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vivianeebrahim@hotmail.com
Resumo
Há varias etiologias para a algia na região de cotovelo, e a mais frequente é a epicondilite
lateral, uma inflamação que acomete os tendões que se inserem na parte lateral do cotovelo.
Causada pelo uso incorreto ou sobrecarga excessiva da musculatura, onde microtraumas são
gerados na região dos extensores. Este trabalho objetiva demonstrar a aplicação da fita
Kinesio taping assim com seus efeitos na epicondilite lateral, por meio de revisão
bibliográfica. A Kinesio taping é uma bandagem terapêutica que estimula através da derme os
tecidos contráteis e moles a buscarem sua homeostasia, proporcionando ainda diminuição do
quadro álgico, otimização da reparação tecidual e entre outros a facilitação ou limitação dos
movimentos.
Palavras-chave: Epicondilite lateral; Kinesio Taping®; Cotovelo.
1- Introdução
A epicondilite lateral é uma das causa mais comum de dor no cotovelo. De acordo com Baker
et al, Putman e Cohen, Nirschl e Baker, a doença foi descrita pela primeira vez por Runger, na
literatura germânica, em 1973. É uma inflamação dos músculos que se originam na região
lateral do cotovelo, sendo os músculos extensores os mais atingidos. Essa afecção é
denominada e conhecida também como tennis elbow ou cotovelo de tenista, provoca quadro
doloroso na região de epicôndilo lateral, origem do supinador do antebraço, extensor radial
curto do carpo, extensor comum dos dedos, extensor do 5º dedo, extensor ulnar, Ancôneo, e
braquiorradial.
“A etiologia da epicondilite lateral é variada; sua patologia obscura; e sua cura incerta”
(Cohen e Romeu, 2001).
Devido ao uso frequente e demasiado dos tendões, gera-se força no ponto de inserção, o
epicôndilo lateral, gerando micro rupturas do tecido, consequentemente processo
inflamatório, o que causa dor. Dado que a epicondilite lateral e causada pelas contrações
forçadas e repetitivas dos extensores de punho o cotovelo de tenista é especialmente frequente
em indivíduos que realizam movimentos excessivos ou incorretos de extensão de punho. Os
tendões são as extremidades dos músculos que estão aderidas ao osso, para movê-lo quando o
músculo se contrair. Os músculos que estão envolvidos na epicondilite lateral são: supinador
do antebraço, extensor radial curto do carpo, extensor comum dos dedos, extensor do 5º dedo,
extensor ulnar, Ancôneo, e braquiorradial, eles tem sua origem no epicôndilo lateral.
2 - Anatomia do Cotovelo
- Extensor dos dedos: tem sua origem no epicôndilo lateral do úmero, inserção nas falanges
média e distal do 2º ao 5º dedo, é inervado pelo nervo radial (C7 – C8). Realiza a extensão do
punho, MF, IFP e IFD do 2º ao 5º dedo.
- Extensor do 5º dedo: tem sua origem no epicôndilo lateral do úmero, inserção no tendão do
extensor comum para o5º dedo, é inervado pelo nervo radial (C7 – C8). Realiza a extensão do
5º dedo.
- Ancôneo: tem sua origem no epicôndilo lateral do úmero, inserção no olecrano da ulna e ¼
proximal da face posterior da diáfise da ulna, é inervado pelo nervo radial (C7 – C8). Realiza
a extensão do cotovelo.
- Extensor Radial curto do carpo: tem sua origem no epicôndilo lateral do úmero, inserção na
face posterior do 3º metacarpo, é inervado pelo nervo radial (C7 – C8). Realiza a extensão do
punho.
- Supinador: tem sua origem no epicôndilo lateral do úmero e ligamento colateral radial,
inserção na face lateral e 1/3 proximal da diáfise do rádio, é inervado pelo nervo radial (C6 –
C7). Realiza a extensão do punho e abdução da mão (desvio radial).
- Braquiorradial: tem sua origem na crista supraepicondilar lateral do úmero, inserção Acima
do processo estiloide do rádio, é inervado pelo nervo radial (C5 – C6). Auxilia na flexão do
antebraço.
