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CIDADANIA E SOCIEDADE

Tema: Democracia, Ética e Sociedade


CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br

Curso sobre Cidadania e Sociedade


Centro universitário Leonardo da Vinci

Autora
Vera Lúcia Hoffmann Pieritz

Organização
Elisabeth Penzlien Tafner
Meike Marly Schubert
Sonia Adriana Weege
Tatiana Milani Odorizzi

Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch

Pró-Reitoria de Ensino de Graduação a Distância


Prof.ª Francieli Stano Torres

Pró-Reitor Operacional de Ensino de Graduação a Distância


Prof. Hermínio Kloch

Diagramação e Capa
Letícia Vitorino Jorge

Revisão
Joice Carneiro Werlang
José Roberto Rodrigues
Cidadania e Sociedade 1

DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA

Ementa

Democracia em pauta. A discussão da questão ética. O princípio constitucional da


democracia

1 INTRODUÇÃO

Entraremos no mundo intrínseco do comportamento humano em sociedade e suas


regras de conduta e participação social, política e econômica, no qual trabalharemos a questão
da formação dos princípios morais e éticos dos homens que vivem e convivem em sociedade,
além de abordarmos questões pertinentes à democracia e à cidadania.

Para tanto, abordaremos a compreensão dos significados dos princípios norteadores


da democracia, ética e cidadania, além de realizar uma reflexão e uma discussão sobre as
questões ético-morais, na relação indivíduo e sociedade.

2 A DEMOCRACIA EM PAUTA

Estamos vivendo em um país apresentado como democrático! Mas, será que todos
nós compreendemos o sentido real da democracia e seus reflexos na sociedade brasileira?
Em outros termos, o que realmente é este Estado Democrático de Direito em que vivemos?

Neste sentido, Moisés (2015) expõe que “o significado mais usual da democracia se
refere aos procedimentos e aos mecanismos competitivos de escolha de governos através de
eleições”. Ou seja, a democracia é compreendida habitualmente somente como um processo de
escolha dos nossos representantes legais em todas as esferas, tanto local, municipal, estadual
e federal, no qual a população destas esferas, por meio de seu voto, seleciona e elege o seu
representante para legislar em nome desta mesma população.

Assim, “podemos considerar que a democracia nada mais é do que um sistema de


governo, no qual o povo governa para sua própria sociedade”. (PIERITZ, 2013, p.133) Deste
modo, pode-se observar que a democracia pode ser exercida de duas formas distintas, pois
ela pode ser direta ou indireta.

QUADRO 1 – FORMAS DE DEMOCRACIA


FORMAS DE DEMOCRACIA
Na qual o povo decide diretamente, por meio de referendo/plebiscito, se
Democracia
aceita ou não determinadas questões políticas e administrativas de sua
direta
localidade, Estado ou país.

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Nesta, o povo participa democraticamente, por meio do voto, elegendo


D e m o c r a c i a seu representante político, ou seja, uma pessoa que o represente nas
indireta diversas esferas governamentais, para tomar decisões cabíveis em nome
do povo que o elegeu.
FONTE: Adaptado de Pieritz (2013, p. 133)

Este conceito de democracia é notoriamente o entendimento de toda massa populacional


brasileira nos dias de hoje, pois quando se indaga às pessoas com relação ao conceito de
democracia, é este conceito de escolha de nossos representantes legais, por intermédio do
voto popular, que aparece nos discursos da população de nosso país.

Cunha (2011, p. 105) expõe que a democracia pode ser compreendida como “método
de organização social e política tendente à maior realização da liberdade e da igualdade. É um
Sistema político em que o povo constitui e controla o governo, no interesse de todos”.

Outro fator que não podemos esquecer é que, quando falamos em democracia, também
falamos de Estado Democrático de Direito. Segundo Cunha (2011, p. 138), o “Estado de
direito [é aquele] que se organiza e opera democraticamente”. Nossa Carta Magna de 1988,
já em seu preâmbulo, instituiu um Estado Democrático de Direito, ou seja, a Constituição da
República Federativa do Brasil se organizou e definiu suas normativas em prol de um Estado
Democrático, no qual a democracia deverá ser a base fundamental da República Federativa
do Brasil.

