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Rafael Barreto Ramos

© 2011

TGD

10/02/11
Providenciar:

 Código Civil Lei Nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 SECO

 LIVRO DE DOUTRINA

 AMARAL, Francisco. Direito Civil: Introdução. RJ: Renovar

 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. V.1. RJ: Forense

 GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. RJ: Forense

 RODRIGUES, Silvio. Direito Civil. V.1. SP: Saraiva

 NADER, Paulo. Curso de Direito Civil. V.1. RJ: Forense

 GONÇALVES, Calos Roberto. Direito Civil Brasileiro. V.1. SP: Saraiva

 FIUZA, César. Direito Civil: Curso Completo. BH: Del Rey

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Rafael Barreto Ramos
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11/02/11
Unidade I - Relação e Situações Jurídicas

1. A norma jurídica

 Kelsen: todo comendo emanado de autoridade competente.

 O suporte fático, existente na norma, confere juridicidade à realidade. É a previsão


abstrata de existência do fato pela norma.

 Elementos estruturintes da norma

a. Elementos nucleares: atuam na existência e criação dos fatos jurídicos.

b. Elementos complementares: afetam a validade dos fatos jurídicos.

c. Elementos integrativos: referem-se aos efeitos do fato jurídico.

 O papel dos princípios jurídicos no ordenamento, Normatividade e Interpretação.

2. Relação Jurídica

 Século XVIII, Alemanha: criação pela Escola das Pandectas.

 Utilidade.

2.1 Concepção personalista

 Vínculo entre dois ou mais sujeitos, tendo em vista um objeto que produz
consequências jurídicas.

 Elementos

a. Sujeito ativo

b. Sujeito passivo

c. Objeto

d. Vínculo

 Relação jurídica simples e relação jurídica complexa

 A relação jurídica de direito absoluto

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Norma jurídica: todo comando que advém de uma unidade competente.

A norma jurídica pode ser vista também como uma cadeia de autorizações.

Nós também temos competências para criar normas (Ex: contrato de locação), porém há
limitações (ex: crianças não podem criar normas).

Hierarquização das normas jurídicas:

I. Constituição

II. Leis ordinárias/complementares/delegadas

III. Portarias, decretos, resoluções, instituições normativas, etc.

IV. Contratos / Sentenças

Lei Ordinária: Exemplo: Código Civil

Lei Complementar: difere da lei ordinária em relação ao processo de aprovação, por ser mais
burocrático.

Ordenamento Jurídico: é um conjunto de normas que precisa ser interpretado e


reinterpretado como também pode ser considerado como tudo aquilo que contribui para dar
sentido à norma jurídica.

A norma tem sempre uma previsão abstrata de uma realidade. Exemplo: a norma de um
homícidio tem a previsão de que alguém cometerá um assassinato. Por isso, a norma sempre
apresenta um suporte fático. Exemplo: alguém tem que ser uma pessoa. esse alguém tem que
acabar com a vida de outra...

Às vezes a norma tem um suporte fático completo, outras vezes não, sendo necessária a
leitura de outras normas para que haja um conceito definido do suporte fático. Exemplo:
casamento do ponto de vista jurídico.

Elementos nucleares do suporte fáticos são aqueles que determinam a prórpia existência do
fato jurídico. Mudou o elemento nuclear, mudou o próprio fato. Exemplo: é necessário, para
que haja compra e venda, um comprador e um devedor. Já o suporte fático de um testamento
não exige duas pessoas. Já o suporte fático de uma compra e tem como núcleo o preço. Afeta
a existência.

Elementos complementares são aqueles que não afetam o fato, mas sim a sua validade.
Exemplo: Um fato de compra e venda em que o objeto em questão seja a maconha, que, por
ser ilícita, invalidaria o fato jurídico. Casamento entre duas pessoas do mesmo sexo. Afeta a
validade.

Artigo 166 do código civil

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Elementos integrativos são aqueles que regulam os efeitos de alguns fatos jurídicos. Exemplo:
Colocar uma condição para que um contrato se inicie. "Se eu for promovido, eu lhe vendo meu
apartamento". Significa que o contrato existe, é válido, porém os efeitos ficarão suspensos
enquanto as condições forem supridas. Afeta a eficácia

Quanto tratamos de ordenamentos jurídico, nos referimos não só a normas expressas, como
também à normas implícitas, normas extraídas da leitura de outras. Geralmente são princípios,
que podem vir explícitos como também implícitos.

Podemos ver os princípios jurídicos como princípios estruturantes do ordenamento jurídico.

Quando duas normas jurídicas conflitam, em geral, uma revoga a outra.

Quando dois princípios conflitam, nenhum revoga o outro. Um afasta o outro no caso em
específico, porém, nos outros, sua validade permanece intacta. Exemplo: "na Alemanha, um
preso, nas vésperas de ser libertado, uma emissora de TV noticiou que passaria um
documentário sobre sua vida. O preso pediu para que este documentário não fosse exibido,
pois feriria sua dignidade. O prograva foi proibido e o preso conseguiu se ressocializar."
Este fato não quer dizer que o princípio de liberdade de expressão foi abolido na Alemanha,
porém neste caso, o direito de o preso se ressocializar prevaleceu.

O ordenamento jurídico incide e regula as relações humanas.

As escola das Pandectas queria reunir a Alemanha do século XVIII, estudando-a e a


relacionando de uma forma generalizada. É a partir daí que esta cria a Relação Jurídica.

Esta se baseou na "Corpus Iuris Civilis", principal fonte do direito romano, criada no século VI,
na decadência do império romano.

Concepção Personalista

Define que Sujeito ativo é aquele que tem direitos em uma relação jurídica.

Já o Sujeito Passivo é aquele que tem deveres em uma relação jurídica.

Exemplo: uma pessoa que tem seu carro batido por outra é o sujeito passivo e a pessoa que
bate é o sujeito ativo.

Já num contrato de compra e venda de um carro, os sujeitos passivo e ativo variam de acordo
com a perspectiva, pois em relação ao carro, quem vai recebê-lo é sujeito ativo e, em relação
ao dinheiro, quem vai recebê-lo é que é o sujeito ativo.

