há 5 anos 23,8K visualizações 1 Introdução O presente trabalho foi elaborado pelo 6º grupo dos seminários apresentados na disciplina Teoria do Estado e da Constituição, da turma 2ºU, como requisito parcial para obtenção de nota na prova intermediária, com o objetivo de relatar a reflexão doutrinária sobre os princípios constitucionais fundamentais. Relatar-se-á neste os princípios fundamentais da constituição , distribuídos da seguinte forma: os princípios constitucionais, os princípios constitucionais do Estado brasileiro e o princípio democrático e garantia dos direitos fundamentais. Os principios fundamentais da constituição são destinados a estabelecer as bases políticas, sociais, administrativas e jurídicas da República Federativa do Brasil . São as noções que dão a razão da existência e manutenção do Estado brasileiro. Tais princípios apresentam-se entre os artigos 1º ao 4º, encampando uma gama substancial de definições e objetivos a serem respeitados, mantidos e alcançados dentro de todo território nacional. Segundo Gomes Canotilho e Vital Moreira os princípios fundamentais visam essencialmente definir e caracterizar a coletividade política e o Estado e enumerar as principais opções político-constitucionais. Em “Curso de Direito Constitucional Positivo”, José Afonso da Silva afirma que os princípios constitucionais se traduzem em normas da Constituição ou que delas diretamente se inferem. Estes são basicamente de duas categorias: político- constitucionais e jurídico-constitucionais, a última decorre de certas normas- constitucionais. As normas-princípio, chamadas assim por Crisafulli, constituem por assim dizer a síntese ou matriz de todas as restantes normas constitucionais, que àquelas podem ser diretamente ou indiretamente reconduzidas. Constituem-se, segundo Canotilho, dos princípios definidores da forma de Estado, dos princípios definidores da estrutura do Estado, dos princípios estruturantes do regime político e dos princípios caracterizadores da forma de governo e da organização política em geral. Estas normas explicitam as valorações políticas fundamentais do legislador constituinte e decisões que este acolheu no documento constitucional. 2 Desenvolvimento 2.1 Capítulo I – Dos princípios constitucionais A palavra princípio tem diversos significados, entretanto, dentro desse contexto a definição que se apresenta é que o princípio é o regimento nuclear de um sistema, a verdadeira essência dele, são ordenações que se irradiam e imantam os sistemas de normas compondo-lhes o espírito e assim é possível compreender seu exato objetivo e direcionamento. Os princípios, que começam por ser à base de normas jurídicas, podem estar positivamente incorporados, transformando-se em normas-princípio e constituindo preceitos básicos da organização constitucional. São traduzidos em normas da Constituição alguns princípios que se caracterizam em princípios político- constitucionais e em princípios jurídico-constitucionais. Os princípios político-constitucionais são os princípios fundamentais, que se constituem daquelas decisões políticas fundamentais concretizadas em normas conformadoras do sistema constitucional positivo, são normas-princípio, ou seja, normas fundamentais que derivam logicamente as normas particulares regulando imediatamente relações específicas da vida social. Basicamente são decisões sobre a particular forma de existência política da Nação, de acordo com Carl Schmitt. Já os princípios jurídico-constitucionais são os princípios constitucionais gerais, que decorrem de certas normas constitucionais, constituindo por vezes, os desdobramentos dos fundamentais (como o principio da isonomia). Segundo Gomes Canotilho e Vital Moreira, “os princípios fundamentais visam essencialmente definir e caracterizar a coletividade política e o Estado e enumerar as principais opções político-constitucionais”. Os princípios fundamentais e princípios gerais do Direito Constitucional. Os princípios fundamentais se integram ao Direito positivo e que elas é que “explicitam as valorações políticas fundamentais do legislado constituinte” segundo Gomes Canotilho. Os princípios gerais formam temas de uma teoria geral do Direito Constitucional, por envolver conceitos gerais, relações, objetos, que podem ter seu estudo destacado na dogmática jurídico-constitucional. A função ordenadora vinda dos princípios fundamentais é essencial, assim como sua ação imediata que consiste em funcionar como critério de interpretação e de integração (pois elas dão coerência geral ao sistema), enquanto diretamente aplicáveis ou capazes de conformarem as relações político-constitucionais. As normas inseridas aos princípios fundamentais possuem relevância jurídica diversa, sendo algumas normas-síntese ou matriz que tem como função integrar as normas que se envolvem, havendo plena eficácia e imediata aplicabilidade. Algumas normas são indicativas dos fins do Estado, outras são definições precisas de comportamento do Brasil como pessoa jurídica. Em síntese são definidoras da forma de Estado, definidores de estrutura do Estado (como a Soberania, Estado democrático de direito), definidoras do regime político e definidoras da organização da sociedade. Definição de Princípios A palavra princípio tem diversos significados. Vamos nos ater à definição de Celso Bandeira de Mello: “Princípio é o mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência...”