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O livro de
Af
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oes
odi
tima, relacionamen te
tos e
um guia arquetípico
AMANDA MESCHIATTI
HERYCK SANGALLI
O livro de
Afrodite
Copyright © 2021 Livros da Inspira.
362 p.
ISBN 978-65-00-17649-0
_____________________________________________________________
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SUMÁRIO
Primeiros passos
Quem é Afrodite?
Meditação .................................................................................... 40
Os temas de Afrodite
O desejo ....................................................................................... 83
Sexualidade .................................................................................. 99
Guia prático
A gente tem a certeza de que se esse livro chegou até você agora, é porque
tem um sentido e uma contribuição importantes a fazer em sua vida, cedo
ou tarde.
O que a gente faz aqui é recorrer ao simbolismo psíquico contido nos mitos
e importante para o estudo da psique humana, que os fundadores das duas
perspectivas (Freud e Jung) reconheceram. A gente não toma nenhum lado,
o nosso único foco é na escrita terapêutica. E, se trazemos as diferentes
perspectivas, é para enriquecer a sua imersão no processo de
autoconhecimento proporcionado pela escrita terapêutica.
@movimentoinspira
@revistainspira
A deusa mora
em mim.
Eu sou uma
parte da deusa.
Eu sou a deusa.
O caminho da deusa
Na parte do livro escrita por nós, sugerimos que você leia sem freios.
Conhecimento é pra já! E aqui fomos fundo nele. Então pode confiar em
todas as informações e referências que você encontrar aqui.
Também não se cobre do que você vai escrever aqui. Você não vai mostrar a
ninguém. Este livro é uma conversa entre você e a sua Afrodite, e essa é a
primeira coisa que ela pede de você: mais leveza.
Quando você estiver escrevendo, perca o fio da meada. É isso mesmo que
você leu! Permita que as digressões de pensamento ocorram livre-mente.
Sabe aquela ideia que veio do nada e que aparentemente não tem nada a ver
com o que você quer dizer ou aquilo que você pensa que não precisa ser
dito? Escreva! Não se renda à crítica, não mutile os excessos.
“Diga-o mesmo assim, justamente porque você sente uma rejeição diante
disso”, escreve Freud ao explicar como deve agir o analisando em um
tratamento psicanalítico. E aqui nos servimos do mesmo preceito.
Quanto mais sincero e aberto você for ao conteúdo que vive dentro de você,
mais fácil será se relacionar com ele, compreendê-lo e integrá-lo.
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O Livro de Afrodite
Este livro pode ser relido em diversas fases da vida. Em cada momento, vai
ser uma descoberta diferente. Você vai perceber que informações, que antes
tinham passado batidas, agora parece que foram escritas especialmente para
essa fase pela qual você está passando.
Se você está lendo este livro pela segunda, terceira ou quarta vez na sua
vida (e ele já está todo preenchido, grifado e rabiscado); se você adquiriu a
versão digital ou se, simplesmente, você quer mais páginas para liberar o
conteúdo inconsciente que há em você, acompanhe com um caderno ao
lado, reservado exclusivamente para anotar as suas respostas, insights e
reflexões.
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“Ainda me sinto assim frente a isso?”, “O que fiz ou deixei de fazer para
melhorar?”.
O texto não está morto. O texto é vivo tal qual você é, tal qual sua Afrodite
se transforma dentro de você.
Isso quer dizer que é preciso finalmente olhar para os aspectos femininos do
eros e desenvolver seu sentido interno de relacionamento, flexi-bilidade,
receptividade, sensibilidade, acolhimento, criatividade e nutrição.
Aspectos esses que faltam também às mulheres, que perderam a escuta de
seus corpos e a entrega a seus próprios chamados interiores, tentando se
encaixar em um mundo competitivo, utilitarista e voltado para a validação
externa.
A única coisa que nós realmente pedimos que você faça toda vez que for
iniciar uma das sessões de escrita terapêutica que preparamos para você é
que repita as afirmações a seguir em voz alta e observe como você se sente
diante de cada uma dessas premissas. São elas: A Deusa mora em mim.
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O Livro de Afrodite
Eu sou a Deusa.
É urgente para o seu Self que você se lembre de que há alguma coisa de
especial em você, porque realmente há. Não é arrogância ou prepotên-cia.
Mas esse “quê” de especial te acompanha desde que você foi criada.
Só você tem a sua história e só você pode afetar o mundo da forma que
você é capaz.
Talvez, até agora você não tenha conseguido nomear o que é esse
PRIMEIRAS IMPRESSÕES
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terapêutica?
Sim. Você vai escrever esse livro junto com a gente! Até porque essa é a
sua Afrodite, e isso é algo pessoal e intransferível.
Você vai escrever este livro porque escrever é uma forma de acessar a si
mesma(o) e fazer as vozes interiores serem ouvidas. Escrever é organizar o
seu próprio mito. É também uma forma de entender e criar a sua história.
Por isso que a gente optou por esse método que funciona em duas etapas.
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O poeta cubano José Martí tem uma frase famosa: “Há uma coisa que um
homem deve fazer na sua vida: plantar uma árvore, ter um filho e escrever
um livro”.
Brincadeiras à parte, no que diz respeito ao livro você já pode dar um check
na sua lista e começar a sua jornada! Você está prestes a escrever o seu
Livro de Afrodite!
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O Livro de Afrodite
O que é arquétipo
me ajudar?
Sabe aquele senhorzinho cheio de sabedoria que aparece nos filmes e nos
livros? Dumbledore, Mestre Yoda, Obi-Wan Kenobi, Senhor Miyagi, o
mago Merlin, Lodovico Settembrini e tantos outros? O planeta Saturno,
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E por que essa figura se repetia em tradições distintas e foi tão forte a ponto
de sua imagem chegar até nós? Por que povos separados no tempo e no
espaço se referiam com a mesma reverência ao velho sábio? Trata-se da
observação da natureza das coisas, a natureza da qual fazemos parte. O
O Livro de Afrodite
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Para Joseph Campbell, esses mitos são “a sabedoria da espécie”, com a qual
“o homem conseguiu resistir e atravessar os milênios”. Como isso
funciona? O estudioso Mark Schorer escreveu uma definição bem didática
do que esses mitos são capazes de fazer na nossa vida. Ele escreveu: “Um
mito é uma imagem grande e controladora que dá significado filosófico aos
fatos da vida cotidiana, isto é, que tem valor organizador para a
experiência”. Sem ele, vivemos no caos de nossas próprias imagens, desejos
e conteúdos interiores. Os mitos fornecem um centro de apoio para
entendermos a nós mesmos a partir da sabedoria dos que vieram antes.
Você não precisa ser nenhuma intelectual para ser tocada por esse conteúdo.
Confie!
Afrodite vai te pegar pela mão com amor e te iniciar nessa jornada!
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O Livro de Afrodite
No princípio era o
amor...
Muito se falou e ainda se fala sobre o amor. Fala-se tanto que, às vezes, a
impressão é que de tanto falar sobre ele, seu significado se perde no ar. O
sentido de amor foi esvaziado, e colocaram outra coisa em seu lugar. Ele se
reduziu à companhia, estar junto, trocar carícias, ter um par para exibir por
aí ou – e este último em nada tem a ver com o verdadeiro amor – te fazer
fugir ainda mais de você.
Talvez, o amor tenha virado uma coisa que pouca gente sabe o que é. Algo
que se perdeu na tradução.
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Essa é a evidência científica que comprova que o que nos tirou da barbárie
e instaurou a civilização foi o amor. A antropóloga Margaret Mead
defendeu isso por toda a sua carreira. Para ela, o fato de ter sido encontrado
um fêmur cicatrizado em uma cultura antiga é o primeiro sinal de
civilidade.
O amor é o oposto do “cada um por si”. Mas essa não deve ser uma ideia
muito legal dentro de uma sociedade cujos discursos são estruturados para a
individualização, desintegração e, paradoxalmente, para o en-fraquecimento
da mente individual e coletiva.
Quando não temos certeza de que somos amados e o amor passa a ser um
conceito recalcado e pouco compreendido, transferimos uma espécie
empobrecida de amor para as coisas, para os objetos, para próteses que
farão nos sentirmos melhores – pois se não há amor, somos incapazes de
amar até a nós mesmos – e, dessa forma, as coisas (e não os seres) passam a
ter valor.
Nesse sentido, mesmo aquilo que é gente, e não coisa, passa a ser coi-
sificado para atender a esse buraco que criamos e que talvez ainda não
compreendemos muito bem que é: a falta de Afrodite.
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O Livro de Afrodite
Essa não é uma estátua isolada. Do oeste da França até o lago Baikal, nas
fronteiras da China, foram encontradas estatuetas no mesmo padrão.
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sendo o corpo vivo da Deusa Mãe Criadora, toda a criação era sua prole e,
portanto, descendente de sua divindade. A mulher encarnava o mesmo
mistério da natureza que fazia nascer, nutria e transformava.
De acordo com Marija, essa era uma sociedade matrilinear, pacífica, que
acolhia os homossexuais e tendia a um balanço econômico com base na
agricultura. Joseph Campbell traz a informação de que os únicos utensílios
de cobre encontrados nesse contexto eram ferramentas de arar o solo,
nenhuma arma. Não existem provas para que a gente pense que tudo era um
paraíso, e nem queremos te induzir a imaginar isso, mas o princípio
feminino estava bem integrado.
O Livro de Afrodite
Freud escreveu certa vez que “Os instintos não se deixam reprimir; e seria
pueril imaginar que, no caso de serem reprimidos, só por isso dei-xassem de
existir. A única coisa que se pode conseguir é fazê-los retroce-der do plano
consciente para o do inconsciente, mas em tal caso eles se acumulam
perigosamente deformados, no fundo do espírito, e com sua constante
fermentação dão origem a inquietações nervosas, perturbações e doenças”.
De onde você acha que vêm a liquidez dos afetos, a hiperexcitação Inspira -
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“Aquilo que alguma vez ganhou vida sabe se manter de forma tenaz.
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O Livro de Afrodite
“Me cobrir de
humanidade me
fascina e me
aproxima do céu”.
Zélia Duncan e Moska
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TESTE
Afrodite?
Funciona assim: você lê as frases abaixo e marca logo abaixo o quanto cada
afirmação corresponde às suas próprias opiniões e modos de ser.
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Gosto de ser acariciada por quem eu amo. Para mim, isso é uma forma de
conexão.
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O Livro de Afrodite
Quero uma casa confortável e bem decorada seguindo o meu gosto, com
tudo aquilo que eu acho mais bonito.
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Eu era uma criança bastante desinibida, que adorava ser o centro das
atenções.
Música, arte, cinema e teatro, moda e beleza estão entre os meus principais
passatempos.
Quando perco a atração por alguma coisa, não consigo continuar naquela
situação.
Nada a ver comigo. Me identifico um pouco. Muito eu!
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O Livro de Afrodite
É uma decepção quando não curtem minhas fotos nas redes sociais.
RESULTADOS
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O Livro de Afrodite
As faces de Afrodite
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Giacomo Casanova
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O Livro de Afrodite
Elizabeth Taylor
A atriz que deu vida à Cleópatra na era de ouro de Hollywood subiu ao altar
oito vezes. Um de seus maridos chegava a ser 20 anos mais velho que ela, e
um de seus namorados, 30 anos mais jovem. Antes de completar 18 anos,
um magnata do ramo cinematográfico ofereceu uma quantia em dinheiro
para que Elizabeth se casasse com ele, ela negou. Ao que parece, mesmo
conturbados, seus relacionamentos eram fruto de seu próprio desejo. Já foi
chamada de “destruidora de lares” por se relacionar com um homem casado
e chocou a sociedade americana quando revelou que tinha um
relacionamento aberto com seu quinto marido. Cada um tinha diver-sos
amantes e viviam rodeados de diamantes, pinturas e beleza.
Carmen
A cigana espanhola da ópera de Georges Bizet foi uma personagem inédita
em sua época. Carmen é uma mulher que tem a liberdade como guia.
Ela escolhe o seu próprio destino e não parece sentir culpa por ter um
comportamento considerado “amoral” ou volúvel quanto aos parceiros com
que se relaciona. “O amor é a cria do boêmio. Ele nunca jamais conheceu
qualquer lei”, canta a cigana na habanera, que continua com um alerta: “Se
eu te amo, tome cuidado”. Carmen seduz os homens com sua sensualidade
e, por não poder ser quem ela é, tem um triste fim. O filósofo Friedrich
Nietzsche chegou a assistir a essa ópera 20 vezes: “Finalmente, o amor,
amor traduzido novamente em natureza. Não o amor de uma
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Maria Antonieta
A rainha guilhotinada da França era dada à noite parisiense, onde nos bailes
de máscaras podia se libertar da figura de rainha e viver os prazeres do
flerte e da interação com as pessoas. “Para a jovem Maria Antonieta nada
além de seu próprio prazer é importante nesse mundo”, escreveu Stefan
Zweig. Ela gostava também do teatro, chegando a atuar em algumas peças
da corte. Para essas peças, só convidava as pessoas de quem ela gostava,
excluindo boa parte da nobreza e alimentando a perseguição que muitos
tinham com ela. Cercada por pressões políticas e pelas cobranças da parte
da mãe, que a cobrava um filho e mais influência na governança da França,
Maria Antonieta usava a moda como uma ferramenta política, para se
aproximar dos camponeses, como por exemplo quando trocou os
espartilhos por calças e roupas mais leves; ou mesmo para se impor diante
de uma nobreza que não a levava a sério. Ela inventava tendências de
comportamento e contornava a tradição e a opressão que lhe cabia com a
sua criatividade.
Helena de Troia
A rainha espartana é, na Ilíada, o elo que liga os eventos da Guerra de
Troia. Considerada a mulher mais bela do mundo, Helena se torna propina
nas mãos da Deusa da Beleza. Afrodite oferece o amor de Helena a Páris,
de Troia, para que ganhe um concurso. Helena, porém, já é casada com
Menelau, e o resultado disso é uma guerra de dez anos. Desde antes de se
casar, no entanto, seu pai vivia preocupado com a fúria que a escolha de um
cônjuge para Helena geraria nos demais pretendentes. Todos os homens
queriam tê-la como troféu e se aproveitar de sua carne. Mas, dentro de seus
limites, Helena conduzia suas próprias escolhas. A personagem fala dos
desafios de encontrar prazer e fidelidade a si mesma em uma sociedade que
a objetifica, e da necessidade de criar seus próprios caminhos.
Claude Monet
Apesar de Afrodite ser a deusa de todos os artistas, as pinturas de Monet
traduzem o arrebatamento pelo simples, por aquilo que nossos olhos já 38
O Livro de Afrodite
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bRINDE exclusivo
Meditação
As crenças de
Afrodite
Seja qual for sua origem, boa ou ruim, esse padrão de pensamento tende a
virar padrão de repetição, pois buscamos inconscientemente maneiras de
testar que estávamos certos sempre que possível. O ego quer se proteger e a
regulagem automática do desprazer nos induz a sofrer com o que é familiar!
Silvia, por exemplo, é uma conhecida de longa data. Ela, certa vez, se abriu
e contou a triste sina da sua vida amorosa. Sua mãe era uma mulher
bastante insatisfeita com seu casamento. Ela visivelmente não gostava de
estar casada com o marido e sentia que essa união era uma prisão, que a
deixava sem liberdade ao lhe colocar uma pilha de responsabilidades nas
costas. A questão é que ela condensava essa amargura em uma frase que
repetia constantemente para Silvia e suas irmãs: “Homem nenhum presta”.
Tomando as dores da mãe, com quem passava mais tempo, Silvia nunca
desenvolveu uma relação amigável com seu pai. Sempre se questionava
sobre o caráter dele. Demorou demais para chegar em casa? “Homem
nenhum presta”. Encontrou uma conhecida na rua? “Homem nenhum
presta”. Atendeu o telefone e falou baixinho? “Homem nenhum presta”.
Mais tarde, quando Silvia começou a namorar, ficou com isso na cabeça de
que nenhum de seus parceiros prestava, e que era só questão de tempo até
eles revelarem essa face para ela.
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Ao mesmo tempo, esses términos traziam uma espécie de alívio a ela, por
não ter se envolvido tanto com esse tipo de cafajeste. No final, ela
confirmava que estava certa!
Mas vejo os dois juntos e não deixo de sentir uma pontada de inveja. Por
que só eu não consigo um cara legal?”, indagava ela.
Esse é um exemplo bem simples, que envolve Silvia e sua crença de que
ninguém nunca vai ser bom o suficiente para ela, o que de fato acon-tecia,
já que ela não mantinha nenhum relacionamento por mais de um ano. Silvia
transformava sua crença em atitudes, à medida em que reagia ao namorado
já supondo sua “imprestabilidade”. O resultado da sua indução não poderia
ser outro: crença confirmada.
As vivências e a subjetividade de cada pessoa vão desenvolver crenças
específicas. Essas crenças podem ser limitantes ou estimulantes. Elas
podem nos podar ou nos fazem florescer.
