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DISCIPLINA

Data: 6 de Maio de 2010 (15ªAula)

Tema: Diferenciação e Reprogramação Celular

Docente: Carlos Plancha

Desgravado por: Luís Landeiro, António Fernandes, Inês Duarte, Joana Cardoso

Há necessidade de dividirmos este conjunto de processos, que ocorrem em


simultâneo, em unidades mais simples para que se possa perceber o que se está a
passar com o desenvolvimento. Em termos globais, existem os processos que dizem
respeito à arquitectura e orientação, à aquisição de identidade topográfica (o que é
anterior e posterior), dos quais se destacam os que envolvem os genes Hox. Existem
outros processos envolvidos na morfogénese, relacionados com formas específicas que
o embrião adquire que tem a ver com a proliferação numa determinada zona,
apoptose, migrações de células de umas localizações para outras. Existe outro
processo muito importante, a diferenciação celular, isto é, a aquisição de funções
específicas por parte das células, ao longo do seu desenvolvimento, células estas
passíveis de serem identificadas através de marcadores.

Ao nível da diferenciação, é de importância referir os destinos que os diferentes


folhetos terão, neste caso, os folhetos iniciais, o blastocisto, a trofoectoderme e o
botão embrionário. Caso não seja perturbado o desenvolvimento, é importante saber,
por exemplo, que a trofoectoderme apenas vai dar origem a uma pequena parte da
placenta, sendo a sua grande maioria resultante da proliferação de células do botão
embrionário.

A partir de determinada altura da diferenciação definem-se o epiblasto e o


hipoblasto no disco didérmico, sendo o primeiro o precursor do embrião e o segundo o
precursor da zona circundante ao embrião.

Assim, a certa altura, definem-se os três folhetos que constituem o embrião,


face aos quais se pode depois avaliar os destinos das células que os constituem e que
se diferenciam. Nestes casos podemos encontrar células com a mesma entidade em
termos de diferenciação celular mas que se encontram em diferentes localizações e

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diferentes competências, como é o que acontece com os botões dos membros anterior
e posterior.

Portanto, podemos considerar a diferenciação como uma restrição progressiva


à potencialidade das células, caso não ocorra uma perturbação. Isto é visível com a
constatação de que, com o passar do tempo, as células deixam de se conseguir
diferenciar segundo as diferentes vias de diferenciação. Isto faz com que nos
diferentes tecidos existam células que ainda apresentam uma capacidade ainda não
tão restritiva de originar diferentes tipos celulares (células estaminais).

As células estaminais têm diferentes graus de potencialidade, havendo aquelas


que uma capacidade quase total de diferenciação, tornando-se com o tempo, e com o
decorrer das restrições, quer pluripotentes quer multipotentes.

O modo como estas células mantêm o seu número resulta de uma divisão
assimétrica em que uma das células é igual ao precursor e a outra já se encontra em
diferenciação.

As células diferenciam-se dependendo do meio de cultura, como resposta às


diferentes condições a que estão sujeitas. Mesmo células diferenciadas, como o que
acontece, por exemplo, com a medula da supra-renal, ao retirar os glucocorticoides e
ao acrescentar factor de crescimento nervoso, induz-se uma transdiferenciacão num
neurónio simpático, com todas as características de um neurónio do SNS.

Esta reversibilidade, também pode ser demonstrada através dos tipos de


proteínas a serem produzidas, resultando dos diferentes genes a serem transcritos.
Assim, ao se fazerem os transplantes de núcleos, sujeitando-os a condições diferentes
à que normalmente estariam habituadas. Por exemplo, com a fusão de um hepatócito
com uma célula muscular esquelética, podemos verificar que, a primeira, ao ser
inserida num meio diferente, começa a produzir proteínas para a formação dos
sarcómeros, algo que não acontecia antes da fusão.

Um tipo de reprogramação extremo deste tipo está relacionado directamente


com a clonagem, em que o citoplasma que vai reprogramar este núcleo é o de um
óocito, sendo este o ideal para esta reprogramação, uma vez que o óocito que vai

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apresentar a célula que vai dar origem a um organismo, sendo neste caso fundido com
uma célula mamária de outro tipo de ovelha.

Para além desta situação, já antes eram feitas experiências com girinos, em que
se utilizavam células intestinais, sendo possível depois chegar a um organismo adulto.