. Pois bem. Os princípios são disposições que dão valores ao ordenamento jurídico, e no nosso caso, à organização constitucional. Os princípios se traduzem em normas da Constituição e, delas, podem ser inferidos. Eles se dividem em duas categorias, segundo Gomes Canotilho. Princípios Político-Constitucionais e Princípios Jurídico-Constitucionais Princípios Político Constitucionais São decisões políticas, concretizadas em normas, as quais dão forma ao sistema constitucional. Na visão de Carl Schmitt são decisões que determinam a forma de existência política da nação. Manifestam-se como princípios constitucionais fundamentais, são esses os artigos 1.º ao 4.º da Constituição Federal . Princípios Jurídico-Constitucionais São princípios informadores da ordem jurídica nacional. São geralmente normas constitucionais, podendo também ser desdobramentos dos fundamentais (e. G. Princípio da supremacia da constituição ; princípio da legalidade, da isonomia, autonomia individual, proteção social dos trabalhadores, derivados dos direitos sociais). Incluem-se também os princípios garantias como: direito do contraditório, direito do processo legal (incisos 38 aos 60 do artigo 5.º). Princípios Fundamentais: Visam essencialmente definir e caracterizar a coletividade política e o Estado, assim como, enumerar as principais opções político-constitucionais (Canotilho e Vital Moreira). São a matriz ou síntese de todas as restantes normas constitucionais. Em síntese são: 1. definidoras da forma de Estado (República Federativa do Brasil – art. 1.º e 2.º); 2. definidores de estrutura do Estado (soberania, estado democrático de direito); 3. definidoras do regime político (forma de governo e organização em geral) (artigo 1.º parágrafo único): · Princípio da cidadania; · Princípio da dignidade da pessoa humana; · Princípio do pluralismo · Princípio da soberania popular; · Princípio da representação política; · Princípio da participação popular direta. 1. definidoras da organização da sociedade (livre organização social, convivência justa e solidariedade) artigo 3.º, I. 2. prestação positiva do Estado – princípio da independência, do desenvolvimento nacional (artigo 3.º, II), princípio da justiça social (artigo 3.º, III); princípio da não discriminação (artigo 3.º, IV); 3. relativos à comunidade internacional: · Independência nacional; · Respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana; · Autodeterminação dos povos; · Não intervenção; · Igualdade dos Estados; · Defesa da paz e solução pacífica dos conflitos; · Repúdio ao terrorismo e ao racismo; · Cooperação entre os povos e a integração da América Latina (artigo 4.º) – parágrafo único importante: por essas e outras que o Estado Brasileiro deve apoiar a Argentina no tema das Malvinas. É princípio fundamental da integração América Latina. 2.2 Capítulo II – DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO ESTADO BRASILEIRO 2.2.1 O País e o Estado brasileiros É a palavra que se refere ao habitat, à paisagem territorial e aos aspectos naturais. Pode ou não coincidir com o nome do Estado: · País: Brasil · Estado: República Federativa do Brasil. Estado, por sua vez, é uma ordenação que tem por fim essencial a regulamentação global das relações sociais entre os membros de uma dada população sobre um dado território. São quatro elementos essenciais: · Poder soberano; · Povo; · Situado em um território; · Com finalidade em comum. REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL (forma de governo) (forma de Estado) (nome do país) A Constituição organiza estes elementos constitutivos do Estado através de suas normas. 2.2.2 Território e forma de Estado Para Kelsen é o âmbito de validez da ordenação jurídica chamada Estado. Ou, A. Groppali é a limitação espacial onde o estado exerce o poder de império sobre as pessoas e bens. O modo de exercício do poder político em função do território da origem à “forma de Estado”. Pode ser: Estado Unitário: uma unidade de poder; Estado composto ou federativo: o poder é repartido, havendo divisão do território, gerando uma multiplicidade de organização governamental. 2.2.3 Estado Federal: forma do Estado brasileiro Federação Consiste na união de coletividades regionais autônomas chamadas de Estados Federados (Capítulo III, caput Const.). Há também os Territórios e Municípios (art. 1.º e 18) O cerne de Estado Federal está na configuração de duas entidades: a União e os Estados Federados. União União das partes, sendo Pessoa Jurídica de Direito Público, interno, autônomo em relação aos Estados. Exerce as prerrogativas da soberania nacional. É o único titular da soberania nacional. O Estado Federal É unitário e federativo. Unitário, porque possui um único território e está submetido ao poder da União e uma só população, formando um único corpo nacional. Federativo, porque cabe aos Estados participar na formação da vontade dos órgãos federais (Senado Federal e Congresso) possuem representantes dos Estados (artigo 46) e também pela participação das Assembleias estaduais no processo de formação das emendas (artigo 60). 