Para o filósofo grego Platão, por trás de nossa realidade material e sensível
há uma realidade abstrata, o Mundo das Ideias, que cria modelos perfeitos
de todas as coisas que existem. Essas ideias perfeitas seriam replicadas na
realidade, onde estariam sujeitas ao erro. Podemos enxergar aí um conceito
similar ao que estamos comentando aqui: as ideias criam 42
O Livro de Afrodite
do que se ama.
Beleza importa.
querida.
coração.
vergonha.
jeito.
O amor é um sentimento
delicioso.
Eu não me envergonho de
relacionamento.
sentir prazer.
ram.
ninguém.
Unidos venceremos.
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que sou!
mim.
brado.
do que é rotina!
pleta álbum.
moinhos.
inteligente ou bonita.
Sexo é sujo/pecado/besteira.
Amar é sofrer.
perigos e machucam.
dar.
amor.
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O Livro de Afrodite
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Imagine como era vista a pulsão passional em uma sociedade que ficou
conhecida por sua filosofia e pelo zelo à razão? A experiência dolorosa do
amor, o coração partido e a rejeição eram muitas vezes incompreendidas.
Tendo sido colocadas pelos poetas da época até mesmo como “doença” e
O Livro de Afrodite
não tivemos. Eles reservavam para ela um altar cativo, pois sabiam que
quando maltratada e ignorada é que seu ataque poderia ser ainda mais
nocivo, deixando a vida sem graça, insossa e incompleta.
Da perspectiva mítica grega, caso não queira ver sua fúria lançada em sua
vida, deve-se reverenciar a todos os deuses, procurando integrá-los em cada
parte da sua vida.
DENTRO DA CONCHA
Alguma vez você já se sentiu inadequada em algum lugar? Como foi essa
experiência? O que você sentiu? Isso te levou a se comportar de uma
maneira diferente? O que esse momento de se sentir repelida e estranha
signifcou para você num nível mais profundo?
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AS DORES DO PARTO
Como você lidou a vida inteira com essa Afrodite que vive em você? Essa
parte amorosa, amável, buscadora de prazer, dona de si e cheia de vida?
Para você ela se parece mais com uma “doença” e uma “insanidade”? Você
a deixava emergir das águas ou a afogava de volta nas profundezas do
inconsciente?
O Livro de Afrodite
As fases de Afrodite
Em algumas fases da vida podemos nos encontrar nessa situação. Será que
você se identifica ou consegue identificar alguém? Fica o desafio!
Infância
Assim como Atena, Afrodite já nasceu adulta. Saiu do mar caminhando
graciosamente e com a leveza que só carrega quem é dona da própria vida.
Dessa mesma forma, a criança que constela o arquétipo da Deusa é daquele
tipo que adora vestir as roupas dos pais e está sempre atraída por referências
mais adultas na construção de sua persona e comportamento.
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mãe?
Por isso, é preciso sempre trazer essa pequena Deusa do Amor de volta à
infância, para que ela não limite essa fase da vida se tornando uma adulta
precoce.
Essa sua curiosidade nata e a falta de inibição em ser autêntica fazem com
que sua presença não passe despercebida. Jean Shinoda Bolen escreveu que
a pequena Afrodite é sempre a criança “engraçadinha”, que encanta as
pessoas por onde passa, de maneira espontânea ou intencional.
Com essa personalidade tão marcante, não é muito incomum que a pequena
Afrodite tenha passado a infância buscando se tornar a nova estrela infantil,
o bebê da propaganda de shampoo ou participando do concurso de Miss da
sua cidade – sobretudo motivada pelos familiares, que diziam que ela tinha
tudo para estar na televisão ou, hoje em dia, sendo uma famosa
influenciadora digital.
50
O Livro de Afrodite
É comum que essas garotas Afrodite iniciem suas vidas sexuais mais cedo
que as demais, quando não controlam seus instintos com a força de alguma
outra deusa como Atena ou Ártemis atuando em suas psiques.
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Nessa fase, se ver através do olhar dos outros com imagens tão carregadas
de preconceito e crítica pode formar na adolescente Afrodite uma imagem
ruim dela mesma, como alguém que não presta, não vale a pena, que não
serve para nada além de sexo, que é suja, que nunca encontrará amor ou de
que nunca será alguém na vida.
Sob essa mentalidade, a menina aprende que sua Afrodite tem que ser
mantida presa. Poucas são as que conseguem manter a deusa viva e pulsante
(ainda que com responsabilidade) durante essa fase. Na maioria das
mulheres, independente da classe social, há sempre um nível de desco-
nhecimento acerca do próprio corpo, desinformação sobre como manejar
seu próprio prazer e fertilidade e padrões negativos com relação ao amor e
aos relacionamentos.
O Livro de Afrodite
Dificilmente segue conselhos dos outros, ela faz a sua própria lei. Ela vê a
vida com leveza e assim se movimenta, atraindo a atenção curiosa de todos
que querem se alinhar a essa energia tão rara de prazer por viver.
É esse o motivo de seu grande magnetismo pessoal. Por onde ela passa, as
pessoas se encantam com ela, com seu jeito e com a sensação que ela
transmite. Até os animais se derretem com a sua sensibilidade e ficam
pedindo por carinho.
Não é sobre beleza, nem sobre unha, cabelo, maquiagem, roupas de grife e
depilação em dia. É sobre ter aquele “mel”, como as plantas aromá-ticas
que atraem as abelhas, uma energia atrativa, um certo carisma. Você deve
conhecer alguma colega que não tem vaidade nenhuma e que vive cercada
de pretendes, ao passo que outras se arrumam todas e vão para a pista e não
conseguem nada.
Esse é o retrato de uma mulher com a Afrodite bem equilibrada e do-Inspira
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Ela dá valor aos aspectos mais sociais da vida, adora festejar, celebrar a
vida, consumir tudo que é trabalho artístico e, às vezes, quando seus
talentos não foram por demais sufocados, se arrisca ela mesma em ser a
artista.
Sua bússola é aquilo que a fascina, que faz seu coração vibrar descom-
passado. Ela não faz nada de que não goste, e quando faz pode saber que
está a contragosto, esperando a primeira oportunidade de dar no pé dessa
situação.
Maturidade
Em seu livro sobre os arquétipos das deusas na maturidade, Jean Shinoda
Bolen descreve sobre Afrodite: “Quando a mulher envelhece, ela pode se
tornar invisível como objeto sexual, mas o arquétipo ainda pode estar lá,
independentemente. Sexualidade e sensualidade são inerentes a uma mulher
de Afrodite, quer os homens respondam ou não”.
Nessa idade, inclusive, muitas mulheres que passaram a vida sob a re-gência
de outros arquétipos podem, ao fim de casamentos muito rígidos e
castradores, redescobrir o seu lado mais sexual e se permitir novos amores e
aventuras de reencontro consigo mesmas.
Com sorte, a mulher Afrodite terá desenvolvido mais sabedoria com os anos
passados para não dar ouvidos a crenças maldosas sobre o corpo maduro.
Ou, do contrário, gastará o dinheiro da sua aposentadoria e suas reservas
financeiras tentando recuperar o rostinho, a pele e o corpo que teve outrora;
sem se lembrar de que a sensualidade não depende de corpos padronizados,
ela é uma forma de comportamento, de sentir e de agir no mundo.
Com o passar dos anos, a senhora Afrodite deve estimular ainda mais seu
sentido de prazer pela vida e, quem sabe, descobrir novas formas de prazer.
Boa comida, bom sexo, boas experiências onde se pode enxergar beleza e
encantar-se com o mundo são como sustentações para que ela continue
encontrando seu sentido de viver e afaste as depressões e somatizações
decorrentes de discursos limitados sobre a velhice.
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O Livro de Afrodite
O enigma do amor
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Antes de ser enunciado, o amor estava presente como ato. É como dizem
com o exemplo de que a Humanidade começou quando um ancestral distante
cuidou do ferimento do seu próximo. Ali estava a identificação e o zelo, a
cola afetiva que nos fez desenvolver como sociedade. Foi quando passamos
a refinar os nossos sentimentos e emoções para além da imi-nência do risco
à vida de um ambiente temeroso. Esse vínculo deixou de ser apenas de
proteção até a independência, para ser replicado em seres já autossuficientes.
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O Livro de Afrodite
Sigmund Freud
Os andróginos, por serem dessa forma perfeita, quiseram tomar o trono dos
deuses do Olimpo. Como castigo, Zeus dividiu os andróginos ao meio com
um raio e os espalhou na Terra. A partir de então, as metades tentam se
encontrar. E também se abrem as possibilidades de união: masculino e
feminino; masculino e masculino; e, feminino e feminino. A vontade que
causa a busca desse retorno à natureza originária é encarnada na figura de
Eros, que Platão define como a personificação do amor.
Para ele, quem ama se diviniza por meio do sacrífico. Pausânias afirma que
há dois Eros, divididos entre o bem e o mal: o amor da alma, que permanece,
e o amor do corpo, que perece. Já o médico Erixímaco defende o amor
saudável e harmonioso, capaz de equilibrar os contrários. Ágaton, poeta
trágico, enaltece as qualidades de Eros, que tem características telúricas,
carnais, mais do que divinais, no ato de amar. Sócrates discursa que Eros é
um gênio ( daimon) mediador entre as almas, nem belo nem bom, Inspira -
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Tão plural quanto o amor atribuído a Eros é o amor de Afrodite, que não está
limitado apenas ao amor romântico ou ao amor sexual. A analista americana
Jean Shinoda Bolen amplia a visão do amor de Afrodite: “O
Para saber isso, temos que direcionar nossa perspectiva para o passado.
O Livro de Afrodite
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O Livro de Afrodite
de Antônio, e orienta: “Vê onde está, com quem e o que faz: não te man-dei.
Se o encontras triste, diz-lhe que danço; e, se alegre, diz-lhe que, num
repente, adoeci”.
Devemos entender que se o diagnóstico do amor atual feito pelas óticas dos
sociólogos não é tão bom, o prognóstico, o desenvolvimento futuro, é por
nossa conta: se vamos replicar o que está sendo feito, sem pensar se isso nos
causa prazer, ou se vamos ser a parcela que refloresta o campo do amor com
uma flora de fecundas plantas.
Lao-Tsé
Se por um lado amamos, por outro lado – também dentro das nossas
latências pulsionais – destruímos. Violência, assassinatos e guerras também
são produtos da natureza humana. Em 1932, Albert Einstein perguntou para
Freud “Por que a guerra?”. Como antídoto à aniquilação generali-zada,
Freud disse que a criação de vínculos amorosos é o equilíbrio a esse
potencial destruidor que também reside em nós.
E por que amar dói?
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Para quem está só, o amor pode se manifestar para além da forma 62
O Livro de Afrodite
para amar não precisa estar próximo: o amor quebra fronteiras, as que te
separam de quem está distante fisicamente. É possível direcionar toda sua
vontade de bem e de beleza para o exterior, próximo ou distante, e
constituído de todas as formas. Não existe uma fórmula do que ou de quem
amar, nem tanto de como amar. Somos livres para criar e crescer junto com
essa arte em ação.
Se não existe fórmula certa para amar, cada um ama o que quer e como quer;
existem, sim, virtudes que devem estar presentes no amor. Essa uni-
versalidade depura os nossos atos de amar. Como já mencionamos, o
psicanalista Erich Fromm elenca quatro elementos básicos do amor: cuidado,
responsabilidade, respeito e conhecimento.
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humana”.
Viktor Frankl
O Livro de Afrodite
Por isso, o “eu te amo” deve ser enunciado. É justamente pelo esvaziamento
de sentido, que deve ser preenchido e retomado com o sentido genuíno – ao
ser enunciado a quem realmente é amado. Caso contrário, essa frase amorosa
só é dita em ocasiões inapropriadas, como um sinônimo de “gostar muito”.
Ou, às vezes, é dita tarde demais. Ou mesmo, não enunciada, como se
houvesse um sentido subentendido de amor pela pessoa amada: “ela sabe
que eu a amo; não preciso dizer”. Amar é ação, mas é também discurso, pois
criamos essa necessidade na nossa linguagem e na nossa psique.
Nos primórdios, amar era um ato antes de ser verbo. Hoje, o amor é prosa
com resquícios de poesia. É esse potencial poético, de real encantamento,
que temos de resgatar. E resgatamos esse potencial somente amando: um
gerúndio que reforça uma ação em continuidade.
Em outras palavras, dizer “eu te amo” deve ser uma demonstração sincera da
importância de algo ou de alguém na própria vida. O esforço é para que não
exista um interdito enunciativo do amor, como uma voluntária alexitimia –
nome que os psiquiatras dão à incapacidade de verbalizar os sentimentos. E
para quem ouve, o ser amado, que não seja uma afasia conveniente, ao
entender as palavras amorosas só de quem convém.
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gração, até mesmo os laços afetivos. É por isso que temos a necessidade de
incluirmos a ação de reciclagem dentro dos nossos vínculos amorosos.
O psicanalista Erich Fromm acredita que, assim como viver, amar é uma
arte. E, como uma arte, é necessário aprender a teoria e a prática.
Será que o significado de amor muda conforme à língua? Será que existe
apenas um significado do ato de amar?
66
O Livro de Afrodite
ceitos;
sageiro;
riências;
pátria.
promisso;
para o coletivo.
gos, é desapaixonado;
autoestima e autocuidado;
mântico.
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67
VOCÊ E O AMOR
Para cada uma das palavras abaixo, escreva as primeiras associações que
lhe vierem à mente:
Amor:
Romance:
Alma-gêmea:
Amar:
Analise o que você escreveu e refita se tem algo em comum com o que você
pensa do amor e com as suas relações amorosas.
O que mais você ouviu falar sobre esse sentimento? (mãe, pai,
amigas/amigos, mídia, religião, leituras/escola/universidade).
68
O Livro de Afrodite
O que você realmente acha sobre o amor?
Quais dos nomes do amor são os mais presentes na sua vida e na sua
personalidade? Volte à lista da página 66 e tente se lembrar de quando
sentiu cada tipo de amor pela última vez ou da maneira mais marcante.
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69
COMO É SENTIR?
O que lhes atraiu um ao outro? Como foi esse período em que vocês se
conheceram e resolveram que deveriam fcar juntos? Lembrar do que lhes
uniu pode ser restaurador.
Liste 5 coisas que você ama amar na pessoa que está com você. O que você
vê nela com amor diz muito sobre você mesma.
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O Livro de Afrodite
OS QUATRO ELEMENTOS
Cuidado
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Responsabilidade
cativas”,
disse a raposa ao
Pequeno Príncipe.
72
O Livro de Afrodite
Respeito
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Tudo começa quando, durante uma caçada, Artur é poupado da morte pelo
terrível Sir Gromer, que procurava vingança por ter perdido suas terras.
Mas esse livramento é temporário. O rei da távola redonda deveria retornar
a esse mesmo lugar dentro de um ano com a resposta correta para a
pergunta: “O que é que as mulheres mais desejam, acima de tudo?”.
Se ele acertasse, poderia seguir com sua vida, caso contrário Sir Gromer
terminaria o que começou.
O Livro de Afrodite
coração de honra!
Mas, agora, Gawain tinha que fazer uma escolha, continuou ela: “Serei
monstro de dia e bela à noite, para o seu deleite? Ou serei bela de dia, para
seu prestígio na corte, e monstruosa à noite?”.
75
vontades e modos de existir no mundo. Lady Ragnell, por sua vez, entende
que Sir Gawain também é dono de suas próprias escolhas. E, se ambos
entendem isso, eles entenderam tudo!
Paracelso
Conhecimento
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O Livro de Afrodite
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77
SER AMADA
Você se sente amada? Você se sente amada como pensa que deveria ser
amada? De que modos você gostaria de ser amada?
como eu amo?
78
O Livro de Afrodite
Imagine que está dizendo “eu te amo” para uma dessas pessoas. Imagine
tudo: o cenário, como estão vestidos, a hora do dia em que isso acontece e
simplesmente diga “eu te amo”.
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QUEM AMAMOS?
Quem é a pessoa com quem você sempre pode contar? Escreva o nome dela
e relembre 3 motivos pelos quais ela é tão especial. Não deixe essa pessoa
se afastar.
Escreva uma carta para essa pessoa contando que você a ama e
descrevendo como ela faz você se sentir. Entregue apenas se se sentir à
vontade.
80
O Livro de Afrodite
É AMOR OU UTILIDADE?
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AMAR É SE CONHECER
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O Livro de Afrodite
O desejo
Essa maçã logo foi encontrada pelas deusas Hera, Atena e Afrodite, que,
vaidosas cada uma a sua maneira, reivindicaram o título para si. Zeus foi
solicitado para decidir sobre a questão, mas se esquivou da
responsabilidade, endereçando o veredito a Páris, um mortal que, segundo
ele, sabia apreciar a beleza feminina.
Acontece que a mulher mais linda do mundo era Helena, que já estava
casada com o rei Menelau. Fazendo com que Helena se apaixonasse por
Páris, Afrodite com certeza sabia que estava mexendo em um vespeiro. O
Com essa história, fica claro que o arquétipo de Afrodite, quando cons-
telado em nossa mente, não mede esforços para conseguir o que deseja, o
que é verdadeiro para ela e o que ela pensa merecer. O desejo dessa Deusa é
tão forte que, por querer ser eleita a mais bela e receber a maçã de ouro,
não se importa em fazer uma guerra acontecer.
