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A disparidade entre Classes! Adia Enem.

A Covid-19 trouxe inúmeras mudanças sociais e está nos preparando para


um mundo completamente diferente daquele que estávamos acostumados.
Comércios e escolas fechadas, são só uma consequência desse vírus que assola o
País. Diante dessa conjuntura, precisamos entender que certas ações precisam ser
tomadas. O adiamento do ENEM é uma delas.

Segundo o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da


Sociedade da Informação (2018), 9% das famílias de Classe D e E possuem
computador em casa, em contraponto, para famílias de classe A o percentual atinge
98%. O mesmo instituto mostra que famílias de Classes D e E, que possuem
telefones celulares com acesso à internet, correspondem apenas a 40% enquanto
na Classe A este número é de 99%.

Estamos vivendo sob um modelo de ensino a distância que necessita dos


maquinários para acesso a informação e estudo. Os dados citados no parágrafo
anterior, nos mostram a disparidade entre as classes sociais brasileiras, já que as
mais baixas não possuem os mesmos mecanismos que as altas.

A desigualdade existe há anos entres as camadas da sociedade, e em


relação ao estudo, isso fica mais evidenciado pois o formato EAD não é para todos.
O desempenho dos alunos no ENEM está diretamente ligado a classe econômica do
aluno já que as oportunidades não são igualitárias.

O Ministro da educação, Abraham Weintraub em um pronunciamento, afirmou


que o ENEM é uma competição e que ficou mais difícil para todo mundo com a
pandemia. De fato, a conjuntura sofreu alterações, mas não é possível equiparar as
necessidades entre classes. A competição é imoral e injusta a séculos, a pandemia
só reforça um sistema falha de educação.

Para muitos alunos, o ENEM é a forma ideal de ingresso ao ensino superior,


que dá direito a maioria das federais brasileiras. Com as escolas fechadas, a
dificuldade de acesso aos estudos e sem apoio pedagógico, os alunos mais
carentes serão prejudicados caso a data seja mantida.

Já está mais que evidente que não se trata apenas de uma “gripezinha”,
estamos diante de uma pandemia histórica que já matou cerca de 15 mil brasileiros,
de acordo com o G1. O ministro Weintraub insiste na ideia que em alguns meses,
até o ENEM, já teremos passado pela pandemia, portanto não haveria motivos para
adiá-lo. É uma ideia absurda que não se sustenta, já que não há igualdade de
acesso para o ensino a distância, prejudicando os que já estavam prejudicados: a
classe mais baixa do país.

Inúmeras instituições do terceiro setor, ligadas a educação, estão na luta para


adiar a prova e não prejudicar os alunos secundaristas. É exemplo delas, a UNE
(União Nacional dos Estudantes) e a UBES (União Brasileira do Estudantes
Secundaristas), ambas estão pressionando o poder legislativo para levar à votação o
projeto de adiamento a prova. As organizações foram responsáveis por criar uma
petição que já concentra mais de 300 mil assinaturas, para apoiar é só acessar o
site criado para a luta www.adiaenem.com.br.

É nosso papel como cidadão não deixar que a desigualdade seja mais
aprofundada e que a maior porta de entrada ao ensino superior gratuito seja
concentrada a uma classe econômica dominante. Se não há aula, não deve ter
Enem. Devemos agora, concentrar nossos esforços para pressionar os governos
estaduais, já que a rede pública de ensino médio é competência dos estados. Além
disso, temos que pressionar os tomadores de decisão diretos, como vereados e
deputados.

Diferente de outros momentos, não podemos pressionar nas ruas, mas


podemos usar o privilégio de acesso à internet para impedir que essa disparidade
seja cada vez mais profunda. Devemos fazer barulho nas redes sociais e assinar as
petições dos estudantes, para que seja possível levar a decisão para votação, e
finalmente, adiar a prova.

O momento requer isolamento social, porém, devemos garantir que as


chances dos jovens de baixa renda ingressarem a universidade não se afundem na
arrogância de um governo que não sabe governar, a revolução é digital e nós com o
privilégio de acesso, podemos fazer parte dela. Pela defesa da suspensão do edital
e adiamento da prova, para que nenhum aluno seja prejudicado pela crise que já os
avassala de diversas maneiras. Adia Enem!
Mayara dos Santos Freitas – Relações Públicas

REFERÊNCIAS

CETIC. Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da


Informação (Cetic.br), Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e
comunicação nas escolas brasileiras - TIC Educação 201. CETIC. Disponível em:
<https://cetic.br/tics/educacao/2018/escolas-urbanas-alunos/B3/>. Acesso em 15 de
maio de 2020.

ADIA, Enem. Adia Enem! UNE e UBES. Disponível em: < http://adiaenem.com.br/>.
Acesso em 11 de maio de 2020.

BRASIL, Agência. Maioria das crianças das classes D e E acessa internet apenas
pelo celular. Agência Brasil. Disponível em:
<https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-10/maioria-das-criancas-das-
classes-d-e-e-acessa-internet-apenas-pelo-celular>. Acesso em 15 de maio de 2020.

GLOBO. O Enem é uma competição e ficou mais difícil para todo mundo, afirma
Weintraub, mantendo as datas. O Globo. Disponível em:
<https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/o-enem-uma-competicao-ficou-mais-
dificil-para-todo-mundo-afirma-weintraub-mantendo-datas-do-enem-24379581>.
Acesso em 16 de maio de 2020.

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