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Teorias da

Administração
Teorias da Administração

1ª edição
2017
Unidade 7
Teoria da Contingência

Para iniciar seus estudos


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Nesta unidade, estudaremos a origem e os principais conceitos envolvi-
dos na abordagem contingencial das organizações. Veremos que, por essa
perspectiva teórica, não existe uma única e melhor maneira de adminis-
trar e organizar. Veremos também que fatores como o ambiente externo e
a tecnologia influenciam fortemente a organização, as pessoas que nela
trabalham e sua estrutura.

Objetivos de Aprendizagem

• Identificar e apreciar as relações funcionais entre as condições do


ambiente e aplicar as técnicas administrativas apropriadas para o
alcance eficaz dos objetivos da organização.

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Com as mudanças econômicas e culturais das últimas décadas, as teorias administrativas também sofreram
modificações, passando da rigidez conceitual para um entendimento mais relativizado das organizações. Esse é
o caso da abordagem teórica que iremos estudar nesta unidade, a Teoria Contingencial.
Em linhas gerais, a Teoria da Contingência propõe que o que acontece dentro das empresas é relativo na medida
em que depende do modo como as organizações trabalham e também do ambiente externo em que atuam.
Assim, conforme Chiavenato (2002), em vez de observarmos uma relação de causa e efeito entre as variáveis do
ambiente e as variáveis organizacionais, o que se observa é a existência funcional entre elas.
Na sequência, veremos a origem dessa teoria, seus principais conceitos e as críticas feitas a essa abordagem.

7.1 Origem da Teoria Contingencial


De acordo com Chiavenato (2002), a Teoria da Contingência surge a partir de algumas pesquisas realizadas com o
objetivo de verificar os modelos de estruturas organizacionais mais eficazes em determinados tipos de indústrias.
Na ocasião, vários pesquisadores procuraram confirmar se as organizações eficazes eram aquelas que seguiam os
pressupostos da Teoria Clássica, com a divisão do trabalho, a amplitude de controle, a hierarquia de autoridade etc.
Temos o pesquisador Alfred Chandler Jr., que estudou, em 1962, sobre estratégia e estrutura, realizando uma
investigação histórica sobre mudanças estruturais em grandes organizações na época, comprovando como as
estruturas dessas empresas foram adaptando-se e ajustando-se à sua estratégia ao longo do tempo. Essas gran-
des empresas passaram por um processo que envolveu quatro fases, a saber:
• acumulação de recursos;
• racionalização do uso dos recursos;
• continuação do crescimento;
• racionalização do uso dos recursos em expansão.
Além de Chandler e de suas contribuições para a Teoria Contigencial, temos também os pesquisadores Burns
e Stalker, dois sociólogos que, em 1961, estudaram indústrias inglesas, verificando a relação entre as práticas
administrativas e o ambiente externo em sua época, chegando a dois tipos de organização: a mecanicista e a
orgânica, nas quais nos aprofundaremos mais à frente.
Na sequência, segundo Chiavenato (2002), tivemos a pesquisa de Lawrence e Lorsch (1967) sobre o ambiente.
Esses pesquisadores fizeram um estudo sobre o defrontamento entre organização e ambiente, o que provocou o
surgimento da Teoria Contingencial.
Os autores concluíram que os problemas organizacionais básicos são a diferenciação e a integração.
• Diferenciação – a organização é fragmentada em subsistemas ou departamentos, cada um realizando
uma tarefa especializada para determinado contexto. Caso haja uma diferenciação nos ambientes de
tarefa, consequentemente aparecerão diferenciações na estrutura e na abordagem dos departamentos.
• Integração – é o processo oposto à diferenciação e é gerado por pressões vindas do ambiente da organi-
zação, no sentido de adquirir esforços e coordenação entre vários subsistemas da organização.

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A empresa que mais se aproximar das características impostas pelo ambiente, mais terá sucesso em relação
àquela empresa que se afasta muito dessas características.
Temos ainda a pesquisa realizada pela autora Joan Woodward, socióloga industrial que organizou um estudo para
avaliar as práticas dos princípios de administração propostos em relação ao sucesso do negócio. Tais trabalhos,
iniciados em 1953, coletaram um volume de informações que foi publicado em 1958 e 1965.
Segundo Chiavenato (2002), após Woodward realizar uma pesquisa em 100 empresas de inúmeros ramos e
tamanhos, a autora classificou as organizações em sua época em três grupos de tecnologia de produção, que
podem ser visualizados no quadro a seguir.

Quadro 7.1: Os três tipos de tecnologia de produção citados no estudo de Woodward.

