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Autora
Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
Organização
Elisabeth Penzlien Tafner
Meike Marly Schubert
Sonia Adriana Weege
Tatiana Milani Odorizzi
Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Diagramação e Capa
Letícia Vitorino Jorge
Revisão
Joice Carneiro Werlang
José Roberto Rodrigues
Cidadania e Sociedade 1
Ementa
1 INTRODUÇÃO
2 A DEMOCRACIA EM PAUTA
Estamos vivendo em um país apresentado como democrático! Mas, será que todos
nós compreendemos o sentido real da democracia e seus reflexos na sociedade brasileira?
Em outros termos, o que realmente é este Estado Democrático de Direito em que vivemos?
Neste sentido, Moisés (2015) expõe que “o significado mais usual da democracia se
refere aos procedimentos e aos mecanismos competitivos de escolha de governos através de
eleições”. Ou seja, a democracia é compreendida habitualmente somente como um processo de
escolha dos nossos representantes legais em todas as esferas, tanto local, municipal, estadual
e federal, no qual a população destas esferas, por meio de seu voto, seleciona e elege o seu
representante para legislar em nome desta mesma população.
Cunha (2011, p. 105) expõe que a democracia pode ser compreendida como “método
de organização social e política tendente à maior realização da liberdade e da igualdade. É um
Sistema político em que o povo constitui e controla o governo, no interesse de todos”.
Outro fator que não podemos esquecer é que, quando falamos em democracia, também
falamos de Estado Democrático de Direito. Segundo Cunha (2011, p. 138), o “Estado de
direito [é aquele] que se organiza e opera democraticamente”. Nossa Carta Magna de 1988,
já em seu preâmbulo, instituiu um Estado Democrático de Direito, ou seja, a Constituição da
República Federativa do Brasil se organizou e definiu suas normativas em prol de um Estado
Democrático, no qual a democracia deverá ser a base fundamental da República Federativa
do Brasil.
Assim sendo, segundo Pieritz (2013, p. 133), “este sistema de governo democrático
possui formatos diferentes nas diversas sociedades, pois em cada uma existem regras e
normas diferentes, e isto acontece por causa da constituição dos princípios ético-morais de
cada localidade”.
FONTE: Os autores
Vale salientar que a democracia vai muito além deste discurso sintético de representação
e de voto, pois Moisés (2015, p. 277, grifos nossos) coloca-nos que:
Neste sentido, no que tange a esta conotação que a democracia tem de competição,
participação e contestação pacífica do poder, pode-se expor que falar de democracia também
está atrelado ao conceito do “jogo de poderes”, principalmente a disputa e concorrência de
cargos em todas as esferas governamentais ou não, além da competição entre partidos políticos
e outros grupos econômicos, políticos, culturais e sociais.
instaurado neste país. Ao preferir sua escolha, independentemente do que for ou de que escolha
fora feita, torna-se automaticamente parte do Estado Democrático de Direito e integra-se ao
sistema vigente de democracia daquele determinado Estado.
Maciel (2012, p. 73, grifos do autor) complementa expondo que a democracia “tornou-
se uma aspiração universal, por ser o regime de governo mais propenso a garantir os direitos
individuais, porém não se resume simplesmente ao ato de votar, sendo que o direito à
participação tornou-se uma atividade importante diante da constituição da cidadania”.
Por conseguinte, pode-se expor que democracia denota participação direta ou indireta
da população em todos os espaços que necessitem do veredito do povo em prol de objetivos
comuns a ele mesmo. Assim, Beethan apud Maciel (2012, p. 73, grifos nossos) complementa
expondo que:
o direito à participação pode ser tanto reativo quanto proativo. Em sua forma
reativa, a participação consiste na articulação coletiva de respostas a polí-
ticas de desenvolvimento. Na forma proativa, ela invoca a responsabilidade
popular no desencadeamento da articulação de políticas de desenvolvimento.
No primeiro caso, os governos propõem e os cidadãos reagem; no segundo,
os cidadãos propõem e os governos reagem. Em ambas as formas, o direito
de participação assume a lógica de colaborar com o desenvolvimento.
