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Sumário

Introdução......................................................................................................................1
1. Estilos de comunicação.............................................................................................2
1.1. Comportamento agressivo..................................................................................2
1.2. Comportamento passivo.....................................................................................3
1.3. Comportamento manipulador..............................................................................4
1.4. Comportamento Assertivo...................................................................................5
2. Estratégias para o treino da assertividade................................................................9
3. Perspectivas Históricas do Comportamento Assertivo...........................................11
4. Medição do Comportamento Assertivo...................................................................11
4.1. Escala de Assertividade de Rahus...................................................................11
4.2. Metodologia.......................................................................................................11
4.3. Cotação da Escala............................................................................................12
4.4. Resultados........................................................................................................12
4.5. Trabalho de campo...........................................................................................13
Anexo 1.......................................................................................................................14
Escala de Assertividade de Rathus.........................................................................14
Conclusão....................................................................................................................15
Bibliografia...................................................................................................................16
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ASSERTIVIDADE E OUTROS ESTILOS DE


COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL

INTRODUÇÃO

O comportamento social poderá ser entendido, de forma entendido, de forma


genérica, como um conjunto de ações, atitudes e pensamentos que o indivíduo
apresenta em relação à comunidade, aos indivíduos com que interage e a ele
próprio.

A qualidade desta interação é resultante da conjugação de dados inatos com


os processos de socialização.

O indivíduo vai desenvolvendo um repertório de comportamentos sociais


próprio e tem tendência a manter os comportamentos que lhe trazem maiores
benefícios em termos sociais.

Neste contexto surge a noção de competência social: resultado dos


comportamentos emitidos por um indivíduo, num determinado contexto, de forma a
expressar sentimentos, atitudes, desejos, direitos, de uma forma adequada à
situação, implicando o respeito pelos comportamentos dos outros, e que geralmente
resolve problemas imediatos, minimizando a probabilidade de futuros problemas.

Assim, o nosso comportamento social é um conjunto de respostas básicas e


estratégias de resposta que permitem ao indivíduo obter resultados positivos na sua
interação social, de forma a saber reagir às diferentes situações com que nos
deparamos. A falta destas habilidades sociais ou a existência de um repertório
pobre, pode ter como conseqüência a dificuldade na interação social do ser humano
dificultando a adaptação ao meio social.

Para adquirir competências sociais, perante as suas relações interpessoais, o


indivíduo tem que ser capaz de:

 perceber como as pessoas se relacionam em diferentes contextos e as


complexidades da comunicação verbal e não verbal que lhes estão
inerentes;

 integrar a informação de forma a perceber o que se passa e o que tem de


fazer;

 responder de forma a atingir os objetivos desejados e provocando


mudanças no envolvimento no sentido previsto.
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1. ESTILOS DE COMUNICAÇÃO

O comportamento social difere de indivíduo para indivíduo, de situação para


situação - não existem duas pessoas que interajam exatamente da mesma forma.

Contudo, apesar de assumirmos diferentes formas na comunicação com os


outros, possuímos uma forma relativamente constante e característica que se torna
no nosso estilo predominante de comunicação e que prevalece, na maioria das
situações, sobre os outros. Existem quatro estilos de comportamentos
comunicacionais que se traduzem em: agressividade, passividade, manipulação e
assertividade.

Segundo Fachada (Fachada, 2000) o quadro seguinte identifica os quatro


estilos de comportamentos comunicacionais face à transparência da linguagem
utilizada e à atitude de respeito pelo outro:

COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL Respeito pelo outro


Transparência da linguagem Alto Baixo
Alta ASSERTIVIDADE AGRESSIVIDADE
Baixa PASSIVIDADE MANIPULAÇÃO

1.1. Comportamento agressivo

Quem adota freqüentemente um estilo de comportamento agressivo, tem como


objetivo principal dominar os outros, demonstrando agressividade. Geralmente, são
pessoas que se sentem superiores aos outros e desprezam-nos, não respeitando os
seus direitos, desejos ou necessidades.

