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AXEXÊ

PREPARAÇÃO DO CORPO

1 - Assim que o iniciado falecer, o Pai de Santo, ou um irmão mais velho, ou um


Ogã, deverá, arrear os assentamentos (Ibá Orí, Bára, Orixá, Exú e Egun) do
falecido no chão, cobrir com ebô e acaçá, e por cima um pano branco, e por cima
de tudo um mariô novo. Bem como esvaziar as quartinhas e emborcá-las de
cabeça para baixo e Arria-se a bandeira de Tempo, se for o Pai/Mãe de Santo.

2 - Calçar toda a roça com ebô e acaçá. Se o falecido for o Babalorixá/Ialorixá


todos os assentamentos dos filhos deverão ser cobertos com ebô, ajabó e acaçá
e pano branco.

3 - Colocar debaixo do caixão 1 bacia de ebô com 16 acaçá.

4 - Para tirar o adoxu: 1 pano de cabeça, amaci (de folhas frias – nenhuma de
Xangô), 1 navalha, 11 acaçá, abô,duburu, 9 talos de bananeira, palha da costa, 1
obí, ossum, efum, wagi, 1 pombo branco 1 obí e algodão.
Lavar o corpo do falecido com amaci e vestir-lhe roupas brancas, se for da
vontade do falecido ele poderá ser enterrado com roupas normais ou com as de
santo.
Evocar Orí. Pq como ele foi evocado quando da iniciação, ele terá que tomar
conhecimento do corte do vínculo. Lavar a cabeça do falecido com o abô, enxugar
e tirar com a navalha um tufo de cabelo dos 4 cantos da cabeça (testa, nuca e
acima das orelhas) e ir arrumando estes tufos de cabelo em 1 acaçá. Por último
raspar o alto da cabeça (no adoxu), cortar em cruz e colocar o cabelo no centro do
acaçá e por cima o efum, o ossum e o wagi, e cobrir com ebô. Quebrar o obí e
perguntar onde deverá ser despachado o carrego do Orí. Após a resposta colocar
o obí no acaçá, enrolar com o algodão e mandar despachar onde foi determinado
pelo jogo de obí, soltando o pombo no lugar que for deixado o carrego do Oxú.
Colocar o outro acaçá na cabeça do falecido, em cima do oxú e amarrar o pano
de cabeça. Colocar dentro do caixão, 9 acaçá e 9 pedaços de talo de bananeira.
Em volta do corpo.

5 - Antes do corpo sair, cortar para Exú 2 frangos se o falecido for homem, ou 1
casal de frangos se for mulher. Joga-se uma cebola e um obí. Cortar em 2
alguidares e mandar que sejam colocados na primeira encruzilhada por onde o
cortejo passará. Um ogã vai na frente jogando pelo caminho a mistura dos pades
e do ejé dos animais sacrificados, cantando-se:
Bara jakotan bá umló......

Colocar um acaçá no meio da encruzilhada e voltar por outro caminho.


Os procedimentos da matança são de uma matança normal de Exú, só que o
corpo no animal sacrificado não será aproveitado, deixando-o dentro do alguidar a
arrumando as partes e os pades em cima. Deverá se evocar Exú para que abra os
caminhos do falecido (fulano de tal).

6 - Entoa-se cantigas de despedida de Egun, fecha-se o caixão e cobre-se com


um alá branco, levanta-se o caixão, cantando-se:
Bango bango tate mameto, bango bango tate tateto....., arria-se o caixão no chão,
levanta-se 3 vezes e coloca-se nos ombros e segue o cortejo até passar da
primeira encruzilhada, só então o caixão deverá ser colocado no carro.
Para abrir o cortejo pessoas de Oiá, Obaluaie, Ogun ou Oxosse irão na frente,
jogando pelo chão: Uma jogando água, outra folhas de aroeira, outra jogando
pipoca e outra ebô. A bacia que estava debaixo do caixão com os acaçá irá atrás
do caixão.
Chegando no cemitério, deverá o caixão ser colocado nos ombros por alguns
passos, depois levado pelas alças, sempre cantando para Egun, chegando ao
local do sepultamento. Colocar novamente o caixão nos ombros e ir caminhando 7
passos para frente e 3 passos para trás. Canta-se cantigas de despedida e por
final:

Peregun aunló fulano até um dia.....