A B

Triângulo

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* Comodato é um empréstimo em que a pessoa deve devolver o mesmo bem. Ex: pegar um
livro na biblioteca. Uma relação juridica simples.

18/02/11
 Relação Jurídica de direito absoluto

2.2 Concepção objetivista

 Não há ontologia que exija a intersubjetividade nas relações jurídicas.

 Relação jurídica é o liame (elo) estabelecido entre pessoas, pessoa e coisa ou pessoa e
lugar.

 Nem sempre será necessária a presença de sujeito passivo.

 Os direito considerados pelos personalistas como absolutos não têm sujeito passivo
indeterminado, mas são relações ente pessoa e objeto.

 Orlando Gomes vê duas diferentes possiblidades de se utilizar a expressão relação


jurídica em um sentido estrito, como relação intersubjetiva e, com uma relação
anômala, nos casos em que se estabelece entre pessoa-coisa e pessoa-lugar.

3 Crise da Relação Jurídicas e das Situações Jurídicas

 Crítica relação jurídica é um modelo individualista e patrimonialista de conceber o


Direito. Não explica as situações sem sujeito.

 Surge a relação jurídica como forma de solucionar as críticas. Trata-se de um centro de


interesses tutelado pelo ordenamento jurídico ou um centro de imputação normativa.

 Situações jurídicas: direito subjetivo, dever jurídico, direito potestativo, sujeição,


faculdade, jurídica, interesse legítimo, poder e ônus.

4 Direito Subjetivo e Dever Jurídico

 Direito objetivo, direito subjetivo e direito adquirido.

 Direito subjetivo como poder de atuação conferido pela ordem jurídica.

 Posições acerca do elemento definidor do direito subjetivo.

a) Teoria da Vontade é a expressão da vontade juridicamente protegida, poder do


querer (“facultas agendi”). É garantida pela pretensão.

b) Teoria do Interesse: dirige-se à finalidade do direito subjetivo, entendendo-o como


interesse garantido por uma pretensão.

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c) Teoria Eclética: Vontade e interesse são complementares. Direito Subjetivo é o


interesse protegido pelo reconhecimento do poder da vontade

 Por meio de uma perspectiva mais moderna, o direito subjetivo é a situação jurídica
que concede a seu titular um poder de atuação para que este exija de outrem
determinado comportamento ou para que atue sobre certo objetivo. Há uma
pretensão que surge da violação de tal direito.

 Dever Jurídico é o lado passo do Direito Subjetivo, pelo qual alguém deve
desempenhar certo comportamento.

Concepção Personalista

Direito pode ser classificado como:

 Relativos: É aquele que pode ser exercido contra um sujeito determinado. São
relativos a uma pessoa determinada. Só tem efeito entre partes. Exemplo: numa
relação jurídica que tem por objeto um crédito. Temos, por um lado, o devedor e por
outro o credor.

 Absoluto: o direito é exercido da mesma forma para todos. Exemplo: direito de


propriedade.

a) Direitos reais: São os direitos de posse de uma pessoa. De um lado temos o


proprietário do direito e do outro temos um sujeito passivo indeterminado (o
Estado). É absoluto porque é oponível a todos. Exemplo: Direito de uma pessoa de
possuir um livro.

b) Direitos de personalidade: são aqueles aspectos do ser humano que o definem


como pessoa. Sujeito ativo: titular do direito. Sujeito passivo: todos. Exemplo:
nome, imagem, honra, integridade física, psíquica.

Acredita-se que existem sempre 2 sujeitos: o passivo e o ativo.

Exemplo: somos vinculados ao Obama/Bin Laden, etc. somente por possuirmos uma
propriedade e eles, como cidadãos, está no dever de respeitá-la.

A doutrina brasileira é dominantemente personalista, porém existem defensores da concepção


objetivista.

Concepção Objetivista

Atribui-se como relação jurídica tudo aquilo que gera consequência jurídica.

Para a concepção objetivista o que importa é consequência jurídica que se atribui a uma
determinada conexão.

Se o ordenamento jurídico atribui consequências a uma conexão entre uma pessoa e um lugar,
então se define relação jurídica.
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Defende que não são necessários 2 sujeitos para que a relação jurídica seja definida.

Crise

No século XVII, XVIII, a relação jurídica definia relações de opressor/oprimido. Quem estava do
lado passivo, não tinha direitos.

Era um direito em grande parte patrimonialista. Exemplo: Direitos/Deveres do casamento


levam muito mais em conta os bens do que os relacionamentos extraconjugais.

A relação jurídica não exige necessariamente que o titular tenha um poder tirado sobre outra
pessoa.

O problema não é da relação jurídica, mas sim de sua utilização.

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Não se consegue explicar todas as situações jurídicas apenas com o conceito de relação
jurídica. Exemplos: apresentação de provas em relação a si mesmo.

Relação jurídica é uma relação entre duas situações jurídicas objetivas.

A ideia de que os direitos podem ser representados por relações jurídicas é substituída pela
ideia de que o direito pode ser representado por situações jurídicas.

Além do mais, a ideia de situação jurídica pode ser relacionada à concepção personalista e
objetivista.

O direito objetivo é sempre a previsão abstrata que o ordenamento jurídico faz.

O direito subjetivo é o direito atribuído a um ser em específico.

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24/02/11
a) Teoria da vontade: você atua através de sua vontade. Pretendia na época ( sec XIX)
afastar o poder do estado na esfera particular. Era uma forma de limitar o Estado, pois
este deveria respeitar a liberdade particular.

Embora tenha surgido para afastar o estado, acaba por privilegiar dentro do ordenamento
jurídico aquele que realmente pode realizar sua vontade, que é apenas uma parcela da
sociedade.

b) Teoria do interesse: diz que se explicamos o direito subjetivo sempre como direito da
vontade, como ficariam os direitos relacionados às crianças, deficientes mentais, etc.
os quais que não tem a sua “vontade” juridicamente reconhecida.

Exemplo: às vezes uma criança quer ficar com o pai, mas, nas devidas circunstâncias,
seria melhor a criança ficar com a mãe.

Tem como descolar o centro do direito da vontade para a finalidade, o interesse.

A crítica é que o fim não é suficiente para explicar o direito. O direito não
necessariamente deixa de ser direito caso o fim não seja alcançado.