Além disso, passam muito tempo a dizer mal dos outros e gostam de exercer
controlo sobre as pessoas de modo as deixarem sem "hipótese de resposta".

Este tipo de comportamento conduz a relacionamentos interpessoais


disfuncionais e, regra geral, estas pessoas são tidas como "não desejáveis" pelos
outros.

Podemos resumir as principais características da pessoa agressiva:

 Procura dominar os outros


 Procura atingir os seus objetivos "passando por cima" dos outros
 Desrespeita os outros e os seus direitos
 Gosta de se impor
 Recorre ao autoritarismo
 É intolerante
 Gosta de falar alto para mostrar superioridade
 Interrompe os outros ,não os deixando falar
 Gosta de intimidar com o olhar
 Utiliza a ironia
 Recorre à brutalidade
 Utilizam frases do gênero: "o que é preciso é um braço forte!"
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As conseqüências do estilo de comportamento agressivo acabam por se


refletir negativamente no relacionamento interpessoal:

 Acaba por afastar os outros, que não têm prazer em se relacionar com uma
pessoa assim
 Perde a confiança dos outros
 A médio prazo, contribui para o desgaste das relações, dado que os outros
se sentem agredidos ou manipulados
 Estimula as respostas agressivas

Alguns motivos subjacentes ao comportamento agressivo poderão


traduzir-se em:

 Frustrações acumuladas, que levam a que a pessoa reaja sempre


defensivamente
 Medo, que está muitas vezes presente nas pessoas agressivas
 Rancor e espírito vingativo, que levam a que a pessoa tenha sempre tudo
presente na memória

1.2. Comportamento passivo

O indivíduo que adota um estilo de comportamento passivo, é alguém que


raramente está em desacordo. Procurando agradar a todos, acaba por ser explorado
e quase sempre desrespeitado. Tende a subestimar os seus direitos e sentimentos e
procura não se envolver em conflitos. Podemos resumir as principais
características da pessoa passiva:

 Nunca manifesta os seus sentimentos, pensamentos e desejos


 Bloqueia facilmente em situações de interação pessoal
 Não gosta de incomodar os outros
 Perde o respeito por si próprio, dado que prefere fazer o que não gosta, do
que ter que dizer não a alguém
 Procura o isolamento, porque é menos confrontativo
 Desiste muitas vezes, por achar que não vale a pena
 Deixa-se manipular facilmente, assim como agredir
 Tem um elevado respeito pelos outros, em prol do respeito por si próprio
 Manifesta sinais não verbais de ansiedade, como "desviar o olhar" ou "roer
as unhas"

As conseqüências do estilo de comportamento passivo acabam por se


refletir negativamente no relacionamento interpessoal:

 Fica freqüentemente ressentido, devido às manipulações e agressões a que


é sujeito
 Passa despercebido, assim como as suas qualidades, dado que a sua
inteligência é utilizada para fugir das situações e não para fazer
investimentos construtivos
 Não consegue comunicar com os outros, pois raramente se manifesta
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Alguns motivos subjacentes ao comportamento passivo poderão traduzir-


se em:

 Auto-desvalorização
 Falta de auto-confiança
 Distorção da realidade, ao empolar algumas relações de poder
 Ter sido muito reprimido ao longo da vida

1.3. Comportamento manipulador

A pessoa manipuladora, adota uma postura de superficialidade nas relações


interpessoais. Foge do confronto direto e não se envolve nas situações, nem com as
pessoas.

É pouco transparente nas suas relações e molda o seu comportamento,


conforme as situações. O seu comportamento é teatral e tende a desvalorizar as
capacidades do seu interlocutor.

Podemos resumir as principais características da pessoa manipuladora:

 Utiliza os outros como meios para atingir os seus objetivos


 Desvaloriza os outros, recorrendo freqüentemente ao humor sarcástico
 Distorce muitas vezes a informação que lhe é dada, manipulando-a
consoante os seus interesses
 Gosta de agir "pela calada" e arranja conflitos
 Gosta de se fazer sobressair, sobretudo para impressionar terceiros
 Adota a tática da chantagem
 Aparentemente está sempre cheio de boas intenções, mas...por trás...