Baixa-se o caixão na terra, coloca-se os acaçá por cima do caixão e o ebô que
estavam na bacia debaixo do caixão. Solta-se um pombo branco e manda-se que
feche a sepultura.

Ritual do Axexe:

1 - Balé:
Construi-se, num lugar reservado da roça, onde não haja grande movimento de
pessoas, o Balé (estacas madeira, bambú, esteiras, tiras de morim) cobrindo de
maneira que seja protegido da chuva e do sol, nele se coloca todos os
assentamentos do falecido.
Dentro deste balé será armado no chão uma muda de roupa do falecido (roupa
usada no santo), pano de cabeça, chinelos, fios de conta, e roupa (se for mulher:
camisú, bata, calçolão, saias - se for homem camisa, calça). No lugar onde seria a
cabeça do falecido colocar o assentamento do Ibá Orí, na altura da cintura o
assentamento do Bára. Na altura de onde seria o ombro esquerdo coloca-se uma
quartinha com terras (praia, rio e mato), finca-se nesta quartinha 4 bandeirinhas
nas cores branco, vermelho, preto e roxo, feitas com vara de amora. Arrumar toda
a volta os assentamentos, acima da cabeça, deixar um pote com uma panela
grande de barro. Este pote poderá servir de substituto caso o pote do Bango
quebre. Nesta panela serão colocadas as comidas secas que forem sendo
trocadas, bem como as terras e pades derramadas no chão a cada dia do axexê.
Arruma-se comidas secas para todos de Egun a Oxalá, menos para Xangô.
9 ekurú de farinha e água com olhos de carvão, duburú, ebô, arroz, fradinho,
feijão manteiga, feijão preto, acarajé, aberem, ekurú, axoxó, inhame, farofa de mel
c/fumo de rolo, bolas de batata doce, pade de dende, pade de mel, pade de água,
bolas de inhame, abará, comida de sal que o falecido gostava e comida doce que
o falecido gostava, mel, 1 moringa d´água, dende, vinho, bebida que o falecido
gostava, se fumava colocar uma carteira do cigarro dele junto com uma caixa de
fósforos e deixar aceso com uma vela de 7 dias.
Tanto o pote como a panela deverão ser pintadas com pemba branca, fazendo-se
cruzes e bolas. Dentro do pote e da panela, colocar os temperos mais enxofre
moído, carvão mineral. Sendo que na panela colocar um pedaço de morim (preto,
vermelho, branco e roxo) deixando que a metade caia para o lado de fora da
panela.

2 - Bango:

