiente. A pro- da região. Então, pode-se dizer que a Terra,
como espaço antropológico, na realidade
1
Usaremos território, em caixa baixa, como um con- era sinônimo de mundo conhecido por um
ceito geográfico, e Território, em caixa alta, como es- povo. No fundo, não há discordância, afinal
paço antropológico, como propõe Pierre Lévy.
Lévy (1998) não fala em Terra como espaço na Terra ou no meio natural, o homem era
geográfico, fala como espaço antropológico. nômade; se no Território ou nos primórdios
De qualquer forma, ainda pensando do meio técnico, ou ainda durante o modo
geograficamente, a sinonímia entre Terra, de desenvolvimento agrário, o homem era
planeta, mundo e globo só começou a ser essencialmente agricultor; no Espaço mer-
construída no Espaço mercantil, ou seja, cantil, no meio técnico por excelência ou no
sob o capitalismo, que é expansionista por modo de desenvolvimento industrial, o ho-
natureza, como salientam Moraes e Costa mem passa a ser cada vez mais operário.
(1987, p. 138): Lévy não menciona, mas outro impor-
tante construtor de identidades humanas, que
Expansão e concentração são, assim, fun-
damentos do desenvolvimento do capita-
tem tudo a ver com o Território, embora te-
lismo. A tendência do desenvolvimento nha se consolidado no Espaço mercantil, é a
das trocas e da circulação em geral é a de nação. Com a consolidação dos Estados mo-
incorporar ao circuito econômico, espaços dernos, um dos mais importantes sinais de
cada vez mais dilatados. Já foi discutido o identidade é o pertencimento a uma nação.
processo de formação da história univer- Como fenômeno “construído essencialmen-
sal, com a mundialização da economia e a te pelo alto”, como diz Hobsbawn (1990, p.
globalização dos fluxos. A internacionali- 20), os Estados bem que tentaram coincidir a
zação constitui o momento mais avançado nação com os limites de seu território, embo-
do processo de valorização do espaço.
ra, muitas vezes, em vão, haja vista a grande
Castells (1999) situa o início do modo quantidade de países plurinacionais. Sendo
de desenvolvimento industrial um pouco assim, ao nome, ao “endereço” e à profissão
mais tarde, com o advento das revoluções deve-se acrescentar a nacionalidade, que é
industriais no século XVIII. É exatamente o sinal de pertencimento a um povo, a uma
a partir daí que, segundo Santos (1996), se nação, em sentido antropológico, ou mais
constituiu o meio técnico, com a crescente especificamente ao um Estado territorial,
agregação de objetos técnicos ao espaço geo- em sentido jurídico-político. De acordo com
gráfico, com sua contínua mecanização, com Hobsbawn (1990, p. 32): “A equação nação
o crescimento das cidades, das indústrias e = Estado = povo e, especialmente, povo so-
de outras infraestruturas que dão suporte à berano, vinculou indubitavelmente a nação
produção e à circulação de mercadorias e de ao território, pois a estrutura e a definição
pessoas. Já vimos com Castells (1999) que o dos Estados eram agora essencialmente ter-
advento do modo de desenvolvimento indus- ritoriais.”
trial torna fundamental o acesso a fontes de O último dos espaços antropológicos
matérias-primas e de energia, reforçando o é o Espaço do saber, que Lévy, sem meias
espaço de fluxos, proposto por Lévy (1998), palavras, diz que ainda não existe: “Sejamos
e ampliando o meio técnico, sugerido por francos: o Espaço do saber não existe. É,
Santos (1996). no sentido etimológico, uma u-topia, um
Dando continuidade ao processo his- não lugar. Não se realiza em parte alguma
tórico de construção da identidade do hu- (1998, p. 120).” Não existe porque ainda
mano, com o advento do Espaço mercantil, não adquiriu autonomia e irreversibilidade
além do nome e do “endereço”, passa ser como os anteriores, porém trata-se de uma
cada vez mais importante a definição da pro- perspectiva para o futuro que pode realizar-
fissão, que crescentemente é assalariada. Se se ou não, mas que já existe em germe.