No coração da democracia repousa, assim, o direito do cidadão de opinar nos
assuntos públicos e de exercer controle sobre o governo, em pé de igualdade
com os demais.
Deste modo, pode-se expor que um dos elementos da democracia é a articulação coletiva
do povo em prol de uma determinada demanda social, política, cultural ou econômica. Para
que se possa debater coletivamente os prós e contras, no que tange aos assuntos pertinentes
ao interesse coletivo, dando assim respostas a esta mesma demanda.
Vale salientar que a não participação e a omissão também são formas de participação,
pois retratam a sua alienação, indiferença, contestação ou o seu descontentamento com
relação ao sistema vigente. Então, isto não quer dizer que aquele cidadão que se omitiu ou
apenas não quis participar não fez parte do processo democrático de um país, pelo contrário,
todo cidadão tem o direito de participar ou não, mesmo que o voto no Brasil seja obrigatório,
pois ao votar ele exprime a sua vontade, ou o seu desejo.
Aqui fica claro que a população, ao exercer seu direito de participação de forma proativa,
demonstra seus direitos e responsabilidades perante os efeitos da decisão coletiva.
Entretanto, também existem quatro condições necessárias para que se possa instaurar
um regime governamental pautado na democracia, estas serão vistas no Quadro 2, disposto
a seguir.
FONTE: Os autores
IMPO
RTAN
TE!
Caro acadêmico, para colaborar com seus estudos, veja que a
junção das Figuras 1 e 2 proporciona o entendimento global do
que é democracia.
3 A QUESTÃO DA ÉTICA
O tema que abordaremos neste momento é relativo à questão da ética, a qual permeia
constantemente nosso dia a dia, seja no âmbito familiar, social ou profissional. Aparentemente
compreendemos o seu significado e seus efeitos, mas será que realmente compreendemos o
seu sentido real? Será que sabemos o que é certo ou errado para nós na sociedade em que
vivemos?
Neste sentido, Tomelin e Tomelin (2002, p. 89) expõem que “a ética é uma das áreas
da filosofia que investiga sobre o agir humano na convivência com os outros [...]”. Em outros
termos, as nossas ações perante a sociedade em que vivemos são orientadas por princípios
éticos e morais, e esta própria sociedade é que forma esta consciência moral do certo e do
errado, do bem e do mal.
Assim, no que tange a esta problemática relativa à ética, Pieritz (2013, p. 3) expõe que
“a ética não é facilmente explicável, mas todos nós sabemos o que é, pois está diretamente
relacionada aos nossos costumes e às ações em sociedade, ou seja, ao nosso comportamento,
ao nosso modo de vida e de convivência com os outros integrantes da sociedade”. E que estes
valores éticos são construídos historicamente pelos povos, de geração em geração.
Paulo Netto expõe que Agnes Heller cita que “VALOR é tudo aquilo que contribui para
explicar e para enriquecer o ser genérico do homem, entendendo como ser genérico um
conjunto de atributos que constituiriam a essência humana”. (PAULO NETTO apud BONETTI
et al., 2010, p. 22-23, grifos do autor).
Deste modo, vejamos no Quadro 3 quais são estes atributos na perspectiva de Heller:
- universal;
UNIVERSALIDADE - o todo;
- fazer parte de um determinado grupo.
LIBERDADE - livre-arbítrio.
FONTE: Os autores
Deste modo, podemos expor que “todos nós possuímos princípios e valores que foram
e são constituídos por nossa sociedade. E, com relação a estes valores, cada um de nós possui
uma visão do que é certo e errado, do que é o bem e o mal.” (PIERITZ, 2012, p. 57)
Não podemos nos esquecer de que “esta consciência moral é determinada por um
consenso coletivo e social, ou seja, o conjunto da sociedade é que formula e compõe as normas
de conduta que o regem. Como exemplo, temos a nossa Constituição Federal e outras regras
e normas de nossa sociedade”. (PIERITZ, 2013, p. 4)
São estas regras e normativas jurídicas e sociais que determinam o nosso agir em
sociedade, e cada grupo social possui suas características, ou seja, não se pode dizer que
todos nós somos iguais, que todas as nações e Estados são iguais, porque não somos, pois,
independentemente do Estado, do país ou grupo social, fomos moldando nossos valores e
princípios de forma diferente ao longo de nossa existência.
pode ser certo para um outro grupo social e vice-versa”. (PIERITZ, 2013, p. 4)
Então, como desvelar esta situação? Ou seja, como saber se estamos no caminho
certo? Se estamos fazendo certo ou errado? Ou se realmente estamos fazendo o bem ou o
mal a alguém? São muitas indagações!