Assim sendo, segundo Pieritz (2013, p. 133), “este sistema de governo democrático
possui formatos diferentes nas diversas sociedades, pois em cada uma existem regras e
normas diferentes, e isto acontece por causa da constituição dos princípios ético-morais de
cada localidade”.

Resumidamente, a Figura 1, a seguir, apresenta o primeiro entendimento da definição


e o significado da democracia e o Estado Democrático de Direito:

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FIGURA 1 - DEMOCRACIA E O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

DEMOCRACIA E O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

FONTE: Os autores

Vale salientar que a democracia vai muito além deste discurso sintético de representação
e de voto, pois Moisés (2015, p. 277, grifos nossos) coloca-nos que:

existem outras perspectivas que ampliam a compreensão do conceito, incluin-


do tanto as dimensões que se referem aos conteúdos da democracia, como
também os seus resultados práticos esperados no terreno da economia e
da sociedade. Por uma parte, acompanhando a abordagem minimalista de
Schumpeter (1950) e a procedimentalista de Dahl (1971), vários autores defi-
niram a democracia em termos de competição, participação e contestação
pacífica do poder.

Neste sentido, no que tange a esta conotação que a democracia tem de competição,
participação e contestação pacífica do poder, pode-se expor que falar de democracia também
está atrelado ao conceito do “jogo de poderes”, principalmente a disputa e concorrência de
cargos em todas as esferas governamentais ou não, além da competição entre partidos políticos
e outros grupos econômicos, políticos, culturais e sociais.

Além disso, não podemos esquecer um elemento fundamental da democracia, que é a


questão da “participação do povo”, no qual cada cidadão brasileiro é elemento fundamental no
processo democrático do Brasil, pois direta ou indiretamente é parte do processo democrático

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instaurado neste país. Ao preferir sua escolha, independentemente do que for ou de que escolha
fora feita, torna-se automaticamente parte do Estado Democrático de Direito e integra-se ao
sistema vigente de democracia daquele determinado Estado.

Maciel (2012, p. 73, grifos do autor) complementa expondo que a democracia “tornou-
se uma aspiração universal, por ser o regime de governo mais propenso a garantir os direitos
individuais, porém não se resume simplesmente ao ato de votar, sendo que o direito à
participação tornou-se uma atividade importante diante da constituição da cidadania”.

Por conseguinte, pode-se expor que democracia denota participação direta ou indireta
da população em todos os espaços que necessitem do veredito do povo em prol de objetivos
comuns a ele mesmo. Assim, Beethan apud Maciel (2012, p. 73, grifos nossos) complementa
expondo que:

o direito à participação pode ser tanto reativo quanto proativo. Em sua forma
reativa, a participação consiste na articulação coletiva de respostas a polí-
ticas de desenvolvimento. Na forma proativa, ela invoca a responsabilidade
popular no desencadeamento da articulação de políticas de desenvolvimento.
No primeiro caso, os governos propõem e os cidadãos reagem; no segundo,
os cidadãos propõem e os governos reagem. Em ambas as formas, o direito
de participação assume a lógica de colaborar com o desenvolvimento.
No coração da democracia repousa, assim, o direito do cidadão de opinar nos
assuntos públicos e de exercer controle sobre o governo, em pé de igualdade
com os demais.

Deste modo, pode-se expor que um dos elementos da democracia é a articulação coletiva
do povo em prol de uma determinada demanda social, política, cultural ou econômica. Para
que se possa debater coletivamente os prós e contras, no que tange aos assuntos pertinentes
ao interesse coletivo, dando assim respostas a esta mesma demanda.