A crise geral que acometeu o mundo mo- sistema de ensino provincial (fundamental e
derno em toda parte em quase toda esfe- médio). Quais são as razões que levaram o
ra da vida se manifesta diversamente em governo dessa província canadense a buscar
cada país, envolvendo áreas e assumindo uma redefinição da missão de suas escolas e
formas diversas. Na América, um de seus
uma revisão curricular? Com a palavra Pau-
aspectos mais característicos e sugestivos
é a crise periódica na educação, que se tor-
line Marois, Ministra da Educação:
nou, no transcurso da última década pelo
First, knowledge plays and will continue to
menos, um problema político de primeira
play a central role in our society. Students
grandeza, aparecendo quase diariamen-
must be given the opportunity to master
te no noticiário jornalístico. (ARENDT,
essential, even complex learning, but first
2005, p. 221).
and foremost basic skills and knowledge,
at the appropriate time in their schooling.
O educador canadense Kieran Egan, Second, students must be prepared to
escrevendo quase meio século depois, tam- assume their role as responsible citizens
bém aponta uma crise na educação, uma by learning and sharing common values.
ineficiência das escolas. O subtítulo de seu Finally, students must be made aware
livro A mente educada, lançado no Brasil em of the global challenges which have
2002, é: os males da educação e a ineficiên- and impact on all societies by gradually
cia educacional das escolas. Mudam apenas developing their ability to think and act
in a manner that transcends current trends
os diagnósticos sobre o porquê da crise. Egan
and personal interests. (CANADÁ, 1997,
(2002) aponta a incompatibilidade entre o p. 3).
objetivo de socialização, o ideal platônico
de busca desinteressada da verdade, de cul- Nos Estados Unidos, o Departamento
tivo do intelecto, e o ideal russeauniano de de Educação elaborou em 2004 o documento
estímulo ao desenvolvimento do potencial No Child Left Behind para orientar mudan-
pessoal do aluno. Noutras palavras, o anti- ças no sentido de reforçar a qualidade de en-
go embate academicismo x pragmatismo. sino ministrado nas escolas públicas de nível
Arendt (2005), entre outros fatores, aponta básico. Rod Paige, Secretário de Educação,
a negligência com a formação dos professo- destacando a importância da educação para a
res em suas respectivas disciplinas. Para ela, democracia e a economia do país e buscando
a escola deveria ser mais platônica e menos inspiração nos “Pais Fundadores” da nação
russeauniana. americana, declara:
A profusão de reformas educacionais
Education is one of the most important
que estão sendo discutidas e/ou implemen- functions of government. It was a
tadas em diversos países é um forte indício concern of the early settlers, and a focus
dessa crise ou inadequação à era informacio- of the Founding Fathers in writing the
nal, marcada por crescente competição entre Constitution precisely because our
trabalhadores e empresas, lugares e nações e democracy is dependent on an educated
na qual o conhecimento ganha cada vez mais public. […] The Founding Fathers were
relevância. correct: Education is necessary for the
growth and prosperity of our country.
Em 1997, o Ministério de Educação As education more inclusive and of
do Quebec, Canadá, elaborou um documen- better quality, it has enhanced American
to – Québec Schools on Course: Educational economic and political leadership. (U. S.,
Policy Statement – propondo uma reforma no 2004, p. 2).
Quando a LDB destaca as diretrizes curri- Cuban (1975 apud VIÑAO, 2003), isto é,
culares específicas do Ensino Médio, ela hábitos e costumes consolidados ao longo
se preocupa em apontar para um planeja- do tempo sobre modos de ensinar, seleção
mento e desenvolvimento do currículo de de conteúdos, formas de avaliação etc., que
forma orgânica, superando a organização é muito difícil de modificar. Evidentemente
por disciplinas estanques e revigorando a
que a mudança pode e deve ocorrer, mas
integração e articulação dos conhecimen-
tos, num processo permanente de inter-
talvez não ocorra na velocidade que os
disciplinaridade e transdisciplinaridade. elaboradores dos documentos e o MEC
(BRASIL, 2002, p. 31). esperavam. Para a implantação de um ensino
interdisciplinar seria necessário primeiro
No entanto, toda a cultura vigente nas que os professores fossem preparados para
escolas está ancorada num currículo discipli- essa mudança. Devem ser orientados, como
nar. As aulas são divididas por disciplinas, os propõe o Secretário de Educação Básica,
livros didáticos são organizados por discipli- mas é fundamental a elaboração de novos
nas e a longa tradição cartesiano-positivista materiais didáticos, porque todos sabemos
do peso que os livros educativos têm na
da formação acadêmica dos professores é
relação ensino-aprendizagem. Por diversas
disciplinar. Além disso, o próprio PCNEM,
razões, é muito difícil para os professores
apesar de defender a interdisciplinaridade,
elaborarem seu próprio material didático.
