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Vistos.
Habeas corpus, com pedido liminar, impetrado pelo advogado Júlio
César Correia da Silva em favor de João Francisco da Costa visando ao
reconhecimento da nulidade da ação penal em curso contra o paciente e,
consequentemente, a sua imediata soltura.
Aponta como autoridade coatora o Superior Tribunal de Justiça que
denegou writ impetrado perante aquela Corte com objetivo idêntico ao perseguido
nesta ação.
Alega o impetrante que:
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Na hipótese em tela, o réu fora citado por edital e, na
ocasião, não tinha advogado constituído, ou seja, de sua escolha.
Assim, sequer tomou conhecimento da existência do processo, o qual
deve ser imediatamente suspenso, por este Egrégio Tribunal, sem que
o prazo prescricional também o seja.
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O novo texto do artigo 366 do Código de Processo Penal,
na parte que envolve a prescrição, não retroage, primeiro por ser matéria
de Direito Penal, alheia, assim, ao CPP e, em segundo lugar, por ser
prejudicial ao réu, por determinar a interrupção da prescrição.
Contudo, retroage a parte do artigo 366 do CPP, a qual
determina a suspensão do processo, no caso de réu citado por edital
sem ter advogado de sua escolha constituído nos autos.
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Assim sendo, o processo de Primeira Instância deve ser
considerado como suspenso, a partir do dia em o réu não compareceu,
pois não tinha advogado de sua confiança, constituído naquela ocasião.
Tal é a determinação constitucional, pois deve a lei retroagir para
beneficiar o réu.
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Durante a fase de pronúncia, pelo fato de não ter sido
pessoalmente citado, o paciente ficou indefeso. Muito embora tenham
sido nomeados advogados dativos para defender o mesmo em tal fase
processual, sequer as Alegações Finais foram ofertadas.
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Assim, com base em tais fatos, fora requerido, junto ao
MM Juízo de Direito de Cotia/SP, a Liberdade Provisória e a
conseqüente Revogação da Prisão Preventiva do paciente, por não
estarem presentes os requisitos do artigo 312 do CPP em vigor.
Tal pedido se fez, uma vez que a prisão do paciente fora
decretada única e exclusivamente para que o mesmo fosse intimado do
teor da r. sentença de pronúncia, assegurando-se, assim, o julgamento
em plenário. Tendo tal procedimento sido efetuado, não há a
necessidade de o mesmo permanecer preso, aguardando eventual
julgamento no Tribunal do Júri, caso as preliminares argüidas neste
‘Habeas Corpus’ não sejam acolhidas por este Egrégio Tribunal.
A manutenção de tal prisão do paciente, após sua
intimação da r. sentença de pronúncia, pode ser considerada como uma
verdadeira antecipação da pena.
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Mesmo havendo entendimento no sentido de dispensar-
se a motivação, na sentença de pronúncia, a respeito da manutenção da
prisão preventiva decretada anteriormente no curso da instrução
criminal, considerando suficiente apenas que se reporte aos motivos da
prisão que a mantém, deve-se pressupor, contudo, a validade da prisão
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cautelar anteriormente decretada, sob pena de contaminar a prisão de
pronúncia, mormente quando só nos motivos daquela se embasar.
Ocorre que, no presente caso, não fora decretada sequer
a prisão cautelar do paciente, sendo decretada somente a prisão de
pronúncia, a qual fora decretada com o fim de intimar-se o paciente do
teor de tal r. sentença, abrindo-lhe prazo para recurso, bem como para
assegurar o julgamento em plenário. Possui o paciente o direito de
aguardar a designação do julgamento em liberdade” (fls. 4 a 13).
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366 DO CPP. SENTENÇA DE PRONÚNCIA. PRISÃO. RÉU
FORAGIDO. SEGREGAÇÃO CAUTELAR JUSTIFICADA NA
APLICAÇÃO DA LEI PENAL. ART. 312 DO CPP. PRECEDENTES.
LEGÍTIMA DEFESA. EXAME DE MATERIAL COGNITIVO DOS AUTOS.