No centro do barracão, faz-se um grande círculo com pemba branca e preenche-


se este círculo com pequenas bolas, também riscadas com pemba branca. No
centro do círculo monta-se as roupas do falecido, como no Balé, de maneiras que
os pés fiquem na direção da porta de saída do barracão, No lugar do
assentamento do Ibá Orí, deverá ser colocada uma quartinha de barro com água,
coloca-se um mariô em volta desta quartinha. Ao lado de onde seria o ombro
esquerdo colocar uma quartinha com terras (praia, rio e mato) e 4 bandeirinhas
(branca, preta, vermelha e roxa - como as do Balé).
No alto da cabeça, de frente para a porta da rua, arrumar os instrumentos: 1 pote
de barro, pintado com cruzes e bolas, 3 meias cabaças cortadas ao meio, 3
alguidares pintados (no centro por dentro e por fora, pintar o sol, e em volta pintar
cruzes e bolas - tudo com pemba branca). Colocar dentro do pote e dos
alguidares: mel, água, abô, vinho, cachaça, dende, pimenta da costa, 7 búzios em
cada, enxofre moido, carvão mineral moido). Para tocar: oguidavis, abanos (pegar
o abano dobrar ao meio ao comprido, colocando dentro um oguidavis, amarrar
com barbante de sisal e palha) preparar vários abanos, deixando também vários
abanos abertos, para serem tocados.
Aos pés da roupa do lado direito, arrumar um pote com as terras, colocando um
galho de mangueira com folhas, representando uma árvore, nos pés desta árvore,
colocar uma panela de mingau, um alguidar com ebô e outro com duburú e uma
meia cabaça cortada ao meio no sentido ao cumprido, deixar vazia e deixar acesa
uma vela de 7 dias.
Aos pés da roupa colocar a outra metade da cabaça que sobrou, sendo que esta
deverá ser pintada pelo lado de fora, com efum, ossum e wagi, como se pinta Iaô,
deixando-a emborcada para o chão. Ao lado desta cabaça colocar 1 alguidar com
terras, outro com pade de água e outro com padê de dende.
Ao lado do pote deixar: 1 moringa com água, uma bacia com abô, mel, dende,
vinho, cachaça, meladinha (que é feita com cebolinha branca cortada bem
miúdinha, arruda pisada, mel ou rapadura raspada e cachaça) e copos.
As mesmas qualidades de comidas arreadas no Balé deverão estar também na
mesa do Bango, tanto uma quanto a outra serão oferecidas com cânticos de
oferecimento de comida.
As comidas secas do Balé e as do pé da árvore no Bango não serão trocadas, só
as da mesa deverão ser trocadas no 3º, no 5º e no 7º dias.
As comidas preferidas do falecido (salgadas e doces) serão trocadas todos os
dias, sendo que a estava no Balé, vai para a panela e a que estava no dia anterior
no Bango vai para o Balé e é colocada outra nova no Bango, até o último dia.

1º Dia do Axexê:

Coloca-se mariô novos em todas portas, menos na da entrada do barracão,


coloca-se pelegun cruzados nas portas dos quartos de santos, coloca-se ebô e
um acaçá em todos os cantos da roça, cobre-se de branco todos os
assentamentos da roça, coloca-se comidas secas no quarto de Egun e deixa-se
um vela acesa. Nos 4 cantos do barracão colocar ebô e acaçá e deixar em cada
um canto um ixã de amoreira e um mariô, ambos de pé. Espalha-se ixã pelo
barracão, na porta da rua, na porta do Balé. Estes ixã serão do ramo do
dendezeiro dos quais foram feitos os mariô, deixando no tamanho natural, de
varas de amoreira, e vários mariô deverão estar dentro do barracão para que
sejam entregues aos Orixá que virarem durante o Axexe. Os ixã deverão
permancer sempre de pé.

Após a arrumação do Balé e do Bango, cobre-se o Bango com um lençol grande


branco, que deverá ser feito por 4 homens e deverão ser os mesmos até o último
dia.

Ao por do sol, após todos tomado banho de abô e vestidos de branco, as


mulheres com pano de cabeça e pano da costa cobrindo os ombros e os homens
com barrete branco ou bonés, todos com contra-egun-de-cintura e fios de contas
de Oiá Balé, Oiá, Obaluaiê ou Ogun, formar uma fila deixando um corredor no
meio até a porta da rua, sendo que as mulheres ficam de um lado e os homens do
outro. Na porta da rua deverá ter 2 alguidares para serem sacrificados 2 galos ou
1 casal de frangos para Exú, bem como bebidas, pade de água, mel, dende e
cachaça, acaçá, 1 cebola, pimenta-da-costa, obí. Canta-se para Exú, faz-se o
sacrifício e manda-se entregar os alguidares na encruzilhada (mesmo
procedimento do dia do enterro).

Todos permanecem no mesmo local cantando até que os Ogã voltem, despacha-
se a rua com água e queima-se pólvora ( 3 montinho de póvora em forma de
triângulo sendo uma ponta para frente, fazer também uma seta para rua e tocar
fogo também.