As conseqüências do estilo de comportamento manipulador acabam por


se refletir negativamente no relacionamento interpessoal:

 Com o passar do tempo, o manipulador acaba por perder credibilidade,


dado que acabam sempre por "lhe descobrir a careca"
 Perde a confiança dos outros
 Quando é descoberto, procura "tramar" sempre alguma a quem o descobriu

Alguns motivos subjacentes ao comportamento manipulador poderão


traduzir-se em:

 Ter sido educado num contexto, onde a manipulação era um dos principais
métodos para atingir objetivos
 Não ter aprendido a confiar nos outros
 Acreditar que os métodos indiretos são mais viáveis para atingir fins, do que
as ações diretas
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1.4. Comportamento Assertivo

A Assertividade é uma postura de comportamento, que reflete a capacidade de


defendermos os nossos pontos de vista e ao mesmo tempo respeitarmos os
pontos de vista dos outros.

Ser Assertivo é ser Auto-Afirmativo, é ser capaz de exprimir os sentimentos de


forma clara, sem entrar em ataques pessoais.

As pessoas que assumem um estilo de comportamento, preponderantemente


assertivo, são capazes de construir relações interpessoais construtivas e
eficazes, o que é bastante positivo, não só nas relações de caráter profissional,
como de caráter pessoal.

As pessoas assertivas, são capazes de estabelecer negociações e


compromissos, o que é muito importante em situações de gestão de conflitos.

A adoção de um estilo de comportamento assertivo, traduz-se numa elevada


transparência de linguagem e de expressão de idéias e sentimentos, mas deixando
sempre espaço para que o outro também o faça!

Assertividade é um comportamento que habilita o indivíduo a agir no seu


interesse, defender-se em ansiedade excessiva, expressar os seus sentimentos de
forma honesta e adequada, fazendo valer os seus direitos sem negar os dos outros.

A assertividade envolve a comunicação direta das necessidades, vontades e


opiniões do sujeito, sem interferir com a liberdade dos seus interlocutores.

Uma pessoa assertiva é aquela que é capaz de exprimir o mais diretamente


possível o que pensa, o que deseja, que faz valer os seus direitos, escolhendo um
conjunto de comportamentos e atitudes adequadas para cada situação, de acordo
com o local e o momento.

Assertividade é uma forma comportamental de comunicação que significa


afirmar, quer verbalmente, quer gestualmente, o que eu quero, sinto e penso, dando
simultaneamente espaço de afirmação ao outro.

Atitudes na base da comunicação assertiva:

 Básico: Caracteriza-se por ser direto, exprimindo os seus direitos e


clarificando as suas necessidades, desejos, crenças e sentimentos. Assim,
quando necessitamos de nos ausentar em determinada podemos dizer
diretamente “Preciso de me ausentar pelas 18 horas.”

 Empático: Exprime, também, as necessidades e desejos mas contendo um


elemento de empatia. Quando queremos pedir alguma coisa a uma pessoa
podemos dizer Sei que está ocupado neste momento mas gostaria de lhe
fazer um pedido.
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 Discrepante: Aponta a diferença entre o que fora previamente acordado e o


que está a acontecer atualmente. Podemos referir, por exemplo, uma
situação numa empresa em que se verifica uma alteração de trabalho e a
pessoa diria Tal como o entendi concordamos que o projeto A tinha a
máxima prioridade. Agora, está a pedir-me mais tempo no projeto B.
Gostaria que esclarecesse se há alterações nas prioridades.

 Sentimentos Negativos: Caracteriza-se por chamar a atenção do outro


para os efeitos indesejáveis do seu comportamento em si próprio. Pode
incluir os seguintes elementos: o quando, os efeitos, o que se sente e o que
gostaria. Por exemplo, quando temos de ficar o fim-de-semana em casa por
nos terem dado um trabalho para fazer em cima da hora, pode-se dizer Ao
me dar o trabalho agora, obriga-me a trabalhar no fim-de-semana. Sinto-me
aborrecido com isso. Gostaria que no futuro isso não voltasse a suceder.

