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XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

ANÁLISE ERGONÔMICA DE POSTO DE


TRABALHO DE REPOSITOR DE
AMÊNDOA DE CASTANHAS NO SEMI-
ÁRIDO NORDESTINO
ALMIR MARIANO DE SOUSA JUNIOR (UnP )
almir@crea-rn.org.br
FRANKLY ALEXANDRE DE SOUSA (UnP )
engproalex@hotmail.com
FERNANDO SILVERIO MENEZES DE OLIVEIRA (UnP )
fernandosm34@hotmail.com
MARCELO JARLAN LOPES XAVIER (UnP )
marcelojarlan@hotmail.com
FRANKLIN TERTULIANO PEREIRA DE OLIVEIRA (UnP )
franklin_tertu@hotmail.com

Este artigo irá expor situações e melhorias (maior interação sem


prejuízo) de um posto de trabalho da fábrica de castanhas localizada
na cidade de Mossoró/RN, em seus aspectos ergonômicos e determinar
o seu alcance sobre a produtividade. A avaliação e inserção dos
aspectos de ergonômicos aos ambientes de trabalho tem como
finalidade peculiar, interagir os processos produtivos de forma tal que
mantenham as expectativas produtivas sem quaisquer ônus a saúde do
trabalhador. Essa aplicação demanda a ciência das tarefas, da
atividade desenvolvida para realizá-las, e das dificuldades para atingir
o desempenho e a produtividade exigida, bem como conhecimentos
aplicativosda NR-17, em um posto de trabalho de repositor de
castanha, onde sua maior tarefa é o translado manual de cargas.

Palavras-chaves: Ergonomia, Posto de Trabalho, castanha


XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

1. Introdução
A ergonomia teve seu aparecimento desde a mais longínqua data, isto é, no momento pré-
histórico, pois se avaliarmos sob a ótica de que o homem através de seu progresso sempre se
preocupou em afeiçoarem-se suas armas de caça e suas ferramentas de trabalho de acordo
com as suas necessidades, e se levarmos emconsideração de que a ergonomia é "adaptação do
trabalho ao homem" (CHACKEL, 1975; IIDA, 1990.; WIERZBICKI, 1973), verificamos que
os preceitos ergonômicos são praticados desde a origem humana e vários foram os
pesquisadores que demonstraram sua preocupação com a relação homem-trabalho.
As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e
descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de
trabalho, e à própria organização do trabalho.
O posto de trabalho estudado condiciona aos colaborados uma constante postura de flexão de
tronco à frente, durante a jornada de trabalho, que aumenta a sobrecarga na região lombar
devido ao aumento do braço de alavanca de resistência. Avaliaremos estes esforços e o posto
de trabalho, baseado na Norma Regulamentadora NR-17 que, visa a estabelecer parâmetros
que tolerem a adequação das condições de trabalho às características dos trabalhadores, de
modo a proporcionar um máximo de produtividade sem geração alguma de ônus a saúde e
qualidade de vida do trabalhador.
Neste artigo será feito um julgamento de comparativo entre os aspectos práticos e teóricos
com o desígnio prático em exterminar doenças geradas dentro do posto de trabalho avaliado,
realçaremos que esta prática influenciará diretamente na qualidade de vida do colaborador e
na sua produtividade.
2. Princípios Ergonômicos
O primeiro momento evolutivo da ergonomia surgiu com a introdução do termo ergonomia,
por volta de 1850-60 pelo cientista e educador polonês WojciechJastrzebowski, que publicou
o artigo denominado "Ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho, baseada nas leis objetivas
da ciência sobre a natureza", este termo tem origem de duas palavras gregas, "ergos" que
significa trabalho e "nomos", que significa leis do trabalho (BART, 1978; IIDA, 1990;
KEMERER, 1993 e SLUCHAK, 1992). No ano de 1960, foi difundida pela Organização
Internacional do Trabalho - OIT a definição do estudo da ergonomia como sendo a "aplicação
das ciências biológicas conjuntamente com as ciências da engenharia para lograr o ótimo
ajustamento do homem ao seu trabalho, e assegurar, simultaneamente, eficiência e bem-estar"
(MIRANDA, 1980).
A partir da conceituação exposta pela Organização Internacional do Trabalho - OIT várias são
as definições dadas para a ergonomia, para LAVILLE (1977) a ergonomia é definida como
sendo: "o conjunto de conhecimentos a respeito do desempenho do homem em atividade, a
fim de aplicá-los à concepção das tarefas, dos instrumentos, das máquinas e dos sistemas de
produção".
Para WISNER (1987) a ergonomia constitui o "conjunto de conhecimentos científicos
relativos ao homem e necessários para a concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos
que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficácia".