Vale salientar que a não participação e a omissão também são formas de participação,
pois retratam a sua alienação, indiferença, contestação ou o seu descontentamento com
relação ao sistema vigente. Então, isto não quer dizer que aquele cidadão que se omitiu ou
apenas não quis participar não fez parte do processo democrático de um país, pelo contrário,
todo cidadão tem o direito de participar ou não, mesmo que o voto no Brasil seja obrigatório,
pois ao votar ele exprime a sua vontade, ou o seu desejo.

Aqui fica claro que a população, ao exercer seu direito de participação de forma proativa,
demonstra seus direitos e responsabilidades perante os efeitos da decisão coletiva.

Entretanto, também existem quatro condições necessárias para que se possa instaurar
um regime governamental pautado na democracia, estas serão vistas no Quadro 2, disposto
a seguir.

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QUADRO 2 - CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O REGIME DEMOCRÁTICO

CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O REGIME DEMOCRÁTICO

1. Direito dos cidadãos de ESCOLHEREM GOVERNOS por


meio de eleições com a participação de todos os membros
adultos da comunidade política.

Disponível em: <http:// 2. ELEIÇÕES regulares, livres, competitivas, abertas e significa-


rafaelsilva.over-blog.es/ tivas.
article-objetivo-demo-
cracia-iv-124370354. 3. GARANTIA DE DIREITOS de expressão, reunião e organiza-
html> ção, em especial, de partidos políticos para competir pelo poder.

4. Acesso a fontes alternativas de INFORMAÇÃO sobre a


ação de governos e a política em geral.

FONTE: Adaptado de Moisés (2015, p. 277)

Estas quatro condições mínimas para implantar um regime democrático são de


fundamental importância para que haja a participação democrática de um povo em prol dos
objetivos comuns do próprio povo, uma vez que a democracia vai muito além da simples
representação e de voto, ela se efetiva e concretiza-se com a participação, com a competição
e a contestação dos processos pacíficos da busca do poder no Estado Democrático de Direito.

Sucintamente, a Figura 2 apresenta a ampliação da compreensão do entendimento do


significado da democracia, ou seja, o seu conceito ampliado:

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FIGURA 2 - CONCEITO AMPLIADO DE DEMOCRACIA

FONTE: Os autores

IMPO
RTAN
TE!

Caro acadêmico, para colaborar com seus estudos, veja que a
junção das Figuras 1 e 2 proporciona o entendimento global do
que é democracia.

3 A QUESTÃO DA ÉTICA

O tema que abordaremos neste momento é relativo à questão da ética, a qual permeia
constantemente nosso dia a dia, seja no âmbito familiar, social ou profissional. Aparentemente
compreendemos o seu significado e seus efeitos, mas será que realmente compreendemos o
seu sentido real? Será que sabemos o que é certo ou errado para nós na sociedade em que
vivemos?

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Neste sentido, Tomelin e Tomelin (2002, p. 89) expõem que “a ética é uma das áreas
da filosofia que investiga sobre o agir humano na convivência com os outros [...]”. Em outros
termos, as nossas ações perante a sociedade em que vivemos são orientadas por princípios
éticos e morais, e esta própria sociedade é que forma esta consciência moral do certo e do
errado, do bem e do mal.

Assim, no que tange a esta problemática relativa à ética, Pieritz (2013, p. 3) expõe que
“a ética não é facilmente explicável, mas todos nós sabemos o que é, pois está diretamente
relacionada aos nossos costumes e às ações em sociedade, ou seja, ao nosso comportamento,
ao nosso modo de vida e de convivência com os outros integrantes da sociedade”. E que estes
valores éticos são construídos historicamente pelos povos, de geração em geração.

Mas, o que são valores?

Paulo Netto expõe que Agnes Heller cita que “VALOR é tudo aquilo que contribui para
explicar e para enriquecer o ser genérico do homem, entendendo como ser genérico um
conjunto de atributos que constituiriam a essência humana”. (PAULO NETTO apud BONETTI
et al., 2010, p. 22-23, grifos do autor).