83
do seu próprio desejo. Isso é natural. Assim como Afrodite tem como amante
Ares, o deus da guerra, o desejo anda acompanhado da destruição e do
risco. A destruição da expectativa de outras pessoas, a desintegração de um
modelo de vida antigo para abrir espaço ao novo ou a destruição de antigos
ideais do eu aos quais fomos instruídos a ter simpatia. A questão é que
poucos sabem lidar com isso.
Sem percebermos, acabamos transformando o outro num norte, que nos diz
e nos mostra o que devemos desejar: o que os outros fazem (con-formismo)
ou o que os outros querem que façamos (totalitarismo), como nos lembrou o
neuropsiquiatra Viktor Frankl.
Já Freud tem outra perspectiva sobre isso. Para ele o querer, o desejo, é o
que move toda a atividade psíquica do humano. Isto é, o desejo tem a função
de nos mover pela vida. O desejo é uma força.
O Livro de Afrodite
“Muitos não querem saber qual é o seu desejo, porque poderia parecer
impossível ou perturbador. Mas mesmo assim o desejo é o caminho da vida.
Se você desconhece o seu desejo, então
para você.
Então você não vive a sua própria vida, mas uma vida alienada. Mas quem
deve viver sua própria vida senão você mesmo?
Carl G. Jung
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Cabe lembrar que o desejo nos move a partir de duas naturezas que se
manifestam como impulsos. E aqui de novo aparece o casal real: uma
dessas pulsões é voltada para o prazer (Afrodite), que se manifesta, por
exemplo, na atração sexual e na autossatisfação, na criatividade, na arte e
no trabalho. A outra, relacionada à destruição (Ares), pode ser observada
na autossabotagem e na inveja, por exemplo. Freud as nomeou como Pulsão
de Vida (ou Pulsão de Eros) e Pulsão de Morte (ou Pulsão de Thanatos).
O desejo sempre vai nos lembrar de que tem algo faltando, mas quando a
gente entende isso, podemos nos apropriar dessa falta e operar verdadeiras
maravilhas buscando estar face a face com ele novamente. Lembre-se que: o
vazio é um terreno fértil de possibilidades. É encarando essa falta de mente
aberta que nos tornamos donos do desejo, e não escravos dele.
E com isso aprendemos que podemos querer e que o nosso desejo é tudo o
que temos. É o que temos de mais nosso.
O Livro de Afrodite
você mesmo. Aquilo que não conseguimos apagar e que volta de forma
codificada em atos falhos, lapsos, sonhos e repetições até que tenhamos a
coragem de olhá-lo nos olhos, assumi-lo e criar um projeto de vida que o
sustente por meio da ativação da vontade, o que é a nossa proposta com a
escrita terapêutica. A sua vontade é capaz de se adaptar sobre qualquer
determinismo da vida. É como aquela frase de Sartre que diz: “Não somos
aquilo que fizeram de nós, mas o que fazemos com o que fizeram de nós”.
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“Você quer o
que deseja?”.
Jacques Lacan
Filtre quais desses desejos eram realmente seus. Muitas vezes, estamos
apenas obedecendo ao comando da sociedade ou tentando se encaixar, e
seguimos a nossa vida desejando os desejos dos outros. Para isso, refita:
Quais dessas coisas da lista deixariam uma enorme tristeza em você só de
pensar que você jamais conseguiria realizá-las? Isso é o desejo!
88
O Livro de Afrodite
O que a “(seu nome aqui) que eu quero ser” pensaria das situações abaixo:
Ter um flho:
Como é essa “(seu nome aqui) que eu quero ser”? Descreva seus
comportamentos, como ela age, qual impacto que ela causa nas pessoas ao
redor e no mundo?
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SUSTENTANDO O DESEJO
O que você faz para conseguir o que você deseja? Até onde você seria capaz
de ir? Você ousa esticar as mangas e correr atrás dos seus desejos mais
profundos e íntimos?
Você banca o que deseja? Refita sobre isso com base nos seus desejos
anteriores.
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O Livro de Afrodite
Escreva uma lista com 7 das coisas que você mais têm medo nessa vida e, do
lado, escreva o que você poderia conquistar se superasse esse medo. Os
nossos principais medos escondem a potência da nossa alma!
91
jo. Se você teme alguma coisa, ela está de alguma forma ocupando um lugar
muito erotizado para você. Será que por trás desse medo se esconde um
pouco de prazer? Ex.: tenho medo de não ser aceita > desejo fazer parte de
algo importante, desejo me sentir acolhida e protegida; tenho medo de
dirigir > desejo me conduzir pela vida da melhor forma.
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“Você é o único
representante do
da terra”.
Emicida
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O Livro de Afrodite
“Magia é a arte de
transformar a
da vontade”.
Dion Fortune
Sempre que algo estiver em desarmonia, é preciso fazer com que ela seja
concebida no útero da sua deusa interior.
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O Livro de Afrodite
As duas Afrodites:
Pandêmia e Urânia
Na obra O Banquete, Platão observa que existem dois Amores, portanto, são
duas Deusas. A mais velha, não tem mãe e é filha de Urano (deus do Céu): é
nomeada como Urânia, a Celestial. Já a mais nova, é filha de Zeus e de
Dione: é chamada de Pandêmia, a Popular.
É dessa contemplação ativa, que eleva a alma e o intelecto para ver Inspira
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Buscamos no amor o que nos falta, mas também podemos conquistar aquilo
que buscamos – é fruto da união entre a Carência e a Abundância.
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O Livro de Afrodite
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O Livro de Afrodite
Sexualidade
Como uma lição de que não se pode reprimir os instintos sem sofrer as
consequências disso.
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Quando Glauco atrelou suas éguas à carruagem para competir nos jogos
locais, os animais dispararam com velocidade, arrastando o rei de Éfira
emaranhado às rédeas por toda a extensão do estádio. E para finali-zar:
devoraram-no vivo.
Em síntese, o mito nos conta que a libido/energia vital que não cana-lizamos
para o prazer, pode virar outra coisa. Uma coisa que nos devora de dentro
para fora. Quem não conhece alguém que se priva de prazeres e vive uma
vida amargurada ou cheia de tensão e de raiva? Ou, ao contrário, aquela
pessoa que vive sem consciência de seus apetites e acaba sendo ar-rastada
por eles vida afora, sem organizá-los de uma maneira sustentável, sem
“tomá-los pelas rédeas”?
O psicanalista francês Jean Laplanche defendeu que todo impulso, seja ele
de prazer ou de destruição (f alamos mais sobre isso no capítulo sobre O
O Livro de Afrodite
Acontece que isso de se permitir o prazer não é assim tão fácil em uma
sociedade racionalista e utilitarista como a nossa. Para a mulher, isso tem
uma carga ainda maior. O prazer feminino foi histórico e espiritualmente
relegado à uma censura.
Na Idade Média, o desejo sexual da mulher era visto como um potencial
de dissimulação, por não se apresentar de maneira tão evidente como o do
homem. Esse mistério fez com que a sexualidade feminina fosse encarada
como diabólica, assim como mostra a mitologia de Eva e Lilith, que
ganhou um peso social ainda mais misógino no Ocidente a partir do
século V d. C.
101
Até hoje o jogo não está vencido. Perdemos o elo que conectava o prazer
feminino como a manifestação do divino. Perdemos Afrodite, e com ela o
sexo sagrado que libera a faceta divina existente no transe, bem como a
capacidade de renovação espiritual atingida no clímax da união.
E isso é terrível para todos, não só para a mulher.
Nesses períodos, lhes era permitido que agissem feito às Mênades (ou
Bacantes), as acompanhantes de Dionísio. Isso implicava em uma entrega
absoluta e desmedida ao sexo, à embriaguez, à violência e à
autoflagelação.
O Livro de Afrodite
de serem contrastes.
Esse “encarnar a Deusa do Amor” seria, nessa nova visão, um ato Inspira
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103
de resistência e de reconexão com o feminino divino subjugado em uma
sociedade que o reprime e o faz dançar conforme as leis do patriarcado e
do gozo masculino. Trata-se de um reconectar-se com a autoridade da
própria sexualidade e, com isso, trazer equilíbrio ao mundo. Isso é
manifestar o sagrado. “Em sua encarnação da deusa, ela é a responsável
pela felicidade sexual, e é a veia através da qual os rudes instintos animais
são transformados em amor e na arte de fazer amor”, escreve a
pesquisadora.
Isso pode ser muito mais comum do que você imagina em uma sociedade
como a nossa, em que o desejo feminino está associado ao mal. Tudo pode
tender ao equilíbrio e ao desequilíbrio, e com o sexo não é diferente.
104
O Livro de Afrodite
Além disso, faz parte desse processo retirar as amarras que prendem a
mente a um modelo de dignidade feminina criado culturalmente, em que
não se é permitido nem mesmo pensar sobre sexo. E pensar sobre sexo é
fundamental!
Sexo não é uma mera fricção genital. E, inclusive, está para além do
corpo. Uma prova disso é a existência dos sapiosexuais, aqueles que
sentem atração sexual por pessoas inteligentes. Sexo é muito mais do que
um encontro físico. É acessar e se deixar ser guiada pelas fantasias, aquilo
que mexe com a sua imaginação.
Prazer:
Intimidade:
Tesão:
Gozar:
Fetiche:
105
– por alguma pessoa ou por você mesma(o) – como uma criatura vulgar
ou de alguma forma inadequada(o) com a sua própria sexualidade? De
quem partiu o comentário?
106
O Livro de Afrodite
Quantas vezes você já sentiu como se o seu prazer (e seus desejos) devesse
estar condicionado a alguém ou a algo?
Como se você tivesse um dono e fosse uma criatura sem autoridade sobre
si mesma (seu corpo e seu gozo). Você faz sexo também para você ou
pensando apenas no outro?
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Sexo é prazeroso para você? Na maior parte do tempo, como você se sente
com relação ao ato sexual: antes, durante e depois dele terminar? Qual o
sentimento e os pensamentos que dominam e que passam pela sua cabeça
nesse meio tempo? Depois de responder a isso, revele sobre como você
gostaria de se sentir em cada uma dessas etapas.
Antes:
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O Livro de Afrodite
Durante:
Depois:
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O Livro de Afrodite
O que ocupa a sua imaginação? Você tem um momento onde a sua mente
costuma vagar criando fcções conscientes? Onde ela costuma parar?
Quais são suas fantasias recorrentes? O que esse lugar seguro e fantástico
revela sobre o que seria um universo ideal para você?
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Essa fantasia que vive em sua imaginação se relaciona com algum desejo
seu em especial? Não necessariamente o desejo que está sendo encenado
de forma explícita na imaginação, mas um desejo mais profundo de
aceitação, vulnerabilidade, dominação, o desejo de não precisar controlar
nada, de ser cuidada, de não precisar ser forte em alguma situação da sua
vida? Pense.
Que parte de você está sendo reprimida e quer aparecer em sua expressão
sexual? O que seu corpo quer falar para trazer equilíbrio à sua totalidade
psíquica? Normalmente, pode ser o oposto de como você se apresenta
socialmente.
112
O Livro de Afrodite
SEXO... SAGRADO?
Faça um esforço refexivo e escreva abaixo: de que forma sexo pode ser
considerado sagrado? Ou, pense o contrário: por que sexo não seria
sagrado?
Você está presente durante o sexo? Você está ali de corpo e alma ou seu
corpo apenas executa movimentos repetitivos enquanto você está pensando
nas contas, nos problemas da casa ou do trabalho ou em como você
precisa sair dali logo?
113
prazer? Já parou para refetir o que você quer do sexo e como conseguir
isso? Às vezes, queremos só prazer, outras vezes queremos sentir amor,
união; e outras, queremos ter flhos. Como você se cuida de maneira
consciente para ex-trair apenas aquilo que você quer de cada relação?
Preser-var-se também é autocuidado e permite que a sensação de prazer
seja mais duradoura.
E com relação a liberar o inconsciente? O que te faria se soltar durante a
relação, liberar a sua loucura interior e se entregar completamente ao
momento?
Permite que ele possa se entregar por inteiro sem idealizações e sem
julgamento? Entende sua energia sexual e a falta dela? Tenta
compreender os gostos e aquilo que a pessoa não gosta? Ou só se importa
com o seu próprio prazer?
114
O Livro de Afrodite
Prazer
Essa sensação é uma bússola para a sua vida e para os caminhos que você
escolhe? Ou você se guia mais pela mentalidade do sacrifício e da
renúncia? Afrodite escolhe sempre a primeira opção. Onde há prazer, há
uma energia divina que merece ser reverenciada.
Quando se sabe incluir essa sensação na sua vida, esse prazer é não só
saudável, como essencial. Mas quando é orientado para uma incessante
repetição do que faz bem, algumas coisas se tornam uma dependência,
uma muleta sem a qual acreditamos que não podemos nos guiar pela
existência, e assim o mesmo prazer se torna um vício. Já quando os
sentidos estão anestesiados, não há como buscar e desfrutar do prazer:
assim se manifesta o tédio. Vício e tédio são desdobramentos do
entendimento do prazer.
Mais de dois mil anos depois das filosofias gregas do prazer, Sigmund
Freud observou que a vontade da realização do prazer e a fuga pelo des-
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116
O Livro de Afrodite
Quem não reconhece o que lhe causa prazer, fica como uma pessoa
indecisa num restaurante, frente ao cardápio cheio de opções: por não
saber o que deseja comer, pensa tanto e acaba por escolher qualquer
prato.
Mas quando a comida chega, bate o arrependimento por não ter pedido
um outro prato que também lhe fez salivar. Assim, acaba não saboreando
nem sentindo prazer pelo prato que escolheu.
O resultado disso é uma vida insípida, tão sem sabor quanto à escolha
impensada do menu.
Sentir prazer e saber reconhecer o que nos gera prazer é uma porta para a
autodescoberta e para o autoconhecimento – ou, inversamente, a
autodescoberta e o autoconhecimento podem ampliar e apurar as formas
de prazer.
117
Mas essa busca pela excitação constante, como se a vida fosse uma eterna
sexta-feira à noite e nunca uma tarde de domingo, revela uma consciência
oposta à consciência hedonista. O sensation seeker busca lembrar que está
vivo a qualquer custo, ele quer o sentimento imediato que acal-me a dor da
falta de sentido. Como antídoto, ele quer a emoção rápida, chocante,
aterradora. Em oposição, uma consciência hedonista refinada degusta e
processa o conteúdo do que é apresentado a ela, encontrando aquilo que
lhe dá prazer continuamente e em toda a parte.
118
O Livro de Afrodite
Mesmo os vícios “do bem” podem causar um mal. Por exemplo, alguém
que é viciado no estímulo dos exercícios físicos, e os pratica com tanta
frequência e intensidade, que desenvolve um desgaste dos tendões.
Miriam Subirana
Um personagem histórico que vivia guiado pelos prazeres que a vida tem a
oferecer foi Giacomo Casanova, no século XVIII. Escritor e aventureiro,
viveu seus setenta e três anos de existência a explorar o campo dos
prazeres: a volúpia, a comida, a beleza e o dinheiro eram joias que procu-
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O Livro de Afrodite
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Liste os prazeres que você já teve, mas que hoje em dia não tem mais?
122
O Livro de Afrodite
Fazer nada pode não ser preguiça, e sim autocuidado. Os italianos têm até
uma expressão para isso, il dolce far niente, “a doçura de não fazer nada”
e deixar rolar, um equilíbrio considerado fundamental para a saúde e a
felicidade. O seu dia tem 24 horas, você consegue fcar “sem fazer nada”
em algum momento desse dia? Como é isso?
O que você costuma fazer nas suas férias, folgas e fnais de semana? Como
você administra o seu tempo quando você tem tempo livre?
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Para a maioria de nós, sentir prazer e êxtase na vida, é algo tido como
uma frivolidade, e reservado para momentos res-tritos e curtos. Por que é
assim? Como seria se buscássemos prazer em tudo o que fazemos? O que
você pode fazer para buscar prazer em todos os movimentos na sua vida?
Sabe aquela frase: “Tome cuidado com o vazio que uma vida ocupada
demais”? Que áreas da sua vida estão esvaziadas devido à sua
indisponibilidade? Que partes da sua vida que você sente falta de nutrir e
preencher de presença? Há alguma crença ou aversão subjetiva que te
afaste dela? Que crença ou aversão é essa?
124
O Livro de Afrodite
O que você esconde de você mesma atrás de uma agenda ocupada? De que
compromisso você está fugindo? O que você não quer olhar?
Você limita o seu prazer? Na sua agenda tem espaço para sentir prazer ou
esse não é um valor almejado? Pense em que classifcação você coloca o
prazer na sua vida.
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Você tem vergonha de sentir prazer? Como você lida com uma comida
gostosa, por exemplo? Qual é a sua relação com a comida? Você sente
vergonha da sua relação com a comida?
126
O Livro de Afrodite
Leia a sua resposta para a pergunta anterior como se ela tivesse sido
escrita por uma amiga querida, que conselho você daria a ela?
