Esta leitura tem como objetivo apresentar os conceitos, as técnicas

e ferramentas do processo de planejamento da gestão de riscos.

O objetivo do processo de planejamento da gestão ciados. A precisão e abrangência desse documento

de riscos é ter um documento, o plano de gestão de
riscos, no qual seja definido como as atividades de
gestão de riscos serão executadas.
O principal benefício de fazer esse exercício de pla-
nejamento é o fato de permitir que todas as partes
interessadas conheçam as regras, os processos, os
procedimentos, as funções, as responsabilidades e os
formatos que serão aplicados à gestão específica do
projeto em desenvolvimento.
Figura 1. Estrutura do processo de planejamento da gestão de riscos
definirão a qualidade da comunicação entre os atores
envolvidos na gestão de riscos do projeto. Ter regras
claras, acordadas entre as partes e documentadas no
plano de gestão de riscos é essencial para gerenciar
corretamente as expectativas das partes e a coorde-
nação dos esforços.
OS INSUMOS
Que informações precisamos analisar para obter
esse produto?

Documentos que compõem o projeto2: são os do-

cumentos sucessivos que estruturam a fase de elabo-
Documentos de ração de um projeto e fornecem informações sobre
constituição do Revisão Plano de gestão
projeto documental de riscos as políticas relacionadas com ele.

Registro Análise
dos atores
de atores
O registro dos atores (partes interessadas): forne-
Processos Reuniões ce informações sobre as partes interessadas no pro-
organizacionais
jeto, como a organização à qual pertencem, o cargo,
Fatores culturais Opinião
do ambiente especializada
a função e as responsabilidades. Esse documento nos
permitirá saber que atores devem ser levados em
consideração, para definir como os riscos do projeto
serão gerenciados e a que atores deverá ser comuni-
Os principais elementos que compõem o processo de pla- cado o resultado.
nejamento da gestão de riscos estão descritos a seguir.

Os processos da organização: fornecem infor-

O PRODUTO
mações sobre como os riscos são gerenciados nas
organizações participantes do projeto.
Começamos pelo final: o que queremos obter com
esse processo?
Os fatores culturais do ambiente: fornecem infor-
O plano de gestão de riscos é o produto desse pro-
1 mações sobre a cultura e os recursos existentes em
cesso, no qual estão documentadas as decisões to- matéria de gestão de riscos nas organizações partici-
madas sobre como os riscos do projeto serão geren- pantes. Um exemplo especialmente relevante da cul-

1 Veja a planilha básica do plano de gestão de riscos em anexo.

2 Perfil do projeto, proposta de desenvolvimento operacional, contrato de empréstimo, etc.

1
tura de riscos em uma organização é a sua disposição
ao risco, ou seja, até que ponto a organização aceita
o risco em relação ao benefício que possa obter com
ele. Uma organização com grande disposição ao risco
terá elevado nível de tolerância a ele, porque espe-
ra obter altos benefícios, enquanto uma organização
com baixa tolerância ao risco buscará lucros meno-
res, porém seguros. Da mesma forma, a disposição ao
risco definirá os limites para o nível aceitável em um
projeto e, com base nesses limites acordados pelas
partes interessadas, serão definidas as porcentagens
atribuídas à probabilidade e ao impacto na matriz de
análise.3
AS TÉCNICAS E FERRAMENTAS
Como analisamos as informações iniciais (insumo do
processo) para transformá-las no plano de gestão de
riscos (produto do processo)?
Revisão documental: permite a análise organizada de
todas as informações relacionadas com a gestão de ris-
cos, documentada em diferentes fontes que fazem par-
te do projeto, bem como nas políticas da organização
ou organizações que estão conduzindo o projeto.
Análise dos atores (partes interessadas): permite
estabelecer os requisitos, as expectativas, a influência,
o impacto, a afinidade e a disposição ao risco dos ato-
res registrados. Essa análise facilita a definição de que
atores deverão participar de cada um dos exercícios
da gestão de riscos.
Reuniões: uma vez definidos os atores que parti-
ciparão do processo normativo da gestão de riscos,
serão realizadas reuniões para estabelecer, no míni-
mo, as seguintes informações, que serão incluídas no
plano de gestão de riscos:
Os processos de gestão de riscos relacionados com
o projeto (por exemplo: se o processo de análise quan-
titativa será ou não executado);
Os responsáveis por esses processos (por exemplo,
3 A matriz de análise e probabilidade é uma ferramenta utilizada no processo de análise qualitativa de riscos.
4 Em cada módulo correspondente e como informação adicional às leituras, são anexados os modelos utilizados pelo Banco
Interamericano de Desenvolvimento nas oficinas de análise de risco de projetos financiados por empréstimos com garantia
soberana.
se o gerente de projeto será responsável pelos pro-
cessos de gestão de riscos, se será nomeado um res-
ponsável pela área, se o monitoramento de riscos será
realizado pelo especialista em monitoramento, etc.);
Os níveis de autoridade (por exemplo, quem aprova
o plano de resposta, quem decide o orçamento atri-
buível a uma resposta a riscos, quem aloca recursos,
etc.);
A estratégia de comunicação (por exemplo, a quem
e como se comunica o plano de resposta, como se
convoca a oficina de identificação de riscos e a quem
se deve convocar, a quem e como se comunica a ma-
terialização de um risco, etc.);
Os limites de tolerância ao risco (por exemplo, que
probabilidade de ocorrência é considerada de nível
alto, que nível de risco o projeto pode assumir, que ní-
vel de risco requer planejamento de resposta, que ní-
vel de impacto implica uma porcentagem específica
de atraso ou excedentes de custo, etc.);
As ferramentas e modelos que serão usados no
projeto para a gestão de riscos (por exemplo, as in-
formações que o registro de riscos deve conter, os ní-
veis da matriz de probabilidade e impacto, os detalhes
necessários no plano de resposta em relação à alo-
cação de recursos, etc.).4
Opinião especializada: a gestão de riscos é uma
área particularmente integrada ao gerenciamento de
projetos e organizações, uma vez que os riscos emer-
gem de diferentes fontes e afetam diferentes objeti-
vos. Portanto, o processo de planejamento de riscos,
bem como o restante dos processos de gestão de ris-
cos, são de responsabilidade do gerente ou chefe da
equipe do projeto, que contará com um especialista
em gestão de riscos. O especialista deverá dominar as
técnicas de facilitação e construção participativa do
planejamento e pôr seus conhecimentos em gestão
de riscos a serviço da equipe do projeto e das partes
interessadas envolvidas.
2
CONCLUSÃO serão incluídos no plano de gestão de riscos para que
fique completo.
Planejar a gestão de riscos é o primeiro processo na
área do conhecimento, porque estabelece as regras Cada processo de planejamento de riscos resultará
a serem seguidas para a consecução de todos os de- em um documento, que será anexado ao plano de
mais processos de gestão de riscos do projeto. gestão de riscos, para complementar a documen-
tação de planejamento dos riscos do projeto..
Todo projeto deve seguir essas normas, no contexto
das políticas, dos processos e da cultura das organi-
zações participantes, a fim de alcançar o comprome-
timento organizacional e individual de todos os inte-
grantes da equipe do projeto, como fator crítico de
sucesso para a gestão de riscos.

