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Nesse sentido a ordem interna da sociedade fundada por Epicuro não se baseou
numa ordem legal, de direito, e, sim, de amizade. “A amizade (constatou Epicuro)
percorre o mundo inteiro proclamando a todos que se despertem imediatamente para a
felicidade” (SENTENÇAS VATICANAS, 52), a amizade, em Epicuro, assumiu um
caráter de coesão social:
A essência da amizade requisitada por Epicuro “não era apenas, como nas outras
escolas filosóficas gregas, um estimulante durante a pesquisa”, mas a principal
ocupação (SPINELLI, 2011, p.14.). Ali o cultivo da amizade não tinha, pois, mera
função estratégica de boa convivência, mas representava uma força educadora dos
desejos ou sentimentos, das malevolências da vida em comum e também da prudência,
do naturalmente admitido por todos como belo ou valioso e da justiça (MÁXIMAS
PRINCIPAIS, VI), uma força educativa que resultava na construção de um sentimento
de pertença que gerava vínculos sociais:
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manifesta também nos laços de afeto: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade.
Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo
amor” (GÁLATAS 5:13).
Paulo de Tarso sistematizou por meio da ágape o tipo de comportamento que o
cristão deve ter em relação às faltas das outras pessoas, revelando-se longânime e
generoso (I CORÍNTIOS 13,4a); o amor, na concepção paulina deve ser capaz de
suportar e perdoar faltas, exigindo perseverança e paciência. E, desse modo, revelando
sua bondade, decidindo dar ao próximo o que ele necessitar e não ajustando contas com
aquele que comete faltas. Assim a ágape tem o poder de vencer pelo bem o mal que os
outros cogitam e praticam. A ágape então só se justifica em sua interação com o outro,
no engajamento pela busca do bem comum.
A amizade (philía) discutida na Carta a Meneceu sugere a sociedade de amigos,
isto é, de “semelhantes”, quanto aos deuses e quanto aos companheiros de Meneceu. Na
meditação Epicuro afirmou:
.
Irmanados pela sua própria virtude, (os deuses) só aceitam a
convivência com os seus semelhantes (...). Medita, pois, todas estas
coisas (...) contigo mesmo e com teus semelhantes, e nunca mais te
sentirás perturbado (...) mas viverás como um deus entre os homens
(EPICURO, 1997, p. 25-7, 51).
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simples, o caráter benevolente, o desapego pela riqueza e poder, lealdade aos amigos,
gratidão, aceitação do sofrimento, esperança no futuro, e, em tempos difíceis
recomendavam sempre a paciência (SANCHÉZ, 2000, p.338-339). Ideias muito
similares se pode observar em seus ensinos. E tanto, Epicuro quanto Cristo, foram mais
considerados por serem modelo e exemplos de vida do que por seus ensinamentos.
O que se pode concluir é que, apesar das oposições significativas entre as bases
epicuristas e cristãs primitivas, há muitas convergências em decorrência das possíveis
apropriações resultantes do diálogo entre elas no primeiro século.
Para o reordenamento dessa sociedade que considerava corrompida e por
extensão, para educar o homem para a felicidade Epicuro propôs o jardim como uma
comunidade alternativa, que ao mesmo tempo era escola, onde os alunos aprendiam na
prática virtudes e deveres, aprendiam a viver em paz consigo mesmos dominando seus
desejos e cultivando o bem comum (PESSANHA, 1992), uma escola centrada na
educação para a alma e o corpo.
Nesse sentido, Paulo de Tarso pode ser colocado ao lado de Epicuro, não
somente nas estratégias de método, mas, também, na discussão de questões referentes à
educação do corpo e da alma. Ambos justificavam estabelecer um referencial, um
modelo, um guia a ser imitado. O ideal de busca da paz interior e de felicidade,
afastando-se dos males sociais: vícios, medos, superstições, imoralidade, vida fútil e
injustiças sociais.
A prática de virtudes, em especial a busca pelo bem comum em Epicuro se
resume na amizade (philía) e em Paulo de Tarso no amor (ágape).
Segundo Epicuro a amizade desempenha papel fundamental na formação do
homem, e, portanto, deve ser considerada como o primeiro dos bens.
Marcus Figueira da Silva (2003) admite na amizade epicurista um nível de
aprendizado que alimentava a confiança mútua, um exercício maior de entendimento e
prática filosófica, expressando a união livre de seres maduros e compromissados com o
bem maior.
Considerar a philía como um caminho para a vida feliz em Epicuro, assim como
Paulo de Tarso considerava o amor-ágape como caminho sobremodo excelente para a
organização social, implicava em transferir as relações sociais para o campo das
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Considerações Finais
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REFERÊNCIAS:
EPICURO. Antologia de textos. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Os Pensadores)
______. Carta a Meneceu. (Álvaro Lorencini, Enzo Del Carratore). São Paulo: UNESP,
1997.
_______. Pensamentos. São Paulo: Martin Claret, 2005.
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FESTUGIÈRE, André Jean. Epicuro y sus dioses. Buenos Aires: EUDEBA, 1960
LARA, Tiago Adão. A filosofia nas suas origens gregas. Rio de Janeiro: Editora
Vozes, 2001.
LUCE, John Victor. Curso de filosofia grega: do Séc. VI a.C. ao Séc III d.C.
[tradução de Mário da Gama Kury]. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994.
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PESSANHA, José Américo Motta. As delícias do Jardim. In. Ética. São Paulo,
Companhia das Letras, 1992.
____________ Platão: as várias faces do amor. In: Os sentidos da paixão. São Paulo:
Companhia das Letras, 2009.p.83-114.
SILVA, Markus Figueirada da. Epicuro: sabedoria e jardim. Rio de Janeiro: Relume
Dumará, 2003.
SÖDING, Thomas. A Tríade Fé, Esperança e Amor em Paulo. São Paulo, Edições
Loyola, 2003.
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