Enfim, Tomelin e Tomelin (2002, p. 89, grifos do autor) complementam expondo que “a
palavra ética provém do grego ethos e significa hábitos, costumes, e se refere à morada de um
povo ou sociedade. A palavra moral provém do latim moralis e significa costume, conduta”.
que a ética estuda e investiga o comportamento moral dos seres humanos. E esta moral é
constituída pelos diferentes modos de viver e agir dos homens em sociedade, que é formada por
suas diretrizes morais da vida cotidiana, transformando-se no decorrer dos tempos”. (PIERITZ,
2013, p. 19)
Segundo Aranha e Martins (2003, p. 301, grifos das autoras), “a MORAL vem do latim
mos, moris, que significa ‘costume’, ‘maneira de se comportar regulada pelo uso’, e de moralis,
morale, adjetivo referente ao que é ‘relativo aos costumes’”. Assim sendo, a moral é compreendida
como um conjunto de regras de condutas socialmente admitidas em determinadas épocas ou
por um grupo de pessoas. Ou seja, “a moralidade dos homens é um reflexo direto do modo de
ser e conviver em sociedade, no qual o caráter, os sentimentos e os costumes determinam o seu
comportamento individual e social, que foi ou está sendo perpetuado num espaço de tempo”.
(PIERITZ, 2013, p. 35)
Assim, podemos observar que existem diferenças concretas entre estes dois conceitos,
no entanto ainda devemos compreender as diferenças apontadas na figura a seguir:
Por conseguinte, segundo Pieritz (2013, p. 21, grifo nosso), “a ética é precursora da
TRANSFORMAÇÃO SOCIAL dos diversos sistemas ou estruturas sociais. Sistemas estes que
imprimiam suas mudanças sociais, tais como: Capitalismo e Socialismo”.
Por fim, Pieritz (2013, p. 21) expõe que “quando é constituída uma nova estrutura social, a
ética, os valores e princípios morais são modificados para constituir assim esta nova concepção
de sociedade”. Ou seja, historicamente, com as transformações sociais, políticas e econômicas
de um povo, automaticamente o sistema de valores morais e éticos se transforma, para que
assim seja possível constituir um novo padrão sócio-histórico daquele determinado grupo.
Neste sentido, podemos observar que um dos princípios fundamentais da Carta Magna
brasileira é a cidadania. Mas você sabe o seu significado?
Neste sentido,
Então, podemos observar que a cidadania possui três dimensões, que estão descritas
no Quadro 5.
DIMENSÕES DA CIDADANIA
Deste modo, Maciel (2012, p. 29) expõe que hoje em dia a cidadania é “sinônimo
de participação que remete ao exercício da democracia para além das eleições. Somos
‘controladores’ da política, do orçamento, ou seja, das ações do Estado como um todo”. Ou
seja, cada cidadão tem o dever e o direito de participar de todos os espaços democráticos do
seu município, Estado ou Federação.
Vale salientar que a cidadania é conquistada pela nossa participação nos momentos
das discussões e decisões coletivas, portanto a cidadania se dá pela participação ativa de
nossa vida em sociedade e na vida pública.
Referências bibliográficas
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: intro-
dução à filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2003.
BONETTI, Dilséia Adeodata et al. Serviço social e ética: convite a uma nova práxis.
11. ed. São Paulo: Cortez, 2010.
CUNHA, Sergio Sérvulo da. Dicionário Compacto de Direito. 10. ed. São Paulo:
Saraiva, 2011.
TOMELIN, Janes Fidélis; TOMELIN, Karina Nones. Do mito para a razão: uma dia-
lética do saber. 2. ed. Blumenau: Nova Letra, 2002.
VÁSQUEZ, Adolfo S. Ética. 26. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.