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sumário

1 Como adotar uma criança?

2 O que é adoção de crianças e


adolescentes?

3 Como adotar uma criança no


Brasil?

4 Quando a adoção não é o melhor


caminho?

5 Conheça o ChildFund Brasil


Como adotar
uma criança?

A adoção é um ato de amor ao próximo, mas para realizá-la é preciso,


primeiro, saber como adotar uma criança. Legalmente, é uma medida
que visa a proteção do menor, principalmente se seus direitos tiverem
sido ameaçados ou violados.

De acordo com dados oficiais do Conselho Nacional de Justiça (CNJ),


em 2016 foram adotadas 1.226 crianças e adolescentes em todo o
país, por meio do Cadastro Nacional de Adoção (CNA). Em termos
absolutos, é um número baixo, considerando que há 7.158 crianças
aptas à adoção e 38 mil pessoas interessadas em adotar.

Essa divergência se explica devido ao perfil de criança exigido pelos


pretendentes, que não é compatível com o disponível nas instituições
de acolhimento. Além disso, muitas pessoas acreditam que o proces-
so de adoção é complicado. Em alguns casos, o apadrinhamento se

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mostra uma alternativa mais adequada à realidade familiar. Na tenta-
tiva de desconstruir esse empecilho foi que preparamos este ebook!

Quais as informações necessárias para que uma pessoa adote uma


criança? Entenda o que é a adoção e os passos necessários para tal!
O que é adoção de
crianças e adolescentes?

É a criação de um vínculo afetivo que permanecerá por toda a vida,


com uma criança ou adolescente. Apesar da ausência do laço genéti-
co, o futuro filho será inserido no seio familiar e receberá todo o afeto
da família. Legalmente, é um procedimento pelo qual alguém estabe-
lece um vínculo de filiação com uma criança ou adolescente, de modo
definitivo.

A adoção é regulamentada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente


(ECA) e prioriza as necessidades e os interesses da criança ou adoles-
cente. Isso porque ela é uma alternativa de proteção a esses jovens
nos casos de alienação parental, por exemplo.

Sua função é garantir, além de outras coisas, o direito à convivência


familiar e comunitária. É importante destacar que nossa Constituição
não faz distinção entre filhos adotivos e de sangue, providos ou não
da relação do casamento. Todos devem ser destinatários do amparo
e do afeto familiar para que se desenvolvam da melhor forma possí-
vel.
Como adotar uma
criança no Brasil?

Para adotar uma criança no Brasil, é preciso seguir os passos do pro-


cesso de adoção estabelecidos por lei. Quando uma pessoa registra
como sua filha biológica uma criança, sem que ela tenha sido conce-
bida como tal, pratica uma ilegalidade.

Há muitos riscos para a criança nesses casos, uma vez que a mãe
biológica tem o direito de reaver a criança se não tiver consentido
legalmente a adoção ou se não tiver sido destituída do poder familiar.

Apesar de a adoção ser um processo burocrático, é muito importan-


te seguir os passos que citamos abaixo para que a criança possa
desfrutar de todos os benefícios sem preocupação ao ser adotada.
Acompanhe!
3.1 Habilitação
A habilitação diz respeito aos requisitos mínimos que au-
torizam a doação. De acordo com o ECA, são habilitados
para adotar os homens e as mulheres, de qualquer estado
civil (solteiro, casado, viúvo, divorciado, em união estável),
maiores de 18 anos de idade, que sejam 16 anos mais ve-
lhos do que o adotado e ofereçam um ambiente familiar
adequado.

A adoção por casais homoafetivos não é estabelecida


em lei, porém, alguns juízes já deram decisões favoráveis.
Nesse caso, é muito comum que pessoas de mesmo sexo
convivam informalmente e que apenas uma delas poderá
pleitear a paternidade adotiva de uma criança/adolescen-
te.

Não podem adotar os avós e irmãos do adotando. Os bra-


sileiros que moram no exterior e desejam adotar crianças
brasileiras devem seguir os procedimentos de uma adoção
internacional. Os estrangeiros residentes no Brasil, com vis-
to de permanência, devem seguir o mesmo procedimento
de uma adoção feita por brasileiro.
3.2 Vara da Infância e Juventude
A pessoa habilitada deve dirigir-se à Vara da Infância e da
Juventude que atende a região ou cidade na qual reside.
Neste momento, receberá instruções para realizar o pro-
cesso. É preciso apresentar alguns documentos, como:

Identidade e CPF;

Certidão de casamento ou nascimento;

Comprovante de residência;

Comprovante de rendimentos ou
declaração equivalente;

Atestado ou declaração médica de


sanidade física e mental;

Certidões cível e criminal.