Você tem algum guilty pleasure? Sinta-se livre e use o espaço abaixo para
escrever alguns prazeres que você nunca confessaria para ninguém ou
que morre de vergonha de que alguém possa descobri-los.
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Esta é uma lista com sugestões de coisas prazerosas que, se você ainda não
fez, pode fazer pela primeira vez. Circule as que gostar!
Ajudar um desconhecido.
Banho de chuva.
Flutuar na água.
Entrar em contato com um(a) velho(a) amigo(a) com quem você não
conversa há muito tempo.
Dormir pelada(o).
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O Livro de Afrodite
Agora, crie a sua própria lista de coisas para fazer pela primeira vez.
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sobre o tédio
Como você lida com o tédio? O que você costuma fazer quando sente tédio
em sua vida? São comportamentos saudáveis ou comportamentos que te
colocam em situações problemáticas? Você desvirtua/esgota o sentido do
prazer?
OS INCONVENIENTES DO PRESENTEÍSMO
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O Livro de Afrodite
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Culpa e Julgamento
Você tem alguma história com a culpa? Então deve conhecer bem essa
sensação de ter um tipo de peso que se agarra à consciência, nunca te
deixa sozinha, gera vergonha e autodepreciação a todo instante e te
impede de ser livre e sentir prazer integralmente. Há sempre uma parte
lembrando que você deveria se punir pelo que você fez no verão passado.
Em que isso pode ser bom?
133
trou a parte que lhe cabe. Consegue olhar para a situação com empatia e
assumir seus próprios enganos. Pode ter a ver com arrependimento, mas
aqui a pessoa consegue se perdoar e pedir perdão, seguindo em frente sem
o peso. Isso sim é humano!
Mas, calma! Não estamos falando que você é uma coisa anormal por
sentir culpa. Não é nada disso. Todo mundo caiu nesse engodo.
A culpa traz dor. Talvez o seu inconsciente até a utilize porque vê um
ganho secundário nela: ela te pune por algum sentimento de indignidade
que você tem com você mesmo e faz você se sentir melhor por estar se
punindo? Ela fortalece o seu ego dizendo que a sua penitência lhe torna
alguém melhor? Essa culpa é seu escudo contra alguma coisa? Pergunte-
-se!
Sim, criado. A culpa não existe. A culpa é uma invenção. Uma invenção
de controle.
Ela vem de toda parte: da religião, dos padrões construídos pela mídia e
pela literatura, das regras de vida em sociedade... Ela funciona muito bem
para deter nossas pulsões mais violentas se quisermos viver em co-
munidade, mas não se pode passar da conta na internalização desses
valores impostos de fora.
Olha o tipo de coisas pelas quais a gente costuma sentir culpa: pelos
próprios pensamentos, por ter comido o quarto pedaço de pizza, por ter se
apaixonado, por não ter o emprego que os seus pais queriam que você
tivesse, por não ter conseguido aquela vaga dos sonhos, por não ter
dinheiro suficiente ou por ter muito dinheiro, por não poder salvar o
outro, por não estar sempre disponível para corresponder a solicitação de
alguém (ou por estar sempre disponível), pelas próprias emoções (raiva,
tristeza, insatisfação), por estar doente, por sentir prazer, por estar feliz
enquanto a pessoa ao lado não está, por ter engravidado, por não ser a
mãe/pai per-134
O Livro de Afrodite
feitos, por não conseguir adivinhar o futuro, por ter feito o que dava para
fazer naquele momento segundo o seu grau de instrução e conforme você
pensava que fosse o certo naquela época.
Percebe como atitudes corriqueiras e completamente comuns se tornam
insuportavelmente insustentáveis com a culpa?
Muitas vezes, confundimos pensar com julgar. Achamos que devemos dar
uma opinião sobre tudo, e que isso é ser sincero e, portanto, é uma força
do caráter. Ou acreditamos que julgando, estamos nos passando por
alguém mais inteligente, e nosso ego se compraz. Existe também quem
julga por inveja ou por muitos outros motivos.
preferem julgar”.
Carl G.Jung
A pessoa que julga não consegue materializar suas criações por medo dos
seus próprios autojulgamentos de perfeccionismo – ela acredita que é o
que realiza, e depende sempre de realizar bem para estar à vontade com a
imagem que tem de si, e isso faz com que ela esteja sempre fazendo as
mesmas coisas de Inspira - revistainspira.com
135
sempre, as coisas que um dia falaram que ela era boa. Assim, essa pessoa
desiste de se lançar em novos caminhos que dariam mais alegria. Ela nem
mesmo tenta.
“Sou bom demais para fazer isso” ou “Alguém vai me oferecer (do nada) o
cargo de CEO numa empresa, eu não preciso trabalhar assim como fulano
está fazendo. Ele está ridículo!”.
A vida é um mistério grande demais para você achar que sabe quem está
certo ou errado.
“Perfeição demais me
agita os instintos.
Na certa encontrou um
carne e osso”.
O Livro de Afrodite
Por que você sente culpa disso? É um código de conduta pessoal ou valor
universal? De que lugar vem esse sentimento?
Inspira - revistainspira.com
137
O que você aprendeu com isso que aconteceu e te gerou esse sentimento de
culpa? Esforce-se para encontrar algumas lições e se fortalecer!
“sims” que deveriam ser “nãos”, por aquilo que você acha que deveria ter
feito e não conseguiu. Por tudo isso (e muito mais), você merece o seu
próprio perdão!
Escreva uma carta de desculpas para você mesma, por ter se colocado
para baixo com essa culpa. Se preferir, escreva uma carta pedindo perdão
a quem você precisa se desculpar. A carta não precisa ser enviada!
138
O Livro de Afrodite
Fofoquinhas entre amigos são comuns, mas nesse momento você costuma
julgar os outros? Lembre-se do tipo de comentários que mais saem da sua
boca quando você é exposta à história de alguém que não está presente.
Você apoia e manda energias de luz? Ou ridiculariza, inferiori-za e
humilha? Responda aqui com sinceridade! Cada um está passando por
uma luta pessoal, inclusive você. Seja bondosa!
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OS GANHOS SECUNDÁRIOS
Por que você não para de se sentir culpada(o)? O que você ganha, mesmo
sem ser de caso pensado, carregando essa culpa com você? Ela te faz se
sentir aceita(o) de alguma forma? Refita sobre isso aqui.
Por que você não para de julgar os outros? O que você sente que ganha
com esse tipo de julgamento?
E sobre o autojulgamento? Você faz isso? Por que não muda? O que você
ganha sendo tão exigente com você?
O Livro de Afrodite
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Cobiça,inveja e ciúme
143
No caso da inveja, ela nos cega frente ao outro, a partir das nossas
próprias idealizações. A origem etimológica da palavra já direciona o seu
significado: vem do latim in videre, que significa “não ver”. Diferente da
cobiça, que também tem suas origens latinas ( Cupiditas: desejo intenso,
ambição) e quer ter (igual) o que o outro tem, a inveja quer, além de
possuir, destruir o que é do outro, pois não aceita que ele tenha.
Algumas vezes, a inveja toma formas irônicas. Podemos ilustrar essa ideia
com relacionamentos amorosos. Por exemplo, uma pessoa inveja um
casal. Pode ser que ela seja próxima a algum dos dois. Pode ser, também,
que ela esteja solteira. “Acho que o seu relacionamento não está te
fazendo bem; você mudou. Fiquei sabendo que tem alguém interessado em
você”, diz ela. É como alguém que está esfomeado oferecer, ironicamente,
pratos de comida a quem está se alimentando, só pelo prazer de o ver
largar o prato atual.
144
O Livro de Afrodite
Nas artes, esse impulso contra o outro e em defesa do objeto amado pode
ser o clímax de histórias trágicas, como é em Otelo, o mouro de Veneza, de
William Shakespeare.
O ciúme e a inveja não escapam nem aos deuses gregos. Certa vez, a
Deusa do Amor descobriu que Psiquê, uma jovem humana, estava sendo
declarada pelos mortais como a nova Afrodite, tamanha era a sua beleza.
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145
inveja é querer
Faça uma lista das coisas pelas quais você tem julgado e ridicularizado as
pessoas ultimamente. Do lado, depois de refetir, dê um check se você sente
que no fundo, no fundo, gostaria de ter algo daquilo dentro de você.
146
O Livro de Afrodite
CIÚME É MEDO
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147
148
O Livro de Afrodite
O corpo
Para elas, é quase insuportável ter que lidar com os excessos e faltas pelos
quais eles são apontados, com os olhares que eles atraem e com a
lembrança de violências e invasões pelas quais eles já passaram ou vivem
com medo de passar.
Para amenizar esse desconforto de se identificar com esses corpos que
enxergam como sendo tão inapropriados, alguns abusam de drogas,
comida, álcool, cigarros, trabalho e exercícios, ou se privam totalmente
daquilo que lhes faria bem.
Para não se incomodar com o seu corpo, a gente poderia sugerir que você
não ligasse para ele, fingisse que ele não existe e passasse corrida pelo
espelho, ignorando o que aparece refletido nele. Mas esse não é o caminho
de Afrodite.
Afrodite quer que você se olhe, e se olhe bem fundo. Com aquele olhar que
energiza o que vê. E, a partir dessa transferência de energia, ela quer que
você reconheça que nesse corpo há beleza, que nesse corpo mora o divino.
Não é apenas sobre se conformar com o seu corpo, é sobre amar o seu
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149
corpo. Amar ser ele, se regozijar em poder existir a partir dele, cuidá-lo
com carinho, nutri-lo com prazer, reconhecer que ele é a materialização
do sagrado que é a sua existência.
Afrodite quer que você traduza os segredos que estão inscritos nele e que
veja nesse corpo aquilo que ele realmente é: um leitor de mundos, um
registro da história da humanidade, uma forma de se obter respostas, um
sistema inteligente de sustentação biológica do milagre da vida, um modo
original de existir, um hábil mensageiro, uma ferramenta de dar e de
receber prazer.
Abandone qualquer coisa que faça você pensar que o seu corpo é algo
diferente disso.
Ele não é um objeto, ele não é um aparelho a ser subjugado, nem uma
ferramenta de dominação. Ele não é a fonte do pecado, ele não é a origem
de todo o mal, ele não é um chamariz para pervertidos, ele não é um
convite para a violência e nem algo a ser possuído por alguém. Ele não é
uma matéria inútil, nem tampouco deve ter alguma utilidade. Ele não está
aberto a opiniões. Ele não tem uma forma certa de ser e nem uma forma
errada. Ele é você!
O seu corpo é a
materialização do
existir.
150
O Livro de Afrodite
O psiquiatra e escritor Bessel Van Der Kolk diz algo parecido. Em seu
best-seller O corpo guarda as marcas, ele afirma que “traumatizados só
podem se recuperar depois que se familiarizam com as sensações em seu
corpo e as tratam bem”.
Você tem olhado para o seu corpo com essa lente amorosa?
Na maioria das vezes, nós nem lembramos que temos um corpo. Você já
sentiu que estava vivendo da cabeça pra cima?
totalidade dele”.
Joseph Campbell
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151
Nessa onda em que tudo tem uma função, ou que tudo tem que funcionar
em alta capacidade, nos sentimos atraídos a dar um sentido utilitário aos
nossos corpos, ainda que inconscientemente. Compramos próteses que
ampliam as nossas capacidades e destituímos nossas funções em relação à
máquina. Próteses de beleza, próteses de potência, próteses de força e
próteses de amor.
Enquanto reforçarmos a visão utilitarista de que o corpo é algo que temos,
e não o que somos, vamos continuar pensando nele como uma compra
ruim da Black Friday que gostaríamos de devolver, e não dá; ou como
aquele carro velho que a gente tem que ficar levando para a oficina o
tempo todo com vergonha de ele não ser o carro do ano.
Nos vemos como máquinas, mas não aprendemos a usar essas máquinas
da forma correta. O modo de uso é simples: com amor. Não lemos o
manual de instrução que está nos nossos sentidos, na nossa própria
sensibilidade que nos aponta o que é bom ou não e, pelo que parece, nem
sequer nos perguntamos quem é o real proprietário. Vamos apenas
recebendo ordens de cima, que apontam qual seria a “melhor maneira”
152
O Livro de Afrodite
de operar.
Diga a verdade: você costuma ouvir o que o seu corpo tem lhe dito?
Esse modo de ver que enxerga a mente como a única capaz de gerar
experiências dignas e transformadoras faz com que sintamos cada vez
menos o corpo. O médico Wilhelm Reich, dissidente da Psicanálise, falava
que o bloqueio contra as excitações emocionais resultava em rigidez no
corpo e em falta de contato emocional, o que ele nomeou de couraça
muscular.
Funcionaria assim: uma criança que, por exemplo, não é ouvida ou que
tem sua fala invalidada por pais ou outras pessoas criaria um
enrijecimento na região da garganta que a inibiria de se manifestar em
outras ocasiões (apresentações escolares e comunicação interpessoal em
outras fases da vida). Além disso, esse enrijecimento poderia levar a
somatizações como dificuldades na fala, desconfortos na garganta e
problemas respiratórios.
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153
De que mundo o teu corpo está te alimentando? Você tem desfrutado das
texturas, sabores, aromas, sons e cores do mundo? Quando você faz os
seus trajetos de rotina, você costuma ativar os seus sentidos para absorver
as fontes de beleza do mundo? Você usa o seu corpo como uma ferramenta
de conhecer os mistérios da vida?
Nossos sentidos atestam que estamos vivos, nos trazem para o momento
presente e nos levam a perceber que existe um outro, com o qual podemos
nos comunicar e cujo toque, olhar e qualquer outra interação sensorial
podem nos lembrar de que realmente existimos.
Talvez essa seja uma sensação familiar para você! Sabe quando a gente se
sente triste, está passando por um dia difícil e recebe um abraço? A partir
daquele momento parece que todas as emoções são reorganizadas e você
se sente um pouco melhor para lidar seja lá com o que for.
O Livro de Afrodite
Além desse fator social importante que nos leva à unidade, as sensações
físicas criam a percepção que fazemos de nós mesmos. Que importância
isso tem? Simplesmente, toda. Bessel Van Der Kolk escreve: “O
Em outras palavras, o preço é não saber quem é e nem aonde quer chegar,
é a incapacidade de tomar decisões ou de criar planos e imaginar
situações prazerosas, porque você não sabe o que é sentir prazer para
você. É se sentir literalmente sem sentido(s).
ESCANEAMENTO CORPORAL
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155
perceba!
Feche os olhos e peça que alguém coloque um objeto em suas mãos. Com
os sentidos restantes (tato, olfato, audição e – talvez – paladar), tente
descobrir que objeto é esse.
O Livro de Afrodite
prazer, corpo!
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157
INTELIGÊNCIA SENSORIAL
Com o exercício anterior, você deve ter observado como o seu corpo reage
a determinadas pessoas, pensamentos e situações. Em um momento, o
coração acelera ou o nervoso aparece na barriga; no outro, você se sente
calma e entre-gue. Essa é a forma que o seu corpo tem de se comunicar
com você e te revelar muito conhecimento. Você aceita ouvir essa
inteligência ou para você “não se deve dar muita importância a ela, o
cérebro é soberano”? Você valida as suas sensações ou as desmerece, as
rebaixando ao título de
158
O Livro de Afrodite
Como você interpreta que a sua mãe se sente em relação ao corpo dela?
Essa sua impressão de como a sua mãe lida com o próprio corpo pode ter
refetido na maneira como você lida com o seu corpo?
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159
Você menstrua? Descreva como se sentiu a primeira vez que esse ciclo se
fez presente em seu corpo feminino? Quantos anos você tinha? Quais
pensamentos passaram pela sua cabeça? Quem te explicou o que estava
acontecendo, e como?
Que sensação você teve com relação a isso? Que crenças você carrega hoje
sobre a menstruação?
160
O Livro de Afrodite
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TEMPO PARA A MULHER SELVAGEM
162
O Livro de Afrodite
O TEMPLO DA DEUSA
163
Como você lida com a passagem do tempo pelo seu corpo? Com pesar?
Temendo a “terrível” Lei da Gravidade que faz os corpos tenderem para
baixo? Pensando que a vida acaba quando se chega aos 60 e que a partir
daí é a sua vez de deixar o palco e sair de cena? Ou imaginando que
quanto mais tempo você tiver, mais experiências pode acumular e
compartilhar e, assim, mais sabedoria, mais amor, mais autonomia sobre
si mesma e sobre o seu próprio corpo, prazer, desejos e formas de se
expressar e, portanto, mais histórias para viver e em melhores condições
de ser você mesma? O que você pensa sobre envelhecer?
Ela não merece prazer? Ela não merece mais desejar? Ela não merece se
sentir viva? Sentir alegria em viver nesse 164
O Livro de Afrodite
Envelhecer é a
manifestação
estética da
magnitude do tempo.
Relacionamentos
Afrodite é uma das deusas que mais teve casos amorosos de todo o panteão
grego. Hefestos, Ares, Hermes, Dionísio, Poseidon, Adônis, An-quises...
Acima dela em número de contatinhos, apenas Zeus.