Na porta do barracão, do lado de fora, já deverá ter 2 vazilhas com amaci feito de
aroeira, um para que os homens lavem suas mãos e outro para que as mulheres
lavem as suas mãos, os amaci deverão ser quinados o que servirá aos homens
por homemde Ogun e ao que servirá as mulheres por mulhe de Oyá.

Entoa-se a cantiga: Tocororo Iku ô é um cré e tá berere....


Todos lavam as mãos no amaci e um Ogã vai amarrando a cabeça das mulheres
com uma tira de palha-da-costa, por cima do pano de cabeça e nos homens uma
tira de palha no pulso esquerdo. Outro vai pintando com atím, os olhos fechados,
a testa, na altura da garganta e nos pulsos e as pessoas vão entrando para dentro
do barracão, que deverá estar com as luzes acesas, todos vão entrando
descalços e se colocando de uma lado as mulheres e do outro os homens.
Deverá ser entregue a cada pessoa um pedaço de fava de dandá, para que a
pessoa, caso sinta aproximação de Egun, mastique dandá, para que ele não se
aproxime.

Acende-se 4 velas em volta do bango, ainda coberto, reza-se o Muxacá, Atecumá


(se for graduado) , os Ingorosi e as Rezas de Camarinha. Canta-se para todos os
Orixá menos Xangô e Oxalá. Se for do gosto do falecido reza-se a prece de
Cáritas.
Os Ogã assumem seus postos, O Ogã mais velho toca o pote e outros três as
cabaças. Os Ogã temperam o pote e as cabaças com água, abô, mel, dende,
vinho, cachaça. Todos batem paó, levanta-se o pano que cobre o Bango, apaga-
se as luzes e inicia-se o Axexê. Cantando-se:

Axexê mojubá ê, axexe axexe o man.......

O dirigente do ritual pegará 2 moedas uma em cada mão e sairá dançando,


saudando a porta da rua, todos os presentes, o pote e as cabaças e de frente
para o Bango aos pés, saudará o falecido, desvirará a cabaça pintada que estava
emborcada, batendo de leve com ela o chão por 3 vezes, voltará a dançar e
jogará as 2 moedas dentro da cabaça, pegando com pouco de terra e jogando no
chão de maneira a forma um monte, fazendo o mesmo com o pade de água e o
pade de dende, colocando um por cima do outro. Levanta-se a continua dançando
e todos os presentes lhe darão 2 moedas, ele vai recolhendo sempre dançando e
jogando as moedas dentro da cabaça. Reserva na mão 2 moedas e entrega ao
Babalorixá mais antigo que estiver presente e deixe que ele faça suas
reverências, e assim por diante.

Após todos terem saudado o Bango, o dirigente, acompanhado de Ogã com ixã
na mão, pega um vela, e se dirige até o Balé, Cantando:

E bango bango tate mameto e bango bango tate tateto.

Ogã vai batendo no chão com o ixã. Sauda o falecido e o invoca, acende a vela e
leva a vela acesa até o barracão, dando a volta no Bango e deixando a vela ao
lado da cabaça das moedas, e canta-se:

Ta no bango io tata ta no bango io, ta no bango ié tata ta no bango ié é.


Ta bango io Fulano ta no bango io....
Todos deverão dançar a frente do Bango e jogando, novamente, suas moedas e
jogando as terras e pades no chão. As pessoas deverão ser substituídas umas
pelas outras.

Canta-se independente da nação do falecido, para Egun em todas as nações.


Canta-se para Ogã e para Ekede dançarem. Canta-se para Pais/Mães de Santo
dançarem.
Pode ser feito um pequeno intervalo, neste momento acende-se as luzes do lado
de fora. Pode-se beber das bebidas que estão próximas ao pote, sendo que o
primeiro gole deverá ser colocado dentro do pote.