Legenda: Os três tipos de tecnologia de produção identificadas no estudo de Woodward.


Fonte: Chiavenato (2002, p. 511).

Chiavenato (2002) aponta para as características das tipologias de tecnologia encontradas por Woodward, como:
• Produção unitária ou oficina – o processo produtivo era de acordo com a demanda, ou seja, nada
padronizado e a seu tempo.
• Produção em massa ou mecanizada – o processo produtivo era em grande quantidade e em linhas de
montagens padronizadas.
• Produção em processo ou automatizada – a participação humana é mínima, pois todo o processo é
automatizado e contínuo.

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Os três tipos de tecnologia (produção unitária, mecanizada e automatizada) envolvem diferentes abordagens
de manufatura dos produtos, pois a tecnologia perpassa a produção e acaba influenciando toda a empresa. As
conclusões de Woodward foram as seguintes:
• o desenho organizacional é afetado pela tecnologia utilizada pela organização;
• há uma forte correlação entre estrutura organizacional e previsibilidade das técnicas de produção;
• as empresas com operações estáveis necessitam de estruturas diferentes das organizações com tecno-
logia mutável;
• sempre há o predomínio de alguma função na empresa.
Essas quatro pesquisas, dos autores Chandler, de Burns e Stalker, de Lawrense e Lorsch e de Woodward, revelam
como as organizações dependem da relação de seus ambientes e a tecnologia adotada. Ou seja, as característi-
cas das organizações não dependem dela própria, mas, sim, de sua interação com o ambiente e a tecnologia que
ela utiliza.
Podemos observar que os resultados dos estudos realizados pelos autores supracitados surpreendentemente
conduziram a uma nova concepção de organização, a saber: a estrutura de uma organização e o seu funciona-
mento são dependentes da interface com o ambiente externo.
Assim como coloca Chiavenato (2002), ficou provado que não há uma única e melhor forma de organizar (the
best way), como preconizava Taylor. Os estudos dos autores da Escola Contingencial sugerem que duas variá-
veis principais determinam toda a organização da empresa e os relacionamentos entre suas partes; são elas: o
ambiente; e a tecnologia.

Figura 7.1 – Organizações.

Legenda: Ambientes e tecnologias na organização de uma empresa.


Fonte: 123rf/68571086.

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Assim, falar em ambiente é também falar em mudanças, pois elas são constantes na contemporaneidade. Chia-
venato (2002) entende que a mudança no ambiente significa mudança:
• nas tecnologias;
• nos produtos;
• nos serviços;
• nas atitudes dos clientes;
• nas estratégicas dos concorrentes;
• na legislação; e, principalmente,
• no conhecimento.
Nesse sentido, pensar em ambiente significa entender que rapidamente tudo se torna instável, mutável, impre-
visível, e, portanto, contingencial. E o que significa contingência, afinal?
Contingência significa algo incerto ou eventual, que pode suceder ou não, dependendo das cir-
cunstâncias. Como tudo é mutável, tal como em Alice no país das maravilhas, quando ela ingressa
no cenário da corte da rainha, nada em administração pode ser fixo ou imutável. Pelo contrá-
rio, tudo na administração é relativo e contingencial, e depende de cada situação (CHIAVENATO,
2002, p. 205).
Ainda de acordo com Chiavenato (2002), a abordagem contingencial propõe que, para o alcance da eficácia
organizacional, as empresas necessitam mesclar as abordagens sobre as organizações a fim de buscar nelas
o modelo organizacional que mais lhes convém, isso porque as organizações são dependentes do ambiente
externo. Desse modo, diferentes ambientes requerem diferentes desenhos organizacionais para que se obtenha
eficácia, conforme especificidades.
Contudo, não é somente o ambiente externo que se modifica, mas também o ambiente interno, em função
das tecnologias que mudam rapidamente. Isso quer dizer que diferentes tecnologias levam a diversas estruturas
organizacionais, bem como variações no ambiente externo ou na tecnologia conduzem a variações na estrutura
organizacional. Assim, Chiavenato (2002, p. 206) explica que:
[...] não há nada de absoluto nas organizações ou na teoria administrativa. Tudo é relativo. Tudo
depende. As variáveis ambientais são variáveis independentes, enquanto as técnicas administra-
tivas são variáveis dependentes dentro de uma relação entre si.

Para aprender mais sobre a Teoria Contingencial, em um estudo mais aprofundado, leia o
texto “Teoria Contingencial: uma abordagem teórica sobre sua evolução”. <http://redci-
dir.org/multimedia/pdf/trabajos_seleccionados/Seleccionados-V-Simposio/Asociativismo-
-empresas-e-innovaci%C3%B3n/78-TEORIA-CONTINGENCIAL.pdf>.