INVIÁVEL NA VIA ELEITA. ORDEM DENEGADA.
1. A citação por edital se mostra válida, porquanto foram
esgotadas todas as possibilidades para citar o paciente via oficial de
justiça. Assim não há vício a ser sanado.
2. A nova redação do art. 366 do CPP, dada pela Lei
9.271/96, em vigor desde 18/6/1996, não é passível de retroatividade,
conforme pacífico magistério desta Corte.
3. Hipótese na qual não há falar em desconhecimento da
persecução penal, sedo evidente a intenção, sim, de impunidade,
porquanto, mesmo tendo ciência da instauração do inquérito policial, já
que fora interrogado, evadiu-se do distrito da culpa, permanecendo revel
durante toda a primeira fase da instrução processual (judicium
accusationis ), perfazendo um período de quase 15 (quinze) anos, que
culminou com a sua pronúncia e, por conseguinte, com a expedição do
mandado de prisão.
4. Constrição cautelar que se encontra devidamente
justificada, uma vez que o paciente demonstrou concretamente a
intenção de se furtar à aplicação da lei penal, o que, a teor do art.312 do
Código de Processo Penal, é motivo suficiente para decretação da
custódia.
5. Aferir se o paciente agiu ou não em legítima defesa
implica, necessariamente, o reexame da prova produzida durante a
instrução criminal, o que é inviável na estreita via do habeas corpus,
marcado por cognição sumária e rito célere.
6. Ordem denegada” (fl. 64).
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3) como não foi pessoalmente citado na fase da pronúncia, ficou
indefeso, pois, muito embora tenham sido nomeados defensores dativos, sequer foram
oferecidas alegações finais;
4) não pode persistir o seu recolhimento preventivo, seja porque a
sentença de pronúncia não está devidamente fundamentada no artigo 312 do Código
de Processo Penal, seja porque não concorrem, de qualquer sorte, os requisitos ali
indicados.
O writ, em princípio e segundo um juízo de cognição sumária, não colhe
êxito por nenhum dos fundamentos suscitados.
No que diz respeito à validade da citação por edital, verifico que o
pressuposto fático previsto nos artigos 361 e 362 – “se o réu não for encontrado” – está
devidamente confirmado nos autos.
O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, no julgamento do HC
impetrado perante aquela corte afirmou, com efeito, que:
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acusado no endereço que forneceu ao ser ouvido na Polícia (fls. 12), não foi localizado,
tendo a respectiva genitora informado que ele se mudara para cidade interiorana que
ela mesma não sabia qual seria. Nova tentativa de citação pessoal foi em vão realizada
(fls. 40). Assim, existiu a regular citação por edital (34 e 46) e, não tendo havido
comparecimento, foi correta a conseqüente e necessária decretação da revelia” (fl.
169).
A pretensão do impetrante de reconhecer a nulidade da referida
citação só pode estar vinculada, portanto, ao reexame de matéria fático-
probatória, o que não se admite na via estreita do habeas corpus.
Em relação à aplicação partida do artigo 366 do Código de Processo
Penal, na redação dada pela Lei nº 9.271/96, destaco que, muito embora o
dispositivo tenha também um conteúdo processual, sobressai a sua feição de
direito penal material, não se autorizando, por isso a sua aplicação fracionada.
Além disso, por se tratar de dispositivo que, em geral, agrava a situação dos réus, não
pode ser aplicado retroativamente à edição da lei nova.
Nesse sentido o entendimento firme da jurisprudência:
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pendentes, antes da prolação da sentença, porque trouxe disposições
incindíveis de direito material (prescrição) e de direito processual
(suspensão do processo), devendo prevalecer a norma de direito
material para o fim de se determinar que não pode retroagir, porque a
suspensão da prescrição não beneficia o réu” (HC nº 75.679/SP,
Segunda Turma, Relator o Ministro Maurício Corrêa, DJ de 20/4/01).
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Por todo o exposto, não concorrem, ao meu sentir, os requisitos
necessários à concessão da liminar que, por isso, indefiro.
Intime-se.
Dê-se vista ao Ministério Público.
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