Após o término do intervalo, continua-se cantando para Egun e por último canta-
se para Iansan e Obaluaie. Canta-se cantigas de despedidas ao falecido tais
como:

1 - Já muquendoio ê ê já muquendô, já muquendoio fulano já muquendô.


2 - Peregun aunló fulano até um dia....

O dirigente leva a vela que esta ao lado da cuia de moedas de volta para o Balé,
pate-se o paó em reverência ao falecido.

2 - Um adeus com anareo, um adeus fulano anareo.... Todos dançam em volta do


Bango dando adeus ao falecido quando passar aos pés.

Canta-se: Oiátu felebé mariô...... Todos vão tirando as palhas que estavam
amarradas e jogando em cima do Bango, e se por acaso ainda estiver com
moedas estas deverão ser colocadas na cuia de moedas.

Bate-se paó e os 4 homens cobrem o Bango com o grande pano branco. Acende-
se as luzes e neste momento todos poderão dar as mãos e fazer uma prece ou
alguém dizer umas palavras de conforto ao falecido...

2º ao 6º Dias.

Pela tarde, varre-se o chão do barracão com uma vassoura de palha comprada
somente para isso. Junta-se todo este lixo, juntamente com as terras/pades que
foram jogadas ao chão na noite anterior, antes pegar um pouco desta mistura e
colocar na cuia que está no pé da árvore e pegar um pouco de moedas da cuia de
moedas e colocar também nesta cuia ao pé da árvore. Juntar tudo, as palhas-da-
costa tiradas das pessoas na noite anterior e se se for trocar alguma comida da
mesa e levar para o Balé para ser colocado dentro da panela, catar todas as
moedas que por acaso estejam espalhadas, colocando-as na cuia de moedas,
completar os pades de água e de dende, bem como o alguidar de terras.
Reconstituir o círculo com pemba e as bolas pequenas, se for preciso. Arrear
outra comida da preferência do falecido e outras se for o caso.
O procedimento é o mesmo do primeiro, sendo que não existe o ritual de Exú e
nem se canta mais para os santos e nem se faz as rezas do início do 1º dia.
Canta-se do lado de fora: Tocororo Iku ô é um cré......., lava-se as mãos, amarra-
se as palhas e pinta-se com atim e as pessoas vão entrando para o barracão,
pate-se paó, apaga-se as luzes, descobre-se o Bango e começa a cantar o Axexe:
Axexe mojubá ô, axexe axexe oman.....

7º Dia.

Troca-se todas as comidas secas, colocando as velhas dentro da panela.


Ao anoitecer começasse o 7º dia do axexe, igual aos demais dias, com os mesmo
procedimentos. Pela madrugada, enquanto o axexe esta sendo tocado no
barracão, o dirigente do axexe acompanhado de ogãns e babalorixas e ialorixas,
dirigem-se ao Bale e começasse o preparo do Erú, ou seja o prepara-se o carrego
do falecido. Evoca-se o Egun, faz dentro do Balé uma mesa redonda, espalhando
terra (quando se falar em terra sempre será a mistura de areia de praia, de rio e
terra do mato)e sobre esta terra faz-se 3 círculos, sendo um com efum, outro com
ossum e outro com wagi, chama-se o Egun e joga-se o obí. Após a consulta ao
jogo de obí e aos búzios, para se saber a destinação dos assentamentos, se
serão despachados ou não e se não com quem ficará para que tome conta, no
caso de Babalorixá/Ialorixá saber o destino da roça, com quem ficará quais
assentamentos serão despachados no Erú. Quem herdará o posto de dirigente do
axé.
Por último se tudo esta a contento do falecido, para que seja iniciado a montagem
do Erú. Os assentamentos que não forem ser despachados deverão ser retirados
do Balé, ficando do lado de fora, mas ao lado do Bále, que após o termino do
axexe serão lavados e feito o seu ossé (um pouco de amací de folhas de cheiro,
mel e azeite doce) cobrir com ebô e acaçá e um pano branco, estes
assentamentos deverão ser colocados num lugar a parte dos demais
assentamentos da casa, deverá ser colocado em um quarto sózinhos e no chão,
colocar por cima um mariô e enche-se as quartinhas, colocando dentro um pouco
de água de canjica e amaci.
Volta-se para o barracão e começasse as cantigas de despedida do falecido:

1 - Naquela torre que ô onde ela(e) sentava, foi onde lhe chamaram, para
acorrentá-la(o) no reiro do afá.

2 - Xoro xoro e vai chorar (bis) Chora o egun no reirno do afá.

3 - Chora o egun no reiro do afá. Chora o Egun quando vai se retirar.

4 - Chora papai chora mamãe chora o egun no reino do afá.

5 - Chora muketum chora no gangá; burê burê perequetê.


Começa-se o preparo do Erú no Bale. Pegar um balaio de cipó, colocar nele
toalhas de morim nas cores preto, vermelho, branco e roxo, deixando pontas para
o lado de fora, arrumar dentro do balaio abanos colocando-os de cabeça para
baixo e ir colocando dentro do balaio, rasgando, as roupas que formavam a
representação do falecido dentro do Balé, começando pelo calçado e as demais
roupas, colocar o assentamento do Bára e do Ibá Ori, cobrir com um pano e
quebrar com um porrete (feito com um galho de manqueira),
Em outro balaio coloca-se os assentamentos dos Orixá que vão ser despachados,
e vai quebrando, com o porrete.
As panelas são também amarradas. Tudo é arrumado dentro do Balé. Consulta-se
com outro obí a destinação do Erú.
Sacrificar por cima desse balaios , antes temperar com água, mel, dende, vinho,
acaçá, 1 cebola em 4, bebida que a pessoa mais gostava. Sacrificar um carneiro
ou cabrito (se homem) ou uma ovelha ou cabra (se mulher), tirando-se as partes
do animal e ir arrumando dentro do balaio, sacrificar 3 galos ou 3 galinhas, 1
galinha d´ângola, 1 pombo.
NOTA: Do egé do cabrito/cabra/carneiro/ovelha, regar o Bango no barracão, sem
quebrar as coisas.

Coloca-se as comidas secas por cima, deixando ebô, acaçá e o pombo por último,
colocar velas apagadas e quebradas, regar com mel. Por cima cobrir com ebô, os
acaçá e por último o pombo aberto por cima de tudo.
Amarrar estes balaios com um lençol branco.
Ir para o barracão e dar início ao Erú do Bango. Canta-se evocando o falecido e
prepara-se mais um balaio, quebrando todas as coisas que formão o Bango,
deixando por último o porrão e as cabaças onde estão sendo tocado o Axexe.
Sacrifica-se o frango ou galinha e amarra-se o Erú do Bango.
Todos se viram para a parede para que o Erú saia. Canta-se:

- Quendá quendá á quendá um ló quendá o egun no afá.

Começa-se a levantar o Erú e Entoa-se a cantiga:

O levará o levará loxê o levará o egum e levará loxê.

O carrego vai saindo e todos cantam:

Berum ló má ló e fibô (bis) Lu ô má ló é fibo berum ló maló é fibô.