3.3 Petição judicial


Com a ajuda de um advogado ou defensor público, o pró-
ximo passo é o ingresso na Justiça (cartório da Vara de
Infância) por meio de petição, para iniciar o processo de
inscrição para adoção.
3.4 Entrevista
Após iniciar o pedido na Justiça, os futuros pais são enca-
minhados para as entrevistas com a equipe técnica, com-
posta por assistentes sociais, psicólogos e para as ativi-
dades de orientação psicossocial e jurídica. O objetivo é
entender o sentimento e a vontade dos adotantes.

Juntamente com as entrevistas, ocorrem as visitas domi-


ciliares pelos profissionais à casa dos futuros pais, com o
mesmo objetivo: conhecer as reais motivações e expecta-
tivas dos candidatos à adoção. Há casos em que um casal
em crise acredita querer adotar, mas, no fundo, deseja ape-
nas melhorar a situação do casamento.

A presença da equipe é, por isso, fundamental para enten-


der os sentimentos que estão envolvidos, os reais desejos,
para que a criança a ser adotada não seja prejudicada no
ambiente familiar.

É também nesta etapa que a equipe tenta conciliar as ca-


racterísticas dos jovens aptos à adoção (sexo, faixa etária,
estado de saúde e irmãos) com a dos adotantes, além de
identificar as dificuldades que podem atrapalhar o sucesso
da adoção. Por fim, a entrevista também serve de orienta-
ção.
Há pessoas, por exemplo, que não fazem exigências acer-
ca do adotando. É esse perfil de pessoa que contribui para
resolver um cenário preocupante: a dificuldade de se reali-
zar a adoção tardia, de crianças mais velhas e adolescen-
tes.

Por fim, após a avaliação, os responsáveis pela equipe de


avaliação elaboram um documento e o encaminha ao Mi-
nistério Público, que analisará o caso, emitirá seu próprio
parecer e encaminhará ao juiz da Vara. Se os profissionais
percebem que a expectativa do pretendente à adoção não
atinge o melhor interesse da criança, podem direcionar os
entrevistados aos grupos de reflexão.
3.5 Inclusão no Cadastro Nacional de
Adoção (CNA)
A decisão positiva do juiz habilita os interessados a serem
incluídos no Cadastro Nacional de Adoção, que será válido
por dois anos em território nacional. No caso de negativa
do magistrado, poderão recorrer da decisão. O cadastro de
adoção é mantido pela Vara da Infância e Juventude, que é
o único órgão permitido por lei para manter o registro dos
interessados habilitados e das crianças e adolescentes ap-
tos à adoção.

3.6 Pesquisa no CNA


Com os dados devidamente cadastrados, o Juiz da Infân-
cia e da Juventude efetuará pesquisas para identificar a
compatibilidade entre os pretendentes e o perfil e as ne-
cessidades dos jovens. Quanto menos exigências o habili-
tado fizer, mais rápida é essa etapa.

De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça,


57% dos interessados em adotar têm restrição à cor da
criança, 40% ao sexo, 80% só desejam adotar uma criança
e mais de 90% só aceitam crianças com menos de 5 anos
de idade. A realidade dos abrigos que têm crianças aptas à
adoção é exatamente oposta, uma vez que 93% têm mais
de 5 anos e mais da metade passou dos 12 anos.

Apesar desse imenso obstáculo, o importante nesta etapa


é encontrar uma família adequada à criança, que contribui-
rá para seu desenvolvimento social, psíquico e emocional
pleno. Além disso, é preciso respeitar a ordem de inscrição
no cadastro.
3.7 Aceite dos adotantes
O juiz, ao se deparar com uma criança ou adolescente que
se encaixe nas exigências do(s) futuro(s) pai(s), entrará
em contato com o adotante. É interessante lembrar que
a entrevista é determinante para essa etapa, para que se-
jam atendidas as expectativas e motivações em relação à
criança ou ao adolescente.

Vale observar que, nos casos em que o adotando tiver mais


de 12 anos, sua adoção dependerá de sua concordância
com o processo. Porém, independente da idade e sempre
que possível, a opinião da criança deve ser levada em con-
sideração.