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3. Cenário Nacional da Indústria da Castanha de Cajú


Com o nome científico de “AnacardiumOccidetalis”, o Cajueiro é uma árvore tipicamente
nordestino sendo o estado do Ceará responsável por metade de toda a área de cajueiros
nativos do Brasil. O fruto do cajueiro é a castanha, enquanto que o Caju é considerado o
pseudofruto. A amêndoa da castanha de caju é rica em proteínas e reconhecida pela redução
do colesterol ruim.
Segundo o Sindicaju, no Brasil a castanha de caju compõe uma cadeia de negócios
concentrada nos estados do Nordeste, com 195 mil produtores estabelecidos em uma área de
680 mil hectares, que corresponde a quatro vezes e meia a área do município de São Paulo, 22
mini-fábricas ativas e 11 grandes unidades de processamento compondo um parque industrial
de 270 mil toneladas/ano de capacidade instalada. Todo esse complexo gera emprego para 36
mil pessoas no campo e 15 mil pessoas na indústria, e beneficiam aproximadamente 170 mil
toneladas da castanha a cada ano, atraindo divisas da ordem de US$ 145 milhões e
posicionando a amêndoa da castanha de caju como o maior item na pauta de exportação de
frutas frescas do país.
4. Cenário local da Indústria da Castanha de Cajú
Mossoró sempre foi conhecida como a terra do sal, por ser a maior produtora nacional. Depois
ganhou notoriedade como a maior exportadora de melão do Brasil. Porém, com o passar dos
anos, o mercado mudou e, hoje, outros dois produtos se destacam como representantes de
Mossoró mundo afora: a castanha de caju e a cera de carnaúba.
A empresa A. Ferreira Indústria, Comércio e Exportação LTDA (Aficel), por exemplo,
exporta castanha de caju e ostenta hoje a quarta colocação entre as empresas do estado que
mais venderam para o exterior em 2010, acumulando mais de 6 milhões de dólares vendidos
até abril. Logo depois vem a empresa Usina Brasileira de Óleos e Castanha (Usibras), com
quase 5,5 milhões de dólares exportados.
5. O processo produtivo
O processo produtivo é a combinação de fatores de produção que proporciona a obtenção do
produto final. Num processo produtivo são incorporados fatores que, após a sua
transformação o levam a um produto final ou acabado.
O processo se inicia com a chegada dos carregamentos de matéria prima (castanha de caju in
natura), onde são descarregadas no secador, é feita a secagem. Após isso são transportadas até
o departamento de matéria prima (DMP), onde é feita a primeira seleção, de acordo com os
tamanhos. Em seguida, depois de serem selecionadas através de elevadores hidráulicos
chegam ao corte mecanizado, momento em que separa a amêndoa da casca. No corte, as
castanhas passam por diversos processos, onde são lavadas, adquirem umidade, vão para o
cozimento, que é feito no próprio óleo da castanha, é realizada a quebra da casca, e por fim
entram em estufas para perder a umidade. Ao saírem do corte mecanizado elas entram na
parte da produção, onde é feito um delicado processo despelículamento, raspagem,
classificação e selecionamento da castanha. Feito todo esse processo o produto segue para o
setor de embalagem e em seguida ao departamento de produtos acabados (DPA).

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INÍCIO Embalagem
Silos (ganhar
Estufas
umidade)

Coleta da
Matéria prima
Cozimento
Despeliculamento FINAL

Secador Caixa de
Raspagem
resfriamento

Lavadora Decortificadores Classificação

Figura 01 - Fluxograma do Processo produtivo da castanha

6. Posto de Trabalho
A função do trabalho é simplesmente repor a amêndoa de castanhas em funis instalados em
maquinas e esteiras, onde é feita a seleção, classificação e o tratamento das amêndoas de
castanha. O trabalho é realizado durante todo o turno de trabalho do colaborador de modo
repetitivo, onde o mesmo inicia a atividade colocando a quantidade média de cinco
monoblocos com amêndoas, cada monobloco pesando 17 quilos com 40 cm (largura) x 60 cm
(comprimento) x 20 cm (profundidade), em carrinhos industriais. O funcionário transporta o
carrinho até o devido funil onde faz o movimento de se abaixar, de maneira inapropriada, para
levantar o monobloco até a altura necessária para reposição. O posto de trabalho contem uma
equipe formada por 25 colaboradores sendo distribuídos em 3 turnos. A altura média entre os
trabalhadores é de 1,70 m.
7. Metodologia
A pesquisa bibliográfica desenvolvida no presente estudo é conceituada por Vergara (2000)
como um estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros,
revistas, jornais e redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral.
De acordo com Gil (2007) a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos
os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas
exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.
Para a identificação e localização das fontes, a análise bibliográfica é o primeiro momento de
identificação e localização das fontes, sendo realizada a partir da consulta aos catálogos das
bibliotecas.
O registro dos dados coletados ou documentação deve ser constante, e não realizada apenas
para satisfazer as exigências de um projeto. Cada pesquisador, ao longo de sua formação, já
elabora, desde a graduação, uma documentação, quer para manter-se atualizado em sua área
de especialização, quer para atender a projetos futuros. O objetivo geral da documentação é
guardar documentos úteis retirados de fontes perecíveis que vão servir de base para