Os ogãns e todas as demais pessoas que vão acompanhar o carrego vão saindo,
enquanto todos os demais permanecem de costas. Deverão acompanhar o
carrego pessoas viradas nos orixás Iansã, Obaluaie, Oxosse e Ogun.
Enquanto o carrego esta saindo, alguém vai abrindo o caminho com pipoca e
canjica e folhas de aroeira. E atrás do carrego, pessoas vão jogando água e leite
de vaca e varrendo, o carrego sai e joga-se bastante água da porta da rua para
fora. As pessoas que estavam no barracão se desviram, acende-se as luzes e
todos começam a lavar todo o chão de toda a roça, todos os quartos, jogando-se
bastante água e abô e varrendo-se tudo para fora. E neste momento deverão ser
feitos o osse dos Orixas do falecido que não foram despachados, se for o caso,
este ossé será feito, primeiro com bastante água, ajabó e amaci. Tudo deverá
estar lavado antes que as pessoas que foram despachar o carrego voltem. Jogar
amaci em todos os cantos, fazer defumador na Roça e soprar atím por toda a
Roça. Todos aguardam na Roça o retorno das pessoas que foram despachar,
ninguém pode sair da Roça antes deles voltarem. Ao chegarem, despachar a rua
com bastante água, defuma-los e soprar atim.
Agora todos se dirigem para o Barracão e canta-se para Oxalá. Jogando ebô em
toda Roça.
Neste momento poderá ser montado no centro do barracão uma mesa de café
para todos os presentes e/ou um almoço, composto de peixe e/ou bacalhau.
Após este almoço deverá ser feito um pequeno Xirê. Despachando Exú e
cantando-se para todos os Orixá, e agora, só agora, canta-se para Xango. Se
Xango for um Orixá importante na Roça (Orixá da Casa, Dono da Cumeeira, Orixá
do Pai/Mãe Pequena da Casa, etc...) deverá ser feito um amalá e na hora em que
se cantar para Xango, O Dirigente do Axexê deverá carregar na cabeça o Amalá
até a porta da rua com um Xere na mão chamando por Xango e andando por toda
a Roça até o centro do barracão. Arrear o amalá no centro do barracão, em cima
dum banquinho, e todos se prostam no chão batendo paó e chamando por Xango.
Termina-se o Xirê cantando-se para Oxalá. Nesse momento se for do gosto do
falecido, poderá ser rezada uma missa, pela alma do falecido.

Os Orixá do falecido, que por ventura, não tenham sido despachados, deverão
permanecer um quarto reservado dos demais e colocado no chão, coberto com
pano branco, ebô e um mariô, com exceção de Xango que ficará em cima de um
banquinho baixinho. Após um ano, e após o Axexê de Ano, esse Orixá receberão
uma matança de bicho de 4 pés, e ai então poderão ser levantados a um pepelê.
Mas continuarão num quarto a parte dos demais Orixás da Roça.
Axexê deverá ser tocado, novamente com 3 anos, depois com 5 anos e finalmente
com 7 anos.

CANTIGAS DE EGUN

1 - Naquela torre que ô onde ela(e) sentava, foi onde lhe chamaram, para
acorrentá-la(o) no reiro do afá.
2 - Xoro xoro e vai chorar (bis) Chora o egun no reirno do afá.

3 - Chora o egun no reiro do afá. Chora o Egun quando vai se retirar.

4 - Chora papai chora mamãe chora o egun no reino do afá.

5 - Chora muketum chora no gangá; burê burê perequetê.

6 - Olha bango no bango bango bango olha dingue dilingue bangulê. (Bis)

7 - Tê tê tê ô babá tetê, tete á moré.

8 - Oni babá babá ichê oni babá ikú egun babá ichê.

9 - Já muquendô ê ê já muquendô, já muquendô fulano já muquendô.

10 - Ai ai dirê á, ai ai dirê á, dirê no apaia paiá, oiá manondirá.

11 - Lá vem Sto Antônio varrendo pembá, varrendo pembá esse egun vai levar.

12 - Axêxê axêxê oman. Axêxê oman.

13 - Tá no afá ê ê, tá no afá tambo girê tá no afá tamo girá.

14 - Arun ninha arun ninha arun ninha é de mariolé ê ê arun ninha é de mariolé.

15 - Biri biri lobeuá lobeuá ojárê (bis).

16 - Biri biri bê lobeuá (bis) ê lobeuá lobeuarê (bis).

17 - Toca toca oni sogeno (bis) toca bô no afá toca egun no afá. (Bis)

18 - Pelegun aunló o mana até um dia (bis).

19 - Egun ê berunló acará berun ló.

20 - Balé balé fun aô, balé balé fum aô.

21 - Iku ô berum ló, berum ló, iku berum ló berum ló iku ô.

22 - Egun ô nitororo, é de tororo e de teréré.