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7.2 Principais conceitos da abordagem contingencial


As pesquisas em Administração, na época do advento da perspectiva contingencial, na década de 1970, levaram
dois sociólogos ingleses, Tom Burns e G. M. Stalker, a pesquisarem algumas empresas para verificar a relação
entre as práticas administrativas adotadas por elas e os ambientes externos em que estavam inseridas, conforme
citado anteriormente.
De acordo com Chiavenato (2002), nesse estudo, as organizações foram classificadas em dois tipos: organizações
mecanicistas e organizações orgânicas, conforme pode ser visualizado na figura a seguir:

Figura 7.2: Propriedades das estruturas mecanística e orgânica.

Legenda: Apresentação visual da organização de duas empresas de sistemas distintos.


Fonte: Chiavenato (2002, p. 507).

As organizações mecanicistas apresentam as seguintes características:


• estrutura burocrática fundamentada em rígida divisão do trabalho;
• cargos ocupados por especialistas com atribuições claramente definidas;
• decisões centralizadas na cúpula da empresa;
• hierarquia rígida de autoridade estruturada no comando único;
• sistema rígido de controle;
• ênfase nas regras e nos procedimentos formais;
• ênfase nos princípios universais da Teoria Clássica.

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Em contraposição, as organizações orgânicas apresentam as seguintes características (CHIAVENATO, 2002):


• estruturas organizacionais flexíveis e com pouca divisão de trabalho;
• cargos continuamente modificados e redefinidos por meio da interação com outras pessoas que partici-
pam da tarefa;
• decisões descentralizadas e delegadas aos níveis inferiores;
• hierarquia flexível;
• ênfase nos princípios de relacionamento humano da Teoria das Relações Humanas.

Glossário

Delegadas – Transmitir poderes a outras pessoas por delegação. Fonte: <www.dicionarioin-


formal.com.br>.

O quadro a seguir mostra, de maneira mais sistemática e comparada, as características gerais das organizações
mecanicistas e das organizações organicistas.

Quadro 7.2– Características dos sistemas mecânicos e orgânicos.

Legenda: Quadro comparativo das diferentes características entre sistemas mecânicos e orgânicos.
Fonte: Chiavenato (2002, p. 507).

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De acordo com Chiavenato (2002), como conclusão desses estudos, os autores propuseram a existência de dois
sistemas divergentes:
• um sistema mecanicista, apropriado para empresas que operam em condições ambientais estáveis; e
• um sistema orgânico, adequado para empresas que operam em condições em mudança.
Nesse sentido, torna-se importante saber como funciona a influência ambiental sobre a estrutura e o comporta-
mento organizacional. Chiavenato (2002) explica que o ambiente representa todo o contexto que envolve exter-
namente a organização, como clientes, fornecedores, concorrentes, governo etc.
Como vimos na Unidade 5, um sistema aberto mantém trocas com seu ambiente, e, portanto, precisa de entra-
das e insumos, além de mercados e clientes para seus produtos e serviços. Sobre essa questão, Chiavenato (2002)
sugere dois tipos de ambientes: o geral, para todas as organizações; e o particular ou de tarefa, para cada orga-
nização. Confira a seguir como podemos visualizar a relação entre esses ambientes:

Figura 7.3 – Ambiente geral e ambiente da tarefa.

Legenda: Fatores da empresa envolvidos em seu ambiente e suas tarefas.


Fonte: Chiavenato (2002, p. 515).

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O ambiente geral equivale ao ambiente genérico ou ao macroambiente, comum a todas as organizações. Cabe
destacar que, de acordo com Chiavenato (2002), o ambiente geral é constituído de um conjunto de variáveis ou
fatores que afetam fortemente a organização, tais como:
• fatores tecnológicos: o desenvolvimento tecnológico que ocorre no ambiente influencia as organiza-
ções, principalmente quando se trata de tecnologia inovadora, dinâmica e de futuro imprevisível.
• fatores legais: constituem a legislação vigente que afeta direta ou indiretamente as organizações, auxi-
liando-as ou impondo-lhes restrições às suas operações. São leis de caráter comercial, trabalhista, fiscal,
civil etc. que constituem elementos normativos para a vida das organizações.
• fatores políticos: são as decisões e definições políticas tomadas em níveis federal, estadual e municipal
que influenciam as organizações e orientam as condições econômicas.
• fatores econômicos: constituem a conjuntura que determina o desenvolvimento econômico ou a retra-
ção econômica e que condicionam fortemente as organizações. Inflação, balança de pagamentos do
país, distribuição da renda interna etc. constituem esses aspectos econômicos.
• fatores culturais: a cultura de um povo penetra nas organizações por meio das expectativas de seus par-
ticipantes e de seus consumidores.
• fatores demográficos: taxa de crescimento, população, raça, religião, distribuição geográfica, distribui-
ção por sexo e idade são aspectos demográficos que determinam as características dos mercados atual
e futuro.
• fatores ecológicos: são as condições relacionadas ao ambiente natural que envolve a organização. O
ecossistema refere-se ao sistema de intercâmbio entre os seres vivos e seu meio ambiente. Existe tam-
bém a chamada ecologia social: as organizações influenciam e são influenciadas por aspectos como
poluição, clima, transportes, comunicações etc.