 Conseqüente: Informa à outra pessoa das conseqüências para ela de não


alterar o seu comportamento e dá-lhe uma oportunidade para o fazer. Pode-
se assim dizer à pessoa Não gostei do seu comportamento. Se isso voltar a
acontecer, não tenho alternativa senão aplicar o procedimento disciplinar.
Preferia não ter de o fazer.

 Esclarecimento: É um comportamento que procura determinar a posição


do outro, as suas necessidades, desejos, opiniões e sentimentos. Desta
forma, há a preocupação em perguntar ao outro Que problemas é que isso
poderá trazer para si? O que é que preferia fazer? Gostaria de saber a sua
opinião sobre isto.

Aspectos na base do comportamento assertivo

 Frases breves, claras, direitas ao assunto


 Utilização do “eu”
 Distinção entre fato e opinião
 Sugestões não acompanhadas de conselhos
 Ausência de “devo” e “deveria”
 Crítica construtiva, sem censuras
 Perguntas para saber os pensamentos, opiniões e desejos dos outros

Aspectos não verbais do comportamento assertivo

Voz:

 Segura e firme
 Tonalidade média rica e quente
 Não muito elevada
 Segura, ritmo constante
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Padrão do discurso:

 Fluente, poucas hesitações


 Sincero e claro
 Enfatiza as palavras-chave

Expressão facial

 Sorrisos quando satisfeito


 Semblante carregado quando se zanga
 Expressão calma
 Descontraído

Contacto visual:

 Firme mas sem sobranceria

Movimentos corporais

 Movimentos abertos com as mãos (convidando a falar)


 Senta-se de forma correta ou descontraído, mas sem desleixo
 Cabeça direita

Atitudes na base da comunicação assertiva

 Auto-estima: tendo em conta que a assertividade pressupõe a auto-


afirmação do indivíduo e os outros podem ser entendidos como uma
espécie de “espelho” da nossa imagem, é importante aprender a aceitar as
nossas características, de forma a desenvolver a nossa auto-estima, sem
pessimismos, auto-lisonjeiros ou presunções (vaidades).

 Determinação: surge como o resultado da energia associado à nossa força


de vontade para levar a cabo os nossos objetivos.

 Empatia: consiste na capacidade de nos colocarmos no lugar do outro,


procurando compreendê-lo, e pressupões uma boa capacidade de escuta,
bem como uma capacidade de descentração da nossa pessoa.

 Adaptabilidade: pressupõe que o comunicador assertivo é aquele que é


capaz de se colocar à altura do seu interlocutor (ex: se estamos a falar com
crianças ou adultos, se estamos a falar com um familiar ou com um
desconhecido).

 Auto-controle: é a nossa capacidade de controlar os nossos sentimentos e


emoções negativas de modo a interferir na relação com o outro.
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 Tolerância à frustração: relaciona-se com a nossa resistência aos


aspectos mais negativos da nossa vida. Nas nossas relações interpessoais
é a capacidade de gerir as tensões e conflitos.

 Sociabilidade: um comunicador assertivo deve ter prazer em comunicar e


relacionar-se com os outros.

Os Direitos do Comunicador Assertivo:

 Possuir e expressar sentimentos: cada pessoa tem a sua sensibilidade e


reage de forma característica sem por isso ser considerada melhor ou pior
que os outros. Nem todos temos as mesmas necessidades, os mesmos
desejos e a mesma cultura relacional. É enriquecedor falar do que sentimos
interiormente. Ajudar os outros a entrar no nosso coração é permitir que
eles não se afastem.

