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Diante desse grande perigo que ameaça o Ocidente, o Instituto Plinio Corrêa de
Oliveira e suas organizações co-irmãs e autônomas nos cinco continentes –
constituídas de leigos católicos que de há muito defendem a Civilização Cristã
contra os erros do comunismo e do socialismo – apresentam uma análise dos
perigos da atual situação, bem como uma mensagem de esperançosa restauração.
I. A situação atual
Uma grave crise econômica está batendo à porta, com enormes consequências
políticas, sociais, culturais e psicológicas. Analistas de nível mundial prevêem que
será muito pior do que a Grande Depressão que começou em 1929.
Entre outras consequências, esta agitação leva a um radicalismo que, com a ajuda
da mídia, assusta e paralisa a maioria silenciosa. Em países onde esta maioria
reage, a consequente polarização ideológica leva a uma paralisia das instituições
democráticas, e muitos observadores chegam a mencionar o risco de guerra civil.
O Ocidente não está preparado para enfrentar esta tríplice crise. Seus alicerces
estão corroídos pela terrível fraqueza estrutural causada por uma revolução cultural
massiva, como se pode ver, por exemplo, com a crise na família, a cultura da morte
representada pelo aborto, e a ideologia LGBT agressiva que vem se impondo a
toda a sociedade, até mesmo a crianças inocentes.
Acima de tudo, o Ocidente está enfraquecido por uma crise espiritual. Muitos
abandonam a Fé e vivem sem respeitar a lei de Deus, ignorando sua graça e a vida
sacramental. Enfraquecidos por esta decadência moral, passamos a esquecer
nossas raízes cristãs.
Privados de apoio espiritual e social, muitos reagem à esta tríplice crise com
perplexidade e incredulidade. Muitos psicólogos chamam isso de “trauma
coletivo”. Nosso mundo, poderoso, sólido, tecnologicamente “perfeito” e seguro
de si, foi abalado até os alicerces pelo novo coronavírus.
Em poucos meses, muitas certezas ruíram junto com a economia ocidental. Tais
certezas alimentavam nas massas um otimismo de progresso indefinido. Hoje, essa
crise corroeu a confiança na mídia, na ciência, nas autoridades políticas e até nos
líderes religiosos.
O otimismo, traço característico de nosso tempo, que havia resistido a duas guerras
mundiais, está desaparecendo e levando a uma crescente ansiedade pelo futuro.
Tais perguntas trazem consigo uma semente de remorso e de um vago anseio pela
retomada do caminho abandonado da virtude.
III. Uma imensa orfandade espiritual
No entanto, nossa incapacidade de lidar com esta tríplice crise decorre do fato de
que nossas certezas, princípios e valores foram minados pela crise que se
desenvolveu paralelamente dentro da própria Igreja. Essa crise espiritual é muito
mais destrutiva, pois nos priva dos meios que nos ajudariam a encontrar soluções.
Consideremos estes fatos recentes – entre muitos que poderiam ser citados – que
solapam os fundamentos da fé:
Como diz seu próprio nome, a Igreja Católica é universal. Sua missão é batizar
todos os povos, ensinando-as a observar o que Nosso Senhor Jesus Cristo ordenou
(Mt 28:19-20). Nesse sentido, Ela não fica circunscrita com esta ou aquela área
geográfica, etnia ou cultura. Por dois mil anos a Civilização Cristã ocidental vem
sendo o fruto mais visível e duradouro do apostolado da Igreja. A santidade de sua
doutrina, o espírito evangelizador, a profundidade filosófica e teológica, a criação
de hospitais, universidades, obras de caridade, o efeito florescente na economia,
nas artes e ciências levaram o Papa Leão XIII a escrever nestes termos a
Cristandade medieval:
« Neste ato filial, dizemos ao Pastor dos Pastores: Nossa alma é Vossa, nossa vida
é Vossa. Mandai-nos o que quiserdes. Só não nos mandeis que cruzemos os braços
diante do lobo vermelho que investe. A isto nossa consciência se opõe.
Sim, Santo Padre – continuamos – São Pedro nos ensina que é necessário
“obedecer a Deus antes que aos homens” (At. V, 29). Sois assistido pelo Espírito
Santo e até confortado – nas condições definidas pelo Vaticano I – pelo privilégio
da infalibilidade. O que não impede que em certas matérias ou circunstâncias a
fraqueza a que estão sujeitos todos os homens possa influenciar e até determinar
Vossa atuação. Uma dessas é – talvez por excelência – a diplomacia. E aqui se
situa a Vossa política de distensão com os governos comunistas.
V. Resistência
Resistir significa que vamos encorajar os católicos a reafirmar seu amor pela
Civilização Cristã ocidental, defendendo seu legado e sua cultura. Além disso,
trabalharemos para que eles sejam restaurados com ainda maior brilho e solidez
para que o Ocidente recupere a liderança mundial que merece, não por ser
ocidental, mas por ser católico. A civilização cristã ocidental é erigida em um
passado bimilenar e no fato de ter seu centro em Roma, a Sé de Pedro.
Resistir significa incentivar os líderes e povos ocidentais a reconhecer as profundas
razões do seu declínio, analisadas em Revolução e Contra-Revolução, obra-prima
do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, e aplicar os remédios que sugere para livrar o
Ocidente desta crise existencial.
Resistir significa não nos conformarmos com a morte do Ocidente. Pois, como nos
ensinou o líder católico brasileiro no mesmo livro: “Quando os homens resolvem
cooperar com a graça de Deus, são as maravilhas da Historia que assim se operam:
é a conversão do Império Romano, é a formação da Idade Média, é a reconquista
da Espanha a partir de Covadonga, são todos esses acontecimentos que se dão
como fruto das grandes ressurreições de alma de que os povos são também
suscetíveis. Ressurreições invencíveis, porque não há o que derrote um povo
virtuoso e que verdadeiramente ame a Deus”.
Resistir significa proclamar com indomável confiança que, para além das
tempestades espirituais, dos desafios materiais e de todos os ataques de seus
inimigos, o Ocidente e a Civilização Cristã reerguer-se-ão, cumprindo as palavras
proféticas de Nossa Senhora em Fátima: “Por fim, o meu Imaculado Coração
triunfará!”
28 de outubro de 2020
SIGNATÁRIOS
[1] Encíclica “Immortale Dei”, de 1º-XI-1885, Bonne Presse, Paris, vol. II, p. 39.
https://ipco.org.br/urgente-apelo-para-resistir-a-traicao-e-ruina-do-ocidente-fina-flor-da-
civilizacao-crista/