O adotante não é obrigado a aceitar a sugestão do juiz, po-


dendo optar por aguardar até que apareça uma criança que
melhor corresponda aos seus anseios. Enquanto aguarda,
pode ir se familiarizando com o amparo à criança por meio
do apadrinhamento social ou de doações às instituições
confiáveis de proteção infantil.

Caso haja um aceite, começa a fase de aproximação, em


que a criança é preparada para conhecer a família e os fu-
turos pais conhecem sua história.
3.8 Fase de aproximação
Essa fase é gradativa: primeiro vê-se o adotando de longe,
depois o conhecem dentro de um grupo. Após algumas vi-
sitas, podem levar a criança para passear e dormir na casa
da família. Toda essa aproximação é feita com o acom-
panhamento dos assistentes sociais e psicólogos e pode
variar conforme as condições da criança.

Como a adoção é um processo mútuo, que exige tanto


uma despedida dos vínculos estabelecidos até o momento
quanto um tempo de formação de novas relações, essa
etapa deve ser feita com cuidado e lentamente.

Os futuros pais também devem se preparar psicologica-


mente para este momento, seja com auxílio profissional
ou por meio de grupos de apoio. Devem também deixar a
criança confortável e entender que a mudança é relevante
para ela, e que pode demorar um tempo até ela se acostu-
mar com o novo arranjo familiar.

Este estágio poderá ser dispensado, segundo o ECA, se a


criança tiver menos de um ano de idade ou se já estiver na
companhia do adotante com vinculação afetiva constituí-
da.

No caso de adoção internacional, a fase deverá ser cum-


prida em território nacional. Será de, no mínimo, 15 ou 30
dias, respectivamente, para crianças de até dois anos de
idade ou acima de dois anos.
3.9 Estágio de Convivência
Após o aceite dos interessados e da aproximação gra-
dativa, entra a fase chamada de Estágio de Convivência.
Essa etapa é o período em que a criança ou adolescente
se muda para a casa dos adotantes, que passam a ter o
Termo de Guarda com vistas à adoção.

Por todo o tempo, haverá acompanhamento da família


pela equipe técnica (assistentes sociais e psicólogos) da
Vara da Infância e da Juventude, que acompanhará, avalia-
rá, orientará e apoiará o núcleo familiar em formação, ob-
servando aspectos relativos à sua integração. Não há um
tempo fixado para o Estádio de Convivência entre adotado
e adotante, uma vez que é preciso considerar as peculiari-
dades de cada caso.

A separação do ambiente institucionalizado do jovem e a


criação de novos vínculos demanda tempo, principalmente
se a criança ou adolescente passou muito tempo em uma
instituição que possuía regras, normas e valores específi-
cos. É importante respeitar o tempo que ambos os lados,
criança e família, levarão para responder às diversas ques-
tões que poderão emergir nesse encontro.
Durante o Estágio de Convivência, os adotantes poderão
requerer de seus empregadores a licença maternidade ou
licença paternidade, conforme dispõe a CLT. Os pais têm
direito apenas a 5 dias, podendo chegar a 20 se a empresa
adota o Programa Cidadão.

Já as mães terão direito a dias proporcionais, conforme a


idade da criança: 120 dias para criança de até um ano de
idade; 60 dias para crianças de um a quatro anos; 30 dias
para crianças entre quatro anos e 8 anos. Findo o Estágio
de Convivência, o juiz defere a sentença que permite a ado-
ção, tornando-se uma medida irrevogável.
3.10 Legalização da adoção
De acordo com o documento da Associação dos Magistra-
dos Brasileiros, após a designação da sentença, a criança
ou adolescente passará a ter uma certidão de nascimento
na qual os adotantes constarão como pais. O processo ju-
dicial será arquivado e o registro original do adotado será
cancelado.

Os vínculos jurídicos com os pais biológicos e demais pa-


rentes são anulados, salvo os impedimentos matrimoniais
(evita-se casamentos entre irmãos e entre pais e filhos
consanguíneos). O juiz poderá, ainda, autorizar ao adotado,
a qualquer tempo, consultar os autos que tratam de sua
origem e de sua adoção.

Na nova certidão, a criança passará a ter o nome e sobre-


nome escolhido pelos novos pais. Finalmente, após um
longo e burocrático processo, a nova família é formada, e o
sonho de ter um filho realizado!
Quando a adoção não
é o melhor caminho?

Como mencionado anteriormente, as entrevistas conseguem captar


as reais intenções e motivações dos adotantes. Em muitos casos, o
que se percebe é que o candidato à adoção não pode ou não deseja
fazer uma adoção nos moldes tradicionais, mas só descobre esse
fato durante a avaliação pela equipe profissional.

