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O tempo de Deus

“Tudo tem seu tempo. Há um momento oportuno para cada coisa debaixo do céu”

O ritmo da vida é fonte de vitalidade para todos. Somos humanos e necessitamos


diversificar as atividades, alternando trabalho e descanso, tempo para estar com os
outros e tempo para refletir e aprofundar pessoalmente os valores que norteiam nossas
escolhas. No entanto, é cada vez mais comum encontrarmos pessoas agitadas, por não
saberem administrar bem o tempo que lhes é dado. Podemos também ficar de tal forma
absorvidos pelas eventuais expectativas geradas pela maciça comunicação que nos
envolve, a ponto de perdermos a visão do conjunto e do sentido profundo da vida.

Nesse sentido, o recente evento da Copa do Mundo de Futebol é carregado de


ensinamentos para a vida de todos os envolvidos. A população brasileira foi de tal modo
envolvida com o campeonato, que muitas pessoas nem mesmo imaginavam a
possibilidade de um insucesso no meio do caminho. A idolatria da vitória ocupou o
imaginário de uma nação! E a derrota chegou, deixando decepcionadas tantas pessoas,
das crianças do “joga pra mim” aos adultos. Muitos estivemos de camisa verde e
amarela e torcemos de verdade! De repente, voltam à vida normal, ao trabalho ou ao
descanso, e os desafios do cotidiano se apresentam de novo. É que não poderemos viver
em função da próxima competição, mas pela dignidade de nossa labuta, com a
construção de um mundo mais digno dos filhos de Deus e pela nossa realização pessoal,
coisas que não podem depender de um evento esportivo, por mais significativo que ele
seja. Seus organizadores deverão aproveitar para fazer uma avaliação honesta de tudo o
que foi envolvido em sua preparação e realização, inclusive o uso adequado ou não dos
imensos recursos que as várias forças da sociedade aportaram durante tanto tempo.

Para muitos, o tempo agora é de férias. Para a população estudantil, pode ser hora de
voltar aos bancos escolares, após o recesso escolar antecipado. Outros tantos continuam
o trabalho diário que não foi interrompido. Para todos, é tempo de viver o momento
presente, aprendendo com as eventuais demoras de Deus, as quais, muitas vezes, nos
deixam agitados. A Palavra de Deus dá indicações precisas: “Tudo tem seu tempo.
Há um momento oportuno para cada coisa debaixo do céu: tempo de nascer e tempo de
morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar e
tempo de curar; tempo de destruir e tempo de construir; tempo de chorar e tempo de
rir; tempo de lamentar e tempo de dançar; tempo de espalhar pedras e tempo de
ajuntá-las; tempo de abraçar e tempo de se afastar dos abraços; tempo de procurar e
tempo de perder; tempo de guardar e tempo de jogar fora; tempo de rasgar e tempo de
costurar; tempo de calar e tempo de falar; tempo do amor e tempo do ódio; tempo da
guerra e tempo da paz” (Ecl 3,1-8). Infelizmente, em tantas partes do mundo e em
nossas cidades, parece prolongar-se o tempo da violência e da guerra, depredações,
conflitos alimentados, agressões aos mais pobres. Entretanto, a prudência e a atenção
para viver bem cada momento presente, dedicando-o a amar a Deus e ao próximo,
oferecem os elementos necessários ao discernimento do que fazer diante da vida.

Os acontecimentos trazem em seu bojo a desafiadora presença do bem e do mal,


exigindo justamente o discernimento em vista de opções corretas. Seria simplista e
injusto olhar ao redor, identificando a presença da maldade e do pecado em quem pensa
ou age diferente de nós. A linha divisória não passa perto de mim, mas dentro do meu
coração, que é capaz do melhor e do pior. Nossa pressa em arrancar o mal não
corresponde ao modo de agir de Deus, com sua incrível paciência diante das falhas das
pessoas. É até fácil desejar que Deus mande um fogo do céu para assustar os ímpios e
malvados, ou, quem sabe, utilizar palavras da Bíblia para ameaçar os que não aderem ao
nosso modo de ver as coisas. Até a promessa da volta do Senhor, por vezes, é utilizada
para ameaçar, enquanto a proposta da salvação, à qual todos são destinados, passa pela
magnífica e desafiadora realidade da liberdade humana. Ninguém seja constrangido a
aderir a Deus por medo do tempo que se completa, mas acolha de coração aberto o que
Ele oferece, justamente porque é o melhor que pode existir.

Dentro de nós e ao nosso lado existem joio e trigo (Cf. Mt 13,24-43). O “dono da
plantação”, o Filho do Homem, espalha a boa semente. Saber que o maligno pode
semear a maldade não é teoria, mas constatação realista em nossa vida e em nosso
mundo. Difícil é ter a paciência de Deus, com a qual aprendemos que não bastam todas
as nossas técnicas para mudar o coração das pessoas, cuja porta só se abre por dentro.