Deste modo, vejamos no Quadro 3 quais são estes atributos na perspectiva de Heller:

QUADRO 3 - ATRIBUTOS DOS VALORES HUMANOS

- que se expressa prioritariamente por intermédio do trabalho;


OBJETIVAÇÃO - que proporciona sair do subjetivo e passar para o real e concre-
to.

- que se expressa com a convivência com o outro, em grupo;


SOCIALIDADE - aprendizagem com o outro;
- assimilação de normas sociais.

- tomar ciência dos fatos ou de alguma coisa;


- reconhecimento da realidade;
CONSCIÊNCIA
- descoberta de algo;
- capacidade de perceber as coisas.

- universal;
UNIVERSALIDADE - o todo;
- fazer parte de um determinado grupo.

LIBERDADE - livre-arbítrio.

FONTE: Adaptado de Paulo Netto (apud BONETTI et al., 2010, p. 23)

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Então, os atributos dos valores humanos apresentados no Quadro 3 são os elementos


constitutivos do ser humano, do ser social, que formam os nossos valores morais.

Complementando, no Quadro 4 apresentamos mais exemplos dos valores e virtudes


do ser humano, que vive e convive em sociedade.

QUADRO 4 - EXEMPLOS DOS VALORES E VIRTUDES HUMANOS

AMIZADE JUSTIÇA OBEDIÊNCIA RESPEITO SIMPLICIDADE

LEALDADE COMPREENSÃO SINCERIDADE PUDOR GENEROSIDADE

PACIÊNCIA ORDEM HUMILDADE AUTOESTIMA LIBERDADE

FONTE: Os autores

Deste modo, podemos expor que “todos nós possuímos princípios e valores que foram
e são constituídos por nossa sociedade. E, com relação a estes valores, cada um de nós possui
uma visão do que é certo e errado, do que é o bem e o mal.” (PIERITZ, 2012, p. 57)

Não podemos nos esquecer de que “esta consciência moral é determinada por um
consenso coletivo e social, ou seja, o conjunto da sociedade é que formula e compõe as normas
de conduta que o regem. Como exemplo, temos a nossa Constituição Federal e outras regras
e normas de nossa sociedade”. (PIERITZ, 2013, p. 4)

São estas regras e normativas jurídicas e sociais que determinam o nosso agir em
sociedade, e cada grupo social possui suas características, ou seja, não se pode dizer que
todos nós somos iguais, que todas as nações e Estados são iguais, porque não somos, pois,
independentemente do Estado, do país ou grupo social, fomos moldando nossos valores e
princípios de forma diferente ao longo de nossa existência.

Segundo Valls (2003, p. 8),

costuma-se separar os problemas teóricos da ética em dois campos: num, os


problemas gerais e fundamentais (como liberdade, consciência, bem, valor,
lei e outros); e no segundo, os problemas específicos, de aplicação concreta,
como os problemas da ética profissional, de ética política, de ética sexual, de
ética matrimonial, de bioética etc.

Em outros termos, os problemas éticos permeiam todas as nossas ações em


sociedade. Neste sentido, vale salientar que “cada sociedade possui suas normas de conduta
comportamental e seus princípios morais, ou seja, cada grupo social constituiu o que é certo e
errado, o que é o bem e o mal para o seu povo, portanto, nem sempre o que é certo para nós

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pode ser certo para um outro grupo social e vice-versa”. (PIERITZ, 2013, p. 4)

Então, como desvelar esta situação? Ou seja, como saber se estamos no caminho
certo? Se estamos fazendo certo ou errado? Ou se realmente estamos fazendo o bem ou o
mal a alguém? São muitas indagações!