3 – Diagnóstico:
Ainda são realizados Testes ortopédicos para evidencia a musculatura envolvida, assim como
os movimentos comprometidos.
-Teste de Maudsley:
Sinais e sintomas: O teste é positivo quando o paciente refere dor próximo ao epicôndilo.
- Teste de Cozen:
Posição do paciente: paciente em decúbito dorsal, parte de uma flexão do punho, pronação
radio-ulnar e flexão do cotovelo, mão do terapeuta realiza palpação no epicôndilo lateral.
Descrição do teste: O terapeuta com uma mão impõe resistência sobre o punho do paciente,
solicitando ao paciente uma extensão de punho.
- Teste de Mill:
Posição do paciente: sentado com o cotovelo em extensão° e punho cerrado e posição neutra.
São realizado também exames complementares, como, o raio-x simples tem como objetivo
descartar fraturas, calos ósseos, artroses, artrite reumatoide, doenças ósseas, como
osteoporose. E o Ultra-som e a Ressonância magnética permitem a visualização do tecidos
moles, assim possibilita confirma alterações nos tendões que se originam no epicôndilo
lateral.
4- Tratamento
- Ultra-som terapêutico: O atrito a atividade das células promove calor, aumento do calibre
dos vasos, de fluxo sanguíneo, nutrição tecidual e a retirada de catabólitos, favorecendo a
regeneração tecidual. E devido a esse efeito térmico, que aumenta a irrigação sanguínea local,
leva o aumento do metabolismo e consequentemente retirada do catabólitos, levando uma
descompressão das terminações nervosas de dor local. E Devido ao efeito mecânico acelera a
absorção de fluidos.
- TENS: A estimulação elétrica transcutânea é um valioso recurso físico para alívio da dor,
seja proveniente de dores agudas ou crônicas. Os estímulos no sistema aferente sensitivo,
atingem a via espino talâmico, principalmente núcleos periaqueais que sobre controle cortical
e do sistema líbico liberam endorfinas as quais produzem alívio da algia. E de acordo com a
teoria das comportas os impulsos do TENS são transmitidos através de grosso calibre, do tipo
A, que são de rápida velocidade, já os estímulos da dor são transmitidos através de fibras de
calibre menor, do tipo C, que são lentas. Desta forma os estímulos do TENS chegam primeiro
ao corno posterior da medula, e despolarizam a substância gelatinosa de Holando, impedindo
que os estímulos da dor passem para o tálamo. Sendo assim, as comportas ou portões da dos
são fechados.
- Alongamentos: São exercícios que aumentam flexibilidade. E que devem ser realizado antes
da realização de exercícios, preparando assim o músculo, protegendo-o e melhorando o
desempenho muscular. E após o exercício evitando assim a dor muscular tardia.
- Kinesio tamping®: A Kinesio Tape® é uma técnica recente, que é utilizada para diversos
fins terapêuticos, tanto na prevenção, como quando já há lesão. Devido sua capacidade
diminuir o limiar de dor, reduzir inflamação, relaxar os músculos, melhorar o desempenho e
facilitar a reabilitação, apoiando os músculos em movimento.
5- Kinesio Taping ®:
A Kinesio Tapin® é uma técnica de bandagem terapêutica desenvolvida em 1973 pelo Dr.
Kenzo Kase, visando auxiliar os músculos e outros tecidos moles a procurarem sua
homeostase, por meio da estimulação da derme. Drº Kenzo percebeu que os tecidos
musculares, fáscias ligamentos e tendões, quando expostos a estímulos gerados por um
suporte eterno, consequentemente buscavam suas funções normais.
Devido ao material inadequado, por causa da pouca tolerância e curto prazo em contato com
a pele, o Drº Kenzo desenvolveu a Kinesio Taping®, uma bandagem elástica com alta
tolerância à pele sem provocar reações adversas. Por causa das suas propriedades
diferenciadas a Kinesio Taping®, pode ser utilizada 24 horas por dia, por até 5 dias, devido a
ser hipoalérgica é a prova d’água e sem substâncias medicamentosas impregnadas. Permiti
trocas gasosas, facilita a liberação muscular e o fluxo linfático, diminuindo a dor. É feita com
100% algodão, sua cola é ativada pelo calor, apresenta textura e elasticidade semelhante a
pele, com cerca de 40% a 60% de alongamento do seu comprimento de repouso, não contém
elasticidade no sentido transversal. As propriedades elásticas promovem suporte muscular
diminuindo sua fadiga.