Ponto em comum das duas teorias: As duas teorias tem um ponto muito importante, afirma
que da violação do direito subjetivo nasce a possibilidade do individuo de exigir o
cumprimento deste direito juridicamente. Pois, ao haver a violação deste direito, nasce a
pretensão. Acaba que o direito subjetivo sempre se volta a alguém para ser exercido. Exemplo:
ao comprar o bem, a pessoa tem o direito de receber este bem. Caso o vendedor não cumpra
com seu dever de entregar o bem, nasce então a pretensão, isto é, a possibilidade de o
comprador exigir juridicamente seu direito.

c) Teoria eclética: O direito subjetivo seria um poder da vontade voltado ao interesse. A


teoria uniu os dois elementos, porém uniu as duas criticas.

Quem tem a propriedade tem o direito subjetivo

5. Direito Potestativo e Sujeição

 Direito potestativo é o poder de influir na esfera jurídica de outrem sem que este
possa fazer nada, senão se sujeitar.

 Não há como descumpri-lo, por isso não há pretensão.

 Sujeição como o lado passivo de direito potestativo.

Exemplo: pedir demissão.

Ao vender um imóvel locado, o vendedor deve oferecer primeiro ao locatário, caso isto não
ocorra, o locatário, ao depositar o valor do imóvel em cartório na conta do vendedor,
automaticamente compra o imóvel.
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O direito subjetivo prescreve, isto é, perde-se a pretensão do mesmo. Já o direito potestativo


não prescreve; decai, perde-se.

6. Faculdade

Poder de exercício unilateral para obtenção de determinada finalidade. É uma forma de


exercer o direito subjetivo.

É a possibilidade de exercício do direito subjetivo. Está contida na esfera do direito subjetivo.


Caso extrapole-a, passa a se chamar direito subjetivo autônomo.

7. Interesse Legítimo

 Os direitos subjetivos podem conter interesses, todavia podemos ver interesses como
situações isoladas.

 Pretensão razoável cuja procedência ou não só pode resultar do desenvolvimento do


processo.

 Interesse coletivo, difuso e individual.

Coletivo: afeta um grupo ou sindicato.

Difuso: afeta pessoas que não tenham relações jurídicas entre si.

Individual: afeta um indivíduo.

Um interesse legítimo pode ser coletivo, difuso e individual ao mesmo tempo.

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25/02/11
8. Poder

 Expressão de uma competência ou atribuição conferida a uma pessoa, sem que exista
propriamente uma pretensão ou obrigação correlatadas, nem o exercício de uma
faculdade.

 Exerce-se em função de outrem. Seu titular não tem a opção de exercê-lo

9. Ônus

 Situação em que um comportamento é devido para que se atinja interesse próprio.

 Não é devido à ninguém, mas necessário à validade ou eficácia de um ato.

 Seu descumprimento não configura ato ilícito.

10. História do Código Civil

 Legislação civil no Império;

 Augusto Teixeira de Freitas: A consolidação das Leis Civis (1858) e o Esboço (1859-
1865)

 Outros projetos de Código Civil

 1899: nomeação de Clóvis Beviláqua para elaborar o Anteprojeto

 1900-1902: tramitação na Câmara dos Deputados

 1902-1912: tramitação no Senado Federal

 Aprovado em dezembro/1915 é sancionado o primeiro Código civil brasileiro em 1º de


janeiro de 1916

 “Vacatio legis” Aplicação.

 Projetos posteriores

 1969: Miguel Reale é nomeado para presidir uma nova comissão de elaboração do
Projeto

 Tramitação no Congresso

 A Constituição de 1988

 A aprovação do projeto em dezembro de 2001 e sanção em 10/01/2002 – Lei n. 10.406

 Características

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 Estrutura

8. Poder

Como se exerce em função de outrem não pode ser direito subjetivo ou potestativo porque o
beneficiário é outra pessoa e o poder é bastante limitado.

9. Ônus

O ônus é uma obrigação que, caso seja descumprida, somente o individuo será prejudicado. É
um ato que é colocado para se atingir um direito próprio.

A prova não é um direito. Não é um dever. Se eu não faço prova, somente sou prejudicado.

A situação de ter que fazer algo que complemente meu próprio interesse não é algo que tenha
uma correspondência com um dever de outro, direito de outro. Por isso que a situação jurídica
passa a ser tão importante, porque a situação jurídica pode ser vista individualmente, como
poder, ônus, etc.

10. Código Civil

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03/03/11
Unidade II – Dos Sujeitos das Situações Jurídicas

1. Personalidade

 Atributo que permite que um ente seja sujeito em situações jurídicas; titularize direitos
e deveres.

 Pessoa

 Natural ou física

 Jurídica

1.1. Início da personalidade para as Pessoas Naturais

 As incertezas do art. 2º

a) Teoria Natalista

b) Teoria Concepcionista

c) Teoria da Personalidade Condicional

1.2. Fim da Personalidade das Pessoas Naturais

 Morte real: art. 6º

 Critérios de diagnóstico de morte: Lei n. 9434/1997

 Morte presumida: art. 7º e Lei n. 6015/1973, art. 88

1. Personalidade

Somente as pessoas, em princípio, podem fazer parte das situações jurídicas. O ordenamento
jurídico hoje inclui também as pessoas jurídicas (fundações, sociedades, etc.). Se não for

Quem é pessoa pode participar de um número indiscriminado de situações jurídicas. Por isso
dizemos que é uma aptidão genérica.

1.1. Início da Personalidade para as Pessoas Naturais

Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo,
desde a concepção, os direitos do nascituro.

Nascituro, pelo ordenamento jurídico brasileiro, é o ser humano que já foi concebido, porém
que está em desenvolvimento no útero materno.

Embrião são seres humanos concebidos que não estão em desenvolvimento. Fala-se de
embrião congelado e não de nascituro congelado.
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Problemática:

Como um nascituro pode ter direitos? Para ter direitos, deve ser pessoa. Então, o nascituro é
pessoa?

Em razão desta dúvida, alguns acreditam que o próprio código civil, em outras passagens,
demonstra que o nascituro teria direitos. Por isso, o início do direito no Brasil não é ao
nascimento.