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documentação bibliográfica ou temática (recortes de jornal, apostilas, xerox e textos etc.). A


documentação correta das fontes possibilita ao pesquisador o acesso, a qualquer momento, à
fonte original.
Dessa forma, a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre
certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a
conclusões inovadoras.
A pesquisa bibliográfica compreende oito fases distintas: escolha do tema; elaboração do
plano de trabalho; identificação; localização; compilação; fichamento; análise e interpretação;
e redação.
A aplicação de questionário estruturado para mapeamento da situação laboral com que os
operadores de repositor de amêndoa está inserido, identificando as possíveis causas e efeitos
que estão provocando baixo rendimento de produção.
8. Resultado e discussões
De acordo com entrevistas realizadas com trabalhadores do posto de trabalho, analisando os
principais aspectos da função tais como processo produtivo (Manual e mecânico),
Organização do trabalho (frequência de levantamento), Posto de trabalho (Posição de carga e
postura), tipo de carga (forma, peso, pegas), Acessórios de levantamento e Método de
trabalho vimos que alguns colaboradores depois de um certo tempo trabalhando no local
reclamam de dores nas costas e nos braços. Em confronto com a NR-17, verifica-se que
alguns pontos estão sendo trabalhados de forma errada tais como, a coluna vertebral esta
sendo flexionada, não estão utilizando a musculatura das pernas para suporta o corpo, a carga
não esta sendo mantida próximo ao corpo entre outras.
De acordo com a NR-17 as recomendações necessárias para esse tipo de posto de trabalho é
manter sempre a coluna vertebral ereta, utilizar a musculatura das pernas para suportar o peso
do corpo,manter a carga próxima ao corpo, a carga deve estar a 40cm do piso, se estiver
abaixo o carregamento deve ser feito em etapas, observar e afastar os obstáculos que possam
atrapalhar os movimentos durante o levantamento de cargas enão deve ser realizada rotação
de coluna vertebral durante o levantamento de peso.
Levando em conta tudo isso, criamos um protótipo para facilitar a vida dos colaboradores
visando uma melhoria no processo produtivo tanto na qualidade como na eficiência do
processo.

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Figura 02 – Posto de trabalho atual - translado de carga em diferentes níveis

Figura 03 – Posto de trabalho com intervenção de melhoria - carro adequado para translado de carga mantendo
único nível

9. Considerações finais
Contudo o artigo sinaliza a sensação de contribuição com a sociedade trabalhadora que
necessita constantemente de ideias de melhoria nos postos de trabalho, afinal de contas é neste
posto que diversos trabalhadores desempenham suas atividades laborais diária. Vislumbrando
que as organizações dispõem de uma série de programas para melhor e incentivar na
qualidade de vida e saúde do trabalhador. Nas grandes indústrias, o empresariado, já
consciente dos futuros problemas, está investindo nestes programas, como também, em
estudos sobre as vantagens da ergonomia para a melhoria da produção nas empresas. Se por
um lado, o uso da ergonomia pode sugerir maior gasto, por outro representa uma economia
para a empresa e como consequência, a melhoria da saúde do trabalhador e da sociedade,
onde uma simples visão sobre o tema e algumas intervenções de engenharia, como nesse caso
do produto podem trazer melhorias significativas para o processo produtivo, trazendo ganho

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organizacional

Referências
BART, Pierre. Ergonomia e organização do trabalho. Rev. Bras. de S. Ocup., vol.6, 1978.
CHACKEL, Bryan. A ergonomia na Inglaterra e na universidade de Loughborough. Arq. Bras. Psic. Apl., Rio
de Janeiro, v.27, n. 1, p.22-69, jan./mar. 1975.
IIDA, Itiro. Ergonomia: Projeto e Produção. 2.ed. Revista e Ampliada. São Paulo: Editora Blucher, 2005, 614p.
KROEMER, K.H.E e GRANDJEAN, E. Manual de Ergonomia: Adaptando o Trabalho ao Homem. 5.ed.
Porto Alegre: Bookman, 2005. 327 p.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
LAVILLE, A. Ergonomia. São Paulo: EPU, 1977.
MIRANDA, Ivete Klein de. A ergonomia no sistema organizacional ferroviário. Rev. Bras. de S. Ocup., v. 8,
n. 29, p.63-70, jan/mar., 1980.
SLUCHAK, Thomas J. Ergonomics: origins, focus, and implementation consideratios. AAOHN Journal, v. 40,
n. 3, p. 105-12, march 1992.
VERGARA, S. C. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2000.
WIERZBICKI, Henri Aloise Joseph. Ergonomia: adaptação do trabalho ao homem. Rev. Bras. de S. Ocup., v.
1, n. 3, p. 20-25, jul./set. 1973.

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