 Possuir e expressar opiniões: cada pessoa tem uma visão particular da


realidade, o que proporciona, uma infinidade de opiniões diferentes. Ser
assertivo é expressar sentimentos e opiniões em relação a alguém ou
alguma coisa, sejam eles positivos, negativos ou mesmo de auto-afirmação.

 Ser escutado: o direito à livre expressão de idéias e sentimentos só faz


sentido quando tem eco a alguém, o que pressupõe o direito de ser
escutado. A atitude de escuta vai para além da nossa capacidade de ouvir.

 Ser responsável pelas suas atitudes: o indivíduo tem direito de julgar o


seu comportamento, pensamentos e emoções, de cometer erros, e assumir
a responsabilidade pelo que daí fizer, aceitando as conseqüências. Este
direito pressupõe que à nossa liberdade de escolha se impõe a
responsabilidade de assumirmos as nossas opções.

 Dizer “Não”: dizer não poderá ser tão assertivo como dizer sim,
dependendo de cada contexto. Somos assertivos quando damos ou
recebemos elogios, assim como quando expressamos desagrado e
aborrecimento ou mesmo quando criticamos.

 Dizer “Não sei”: o direito de dizer “não sei” reside na nossa capacidade de
aceitar as nossas próprias limitações. Cada vez mais as situações da nossa
vida, seja a nível pessoal, profissional ou outro, colocam problemas
imprevisíveis cuja solução exige a colaboração dos outros. Ninguém sabe
tudo. Ninguém é auto-suficiente.

 Perceber os direitos do outro: o outro tem os mesmos direitos que eu.


Temos o direito de pedir ajuda, mas também a responsabilidade de
respeitar e aceitar a resposta que nos foi dada, sem ressentimentos. Os
outros têm o direito de concordar, recusar ou adiar a decisão.

 Não ser Assertivo: a assertividade é um comportamento que se escolhe,


que se desenvolve e estimula. Podemos optar por assumi-lo ou não.
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2. ESTRATÉGIAS PARA O TREINO DA ASSERTIVIDADE

Técnica de auto-afirmação D.E.E.C.

Todos nós aprendemos, ao longo da nossa vida, a comportarmo-nos de um


modo mais ou menos estável. Por isso, se identificarmos que as nossas atitudes
comportamentais nem sempre são as melhores, temos de realizar um esforço no
sentido da mudança.

Quando o indivíduo começa a adotar um estilo de comportamento mais


assertivo, ela começa a aperceber-se dos efeitos positivos que o mesmo traz para
os seus relacionamentos interpessoais.

A assertividade é um estilo de comportamento que certa pessoa utiliza em


determinada situação. Sendo assim, é fácil perceber que a assertividade é uma
característica comportamental que se adquire e desenvolve através da
aprendizagem – ninguém nasce assertivo! Poderá existir uma predisposição para se
ter um comportamento assertivo mas é necessário exercitar essa capacidade.

Assim, Bower desenvolveu em 1976 a Técnica de Auto-afirmação DEEC que


tem como finalidade exercitar a capacidade de auto-afirmação (assertividade) de
forma construtiva na relação interpessoal perante uma situação que nos afeta
negativamente e, assim, permite a antecipação das situações e dos nossos
comportamentos. Esta técnica baseia-se na discriminação do comportamento que
interfere negativamente no sujeito perante o outro, no sentido de melhorar a
comunicação entre ambos. Esta discriminação é realizada através de quatro etapas:

 Descrever: descrever de forma clara e precisa o comportamento do outro,


que nos afetou

 Expressar: expressar/exprimir as emoções sentidas perante o


comportamento do outro

 Especificar: especificar ao outro formas concretas de modificação do seu


comportamento como alternativas à situação

 Conseqüências: Fazer com que o outro se interesse pelas alternativas


apresentadas e as suas possíveis conseqüências

Consideremos, a título de exemplo, duas situações hipotéticas que afetariam


negativamente o relacionamento interpessoal:

Exemplo 1: “Está aborrecido com um amigo que acabou de chegar com uma
hora de atraso para almoçar consigo. Não lhe telefonou a avisá-lo da demora...”
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Descrever:

«Estou à uma hora à tua espera para almoçar. Podias ter avisado da demora.»

Expressar:

«Eu gosto muito de almoçar contigo até porque podemos pôr a conversa em
dia mas devias ter-me avisado do teu atraso. Podia ter aproveitado para fazer outras
coisas enquanto esperava por ti»

Especificar:

«Eu não me importo de esperar por ti mas peço que da próxima vez telefones a
avisar que te vais atrasar»

Conseqüências:

«Assim, posso organizar as minhas coisas enquanto espero por ti.»

Exemplo 2: “Está à cerca de 45 minutos na fila de espera da tesouraria da sua


faculdade para ser atendido. Um indivíduo sem senha tenta passar à sua frente no
momento que ia ser atendido...”

Descrever:

«O Sr. estava atrás de mim. Agora é a minha vez de ser atendido. Faça o favor
de esperar pela sua vez»

Expressar:

«Acha correto estar a passar à frente de todos sem tirar senha e sem pedir a
ninguém?»

Especificar:

«Deveria ter-me pedido para ser atendido antes de mim, justificando a sua
atitude.»

Conseqüências:

«Assim, eu provavelmente tê-lo-ia deixado ser atendido antes de mim»

Em resumo, a Técnica de Auto-Afirmação “DEEC” desenvolvida por Bower é


uma técnica de treino do comportamento assertivo (em que se exerce a auto-
afirmação sobre o outro) e que se torna eficaz na resolução duma situação que nos
afeta negativamente.
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3. PERSPECTIVAS HISTÓRICAS DO COMPORTAMENTO ASSERTIVO

Houve a necessidade de estudar a assertividade por parte dos Behavioristas,


no seguimento de trabalhos que mostraram a correlação entre a deteorização do
funcionamento interpessoal e diversas desordens comportamentais.

Existiam na literatura das décadas de 60/70 duas concepções e teorias


relativas à assertividade: uma identificava e caracterizava os indivíduos não
assertivos e a outra os indivíduos assertivos.

Wolpe (1969) estudou a assertividade e considerava-a como expressão de


praticamente todos os sentimentos exceto a ansiedade. E criou, juntamente com
Lazarus o questionário de assertividade de Wolpe-Lazarus.onde se media a
assertividade. A perspectiva destes autores não foi muito desenvolvida pela
literatura posterior.

Noutros estudos, realizados por Eisler, Hessen e Miller (1975), foi dado relevo
à situação em que ocorre o comportamento assertivo, ou seja, nem todas as
situações

4. MEDIÇÃO DO COMPORTAMENTO ASSERTIVO

4.1. Escala de Assertividade de Rahus

No seguimento destas teorias, Rathus elaborou uma escala com o intuito de


medir o comportamento assertivo, que se designa por escala de assertividade de
Rathus.

A escala de assertividade de Rathus é um instrumento de avaliação psicológica


do comportamento assertivo. Consiste numa avaliação de afirmações que
diferenciam o comportamento assertivo do não assertivo

É um inventário em que se pede ao sujeito para indicar até que ponto são mais
ou menos “características” (descritivas) do seu comportamento determinadas
afirmações.

Esta escala foi traduzida por Luísa Saavedra e aplicada à população


portuguesa em 1990 por Detry e Castro em comparação á utilizada por Rathus em
1973.

4.2. Metodologia

A escala de Rathus é um questionário constituído por 30 itens a que


corresponde uma afirmação. O indivíduo tem de indicar se cada afirmação é de
“muito” (responde com um 5) a “nada” (responde com um 0) característica do seu
comportamento cada afirmação.
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A amostra utilizada por Detry e Castro era constituída por 122 indivíduos, 48 do
sexo masculino e 74 do sexo feminino, com idades compreendidas desde os 15 até
cerca dos 41 anos (entre os 15 e os 25 anos existiam 50%; entre os 26 e os 40 anos
existiam 40%; acima dos 41 anos existiam 10%). A amostra utilizada pertenciam a
níveis socioculturais diferentes, 30% eram estudantes, com um nível baixo e médio e
com um nível superior cerca de 10%.