Existem 3 pessoas:

 Teoria Natalista: Nasceu, respirou, é pessoa. Nasceu com vida.

O direito brasileiro entende como nascimento a primeira troca “oxicarbônica” do


bebê. Se o bebê morre na segunda respiração, há o atestado de nascimento e de
óbito. Se não, não.

Para a teoria natalista, se o acéfalo respirar, é considerado como vivo.

Importância da hora da morte:

Caso 1: Um bebê nasce, respira. Neste meio tempo, o pai morre no trajeto ao hospital. O bebê,
estando vivo, herda 50% dos bens do pai e a mãe herda os outros 50. Depois de alguns
momentos, o bebê falece. Então, a mãe herda os outros 50%, ficando assim, com 100% dos
bens do pai.

Caso 2: Nasce um natimorto. Logo após, o pai morre no trajeto ao hospital. Como não há
descendentes, os bens do pai são divididos entre o cônjuge e seus pais, ou seja, a mãe fica com
apenas 1/3 dos bens do pai da criança.

 Teoria Concepcionista: Considera como pessoa a partir da união entre os gametas. O


feto, desde que seja nascituro, é considerado como pessoa. Já um embrião, alguns
concepcionistas consideram-no como pessoa a partir do momento que é implantado
no útero, já outros acreditam que são pessoas mesmo congelados.

 Teoria da Personalidade Condicional: A personalidade tem inicio na concepção, mas


fica condicionada ao nascimento, ou seja, se há a concepção e não nasce com vida,
retroage. Se há a concepção e nasce com vida, o nascimento aperfeiçoa a
personalidade e todos os direitos são preservados. É a teoria que tem maior aplicação
prática.

1.2. Fim da Personalidade das Pessoas Naturais

Morte real: É aquela que pode ser diagnosticada através da análise do próprio corpo.

Código Civil

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Art. 6º: A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos
ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.

Morte presumida: É aquela onde há fortes indícios de que a pessoa morreu na ausência do
corpo. Deve-se haver todo um estudo de comprovação da suposta morte da pessoa. É sempre
decretada judicialmente. O indício da morte é o tempo de desaparecimento da mesma.
Exemplo: desmoronamentos, eventos naturais, acidentes, etc.

Código Civil

Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:

I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;

II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois
anos após o término da guerra.

Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser
requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data
provável do falecimento.

Lei 6015

Art. 88. Poderão os Juízes togados admitir justificação para o assento de óbito de pessoas
desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe,
quando estiver provada a sua presença no local do desastre e não for possível encontrar-se o
cadáver para exame. (Renumerado do art. 89 pela Lei nº 6.216, de 1975).

Parágrafo único. Será também admitida a justificação no caso de desaparecimento em


campanha, provados a impossibilidade de ter sido feito o registro nos termos do artigo 85 e os
fatos que convençam da ocorrência do óbito.

Ler lei 6.015 do artigo 50 ao 88.

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04/03/11
2. Capacidade

2.1. Capacidade de direito ou de aquisição (art. 1º)

 Aptidão específica;

 Diferença de personalidade.

2.2. Capacidade de fato ou de exercício

 Exercer pessoalmente os atos da vida civil

a) Absolutamente incapazes (art 3º)

b) Relativamente capazes (art. 4º)

c) Plenamente capazes (art. 5º)

 Emancipação

a) Voluntária

b) Judicial

c) Legal

Capacidade de aquisição: Aptidão específica para se adquirir direitos e obrigações.

Para as pessoas naturais, este conceito de capacidade em direito é um pouco inútil, mas para
as pessoas jurídicas não. As pessoas jurídicas têm uma aptidão genérica.

Tem alguns entes que não são considerados como pessoas, mas o direito dá uma capacidade
muito específica de participação. Exemplo: O condomínio pode figurar como se fosse uma
pessoa em alguns casos específicos. Porém esta aptidão é limitada, por isso ele não é
considerado como pessoa. Alguns possuem até mesmo CNPJ, porém só podem usá-lo em
alguns casos específicos.

A aplicação do conceito de capacidade de aquisição são os entes despersonalizados, que são


os entes que o direito não atribui personalidade, porém tem capacidade de aquisição.

Capacidade de exercício:

Para se caracterizar a capacidade de exercício, é necessário ter discernimento e poder agir de


acordo com o discernimento que tem.

A capacidade de exercício é dividida em graus.

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Absolutamente incapazes:

 Indivíduos abaixo de 16 anos.

 Loucos, crianças, etc. não tem capacidade de exercício.

 Devem ser representados.

Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:

I - os menores de dezesseis anos;

II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento


para a prática desses atos;

III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Exemplo: pessoa
que sofreu acidente e quebrou maxilar, pernas e braços.

Relativamente Capazes:

 Pela idade, os que estão entre 16 e 18 anos incompletos,

 Os maiores de 18 que não tem o discernimento completo, são interditados, isto é, há


uma regressão na capacidade de exercício dos mesmos.

Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:

I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

II - os ébrios habituais*, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o


discernimento reduzido;

III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;

IV - os pródigos.**

Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. (os índios são
tutelados pela FUNAE)

* Ébrios habituais: Alcoólatra.

** Pródigos: Aquele que gasta sem fim. Não tem ideia do valor da ideia. É capaz de realizar os
atos jurídicos mais estranhos com o dinheiro. Exemplo: entrar num bar e pagar pra todo
mundo, trocar um livro num carro, etc. Não podem doar, renunciar direitos (herança, por ex.),
perdoar dívida. Atos de mera administração patrimonial são permitidos.

A idade gera uma presunção de discernimento.

Todo incapaz que tenha menos de 18 anos é representado pelo tutor. Já os maiores de 18
anos que são absoluta ou relativamente incapazes têm como representante o curador.

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Os nascituros, quando a mãe se mostra incapaz, são representados por um curador.

A tutela só existe na ausência do poder familiar, ausência dos pais, isto é, o pai não pode ser
um tutor.

Plenamente Capazes:

 Maiores de 18 anos.

Uma pessoa plenamente capaz não pode fazer tudo. Exemplo: para se concorrer à presidência
da república é necessário ter, pelo menos, 35 anos.

