Você está na página 1de 3

A responsabilidade social para a Auchan Portugal, por Eduardo Igrejas, Director

Geral do Grupo

SDC: O que é, para a Auchan, a Responsabilidade Social?

EI: Para a Auchan, a responsabilidade social não é uma moda.


Não é algo que tenha surgido agora... está no nosso ADN e faz
parte dos princípios fundadores da empresa.
Acreditamos que a nossa actividade só faz sentido se for
completamente integrada na comunidade envolvente, ou seja,
com os nossos colaboradores, com os nossos accionistas, com os nossos clientes.
Para cada um destes subgrupos, desenvolvemos um conjunto de projectos e
actuações que levam, desde a fundação da empresa, a que a prática da
responsabilidade social seja uma constante em evidência.

No que respeita aos nossos colaboradores, desenvolvemos, desde sempre, políticas


de responsabilização. Temos uma cultura de descentralização muito elevada e uma
política de formação que é das mais desenvolvidas do sector.
Actualmente, somos uma referência em termos da formação dos colaboradores:
damos mais de 30 horas de formação a cerca de 6000 colaboradores. Consideramos
a formação um instrumento base para a responsabilização, pois só se pode exigir
responsabilidade depois de se ensinar uma pessoa a exercer uma determinada
competência.
Por outro lado, apostamos na integração de grupos, como os portadores de
deficiência. Temos, actualmente, cerca de 50 colaboradores nessas condições, e
pretendemos chegar a 2010 com 100 colaboradores na empresa portadores de
deficiência. Para nós, esta não é uma boa prática, mas uma prática básica.
Partilhamos com o colaborador os objectivos da empresa e os frutos do nosso
trabalho. O colaborador, para além do seu salário e dos prémios de remuneração
variável em função dos seus objectivos, partilha também os lucros da empresa.

SDC: Há uma redistribuição dos lucros pelos colaboradores?

EI: Sim, existe uma redistribuição dos lucros da empresa e o colaborador tem,
inclusivamente, oportunidade de ser accionista. 98% dos colaboradores da Auchan
são accionistas da empresa. Não recorremos a esquemas, tipo stock options; é por
aplicação de poupança pessoal que os colaboradores se tornam accionistas. As
pessoas têm de comprar acções com o seu dinheiro; quem tem dinheiro... e quer,
compra. A empresa disponibiliza instrumentos de auxílio e facilita o pagamento para
quem tem interesse.

Em relação aos accionistas, temos o compromisso de sermos fiéis ao seu


pensamento, ao seu projecto mais humanista e de respeito pelo próximo e pelo
ambiente. Esta foi a missão transmitida pelos fundadores, aquando da criação da
empresa. Nós temos a obrigação de fazê-la cumprir.
No entanto, temos também o compromisso de mantermos uma taxa de rentabilidade
que permita à empresa ser independente do mercado financeiro. Por esta razão,
somos uma das principais empresas não cotadas em bolsa, a nível europeu e a nível
mundial.
Entendemos que, para definirmos o nosso caminho, não precisamos de recorrer à
bolsa. Um projecto sustentável e humanista deve criar uma forte relação entre o
accionista, a empresa, e aqueles a quem ela se destina. Neste sentido, o nosso
compromisso com os accionistas é mantermos um nível de rentabilidade superior ao
mercado, com regras extremamente exigentes, porque é a única forma de garantir a
perenidade da empresa. A cada investimento, temos de trazer mais retorno, porque
isso permite-nos estar sempre acima da média do sector e recorrermos, cada vez
menos, a financiamentos externos à própria empresa.

Por último, temos os nossos clientes (actuais e potenciais) e fornecedores, em


relação aos quais temos de trilhar um caminho que consiste em dois pilares: para os
primeiros temos o compromisso de vender um maior número de produtos de
qualidade, a preços cada vez mais baixos. Para os segundos apostamos numa atitude
de transparência, expressa em códigos de conduta e de responsabilidade com regras
claras, essenciais também para os nossos fornecedores. Sempre que possível,
apostamos em contratos de duração longa, para que isso permita, nomeadamente em
áreas como a agricultura, mas não só, alguma estabilidade do relacionamento.

SDC: Quais são as vossas prioridades no momento?

EI: A nossa prioridade é sermos cada vez mais coerentes connosco próprios e
sabermos aprofundar, aos olhos de todos, esta nossa forma de ver e de estar o
mundo.
A nossa prioridade é encontrarmos um caminho que possa ser aprofundado
diariamente. Queremos ser uma empresa mais forte e mais independente, que recruta
cada vez mais pessoas, com um respeito cada vez maior, por todos aqueles que a
rodeiam.
Em concreto, a nossa prioridade é desenvolver um conjunto de metodologias de
trabalho que levem a que os colaboradores tenham uma postura de responsabilidade
social cada vez mais espontânea.
As empresas não serão socialmente responsáveis porque alguém o determina; as
empresas serão socialmente responsáveis se aqueles que nela trabalham o forem
intuitivamente, e esse é o grande desafio.
Nesse sentido, devemos desenvolver processos de trabalho, de formação, de
sensibilização e de educação, que conduzam a essa postura de forma natural. E aqui
cabe uma imensidade de actuações.

Você também pode gostar