Neste sentido, podemos observar que:

os problemas éticos se distinguem da moral pela sua característica genérica,


enquanto que a moral se caracteriza pelos problemas da vida cotidiana. O que
há de comum entre elas é fazer o homem pensar sobre a responsabilidade
das consequências de suas ações. A ética faz pensar sobre as consequências
universais, sempre priorizando a vida presente e futura, local e global. A moral
faz pensar as consequências grupais, adverte para normas culturalmente for-
muladas ou pode estar fundamentada num princípio ético. A ética pode, desta
forma, pautar o comportamento moral. (TOMELIN; TOMELIN, 2002, p. 90)

Então, podemos expor que existem diferenças nítidas entre ética e moral, sendo que
a ética regula a moral, a ética é generalista e a moral reflete o comportamento socialmente
construído e legitimado pelo seu povo.

Enfim, Tomelin e Tomelin (2002, p. 89, grifos do autor) complementam expondo que “a
palavra ética provém do grego ethos e significa hábitos, costumes, e se refere à morada de um
povo ou sociedade. A palavra moral provém do latim moralis e significa costume, conduta”.

Logo, conforme Pieritz (2012, p. 58, grifo nosso):

A principal função da ética é sugerir qual o melhor comportamento que cada


pessoa ou grupo social tem ou venha a ter. Indicando o que é certo ou errado,
o que é bom ou mal. Porém, este comportamento sempre partirá do ponto de
vista dos princípios morais de cada sociedade, ou seja, seu grupo social. A
ética auxilia no esclarecimento e na explicação da realidade cotidiana de cada
povo, procurando sempre elaborar seus conceitos conforme o comportamento
correspondente de cada grupo social.

Por conseguinte, “o ético transforma-se assim numa espécie de legislador do


comportamento moral dos indivíduos ou da comunidade”. (VÁZQUEZ, 2005, p. 20), ou seja, a
ética está para regular o nosso comportamento em sociedade.

Complementando, Vázquez (2005, p. 21) coloca-nos que “a ética é teoria, investigação


ou explicação de um tipo de experiência humana ou forma de comportamento dos homens [...]”,
ou seja, “o valor de ética está naquilo que ela explica – o fato real daquilo que foi ou é –, e não
no fato de recomendar uma ação ou uma atitude moral”. (PIERITZ, 2013, p. 7, grifo nosso)

Devemos compreender as diferenças conceituais de ética e moral, pois “podemos afirmar

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que a ética estuda e investiga o comportamento moral dos seres humanos. E esta moral é
constituída pelos diferentes modos de viver e agir dos homens em sociedade, que é formada por
suas diretrizes morais da vida cotidiana, transformando-se no decorrer dos tempos”. (PIERITZ,
2013, p. 19)

Porém, o que é a moral?

Segundo Aranha e Martins (2003, p. 301, grifos das autoras), “a MORAL vem do latim
mos, moris, que significa ‘costume’, ‘maneira de se comportar regulada pelo uso’, e de moralis,
morale, adjetivo referente ao que é ‘relativo aos costumes’”. Assim sendo, a moral é compreendida
como um conjunto de regras de condutas socialmente admitidas em determinadas épocas ou
por um grupo de pessoas. Ou seja, “a moralidade dos homens é um reflexo direto do modo de
ser e conviver em sociedade, no qual o caráter, os sentimentos e os costumes determinam o seu
comportamento individual e social, que foi ou está sendo perpetuado num espaço de tempo”.
(PIERITZ, 2013, p. 35)

Ainda de acordo com Pieritz (2013, p. 38),

A moral sugere, constantemente, a valorização de nossas ações e de nossos


comportamentos em sociedade, mas é a moral que determina quais são os
nossos direitos e deveres perante a sociedade em que vivemos. Estes deve-
res são conectados ao nosso modo de ser e conviver em sociedade, gerando
certas responsabilidades com relação a si próprio e aos outros, tais como:
• sentimentos;
• escolhas;
• desejos;
• atitudes;
• posicionamentos diante da realidade;
• juízo de valor;
• senso moral;
• consciência moral.