Emancipação: Forma de obtenção da capacidade antes da maioridade.

 Voluntária: Depende da emissão de vontade dos pais.

 Judicial: Depende da sentença do juiz que decreta então a emancipação.

 Legal: Quando a simples prática de um determinado ato gera a emancipação como


consequência. Não precisa da vontade de pai nem da sentença do juiz.

Uma vez emancipado, não volta mais, salvo em casos onde há irregularidade no ato da
emancipação.

O tutor deve passar pela emancipação judicial. Não pode haver a emancipação voluntária.

Em emancipações em casos de casamento, se os pais autorizam o casamento, acontece


automaticamente a emancipação.

Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os
pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.

Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil
(art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal (revogado no código penal) ou em
caso de gravidez.

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Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à
prática de todos os atos da vida civil.

Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:

I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público,
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o
menor tiver dezesseis anos completos;

II - pelo casamento;

III - pelo exercício de emprego público efetivo;

IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;

V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde


que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

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10/03/11
2. Capacidade (continuação)

 Emancipação

a) Voluntária

b) Judicial

c) Legal

3. Representação (art 115 a 120)

 Representação Legal

a) Pais

b) Tutor

c) Curador

 Representação voluntária ou contratual: Mandatário ou procurador

3 ½. Comoriência (art 8º, C C)

4. Direito de Personalidade

 Conceito e Distinções

 Histórico

Invalidade é a ausência de um dos elementos do suporte fático.

3. Representação

Qualquer pessoa pode ter um representante, porém os incapazes têm representantes legais.

 Pais

 Tutor: representante do menor incapaz

 Curador: representante do maior incapaz

Os pais tem uma maior liberdade em relação à representação que os tutores/curadores.

Código Civil

Art. 1.728. Os filhos menores são postos em tutela:

I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes;

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II - em caso de os pais decaírem do poder familiar.

O tutor é designado, imposto. Não há a liberdade de escolha, porém:

Art. 1.736. Podem escusar-se da tutela:

I - mulheres casadas;

II - maiores de sessenta anos;

III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três filhos;

IV - os impossibilitados por enfermidade;

V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de exercer a tutela;

VI - aqueles que já exercerem tutela ou curatela;

VII - militares em serviço.

Tutor é aquele que dá continuidade à vida estável do menor. Deve-se ocasionar o mínimo de
mudanças. Mudar a criança de cidade é algo que não deve ser feito.

Curador:

Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela:

I - aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento
para os atos da vida civil;

II - aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vontade;

III - os deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos;

IV - os excepcionais sem completo desenvolvimento mental;

V - os pródigos.

 Representação voluntária ou contratual: mandatário ou procurador

O mandatário representa o mandante, mas nos limites definidos no próprio contrato. O


mandato pode ser específico, abrangente, pode ter tempo de validade ou não, etc. etc. etc.

Exemplo: em caso de uma viagem importante, um indivíduo pode nomear um representante


para assinar em nome dele num contrato de casamento no civil.

Representante sempre faz também em prol de alguém, por isso pode-se revogar a qualquer
momento caso a representação seja voluntária.

Código Civil
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Art. 115. Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado.

Art. 116. A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes, produz
efeitos em relação ao representado.

Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o
representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.

Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio
realizado por aquele em quem os poderes houverem sido subestabelecidos.

Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar em nome do
representado, a sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo,
responder pelos atos que a estes excederem.

Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o
representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou.

Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da cessação da


incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação prevista neste artigo.

Art. 120. Os requisitos e os efeitos da representação legal são os estabelecidos nas normas
respectivas; os da representação voluntária são os da Parte Especial deste Código.

3 ½ . Comoriência*

Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se
algum dos comorientes** precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.

*Comoriência: Morte simultânea de duas ou mais pessoas.

**Comoriente: Que ou quem morre no mesmo instante que outrem.

Exemplo:

A e B morrem simultaneamente. Os bens de A será distribuído, em caso da não existência de


descendentes, igualmente, aos seus ascendentes, devido à falta de cônjuges vivos. O mesmo
ocorrerá em relação à B.

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4. Direitos de Personalidade

Uma identificação da pessoa. A forma como esta se mostra.

São objetos de alguma(s) situações jurídicas. São aspectos inerentes de uma pessoa que a
identificam no meio jurídico.

Caracteristicas, formas de expressão únicas que nos identificam. O corpo é uma forma de se
projetar a personalidade. A palavra também, através, por exemplo, dos direitos autorais. O
nome. A honra. Dados genéticos.

Exemplo: ceder os direitos de imagem à uma propaganda.

Sujeito ativo Sujeito passivo

Direito de imagem (objeto)

Os direitos de personalidade são novidade no Código Civil. Se entendia antigamente que o


importante era ter bens.

A categoria de direitos fundamentais englobam todos os direitos de personalidade, porém vai


além disso. Exemplo: direitos políticos são direitos fundamentais, porém não são de
personalidade.

Histórico

Século XVIII

Revolução francesa

Constituições  Estado x particular

Códigos  Particular x particular: não abrangia os conflitos entre particulares


extrapatrimoniais. Exemplo: questões relativas à honra, poder familiar, paternidade.

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17/03/11
Direito de Personalidade (cont.)

 Nome: composto por prenome e nome familiar, sobrenome ou patronímico (art. 16).
Deve possuir caracteres que nos distinguem dos demais.

Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.

 A proteção ao nome estende-se ao pseudônimo (art. 19)

Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.

 Imutabilidade do nome: Em regra o nome é imutável. art. 58 da lei n. 6015/1973.

Art. 58. O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos
públicos notórios.

Exceções:

a) Art. 56: alteração voluntária

Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser


o contrário.

Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do


patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si,
na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo
disposição diversa do estatuto.

b) Quando expuser a pessoa ao ridículo

c) Em caso de adoção

d) Serviço de proteção à testemunha

e) Casamento alteração do sobrenome

f) Homônimos

g) Após a cirurgia de transgenitalização

Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem


pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização
da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização
que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins
comerciais.

Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa
proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.

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Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as
providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.

5. Ausência: é a pessoa que desaparece de seu domicílio sem deixa noticia e sem que haja
indicio de seu falecimento.

O objetivo principal deste processo de ausência é que os bens do ausente não se percam.