na versão complementar publicada em 2002,
E mais importante: de médio a longo prazo
chamada de PCN + ensino médio (BRASIL,
é fundamental reavaliar a fragmentada
2002a), propõe uma organização curricular formação universitária dos professores,
em eixos temáticos essencialmente discipli- calcada no paradigma cartesiano-positivista.
nares. Essa incoerência é apontada no docu-
Entretanto, o que é mais preocupan-
mento Orientações Curriculares do Ensino
te são as incompatibilidades e incoerências
Médio, quando analisa a proposta para a ge-
presentes nos próprios documentos elabo-
ografia, mas ela também ocorre nas outras
rados com o intuito de orientar a mudança.
disciplinas:
Não é de se estranhar que eles não sejam
[...] a forma de organização dos conteú- absorvidos nas escolas. Aliás, o fato de exis-
dos, como está apresentada nas páginas 66 tirem tantos e tão extensos documentos já é
a 68 dos PCN +, em análise, não contém, sintomático. O PCNEM, elaborado em 1999,
em si mesma, a proposta de interdiscipli- “não se concretizou”, então o MEC elabo-
naridade defendida nos parâmetros uma rou o PCN + ensino médio, em 2002, que
vez que os conteúdos continuam a ser aparentemente aprofundou, ou explicitou,
apresentados por disciplinas. Além disso, as contradições do documento anterior, tor-
o livro didático, importante instrumento nando necessária a elaboração de uma nova
de trabalho dos professores desse nível de proposta – as Orientações Curriculares de
ensino, também são produzidos e utiliza- 2004 – para ser debatida e servir de base para
dos em componentes curriculares especí- um novo documento publicado em 2006 –
ficos. (BRASIL, 2004, p. 325). as Orientações Curriculares para o Ensino
Médio.
O equilíbrio do par cultura-educação
ou conservação-transformação não é trivial. A tensão entre cultura e educação
Na escola há uma cultura educacional, uma aflora em qualquer proposta de reforma edu-
“gramática escolar” no dizer de Tyack e cacional e, situadas no campo da cultura,
afloram também questões epistemológicas,
O PCNEM também faz menção a es- Nessa mesma linha, o Relatório para a
ses quatro pilares da aprendizagem e desta- UNESCO defende que:
ca a importância do “aprender a aprender”,
“de uma aprendizagem permanente, de uma [...] uma resposta puramente quantitativa à
formação continuada, considerando como necessidade insaciável de educação – uma
bagagem escolar cada vez mais pesada –
elemento central dessa formação a constru-
já não é possível nem mesmo adequada.
ção da cidadania em função dos processos Não basta, de fato, que cada um acumu-
sociais que se modificam.” (BRASIL, 2002, le no começo da vida uma determinada
p. 25). quantidade de conhecimentos de que pos-
A revolução técnico-científica ou in- sa abastecer-se indefinidamente. É, antes,
formacional tem imposto mudanças nos necessário estar à altura de aproveitar e
produtos, nos serviços, nos processos pro- explorar, do começo ao fim da vida, todas
dutivos, enfim, nas relações de produção e as ocasiões de atualizar, aprofundar e en-
riquecer estes primeiros conhecimentos, e
também nas relações sócio-espaciais. Logo,
de se adaptar a um mundo em mudança.
é razoável supor que imporia mudanças tam- (DELORS, 2001, p. 89).
bém na educação, na relação ensino-aprendi-
zagem, até porque a escola não está isolada O PCNEM também faz proposta se-
do mundo e, de uma forma ou de outra, têm melhante:
procurado ao longo da história dar respostas
às demandas da sociedade, sobretudo a capi- Não há o que justifique memorizar conhe-
talista, como fica evidente pelos documentos cimentos que estão sendo superados ou
elaborados pelos ministérios da educação cujo acesso é facilitado pela moderna tec-
dos países mencionados. Independentemen- nologia. O que se deseja é que os estudan-
te da instrumentalização da escola pelo sis- tes desenvolvam competências básicas
que lhes permitam desenvolver a capaci-
tema produtivo – que é real, embora a edu-
dade de continuar aprendendo. (BRASIL,
cação tenha um sentido muito maior do que 2002, p. 25).