Elas são símbolo de uma força inédita que vai surgir dessa combinação
entre deusas e deuses ou entre deuses e mortais.
167
Esses corpos podiam ter dois pênis, duas vaginas ou uma vagina e um
pênis, o que foi chamado posteriormente de andrógino.
O Livro de Afrodite
são transformadas”.
Carl G. Jung
Se você não é da opinião de que o outro te completa, o mito nos faz pensar
que o outro – ainda assim – tem muito a nos agregar e nos fazer crescer.
A maneira como vamos nos relacionar não surge do nada, ela vem da
infância e carrega marcas que se reencenam, senão por toda a vida, por
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169
boa parte dela. Essas marcas são a maneira como nossos pais se
relaciona-vam; a quantidade de amor que recebemos; se vimos isso como
algo bom ou sufocante, que impedia a liberdade; a segurança que a
relação deles nos passou; as crenças ligadas ao amor que construímos ao
longo de nossa educação inicial; os avanços desmedidos da parte dos
outros que foram entendidos como prazer, invasão, privação, pecado e os
muitos outros significados que podemos ter dado às situações e sensações
a que fomos expostos.
“Que fique claro para nós que, através da junção de predisposições ina-tas
e influências durante os anos de infância, todas as pessoas adquiriram
uma determinada idiossincrasia ao conduzirem a sua vida amorosa, ou
seja, daí vêm as condições que a pessoa estipula para o amor, as pulsões a
satisfazer e as metas almejadas.
Charles Bukowski
170
O Livro de Afrodite
Qual desejo infantil essa personagem reencenava em sua vida a cada vez
que fazia isso? Qual ferida a sua criança interior congelada em seu
inconsciente queria ter uma oportunidade nova de curar? Responder isso
é a chave que leva a se colocar melhor em cada novo relacionamento e
também com a visão que ela faz de si mesma.
Isso que falamos sobre padrões de repetição infantis também tem a ver
com projeções. É comum que esse conflito original se projete em
personagens e situações bem parecidas, na tentativa de reencenar e
resolver o Inspira - revistainspira.com
171
dilema. Na prática, acontece que a tentativa de salvar o pai alcoólatra, se
torna o comportamento controlador com o marido; uma pessoa se vinga
da mãe dominadora fugindo das responsabilidades familiares, como se
dissesse “ninguém vai mandar em mim”; e abandona a família por
supostamente qualquer motivo só para sentir o que seu pai sentiu quando
disse que ia comprar um cigarro e desapareceu.
Por isso, o primeiro passo para uma boa relação é: encontre as suas
projeções, e integre-as. Enquanto isso não acontece, com mais força
somos controlados por elas em um jogo de atração e repulsão extremos
que extraem nossa energia psíquica e fé na vida.
Esse é o fenômeno por trás das pessoas que ficam como que enfeitiça-das
pelo parceiro e também das pessoas que, depois de um tempo, come-172
O Livro de Afrodite
Mas quem integra aquilo que achou melhor jogar no inconsciente, não
projeta e nem mendiga amor.
O segundo passo para uma boa relação tem a ver com imagens mentais
que vem de fora, o que significa ver a grama do vizinho sempre como a
mais verde ou em acreditar na ideia de que haverá uma relação perfeita:
sem discussões, sem desentendimento, sem conversas sérias, sem discor-
dância e repleta de virtudes. Fuja da idealização!
Entenda que cada relação tem um pacto próprio, você não precisa ter uma
relação igual a de outra pessoa só porque está na moda ou porque é assim
desde que o mundo é mundo. A equação é simples: você aceita aquilo que
te faz bem, e rejeita aquilo que não te faz bem. Você é sempre o seu próprio
termômetro. Assim como o seu companheiro(a) deve ter o seu próprio, e
isso deve ser comunicado e pactuado constantemente.
Tentar parecer o que não é, é um erro que cobra suas consequências
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173
Carl G. Jung
Afrodite se relaciona com deuses, mas também com mortais. E, quando for
quebrar essas ilusões, quebre também a da estabilidade dentro de um
relacionamento. A de que tudo vai ser sempre igual e um eterno marasmo.
O Livro de Afrodite
Afrodite e Hefestos:
175
Para uma pessoa que age assim, a infância pode ter sido marcada por pais
que mandavam mensagens conflituosas para a criança: de que afeto é
uma questão de educação. Eles podiam até exigir que a criança se
mostras-se “educada”, demonstrando carinho, dando beijo ou abraçando
alguém como formas de expressar isso. Mas afeto é algo naturalmente
espontâ-neo: ou você gosta ou não gosta de algo, não tem como forçar.
Afrodite e Ares:
O Livro de Afrodite
O mito mostra que uma possível solução para essa ferida é viver com
Harmonia, como se chama a filha do casal. Como bem explica o médico
Erixímaco, na obra O Banquete, de Platão, a harmonia não é a simples
união de contrários, mas a união a partir de um acordo. É quando o grave
e o agudo concordam em fazer música, e não barulho.
Faça as pazes com você, se ame, aprenda a fazer música com as suas
polaridades e descubra que você merece ter um amor harmônico.
Afrodite e Adônis:
Quando o rei Cíniras descobriu que Esmirna estava grávida e que ele seria
o avô e também o pai da criança, teve um ataque de ira e a perseguiu
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177
com a espada até o alto de uma colina. Nessa hora, Afrodite transformou
Esmirna em uma árvore de mirra, mas o rei a cortou pela metade. Desse
corte, veio ao mundo Adônis.
O deus da guerra então envia um javali enorme para que, durante uma
caçada, o animal fira Adônis mortalmente. Quando Afrodite chega, já é
tarde demais: Adônis morre em seus braços.
Em seguida, Afrodite vai ao Hades, o lugar para onde vão as almas dos
mortos e pede que Hades, o deus dos mortos, ressuscite Adônis. Caso
contrário, ela promete acabar com o amor de todos os casais existentes no
mundo.
Zeus tem que intervir e decide que o jovem assassinado passaria um terço
do ano no submundo, outro terço com Afrodite, e no último terço, poderia
passar sozinho como melhor desejasse.
178
O Livro de Afrodite
Essa é a estrutura do amor entre nós mortais e esse mito ensina linda-
mente que a união se constrói a partir de muitas mortes interiores, mortes
da pessoa que éramos, morte da pessoa que projetávamos no outro, morte
das idealizações. Por regra, quando é amor, essas mortes acompanham
sempre a esperança de um renascimento em um plano superior.
meio mortos”.
Bertrand Russell
Sua relação com Adônis está em constante ameaça, o que lembra que no
amor não há garantias. Afrodite é flechada por Eros e se apaixona
perdidamente pelo mortal, mas Adônis não é flechado. Apesar do mito
contar que ele se encanta de imediato pela Deusa, nunca teremos a confir-
mação do tamanho e da profundidade desse apaixonamento. Quem ama
mais, quem ama menos? Não há certezas. Essa relação vem nos lembrar
que o amor humano sempre será um ato de coragem e um salto ao
mistério, a partir do qual podemos crescer como quem cai em um
trampolim.
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Afrodite e Hermes:
Hefestos, certa vez, tramou uma armadilha para pegar Afrodite e Ares no
flagra e desmoralizá-los diante de todo o Olimpo. Ele cria uma rede que os
prende durante o ato de amor e chama todos os deuses para tes-
temunharem tamanho desrespeito. Os deuses caçoam dele, e Hermes
comenta que se entregaria voluntariamente a tal vergonha se isso
significasse passar uma única noite ao lado de Afrodite.
O que o mito revela é que para se tornar um ser inteiro, total – e com isso
se livrar das armações mentais derivadas da baixa autoestima – faz-se
necessária a união entre as mentes consciente e inconsciente, entre a
razão 180
O Livro de Afrodite
e a emoção, entre o cérebro e o coração.
Quando a Afrodite interior, que é pura emoção, consegue fazer aflorar seu
lado mais racional, sem perder a essência de quem é, ela consegue olhar
para si mesma, reconhecer seus padrões, contar seus mortos e feridos,
enxergar a consequência de seus atos e fazer escolhas sem pensar apenas
no que está sentindo, mas no que vai ser prazeroso para ela, e também
respeitoso para si mesma e para o(s) outro(s) da relação.
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O ETERNO RETORNO
O Livro de Afrodite
Agora, volte o seu olhar para você. Pense: por que você se relaciona com
pessoas assim? Com essas características e comportamentos semelhantes?
Será que você não é um pouco assim também? Ou será que você está
querendo que a pessoa se encaixe em um ideal que você tem para si
mesma? Preste em atenção em você! No amor, há uma entrega, uma
união, mas o outro não é uma extensão sua.
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(DES)IDEALIZAÇÃO
1.2.3.4.5.6.7.8.
9.
10.
184
O Livro de Afrodite
185
Descreva aqui qual foi o seu primeiro crush da vida. Sabe aquele
enamoramento que a gente tem quando criança?
Agora responda: é possível que você esteja buscando alguém com esses
traços como parceiro? Se não, responda à seguinte pergunta: O que eu
gosto ou costumo procurar no meu parceiro(a)/ crush? Trace o perfl de
características marcantes.
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O Livro de Afrodite
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187
ESPELHO DA ALMA
Dizem que somos uma média das cinco pessoas com as quais passamos a
maior parte do tempo. Diga-me com quem andas e te direi quem és. Anote
o nome das cinco pessoas com quem você mais convive. Se você for do tipo
mais solitária, o que é normal também, serve colocar o 188
O Livro de Afrodite
Inspira - revistainspira.com
189
O que você faz para conseguir ser amada? Em que recursos você investe?
Sucesso, beleza, dinheiro, poder, popularidade, simpatia, autoanulação (do
tipo ser quem a pessoa quer que você seja)...
Você sustenta relacionamentos com pessoas que não tem tanto interesse
assim em você? Você mendiga afeto? Isso já aconteceu antes? Acontece
agora? Descreva como é e como você se sentiu ou se sente. Mas a
principal pergunta é: por que você está querendo provar que pode ser
amada?
Você se considera uma pessoa “difícil de gostar”? Se a sua resposta for
afrmativa. Tente lembrar: qual situação do passado lhe fez acreditar que
você era difícil demais para ser amada(o)?
190
O Livro de Afrodite
Você tem, hoje, alguém que apoia seus sonhos, te serve de inspiração,
orientação e apoio? O que essa pessoa costuma fazer que te deixa
motivada?
Se você não tem uma pessoa assim, precisaremos criar e fortalecer essa
fgura dentro de você. Você deve ser a sua própria vision carrier. Como
fazer isso? São cinco coisas a se fazer: ver beleza nas suas ideias por mais
estranhas que pareçam e escrever isso em um lugar para lembrar depois o
quão belas elas já foram para você no momento do entusiasmo; gratidão
pelo que já conquistou para se manter frme no caminho, fcar no seu pé
para trazer seu projeto ao mundo (planejamento e disciplina); cercar-se de
beleza e inspiração, permitir-se o descanso e o deleite.
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191
Vamos começar com o segundo passo para fortalecer a sua vision carrier
interna. Agradeça por três coisas que você já conquistou na sua vida, por
mais óbvias que pareçam.
192
O Livro de Afrodite
afeta
Talvez seja por isso que o discurso do homem civilizado sempre classificou
nossas emoções – e as suas expressões – como animalescas, selva-gens e
infundadas diante do projeto de um indivíduo civilizado. Em nome da
sustentação da unidade e da coesão de grupos cada vez maiores, a
sociedade, o instinto foi intensamente reprimido e a vida emocional como
um todo ficou sem lugar, se acumulando entre as paredes do inconsciente
e, à espreita, aguardando a hora de explodir com violência.
193
Essa visão inibe a vivência natural das emoções à medida que ninguém
quer ser classificado como fraco, descontrolado ou maluco. E, assim,
vamos nos acostumando a camuflar os sentimentos, e nos treinando a
sentir menos. Vamos sufocando a Afrodite interior. Aquela que tem as
emoções como guia e as sensações como instrumento de conhecimento.
Mas será que isso funciona? E, se funciona, até quando?
“Somos feitos de
viver como se
fôssemos de ferro”.
Sigmund Freud
Nos esquecemos que as emoções não são uma doença ou um estado
inferior do ser, elas representam funções dentro do nosso existir. Segundo
Darwin, o objetivo fundamental das emoções é o de iniciar um movimento
que leve o organismo de volta à segurança e ao equilíbrio físico.
Sabe aquela invejinha que você sente da sua amiga, por ela estar se dando
bem na vida e você estar na mesma? Do ponto de vista dos gregos, isso é
uma força que põe em movimento. Essa inveja te obriga a olhar para si
mesma e ver seus próprios desejos. Essa é a sua função!
194
O Livro de Afrodite
Você pode ainda estar lendo tudo isso e pensando: “Está bem, mas se eu
tiver uma explosão de raiva, chutar o pau da barraca e jogar a merda toda
no ventilador, vou ter sérios problemas”. E a gente só pode concordar com
você!
Mas isso só acontece quando você está num ciclo de ser serva das suas
emoções, e não a mestra delas. É justamente o que acontece quando você
vai varrendo as emoções para debaixo do tapete, uma hora a sujeira sai
pelos cantos. Quando isso acontece, normalmente, as emoções já tinham
dados seus sinais há muito tempo, e tinham sido ignoradas toda vez.
A desconexão com o sentir é tão real, que nós nem nos lembramos de ter
sentido nada disso. Emoções, sentimentos e sensações sutis vêm e vão, e
passam despercebidas, sem que o destinatário – você – pegue a mensagem.
Pode acontecer também de você ter captado a mensagem, mas ainda assim
não ter validado seus sentimentos. O que quer dizer que você não
expressou como estava se sentindo, não se posicionou, nem comunicou
seus reais interesses. Os motivos podem ter sido vergonha, medo de re-
taliações, temor do abandono, sentimento de inferioridade, pudor, baixa
autoestima, orgulho ou qualquer outro.
Falar sobre elas, então, está fora de cogitação, de acordo com o que
aprendemos.
A gente pensa que precisa ser perfeito e que isso significa não sentir
Inspira - revistainspira.com
195
dor, não ter nenhuma vulnerabilidade, ser gentil com todo mundo, estar
sempre com um sorriso no rosto e com fé na vida. Mas o ser humano não
foi feito para ser perfeito, ele foi feito para ser inteiro, pleno. E isso
implica em viver todas as emoções, aceitá-las, integrá-las e saber a hora
certa e o meio mais consciente de usá-las.
“bom cristão”, pois o próprio Jesus Cristo soube fazer isso. O autor narra
a passagem da Bíblia que conta de quando Jesus expulsou os cambistas do
Templo, por esses estarem profanando um local que lhe era sagrado. Desse
jeito, a raiva desencadeia também uma reação saudável em “situações na
vida que começam a se tornar intoleráveis para nosso espírito”.
totalidade”.
Carl G. Jung
Outro motivo possível para você não ter expressado as suas emoções é que
esse é um assunto pouco presente na maioria das formas de educar.
Ele é tão ausente, que nos falta até vocabulário para identificar e
reconhecer o que está se passando dentro de nós.
196
O Livro de Afrodite
que seja.
sem reclamação.
determinado.
novo.
vai acontecer.
Apatia/indiferença: insensibili-
Inspira - revistainspira.com
197
de estagnação.
tudes.
alguma patologia.
ação adversa.
Competitividade: sentimento de
dores.
198
O Livro de Afrodite
bendo desaprovação.
perseguido. Provoca o sentimento
de incapacidade.
berto.
to e reverência.
lor”.
fazer escolhas.
destruindo o outro.
ato criativo.
com fé.
horror.
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199
mos ou que acreditamos ser; surge ficará bem, mesmo que nada dê si-da
consciência de uma ameaça real
nal disso.
ou imaginária.
mento.
briga.
todas as pessoas.
mal.
200
O Livro de Afrodite
enfado.
Tranquilidade: a consciência de
Ausência de perturbações.
atendê-la, amistosidade.
to do desejo.
sentido.
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201
O QUE ME AFETA?
Escolha uma ou duas das emoções que estão mais presentes no seu dia a
dia. Em quais momentos e como elas se manifestam?
Quais são as emoções que você mais sente falta ou gostaria de sentir?
Quando elas lhes faltam? Como você poderia incluí-las no seu cotidiano?
202
O Livro de Afrodite
203
A beleza
a um fim, ela é
livre e viva”.
Immanuel Kant
205
Só pode estar querendo dinheiro” ou, ainda, a clássica “Beleza não põe
mesa”, que acusa o belo de ser uma inutilidade de gente que não tem nada
na cabeça. Que atire a primeira pedra quem nunca ouviu (ou emitiu) ao
menos um desses comentários!
Existe também o efeito rebote dessa crença na beleza como fonte de todo o
mal. Há quem enxergue, por exemplo, que aquilo que é belo está acima de
qualquer suspeita. Nesse delírio, esse tipo de pessoa se deixa levar por uma
aparência simpática aos piores infernos.
Mas se engana quem pensa que vamos advogar aqui sobre se matar na
academia para ter o peso “correto”, estourar o cartão de crédito com
cosméticos caros ou deixar um rim no consultório de algum dentista para
pagar o sorriso de lente perfeito. A gente já adianta: para Afrodite, beleza
não tem nada a ver com isso.