A ausência só gera a morte presumida após um longo espaço de tempo que não se tenha
notícia do ausente.

1) Curadoria dos bens: Se dá com a nomeação de um curador para administrar os bens


do ausente.

 Duração de um ano;

 O curador é aquele que tem interesse jurídico e não somente afetivo em


relação ao ausente. Geralmente nomeia-se o cônjuge;

 O curador tem poder para apenas administrar os bens do ausente;

 O curador não pode alienar*, vender, trocar os bens do ausente;

Alienar: Transferir para outrem o domínio de; tornar alheio; alhear.

 Em caso de retorno, os bens voltam ao domínio do ausente.

Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por
mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.

§ 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos
descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.

§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.

§ 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.

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2) Sucessão provisória: Caracteriza-se com a distribuição provisória dos bens do ausente


para os herdeiros. Na falta de testamento, os bens são seguidos de acordo com a lei.
Porém é uma divisão provisória. Pode-se utilizar, porém é proibida a venda, alienação,
etc.

Nesta fase, o ausente recebe 50% dos rendimentos dos bens cabidos aos herdeiros não
necessários.

Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e
testamentários.

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o
falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640,
parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver
deixado bens particulares;

II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;

III - ao cônjuge sobrevivente;

IV - aos colaterais.

Parentes colaterais: São aqueles que têm um ancestral comum, mas que não são
descendentes, nem ascendentes entre si. São eles os irmãos, os tios, os sobrinhos, os
primos-irmãos, os tios-avós e os sobrinhos netos.

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3) Sucessão definitiva: Nesta etapa, os herdeiros assumem o total direito dos bens. Caso
o ausente volte após 21 anos, não reaverá seus bens.

P.S.: Caso o ausente tenha algum representante com poder suficiente para manter
seus bens, este pode assumir a tutela dos bens do mesmo durante 3 anos, isto é, o
processo que anteriormente era de 21 anos, passa para 24.

P.P.S.: Art. 38., C,C: Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o
ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.

Não importa em que etapa o processo esteja, desde que satisfeitas as condições do
artigo acima.

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24/03/11
6. Pessoa jurídica

6.1. Conceito e distinções

 Autonomia de personalidade e autonomia patrimonial

A principal característica da pessoa jurídica privada é ter um caráter diferenciado dos


sócios, etc. A pessoa jurídica tem caráter diferenciado dos seus constituintes. Há uma
autonomia patrimonial da pessoa jurídica, ou seja, a pessoa jurídica tem um
patrimônio distinto dos seus sócios, administradores. Responde com seu próprio
patrimônio. Os sócios só respondem quando há abuso da personalidade da pessoa
jurídica.

 Início da personalidade: registro do ato constitutivo

As pessoas jurídicas de direito privado tem sua personalidade iniciada a partir do


registro do ato constitutivo. Determinará a “vida” da pessoa jurídica. Qualquer erro
em sua síntese implica em sérias consequências.

 Firma, empresa, companhia

Não são termos sinônimos.

a) Firma: estamos falando de um nome. A razão social ou firma. Não diz respeito ao
nome fantasia. Firma não é uma espécie de pessoa jurídica. Ex: a pessoa jurídica
possui firma, ou seja, a pessoa jurídica não possui um nome.

b) Empresa: empresa é atividade. Empresa não é uma espécie de pessoa jurídica. Ex:
a empresa da Petrobras e a extração de petróleo.

c) Companhia: sinônimo de sociedade anônima. A lei impõe a ela uma estrutura


bastante complexa. Somente as sociedades grandes preferem se organizar como
uma companhia. Companhia é uma espécie de pessoa jurídica.

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6.2. Classificações: pessoas jurídicas de direito público (art. 41) e pessoas jurídicas de direito
privado (art. 44)

Se a norma que regula a vida da pessoa jurídica é pública, esta é pública. Se privada, a pessoa
jurídica é privada.

Quando se fala em direito público, extrapola-se o âmbito do particular/privado. Há um


interesse do Estado.

 Pessoas jurídicas de direito público

a) Interno: normas nacionais. Ex: normas brasileiras,


mineiras

Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:

I - a União;

II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;

III - os Municípios;

IV - as autarquias;

IV - as autarquias*, inclusive as associações públicas; (Redação


dada pela Lei nº 11.107, de 2005)

Autarquia: É uma forma descentralizada da união do Estado ou


do munícipio desempenharem o serviço público. É a
descentralização da administração pública. Autarquia não tem
sócio. Ex: DNIT, BNDES, Universidades Federais

V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.

Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas


jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de
direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu
funcionamento, pelas normas deste Código.

b) Externo: normas internacionais. Ex: normas que regem a


ONU

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 Pessoas jurídicas de direito privado

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:

I - as associações; um conjunto de pessoas que se reúne em torno de um objetivo comum


necessariamente não econômico. Uma associação tem associados e não sócios. Caso haja
rendimentos, devem ser investidos na finalidade da associação. Os rendimentos não podem ser
distribuídos entre os associados. Os objetivos da associação podem se reverter aos associados.
Ex: Minas Tenis Clube, Comissão de Formatura.

II - as sociedades; um conjunto de pessoas que se reúne com objetivos econômicos. Sua


finalidade é distribuir lucro. Fins lucrativos.

III - as fundações. Não tem fins econômicos. Não é um conjunto de pessoas, e sim um conjunto
de bens que são separados para cumprirem uma finalidade, religiosa, moral, cultural ou
assistência.

IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)

V - os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)

§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das


organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro
dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. (Incluído pela Lei nº 10.825, de
22.12.2003)

§ 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades


que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. (Incluído pela Lei nº 10.825, de
22.12.2003)

§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei


específica. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)

6.3. Constituição de uma pessoa jurídica de direito privado

1ª fase) manifestação da vontade criadora: por instrumento público ou, no caso de fundação,
também é admitido por testamento.

2ª fase) Elaboração do ato constitutivo: estatuto ou contrato social

3ª fase) Registro do ato constitutivo: no Cartório de Registro das pessoas Jurídicas. No caso de
sociedade empresária, o registro na Junta comercial é exigido.

