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o efeito de expectativas pode

influenciar as percepções e os
comportamentos, mas as mudanças
são temporárias. Por exemplo, o
marcador no eixo temporal indica
o ponto em que a expectativa foi
estabelecida. Podemos observar
que o resultado foi uma mudança
de desempenho (como maior
produtividade), mas a variável
geralmente retoma à linha de base.

Tempo

THE ST ONGEST AND BEST LINIMENT KNOWN FOR PAIN AND LAMENESS

GOOO FOR MAN ANO BEAST IT GIVES IMMEDIATE RELIEF


Uma apresentação com bom nível
M!B~~~ !B~~m~ de credibilidade gera um efeito de
expectativa em cerca de 30% de
LINIMENT qualquer público. O uso de afirmações
e resultados vagos sempre ajuda,
pois os crédulos tendem a interpretar
FOR os efeitos ambíguos de acordo com
RHEUMATISM CONTRACTED COROS SORE THROAT suas expectativas. A técnica era
NEURALGIA TOOTHACHE BITES OF ANIMALS utilizada pelos charlatões na venda de
SCIATICA FROST BITES SWELLINGS falsos remédios milagrosos e ainda é
LAME BAC{ CHILL BLAINS SPRAINS bastante usada para vender astrologia,
LUMBAGO BRUISES ETC. previsões de médiuns e produtos
como dietas da moda.
ffilllllllliiiitiiiiiiiiiiiiiiliiiiiiiiinlf~nlHiiiiiiiii1111111111111111111111111111111111111111111111111111111II,mlrmfliR#lilllllllllllllllllllllllllllllllllllllllljiiiiliiiliiiiiiiji,ilimi'I~I--II"I!!T, ,lI!T!I1TmmmMffi

@SAGITÁRIO
23 de novembro a 21 de dezembro
Época favorável para o sucesso em oportunidades de lucro,
investimento e imóveis. Um relacionamento amoroso pode
surgir em atividades sociais ou pequenas viagens. Não espere
que novas amizades sejam totalmente honestas em relação a
si mesmas. Seu dia de sorte esta semana será o domingo.

Efeito de Expectativas 85
Efeito de Mera Exposição
A exposição repetida a estímulos neutros aumenta a
probabilidade de resposta positiva aos estlmulos.'

o efeito de mera exposição ocorre quando os estímulos são apresentados 1 Também conhecido como efeito de exposição,
repetidamente e, portanto, são cada vez mais aceitos e agradáveis. Por exemplo, efeito repetição/validade, efeito frequência/
validade, efeito de verdade e efeitos de
quanto mais uma música ou slogan for repetido, provavelmente maior será sua
repetição.
popularidade, um fenômeno bastante explorado pelas redes de rádio e televisão.
O efeito de mera exposição se aplica apenas a estímulos considerados neutros
2 A aplicação fundamental do efeito de mera
ou positivos. Múltiplas exposiçôes a um estímulo ofensivo podem ampliar a
exposição foi a propaganda política na primeira
percepção negativa, em vez de atenuá-Ia. O efeito de mera exposição é observado metade do século XX; ver, por exemplo,
com músicas, pinturas, desenhos, imagens, pessoas e anúncios." Adolf Hitler: A Chilling Tale of Propaganda,
de Max Arthur e Joseph Goebbels, Trident

Os maiores efeitos de mera exposição ocorrem com fotografias, palavras Press International, 1999. O trabalho empírico
fundamental sobre o efeito de mera exposição
significativas, nomes e formas simples, enquanto os menores efeitos são
é "Attitudinal Effects of Mere Exposure", de
vistos com ícones, pessoas e estímulos sonoros. O efeito de mera exposição Robert Zajonc, Journal of Personality and
enfraquece gradativamente à medida que o número de apresentações aumenta, Social Psychology Monographs, vol. 9(2),
provavelmente devido ao tédio. Estímulos complexos e interessantes tendem p.1-27.

a ampliar o efeito, enquanto estímulos simples e chatos têm inclinação de


reduzi-Io. É interessante que, quanto maior for a duração do estímulo, menor 3 Ver, por exemplo, "Exposure and Affect:

será o efeito. de exposição. O efeito mais forte é produzido quando as exposições Overviewand Meta-Analysis of Research,
1968-1987", de Robert F. Bornstein,
são tão breves ou sutis que chegam a ser subliminares (não processadas
Psychological Bulletin, 1989, vol. (106),
conscientemente) ou quando são separadas por um intervalo." p.265-289.

A familiaridade tem uma função importante na aceitação e no apelo estético;


as pessoas gostam das coisas quando são expostas a elas com frequência.
Por exemplo, a forte resistência inicial ao Memorial aos Veteranos do Vietnã foi
causada, principalmente, pela falta de familiaridade com o design abstrato e
minimalista do monumento. Picasso enfrentou a rnesrna resistência com suas
obras cubistas, assim como Gustave Eiffel com a Torre Eiffel, Frank lIoyd Wright
com o Museu Guggenheim e muitos outros cujas obras hoje são consideradas
brilhantes e belas por quase todo mundo. À medida que o nível de exposição
dessas obras aumentou, a familiaridade com elas também cresceu, criando maior
aceitação e popularidade.

Utilize o efeito de mera exposição para fortalecer as campanhas publicitárias


e de marketing, reforçar a percepção de credibilidade e estética dos designs
e melhorar o modo como as pessoas pensam e se sentem quanto a uma
mensagem ou produto em geral. Use exposições breves e entre intervalos.
O efeito de mera exposição será mais forte com as primeiras dez exposições,
por isso concentre os recursos nas primeiras apresentações para maximizar os
benefícios. Espere e prepare-se para resistência a qualquer design muito
diferente do padrão.

Ver também Condicionamento Clássico, Dissonância Cognitiva, Enquadramento,


Fator de Fixação e Sugestão Subliminar.

86 Princípios Universais do Design


COBnCHIR BnaCTb
B MMnnMOH PB3 4EMDKPaTM~H
o efeito de mera exposição sempre CBMDM 4EMDHPaTM~ECKOH
foi uma das principais ferramentas
dos propagandistas. Representações
&YPIYB3HDH PECnJ&IIMHM
positivas espalhadas por toda parte,
como as de Vladimir Lenin nesta
página, são bastante usadas para
aumentar o apreço e o apoio de
líderes políticos. Técnicas semelhantes
são utilizadas em campanhas
publicitárias, eleitorais e de marketing.

Efeito de Mera Exposição 87


Razão entre Rosto e Corpo
A proporção entre o rosto e o corpo em uma imagem
influencia a forma como a pessoa é percebida na imagem.'

As imagens que retratam pessoas com alta razão entre rosto e corpo (o rosto 1 O termo alternativo em inglês face-ism é usado
por alguns pesquisadores para se referir à
ocupa a maior parte da imagem) concentram a atenção nos atributos intelectuais
tendência da mídia de representar os homens
e de personalidade da pessoa. As imagens com baixa razão entre rosto e corpo
em imagens com aIta razão entre rosto e corpo
(o corpo ocupa a maior parte da imagem) convergem a atenção nas qualidades e as mulheres em imagens com baixa razão
físicas e sensuais da pessoa. Calcula-se a razão entre rosto e corpo como a entre o rosto e corpo (também chamado de
divisão da distãncia entre o topo da cabeça e a ponta do queixo (altura da booy-ism;
cabeça) pela distância do topo da cabeça até a menor parte visível do corpo
(altura visível total). Uma imagem sem rosto teria razão igual a 0,00, enquanto a 2 A obra fundamental sobre a razão entre rosto
e corpo é "Face-ism", de Dane Archer, Debra
imagem apenas do rosto teria razão igual a 1,00. Seja qual for o gênero do objeto
D. Kimes e Michael Barrios, Psychology Today,
da imagem, consideram-se as imagens com alta razão entre rosto e corpo como
1978, p. 65-66; e "Face-ism: 5 Studies of
sendo de pessoas mais inteligentes, mais dominantes e mais ambiciosas do que Sex-Differences in Facial Prominence", de
as imagens com razão baixa. Dane Archer, Bonita Iritani, Debra D. Kimes
e Michael Barrios, Journal of Personality and

o conceito utiliza também o termo em inglês tece-ism, que vem de pesquisas Social Psychology, 1983, vai. 45, p. 725-735.

sobre sexismo na mídia. As pesquisas indicavam que as imagens de homens em


revistas, filmes e outras mídias têm razões entre rosto e corpo significativamente
maiores do que as imagens de mulheres. A observação parece valer na maioria
das culturas. Acredita-se que reflita as crenças de estereótipos de gênero quanto
ás características de homens e mulheres. Não existe um consenso sobre o porquê
dessa situação, mas ela provavelmente é o resultado de processos inconscientes
causados por um misto de fatores biológicos e culturais. Em um experimento, por
exemplo, universitários de ambos os gêneros foram distribuídos aleatoriamente
entre dois grupos; um desenharia um homem; o outro, uma mulher. Os
estudantes foram informados que seriam avaliados em sua capacidade enquanto
desenhistas e não receberam nenhuma outra ins.trução. Ambos os gêneros
desenharam os homens com rostos mais proeminentes e detalhados, e, as
mulheres, com corpos completos e rostos com detalhes mínimos."

Considere a razão entre rosto e corpo na representação das pessoas em


fotografias e desenhos. Quando o objetivo do design pede interpretações ou
associações mais bem pensadas, utilize imagens com alta razão entre rosto e
corpo. Quando a finalidade do design demanda interpretações mais ornamentais,
explore imagens com baixa razão entre rosto e corpo. Observe que as
interpretações das imagens serão as mesmas, seja qual for o gênero do objeto da
foto ou do público.

Ver também Condicionamento Clássico, Enquadramento, Relação Cintura/Quadril,


Viés Estético e Viés do Rosto de Bebê.

88 Princípios Universais do Design


Fator de Segurança
Uso de mais elementos do que o considerado necessário
para compensar os efeitos de variáveis desconhecidas e
prevenir falhas de sistema.'

o design precisa lidar com elementos desconhecidos. Por mais experiente que 1 Também conhecido como fator de ignorância.

seja o profissional e por mais completa que seja a pesquisa de especificações de


design, todos os projetos sempre têm pressupostos básicos sobre alguma forma 2 Lembre que os elementos distintos dentro de
de elemento desconhecido. Utilizam-se os fatores de segurança para compensar um sistema podem ter fatores de segurança
diferentes. Por exemplo, a asa de uma
os efeitos potenciais desses elementos desconhecidos com a inclusão de
aeronave pode aplicar um fator de segurança
materiais e componentes no sistema, para que o design exceda a especificação muito maior do que aquele aplicado a
considerada necessária a fim de atender aos requisitos. Por exemplo, a criação elementos menos críticos.
de um serviço de Internet que suporte mil usuários é bastante direta. No entanto,
para resolver usos imprevistos do serviço (como o download de arquivos grandes), 3 Ver, por exemplo, To Engineer 15 Human:
a especificação de design deve ser multiplicada por um fator de segurança (por The Role of Failure in Successful Design,
exemplo, três). Nesse caso, o fator de segurança três significa que o serviço Macmillan, 1985; e Design Paradigms:
Case Histories of Error and Judgment in
teria capacidade nominal de mil usuários, mas, na verdade, seria projetado para
Engineering, Cambridge University Press,
suportar três vezes mais, ou seja, três mil usuários. 1994, ambos de Henry Petroski.

o tamanho do fator de segurança corresponde diretamente ao nível de


desconhecimento dos parâmetros de designo Quanto maior for o desconhecimento,
maior será o fator de segurança. Por exemplo, as estruturas que são bem
conhecidas e cujos materiais são de qualidade consistente, como estruturas de
aço e concreto, normalmente utilizam fatores de segurança entre dois e quatro.
As estruturas também conhecidas e cujos materiais variam em qualidade, como
a madeira, podem utilizar fatores de segurança entre quatro e oito. Quando os
materiais de qualidade inconstante se combinam com o desconhecimento, o fator
de segurança pode ser enorme. Por exemplo, os designers da Grande Pirâmide de
Gizé não sabiam disso, mas aplicaram um fator de segurança superior a vinte."

Aumentar o fator de segurança do design é algo que se traduz em acrescentar


elementos (por exemplo, materiais), e mais elementos significam mais custos.
Em geral, os novos designs têm fatores de segurança altos porque o número de
elementos desconhecidos é maior. Se o design tem um desempenho confiável
com o tempo, a confiança em ter controlado os elementos desconhecidos do
sistema se combina com a pressão para reduzir os custos, o que normalmente
produz um processo de "ajuste" para reduzir os elementos e o fator de
segurança. Infelizmente, esse processo quase sempre contínua até que ocorra
um acidente ou uma falha, o que faz com que as considerações de custo passem
a ser secundárias e os fatores de segurança aumentem mais uma vez3

Utilize os fatores de segurança para minimizar a probabilidade de falhas no


designo Aplique os fatores em proporção ao desconhecimento dos parâmetros
do design e à gravidade das consequências de uma falha. Reduza os fatores
de segurança com cuidado, especialmente quando as especificações vão além
dos precedentes de designo Observe a capacidade nominal de um sistema ao
tomar decisões que afetem os limites do sistema, não a capacidade projetada
(capacidade incluindo fatores de segurança), exceto em casos de emergência.
Ver também Design por Comitê, Elo mais Fraco, Erros, Formas Estruturais e
Modularidade.

90 Principias Universais do Design


o design do anel O-ring do foguete do fator de segurança; em baixas a decisão de seguir em frente com
acelerador de combustível sólido tem peraturas, o fator de segurança o lançamento se baseou em grande
do ônibus espacial Challengerfoi ficava abaixo de três. Na manhã de parte na crença de que o fator de
projetado para ter fator de segurança 28 de janeiro de 1986, a temperatura segurança seria suficiente para
igual a três. No entanto, as baixas na plataforma de lançamento era compensar quaisquer riscos criados
temperaturas contribuíram para a de 2,2°C, a menor temperatura de pela baixa temperatura. A falha
erosão dos anéis nos voas anteriores lançamento até então. Apesar das catastrófica ocorreu logo depois do
e, consequentemente, para a erosão objeções de diversos engenheiros, lançamento.

100

(\)
o- 3
c
~
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TI
(1)

~
Sem danos ao anel O-ring

Pequenos danos ao anel


Q) O O
TI O ru O-ring
.8 ô
(\)
40 S]
LL
O O Grandes danos ao anel
O-ring
20
1981 1982 1983 1984 1985 1986
Lançamentos do ônibus espacial

Anéis O-ring de borracha, circunferência


aproximada de 11,6 metros e espessura de
1,4 polegada.

Fator de Segurança 91
Ciclo de Feedback
Relação entre as variáveis em um sistema em que as
consequências de um evento retornam ao sistema na
forma de insumo, modificando o evento no futuro.

Para cada ação, há sempre uma reação, oposta e de mesma intensidade. Quando I Em termos de aplicação prática. as obras
fundamentais sobre ciclos de sistema e de
as reações formam um ciclo e afetam a si mesmas, cria-se um ciclo de feedback.
feedback incluem Industrial Dynamics, MIT
Todos os sistemas do mundo real são compostos de muitos ciclos de feedback que Press, 1961; Urban Dynamics, MIT Press,
interagem entre si, incluindo animais, máquinas, empresas e ecossistemas. Existem 1969; e World Dynamics, MIT Press, 1970,
dois tipos de ciclos de feedback: positivos e negativos. O feedback positivo amplia de Jay W. Forrester.
o produto do sistema, resultando em crescimento ou redução. O feedback negativo
refreia o produto, estabilizando o sistema em torno de um ponto de equilíbrio.' 2 Ver, por exemplo, Why Things Bite Back:
Technolagy and the Revenge ot Unintended
Os ciclos de feedback positivo criam mudanças, mas, em geral, também resultam Consequences, de Edward Tenner, Vintage
em consequências negativas se não forem moderados por ciclos de feedback Books, 1997.

negativo. Por exemplo, em resposta às lesões na cabeça e no pescoço dos jogadores


de futebol americano na década de 1950, os designers criaram capacetes de 3 Ver, por exemplo, Macrascape: A New World
Scientific System, de Joel de Rosnay, traduzido
plástico com mais enchimento interno para substituir os capacetes de couro. Os
por Robert Edwards, Harper & Row Publishers,
capacetes oferecem mais proteção, mas induziram os jogadores a correr riscos cada
1979.
vez maiores na hora de agarrar e derrubar os adversários. As lesões de cabeça e
pescoço começaram a ocorrer com mais frequência do que antes. Ao se concentrar
no problema isolado (por exemplo, sem considerar as mudanças de comportamento
dos jogadores), os designers acidentalmente criaram um ciclo de feedback positivo
no qual os jogadores usam suas cabeças e pescoços de forma cada vez mais
arriscada. O resultado foram mais lesões, o que levou a novos designs para deixar
os capacetes mais duros e com mais enchimento, e assim sucessivamente."

Os ciclos de feedback negativo conseguem fazer com que os sistemas resistam às


mudanças. Por exemplo, o Segway Human Transportar utiliza os ciclos de feedback
negativo para manter o equilíbrio. À medida que o motorista se inclina para frente
ou para trás, o Segway acelera ou desacelera para manter o sistema em equilíbrio.
Para que o processo seja harmônico, o Segway realiza 100 ajustes por segundo.
Dado o alto índice de ajustes, as oscilações em torno do ponto de equilíbrio
são indetectáveis de tão pequenas. No entanto, se houvesse menos ajustes por
segundo, as oscilações se tornariam maiores e haveria mais solavancos.

Uma lição importante dos ciclos de feedback é que os elementos estão


conectados entre si: mudar uma variável do sistema afeta as outras variáveis
naquele e em outros sistemas. Isso é importante porque, além de considerar
os elementos específicos, os profissionais também devem considerar sua relação
com o design como um todo e com o ambiente em geral. Considere os ciclos
de feedback positivo para provocar mudanças nos sistemas, mas inclua os ciclos
de feedback negativo para impedir comportamentos descontrolados que levariam
a uma falha de sistema. Leve em conta os ciclos de feedback negativo para
estabilizar os sistemas, mas tenha cuidado, pois o excesso de feedback negativo
pode fazer o sistema ficar estagnado.ê

Ver também Convergência, Erros e MOdelagem.

92 Principios Universais do Design


Ciclo de feedback positivo

Rigidez do capacete

+ +
o
s:

+
c
Q)
o,
E
Q)
<f)
Q)
o

+
Tempo

A história do design do capacete de para uma curva em S caso sejam


futebol americano é um exemplo limitados por algum outro fator, como
clássico de feedback positivo. Os novas regras para penalizar o uso
ciclos de feedback positivo acabam de capacetes na hora de agarrar e
entrando em colapso ou decaindo derrubar os adversários.

Ciclo de feedback negativo

E/,'"
c

~
<f)
Q)
o -.:
__
"

_-
::~:::::::: :::=: •• _-~----
Ângulo do Segway
- Velocidade

Tempo

Os ciclos de feedback negativo são do mesmo modo em sistemas um estado final ou OSCilam em torno
utilizados para estabilizar os sistemas; termostáticos e nos controles por cabo deste caso se houver atrasos entre as
no caso, para equilibrar o Segway elétrico (f/y-by-wire) dos aviões. Os variáveis no círculo.
e seu motorista. Eles são aplicados Cicios de feedback negativo presumem

CiClO de Feedback 93
Sequência de Fibonacci
Sequência em que cada número é igual à soma dos dois
números anteriores.

A sequência de Fibonacci é uma série de números em que cada um é igual à I A obra fundamental sobre a sequência de
Fibonacci é Liber Abaci (Livro do Ábaco),
soma dos dois anteriores (por exemplo, 1, 1,2,3, 5, 8, 13). Padrões com essa
de Leonardo de Pisa, 1202. As obras
sequência são muito comuns nas formas naturais, como as pétalas de flores, fundamentais contemporâneas incluem The
espirais de galáxias e os ossos da mão humana. A onipresença da sequência na Geametry af Art and Life, de Matila Ghyka,
natureza levou muitos a concluírem que os padrões baseados na sequência de Dover Publications, 1978 (1946); Elements of
Fibonacci têm valor estético intrínseco e, portanto, merecem ser considerados Dynamíc Symmetry, de Jay Hambidge, Dover
Publications, 1978 (1920).
no design.'

Os padrões de Fibonacci estão presentes em muitas obras clássicas, incluindo 2 Ver, por exemplo, Structural Pattems and
Proportíons in Vírgí/'s Aeneíd, de George Eckel
poesia, arte, música e arquitetura clássicas. Por exemplo, supostamente Virgílio
Duckworth, Universily of Michigan Press,
teria usado a sequência de Fibonacci para estrutura r a poesia em Eneida. 1962; e "Did Mozart Use the Golden Scction?",
A sequência de Fibonacci é encontrada nas composições musicais das sonatas de Mike May, Amerícan Scientist, March-April
de Mozart e na Quinta Sinfonia. de Beethoven. Le Corbusier combinou as 1996; e le modular, de Le Corbusier,
Birkhauser, 2000 (1948).
características principais do corpo humano com a sequência de Fibonacci
para desenvolver o Modular, um sistema clássico de proporções e medidas
arquitetônicas para auxiliar na criação de designs práticos e harmoniosos." 3 "Ali that Clitters: A Review of Psychological
Research on the Aesthetics of the Golden
Section", de Christopher D. Green, Perception,
Em geral, a sequência de Fibonacci é utilizada em conjunto com a proporção 1995, vol 24. p. 937-968.
áurea, um princípio com o qual tem uma relação bastante próxima. Por exemplo,
a divisão de dois números adjacentes em uma sequência de Fibonacci produz
urna aproximação da proporção áurea. As aproximações são fracas para os
primeiros números na sequência, mas cada vez mais precisas à medida que
ela avança. Assim como ocorre com a proporção áurea, ainda existe um debate
sobre o valor estético dos padrões de Fibonacci. Será que esses padrões são
considerados estéticos porque as pessoas assim os consideram ou porque foram
ensinadas a acreditar que são? A pesquisa sobre a estética da proporção áurea
tende a favorecer a primeira alternativa, mas não existe muita pesquisa empírica
sobre a estética de padrões de Fibonacci não relacionada à proporção áurea.'

A sequência de Fibonacci continua sendo dos padrões mais influentes da


matemática e do designo Considere a sequência de Fibonacci ao desenvolver
composições interessantes, padrões geométricos e motivos e contextos orgânicos,
especialmente quando envolvem ritmos e harmonias entre múltiplos elementos.
Não invente designs absurdos apenas para incorporar a sequência de Fibonacci,
mas tampouco ignore as oportunidades de explorar as relações de Fibonacci
quando outros aspectos do design não ficarem comprometidos.

Ver também Efeito da Aparência Facial Mais Próxima da Média, Efeito Estética!
Usabilidade e Proporção Áurea.

94 Princípios Universais do Design


Relação Figura/Fundo
Os elementos podem ser percebidos como figuras (objetos
de foco) ou como fundo (o resto do campo perceptível).

A relação figura/fundo é um dos princípios da percepção da Gestalt. Segundo 1 A obra fundamental sobre a relação figura/
fundo é "Synoplevede Figurer" (Figura e
ela, o sistema sensorial humano divide os estímulos em elementos de figura e
Fundo), de Edgar Rubin, Gyldendalske, 1915,
elementos de fundo. Os elementos de figura são os objetos de foco, enquanto os
traduzido e republicado em Readings in
elementos de fundo compõem um segundo plano homogêneo. Essa relação pode Perceptian, de David C. Beardslee e Michael
ser demonstrada por estímulos visuais (como fotografias) e sonoros (como trilhas Wertheimer, D. Van Nostrand, 1958,

sonoras com diálogos e música de fundo).' p 194-203.

Quando a figura e o fundo de usna composição estão claros, a relação é estável; 2 "Lower Region: A New Cue for Figure-Ground

o elemento de figura recebe mais atenção e é mais bem memorizado do que o Assignment", de Shaun P. Vecera, Edward
K. Vogel e Geoffrey F. Woodman, Jaurnal ot
elemento de fundo. Nas relações figura/fundo instáveis, a ligação é ambígua e pode
Experimental Psychalagy: General, 2002, vol.
ser traduzida de diversas maneiras; a interpretação dos elementos se alterna entre 131(2), p. 194-205.
figura e fundo.

As indicações visuais que determinam quais elementos serão percebidos como


figura e quais serão percebidos como fundo são:

• A figura tem forma definida, o fundo não.


• O fundo continua atrás da figura.
• A figura parece estar mais próxima e tem localização clara no espaço,
enquanto o fundo parece distante e não tem localização clara.
• Os elementos abaixo da linha do horizonte têm maior probabilidade de
serem percebidos como figuras, enquanto aqueles que estão acima têm
maior probabilidade de serem percebidos como fundo.
• Os elementos nas regiões inferiores de um design têm maior possibilidade
de serem percebidos como figuras, enquanto os elementos nas regiões
superiores, de serem percebidos como fundo."

Diferencie claramente entre figura e fundo para concentrar a atenção e minimizar


a confusão perceptiva. Incorpore as indicações visuais listadas acima para verificar
se os designs têm relações figura/fundo claras. Utilize uma composição em que os
elementos principais são figuras para aumentar a probabilidade de memorização.

Ver também Diagrama de Gutenberg, Lei da Pregnãncia, Ressonância Visuoespacial


e Viés da Iluminação de Cima para Baixo.

96 Princípios Universais do Design


A colocação do nome do spa abaixo
da linha do horizonte o transforma
em elemento de figura: o logotipo
receberá mais atenção e será mais
memorizado do que o projeto em que
o vaso de Rubin é instável, pois pode
foi colocado o nome na parte superior.
ser visto simultaneamente como um
vaso branco contra um fundo preto,
ou como dois rostos pretos que se
olham contra um fundo branco.

,/

Inicialmente, a imagem não possui


relação figura/fundo No entanto, após
um instante, o dálmata aparece e a
relação figura/fundo se estabiliza.

A colocação do logotipo no rodapé o


transforma em elemento de figura:
o logotipo receberá mais atenção e
será mais lembrado do que aquele
localizado no cabeçalho.

Relação Figura/Fundo 97
Lei de Fitts
o tempo necessário para alcançar um alvo depende do
tamanho e da distância do alvo.

De acordo com a Lei de Fitts, quanto menor e mais distante for um alvo, mais 1 A obra fundamental sobre a Lei de Fitts é
"The Information Capacity of the Human Motor
tempo será necessário a fim de alcançar uma posição estática em relação ao alvo.
System in Controlling Amplitude 01 Movement",
Além disso, quanto mais rápido for o movimento necessário e quanto menor for o
de Paul M. Fitts, Jaurnal af Experimental
alvo, maior será o índice ••de erros devido à relação velocidade/precisão. A lei de Fitts Psychology, 1954, vol. 4, p. 381-191. A
tem implicações no design de controles, nos layouts de controles e em qualquer equação da lei de Fitts é TM = a + b log2
dispositivo que facilite o movimento em direção a um alvo ou a uma meta.' (d/t + 1), onde TM = tempo de movimento
para o alvo; a = 0,230 segundo; b = 0,166
segundo; d = distância entre dispos.tivo
A Lei só pode ser aplicada a movimentos rápidos de apontamento, e não a
apontador e alvo; e t= tamanho do alvo.
movimentos contínuos, como a escrita e o desenho. É utilizada para prever a Por exemplo, presuma que a distância entre
eficiência do movimento nos trabalhos de montagem realizados sob microscópio o centro da tela e um ícone é de 3 cm e o
e o movimento do pé em direção ao pedal de um carro. Em geral, os movimentos diâmetro é 15 em. ° tempo necessário para
adquirir o ícone seria TM = 0,230 segundo +
de apontamento consistem em um movimento rápido e forte em direção ao alvo
0,166 segundo (Iog' (6/1 + 1)) = 0,7 segundo.
(movimento balística), seguido por movimentos de sintonia fina (movimentos de
correção), até chegar a uma posição estática (aquisição) sobre o alvo. Em geral,
2 Ver "Human Performance Times in
os movimentos de correção respondem pela maior parte do tempo de movimento
Microscope Work", de Gary Langoll e Walton
e são a causa da maioria dos erros.' M. Hancock, Aiie Transactions, 1975, vol.
7(2), p. llO-l17; e "Application of Fitts' Law to
Os designers podem reduzir as falhas e melhorar a usabilidade ao Foot-Pedal Design", de Colin G. Drury, Human

compreenderem as consequências da Lei de Fitts. Por exemplo, ao apontar Factors, 1975, vol. 17(4), p. 368-373.

para um objeto na tela do computador, o movimento nas dimensões vertical


e horizontal pode ser limitado, o que aumenta drasticamente a velocidade
com a qual os objetos são adquiridos com precisão. As limitações desse tipo
são bastante aplicadas a controles como barras de rolagem, porém, menos às
bordas da tela, que também são uma barreira para o movimento do cursor: o
posicionamento do botão na margem ou no canto da tela reduz significativamente
os màvimentos de correção necessários, produzindo menos erros e aquisições
mais rápidas.

Aplique a Lei de Fitts ao projetar sistemas que envolvam apontar para objetos.
Verifique se os controles estão próximos ou se são grandes, especialmente
quando forem necessários movimentos rápidos e a precisão for importante.
Você também deve deixar os controles menores e mais distantes quando não
precisarem ser usados com frequência, ou quando causarem problemas ao
serem ativados por acidente. Para melhorar o desempenho e reduzir o índice de
erros, pense em estratégias que restrinjam os movimentos sempre que possível.

Ver tarnbém Erros, Lei de Hick e Restrição.

98 Princip.os Universais do Design


Arquivo Editor Visuolizar Janela ~~~'~='=,_A.:,.iu_do ----,,-- _
Esvaziar lixeira .o~(Ej

Reiniciar A interface do usuário do


Desligar Macintosh facilita o processo
Dormir
de chegar a uma posição
estática sobre os menus
na margem da tela. Esta
~ peste paralisa o cursor, o que
torna os menus maiores; na
prática, sua altura é infinita.

pasta

o tempo necessário para It: Ajudo A interface do usuário do Microsoft


atingir a pasta menor e Nava Pasta Windows apresenta menus pop-up
mais próxima é igual ao Visualizar quando se aperta o botão direito do
Limpar
tempo para a pasta maior mouse. Como a distância entre a
Organizar
e mais distante. Ver Opções ..
posição do cursar e o menu pop-up
é mínima, a aquisição dos itens do
menu é bastante rápida.

Na década de 1990, houve muitos


casos de aceleração acidental no
Linha de modelo Jeep Cherokee, da Chrysler.
Centro do Os pedais de freio normalmente
Volante ficam à direita da linha de centro
Embreagem
do Jeep do volante, como no Ford Taurus.
Cherokee No Jeep Cherokee, no entanto, a
embreagem grande fez com que os
pedais ficassem à esquerda, o que
Distância entre a linha I
I-< 1/3" aumentava a distância entre o pé e o
de centro do volante
I 13.94" pedal de freio e dificultava a freagem.
e a margem direita do I Isso, combinado com a violação da
pedal de freio I
Convenção, fez com que os motoristas
do Jeep pisassem no acelerador
Piso do Jeep Cherokee •
quando pretendiam pisar no freio.
Piso do Ford Taurus •

Lei de Fitts 99
Cinco Cabides
Existem cinco formas de organizar as informações:
categoria, tempo, local, ordem alfabética e contínuo.'

A organização das informaç~es é um dos fatores mais fortes na hora de 1 O termo cabides é uma analogia: os chapéus
pendurados no cabide são informações e os
influenciar a forma como as pessoas pensam e interagem com um designo
cabides em si são as formas de organizá-Ias.
O princípio dos cinco cabides assevera que existe uma quantidade limitada de
Ta m bém con hecido como cinco modos de
estratégias organizacionais, seja qual for a aplicação específica: categoria, tempo, organizar informações.
local, ordem alfabética e contínuo."

2 A obra fundamental sobre os cinco cabides é


A categoria se refere à organização por semelhança ou afinidade. Os exemplos Information Anxiety, de Richard Saul Wurman,
incluem as áreas de estudo em um catálogo de faculdade e os tipos de Bantam Books, 1990. Observe que Wurman

mercadoria em uma loja on-line. Organize por categoria quando existirem grupos mudou o título dos cabides de contínuo para
hierarquia em uma edição posterior do livro, o
semelhantes entre as informações ou quando os usuários buscarem informações
que possibilitou a criação da sigla LATCH em
por categoria (por exemplo, uma pessoa que quer comprar um aparelho de som inglês. O título original contínuo é apresentado
pode buscar uma categoria de eletroeletrônicos). aqui porque os autores acreditam ser uma
descrição mais precisa da categoria.

O tempo se refere à organização por sequência cronológica. Os exemplos


incluem linhas de tempo e a programação de tevê da revista TV Guide. Ordene as
informações por tempo ao apresentar e comparar eventos com durações fixas ou
quando há uma sequência temporal envolvida (por exemplo, um procedimento
passo a passo).

O local se refere à organização por referência geográfica ou espacial. Os exemplos


incluem saídas de emergência e guias de viagem. Organize as informações por
local quando os itens "orientação" e "wayfinding" forem importantes ou quando
as informações tiverem uma relação significativa com a geografia de um ponto
(por exemplo, um local histórico).

O modo ordem alfabética se refere à organização em sequê~cia alfabética.


Os exemplos incluem dicionários e enciclopédias. Organize as informações
alfabeticamente quando forem utilizadas para referência, quando for necessário
um acesso não linear e eficiente a itens específicos ou quando nenhuma outra
estratégia organizacional for adequada.

O contínuo se refere à organização por magnitude (por exemplo, do maior ao


menor, do melhor ao pior). Os exemplos incluem porcentagens de rebatedores no
jogo de beisebol e resultados nos mecanismos de busca. Combine as informações
em contínuos quando realizar comparações com uma medida comum.

Ver também Organizador Prévio, Consistência e Enquadramento.

100 Principios Universais do Design


Aqui, os cinco cabides são aplicados Alfabético
às estruturas mais altas do mundo.

i ~I 1 1 1 ~ I i II
Apesar de as mesmas informações
serem apresentadas em todos os
casos, as organizações diferentes
influenciam significativamente
quais aspectos das informações
Canadian Citic Jin Mao Menara Oriental Ostankino Petronas Sears Tianjin World
são enfatizados. National Plaza Building Kuala Pearl Tower Towers Tower TV Trade
Tower Lumpur Tower Tower Center

Tempo

1
1967
Ostankino
Tower
II I t i 1 ~ 1 ~ I
1973
World
Trade
1974
Sears
Tower
1975
Canadian
National
1991
Tianjin
TV
1995
Oriental
Pearl
1996
Citie
Plaza
1996
Menara
Kuala
1998
Petronas
Towers
1999
Jin Mao
Building
Center Tower Tower Tower Lumpur

Local'

!~l' ~ lj(11
J~",. ';:'';';' t:::~11
.::'.:'>j :a~~~ Sears .: ~l::-world
Tower Mena~ers~ ,,": ":... Jin Mao Tower Canadian Trade
Kua:~a ~ ~"" Building National Center ">
Lumpur "~ Cme Tower '.
Plaza

Contínuo

~i II I 1
1283'
Citic
Plaza
1362'
Tianjin
TV
Tower
l368'
World
Trade
Center
1381'
Jin Mao
Building
1403'
Menara
Kuala
Lumpur
I ~
1450'
Sears
Tower
1483'
Petronas
Towers
11
1535'
Oriental
Pearl
Tower
1762'
Ostankino
Tower
t
1815'
Canadian
National
Tower
Categoria
Torres Prédios

t
Canadian
National
Tower
Menara
Kuala
Lumpur
1 1 i i ~I ~ I II
Oriental
Pearl
Tower
Ostankino
Tower
Tianjin
TV
Tower
Citic
Plaza
Jin Mao
Building
Petronas
Towers
Sears
Tower
Warld
Trade
Center

Fundação Escola Técnica


LlBERArO SALZANO VIEIRA DA CUNHA Cinco Cabides 101
NOVO HAMBURGO - RS
Bil'moteca
Compensação entre
Flexibilidade e Usabilidade
À medida que aumenta a flexibilidade de um sistema,
diminuí sua usabilidade.

A compensação entre flexibilidade e usabilidade tem relação com um velho ditado: I Ver, por exemplo, The Invisible Computer, de
o homem dos sete instrumentos não toca nenhum. Os designs flexíveis podem Donald A. Norman, MIT Press, 1999; e "The

realizar mais funções do que os designs especializados, mas realizam as mesmas Visible Problems 01 The Invisible Computer A
Skeptical Look at Inlormation Appliances", de
funções com menos eficiência. Por definição, os flexíveis são mais complexos
Andrew Odlyzko, First Monday, 1999, vol. 4
do que os inflexíveis; logo, em geral são mais difíceis de usar. Por exemplo, um (9), http://www.firstmonday.org.
canivete suíço tem muitas ferramentas que aumentam sua flexibilidade. Em
conjunto, elas são mais difíceis de usar e menos eficientes do que as mesmas
ferramentas separadas, que são mais especializadas; no entanto, elas oferecem
uma facilidade de uso que não há em outra ferramenta isolada. Existe a
compensação entre flexibilidade e usabilidade, porque acomodar a flexibilidade
significa satisfazer um conjunto maior de requisitos de design, o que sempre
implica mais concessões e complexidade.'

Um pressuposto comum é que os designs sempre devem ter o máximo de flexibilidade


possível. No entanto, a flexibilidade tem custos reais em termos de complexidade,
usabilidade, tempo e dinheiro; em geral, ela só vale a pena quando o público não
consegue prever suas necessidades futuras. Por exemplo, em comparação com
aparelhos mais especializados, como videogames, os computadores são máquinas
flexíveis e difíceis de usar. Contudo, o grande valor do computador é que ele resolve
a incerteza relativa à forma como pode ser usado e como será usado: processamento
de texto, declaração de impostos, e-mail. As pessoas compram videogames para
jogar videogame, mas compram computadores para satisfazer uma ampla gama de
necessidades, muitas até mesmo desconhecidas no momento da compra.

A capacidade de o público prever a utilização futura de um produto é um indicador


importante do valor que darão à flexibilidade e à usabilidade do designo Quando o
público consegue prever facilmente as necessidades, designs mais especializados e
concentrados nessas necessidades são melhores. Quando o público não consegue
precisar claramente suas prioridades, os designs mais flexíveis são melhores, pois
permitem a resolução de contingências futuras. O quanto o público pode ou não
definir suas demandas futuras deve corresponder ao nível de especialização ou
flexibilidade do designo À medida que o público passa a compreender melhor a gama
de necessidades possíveis que podem ser satisfeitas, estas ficam mais bem definidas
e, consequentemente, os designs precisam se tornar mais especializados. Esse
movimento em direção à flexibilidade com o tempo é um padrão geral, observado na
evolução de todos os sistemas, e deve ser considerado no ciclo de vida dos produtos.

A compensação entre flexibilidade e usabilidade tem implicações sobre as decisões


referentes às importâncias relativas da flexibilidade e da usabilidade no designo Quando o
público conhece bem suas necessidades, prefira designs especializados para atendê-Ias
com o máximo de eficiência possível. Quando o público não sabe bem do que precisa,
prime por designs flexíveis que possam se adaptar à maior gama de aplicações futuras
possíveis. No design de múltiplas gerações de produtos, considere um movimento rumo
à especialização à medida que se definem as necessidades do público.
Ver também Ciclo de Vida, Convergência, Hierarquia de Necessidades,
Modularidade, Regra 80/20, Revelação Progressiva.

102 Princípios Universais do Design


Condescendência
Os designs devem ajudar as pessoas a evitar erros e a
..
minimlzar as consequências negativas quando eles ocorrem .

o erro humano é inevitável, mas não precisa ser catastrófico. A condescendência


no design ajuda a prevenir os erros antes que ocorram e minimiza as
consequências negativas quando acontecem. Os designs condescendentes dão
uma ideia de segurança e estabilidade, o que, por sua vez, promove a disposição
para a aprendizagem, a exploração e o uso do designo As estratégias comuns para
a incorporação da condescendência ao design incluem:

Boas affordances: características físicas do design que influenciam o uso correto


(por exemplo, um plugue com formato especial que só pode ser inserido no
receptáculo adequado).

Reversibilidade das ações: uma ou mais ações podem ser revertidas se ocorre um
erro ou a pessoa muda de intenção (por exemplo, a função desfazer em aplicativos).

Redes de segurança: aparelho ou processo que minimiza as consequências


negativas de uma falha ou erro catastrófico (por exemplo, ejeção do assento do
piloto em aeronaves).

Confirmação: verificação de intenção necessária antes que sejam permitidas ações


críticas (por exemplo, trava que deve ser aberta antes de o equipamento ser ativado).

Avisos: sinais, perguntas ou alarmes utilizados para informar sobre perigos


iminentes (por exemplo, placas de trãnsito advertindo sobre curvas perigosas).

Ajuda: informações que auxiliam a realização de operações básicas, solução de


problemas e recuperação de erros (por exemplo, documentação ou serviço de
atendimento)

Os melhores métodos para produzir condescendência no design são affordances,


reversibilidade das ações e redes de segurança. Os designs que sabem usar
essas estratégias precisam de poucas confirmações, avisos e ajuda, ou seja, se-
as affordances são boas, a ajuda é menos necessária; se as ações são reversíveis,
as confirmações são menos necessárias; se as redes de segurança são fortes, os
avisos são menos necessários. Ao usar confirmações, avisos e sistemas de ajuda,
evite utilizar ícones ou mensagens misteriosas. Certifique-se de que as mensagens
°
transmitem com clareza risco ou o problema e também as ações que possam ou
devam ser tomadas. Lembre que o excesso de confirmações ou avisos impede o fluxo
de interação e aumenta a probabilidade de o aviso ou confirmação ser ignorado.