Portanto este processo não foi nada de fracturante, o processo tem vindo a ser
construído com muitas linhas de evidência de que de facto existe esta [#####] e que
isso é possível... começou-se a reinterpretar algumas situações de lesão em que era
possível haver alguma recuperação ou alguma recuperação local tanto por células
residentes na vizinhança que transitoriamente se desdiferenciavam como até ajuda de
células que vêem de outras localizações e que portanto poderão estar a ultrapassar as
tais barreiras de linhagem para conseguir pelo menos parcialmente (mais nos
organismos que noutros – em certos organismos é possível existirem fenómenos de
regeneração com muito mais eficiência – e mais nuns órgãos do que noutros).

Pronto, portanto no fundo hoje em dia este envolving já está mais


sedimentado... não existem aqui (Switch??) irreversíveis, que era o conceito
tradicional, e estes (switch??) são potencialmente reversíveis mas não surgem
normalmente com o desenvolvimento que não é perturbado (seja por patologia, seja
por experimentação). Portanto isto de compreender a diferenciação e reprogramação
celular... eu penso que já viram as enormes potencialidades e benefícios que podem
vir a trazer quando se conseguir controlar melhor este processo (e novamente, este
processo só se consegue controlar melhor quando se perceberem estes dois processos
complementares de diferenciação e reprogramação celular).

Este slide ainda é do tempo em que não eram iPS’s (células-tronco de


pluripotência induzida e que são células somáticas que passaram por um processo de
reprogramação readquirindo características de células-tronco embrionárias.). Portanto
este aqui já era um pouco, um slide a justificar a importância de estudar células
estaminais embrionárias (as com mais potencialidade) mas agora é possível com a
alternativa das iPS possam deixar de as utilizar. Neste momento ainda não é assim
porque o comportamento das células tanto das ES como das iPS é muito específico do
tipo celular e portanto as vezes há padrões de diferenciação que se conseguem de

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determinada maneira com as linhas celulares, que se conseguem isolar, e não se
conseguem com outras linhas celulares. Portanto não será inteligente abandonar
algumas linhas de investigação apenas porque agora já pode haver outra fonte para as
células. Atenção para as questões éticas: origem em embriões!

Apesar de se falar que podemos diferenciar ou desdiferenciar ou manter a


pluripotencialidade, a verdade é que essas condições exactas de cultura ainda são
muito mal conhecidas, ainda há muito trabalho a fazer até que seja tão fácil como a
fertilização in vitro. Às vezes as células perdem a pluripotencialidade porque há
qualquer coisa em cultura que deixou de estar ou que está a mais.

Um dos tipos de células que é muito interessante de originar é, por exemplo, as


células do miocárdio. Estas poderiam ajudar a reconstruir zonas lesadas por exemplo
por um enfarte. Assim, seria importante
saber como chegar às vias que originam estas
células, daí a utilidade da embriologia. [VISTA
EM CORTE SAGITAL DO ENCERRAMENTO DO
EMBRIÃO] Aquilo que está mais cranial é o
coração, depois da dobra fica mais ventral.
Existe aqui uma intimidade com as células do
intestino primitivo (que está em continuidade com as do saco vitelino), e esta
proximidade pode sugerir sinalizações mútuas de diferenciação celular que podem ser
imitadas em cultura com células que já se conseguiram diferenciar em endoderme.

Devo alertar que o facto de se detectar 2 ou 3 das proteínas que são “Os
marcadores” pode não ser suficiente para que as células sejam, de facto, todas aquelas
células na sua plenitude.

Apesar de tudo, existem vários modelos de embriões: Embriões partenogénicos


(activação do oócito sem fecundação) - não é possível formar um indivíduo, mas sim
partes onde é possível isolar células ES. Embriões que vão ser eliminados, porque não
têm condições para ser transferidos.

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Deve-se ter cuidado com os aspectos éticos mas sem exageros! Na década de
90, os americanos não financiavam publicamente projectos sobre células estaminais. A
parte privada não tinha privações. Esta proibição levou a uma onda de imitações
noutros países e isto fez com que imensos investigadores fossem parar a Israel, onde
não haviam restrições. Quem beneficiou com isto foi a América (os privados) e a
Alemanha... (??)

 Não esquecer:

O Rat é o rato ou ratazana.

O mouse é o ratinho do campo.

Estes os dois são mais afastados entre eles do que nós e os chimpanzés.

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