Off: Estado federativo é aquele que permite autonomias internas. Ex: O governador de Minas
tem certa autonomia em relação ao governo federal.

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25/03/11
6.4. Desconsideração da pessoa jurídica (art. 50)

 Objetivo: atingir os bens dos sócios ou dos administradores em razão da insuficiência


do patrimônio da pessoa jurídica para pagar suas dívidas.

Pede-se desconsideração quando tem que receber algo da pessoa jurídica e esta não
tem patrimônio para pagar e percebe-se que houve um abuso da pessoa jurídica e
então passa-se a cobrar dos sócios. Somente caso de abuso.

 É judicial e episódica, não afetando de forma definitiva a autonomia da pessoa


jurídica.

 Exige abuso da personalidade da pessoa jurídica, caracterizado por desvio de


finalidade ou confusão patrimonial.

Desvio de finalidade: extrapolação da atividade inicialmente definida da pessoa


jurídica.

Confusão patrimonial: Patrimônio da pessoa jurídica e dos sócios e dos


administradores não é definido. Ex: carro em nome da pessoa jurídica utilizado pelo
filho do sócio.

Desvio de finalidade e confusão patrimonial são formas de esconder bens.

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou
pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério
Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios
da pessoa jurídica.

Sociedade de fato é aquela que se comporta como tal porém não é registrada através
de ato constitutivo, não gera efeitos. Quem responde pelas irregularidades são os
“sócios”.

Sociedade de direito é a sociedade propriamente dita.

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6.5. Estrutura interna

 As pessoas jurídicas de direito privado deverão apresentar ao menos dois órgãos


internos:

a) Órgão de administração e representação

Aquele que representa a pessoa jurídica no dia a dia geralmente é


seu representante. Resolve apenas os assuntos mais corriqueiros
da pessoa jurídica. Pode ser exercido por uma pessoa ou por um
órgão colegiado. Ex: pagar os empregados, comprar determinados
produtos. Contra ex: alterar a finalidade da pessoa jurídica

b) Órgão de deliberação:

No caso de sociedade, todos os sócios participam deste órgão: A


assembleia geral.

No caso de fundações, onde não há sócios, há o conselho curador.

É aqui que se resolvem os assuntos mais importantes da pessoa


jurídica. É definido pelo ato constitutivo. Ex: ato constitutivo define
que deve-se haver 2/3 dos votos da assembleia geral para haver a
mudança de finalidade da pessoa jurídica.

Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do


estatuto, garantido a 1/5 (um quinto) dos associados o direito de
promovê-la. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)

Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a
reforma:

I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e


representar a fundação;

II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;

III - seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a


denegue, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado.

Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação
unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao
órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria
vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias.

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6.6. Extinção da pessoa jurídica

 A liquidação patrimonial como antecedente necessário à extinção.

Requerimento: pagar as dívidas. Deve-se pagar primeiramente o Estado/receita,


depois os empregados, depois aqueles credores que possuem garantias reais e depois
pessoais ou fidejussórias, para depois então pagar os credores quirografários. Os
credores quirografais são geralmente os que não recebem. Pois são os que não
possuem garantias.

Caso ainda hajam bens, divide-se proporcionalmente à contribuição aos sócios.

Quirografário: Diz-se dos atos e contratos destituídos de qualquer privilégio ou


preferência. ~ V. credor — e dívida —a.

Garantia fidejussórias: garantia através de fiador, avalista.

Ex: ao pedir empréstimo no banco, ao se definir uma casa como garantia, é uma
garantia real. Se definido um fiador, caracteriza-se a garantia fidejussória.

Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu
funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua.

§ 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução.

§ 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais


pessoas jurídicas de direito privado.

§ 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica.

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 Destino dos bens remanescentes:

a) Associações (art. 61)

Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois


de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo
único do art. 56 (DESCONSIDERAR), será destinado à entidade de fins não
econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos
associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou
semelhantes.

§ 1o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados,
podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber
em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem
prestado ao patrimônio da associação.

§ 2o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território,


em que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o
que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito
Federal ou da União.

b) Fundações (art. 69)

Na falta do ato constitutivo, os bens irão para uma outra fundação com
finalidade semelhante. Não há problema em os associados ficarem com os
bens, desde que definido no ato constitutivo.

c) Sociedades: os bens remanescentes são distribuídos proporcionalmente à


contribuição dos sócios.

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14/04/11

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15/04/11 & 28/04/11 & 29/04/11


Domicílio (continuação)

Domicílio

 Geral

a) Voluntário

b) Necessário

Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o


marítimo e o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o
do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do
militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a
que se
encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver
matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.

 Especial, contratual ou foro de eleição

Em contratos firmados, por exemplo, entre empresas de cidades diferentes,


convenciona-se um foro em específico para a resolução de possíveis problemas
relacionados aos mesmos.

Atualmente, a mudança de domicílio pode ser feita através da expressão da vontade.

Em determinados casos, a filial de pessoa jurídica pode-se entendida como domicílio.

Ver lei 8.009 de 1990, sobre o bem de família.

Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:


I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações,
ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
§ 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será
considerado domicílio para os atos nele praticados.
§ 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa
jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do
estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.

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Unidade III: Dos Objetos das Relações Jurídicas

1. Patrimônio, coisa e bem.

 Os bens como utilidades do ser humano

Bem é tudo que tem utilidade para o ser humano. Exemplo: imagem.

 Coisa: bem corpóreo avaliável economicamente

É o bem corporizado que tem valor econômico. Exemplo: casa.

Toda coisa é bem, porém nem todo bem é coisa.

 Os bens, em geral, constituem a razão pela qual os sujeitos se vinculam. Podendo ser
um direito, uma coisa ou mesmo um comportamento.

 Patrimonialismo e Patrimônio Mínimo

Patrimônio é tudo aquilo que é convertido em dinheiro. Até mesmo as dívidas.