2.2.4 Forma de Governo: a República Refere-se à maneira como se dá a instituição do poder na sociedade e como a relação entre governantes e governados responde à questão de quem deve exercer o poder e como este se exerce. Princípio Republicado - > O art. 1º não instaura a República. Recebe da evolução constitucional, desde 1889. Isso se dá, provavelmente, pela previsão constitucional do plebiscito de (20/04/93) onde se escolheu a forma e sistema de governo. Desde então, figura como princípio constitucional. Hoje não é mais protegido contra emenda constitucional. A forma federativa continua a ser (art. 60 parágrafo 4º, I). Entretanto, no art. 34, VII, há uma proteção à República. O princípio do artigo protege a União quando algum Estado Federativo ouse desrespeitá-la, podendo intervir se necessário. O princípio Republicano pressupõe que deve haver eleições para os Poderes Legislativo e Executivo. Além do mais: as eleições devem ser periódicas por tempo limitado; deve haver temporariedade dos mandatos; não vitaliciedade dos cargos políticos; e deve haver prestação de contas da Administração Pública; Essas características do princípio Republicano estão nos arts. (27,29 I, 44, 45 e 46). Sistema de governo É o modo como se relacionam os diferentes poderes. Pode ser: · Presidencialista · Parlamentarista · Diretorial Não é, entretanto, princípio fundamental da ordem constitucional. 2.2.5 Fundamentos do Estado brasileiro soberania (poder político supremo e independente) (arts. 170, I e 3º, I); cidadania (reconhecimento do indivíduo como pessoa integrada na sociedade) (art. 3º, inciso LXXVII); Cidadania significa, também, que o funcionamento do governo estará submetido à vontade popular (art. 1º) O termo se conecta com a soberania popular, com os direitos políticos (art. 14) e com a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), com os objetivos da educação (art. 205) dignidade da pessoa humana valor supremo que atrai conteúdo de todos os direitos fundamentais do homem, desde o direito à vida; e pluralismo político. 2.2.6 Objetivos fundamentais do Estado brasileiro Construir uma sociedade livre, justa e solidária; Garantir o desenvolvimento nacional; Erradicar a pobreza; Reduzir as desigualdades sociais e regionais; e Promover o bem estar de todos sem preconceito de raça, cor, sexo, idade e outras formas de discriminação (art. 3º). 2.2.7 Poder político O poder é fato da vida social. Pertencer a um grupo social exige uma conduta conforme os fins perseguidos pelo mesmo. O poder do Estado consiste no poder político ou poder estatal. A sociedade civil abrange uma multiplicidade de grupos sociais, os quais o poder político tem de coordenar e impor regras de conduta para estimular o progresso visando o bem comum, uma finalidade social. Essa superioridade caracteriza a soberania do Estado, a independência e supremacia sobre os poderes sociais interiores à mesma sociedade estatal (soberania interna). 2.2.8 Governo e distinção de funções do poder Governo é o conjunto de órgãos mediante os quais a vontade do Estado é formulada, expressada e realizada. Ou, o conjunto de órgãos supremos a quem incumbe o exercício das funções do poder. O poder se desdobra e se compõe de várias funções: legislativa, executiva e jurisdicional: · Legislativa - edição de regras, abstratas, impessoais de ordem jurídica; · Executiva - resolve problemas concretos e individualizados de acordo com as leis. Não se limita a uma mera execução das leis. Se distingue em função do governo, com atribuições políticas, co-legislativa (Medidas provisórias, por exemplo) e de decisão. E, também, em função administrativa, com três missões: intervenção, fomento e serviço público; e · Jurisdicional - aplicar o direito aos casos concretos a fim de dirimir conflitos de interesse. 2.2.9 Divisão de Poderes Fundamenta-se em dois elementos: · Especialização funcional: Cada órgão é especializado em um função; e · Independência orgânica: Cada órgão é independente dos outros. Atualmente prefere-se falar em colaboração de poderes, característica do parlamentarismo, em que o governo depende da confiança do Parlamento (Câmara dos Deputados). No presidencialismo, desenvolveram-se as técnicas da independência orgânica e harmonia dos poderes. 2.2.10 Independência e harmonia entre os poderes Independência de poderes consiste em: · Investidura e permanência em um órgão não depender da confiança e vontade dos outros; · No exercício das atribuições próprias, não precisam da autorização e nem consultar os outros; e · Na organização dos serviços, cada um é livre, observadas às disposições constitucionais e legais. Harmonia entre poderesconsiste em um trato recíproco, no respeito das prerrogativas e faculdades humanas que todos têm direito. Também assinalar que a divisão de funções e a independência dos órgãos do poder não são absolutas e, para isso, há um sistema de freios e contrapesos, visando o equilíbrio necessário para a realização do bem da coletividade. É a consciência de que os órgãos só se desenvolverão a bom termo, se subordinarem ao princípio da harmonia, que nada mais é que, a verificação entre eles, consciente colaboração e controle recíproco. 