As regras, os processos, procedimentos, formatos, li-

mites, as funções e responsabilidades da gestão de
riscos do projeto são elementos mínimos e indispen-
sáveis a serem esclarecidos e documentados para
a gestão adequada, bem como para haver comuni-
cação eficiente entre todos os atores envolvidos.

Figura 2. Componentes do plano de gestão de riscos

É importante lembrar que as expectativas dos atores

envolvidos no projeto são uma área de risco essencial,
e a comunicação é a melhor maneira de gerenciar as
expectativas com eficiência.

Uma vez definidas e aprovadas as regras para geren-

ciar os riscos do projeto, pode-se proceder aos demais
processos de planejamento de riscos, cujos produtos

3

PRINCIPAIS TERMOS E
DEFINIÇÕES DESTA LEITURA
Ator / Parte interessada / Stakeholder. Indivíduo, gru-
po ou organização que pode afetar, ser afetado ou
perceber a si mesmo como possivelmente afetado
por decisões, atividades ou resultados de um projeto.
Análise de atores / Análise das partes interessadas /
Stakeholder analysis. Técnica que consiste em coletar
e analisar sistematicamente informações quantitati-
vas e qualitativas, a fim de determinar que interesses
particulares devem ser levados em consideração ao
longo do projeto.
Diretriz / Guideline. Recomendação ou assessoria
oficial que indica políticas, padrões ou procedimentos
sobre como algo deve ser feito.
Disposição ao risco / Risk appetite. O grau de incer-
teza que uma entidade está disposta a aceitar, com
vistas a algum benefício.
Fatores ambientais ou culturais da empresa / Enter-
prise environmental factors. Condições que não estão
sob o controle direto da equipe e que influenciam, res-
tringem ou direcionam o projeto, programa ou portfólio.
Função / Role. Função definida a ser executada por
um integrante da equipe do projeto, como testar, arqui-
var, inspecionar ou codificar.
Limite de risco / Risk threshold. A medida do nível de
incerteza ou do impacto em que uma parte interes-
sada possa ter interesse especial. Abaixo desse limite
de risco, a organização aceitará o risco. Acima desse
limite, a organização não tolerará o risco.
com formação, conhecimento, habilidade, experiên-
cia ou treinamento especializado.
Planejar a gestão de riscos / Plan risk management.
O processo de definir como executar as atividades de
gestão de riscos de um projeto.
Plano de gestão de riscos / Risk management plan.
Componente do plano para a direção do projeto, pro-
grama ou portfólio, que descreve a maneira pela qual
as atividades de gestão de riscos serão estruturadas
e executadas.
Processos organizacionais / Organizational process
assets. Planos, processos, políticas, procedimentos e
bases de conhecimento específicos do órgão execu-
tor e por ele utilizados.
Registro de atores (partes interessadas) / Stakeholder
register. Documento que inclui a identificação, avaliação
e classificação das partes interessadas do projeto.
Responsabilidade / Responsibility. Atribuição que
pode ser delegada no âmbito de um plano de gestão do
projeto, de forma que quem a recebe tenha a obrigação
de colocar em prática os requisitos da atribuição.
Restrição / Constraint. Fator limitante que afeta a exe-
cução de um projeto, programa, portfólio ou processo.
Leitura de elaboração própria, com base em Um Guia do
Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Guia
PMBOK®), Project Management Institute, sexta edição.

Negociação / Negotiation. O processo e as ativida-

des para resolver controvérsias, por meio de consultas
e diálogos entre as partes envolvidas.

Opinião especializada / Expert judgement. Opinião

fornecida com base na experiência em uma área de
aplicação, conhecimento, disciplina, setor, etc., confor-
me adequado à atividade sendo executada. Essa opi-
nião pode ser fornecida por qualquer grupo ou pessoa