Glossário

Genérico – Que não especifica; abrange várias coisas; que se expressa em termos imprecisos
ou vagos. Fonte: <www.dicionarioinformal.com.br>.

Saiba que outra dimensão importante a ser analisada no âmbito da Teoria Contingencial é o ambiente de tarefa,
que faz parte do ambiente particular de cada organização. Segundo Chiavenato (2002), o ambiente da tarefa
é o mais próximo, imediato e particular de cada organização, pois diz respeito à especificidade do ambiente de
operações, constituído por fornecedores, clientes, concorrentes e entidades reguladoras.
Embora o ambiente seja um só, cada organização está exposta a apenas uma pequena parte dele, principal-
mente quando se pensa em globalização, que complexifica a análise ambiental.
Para facilitar a análise ambiental, Chiavenato (2002) sugere a classificação dos ambientes de tarefa de duas
maneiras distintas: estrutura ambiental e dinâmica ambiental.

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Pensando pela classificação em estrutura, dependendo como um ambiente de tarefa é constituído, ele pode ser
homogêneo ou heterogêneo. O ambiente homogêneo é composto por fornecedores, clientes e concorrentes
semelhantes ou homogêneos. Há pouca diferenciação dos mercados e a organização pode tratar todos eles de
maneira uniforme. No caso do ambiente heterogêneo, ocorre muita diferenciação entre fornecedores, clientes e
concorrentes, provocando uma diversidade de problemas diferentes para a organização. Assim, a organização deve
tratar todos eles de maneira individualizada e particularizada, o que torna o trabalho de gestão mais complexo.
A dinâmica ambiental significa como o ambiente comporta-se quando há estabilidade ou instabilidade.

Figura 7.4 – Dinâmica ambiental.

Legenda: Metáfora da dinâmica ambiental das organizações, que podem ser instáveis ou estáveis.
Fonte: 123rf/66631784.

O ambiente estável é caracterizado por pouca ou nenhuma mudança. É um ambiente conservador, tranquilo e
previsível, no qual quase não ocorrem mudanças ou estas são lentas e graduais. O ambiente instável, ao con-
trário e como diz o próprio nome, trata da instabilidade e é caracterizado por dinamismo e mutabilidade. É o
ambiente em que os agentes estão constantemente provocando mudanças e influências recíprocas, formando
um campo dinâmico de forças.

Vimos que, na Teoria da Contingência, o foco de análise se desloca do interior para o exte-
rior da organização. Vimos também que são as características ambientais que condicionam
as características organizacionais, derrubando aquele clássico mito taylorista de que existe
uma única e melhor maneira de organização. Tudo depende, tudo é relativo, e não há nada
de absoluto nas organizações. O que existe é uma relação funcional entre as condições do
ambiente e as técnicas administrativas apropriadas para o alcance dos objetivos organiza-
cionais. Diante disso, veja as ideias principais da Teoria Contingencial ao assistir ao vídeo “As
teorias administrativas vão ao cinema: questões para a saúde em três passos – parte
2”. <https://www.youtube.com/watch?v=uypYz753UVo>.

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7.3 Principais críticas acerca da Teoria Contingencial


As teorias, de forma geral, propõem-se a explicar a realidade. Para tanto, propõem conceitos e postulados a fim
de nos auxiliar na compreensão do mundo que nos rodeia e no qual estamos inseridos. Porém, como as teorias
pretendem representar o funcionamento da realidade, elas, muitas vezes, falham em alguns pontos dessa repre-
sentação. Nesse sentido, são levados em consideração aspectos negativos ou críticas, no sentido de contribuir
para o seu aprimoramento.