2.2.11 Exceções ao princípio A Constituição estabelece incompatibilidades relativamente ao exercício de funções dos poderes (art. 54), limites e exceções ao princípio, decorrem de normas que estão no texto constitucional . Exceção ao princípio é, por exemplo, a permissão de que Deputados e Senadores exerçam funções de Ministro de Estado, que é agente auxiliar do Presidente da República, Chefe do Executivo, bem como de Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Prefeitura de Capital ou de missão diplomática temporária (art. 56). 2.2.12 Democracia e Estado de Direito A democracia, como realização de valores – igualdade, liberdade e dignidade de pessoa – de convivência humana, é conceito mais abrangente do que o de Estado de Direito, que surgiu como expressão jurídica da democracia liberal. A superação do liberalismo colocou em debate a questão da sintonia entre o Estado de Direito e a sociedade democrática. A evolução desvendou sua insuficiência e produziu o conceito de Estado Social de Direito. Chega-se então, ao Estado Democrático de Direito, que reúne os princípios do Estado Democrático e do Estado de Direito, revelando um conceito novo que os supera, na medida em que se incorpora um componente revolucionário de transformação do status quo, acolhido no artigo 1º da Constituição como um conceito-chave do regime adotado. 2.2.13 Estado de Direito O Estado de Direito era um conceito tipicamente liberal, cujas características eram: a submissão ao império da lei, onde a lei era considerada como ato emanado formalmente do Poder Legislativo, composto de representantes do povo, mas do povo- cidadão; a divisão de poderes, que separa de forma independente e harmônica, os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário; e enunciado e garantias dos direitos individuais. A concepção liberal do Estado de Direito servira de apoio aos direitos do homem, convertendo os súditos em cidadãos livres. Houve, porém, concepções deformadoras do conceito de Estado de Direito, por isso, cabe razão a Carl Schmitt quando assinala que a expressão “Estado de Direito” pode ter tantos significados distintos como a palavra “Direito” e designar tantas organizações quanto as que se aplica a palavra “Estado”. Assim, acrescenta ele, se pode verificar vários tipos de Estado. Disso deriva a ambiguidade da expressão Estado de Direito, sem mais qualificativo que lhe indique conteúdo material. Em tal caso a tendência é adotar-se um Estado de Justiça, tomada a justiça como um conceito absoluto, abstrato, idealista, espiritualista, que no fundo, encontra sua matriz no conceito hegeliano do Estado Ético, que fundamentou a concepção do Estado fascista. O Estado de Justiça nada tem a ver com Estado submetido ao Poder Judiciário, e é também, uma abstração confundir Estado de Direito com uma visão jusnaturalista do Estado. Concebe-se o Direito apenas como um conjunto de normas estabelecidas pelo Legislativo, o Estado de Direito passa a ser Estado de Legalidade – se o princípio da legalidade é um elemento importante do conceito de Estado de Direito, nele não se realiza completamente. Kelsen também contribuiu para deformar o conceito de Estado de Direito. Para ele, Estado e Direito são conceitos idênticos e, na medida em que ele confunde Estado e ordem jurídica, todo Estado há de ser Estado de Direito. Como na sua concepção, só é Direito o direito positivo, como norma pura, desvinculada de qualquer conteúdo, chega-se a uma ideia formalista do Estado de Direito ou Estado Formal de Direito, que serve também a interesses ditatoriais. 2.2.14 Estado Social de Direito O individualismo e o abstencionismo ou neutralismo do Estado liberal provocaram imensas injustiças, e os movimentos sociais do século passado e deste especialmente, permitiram que se tivesse consciência da necessidade da justiça social. Surge então o Estado Social de Direito, onde o “qualitativo social refere-se à correção do individualismo clássico liberal pela afirmação dos chamados direitos sociais e realização de objetivos de justiça social”. Os regimes constitucionais ocidentais prometem, explícita ou implicitamente, realizar o Estado Social de Direito, quando definem um capítulo de direitos econômicos e sociais. Mas ainda é insuficiente a concepção do Estado Social de Direito, ainda que, como Estado Material de Direito, revele um tipo de Estado que tende a criar uma situação de bem-estar geral que garanta o desenvolvimento da pessoa humana. Sua ambiguidade é manifesta. Primeiro, porque a palavra “social” está sujeita a várias interpretações; todas as ideologias, com sua própria visão do social e do Direito, podem acolher uma concepção do Estado Social de Direito, menos a ideologia marxista que não confunde o social com o socialista. Em segundo lugar, o importante não é o “social”, qualificando o Estado, em lugar de qualificar o Direito; talvez até por isso se possa dar a razão a Forsthoff quando exprime a Ideia de que Estado de Direito e Estado Social não podem fundir-se no plano constitucional. Por isso tudo, a expressão “Estado Social de Direito” manifesta-se carregada de suspeição, ainda que se torne mais precisa quando se lhe adjunta a palavra “democrático” como fizeram com as Constituições da República Federal da Alemanha e da Monarquia Espanhola para chamá-lo “Estado Social e Democrático de Direito”. Mas aí, mantendo o qualificativo social ligado a Estado, engasta-se aquela tendência neocapitalista e a petrificação do Welfare State, delimitadora de qualquer passo à frente no sentido socialista. 