A amostra utilizada por Rathus era constituída por 68 indivíduos, sem curso
superior e com idades compreendidas entre os 17 e os 27 anos.

4.3. Cotação da Escala

Na folha de resposta, o indivíduo indica se cada afirmação é de “muito” a


“nada” característica do seu comportamento, atribuindo uma nota de 5 a 0 a cada
afirmação. Os itens são cotados, segundo a escala seguinte:

Notas
atribuídas 0 1 2 3 4 5
pelo Nada Muito pouco Pouco Mais ou menos Característica Muito
participante característica característica característica característica característica

Escala de -3 -2 -1 1 2 3
cotação

Se o indivíduo responde 0 á afirmação a sua cotação será de –3, da mesma


forma se responder 5 á afirmação a sua cotação será de +3.

4.4. Resultados

Os resultados são obtidos fazendo o somatório das cotações dadas a cada


afirmação.

Os valores obtidos que mais se aproximam de 0 correspondem a


comportamentos assertivos enquanto que valores que se aproximam mais de –3 ou
+3 correspondem a comportamentos menos assertivos.

(Rathus, 1973)
μ = 0.29

(Detry e Castro, 1990)


μ = -1.83

Comparando os dois estudos, sabendo que a amostra utilizada por Detry e


Castro pertence a diferentes níveis socioculturais, os resultados obtidos tem um
valor que se afasta mais dos valores que correspondem a um comportamento
assertivo do que o estudo de Rathus.
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4.5. Trabalho de campo

A título de curiosidade aplicamos a escala de assertividade de Rathus com o


intuito de verificar se relativamente á assertividade existem diferenças significativas
em relação ao gênero.

Amostra com 40 indivíduos, 20 do gênero feminino e 20 do gênero masculino,


com idades compreendidas entre os 20 e os 50 anos.

Os resultados obtidos foram os seguintes:

 Masculino: μ = 0,40
 Feminino: μ = 0,39

Os resultados da amostra revelam que não existem diferenças entre o sexo


feminino e o sexo masculino, encontrando-se ambos muito próximos de um
comportamento assertivo.
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ANEXO 1

Escala de Assertividade de Rathus


Tradução da Escala: Luísa Saavedra. Aferição portuguesa: Brigitte Detry e S.Luís F.Castro

Instrução:

Indique em que medida as seguintes afirmações são características ou


descritivas do seu comportamento. Partindo da escala abaixo indicada atribua uma
nota a cada afirmação:

5 - Muito característica
4 - Característica
3 - Mais ou menos característica
2 - Pouco característica
1 - Muito pouco característica
0 - Nada característica

1. Parece-me que a maior parte das pessoas são mais agressivas e defendem
melhor os seus direitos do que eu.
2. Acontece-me, por timidez, hesitar na altura de marcar ou de ser convidado
para um encontro.
3. Quando a comida num restaurante não me satisfaz queixo-me ao
empregado ou empregada.
4. Tenho cuidado em não ferir os sentimentos dos outros mesmo quando sinto
que eles me magoaram.
5. Se um vendedor teve muito trabalho para me mostrar um artigo que não me
convém perfeitamente torna-se-me difícil dizer não.
6. Quando me pedem para fazer qualquer coisa insisto para saber a razão.
7. Há ocasiões em que procuro uma boa e vigorosa discussão.
8. Luto para, na minha profissão, me sair tão bem como os outros.
9. Para falar com franqueza, as pessoas tiram muitas vezes partido de mim.
10. Dá-me prazer estabelecer conversa com recém-conhecidos ou estranhos.
11. Muitas vezes não sei que dizer a pessoas atraentes do sexo oposto.
12. Hesitaria em telefonar para um grande estabelecimento comercial ou para
uma administração.
13. Preferia candidatar-me a um emprego por carta em vez de o fazer por
uma entrevista pessoal.
14. Sinto-me embaraçado ao devolver uma mercadoria.
15. Se um familiar próximo e respeitado me aborrece eu escondo os meus
sentimentos em vez de exprimir a minha má disposição.
16. Já me aconteceu evitar pôr questões com medo de parecer estúpido.
17. Durante uma discussão acesa tenho, muitas vezes, medo de ficar
perturbado ao ponto de começar a tremer.
18. Se um conferencista famoso e conceituado diz qualquer coisa que eu acho
inexato, gostaria que o público ouvisse, também, o meu ponto de vista.
15