O Livro de Afrodite
Alguma vez na sua vida, você já teve aquela experiência que as pessoas
com a sensibilidade aguçada têm de se sentir toda arrepiada ou muito
emocionada ao, por exemplo, ouvir uma música? Isso se chama
“abertura”, um típico sintoma da beleza despertando a alma. Isso é
Afrodite.
Inspira - revistainspira.com
207
Em 1817, o escritor francês Stendhal descreveu a experiência extática que
viveu em uma viagem que fez à Florença, na Itália: “Eu caí numa espécie
de êxtase ao pensar na ideia de estar em Florença, próximo aos grandes
homens cujos túmulos eu tinha visto. Absorto na contemplação da beleza
sublime... Cheguei ao ponto em que uma pessoa enfrenta sensações
celestiais... Tudo falava tão vividamente à minha alma... Ah, se eu tão-
somente pudesse esquecer. Eu senti palpitações no coração, o que em
Berlim chamam de ‘nervos’. A vida foi sugada de mim. Eu caminhava
com medo de cair”.
“Fazemo-nos semelhantes ao
que contemplamos”.
Aforismo grego
Isso porque ela espelha uma estrutura que nos tira da normalidade. E é
por isso que beleza importa.
E ela não importa por ser condição para alguma outra coisa. Ela importa
porque ela dá sentido à vida, ela é um impulso da alma em sua tendência a
se sentir organizada e íntegra. Por ser um impulso da alma, o desejo de
beleza é inerente ao humano, como um caminho de volta para casa. Ou
você conhece alguém que optou por viver em um ambiente feio para se
satisfazer? Isso não acontece!
208
O Livro de Afrodite
Se expor à beleza é se entregar a um fenômeno de simetria, equilíbrio e
harmonia. Essas são características das coisas bonitas. Em contato com
elas nos lembramos de que, se conseguimos harmonizar fora, conseguimos
também harmonizar dentro. É como diz a Lei da Correspondência, um dos
sete princípios a filosofia hermética, ensinada somente aos altos iniciados
da escola de mistérios do Antigo Egito: “O que está dentro é como o que
está fora”.
José Saramago
Às vezes, o caminho pode ser de fora para dentro também. O filósofo Sri
Ram dizia que a evolução nada mais é do que a depuração do gosto.
Você seleciona bem aquilo que os seus sentidos consomem? Aquilo que
tem beleza sempre vai nos fornecer esse centro de sustentação interno.
Assim vemos que a beleza não é uma coisa supérflua, fútil, inútil ou
antipraticidade. A beleza é um valor a ser cultivado, jamais negligenciado.
e compre um lírio”.
Confúcio
209
encontramos em um deserto espiritual.
Como Freud mesmo escreveu: “Essa atitude estética para com o objetivo
da vida não oferece muita proteção contra a ameaça de sofrer, mas
compensa muitas coisas”.
Fiódor Dostoiévski
210
O Livro de Afrodite
VIVENDO A BELEZA
Você tem olhos para enxergar a beleza na vida? Ou enxerga só aquilo que
é feio, assimétrico, disforme e desarmôni-co? Onde você foca?
Quais dessas ferramentas você pode tentar para começar a treinar o seu
olhar para a beleza?
Praticar a contemplação.
Contato com
Experimentar o novo.
a natureza.
Exercitar a (re)interpre-
tação do cotidiano.
Fotografar.
Jardinagem.
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211
1.
6.
2.
7.
3.
8.
4.
9.
5.
10.
212
O Livro de Afrodite
TREINANDO O OLHAR
1.
2.
3.
4.
5.
Abaixo escreva o nome de três pessoas que você convive bastante e ao lado
de cada nome faça o exercício de encontrar onde há beleza nessa pessoa.
Se observe por uma semana. Por fm, escreva aqui uma coisa que você
encontrou em você que é fonte de grande beleza (pode ser no seu corpo, na
sua personalidade, na sua voz ou nos seus comportamentos).
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213
Reencantamento com o
mundo
215
de obra artística para quem os vê pela primeira vez: o velho como novo.
Monja Coen
216
O Livro de Afrodite
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217
A sua Afrodite te ensina a olhar mais uma vez: será que vi tudo direito?
Devemos treinar o nosso olhar para não ver apenas o estético, mas a alma
das coisas. É isso que faz elevar o nosso cotidiano ordinário à categoria de
arte – em que os artistas somos nós. Se o mundo é um palco, como disse
William Shakespeare, revezamos entre o papel de ator e de diretor: há
sempre a possibilidade de escolha dentro do inevitável do dia a dia.
TUDO NA VIDA É
MISTÉRIO.
218
O Livro de Afrodite
ESTEJA AQUI
Exercício da Presença
Só escreva o seu nome e observe. Só esteja aqui neste momento. É isso:
apenas seja!
Sabores:
Cheiros:
Toques:
Texturas:
Temperaturas:
Sons:
Cores:
Imagens:
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219
Afrodite nos lembra que os sentidos são o maior presente recebido pelo ser
humano. É através deles que conseguimos apreender o mundo, o outro e,
principalmente, a nós mesmos. Os sentidos são mecanismos avançados
para você medir o que é melhor para você e ajustar seus movimentos aos
seus verdadeiros gostos e, assim, poder alcançar a plenitude da vida: a de
ser você mesma e sentir prazer nisso.
Sinta com os seus próprios sentidos, experimente o mundo conforme as
suas próprias experiências e não com os relatos de amargura, as regras e
crenças extraídas das experiências alheias. Assim, você vai ver que tem
muita coisa encantadora acontecendo.
Escreva suas top 3 sensações favoritas. Ex.: cheiro de pão saindo do forno,
toque da água do mar lambendo o seu corpo, ver o sol aparecer depois de
dias chuvosos.
O Livro de Afrodite
portante. Fazer as pazes com ela é fazer as pazes com a vida como um
todo. Escreva 5 coisas que não podem ser explicadas, apenas sentidas.
Aquele tipo de coisa que só quem viveu sabe...(Ex.: o bolo de fubá da sua
avó, tomar banho com meia, um beijo apaixonado, perder um ente
querido).
1.2.3.4.5.
Imagine! Depois volte aqui e conte como você se sentiu nessa visualização,
sem procurar explicações ou argumentos que autorizem os seus desejos.
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221
Autoestima
A Deusa Afrodite era magnética: por onde passava, além de fazer brotar
lindas flores, atraía os olhares de todos – dos deuses e dos mortais. As
cenas de filmes hollywoodianos, em que a protagonista anda em câmera
lenta, e parece que o mundo para ao seu redor, representam imagetica-
mente esse poder atrativo da Deusa.
Afrodite sempre conseguia tudo o que queria. E como ela fazia isso?
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223
“Quando eu me aceito, eu me
Steve Maraboli
Quando falamos em amor-próprio, não estamos aqui nos referindo
exclusivamente à porção narcísica embrionária. E sim a virtudes e
qualidades voltadas ao bem-estar que devem estar ativas na pessoa para
que ela possa desenvolver suas potencialidades, com dignidade e respeito a
si. O amor-
O Livro de Afrodite
225
você mesma”.
Coco Chanel
Afinal, enquanto você se disfarça do que você não é para obter aprovação
dos outros, você se enfraquece. Perde-se muito tempo e energia simu-226
O Livro de Afrodite
e viver segundo as
consequências dessas
escolhas”.
Jean-Paul Sartre
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227
“AJUSTO-ME A MIM,
NÃO AO MUNDO”.
Anaïs Nin
Pode ser que essa determinação cause espanto a quem está próximo.
Temos um exemplo clássico na literatura: Madame Bovary, uma
personagem que toma suas próprias decisões sozinha. Se isso hoje é um
desafio, imagine para o século XIX, época em que a obra foi publicada. O
autor Gustave Flaubert chegou a receber processos da parte dos leitores,
por esses não aceitarem a atitude tida como “libertina” de Madame
Bovary.
Ryane Leão
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A CRENÇA DO VALOR
O Livro de Afrodite
Escreva sobre algumas das vezes em que você deixou de fazer/ser algo que
queria ou mais conectado com o que você pensa ou sente em nome de
outras pessoas, como para evitar o desconforto, julgamento ou se sentir
aceita...
que você faz quando quer que as pessoas gostem de você e elas não
gostam? Qual é o sentimento? Escreva sobre a última vez que isso
aconteceu e sobre como você se sentiu e como lidou com a situação.
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231
232
O Livro de Afrodite
SÓ VOCÊ
Relembre a última vez que você fez algo sozinha, sem companhias, tipo ir
ao cinema ou comer. Como você se sentiu?
Escreva 5 qualidades suas que não tem a ver com as suas funções no
trabalho nem seu papel social na família.
1.
2.
3.
4.
5.
233
que você sente orgulho de ter.
1.
2.
3.
4.
5.
Consigo recusar um trabalho para o qual eu fui indicado, mas que não
tem nada a ver comigo.
Quando vou vestir uma roupa, nunca penso no que vão achar de mim.
Se eu sei o que quero, num restaurante por exemplo, nunca fnjo estar
indecisa com medo de que a minha opinião pareça autoritarismo ou falta
de educação.
Sair para lugares que não gosto, com pessoas que me desagradam, não é
para mim. Rejeito o convite!
A vida que você leva é boa para você, para uma versão sua de tempos atrás
ou para os outros?
234
O Livro de Afrodite
Qual foi a última vez que você fez uma coisa pela primeira vez? Como você
se sentiu? A experimentação é da ordem de Afrodite.
“não” para colocar limites, mas e sobre o dizer “sim” para se abrir para a
vida e para conhecer novas partes de você?
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235
Crie uma lista do “se joga”. Quais experiências você tem muita
curiosidade de viver, mas, por um motivo ou outro, vive se colocando
barreiras, desculpas, julgamentos e empecilhos? A gente começa e você
continua, ok? Quem sabe isso funciona como um incentivo para você se
permitir mais. Vamos viver tudo o que há pra viver? Ex.: ir conhecer a
cerimônia de alguma religião diferente da sua, embarcar em uma
excursão de fnal de semana, subir um dos picos da sua cidade, ir a um
festival de música, comer uma fruta exótica e desconhecida todo mês.
236
O Livro de Afrodite
A VOZ INVALIDADA
Você consegue ser você mesma na maioria das suas relações? Em alguma
relação você se sente tolhida, com vergonha de falar sobre o que pensa e
de se expressar como realmente é? Como é essa relação? Que parte de
você ainda se esconde?
O que você faz que silencia a sua voz interior? Exemplo: dizer sim quando
quer dizer não, tentar agradar todo mundo e esquecer de si mesma, não se
perguntar sobre seus verdadeiros desejos: “O que eu quero fazer?”, não
respeitar os seus limites e deixar que todo mundo o ultrapasse, guiar-se
pela bússola de outras pessoas (Ex.: “Porque Fulana disse que isso é coisa
de gente desocupada”, “Sicrano disse que isso é a coisa errada a se
fazer”), pensar que seus desejos são loucurinhas (acredite! Muita gente
pensa isso e ninguém quer ser louco. Resultado: milhões de ideias geniais,
que nunca existirão na prática).
237
Por que esse flme é bom ou ruim? O que esse flme me fez pensar? Não
pergunte nada a ninguém e nem busque resenhas em blogs ou no
YouTube, nesse momento, só a sua refexão é que vale. Esse exercício te
ajuda a reconquistar o contato com o poder sobre a sua própria vida, te faz
se enxergar como uma autoridade em si mesmo, o que é uma ferramenta
para quebrar com dezenas de comportamentos que tem origem em ideias
consideradas verdades absolutas; e desperta os mecanismos de
autoexpressão. Enquanto você faz essa atividade, fque com esse mantra:
“Não existem donos da verdade”.
238
O Livro de Afrodite
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239
EXERCÍCIO DO ESPELHO
Procure um espelho e faça essa busca agora mesmo! Quando você se olha
no espelho você consegue se ver para além da sua aparência? Você é o que
além da opinião estética (bela/feia, gorda/magra, alta/baixa)?
240
O Livro de Afrodite
“Não ter mais confiança no corpo é perder confiança em si próprio”..
Simone de Beauvoir
Agora, olha bem no fundo dos seus olhos (Aliás, perceba: de que cor eles
são? Qual é o formato deles? Quando a luz bate neles, eles mudam de
cor?), repita: “eu te amo”.
Se quiser, pode acrescentar outras frases de amor e apoio que você sempre
precisou que alguém dissesse a você.
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241
Me olhei no espelho e me
repleto de amor.
Cuidei do meu corpo.
timentos e limites.
culpa.
“Você é uma das melhores (sua profssão ou hobby aqui) que eu conheço”:
“Muito obrigada por ter feito isso. Foi muito importante pra mim”:
“Conversar com você é muito bom, você é uma pessoa inteligente que
sempre me abre a novas perspectivas”.
242
O Livro de Afrodite
AUTOAMOR
Se você viu que dá para aceitar o seu corpo, vamos agora passar para a
outra fase: você pode aceitar aquilo que considera seus defeitos de
comportamento, aquilo em que se sente insufciente, aquela sua inabilidade
em determinada atividade, as formas de você se expressar para o mundo,
as suas ideias “mais loucas”? Pode aceitar que às vezes você é mesmo
assim, e não de outra forma... e não da forma que seria mais aceitável,
“correta” ou fácil?
Você gosta da sua própria companhia? Como você se sente com o silêncio?
O silêncio te incomoda? Você é a pessoa que sempre tenta preencher os
espaços daquele silêncio constrangedor durante as conversas?
as próprias projeções.
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243
Escreva uma carta de amor para a pessoa que sempre es-teve e sempre
estará com você: você mesma! Elogie seus pontos fortes, a motive, traga
palavras de inspiração e faça o compromisso de nunca abandoná-la.
244
O Livro de Afrodite
Criatividade:
a ação da imaginação
245
pensamento criativo.
apaixonadamente curioso”.
Albert Einstein
Juntos, Afrodite e Hefesto não tiveram filhos, mas criaram obras potentes
e encantadoras, capazes de alterar a história do mundo, como Pan-dora, a
primeira mulher. Essa história revela a capacidade humana de criar, se
equiparando à natureza. Ela mostra que o ato criativo não precisa ser
somente biológico, mas pode surgir também de uma vontade que se
mobiliza por meio da sensibilidade (Afrodite) e do fazer (Hefesto).
Ao não encontrar na ilha uma mulher com tamanha beleza, Afrodite deu
vida à escultura. É a força da inspiração – que no nome carrega o sopro
da vida – fertilizando.
246
O Livro de Afrodite
Mas por que essa necessidade criativa move a humanidade? O poeta
Ferreira Gullar condensou a resposta em uma frase: “A arte existe porque
a vida não basta”. É do humano transcender à natureza e cocriar a
existência. No mito de Pigmaleão, não é apenas a estátua que ganha vida.
Ele mesmo se reconecta com a vida a partir da escultura de marfim que
cria. A arte lhe despertou a potência de amar que estava adormecida
dentro dele.
se sente, se percebe”.
Viviane Mosé
Essa é mais uma prova de como o arquétipo da beleza e do amor pode ser
colocado em nossa vida prática, gerando novos mundos e novas vidas.
247
no cotidiano.
Walt Disney
Mas por algum motivo, parece que estamos imaginando menos. Como se
todas as imagens possíveis já estivessem dadas, como se nada de novo
pudesse ser criado, como se o mundo já estivesse saturado de artistas e de
inventores e como se o ato de imaginar não fosse útil para nada. Imaginar
seria coisa de crianças e de drogados. Você já deve ter ouvido isso. Acaso
essas pessoas não consomem filmes, seriados, novela, música ou
literatura? De onde eles acham que surgiu tudo isso? Da mente de um
computa-dor ou caiu de uma árvore?
248
O Livro de Afrodite
“É impossível enfrentar a
Se, nos dias de hoje, a capacidade imaginativa se esvai nas telas digitais e
é jogada para fora da ribalta pelo pensamento utilitarista, nos dias de
ontem a imaginação era o que constituía o mundo. Há mais de quatro mil
anos, a filosofia de Hermes Trismegisto ensinava, dentro das sete leis
herméticas, o mentalismo: “O Todo é mental. O universo é mental”. Tudo
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249
ou da compaixão”.
Simone de Beauvoir
O Livro de Afrodite
Antes de nascer, toda atividade criativa inicia com uma ideia. Depois, essa
ideia passa pelo período de incubação, em que ela é analisada em di-versos
ângulos. A inspiração é o estalo que liga partes dos conhecimentos já
existentes (por isso, a importância de ampliar o catálogo de referências).
Oscar Wilde
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251
fundamental para a
expressão humana”.
Phylicia Rashad
252
O Livro de Afrodite
Você acha que lida com os obstáculos e desafos que lhe aparecem com
uma postura criativa? Tente encontrar isso em sua história!
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253
de sol na sombra?”.
Benjamin Franklin
254
O Livro de Afrodite
CRIATIVIDADE SE CRIA
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255
256
O Livro de Afrodite
Riso:
Ela era apaixonada pelo riso, pelo sorriso e por toda sensação de bem-
estar e de leveza causada pela elevação do humor. A Deusa do Amor era
conhecida como philommeides, “aquela que ama o riso”.
