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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO - UFRRJ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA - IT
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA - DEQ
CURSO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS

Poli (ácido lático) (PLA) -


para fabricação de
embalagens

Aluno: Julio Filipe Coelho Milesi


Disciplina: IT230 Embalagens de Alimentos
Professora: Cristiane Hess
Data:12/11/2020

2020-5
1. O que é a sua embalagem / material?

O Poli (ácido lático) é um polímero que foi sintetizado pela primeira vez
em 1845 por Théophile-Jules Pelouze pelo método de condensação do
ácido lático. Em 1932, Wallace Hume Carothers e outros colaboradores,
desenvolveram um método de polimerização do ácido lático para
produzir o PLA, que posteriormente foi patenteada pela DuPont em
1954. Apesar de o PLA ser conhecido a várias décadas o seu uso estava
limitado a aplicações biomédicas ( suturas biocompatíveis, implantes,
dispositivos de liberação controlada de fármacos) apesar do alto custo. O
baixo peso molecular dos polímeros de PLA obtidos foi um dos
empecilhos para o uso de outras aplicações. Até que por volta de 1990,
isso mudou, quando a empresa Cargill conseguiu polimerizar um PLA de
alto peso molecular, usando uma reação de abertura do anel lactídeo
comercialmente viável. (AURAS et al 2011). Desde então o PLA tem
sido produzido em larga escala, e é cotado como um dos principais
polímeros verdes, sendo ambientalmente amigável e sustentável.
O PLA pode ser produzido pela polimerização de condensação
diretamente dos blocos de construção básicos do ácido lático, que é
derivado da fermentação de açúcares de fontes de carboidratos como
milho, cana-de-açúcar e tapioca. A maior parte das rotas comerciais,
utilizam-se da conversão mais eficiente do lactídeo, que é o dímero
cíclico do ácido lático, em PLA via polimerização da abertura do anel,
catalisada por um catalisador a base de Sn(II) ao invés da
policondensação.

Figura 1 – Esquema simplificado da obtenção de PLA


(OLIVEIRA, 2016)
Ambas as rotas de polimerização redundará em um alto grau de ácido lático
concentrado de excelente qualidade para a produção de polímeros de alto
peso molecular em produção.
A etapa de purificação do ácido lático produzido pela fermentação bacteriana
industrial é de importância crucial, uma vez que o ácido lático cru contém
muitas impurezas como ácidos, álcoois, ésteres, metais e traços de açucares e
nutrientes. A transformação do monômero lactídeo para PLA é obtido pela
despolimerização catalítica, de cadeias curtas de PLA sob pressão reduzida.
Esse pré-polímero é produzido pela desidratação e policondensação do ácido
lático sob vácuo a alta temperatura. Após a purificação, o lactídeo é usado
para a produção do PLA e os copolímeros do lactídeo para a polimerização
da abertura do anel, onde esse volume é conduzido a temperaturas acima do
ponto de fusão dos lactídeo, mas a baixas temperaturas de modo a não causar
a degradação do PLA já formado.
O processamento, cristalização e o comportamento a degradação do PLA,
tudo isso depende da estrutura e da composição das cadeias poliméricas, em
particular da proporção dos isômeros L- e D- do ácido lático.

Figura 2 – Isômeros L e D do ácido lático


(AURAS, 2011)
Figura 3 – Síntese do PLA a partir dos ácidos D-lático e L-lático
(REN, 2011)

A estrutura estereoquímica do PLA pode ser modificada por


copolimerização das misturas de L-lactídeo com o meso-, D- ou rac-lactídeo,
resultando num polímero de alto peso molecular amorfo ou semicristalino,
com uma faixa de ponto de fusão variando de 130 à 185 ºC.