simplesmente dar respostas às necessidades
da economia – as mudanças ensejadas pela Como se vê, o educador suíço ainda
revolução informacional impõem um novo tem muito a contribuir para esse debate e
enfoque sobre o conhecimento e, sobretu- suas propostas de construção do conheci-
do, sobre sua transmissão ou construção. mento, de desenvolvimento de estruturas de
Apoiando-se na teoria Piagetiana, propõe assimilação, devem ser consideradas como
Becker (2003, p. 21): uma possível resposta às novas necessida-
des em termos de competências e habilida-
Os conteúdos devem estar a serviço do
des postas pela era informacional, a despeito
aumento da capacidade de aprendizagem
(construção de estruturas) e não constituir das restrições apontadas por Gardner (1995)
um fim em si mesmos: as estruturas per- quanto à questão das inteligências. Como
manecem ou são subsumidas por estrutu- afirma Becker (2003, p. 17): “A obra de Pia-
ras mais capazes; os conteúdos caducam. get talvez seja a mais acabada manifestação a
Por isso, o ensino deve organizar-se, pri- favor do ‘deixar aprender’ ou do ‘aprender a
meiramente, no sentido do conhecimento- aprender’.” Evidentemente que as contribui-
-estrutura e só secundariamente no senti- ções de outros teóricos cognitivistas, entre os
do do conhecimento-conteúdo. quais Vigotski (2003) e Ausubel (2003), não
devem ser desprezadas.
E a Geografia: qual é seu papel? 2002a), que é uma tentativa do MEC de es-
miuçar o PCNEM (BRASIL, 1999, 2002). O
A geografia escolar possui uma texto elaborado pelos professores Eliseu Sa-
longa tradição de ensino enciclopédico vério Sposito e Maria Encarnação Sposito,
e descontextualizado, já vigorosamente do Departamento de Geografia da UNESP
criticada por Lacoste (1999), inclusive (Presidente Prudente), critica a definição dos
apontando o aspecto ideológico da “geografia conceitos-chave e a proposta dos eixos temá-
dos professores”. A partir de agora essa ticos da geografia, que estariam baseados no
disciplina também vem sendo convidada conceito de espaço geográfico elaborado por
a contribuir com seu arcabouço teórico- Milton Santos. Os autores argumentam que
metodológico renovado – seus conteúdos, como esse conceito está ancorado numa for-
conceitos e categorias – para auxiliar os ma estruturalista de pensar, dificultaria o tra-
alunos a desenvolverem suas competências tamento interdisciplinar. Em suas palavras:
e habilidades, suas inteligências, suas estru-
A organização dos eixos temáticos em
turas de assimilação, enfim, a aprenderem
Geografia e seus desdobramentos em
a aprender. De que forma a geografia pode subtemas, por exemplo, estão baseados,
contribuir para isso? Apesar de a renovação fundamentalmente, no conceito de espaço
crítica da geografia acadêmica completar geográfico elaborado por Milton Santos e
mais de três décadas e muito ter sido feito no se prende a essa forma de pensar, de base
sentido de transformar o ensino da geografia estruturalista. Como as bases teóricas dos
escolar, ainda não chegamos a um consenso, outros campos disciplinares não são, ne-
ou melhor, ainda não encontramos caminhos cessariamente, as mesmas e, em função
consistentes, mesmo que no dissenso. Como do “caráter fechado” que caracteriza a
forma de estruturalista de elaborar o pen-
questiona Pontuschka (1999, p. 112):
samento, a relação interdisciplinar com
Estamos terminando o século XX e con- os outros componentes fica dificultado.
tinuamos a nos fazer perguntas antigas (BRASIL, 2004, p. 325).
sobre o ensino-aprendizagem da geogra-
fia. Que conteúdos ensinar? Que método Em outra passagem, insistindo na
utilizar? Que linguagens priorizar? Como crítica à metodologia adotada, os autores
sensibilizar os alunos para a importância afirmam:
do conhecimento da geografia para a sua
vida em suas múltiplas dimensões?” Uma segunda apreciação sobre os
conceitos estruturantes do documento
Atualizando seu texto, já estamos co- leva à reflexão sobre a tendência teórica
meçando o século XXI, mas as dúvidas per- adotada. Ela se baseia, ao eleger o espaço
geográfico como conceito norteador dos
manecem e a relação da geografia acadêmica
demais conceitos, numa concepção de
com a geografia escolar nem sempre é fácil.
Geografia que se consolidou no Brasil pela
Vejamos algumas evidências. corrente estabelecido pelo pensamento de
No documento Orientações Curri- Milton Santos. Não é demérito nenhum se
culares do Ensino Médio (BRASIL, 2004), orientar por tal perspectiva; no entanto,
o trecho que analisa a disciplina geografia arrisca-se esquecer a sociedade como
não concorda com o enfoque teórico-meto- objeto de estudo da geografia, ao se
dológico da proposta do PCN + (BRASIL, privilegiar forma, função, estrutura e
processo, elementos fundamentais para