Com um olhar atento aos momentos de prazer, talvez seja fácil justifi-car
mais esse atributo da Deusa. Todas as vezes em que estamos inseridos em
situações de prazer, o nosso corpo responde com risos e sorrisos.
Essa é uma linguagem que nos acompanha desde a tenra idade. Um bebê
ri e sorri com muita facilidade. Quando ficamos mais velhos, porém, essa
leveza da criança de abrir uma gargalhada para todas as coisas pode
parecer boba – ou, pelo menos, é isso que os padrões sociais fazem
acreditar.
Nome da Rosa. Ambientado numa abadia cristã do século XIV, uma das
perspectivas filosóficas do romance histórico é acerca do riso. Para
orientar a censura ao riso na abadia, uma das personagens toma como
emba-samento o segundo livro da Poética, de Aristóteles, considerado
perdido.
257
Encarar com leveza a vida é uma mudança de perspectiva: afinal, por que
a vida não pode ser fácil e prazerosa? A penosa jornada herói enaltecida
pela sociedade, cheia de reveses e aflições, que determina a posição da
mulher como heroína e do homem como herói, pode ser transformada pela
leveza das gargalhadas durante o trajeto.
258
O Livro de Afrodite
Qual foi a última vez que você deu boas gargalhadas? Foi sobre o quê?
Como seu corpo reagiu na hora? E qual foi a sensação depois? O que
motivou essas gargalhadas pode dizer algo sobre você mesma, que talvez
você nem tenha percebido ainda!
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259
PRIMEIROS SOCORROS
Leia esta página quando estiver precisando rir: liste aqui as 5 coisas que
mais de fazem chorar de rir. (Exemplos: uma foto em que eu apareço
muito engraçada, uma amiga que me mata de rir, determinada página de
memes em uma rede social, um flme ou série específcos, uma esquete de
comédia, uma lembrança de algo cômico que me aconteceu).
Pela lista anterior, deu para ter uma média do seu tipo de humor. Compare
uma coisa com a outra e escreva o que elas têm em comum. O que te faz
rir diz tanto sobre você!
260
O Livro de Afrodite
RIR É TERAPÊUTICO
A FERIDA DA HEROÍNA
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261
Afrodite e a riqueza
Todas essas coisas podem realmente acontecer quando não sabemos nos
conectar de maneira saudável com a força de Afrodite. O que a bem da
verdade é o que mais acontece.
263
seria a do subtrair. Ela pensa em termos de somar e multiplicar. A Deusa
do Prazer é também a Deusa da Riqueza e do Dinheiro.
264
O Livro de Afrodite
A forma como tratamos a nossa vida sexual é a mesma com que tratamos
de questões financeiras, e vice-versa. Percebeu como uma coisa está
conectada à outra?
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265
ANALISANDO CONEXÕES
Vamos fazer um exercício? Repita em voz alta: “Eu gosto de riqueza”. Foi
difícil? Escreva aqui qual foi o primeiro pensamento que passou pela sua
cabeça. Mas lembre-se: você prometeu sinceridade!
Como você descreveria a sua vida sexual? O que você sente a respeito do
tema sexo? Que pensamentos vêm à sua mente. Culpa, vergonha e outros
do tipo? Êxtase e leveza?
Como você descreveria a sua vida fnanceira? Que sentimentos você tem
quando vai gastar dinheiro ou fazer uma compra?
266
O Livro de Afrodite
O PODER DA CONTEMPLAÇÃO
Responda aqui: você aprecia de verdade aquilo que você já tem/é? Você
realmente tira um tempo para contemplar, admirar, valorizar e agradecer
à abundância que um dia você desejou (ou não) e que hoje faz parte da
sua vida?
A contemplação é o remédio para o consumismo sem propósito que vem da
ira de Afrodite por ser invisibilizada.
A essa altura você já deve ter compreendido que se você quiser lidar
melhor com questões como riqueza e abundância, você deve voltar ao
capítulo sobre o prazer e a sexualidade.
Assim como os corpos se unem em prazer para criar uma nova vida, todas
as tarefas de multiplicação e geração devem seguir o mesmo caminho. A
riqueza acontece quando a mente está mais desligada e é a intuição que
age, no mesmo instinto dos corpos que se amam sem seguir nenhum
script. Não existe prazer sob (tentativa de) controle, e nem sob uma mente
controladora.
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267
Afrodite e os sonhos
“Sem o sonho, não teríamos achado motivo para uma divisão do mundo”.
269
Acreditava-se que adormecer e sonhar ali faria com que a cura aparecesse
na atividade onírica, o que mobilizaria das profundezas do homem suas
próprias capacidades de recuperação.
“O que para seus antecessores parecia um labirinto confuso sem saída 270
O Livro de Afrodite
271
Assim, busque a primeira imagem que você lembra e tente seguir o fio que
te aprofunda na narrativa do sonho. Deixe que as lembranças te guiem e
não faça esforço para focar só num detalhe ou num momento específico,
que talvez tenha esquecido. Continue percorrendo a direção do fio onírico
aonde sua memória leva, até o fim.
Após isso, se você fez alguma anotação durante a noite, complemente com
o que acabou de lembrar. Se não anotou nada, pegue o bloco de ano-
tações e escreva as lembranças que você teve.
Cenário:
Personagens:
272
O Livro de Afrodite
O que você acha que essa reunião de elementos comunica sobre você e
para você, e sobre esse momento da sua vida?
FEITOS OS SONHOS”.
William Shakespeare
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273
A deusa alquímica
Mesmo assim, com essas duas horas cósmicas que nos restaram, gera-mos
um impacto imenso na natureza que nos cerca. Dominamos o fogo,
domesticamos os animais, sobrevivemos a eles, inventamos uma forma de
nos comunicarmos por meio da linguagem, criamos narrativas e pensamos
em nossa finitude. Fizemos a natureza se curvar às nossas vontades e
inventamos a agricultura, formamos cidades, criamos a escrita, institu-
cionalizamos um sistema de trocas e até um sistema de crenças. Um não,
vários. E fizemos guerras em nome deles.
Por onde o homo sapiens pisou, deixou sua marca de criação e também de
destruição: a extinção dos neandertais, da megafauna australiana e ame-
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275
Embora alguém possa dizer que ainda temos muito o que melhorar,
ninguém pode desmerecer a nossa inegável capacidade de transformar.
Ainda assim, muitos de nós nos esquecemos dessa grandiosa aptidão que
nos trouxe até aqui. Nos sentimos incapazes de transformar até mesmo
alguns de nossos hábitos mais simples. Vemos as grandes narrativas épicas
e as páginas dos livros de história, e nos questionamos se seriamos capazes
de construir coisas tão grandiosas quanto uma pirâmide, uma revolução,
um boicote ou um discurso capaz de unir um povo em uma só direção.
276
O Livro de Afrodite
Cabeça de Warka. Suméria. c. 3200 a.C.
Máscara de mármore representando cabeça da Grande Deusa suméria
Inanna. Uma das primeiras representações de rosto humano da história da
humanidade. Alguns dizem que seus olhos eram incrustados de lápis-
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277
Quando ativado, ele é capaz de romper a casca que nos limita e que nos
engessa na crença de que não temos opções e de que, portanto, estamos
condenados a um único e pobre destino. O aspecto transformativo eleva o
véu das ilusões que nos mantém cativos a convenções das normas sociais e
da vida razoável.
O Livro de Afrodite
Mas como posso aceitar e até amar aquilo que considero feio em mim, os
meus defeitos, aquilo que me bloqueia, aquele sentimento de inferioridade
ou de insuficiência, aquilo que a meu ver está errado? Bem, por que você
não aceitaria? Será que você não está se olhando com os olhos dos outros?
Pensando em si mesmo a partir do que se espera de você e não do que você
é? Muitas vezes, não conseguimos nos aceitar porque há inter-nalizada
uma voz externa que nos diz que deveríamos ser de outro jeito, fazer outra
coisa ou estar em outro lugar. Pare de dar poder a essas vozes!
Entenda que você precisa acolher com amor essa versão antiga de você,
tapar os buracos com autogentileza, autocompaixão e autoamor.
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279
ALQUIMIA INTERIOR
Faça uma lista das coisas que você gostaria de poder mudar em você para
se sentir melhor. Em seguida, na outra coluna, encontre um eufemismo,
uma maneira mais agradável de enxergar essa mesma coisa. Isso é olhar
com amor para si mesma! Quando você vê uma característica sua como
algo positivo, e não como um demônio a ser exorci-zado, você começa a
procurar com mais gosto formas de incrementar essa sua característica
inerente, desenvolvê-
Exemplo:
O Livro de Afrodite
Faça uma pequena lista das coisas, pessoas e situações externas a você,
que gostaria de poder transformar. Ao lado, tente encontrar e escreva pelo
menos alguma coisa que isso tenha de positivo.
Salário pequeno -> tem pagado coisas preciosas para mim que vão me
levar a uma próxima etapa mais à frente.
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281
282
O Livro de Afrodite
A princípio, esse exercício pode parecer um tipo de delírio sobre fazer vista
grossa para o que há de ruim no mundo, e o seu lado mental
provavelmente reagiu a isso sob este argumento. Algumas pessoas podem
debo-char dessa atitude, chamando-a de “Poliana” demais ou mesmo
alienada.
Charles Dickens
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283
284
O Livro de Afrodite
bRINDE exclusivo
Mapa Alquímico
de Afrodite
Para transformar e conceber qualquer coisa na sua vida A analista Jean
Shinoda Bolen organizou essa força para a mudança do arquétipo de
Afrodite em um processo de cinco etapas que, se acontecem num plano
puramente físico entre mulher e homem, geram um bebê e, se utilizada
como um projeto criativo faz nascer vida nova em qualquer área que você
queira transformar. São elas: atração, união, fertilização, incubação e
nascimento do novo.
Fazer nascer: parir não é um trabalho fácil, mas é sagrado. Comece pre-
enchendo o quadro pela última etapa e pense com consciência sobre o que
você quer trazer ao mundo. Seja específica com as suas escolhas, mas
tenha em mente às surpresas do fluir da vida. Nenhuma mãe conhece seu
filho antes de ele vir ao mundo.
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Atrair: responda o que te atrai à ideia de querer gerar essa nova vida. Em
que você esbarrou que te atravessou a ponto de querer gerar algo novo?
que você vai precisar unir? É preciso combinar o melhor de dois mundos!
Fertilizar: como você pode tornar esse terreno cultivável? Como nutri-lo
para que ele dê o fruto esperado? Quais movimentos de adubar a terra
você precisa fazer?
Incubar: você está quase lá! Mas é aqui que tudo fica mais intenso. A vida
já está em você e precisa de mais cuidado para que ela possa vigorar.
286
O Livro de Afrodite
continuou ela. —
chegar ao Nascimento?”.
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287
MAPA ALQUÍMICO
Atração
União
Fertilização
MAPA ALQUÍMICO
de AFRODITE
Incubação
Nova vida
Agora, a pergunta que deve ser feita é: entre todos os temas, qual já sinto
que está em curso de transformação em minha vida?
Quando a sua meta está fluindo em seu dia, quase que automaticamente,
ela já virou um hábito. Isso, claro, leva mais do que os conhecidos 21
dias. Alguns autores discutem que a média é de 2 meses para o cérebro se
reorganizar e se habituar à nova prática. Somente depois do
desenvolvimento do primeiro hábito, passe para outro tema que a sua
Afrodite quer explorar no seu dia a dia.
290
O Livro de Afrodite
GUARDIÃO
DA META
Minha meta é:
ações:
quando:
recompensas:
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291
bRINDE exclusivo
A Jornada de Psiquê
Mas você precisa viver um grande amor para integrar isso em você? Não
é bem assim. O conto fala por meio de símbolos e cabe a nós interpretá-
los.
O que acontece é uma união, que no plano físico fala de um casal que
quer fcar junto, e no plano mental trata do mesmo encontro, mas
funciona de outra forma. Nesse estágio, entenda que o casal – na sua
psique – são duas partes de você mesma que ainda não se conhecem, ou
que até se conhecem, mas ainda não entenderam que tem tudo a ver
juntas.
Quando unidas, essas duas partes de você são capazes de manifestar vida,
assim como um casal no plano físico gera uma criança. Esse é o
casamento sagrado ( hieros gamos) que todos precisamos fazer acontecer
em nós. É ele que nos faz nascer de novo em um novo patamar. E é disso
que se trata as tarefas de Psiquê.
Cada um dos desafos, dados pela Deusa do Amor, são uma tomada de
consciência e, à medida que se vence um após o outro, se está mais perto
de fazer com que esse casal que vive no nosso inconsciente es-tabeleça
um compromisso sério. A partir do momento que eles se juntam em um
amor amadurecido, você 294
O Livro de Afrodite
está a um passo de encontrar sua porção divina, o que signifca integrar a
consciência.
Mas quem é esse casal? Quem são eles individualmente? Inúmeras foram
as culturas que descobriram esses dois elementos e mais numerosas ainda
foram as formas que escolheram para explicá-los. Os pares de opostos, o
masculino e o feminino, os polos positivo e negativo da eletricidade. Na
Índia, rajas guņa e tamas guņa. Na Física de Einstein, energia e massa.
295
Jung se inspirou na leitura dos alquimistas medie-vais – que por sua vez
foram infuenciados pela escola do Egito Antigo – e propagou a teoria de
que dentro de cada mulher, há um princípio masculino ( animus) –
que seria mais identifcado com a energia Yang, aquela que semeia –, e
que em cada homem, há o princípio feminino ( anima) – mais identifcado
com a energia Yin, aquela que desenvolve.
O Livro de Afrodite
preendiam.
Estamos falando da união dos opostos que existem em nós: ser frme e ao
mesmo tempo fexível, ser amoroso e saber ser desagradável quando for
necessário, ser generoso e saber colocar limites, ir ao mundo da Lua
buscar criatividade e executá-la com os pés na Terra.
Parece maravilhoso! Mas então... por que não fze-mos isso ainda? Qual é
a grande difculdade?
Nossa mente dual nos leva a dividir tudo como opostos irreconciliáveis ao
invés de pares complementares Inspira - revistainspira.com
297
Você já tentou tirar o “ou” da lente com a qual você vê o mundo e colocar
o “e”? O caminho para a totalidade se parece com isso. É o que os
budistas chamam de caminho do meio. Isso implica se perceber como
portador de todas as polaridades (se não de maneira consciente, no
inconsciente), reconhecer sua humanidade e escolher viver de uma forma
mais amadurecida.
O Livro de Afrodite
jeta fora, nos relacionamentos do plano físico, onde falta laço emocional
e há ressentimento profundo em relação ao parceiro(a).
299
300
O Livro de Afrodite
Por outro lado, você já se viu tentando adotar uma postura bastante
“masculina” em algumas situações? Obs.: Masculina no sentido do que é
socialmente atribuído ao masculino na nossa sociedade, comumente:
insensibilidade, frieza, competitividade, dominação e imposição, máquina
de trabalho, infalível e incansável.
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301
PARA AMBOS
e explosões de raiva.
Tenho difculdade em me
tos.
Me cobro demais.
Os pensamentos racionais
sufciente.
302
O Livro de Afrodite
Certa vez, Afrodite ouviu falar de uma mortal a quem todos estavam
chamando de “a nova Afrodite”, por ter a beleza da Deusa. Pessoas de
toda a parte co-meçaram a destinar oferendas à essa mortal, de nome 304
O Livro de Afrodite
Psiquê.
Mas por algum motivo – talvez por pena, teimosia, atração ou por ter se
ferido na própria fecha – o deus do erotismo não cumpriu os pedidos da
mãe. Se casou ele mesmo com Psiquê.
Apesar dessa conjuntura misteriosa, Psiquê não ligava. Estava feliz com
seu marido, sua casa e com a família que logo aumentaria. Para ela, tudo
seguia a mais perfeita ordem!
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305
Um dia, incitada por esse tormento, Psiquê aprovei-tou que seu marido
dormia e acendeu o candeeiro na intenção de conhecer a sua identidade.
Tomada pela visão da mais pura beleza, Psiquê reconheceu que estava
casada com Eros. Incrédula de alívio e felicidade, ela resolveu se
aproximar de uma das famosas fechas do deus para vê-la de perto. E, pela
própria vontade e curiosidade, se feriu com a ponta da fecha testando seu
poder. Na mesma hora, foi tomada de amores por ele.
Psiquê descumpriu a promessa que havia feito ao marido e, com isso, ele
a abandonou.
306
O Livro de Afrodite
Psiquê e o fruto em
seu ventre só poderiam
capaz de cumprir 4
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307
primeira tarefa
Classificar as sementes
308
O Livro de Afrodite
Essa primeira tarefa traz algumas lições importantes. Por ser o início de
uma jornada de integração, a tarefa fala sobre o poder da ação, do
primeiro passo, de se agir mesmo quando se pensa ser impossível.
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309
A PSIQUÊ É VOCÊ #1
Diluindo as tarefas:
separaR AS SEMENTES
Olhe diretamente para dentro de si e passe tudo pelo fltro dos seus
sentimentos, valores e motivos.