Glossário

Postulado – Princípio ou fato reconhecido, mas não demonstrado. Fonte: <www.dicionario-


informal.com.br>.

Figura 7.5: Feedback.

Legenda: Metáfora de feedback, que pode ser positivo ou negativo.


Fonte: 123rf/51041399.

As críticas podem ser pensadas como feedback, visando à melhoria ou a uma representação mais efetiva e verda-
deira da teoria, que, assim como a realidade, também está sempre em modificação. Nesse sentido, Silva (2008)
expõe as principais críticas que a Teoria da Contingência tem recebido:
• trabalha mais com as diferenças entre as empresas do que com as suas semelhanças;
• tem dificuldade em identificar a mudança mais significativa em fatores ou variáveis externos ou não con-
troláveis;
• dificuldade em identificar a frequência, a velocidade e a intensidade das mudanças nas variáveis ambien-
tais ou externas;
• dificuldade em identificar todas as variáveis externas que influenciam as empresas e, mais ainda, a inter-
ligação entre essas variáveis;
• dificuldade em trabalhar com a estrutura de poder em uma empresa com forte interação com as variáveis
externas ou não controláveis.

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A Teoria Contingencial oferece uma abordagem teórica que rompe com o ideal taylorista de que há uma única e
melhor maneira de administrar ao demonstrar o lugar da contingência e do acaso no ambiente organizacional.
Porém, como qualquer teoria, a Contingencial não é completa e apresenta as falhas anteriormente elencadas.

A abordagem contingencial propõe, entre outras questões, que, para o alcance da eficácia
organizacional, as empresas necessitam mesclar as abordagens sobre as organizações a fim
de buscar nelas o modelo organizacional que mais lhes convém. Então, vamos discutir no
Fórum? Veja sua tarefa: a partir dessa perspectiva, analise as ações desenvolvidas na sua fran-
quia de Fast Food (que tem liberdade para inovar os processos administrativos) e identifique
duas ações que contemplem diferentes abordagens e que se complementem na busca por
mais eficácia na produção. Comente ao menos duas postagens de seus colegas de estudo.

Finalizamos esta unidade salientando que essas falhas mostram como o ambiente organizacional não pode ser
controlado de maneira total, como pressupunham as teorias mais tradicionais da Administração (Taylorismo,
Fordismo, Fayolismo e Relações Humanas). Em uma apreciação crítica, nota-se que a Teoria da Contingencia é
eclética e interativa, mas que é, ao mesmo tempo, relativista e situacional.

Por que é importante, como administradores, estarmos atentos às mudanças ambientais?


Veja um exemplo: há algum tempo, as vídeolocadoras tinham seus acervos compostos por
fitas VHF, você se lembra disso? Porém, houve uma mudança na tecnologia de produção e de
armazenamento das imagens dos filmes, e o DVD substituiu a fita VHF. E atualmente? Temos
a Netflix substituindo as locadoras de bairro; o Uber substituindo o sistema convencional
de táxi; o WhatsApp substituindo o SMS das operadoras telefônicas; a OLX substituindo os
classificados tradicionais dos jornais impressos; o celular com inúmeras funções embutidas,
sendo que podemos encontrar, dentro de um único aparelho, máquina fotográfica, calcula-
dora, calendário, relógio despertador, computador etc., ou seja, todas essas funcionalidades
alocadas em um único dispositivo, tornando quase que obsoleta a compra de aparelhos para
tais funções separadamente. A partir desse cenário, é possível concluir que os empreende-
dores que não acompanharam essas mudanças perderam espaço no mercado. Essa atenção
pode definir o futuro de uma empresa!

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Considerações finais
Nesta unidade, vimos que:
• a partir da abordagem da Teoria da Contingência, entende-se que
não existe um único e melhor jeito de organizar;
• a Teoria Contingencial dá ênfase ao ambiente e à estrutura
empresarial, e diferencia dois níveis de ambiente: ambiente geral
e ambiente de tarefa;
• a Teoria contingencial classifica o ambiente quanto à estrutura
(homogêneo ou heterogêneo) e quanto à dinâmica (estável ou
mutável);
• a tecnologia, assim como o ambiente externo, impacta forte-
mente na estrutura organizacional.

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Referências bibliográficas
CHIAVENATO, Idalberto. Teoria geral da administração. v. 1 e 2. 6. ed. Rio
de Janeiro: Campus, 2002.

MAXIMIANO, Antônio C.A. Introdução à administração. 5. ed. São Paulo:


Atlas, 2010.

SILVA, Reinaldo O. Teorias da administração. São Paulo: Pioneira, 2008.

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