Sob estas concepções de ética e moral, apresentamos as suas principais diferenças


na figura 3 a seguir:

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FIGURA 3 – DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL

FONTE: Adaptado de Tomelin e Tomelin (2002, p. 89-90)

Assim, podemos observar que existem diferenças concretas entre estes dois conceitos,
no entanto ainda devemos compreender as diferenças apontadas na figura a seguir:

FIGURA 4 – DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL

FONTE: Adaptado de Paulo Netto (apud BONETTI et al., 2010, p. 23)

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Assim sendo, podemos concluir que a moral

Vem se constituindo historicamente, mudando no decorrer da própria evolução


do homem em sociedade. Em que seus hábitos e costumes são constituídos
por esta relação social, em que a essência humana é pautada por estes prin-
cípios morais. E estes, por sua vez, constituem o ser social que somos. E a
ética nesta questão chega para simplesmente regular e analisar estes preceitos
morais. (PIERITZ, 2013, p. 21)

Por conseguinte, segundo Pieritz (2013, p. 21, grifo nosso), “a ética é precursora da
TRANSFORMAÇÃO SOCIAL dos diversos sistemas ou estruturas sociais. Sistemas estes que
imprimiam suas mudanças sociais, tais como: Capitalismo e Socialismo”.

Por fim, Pieritz (2013, p. 21) expõe que “quando é constituída uma nova estrutura social, a
ética, os valores e princípios morais são modificados para constituir assim esta nova concepção
de sociedade”. Ou seja, historicamente, com as transformações sociais, políticas e econômicas
de um povo, automaticamente o sistema de valores morais e éticos se transforma, para que
assim seja possível constituir um novo padrão sócio-histórico daquele determinado grupo.

Salientando ainda que neste processo de transformação social devemos respeitar a


permanência de alguns valores socialmente construídos, como, por exemplo, a solidariedade,
a igualdade e a fraternidade, para que todos possamos construir uma sociedade mais justa,
ética, democrática e cidadã.

4 O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA CIDADANIA

No que tange às questões pertinentes à cidadania, partiremos de sua concepção advinda


do Título I – “Dos Princípios Fundamentais” da Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988, a qual assim expressa:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos


Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático
de direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Neste sentido, podemos observar que um dos princípios fundamentais da Carta Magna
brasileira é a cidadania. Mas você sabe o seu significado?

Vejamos: cidadania “é um conjunto de direitos e deveres que denotam e fundamentam

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as condições do comportamento de cada indivíduo em relação à sociedade, ou seja, a cidadania


designa normas de conduta para o convívio social, determinando nossas obrigações e direitos
perante os outros integrantes da nossa sociedade”. (PIERITZ, 2013, p. 132)

Neste sentido,

Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade, para melhorar


suas vidas e a de outras pessoas. Ser cidadão é nunca esquecer das pessoas
que mais necessitam. A cidadania deve ser divulgada através de instituições
de ensino e meios de comunicação, para o bem-estar e desenvolvimento da
nação. A cidadania consiste desde o gesto de não jogar papel na rua, não
pichar os muros, respeitar os sinais e placas, respeitar os mais velhos (assim
como todas as outras pessoas), não destruir telefones públicos, saber dizer
obrigado, desculpe, por favor e bom dia quando necessário [...], até saber
lidar com o abandono e a exclusão das pessoas necessitadas, o direito das
crianças carentes e outros grandes problemas que enfrentamos em nosso
país. ‘A revolta é o último dos direitos a que deve um povo livre para garantir
os interesses coletivos: mas é também o mais imperioso dos deveres impostos
aos cidadãos’. Juarez Távora - Militar e político brasileiro. (WEB CIÊNCIA,
2009, apud PIERITZ, 2013, p. 132)

Então, podemos observar que a cidadania possui três dimensões, que estão descritas
no Quadro 5.