Crie uma lista das coisas pelas quais você se interessa e gosta de fazer
hoje – e também em outras fases da sua vida.
Depois, passe-as pelo fltro do sentir. O que você quer para a sua vida,
marque um X no quadradinho.
a minha alma
310
O Livro de Afrodite
tornam úteis.
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311
desafio aceito
Defna o que você quer e assuma isso sem vergonha ou medo. Tomar
decisões é sair do papel de vítima e se tornar a dona da história.
Eu quero .
TRABALHO DE FORMIGUINHA
E, com isso, a gente quer dizer: comece com os recursos que tiver. Dê o
primeiro passo.
Faça uma lista aqui das três coisas mais importantes que você precisa
aprender, investir, desenvolver ou simplesmente agir para sustentar o seu
desejo.
Meus primeiros
passos no caminho
de ser eu mesma
1.2.3.
312
O Livro de Afrodite
S.o.s
Mesmo que a ajuda seja apenas conversar, é importante estar cercada das
pessoas certas.
Pense bem nas coisas que lhe afigem. Quem poderá te defender? O
Chapolin Colorado? Um profssional específco dessa área que te tira o
sono? Um amigo que já passou pela mesma situação e pode compartilhar
a experiência dele? A sua mãe ou o seu pai, que podem te fazer um
empréstimo ou fazer o compromisso de cobrar os seus esforços? Os seus
guias espirituais? Para quem você pode pedir ajuda sobre esse movimento
que você está prestes a iniciar? Escreva aqui os seus contatos de
emergência e lembre-se de usá-los ao menor sinal de que precisa de
ajuda.
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313
segunda tarefa
314
O Livro de Afrodite
A vingativa Deusa quis difcultar ainda mais o desafo. Dessa vez, Psiquê
teria que ir até os letais carneiros ferozes, cujo dorso era coberto de focos
de lã de ouro, para trazer à Afrodite alguns desses preciosos e dourados
pelos.
Isso pode te tornar uma pessoa reativa. Mas você não precisa reagir. Agir
já é o sufciente!
Você não precisa ser a mulher (ou o homem) selvagem o tempo todo. Você
não precisa ser a que corre com os lobos, nem o que volta liderando a
alcateia.
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316
O Livro de Afrodite
A PSIQUÊ É VOCÊ #2
Diluindo as tarefas:
recriando a cena
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317
318
O Livro de Afrodite
COMUNICAÇÃO AMOROSA
319
terceira tarefa
Aprendendo a compreender
o fluir da vida
centes.
320
O Livro de Afrodite
Mas a águia de Zeus desce dos céus em seu socorro e intercede por ela,
voando ao alto da fonte e coletando a água com o jarro.
Quando estamos imersos em uma situação, ver tudo por uma nova
perspectiva, como um observador que se retira do micro e consegue ver
tudo minimizado, como um deus veria, é uma tarefa complicada.
lugar.
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321
temem aqueles rios. O que refete também que, em certos momentos, não
se pode conter o fuxo da vida que jorra das fontes indomáveis da
natureza. E até mesmo a ave de um deus precisa se curvar a essas forças
e apenas respeitá-las.
Por isso, esse aprender a fuir com as águas da vida fala de silenciar um
pouco o ego e a dominação que ele quer impor ao nosso Ser, para que
possamos aprender a escutar o nosso Eu-maior, pois ele tem sua própria
sabedoria.
Isso quer dizer que, em vez de fcar aceitando ordens autoimpostas, do tipo
“eu deveria fazer isso” ou
“eu deveria estar fazendo aquilo em vez disso” ou ainda “eu preciso
daquilo outro”, aprenda a se ouvir sem os fltros e demandas que foram
instalados em você pela educação e pela cultura. Abra espaço para o seu
Ser entrar em cena e permita-o assumir o posto que lhe é merecido.
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O Livro de Afrodite
A PSIQUÊ É VOCÊ #3
Diluindo as tarefas:
Exercício 1: Flutuar.
Senti-lo na prática. Por isso, essa é uma das tarefas de Afrodite para a
mulher contemporânea.
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Exercício 3: Liberte-se dos ideais que você criou para você, e que não
tenham a ver com o seu Eu. Ou daqueles que, até tenham a ver com o seu
Eu, mas que se tornaram cobranças pesadas e enrijecidas demais para
serem bem direcionadas na realização completa da sua essência.
Às vezes, é preciso que o ego saia de cena e dê espaço para que o centro
divino da psique, o Si-mesmo, dite as leis.
tem tudo a ver com você, mas que com o tempo e com a não realização
das suas altas expectativas sobre isso vai sugando a sua vitalidade, a
paciência e o entusiasmo? Ou quando você aprende a perseguir os
objetivos que outras pessoas plantaram na sua cabeça como sendo coisas
que você deveria ser/fazer/ter acima de qualquer situação? É disso que
estamos falando. Em ambos os casos, essa é uma questão de apego
negativo aos eus ideais.
Não estamos defendendo aqui que criar metas ou defnir objetivos seja
algo ruim. O convite é para que isso não se torne uma obrigação para a
sua realização enquanto ser vivo, a ponto dessa busca insana destruir a
sua integridade.
O Livro de Afrodite
Ideias são formas puras e perfeitas. E são puras porque são uma coisa só.
A gente sabe que ninguém é uma coisa só. Uma pessoa pode ser muito
trabalhadora e bastante preguiçosa ao mesmo tempo, e nenhum desses
comportamentos a defne por completo. No entanto, nos identifcamos com
a perseguição desses ideais.
E eles não são neutros. Alguns são supervalorizados, enquanto outros são
considerados uma desonra. Fica a critério de cada cultura. Por isso,
aquilo que você acha que deve se tornar ou os meios que você utiliza para
chegar até lá podem nem estar dialogando com o centro do seu Ser. Isso é
perigoso!
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325
326
O Livro de Afrodite
Por isso, a atividade de Psiquê aqui se torna criar tempo com você, tempo
de solitude programada. De quais meios você dispõe para ter esse
momento? Quais forças e agentes você pode movimentar para criar esse
tempo?
sozinha
psicoterapia
opção que
meditação
você criou:
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quarta tarefa
dizer não
328
O Livro de Afrodite
Se ela teria que fazer a passagem ao mundo dos mortos, então tinha
chegado realmente a sua hora. Foi isso que pensou Psiquê. “Tirar a
própria vida seria o caminho mais rápido até Perséfone”, concluiu a
mortal já se dirigindo a uma torre muito alta de onde pudesse se atirar.
Mas a torre, que tudo vê, intercedeu. Ela dá um pu-xão de orelha em
Psiquê, que toda hora quer desistir da própria jornada: “Tenha paciência.
Por que recuar se essa pode ser a última prova que te separa do êxito?”.
Entre as dicas, ela disse para que a moça tomasse cuidado com os desvios
que lhe roubam a atenção de seu Inspira - revistainspira.com
329
Ela ainda acrescenta que Psiquê deve ter consciência para não tentar
abraçar o mundo com as próprias mãos e a proíbe da piedade “ilícita”,
pois a compaixão tem limites, e o limite é o seu amor-próprio. Ajudar o
outro é lindo, mas sem limites essa troca pode se tornar prejudicial à
medida que coloca travas à evolução do ajudado e sobrecargas a quem
ajuda.
para o que não interessa e não combina com a nossa essência, passamos
a dizer “sim” para nós mesmas.
Você não precisa ser boa, e nem está concorrendo ao prêmio da “mais
boazinha do ano”. Você precisa ser inteira e assumir o controle dessa
força poderosa que é você. Você precisa encontrar o seu poder pessoal!
Em outras palavras, a torre pede à Psiquê que seja frme e saiba ter
empatia sem se tornar um fantoche nas mãos de pessoas mal-
intencionadas, e que se concentre em seus próprios objetivos.
330
O Livro de Afrodite
No conto, a torre cria um sentido para que Psiquê acredite que vale a
pena se manter viva e aceitar o desafo de Afrodite. Quantas vezes – seja
por impaciência, cansaço, desespero, frustrações ou falta de consciência
– nos deixamos levar por uma vida sem sentido e desistimos de
oportunidades, ideias, projetos e até mesmo de pessoas importantes para
nós?
Escolha um evento pelo qual você está passando agora ou algum que foi
muito impactante na sua vida, sobretudo no aspecto emocional. Em
seguida, tente responder:
Que sentido você criou para esse evento? O que ele representou na sua
vida? Como você o explicaria para alguém?
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331
Ele aconteceu por algum motivo? O que você pode dizer que esse
acontecimento veio te mostrar?
Qual valor você atribui a essa experiência? Como você se lembra dela
hoje ou imagina que deve se lembrar dela daqui a 10 anos? De que
maneira ela te enrique-ceu? De algum modo ela te fez chegar mais perto
de um objetivo, conhecimento ou saltar para um novo nível de
consciência? Pense sobre isso com a ajuda de um lápis ou caneta!
332
O Livro de Afrodite
Pense na última vez que você disse “sim” querendo dizer “não” para
alguém. Toda vez que isso acontece uma parte de você se sente
desrespeitada. É como se você mesma não se levasse em consideração.
Afrodite chora quando uma pessoa dá aos outros o poder que só ela pode
ter sobre si mesma.
Liste três coisas para as quais você gostaria de ter o poder de dizer “não”.
1.2.3.
Circule a seguir uma forma de dizer “não” com jei-tinho que combine
com você. Acione ela no automático, mas com frmeza e convicção, da
próxima vez que você precisar dizer “não”. Faça isso e, depois, volte aqui
para escrever o que você sentiu e em que resultou essa sua nova ação.
Não.
Não quero.
Não posso.
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333
Não, mas posso te explicar como fazer isso por conta própria.
Não, mas posso te indicar uma pessoa que faria isso bem.
334
O Livro de Afrodite
Não se distraia
Quais são as distrações que tiram o seu foco nos seus objetivos
verdadeiros? Comparação? Falta de um ideal frmado que se adquire a
partir do momento em que você se conhece (primeira tarefa)?
Necessidade de aceitação em um grupo ou de se moldar às projeções de
um amante? Se perder nos problemas e na amargura da opinião dos
outros sobre o seu caminho?
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335
o coração, sem se
esquecer da
consciência
336
O Livro de Afrodite
Nesse momento, Psiquê – que antes era um joguete nas mãos de sua
família e dos deuses – escolhe uma coisa por ela mesma. Com a
consciência de que poderia morrer se abrisse a caixinha, Psiquê faz uma
escolha por amor: fcar mais bela para reconquistar Eros.
Se a gente interpretar o conto ao pé da letra, essa não é a escolha mais
inteligente. Mas se olharmos nas entrelinhas e desfarmos o simbólico,
veremos que se trata de uma escolha pessoal feita com base no amor.
Aqui, Psiquê molda seu futuro. Ela pega sua vida em suas próprias mãos.
Psiquê e Eros se casam, dessa vez seguindo o ritual do Olimpo e sua flha
nasce recebendo o nome de Volúpia, o prazer dos sentidos e das
sensações.
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337
assim que funciona quando você se torna dona do seu próprio desejo.
Escreva mais 3 intenções do que você pretende (e vai) fazer na sua vida a
partir do momento que você descobriu que você pode:
1.2.3.
338
O Livro de Afrodite
mude o mundo!
Se você chegou até aqui tendo disciplina em cada uma das tarefas, você
quebrou paradigmas, assim como Psiquê o fez ao ser aceita no Olimpo.
De verdade: quase ninguém sai do automático e persegue essa integração
a qual você está se submetendo e quando uma pessoa sai, as pessoas
percebem que ela tem algo de diferente, não é mais a mesma, está
modifcada e com um aspecto melhor.
Se alguém lhe perguntar, comente sobre como você está se sentindo, das
transformações pelas quais vem passando durante todo o processo do
Livro de Afrodite e altere essa estrutura que faz com que nossas Psiquês
internas permaneçam meras mortais, servis e domesticadas.
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339
A Jornada de Psiquê:
necessário.
ando
impessoal.
capitul
Re
340
O Livro de Afrodite
bRINDE exclusivo
MANUAL DE ATIVAÇÃO
DA AFRODITE
INTERIOR
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341
O Livro de Afrodite
de se aproximar do brilho dessa Deusa.
Um banho de mar
Você já deve ter visto muitas pinturas e esculturas que representam a
Deusa emergindo das águas do mar em meio a conchas e espíritos da
natureza.
cioso, preferencialmente
na natureza, e sente-se
confortavelmente. Inspire e expire, profunda e calmamente. Inicialmente,
concentre-se no ambiente ao seu redor: deixe foco de visão passear por
cada ponto, perceba os detalhes onde se fixar; também abra os seus
ouvidos aos sons. Depois, volte a atenção para você nesse ambiente: quais
são as partes que tocam o chão, como o ar entra e sai das suas narinas, o
calor do sol ou o frio da noite: tudo passa por você. Essa mesma
sequência pode ser feita em outros ambientes, como, por exemplo, ao
contemplar uma pintura. Foque nos detalhes e depois se pergunte: o que
tem de mim no que vejo? E no que sinto?
O físico também importa
Banhos com aromas especiais, inspirar óleos essenciais como camélia,
baunilha, ylang ylang e benjoim, usar perfumes, lavar os cabelos com um
shampoo especial e massageando a cabeça ao som de uma música
gostosa, cuidar da pele, se maquiar, vestir uma roupa confortável, que lhe
faça se sentir bem e bonita. Essa é uma sinestesia de arte, presença,
sensorialidade, beleza e autonomia. Impossível Afrodite não estar
presente
nesse momento.
Risoterapia
Você ri todos os dias? Comece o dia com uma gargalhada. Mesmo que
seja forçada, depois você vai rir disso e começar a rir de verdade. Depois,
torne isso um hábito: 30 minutos de risadas. Pode ser com um episódio de
série de comédia, vídeos engraçados na internet ou uma saída com aquela
pessoa que sempre te faz dar boas gargalhadas. Afrodite era conhecida
também pelo epíteto philommeides, “aquela que ama o riso”. Quando
estamos amando, o mundo se torna um lugar de alegria – e quando
rimos, estamos nos reconectando a essa energia.
344
O Livro de Afrodite
Automassagem
345
Isso não quer dizer que você não deva, se quiser e for a sua realidade,
dividir as contas, presentear pessoas ou ajudar no orçamento da casa e da
família. Ao contrário. Mas muitas pessoas se anulam quando vão
distribuir seus rendimentos. No fechar das contas, não sobrou nada para
ela ou tudo vai parar nas poupanças, que quase nunca têm um objetivo ou
uma data para o dinheiro ser retirado.
347
autoanulação.
Fotografe-se mais!
Pode ser fazendo mais selfies, chamando uma pessoa com quem você se
sente à vontade para tirar fotos suas ou contratando um serviço profis-
sional mesmo, por que não? Às vezes, para algumas pessoas, ver a própria
imagem causa uma profunda estranheza, reflexo de um alheamento do
corpo físico e da associação de tudo o que está na superfície de si como
sendo superficial, fútil, frívolo. Mas a carne que habitamos não é um mero
supérfluo, uma extravagância da existência. Ela é a forma que nossa alma
escolheu para se manifestar. Entender isso ao ver sua essência ressonante
nas fotos vai te colocar em profundo apaixonamento com a sua aparência
e com você mesma!
Faça um autorretrato
Esse exercício se parece com o anterior, mas os objetivos são diferentes.
No anterior, você aprendeu a enxergar beleza na sua imagem, aquela
sensação gostosa de habitar o seu corpo. Neste, você vai se desenhar evi-
denciando a sua essência, como você se vê em profundidade, como quer
ser enxergado pela sociedade. Pode ser por meio da fotografia ou de um
desenho ou pintura. Dê a sua cara trazendo novos elementos ao cenário,
à sua forma de se vestir, às suas expressões e gestos. Criatividade não tem
limites. Você é uma obra de arte ambulante, o que está expressando?
Afrodisíacos
Mel, maçã, romã, morangos, pêra e figo
Movimente-se
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Imaginação Ativa
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O Livro de Afrodite
Este é o final do Livro de Afrodite, mas isso não quer dizer que acaba por
aqui.
Como foi desenvolver os temas de Afrodite? Qual tema foi o mais difícil?
E o mais fácil? Qual exercício teve prazer em colocar em prática?
Nós vamos adorar saber como você trouxe mais beleza ao mundo.
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O Livro de Afrodite
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359
2021-01-02/o-que-e-sextech-o-sexo-que-praticaremos-no-futuro.html>.
360
O Livro de Afrodite
_______. Otelo, o mouro de Veneza. In: _______. Grandes obras de
Shakespeare. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2018.
KOLK, Bessel Van der. O corpo guarda as marcas: cérebro, mente e corpo
na cultura do trauma. Rio de Janeiro: Sextante, 2020.
-em-um-mundo-colonizado-pela-hipersexualizacao-dos-corpos-e-das-
WATSON, Andrea. ‘It was an ancient form of sex tourism’. 18 out. 2016.
Disponível em: <https://www.bbc.com/culture/article/20161017-it-was-
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