Porém, o desejo de ajudar no desenvolvimento de crianças e adoles-


centes não é suavizado. Nessas situações, os assistentes sociais e
psicólogos orientam os interessados a encontrar soluções alternati-
vas que garantam a convivência familiar e comunitária aos jovens,
como a realização de ações solidárias e o apadrinhamento.

O apadrinhamento, por exemplo, pode se desdobrar em apadrinha-


mento afetivo e/ou apadrinhamento financeiro. O apadrinhamento fi-
nanceiro é a doação em dinheiro às entidades filantrópicas.

A aproximação dessa prática com a adoção é a doação a organiza-


ções de amparo à criança e ao adolescente, que contribui para cuidar
das necessidades básicas deles. Para muitas pessoas, que não têm
possibilidade de ajudar mais efetivamente, é uma forma de ajudar o
próximo, o que causa enorme realização pessoal.
Assim, se você não tem como adotar uma criança ou ajudar sendo um
padrinho financeiro, pode ajudar com o apadrinhamento afetivo. Uma
pesquisa realizada em 2015 fala sobre a grande importância desse
vínculo que, quando não está presente, pode acarretar em uma série
de problemas como o baixo desenvolvimento intelectual, emocional
e social e, em casos mais graves, pode-se desenvolver, até mesmo,
uma psicopatia que não é muito aparente.

Portanto, criar esse vínculo é de extrema importância para a saúde


física e emocional da criança e isso pode ser feito de diversas formas.
São coisas simples como uma troca de cartas, de fotos, ligações,
estar presente em algumas datas importantes como aniversários e
apresentações da escola ou então, ligar para a instituição e agendar
uma visita sempre que puder.

Para o Tribunal de Justiça de São Paulo, o apadrinhamento oportu-


niza a construção e o mantenimento de relações sociais com famí-
lia(s) que podem oferecer apoio, orientação e suporte afetivo. O que
vai muito além do serviço de acolhimento no momento em que ele sai
da entidade. Para que as pessoas concretizem seu desejo de contri-
buir para um mundo melhor para as crianças e adolescentes, devem
procurar instituições renomadas e sérias, que têm como foco o de-
senvolvimento de crianças, adolescentes e jovens para se tornarem
padrinhos.

Agora você sabe como adotar uma criança no Brasil. É preciso com-
preender e seguir os trâmites legais para que o melhor interesse dos
jovens seja atendido. A proteção de crianças e adolescentes é um dos
princípios básicos da sociedade.
É importante também ficar atento a possíveis mudanças na legisla-
ção: o Ministério da Justiça prepara uma revisão nos procedimentos
para adoção no país. Ele anunciou, em fevereiro de 2017, o resulta-
do do debate público que buscou discutir alterações no Estatuto da
Criança e do Adolescente referentes ao direito à convivência familiar
e comunitária de crianças e adolescentes. Os principais temas debati-
dos por mais de 200 pessoas foram a entrega voluntária para adoção,
a alteração de prazos e os procedimentos de adoção nacional e inter-
nacional, além do apadrinhamento afetivo.
Conheça o
ChildFund Brasil

Desde 1966 atuando no país, o ChildFund Brasil é uma organização de desenvol-


vimento social que, por meio de uma sólida experiência na elaboração e no moni-
toramento de programas e projetos sociais, mobiliza pessoas para contribuir na
transformação de vidas. Dessa maneira, crianças, adolescentes, jovens, famílias
e comunidades em situação de risco social são apoiadas para que possam exer-
cer com plenitude o direito à cidadania.

No Brasil a organização beneficia mais de 178 mil pessoas, dentre elas, quase 56
mil são crianças, adolescentes e jovens. Para uma operação desta magnitude,
o ChildFund Brasil conta com a parceria de 50 organizações sociais responsá-
veis, que atuam em mais de 42 municípios com grandes demandas sociais a
serem superadas. Através do auxílio no apadrinhamento de crianças, apoiamos
o desenvolvimento daquelas que estão em situação de privação, exclusão e vul-
nerabilidade social, tornando-as capazes de realizar melhorias em suas vidas e
dando a elas a oportunidade de se tornarem jovens, adultos, pais e líderes que
conferirão mudanças sustentáveis e positivas às comunidades.

No site do ChildFund Brasil você conhece mais sobre


o nosso trabalho e maneiras como apoiá-lo.

Blog Site Oficial

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