Crie designs condescendentes com boas affordances, reversibilidade das ações e


redes de segurança. Se isso não for possível, lembre-se de incluir confirmações,
avisos e um bom sistema de ajuda. Certifique-se de que a quantidade de ajuda
necessária para garantir uma boa interação com um design é inversamente
proporcional à qualidade do design: se for necessária muita ajuda, o design é ruim.

Ver também Affordance, Confirmação, Erros, Fator de Segurança e Nudge.


104 Principios Universais do Design
Tool Presets

A paleta de histórico do Adobe


Image Size
Photoshop permite que os usuários
Brightness/Controst
desfaçam e refaçam as ações
CMYK CoIor
anteriores com flexibilidade.
Image Size

Seíect Canvas

Stroke

Newloyer

New Laye~

ITi
1~5'.! 1I
I

I
Em caso de falhas catastróficas, o
As placas aumentam a sistema de recuperação balístico
condescendência das estradas ao atua como rede de segurança, o que
avisarem os motoristas sobre os permite que piloto e avião voltem com
perigos em frente. segurança a terra.

Trancar e etiquetar equipamentos


é uma estratégia de confirmação
comum para garantir que ninguém
ativará acidentalmente os sistemas em
conserto.

A boa affordance deste plugue impede


que seja inserido incorretamente na
tomada.

Condescendênca 105
Forma Segue a Função
No design, a beleza é resultado da pureza da função.

o corolário a forma segue a função é interpretado de duas maneiras: como I A origem do conceito foi atribuída a Carlo
Lodoli, um monge jesuíta do século XVIII.
descrição de beleza ou receita para a beleza. A interpretação descritiva é
As teorias de Lodoli sobre arquitetura
que a beleza resulta da pureza de função e da ausência de ornamentação.
provavelmente influenciaram os designers
A interpretação prescritiva é que as considerações estéticas em um design posteriores, como Horatio Greenough e Louis
devem ser secundárias às considerações funcionais. O corolário foi adotado e Sullivan, que articularam o conceito em sua
popularizado por arquitetos modernistas no século XX e desde então foi adotado forma popular. As obras fundamentais sobre
a forma segue a função são "The Tall Oflice
por designers em diversas disciplinas.'
Building Artistically Considered", de Louis H.
Su1livan, Lippincott's Magazine, March 1896; e
A interpretação descritiva, ou seja, de que a beleza é resultado da pureza da Form Follows Fiasco: Why Modem Architecture
função, originalmente se baseava na crença de que, na natureza, a forma Hasn't Worked, de Peter Blake, Little, Brown,
segue a função. No entanto, a crença é falsa, pois a função segue a forma na and Company, 1977.

natureza, se é que segue alguma coisa. A evolução por seleção natural não
transmite nenhuma intenção de uma geração para a outra, os padrões genéticos 2 A tendência do público geral a resistir ao novo

simplesmente são transmitidos e cada organismo encontra uma utilidade para depende de sua familiaridade com o antigo.
Em geral, são necessárias várias gerações
a forma herdada. Apesar disso, os aspectos funcionais do design são menos
para que as preferências populacionais
subjetivos do que os estéticos e, assim, os critérios funcionais representam uma desapareçam o suficiente para que os méritos
estética mais objetiva do que as alternativas. O resultado é que os designs são de um novo design possam ser considerados
mais atemporais e duradouros, apesar de frequentemente também serem vistos objetivamente.

como simples e desinteressantes pelo público geral."

A interpretação prescritiva, ou seja, de que as considerações estéticas no design


devem ser secundárias às funcionais, provavelmente se deriva da interpretação
descritiva. O uso de a forma segue a função como receita ou diretriz de design
é problemática, pois faz com que o designer se concentre na pergunta errada.
A pergunta não deveria ser "que aspectos da forma deveriam ser omitidos ou
substituídos por funções?", mas sim "que aspectos do design são críticos para
alcançar o sucesso?". Esses critérios de sucesso, e não a obediência cega à
ideia de a forma seguir a função, devem estar por trás das especificações e
das decisões do projeto de designo Quando tempo e recursos são limitados, as
concessões de design devem se basear naquilo que menos afeta a probabilidade
de sucesso, seja lá qual for a definição de sucesso. Em certas circunstâncias, as
considerações estéticas serão comprometidas; em outras, as funcionais. Qual o
fator deterrninante? O que melhor atender às necessidades do projeto.

Utilize a interpretação descritiva de a forma segue a função enquanto guia


estético, mas não aplique a interpretação prescritiva como regra de design
rigorosa. Ao tomar decisões de design, concentre-se na importância relativa de
todos os aspectos do design (forma e função) de acordo com critérios de sucesso.

Ver também Design por Comitê, Efeito de Mera Exposição, Efeito Estética/
Usabilidade e Navalha de Occam.

106 Princípios Universais do Design


A definição dos critérios de sucesso função pura do mostrador digital
é essencial para todo o bom designo ainda não se traduziu em uma
Por exemplo, se os critérios de estética popular entre o público
sucesso para um relógio são definidos geral). Em todos os casos, os
em termos de velocidade e precisão, critérios de sucesso devem orientar
o mostrador digital é superior. Se os as decisões e as concessões de
critérios <fe sucesso são definidos em design e devem ser a consideração
termos de estética pura, o mostrador principal na hora de determinar as
analógico minimalisla é superior (a especificações do designo

Função -------------------------------------------------------------Forma

Provavelmente não existe uma


forma funcional mais pura que o
Humvee original. Proveniente de
especificações militares, o sucesso
do Humvee em combate levou a seus
sucessores comerciais. o Hummer
Hl e H2. Cada um representa uma
estética exclusiva e interessante,
resultado da pureza de função e da
ornamentação mínima.

A Forma Segue a Função 107

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