5.1 Aplicação
A Kinesio tex Tape é a bandagem utilizada, ela tem uma elasticidade que varia de 40% a 60%
do seu comprimento em repouso, sendo 100% de tensão da bandagem a elasticidade máxima
conhecida. Quando retirada do papel tem 10% a 15% de tensão e retorna ao seu comprimento
de repouso, ficando classificada como normotensão ou sem tensão. Sendo que quanto maior a
tensão, mais efeitos mecânicos são gerados, e quanto menor maior são os efeitos sensitivos.
Há três tipos mais frequentes de cortes da Kinesio tex Tape. O corte e I, Y, X de garfo ou de
Rabo.
A bandagem deve ser colocada com o seguimento a ser tratado em alongamento, visando
diminuir a tensão na bandagem durante o movimento, e quando o tecido não for estirado
Em pacientes que tem muita sudorese, ou que praticas atividades físicas extenuantes ou
aquáticas, a aplicação deve ser realizada 30 minutos antes da prática, e para que a fixação da
bandagem seja maior pode-se usar um pré-aplicador como o Skin Pre ap.
A aplicação da Kinesio tex Tape é contraindicada em região com atividades malignas, áreas
com celulite, infecções ativas na pele, feridas abertas, trombose venosa profunda ativa, e
pacientes que apresentem alergia a bandagem. Quando houver dúvida sobre a aplicação em
determinadas patologias, deve procurar o médico responsável pelo paciente, para discuti sobre
o tratamento com Kinesio Taping®.
Existem seis modalidades de técnicas corretivas: Correção Mecânica, emprega entre 50% a
75% da tensão máxima, promove posicionamento específico, manutenção da ADM, melhora
da circulação, inibição de movimentos indesejáveis, e entre outros a prevenção de atritos
articulares; Correção Facial, é utilizada com tensão entre 15% e 50%, para proporcionar
reposicionamento mantido, ou movimentação da fáscia em determinada direção abaixo da
pele, quando aplicada longitudinalmente atinge porções superficiais e transversalmente atinge
porções mais profundas; Correção Espacial, emprega entre 25% a 50% de tensão, tem por
finalidade aumentar o espaço abaixo da pele (derme, epiderme e fáscia superficial) em tecidos
lesados, com sinais de inflamação, seus efeitos fisiológicos são o aumento da circulação local,
eliminação de exsudato intersticial, ativação dos mecanoceptores locais e redução da dor local
devido a inibição a nível medular; Correção Ligamentar e Tendínea, pode ser iniciada tento
pela ancora como pela zona terapêutica, a primeira sempre com 0% de tensão e a segunda
com 75% a 100%, nos ligamentos superficiais a bandagem age diretamente sobre ele, já nos
ligamento profundos a bandagem possui uma ação mais mecânica; Correção funcional, é
usada como uma pré carga, aplicada ao favor ou contra o movimento, a tensão vai depender
do objetivo desejado; Correção Linfática e Circulatória, busca facilitar o aporte de fluidos
linfáticos e sanguíneos para áreas debilitadas, usa-se tensão entre 10% a 15%.
Durante a aplicação das bandagens a seguir, não coloque tensão sobre as âncoras. Deve- se
retornar o paciente para a posição inicial. Avaliar a qualidade da bandagem e os resultados
finais.
- Largura: 3,75 cm nas bases e nas caudas esse valor é dividido ao meio.
- Cauda medial e cauda lateral: Com o ombro em abdução e extensão leve. Fazer um desvio
ulnar para aumentar a distensão da pele. Aplique a Kinesio taping com tensão adequada na
cauda medial e lateral da bandagem, de forma que elas envolvam o músculo.
- Medida: Distância entre a epífise distal da falange proximal do dedo médio até o epicôndilo
lateral do úmero.
-Corte: Especial com 4 caudas na região dos dedos e duas caudas na outra extremidades.
- Largura 5cm na base e 2,5cm nas 2 caudas proximais e 1,25cm nas 4 caudas distais.