Figura 4 - Os três diastereoisômeros estruturais do lactídeo (3,6-dimetil-1, 4-


dioxano-2, 5-diona)
(AURAS, 2011)
Figura 5 - Reação de polimerização poli (L-ácido láctico) a partir da abertura
do dímero cíclico do ácido láctico (Lactide), utilizando-se Sn(Oct)2 como
catalisador a 130 °C.
(MOTTA, 2006)
O lactídeo é miscível em xileno, tolueno, benzeno, cloreto de metileno,
clorofórmio, tetrahidrofurano, acetato de etila, metanol, isopropanol, acetona
e butanona. A miscibilidade aumenta com o aumento da temperatura. O
lactídeo irá hidrolisar em ácido lático na água a temperatura ambiente, e a
taxa de hidrolise do meso-lactídeo é muito maior que o D,L – lactídeo.
O PLA é mais ou menos hidrofóbico, dependendo da quantidade de lactídeo
D-,L- presente em sua estrutura. Possui um módulo elástico variando entre
3000-4000 Mpa, com uma resistência à tração de 50-70 MPa e temperatura
de transição vítrea (TG) em torno de 60-70ºC . As propriedades ópticas do
PLA podem variar de acordo a atividade ou inatividade dos seus monômeros
constituintes, sendo semicristalino por conta do D-,L-lactídeo que é ativo, ou
sendo amorfo por conta dos D-,L- lactídeo racêmico e meso-lactídeo, que
são inativos. (AURAS et.al 2011). Todas essas características o tornam
competitivo frente a outros polímeros de características semelhantes como o
poliestireno (PS).
A biodegradação do PLA se dá em duas etapas distintas: hidrólise abiótica
inicial das ligações éster, seguida pela ruptura enzimática dos fragmentos de
baixo peso molecular. A taxa de degradação hidrolítica depende num
primeiro momento da temperatura e umidade. Nenhum microorganismo está
envolvido na fase primária, o que é útil para aplicações como produtos que
são armazenados em depósitos, e embalagens de produtos alimentícios.
Quando o peso molecular já foi suficientemente perdido pela degradação
hidrolítica, os microorganismos então podem quebrar os oligômeros de
baixo peso molecular em dióxido de carbono e água. A taxa geral de
degradação aumenta em um ambiente compostável, devido a uma atividade
microbiana comunitária. Foi observado que a biodegradação do PLA pura se
dá de forma lenta no solo

2. Vantagens x Desvantagens

Uma das vantagens mais competitivas em relação à outros polímeros


atualmente no mercado é a abundância de fontes naturais e renováveis de
onde se pode obter o ácido lático; outra é a sua biodegradação no meio
ambiente, tornando-a uma embalagem com um curto tempo de vida na
natureza; além de suas boas propriedades mecânicas já mencionadas
anteriormente.
Mas embora ele possua boas características, ainda assim ele possui
propriedades mecânicas inferiores, devido essencialmente ao seu peso
molecular baixo.
Para se contornar esse problema, além da sua biodegradabilidade baixa,
utilizam-se alguns meios, como as blendas poliméricas, onde o PLA será
incorporado a outro polímero; ou compósitos, onde o PLA servirá como
a matriz e será adicionado a ele uma carga orgânica onde o ataque
microbiano se dê preferencialmente, acelerando o processo de
degradação, de modo a promover um ganho significativo de suas
propriedades, para tal, carga e matriz precisam ser compatíveis.
Outra desvantagem é o solvente utilizado para a sua fabricação, todos
eles com exceção da acetona, são perigosos devido a sua manipulação e a
posterior contaminação do polímero por agentes cancerígenos, e por isso
é preciso tomar cuidado com a quantidade de solvente utilizada, bem
como o ambiente onde é realizado a sua fabricação.

3. Custo x Benefícios

O PLA pode ser considerado o plástico do futuro, uma vez que ele alia
tantos bons predicados apesar das desvantagens já citadas, pois é um
polímero de obtenção barata e natural, ou seja, os custos de produção e
extração são baixíssimos, além de potencialmente infinitos, e dada a sua
biodegradabilidade bem como propriedades mecânicas depender ao que a
ele for combinado, possui uma gama de combinações grandes e
inexploradas.

4. Perspectivas de uso

O PLA vem sendo utilizado na área biomédica para entrega controlada


de fármacos, produção de utensílios domésticos, como pratos, copos,
talheres, e em especial para embalagens devido a sua biodegradabilidade.

5. Bibliografia.

AURAS,R; LIM, L; SELKE, S.E.M; TSUJI, H. Poly (Lactic Acid),


synthesis, structures, properties, processing and applications; John Wiley
& Sons Inc., 2010.

MOTTA, A. C.; DUEK, E. A. R. - Síntese, caracterização e degradação


“in vitro” do poli(L-ácido láctico), Polímeros: Ciência e Tecnologia, vol.
16, n° 1, p. 26-32, 2006.

OLIVEIRA, J. M. de. Obtenção e caracterização de compósitos


biodegradáveis de poliácido láctico (PLA) reforçados com fibra de
Curauá.2016. 86 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-graduação
em Integridade de Materiais da Engenharia, Universidade de Brasília,
Brasília, 2016.

REN, J. Biodegradable Poly (Lactic Acid): synthesis, modification,


processing and applications; Springer, 2011.

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