2.2.15 O Estado Democrático O Estado Democrático se funda no princípio da soberania popular, que “impõe a participação efetiva e operante do povo na coisa pública; participação que não se exaure na simples formação das instituições representativas e que constituem um estágio da evolução do Estado Democrático, mas não o seu completo desenvolvimento”, visando realizar o princípio democrático como garantia geral dos direitos fundamentais da pessoa humana. Contrapõe-se ao Estado Liberal, pois a ideia essencial do liberalismo não é a presença do elemento popular na formação da vontade estatal, nem tampouco a teoria igualitária de que todos têm direitos iguais a essa participação, ou que a liberdade é formalmente esse direito. O Estado de Direito é uma criação do liberalismo, por isso, na doutrina clássica, repousa na concepção do Direito natural, imutável e universal, de onde decorre que a lei, que realiza o princípio da legalidade, essência do conceito de Estado de Direito, é concebida como norma jurídica geral e abstrata. A generalidade da lei constituía o fulcro do Estado de Direito, pois nela se assentaria o justo conforme a razão e dela, somente dela, defluiria a igualdade – “Sendo regra geral, a lei é regra para todos”. Essa restauração tem sentido ideológico preciso pois a teoria de que o Estado só pode governar por meio de leis gerais se aplica a um sistema econômico de livre concorrência. Invoca-se então, com frequência, a doutrina da verdade geral de Rousseau para fundamentar a afirmativa de que a igualdade só pode ser atingida por meio de normas gerais, esquecendo-se que ele discutia o direito geral com referência a uma sociedade em que só haveria pequenas propriedades ou propriedades comuns. Conclui-se daí, que a igualdade do Estado de Direito, na concepção clássica, se funda num elemento puramente formal e abstrato, qual seja a generalidade das leis, não tendo base material que se realize na vida concreta. A tentativa de corrigir isso, foi a construção do Estado Social de Direito, que no entanto, não foi capaz de assegurar a justiça social e nem a autêntica participação democrática do povo no processo político. 2.2.16 Caracterização do Estado Democrático de Direito A configuração do Estado Democrático de Direito não significa apenas unir formalmente os conceitos de Estado Democrático e Estado de Direito – consiste na criação de um conceito novo, que leva em conta os conceitos dos elementos componentes, mas os supera na medida em que incorpora um componente revolucionário de transformação do status quo. A Constituição portuguesa instaura o Estado de Direito Democrático com o “democrático” qualificando o Direito e não o Estado; e a nossa Constituição emprega os termos de forma mais adequada, onde “democrático” qualifica o Estado, irradiando os valores da democracia sobre todos os elementos constitutivos do Estado e também, sobre a ordem jurídica. O Direito, então, imantado por esses valores, se enriquece do sentir popular e terá de se ajustar ao interesse coletivo. A democracia que o Estado Democrático de Direito realiza, há de ser um processo de convivência social numa sociedade livre, justa e solidária, em que o poder emana do povo e deve ser exercido em proveito do povo, diretamente ou por representantes eleitos; participativa, porque envolve a participação crescente do povo no processo decisório e na formação dos atos de governo; pluralista, porque respeita a pluralidade de ideias, culturas e etnias; há de ser um processo de liberação da pessoa humana das formas de opressão que não depende apenas do reconhecimento formal de certos direitos individuais, políticos e sociais, mas especialmente da vigência de condições econômicas suscetíveis de favorecer o seu pleno exercício. É um tipo de Estado que tende a realizar a síntese do processo contraditório do mundo contemporâneo, superando o Estado capitalista para configurar um Estado promotor de justiça social que o personalismo e o monismo político das democracias populares sob o influxo de socialismo real não foram capazes de construir. O certo é que a Constituição de 1988 não promete a transição para o socialismo com o Estado Democrático de Direito, apenas abre as perspectivas de realização social profunda pela prática dos direitos sociais, que ela inscreve, e pelo exercício dos instrumentos que oferece à cidadania e que possibilita concretizar as exigências de um Estado de justiça social, fundado na dignidade da pessoa humana. 2.2.17 A lei no Estado Democrático de Direito O princípio da legalidade é também um princípio basilar do Estado Democrático de Direito, e é da essência de seu conceito subordinar-se à Constituição e fundar-se na legalidade democrática. Se sujeita ao império da lei, mas da lei que realize o princípio da igualdade e da justiça não pela sua generalidade, mas pela busca da igualização das condições dos socialmente desiguais. Deve ser destacada a relevância da lei no Estado Democrático de Direito, não apenas quanto ao seu conceito formal de ato jurídico abstrato, geral, obrigatório e modificativo da ordem jurídica existente, mas também à sua função de regulamentação fundamental, produzida segundo um procedimento constitucional qualificado. A lei é efetivamente o ato oficial de maior realce na vida política. É precisamente no Estado Democrático de Direito que se ressalta a relevância da lei, pois ele não pode ficar limitado a um conceito de lei, como o que imperou no Estado de Direito clássico. Ele tem que estar em condições de realizar, mediante lei, intervenções que impliquem diretamente uma alteração na situação da comunidade – a lei não deve ficar numa esfera puramente normativa, não pode ser apenas lei de arbitragem , pois precisa influir na realidade social. E se a Constituição se abre para as transformações políticas, econômicas e sociais que a sociedade brasileira requer, a lei se elevará de importância na medida em que sendo fundamental expressão do direito positivo, caracteriza-se como desdobramento necessário do conteúdo da Constituição e aí exerce função transformadora da sociedade, impondo mudanças sociais democráticas, ainda que possa continuar a desempenhar uma função conservadora, garantindo a sobrevivência de valores socialmente aceitos. 2.2.18 Princípios e tarefa do Estado Democrático de Direito Princípio da constitucionalidade, que exprime, em primeiro lugar, que o Estado Democrático de Direito se funda na legitimidade de uma Constituição rígida, emanada da vontade popular, que, dotada de supremacia, vincule todos os poderes e os atos deles provenientes, com as garantias de atuação livre de regras da jurisdição constitucional. Princípio democrático, que nos termos da Constituição, há de constituir uma democracia representativa e participativa, pluralista, e que seja a garantia geral da vigência e eficácia dos direitos fundamentais. Sistema de direitos fundamentais, que compreende os individuais, coletivos, sociais e culturais. Princípio da justiça social, como princípio da ordem econômica e da ordem social; Princípio da igualdade, da divisão dos poderes e da independência do juiz, princípio da legalidade e da segurança jurídica. A tarefa fundamental do Estado Democrático de Direito consiste em superar as desigualdades sociais e regionais e instaurar um regime democrático que realize a justiça social. 2.3 Capítulo III – DO PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO E GARANTIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 2.3.1 Regime político O conceito regime político não é unanime na doutrina. Destacam-se quatro posicionamentos: (i) Para Duverger é um conjunto de instituições políticas que, em determinado momento, funcionam em dado país, em cuja base se acha o fenômeno essencial da autoridade, do poder, da distinção entre governantes e governados, aparecendo, assim, como um conjunto de respostas a quatro problemas fundamentais relativos à: (a) autoridade dos governantes e sua obediência; (b) escolha dos governantes; (c) estrutura dos governantes; (d) limitação dos governantes, envolvendo toda a problemática constitucional, e torna-se, para essa concepção, algo próximo ao sinônimo de regime constitucional. (ii) Já para Jiménez de Parga, o regime político é a forma de solucionar os problemas políticos de um povo, acrescentando que: (a) como solução efetiva, o regime pode coincidir ou não com o sistema de soluções (iii) O atual regime brasileiro, estabelecido naConstituiçãoo de 1988 baseia-se no princípio democrático, o que pode ser percebido no preâmbulo e no art. 11 da mesma e no principio da soberania popular, segundo o qual todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes, ou diretamente (parágrafo único do Art. 1º). O Estado Democrático de Direito, destina-se a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, livre, justa e solidária e sem preconceitos (art. 3, II e IV), com fundamento na soberania, na cidadania, na dignidade da pessoa humana, nos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e no pluralismo político. 2.3.2 Conceito de democracia O conceito de democracia, no seu sentido político, não pode ser analisado de forma abstrata e estática. Por mais que ela se refira ao exercício da soberania popular, o povo não é sempre o mesmo. A democracia da antiguidade grega não é a mesma da democracia burguesa capitalista. Isto significa que o conceito de democracia é histórico e, como tal, não pode ser considerado meramente como um valor-fim, mas como o meio de realização dos valores fundamentais da convivência humana. Aqueles que reclamam que a democracia nunca foi efetivamente alcançada partem do pressuposto de que ela é absoluta e estática, não percebendo que ela se dá no processo onde as suas inerentes contradições são paulatinamente superadas. Esse tipo de perspectiva estática é caracterizado por uma visão elitista, na qual se defende que a população não está preparada para a democracia. Ou seja, é uma visão sempre desconfiada da população, pois defende a educação, o desenvolvimento, a melhoria de vida, o aumento do nível, entre outros fatores, mas sempre como pressupostos, isto é, como aspectos que a população deve ter antes de se tornar democrática quando, na realidade, são os objetivos da democracia. Em seu sentido autêntico a democracia não precisa de pressupostos especiais. Se há algum pressuposto necessário é a existência de uma sociedade. Se dentro desta sociedade o poder político emana do povo, é democracia; do contrário, não é. Uma vez estabelecida, a democracia se realiza na busca de seus objetivos e, em função disto, ela se dá no processo. No entanto, conforme nos alerta José Afonso da Silva, em seu livro Curso de Direito Constitucional (2011), a democracia “nunca se realiza inteiramente, pois, como qualquer vetor que aponta a valores, a cada nova conquista feita, abrem-se outras perspectivas, descortinam-se novos horizontes ao aperfeiçoamento humano, a serem atingidos” (SILVA, 2011, p. 129). Na doutrina podemos destacar a comum afirmação de que a democracia encontra sustentação em três princípios fundamentais: o princípio da maioria, o princípio da liberdade e o princípio da igualdade. O grande problema está neste princípio da maioria, já que ela se torna um instrumento de manobra para a realização de interesses de uma minoria dominante. As leis, como consequência da representação da soberania popular, acabam por serem elaboradas de maneira arbitrária, não em função da maioria, mas do interesse geral da classe dominante. De qualquer forma, quanto maior essa disputa entre as classes sociais, maior será a disputa pela elaboração das leis. Estas representam uma formalidade para a organização da convivência humana por si só acirrada. Neste processo a lei tutela alguns e coibi outros. Conforme é possível verificarmos na história, esta tutela e repressão fomentaram diversos movimentos sociais e políticos que geraram revoluções como, por exemplo, a própria Revolução Francesa (1789). Estas revoluções representam novas conquistas democráticas. Por estas considerações, a democracia se fundamenta, não em três, mas em dois princípios fundamentais: o de soberania popular e o da participação do povo no poder, seja ela direta ou indireta. As conquistas democráticas das quais a história pode comprovar um avanço, demonstram que caminhamos rumo a uma efetiva expressão da vontade popular. A igualdade e a liberdade não são, portanto, princípios, mas valores democráticos, já que a democracia é o instrumento pelo qual esses valores ganham efetivação. O que vai determinar as diferentes democracias é a forma pela qual estes valores são realizados, isto é, se pelo viés capitalista (burguesa) ou popular (marxista). A democracia, tendo como objetivo o governo do povo, pelo povo e para o povo, é “o regime de garantia geral para a realização dos direitos fundamentais do homem” (SILVA, 2011, p. 132). Aliás, por mais que este objetivo da democracia seja problemático, ele é o mais coerente. Governo do povo significa que o povo é a fonte e é o titular do poder, pois é dele que o poder emana. Esta asserção corresponde à soberania popular. O governo pelo povo quer significar que o governo encontra fundamentação na vontade popular que elenca representantes mediante os quais exerce o seu poder. E o governo para o povo nos mostra a sempre procura em libertar os indivíduos de imposições autoritárias garantindo o máximo de bem estar e segurança. Esta forma de poder pode ser qualificado em três tipos distintos. O primeiro tipo é o da democracia governada, cuja correspondência está na democracia política burguesa do Estado Liberal. Neste tipo de regime, os governantes são os cidadãos – concebidos de forma racional e, portanto idealizada -, enquanto que os homens reais são governados. O segundo tipo é o da democracia governante de tipo ocidental, na qual há um maior respeito em relação ao pluralismo de ideias de direito tendo como base a vontade do povo real. Já o terceiro tipo é o da democracia governante de tipo marxista, na qual, por mais que haja a base na vontade do povo, não há um respeito ao pluralismo de ideias de direito, visto que sua estrutura de poder é fechada. Ainda assim, com esta explicação e classificação, o conceito de povo é o que mantém problemática o objetivo da democracia. Assim como a concepção de democracia se dá no processo histórico, sendo complicada a sua definição, com o conceito de povo dá-se o mesmo. Ele evoluiu de acordo com o seu contexto histórico. Para os gregos da antiguidade, povo referia-se ao conjunto dos homens livres, excluindo os escravos e os libertos. Para a democracia liberal, povo consistia nos cidadãos por eles idealizados ignorando toda a formação histórica de cada um deles. Em função disto, a concepção de povo para a democracia liberal é deformada. Existe, atualmente, uma reacionária tendência de reduzir povo a eleitores que, assim como a democracia liberal, ignora a formação histórica dos indivíduos. Em função de toda esta problemática, Silva (2011) prefere afirmar que “povo são os trabalhadores” (SILVA, 2011, p. 136). Apesar da problemática conceitual, este povo, pela forma como ele participa do poder, gera três tipos de democracia. A primeira é a democracia direta, na qual o povo exerce os poderes governamentais. No entanto, este tipo é quase extinto. O segundo tipo é a democracia indireta (representativa), na qual, em função da extensão territorial e do número de cidadãos, o povo elege representantes para exercer o poder político. O terceiro tipo é o da democracia semidireta na qual, além de representativa, há institutos de participação direta dos indivíduos nas funções que cabem ao governo. A Constituição da Republica Federativa do Brasil tenta combinar a democracia representativa com a participativa, pois confere as duas possibilidades. Por meio da eleição, gera-se o mandato político representativo de caráter jurídico-político. A característica fundamental deste mandato é sua temporariedade. Sua criação provém do Estado liberal burguês, pois mantém distintos o Estado e a sociedade e torna abstrata a relação entre o povo e o governo. O mandato é geral, livre e irrevogável. É geral, pois o eleito é representante de todas as pessoas. É livre, pois o eleito não se encontra vinculado aos seus eleitores, já que deles não recebe instrução alguma. E é irrevogável, pois o eleito pode manter seu mandato durante todo o tempo previsto, salvo nos casos em que a própria Constituição aponta. Existem países como, por exemplo, os EUA onde há o recall, existindo a possibilidade de revogar o mandato. Por isto, a democracia representativa acaba por considerar a participação do povo, no processo do poder, apenas no dia da eleição. O que ocorre na vida política encontra-se sem a influência do povo. Na democracia participativa, existem algumas possibilidades de participação direta do povo no exercício de poder. Um dos meios é a iniciativa popular, pela qual o povo pode participar apresentando um projeto de lei. Esta apresentação deve seguir regulamento previsto em lei. Outro meio é o referendo popular, pelo qual o legislativo submete os projetos de lei, para serem aprovados pela vontade popular, sendo verificadas certas exigências. Por fim, podemos destacar o plebiscito que, semelhante ao referendo, consiste numa consulta popular diferindo, contudo, no conteúdo, já que o plebiscito versa sobre decisão de questões políticas ou institucionais. A República Federativa do Brasil é constituída sob o Estado Democrático de Direito e, portanto, tem fundamentação no pluralismo político. Essa opção nos leva a abertura de conflitos e de interesses antagônicos, cujo objetivo maior é a harmonização e o equilíbrio destes conflitos. Se por um lado há uma maior liberdade, já que o pluralismo político favorece uma construção da democracia pluralista, por outro lado há a construção – a nível político – de uma “poliarquia”. Isto significa que o Poder encontra-se disperso numa variedade de grupos impedindo o funcionamento do sistema político. Este só pode funcionar se houver negociações entre os grupos. Conforme afirma Silva (2011): Nesse regime o Poder não é uma potência unitária; ele é o resultado de um equilíbrio incessantemente renovado entre uma pluralidade de forças que são, há um tempo rivais e cúmplices. Rivais porque cada um visa prevalecer seus interesses e suas aspirações; cúmplices porque as relações que elas mantêm entre si não vão jamais à ruptura que causaria a paralisia do sistema (SILVA, 2011, p. 144). Em função disto, Silva (2011) defende a consideração para que exista uma união entre a concepção de uma sociedade pluralista, que somos, com as de uma sociedade justa, solidária, fraterna e livre. Esse conjugado fomentaria uma integração social a partir da qual se buscaria um objetivo comum. Do contrário, se continuarmos neste pluralismo sem as contribuições de uma sociedade solidária, o princípio democrático tornar-se-á desastroso para a sociedade. 3 Conclusão Para nós, integrantes do 6º grupo dos seminários apresentados na disciplina Teoria do Estado e da Constituição , esse trabalho foi de grande valia acadêmica, na medida em que pudemos nos aprofundar nos valores e bens constitucionais. Observou-se que os princípios fundamentais da constituição agem como espinha dorsal da constituição em si, da mesma forma que a constituição age sobre o ordenamento jurídico. Pode-se agora relacionar, de forma clara, a constituição , o ordenamento jurídico e o Estado, já que ao resumir a concepção do Estado, a constituição informa a ideologia política do ordenamento jurídico. A nossa Constituição Federal de 88 se funda no princípio da soberania popular e visa realizar o princípio democrático como garantia real dos direitos fundamentais da pessoa humana. Isto se dá pois o Estado é um Estado de justiça social, o chamado Estado Democrático de Direito, e suas normas não poderiam refletir outra coisa, se não, leis sociais à dignidade do cidadão. Coautores: Caio Gonçalves Bezerra Sereno, Émerson Vinícius Azevedo de Morais e Leandro Vidal Madureira. 4 Referências BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Malheiros, 2005. CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional e teoria do estado. 14. Ed. São Paulo: Del Rey, 2008. LENZA, Pedro. Direito constitucional: esquematizado. 12. Ed. São Paulo: Método, 2008. MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil interpretada e legislação constitucional. São Paulo: Atlas, 2011. SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 27. Ed. São Paulo: Malheiros, 2006. Goo, ����z