- Tamanho da âncora: Em geral de 2,5 a 3 cm. Entretanto, na região doa dedos as âncoras são
proporcionalmente menores. Nesta região é comum usarmos âncoras de 0,5 a 1,0cm. Fazer a
flexão do punho, aplicar uma pré-ancoragem na linha do punho.
- Colar a Kinesio taping em direção a cada um dos dedos com a tensão desejada, com os
dedos em flexão (todas as falanges ósseas).Fazer a ancoragem na extremidade dos dedos.
Aplicar a bandagem sobre a região dorsal do punho.
- Direcionar as caudas para o epicôndilo lateral, com o punho em flexão, de forma a envolver
este músculo e distribuir a tensão empregada.
- Medida: Distância entre o epicôndilo lateral até o osso piramidal no dorso da mão.
- Ancoragem inicial: Fazer a aplicação sobre a projeção do osso piramidal no dorso da mão.
- Posicionamento: Fazer uma leve flexão do punho. Colocar a mão sobre a âncora para
estabiliza-la durante a tensão. Fazer a tensão adequada, em direção ao epicôndilo lateral do
úmero. Fazer a ancoragem final. Ativar a bandagem.
6 – Metodologia
O método utilizado foi revisão bibliográfica, que é desenvolvida com base em material pré-
elaborado, livros e artigos científicos. A revisão bibliográfica gera maior confiabilidade e
informações para melhor captação do assunto e assim aproximar teoria e prática. O
levantamento bibliográfico foi realizado consultando artigos de periódicos nacionais, e
eletrônico no sistema Medline, Scielo, Bireme, Lilics, Pedro, Pubmed, utilizando os seguintes
descritores: cotovelo, epicondilite lateral e Kinesio Taping® .
7 – Resultados e Discussão
A apicondilite lateral é uma patologia tendínea e muscular, gerada por esforço repetitivo ou
excessivo da musculatura extensora do antebraço, provocando microlesões na inserção dos
tendões acometidos. Os microtraumas provocam o aparecimento de hiperplasia fibranginosa
nos tendões. Esse achado sugere que a epicondilite crônica constitui-se em um processo mais
degenerativo que inflamatório. Sendo que após o primeiro trauma a área lesa com maior
recorrência, gerando formação de depósitos granulosos, de cálcio além de hemorragia dentro
do tecidos circunvizinhos. Quando a sobrecarga continua acorrendo, a degeneração das fibras
de colágeno nos tendões não proporciona melhora, cicatrizes fibróticas podem se formar e o
paciente passa a sentir dor crônica e diminuição da força.
Os músculos traumatizados são os extensores do punho e dos dedos. É um estresse mecânico
altamente localizado nas áreas de inserção dos tendões do epicôndilo lateral do cotovelo,
ocasionando processo álgico que geralmente inicia-se de forma leve e piora progressivamente
na região do epicôndilo lateral, na parte externa do cotovelo, podendo ter irradiação para o
antebraço, punho, mão e ombro.
8- Conclusão
A técnica Kinesio Taping® representa uma boa opção para ser associada ao tratamento da
epicondilite lateral, visto que a mesma mostra-se eficaz na redução de dor, e na melhora da
qualidade de movimento na epicondilite lateral. Devido a epicondilite lateral ser uma afecção
de difícil e prolongado tratamento e com grande risco de reincidência, torna-se necessário a
realização de mais estudos sobre a Kinesio Taping® na epicondilite lateral, assim varias
questões ainda serão esclarecidas, assim como a comprovação da eficácia do método. A
Kinesio Taping® pode ser utilizada na prevenção, na fase aguda e crônica da afecção, porém
para se ter resultados positivos, é necessário avaliar e constatar onde está o comprometimento
primário.
Devido a ser uma afecção que acomete muitos indivíduos, seja por uso excessivo ou incorreta
realização dos movimentos, a prevenção torna-se muito importante. Para preveni-la deve-se,
utilizar equipamentos adequados, realizar alongamentos antes e depois das atividades,
fortalecer a musculatura e utilizar a Kinesio Tape para a realização de movimentos que exijam
mais da articulação e dos músculos.
Referências: