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VANTAGENS DA APRENDIZAGEM COLABORATIVA EM PROCESSOS DE ENSINO

APOIADOS PELA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

Autor: Sandra Maria Ratton

Orientador: Faculdade AVANTIS

Curso: Curso de formação pedagógica para graduados não licenciados na modalidade EaD

Disciplina: Concepção e métodos de estudos em EaD (16/06/2017)

RESUMO:

O presente artigo trata de alguns aspectos relacionados à aprendizagem colaborativa em


processos de ensino apoiados pela tecnologia da informação, em especial. Realiza uma revisão
teórica de alguns conceitos relacionados a esse tema e algumas teorias que fundamentam esse
tipo de aprendizagem, com o intuito de mostrar as vantagens deste tipo de aprendizagem.

PALAVRAS CHAVE: vantagens, aprendizagem colaborativa, tecnologia, informação.

1. INTRODUÇÃO

Na atualidade, vivemos o paradoxo de ensinar e aprender de uma maneira diferente da


que fomos ensinados e educados. Isso é desafiador e ao mesmo tempo preocupante. Durante
muito tempo ensinar, educar e aprender foram processos que se mantiveram através de contatos
muito próximos: olho no olho, a fala e a réplica, a ação e a reação.

A modalidade de Educação a Distância (EaD), se constitui em um bom exemplo do


paradoxo que foi explicitado pelo parágrafo anterior, por tratar-se de uma modalidade de ensino
que difere da presencial, se adapta a várias realidades.

No EaD, o processo de aprendizagem para aquisição do conhecimento, se desenvolve a


distância e é mediado por tecnologias de informação através de mídias como televisão, CD-ROM,
telefone celular, notebook, etc.
O que se questiona, e o que se pretende discutir, neste artigo, é: ”. Quais as vantagens de
se desenvolver uma aprendizagem colaborativa em processos de ensino apoiados pela
tecnologia da informação?
Acrescenta-se ainda, que a opção pela escolha deste tema foi baseada, em que pese sua
relevância, através de análises realizadas pelos artigos disponibilizados para leitura e que tratam
respectivamente do: “Uso de novas tecnologias da informação e da comunicação na EAD. Uma
leitura crítica dos meios (MORAN,1999); Perspectivas (virtuais) para a educação
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(MORAN,2004).”. Bem como, a consulta de outras fontes de dados (artigos, dissertações, livros)
que tratam do referido tema.

2. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

Em todos os níveis formais de escolaridade são costumeiras as divisões do ensino nestes três
tempos. Há um momento para ensinar (professor falar e o aluno ouvir), outro para interagir com a
informação e aprender (ler, memorizar, refletir, discutir, se posicionar) e um outro tempo para o
fazer (muitas vezes confundido com expor ou simular a atividade, em exercícios, provas ou
testes), ou seja, utilizar o aprendido no tempo real da necessidade.
O ensino mediado pelas tecnologias digitais pode alterar estas estruturas verticais (professor >
aluno) e lineares de interação com as informações e com a construção individual e social do
conhecimento, criando assim, uma aprendizagem colaborativa.

2.1 APRENDIZAGEM COLABORATIVA

A aprendizagem colaborativa é um termo que têm sido frequentemente defendidas no meio


acadêmico atual, pois se reconhece nessas metodologias o potencial de promover uma
aprendizagem mais ativa por meio do estímulo: ao pensamento crítico; ao desenvolvimento de
capacidades de interação, negociação de informações e resolução de problemas; ao
desenvolvimento da capacidade de autorregulação do processo de ensino-aprendizagem.
Em oposição a essa abordagem tradicional de ensino, essas propostas reconhecem o
conhecimento prévio de cada estudante, sua experiência e seu entendimento de mundo. O
processo ensino-aprendizagem não está mais centrado na figura do professor e o aluno exerce
nele papel fundamental. (WIERSEMA, 2000).
Em relação à divisão de tarefas em um grupo de trabalho colaborativo, há “um engajamento
mútuo dos participantes em um esforço coordenado para a resolução do problema em conjunto”.
(DILLEMBOURG, 1996, p. 2)
Segundo revisão da literatura realizada, pesquisadores da Universidade de Évora informam
que: “a aprendizagem colaborativa destaca a participação ativa e a interação, tanto dos alunos
como dos professores. O conhecimento é visto como um construto social e, por isso, o processo
educativo é favorecido pela participação social em ambientes que propiciem a interação, a
colaboração e a avaliação”. (KENSKI,2003)
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Na Tabela 01, transcrita abaixo, os pesquisadores da Universidade de Évora, mostram as


principais diferenças entre a aprendizagem tradicional e a aprendizagem colaborativa:
Tabela 01 –Diferenças entre a aprendizagem tradicional e a colaborativa

Aprendizagem tradicional Aprendizagem colaborativa


Sala de aula Ambiente de aprendizagem
Professor-autoridade Professor-orientador
Centrada no professor Centrada no aluno
Aluno: ”Uma garrafa para encher” Aluno: “Uma lâmpada para iluminar”
Reativa -passiva Proativa - investigadora
Ênfase no produto Ênfase no processo
Aprendizagem em solidão Aprendizagem em grupo
Memorização Transformação
Não há independência Independência positiva
Não há responsabilidade partilhada Responsabilidade mútua e partilhada
Homogeneidade Heterogeneidade
Ênfase da tarefa Ênfase da tarefa e sua manutenção
O professor ignora o funcionamento do O professor observa o funcionamento do
grupo grupo e intervém
O grupo não acompanha sua O grupo acompanha sua produtividade
produtividade

Fonte: http://www.minerva.uevora.pt/pt/index.htm

De acordo, ainda, com o Universidade de Évora, os elementos básicos da aprendizagem


colaborativa são aqueles conforme se mostra na Tabela 02, a seguir:

Tabela 02 – Elementos básicos de aprendizagem colaborativa

Elemento básico Discriminação


Interdependência “Primeiro, os alunos são responsáveis pela sua própria
aprendizagem. Segundo, por facilitar a aprendizagem de
todos os membros do grupo. Terceiro, por facilitar a
aprendizagem de alunos de outros grupos. Todos os
alunos interagem e todos contribuem para o êxito da
atividade”.
Interação Um dos objetivos da aprendizagem colaborativa é o de
melhorar competência dos alunos para trabalhar em
equipe”.
Pensamento As atividades devem ser elaboradas de modo que exijam
divergente colaboração em vez de competição.
Avaliação Métodos independentes baseados em jogos de perguntas,
exercícios, observações da interação do grupo e hetero-
avaliação”.

Fonte: http://www.minerva.uevora.pt/cscl/index.htm
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2.2 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM COLABORATIVA

A Avaliação nesse contexto é a reflexão transformada em ação. Ação que nos impulsiona a
novas reflexões. A ação avaliativa exerce uma função dialógica e interativa, num processo por
meio do qual educandos e educadores aprendem sobre si mesmos e sobre o mundo no próprio
ato de avaliação. Educador e aprendizes estarão com situação de reflexão permanente na
trajetória de construção do conhecimento (SILVA,2003)

FREITAS, Luiz Carlos et al (2003, p.34) apresentam um argumento que destaca a importância
da participação dos alunos no processo de avaliação e do professor estruturar a aprendizagem de
tal forma que permita a avaliação do processo. Para tal, os autores baseados na proposta de
Johnson e Johnson, sugerem que se deve levar em conta cinco procedimentos ou requisitos:

I. Avaliação das interações no grupo;


II. Feedback constante;
III. Tempo para reflexão;
IV. Avaliação do processo em grupo turma;
V. Demonstração de satisfação pelos progressos (JOHNSON&JOHNSON, 1999).

Johnson e Johnson (1999) apresentam alguns procedimentos indispensáveis para a


avaliação individual e a responsabilização pessoal, em processos cooperativos, tais quais:
a. Formar grupos pequenos;
b. Fazer testes individuais;
c. Colocar questões orais ou solicitar a demonstração de certas competências a elementos
do grupo, ao acaso;
d. Observar sistematicamente o trabalho dos grupos;
e. Existir no grupo o papel de verificador da aprendizagem, o qual deve fazer perguntas para
que cada membro demonstre se de fato compreendeu, é capaz de explicar as respostas,
conclusões do grupo, etc.;
f. Os estudantes ensinarem uns aos outros o que aprenderam, fazendo o que se designa por
explicação simultânea. (FREITAS e FREITAS, 2003, p. 29)

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As rápidas e profundas transformações comandadas pelas tecnologias têm exigido da


escola novas posturas, novas metodologias, novas maneiras de se ensinar, para que seja
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possível superar o modelo ultrapassado, que não atende mais às expectativas dos alunos,
tampouco da sociedade e do mercado de trabalho.

Desta forma, os professores na educação a distância on-line, ao aderirem à aprendizagem


colaborativa, poderão atender na prática, as exigências da educação para o Século XXI, pautada
nos quatro pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a viver
juntos.

Conforme foi mostrado no decurso deste artigo, em especial na revisão da literatura


apresentada e principalmente respondendo o questionamento deste artigo, são inegáveis as
vantagens da aprendizagem colaborativa, quer seja por parte dos alunos, quanto dos
professores, especialmente quando comparadas aprendizagem tradicional presencial. Além, da
substancial melhoria do ambiente (presencial ou on-line), bem como a participação, o
desenvolvimento da criatividade, a interdependência e a autonomia dos alunos.

Entretanto, cabe aqui o alerta de que ao aderir a este modelo o professor necessita ter
clareza dos aspectos que envolvem a aprendizagem colaborativa em ambientes on-line para
saber conduzir o processo, fazer com que os alunos possam interagir e realmente cooperar uns
com os outros, com o objetivo de produzir conhecimentos, através das diferentes atividades
possíveis num curso on-line. Bem como, saber adotar um bom sistema de avaliação, de maneira
que seja possível observar as mudanças ocorridas na aprendizagem dos alunos, utilizando-se
dessa proposta.

Finalizando, não são as tecnologias que vão revolucionar o ensino e, por extensão, a
educação como um todo. Mas a maneira como esta tecnologia é utilizada para a mediação entre
professores, alunos e a informação. Esta pode ser revolucionária, ou não. Os processos de
interação e comunicação no ensino sempre dependeram muito mais das pessoas envolvidas no
processo, do que das tecnologias utilizadas, sejam o livro, o giz ou o computador e as redes.

REFERÊNCIAS

DILLENBOURG, P. et al. The evolution of research on collaborative learning. In: SPADA, E.;
REIMAN, P. (Ed.). Learning in Humans and Machine: Towards an interdisciplinary learning
science. Oxford: Elsevier, 1996. p. 189-211.
FREITAS, Luiz Carlos et al. Aprendizagem Cooperativa. Porto: Edições Asa, 2003.
JOHNSON, D.W., & JOHNSON, R. The three Cs of classroom and school management. In H.
Freiberg (Ed.), Beyond behaviorism: Changing the classroom management paradigm. Boston:
Allyn & Bacon,1999
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NÚCLEO MINERVA/Centro de Competência Nónio Século XXI da Universidade de Évora. –


Computer Supported Collaborative Learning. In Aprendizagem Colaborativa, Área de Projetos.
Atualizada em: mar. 2000. Acesso em: 10 jun. 2016. Disponível em <
http://www.minerva.uevora.pt/cscl/>.

SILVA, Marcos (Org.). Educação Online: teorias, práticas, legislação, formação corporativa.
São Paulo: Loyola, 2003
WIERSEMA, N. How does Collaborative Learning actually work in a classroom and how do
students react to it? A Brief Reflection,2000. Disponível
:<http://www.lgu.ac.uk/deliberations/collab.learning/wiersema.html>. Acessado em 28 de maio de
2017.
MORAN, José Manuel, Uso das Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação na
EAD - uma leitura crítica dos meios. Palestra proferida Programa TV Escola - Capacitação de
Gerentes”, COPEAD/SEED/MEC em Belo Horizonte e Fortaleza, no ano de 1999.

MORAN, José Manuel. Perspectivas (virtuais) para a educação. Mundo Virtual. Cadernos
Adenauer IV, nº 6. Rio de Janeiro, Fundação Konrad Adenauer, abril, 2004, páginas 31-45.

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