Atitude madura pode ser o reconhecimento de nossos defeitos, aliado ao trabalho diário
de conversão. Um bom exame de consciência proporciona a mudança progressiva, feita
de propósitos simples, adequados à capacidade de cada pessoa. O diálogo com pessoas
respeitosas e seguras contribui para uma visão mais crítica a respeito do próprio
comportamento, com a coragem para dar nome àquilo que é certo ou errado, sem
agressividade e violência. Depois, levar nossos pecados ao tribunal da penitência, cuja
sentença é sempre o perdão, antecipa o juízo de Deus, pois o Senhor sempre aproveita a
oportunidade para proclamar sua misericórdia. Afinal de contas, Deus só sabe amar e
perdoar!

Corrigir fraternalmente os irmãos, segundo o Evangelho, é outra proposta, mesmo


sabendo que o trigo e o joio ainda estarão próximos até o fim dos tempos. “Se teu irmão
pecar contra ti, vai corrigi-lo, tu e ele a sós! Se ele te ouvir, terás ganho o teu irmão. Se
ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, de modo que toda questão seja
decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. Se ele não vos der ouvido, dize-o à
igreja” (Mt 18, 15-17).

E diante da avassaladora presença do mal em nossa sociedade? Denunciá-lo com


segurança, ter a coragem de dizer onde se encontra a corrupção e a mentira. Mais
exigente ainda do que a coragem é a conquista do pecador, a forma prudente e sábia
com a qual se enfrentam os problemas. Não faltam as denúncias e os protestos em nosso
mundo, mas falta a seriedade dos que acusam e a dignidade dos que podem mudar algo.
Certamente, os atos de cidadania e serviço podem contribuir para que o ambiente social
melhore, edificando pouco a pouco uma vida diferente, chamada paz, tarefa que o Papa
Francisco considera “artesanal”, pois é construída com a fidelidade do cotidiano!

Dom Alberto Taveira Corrêa


Qual a vontade de Deus para os jovens?

A juventude é chamada de “a flor da idade”; porque é bela, forte, pujante, cheia de vida
e de desafios. Mas, muitos jovens estão sofrendo em nossos dias porque não sabem o
sentido da vida e porque não lhes foi mostrada a sua beleza, conforme a vontade de
Deus. Muitos, perdidos no tempo e no espaço, debatem-se no tenebroso mundo do
crime, das drogas, da violência, do sexo sem compromisso, e de outras mazelas. Que
tristeza!

O jovem não tem o direito de abandonar ou deixar estragar a sua vida; pois ele é a mais
bela Obra do Criador. Paul Claudel, um teatrólogo francês, disse que “o jovem não foi
feito para o prazer, mas para o desafio”. Mas, só Cristo pode dar ao jovem o máximo.
Jesus lhe revela a sua beleza e o seu valor; e mostra-lhe a grandeza de ser “filho amado
de Deus”.

O jovem cristão deve honrar os seus pais, como ensina o quarto Mandamento; deve ser
fiel a seus amigos e irmãos, deve estudar e trabalhar, nunca perder tempo e jamais jogar
a vida fora com coisas vazias. Terá que descansar e se divertir, mas de maneira
saudável, sem pecar, sem fazer do prazer um fim, mas apenas um meio de descansar e
poder viver bem e fazendo o bem aos outros.

É na juventude que Deus nos chama a um encontro pessoal com Ele; para alguns será o
chamado para a vida sacerdotal ou religiosa, vivendo no celibato e entregando a sua
vida radicalmente a Deus a serviço do seu Reino. Não existe nada mais belo para um
jovem do que a vocação sacerdotal. Sem o sacerdote não há Igreja, não há o perdão
sacramental dos pecados, não há a Eucaristia, não há salvação.

O jovem cristão é também um evangelizador; especialmente com seu exemplo no meio


de seus amigos, sem ter vergonha de sua fé e de sua Igreja. Hoje é difícil dar
testemunho de Jesus; viver como a Igreja ensina, rejeitando o sexo fora e antes do
casamento, fugindo das diversões perigosas e de todo pecado; mas, quanto mais isso for
difícil, mais necessário será para a sociedade voltar para Deus.

O jovem cristão precisa conhecer a doutrina católica; ler e estudar o Catecismo para
saber dizer a seus parentes e amigos qual a sua esperança e as “razões de sua fé” (1 Pe
3,15).

Sabemos que o jovem tem grande dificuldade para a perseverança religiosa; por isso
precisa rezar constantemente; participar dos sacramentos da Eucaristia e Confissão,
meditar a Palavra de Deus e se engajar em um trabalho pastoral. Tudo isso sem
descuidar de sua formação humana, seus estudos, trabalhos e ajuda à família. Assim
será um jovem de Deus e que faz a sua vontade.

A maioria dos jovens é chamada à vida matrimonial; então, cabe-lhes começar bem se
preparando para o matrimônio. Essa preparação exige uma vida de estudo e trabalho
para encontrar o seu lugar no mercado de trabalho, e, no momento adequado começar
um namoro cristão para procurar a pessoa com quem se casar um dia.

Deus quer o jovem alegre, casto e dedicado ao que faz. Que espalhe a alegria no seu
rosto, viva a castidade no pensamento, nas leituras, no que assiste e no namoro; estude
com seriedade e trabalhe com dedicação. É na juventude que se constrói o futuro
próprio, da família e da sociedade. A juventude é a força motriz da sociedade, o
perfume saudável da vida. O jovem cristão deve imitar Aquele que viveu em Nazaré, e
que deu a vida por todos.

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