23 - Ê panzuê panzuelô egun irô (bis)

24 - Tambô afá tambô gira mana sá cerê (bis)

25 - Tocoro roro é um pé um afá bereré.


26 - O fé ieie airokô oluô deuá xê xê bandá conxé oluô deuá xemim coja coja
banda iro iku ô....

27 - Tá no afá ketum. Ê lobiô.

28 - Ê oni ê amurá sebina afá coxebé amurá sebiô no afá coxebé amurá sebina
afá coizô eniá mofun do foxé, eniá mofunan no afá kodô eniá mofunan no afá
quendá.

29 - Dabiuá kokê ô, ô lebe ô lebe adabiuô.

30 - Alororo damim cojarê, corojá ojarê aê oraê a corojá ojarê.

31 - O durô o iku aie o duro iku aie. Iku afá babá iku coma kekerê o durô o ikú aie.

32 - Auiê é ma oia xoro man ixê iku ô é ma oiá xoro man ixê. Auiê é ki comoré e
sunfuiê balé komaoia xoro man ixê.

33 - Zinha zinha alá gogeia (bis) ê ê ê ê zinha zinha alá gogeia zinha zinha no afá
conxé.

34 - Afá numa afá gogo (bis) afá numa afá morô (bis).

35 - O iku ô o nixororo afá fá nixoroge Odé Arole ikuô afá fa ló nixoroge.

36 - Aikuô lorê e aikuô lorê, no rê no afá urê, no rê no afá urê.

37 - Ai ai ê a ikuô ai ai e á ikuô. Aikuô lorê, ai ai aikuô ai ai.

38 - Soba soba irereô soba xé xerioman, mobã xé xé bió, soba xé xerioam.

39 - Euá direi ê mana tata euá direi mameto é mana é tata euá direi tateto e vira a
mana é tata euá quibanda direi emô, vira o mana é tata eua direi mameto.

40 - Bango bango eku kuru, oiá bango conxé.

41 - Aê aê vumbê vumbi é pá kerú kerú.

42 - E bango bango tate mameto, ê bango bango tate tateto.

43 - Simbelekê ê um um um simbelekê, simbelekê tu afá keu á mim.

44 - Chora chora com ganga mameto chora chora com ganga. Chora chora com
ganga tateto chora chora com ganga.

45 - Mabobo oiá (bis) batuka no balé sinha ré batuka no balé sinhora agô megê.
46 - Oiá tu felebé mariô (bis)

47 - Ta bango oio tata tá no bango oiô, tá no bango oiô tata tá no bango oiô.

48 - Aê cai man enganga eu afá, caiman aê caiman enganga auafá

49 - Quenda maionguê pepele pepele quanda no quê quenda maiongue pepele


pepele quenda no kê.

50 - Omolotum emá sá irê.

51 - è maxa irê é maxa irê cassibé. É maxa iré Fulano, é maxa irê cassibé
(Chama-se por todos os Falecidos do Axé e parantes no santo)

52 - Ara ê quimbanda azuelê quimbanda azuelê quimbanda no afá.

53 - Berum ló má ló e fibô (bis) Lu ô má ló é fibo berum ló maló é fibô.

54 - Já mandei caiá sua morada de branco (bis), pra você morar (bis)

55 - Quendá quendá á quendá um ló quendá o egun no afá.

56 - O levará o levará loxê o levará o egum e levará loxê.

ERÚ

Este procedimento será usado para os não iniciados, mas que tenham Ibá Orí, e
para os iniciados com obrigação atrasada, pois só terão direito ao Axexe os
iniciados com todas as obrigações feitas. Ou seja se ela tinha mais de 7 anos de
feitura, deverá estar com sua obrigação de 7 anos feita.

Arrear os assentamentos do falecido conforme acima descrito. Se o falecido for


iniciado proceder o ritual do Orí. Se só for oborizado, náo será necessário,
bastando apenas colocar dentro do caixão os 9 acaçá.

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