QUADRO 5 - DIMENSÕES DA CIDADANIA

DIMENSÕES DA CIDADANIA

São aqueles direitos advindos da LIBERDADE de cada indiví-


duo, como, por exemplo:
Cidadania • o livre-arbítrio para expressar nossos pensamentos;
civil • o direito de propriedade (venda e compra de um imóvel,
um bem ou serviço);
• entre outros.
Podemos considerar que a cidadania política se legitima quan-
do os homens exercem seu poder político de ELEGER e SER
Cidadania
ELEITOS para o exercício do poder político, independentemente
política
da instituição pública ou privada na qual venham exercer suas
atribuições.
Compreendida como o conjunto de direitos concernentes ao
Cidadania
CONFORTO de cada cidadão, no que tange à sua vida econômi-
social
ca e social, ou seja, do seu bem-estar social.
FONTE: Adaptado de Pieritz (2013, p. 132-133)

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Assim, podemos observar que a cidadania expressa os direitos e deveres de todas as


pessoas que vivem e convivem em sociedade, seja na esfera social, política ou civil, no que
tange ao respeito a si, ao próximo e ao patrimônio público e privado. Além de que a cidadania
é participação nos espaços públicos de discussão, a qual permeia as questões de democracia
e ética de toda a população daquele determinado grupo social, político ou econômico.

Deste modo, Maciel (2012, p. 29) expõe que hoje em dia a cidadania é “sinônimo
de participação que remete ao exercício da democracia para além das eleições. Somos
‘controladores’ da política, do orçamento, ou seja, das ações do Estado como um todo”. Ou
seja, cada cidadão tem o dever e o direito de participar de todos os espaços democráticos do
seu município, Estado ou Federação.

Neste sentido, tem-se a participação como um mecanismo do exercício da cidadania,


ou seja, “O conceito contemporâneo de cidadania transcende à simples lógica da garantia de
direitos legais. Segundo a concepção de Dallari (2004), a cidadania expressa um conjunto
de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar da vida e do governo de seu povo”.
(MACIEL, 2012, p. 31). Portanto, a palavra de ordem é “participar”, fazer parte do processo
democrático, pois, de acordo com Maciel (2012, p. 32), quem não exerce sua cidadania “está
excluído da vida social e da tomada de decisões. A cidadania não significa apenas uma conquista
legal de alguns direitos, mas sim a realização destes direitos. Ela é construída e conquistada
a partir da nossa capacidade de organização, participação e intervenção social”.

Vale salientar que a cidadania é conquistada pela nossa participação nos momentos
das discussões e decisões coletivas, portanto a cidadania se dá pela participação ativa de
nossa vida em sociedade e na vida pública.

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Cidadania e Sociedade 15

Referências bibliográficas

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: intro-
dução à filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2003.

BONETTI, Dilséia Adeodata et al. Serviço social e ética: convite a uma nova práxis.
11. ed. São Paulo: Cortez, 2010.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. São Paulo:


Nilobook, 2013.

CUNHA, Sergio Sérvulo da. Dicionário Compacto de Direito. 10. ed. São Paulo:
Saraiva, 2011.

MACIEL, Marluse Castro. Direitos humanos e cidadania. Indaial: Uniasselvi, 2012.

MOISÉS, José Álvaro. Os significados da democracia segundo os brasileiros.


Vol. 16, nº 2. Campinas: OPINIÃO PÚBLICA, novembro, 2010. Endereço Eletrônico:
<http://www.scielo.br/pdf/op/v16n2/a01v16n2>. Acesso em: 10 maio 2015.

PIERITZ, Vera Lúcia Hoffmann. Relações humanas e sociais. Indaial: Uniasselvi,


2012.

PIERITZ, Vera Lúcia Hoffmann. Ética profissional em serviço social. Indaial:


Uniasselvi, 2013.

TOMELIN, Janes Fidélis; TOMELIN, Karina Nones. Do mito para a razão: uma dia-
lética do saber. 2. ed. Blumenau: Nova Letra, 2002.

VALLS, Álvaro L. M. O que é ética. São Paulo: Brasiliense, 2003.

VÁSQUEZ, Adolfo S. Ética. 26. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

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