19. Evito discutir os preços com os representantes e vendedores.


20. Quando faço qualquer coisa importante e válido procuro que os outros
tomem conhecimento disso.
21. Sou aberto e franco no que diz respeito aos meus sentimentos.
22. Se alguém espalhou histórias falsas e de mau gosto a meu respeito vou
imediatamente procurá-lo para uma explicação.
23. Sinto muitas vezes dificuldade quando tenho de dizer não.
24. Tenho mais tendência a controlar as emoções do que a entrar em
confronto.
25. Apresento queixas quando fico mal servido num restaurante ou noutro
local.
26. Muitas vezes não sei que dizer quando me fazem um elogio.
27. No cinema, no teatro ou numa conferência se há duas pessoas perto de
mim a falar em voz alta, peço-lhes que se calem ou mudem de lugar.
28. Alguém que tenta passar à frente numa bicha arrisca-se a ter que me
dar uma boa explicação.
29. Sou rápido na expressão das minhas opiniões.
30. Há momentos em que não sei que dizer.

CONCLUSÃO

O relacionamento entre as pessoas nem sempre é o mais eficaz! Uma das


razões está relacionada com as atitudes comportamentais e com os efeitos que as
mesmas provocam nos interlocutores.

Assim, torna-se fundamental, refletirmos acerca do nosso comportamento e


tentar torná-lo mais funcional.

Se procuramos um relacionamento interpessoal eficaz e harmonioso, seja a


nível pessoal, profissional ou social, deveremos optar prioritariamente por um estilo
de comunicação assertiva.

“Ser assertivo é expressar sentimentos em relação a alguém ou


alguma coisa, sejam eles positivos, negativos ou de auto-afirmação.
Assim, estamos a ser assertivos quando damos ou recebemos
elogios quer quando expressamos desagrado e aborrecimento ou
mesmo quando criticamos. (...)”

“(...)Sempre que não conseguimos exprimir-nos ou o fazemos de


forma ambígua, pouco clara, sentimo-nos incompreendidos e
subestimados. A curto ou médio prazo as nossas relações com os
outros podem começar a degradar-se. Saber comunicar as nossas
necessidades, desejos e opiniões sem ameaçar os direitos dos
outros é ser assertivo!”

É essencial reconhecermos que temos direito a ter uma escala de valores


próprios e agirmos de acordo com esses princípios, sem que isso implique eliminar a
escala de valores do outro, por muito diferente que seja da nossa.
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Ser assertivo implica lutar contra uma série de medos e inquietações, como a
ansiedade, o medo de avaliação e o medo de rejeição. É necessário, então,
aprender a defender os nossos pontos de vista; ser capazes de exprimir o
desacordo face a um superior, controlar a nossa imagem e reconhecer que os outros
têm talentos, idéias, dificuldades, estatutos, sentimentos... diferentes dos nossos.

BIBLIOGRAFIA

Detry, B. & Castro, L. F. (1996). A escala de assertividade de Rathus: versão


portuguesa. In Avaliação Psicológica: formas e contextos (Vol. IV, pp. 357-363).
Braga: Apport.

Fachada, º (2000). Psicologia das relações interpessoais. Lisboa: Rumo.

Loyd, S. (1988). Desenvolvimento em assertividade. Lisboa: Monitor.

Barbosa, M. J. (2000). Ser assertivo. In Xis. (pp 58-59). ???

www.fct.unl.pt

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