MOÇÃO DE PROTESTO DA ABLIMNO SOBRE A EXTINÇÃO DO CNZU
Considerando que o Brasil é signatário da Convenção sobre as Zonas Úmidas de
Importância Internacional - Convenção de Ramsar desde 24 de Setembro de 1993, vigorando a partir de 16 de maio de 1996 com a publicação do Decreto n.º 1.905;
Considerando que a Convenção de Ramsar é o primeiro tratado intergovernamental
a fornecer uma base estrutural para a cooperação internacional e a ação nacional para a conservação e uso sustentável dos recursos naturais, especificamente, das zonas úmidas em todas as suas tipologias;
Considerando que ao ratificarem a Convenção, os governos dos países, Partes
Contratantes da Convenção, designam sítios a integrar a Lista de Zonas Úmidas de Importância Internacional e se comprometem a trabalhar no sentido do uso sustentável das suas zonas úmidas por meio do planejamento territorial, desenvolvimento de políticas, publicação de legislação, ações de gestão e educação das suas populações;
Considerando que as zonas úmidas fornecem serviços ecológicos fundamentais
para diversas espécies da fauna e flora e para o bem-estar de populações humanas, regulando o regime hídrico e clima de vastas regiões, cumprindo, assim, papel relevante de caráter econômico, cultural e recreativo;
Considerando que a Convenção de Ramsar encoraja os países contratantes a
criarem comitês nacionais para as zonas úmidas, cuja constituição é definida de forma independente pelos mesmos e deve visar a ampla participação da sociedade como forma de mais justamente repartir benefícios, tarefas e responsabilidades;
Considerando que no Brasil, o Comitê Nacional de Zonas Úmidas – CNZU - é um
colegiado instituído pelo Decreto s/n, de 23 de outubro de 2003, formado por representantes dos setores governamentais, da academia, da sociedade civil e de Sítios Ramsar no país, com o papel de participar da tomada de decisões, de definir as diretrizes e de aportar informações aos relatórios necessários à implementação da Convenção de Ramsar;
Considerando que a Associação Brasileira de Limnologia tem assento próprio como
um dos representantes da comunidade científica brasileira de forma explícita no Decreto de criação do CNZU;
Considerando que o art. 5º do Decreto 9759/2019, de forma arbitrária e
inconsequente extinguiu a partir de 28/06/2019 colegiados da administração pública federal;
A Associação Brasileira de Limnologia, reunida em Assembleia Geral
deliberativa, no dia 07 de agosto de 2019, por ocasião da realização do XVII Congresso Brasileiro de Limnologia na cidade de Florianópolis, SC, manifesta de forma veemente seu protesto contra a extinção do CNZU e exige das instâncias competentes a imediata reinstituição desse colegiado que cumpre papel decisivo para que o Brasil atenda aos compromissos firmados juntos à Convenção de Ramsar.