Patrimônio Mínimo: O direito deve proteger/garantir o patrimônio mínimo de todos


os indivíduos. (Teoria do patrimônio – Luis Edson Fachin)

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2. Bens Móveis e bens imóveis

 Bens imóveis (art. 79 a 81)

Bem que NÃO pode ser movimentado sem que haja alteração em sua substância ou
perda de seus valores econômicos.

a) Por natureza: o solo, o subsolo.

b) Por força de lei: os bens que são convencionados por lei como imóveis.

c) Por acessão física: que se unem fisicamente ao bem. Plantações e


edificações.

d) Por acessão intelectual: os bens móveis que são utilizados no imóvel


enquanto o proprietário ali os mantém. Exemplo: uma cama.

Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.

Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:

I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;

Direitos reais sobre imóveis significa os direitos relacionados ao imóvel.

II - o direito à sucessão aberta.

Sucessão aberta acontece quando há a morte do dono e os bens devem ser distribuídos a seus
respectivos sucessores.

Os bens se tornam imóveis da sucessão aberta à partilha dos bens.

Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:

I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas
para outro local;

II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.

É necessário a todo bem imóvel um registro. Para a alteração da posse de um bem


imóvel, é necessário a alteração em seu respectivo documento.

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 Bens Móveis (art. 82 a 84)

Bem que pode ser movimentado sem que haja alteração em sua substância ou perda
de seus valores econômicos.

As energias, elétrica, por exemplo, são consideradas bens móveis.

a) Por natureza: semoventes, que se movem por conta própria. Carro,


animais, etc.

b) Por força de lei: os bens que são convencionados por lei como imóveis.

c) Por antecipação: para efeitos de algumas relações específicas, antecipa-se


a situação de móvel de alguma coisa. Exemplo: mangas verdes

3. Bens fungíveis e bens infungíveis.

A doutrina não classifica os bens imóveis em fungíveis e infungíveis. Porém, os bens


imóveis seriam sempre infungíveis.

 Bens fungíveis: Os bens móveis que podem ser substituídos por outros que
cumprem a mesma função. Exemplo: canetas, livros, etc.

 Bens infungíveis: Totalmente individualizado, único. Não pode ser substituído


por outro. Exemplo: quadro Da Vinci, livro autografado, etc.

Os bens podem ser infungíveis por contrato. Exemplo: Numa locadora, deve-se
devolver o mesmo DVD, Blue-ray locado.

4. Bens consumíveis e bens inconsumíveis.

 Bens consumíveis: Os bens cujo uso importa na perda de sua substância.

Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da
própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.

O IMEDIATA não presume que seja instâneo.

5. Bens corpóreos e incorpóreos.

 Bens corpóreos: em que tem corpo, materialidade, corporeidade. Pode ser


sentido, tocado.

São objetos de compra, venda, etc.

 Bens incorpóreos: Bem imaterial, incorpóreo. Exemplo: a honra, o crédito


(direito de alguém exigir de outro uma prestação), a integridade, os aspectos da
pessoa, etc.

São objetos de cessão. Exemplo: Softwares não podem ser vendidos, apenas
cedidos.
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6. Bens divisíveis e indivisíveis (art. 87 e 88)

 Bens divisíveis: Bem que pode ser fracionado.

 Bem indivisíveis: Bem que não pode ser fracionado por haver perdas de seu
valor econômico ou função de ser. Exemplo: carro, quadros, etc.

a) Indivisibilidade

I. Por natureza

II. Por força de lei:

III. Por convenção: contratualmente, 2 partes estabelecem a


indivisibilidade de um bem naturalmente divisível.

Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por


determinação da lei ou por vontade das partes.

7. Bens singulares e coletivos (art. 89 a 91)

 Bens singulares: Aquele bem que o direito considera individualmente. Exemplo:


carro, borracha, etc.

 Bens coletivos: em razão do tratamento do bem.

a) Universalidade de direito: Imposta pela lei.

Exemplo: Bens de uma fundação, massa falida (bens de uma pessoa falida
durante o processo de falência).

b) Universalidade de fato: destinação unitária que o proprietário que confere a


um conjunto de bens.

Exemplo: coleções, bibliotecas, etc.

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8. Dos bens reciprocamente considerados

I. Bens dependentes: São bens que para que cumprir sua função
necessitam de um outro bem. Há, portanto, uma ligação entre os bens.

Exemplo: a fruta em relação à árvore. A fruta depende da árvore. A


fruta é acessório e a árvore é principal.

II. Bens independentes: São caracterizados por si só.

Exemplo: a fruta depois de madura não depende da árvore, portanto,


torna-se independente.

 Principal: bem independente que possui dependentes.

 Acessório: bem dependente.

O bem acessório acompanha o bem principal.

a) Fruto (art. 1214 e 1215): são os rendimentos periódicos que o bem principal
produz. Exige PERIODICIDADE. Pode produzir mais de uma vez.

Exemplo: O juros em relação ao dinheiro, o salário em relação à força de


trabalho, a produção de uma empresa, os frutos de uma árvore, etc.

I. Natural: Exemplo: prole, frutos

II. Civil: Advém da relação jurídica. Exemplo: salário, aluguel, juros

III. Industrial: Advém do trabalho humano. Exemplo: carros produzidos na


fiat.

Classificação do fruto em relação ao bem principal

a) Pendente: Fruto enquanto ligado ao bem principal

b) Colhido (naturais) ou percebido (civis e industriais): Fruto após a


separação do bem principal. Os frutos civis são percebidos dia a
dia.

c) Estantes: frutos armazenados

d) Percipiendos: Aquele que deveria ter sido colhido ou percebido,


mas não foi.

e) Consumidos: Frutos que além de colhidos ou percebidos, já


cumpriram sua função. Exemplo: juros recebidos

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Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos
percebidos.

Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser
restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser
também restituídos os frutos colhidos com antecipação.

Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo


que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.

Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e


percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o
momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e
custeio.

Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da


coisa, a que não der causa.

Off IMPORTANTE!!!!: Direitos reais: boa fé subjetiva (crença)

b) Produtos (art. 95): rendimentos produzidos por um bem principal, porém


são produzidos apenas uma vez. A retirada provoca descaracterização do
bem principal.

Exemplo: minério em relação à montanha. Extração do minério.

c) Benfeitoria (art. 96 e 97): qualquer melhoramento feito em um bem móvel


ou imóvel.

I. Necessárias: objetiva a conservação do bem principal.

Exemplo: reforma do telhado de uma casa.

II. Úteis: aumentam ou facilitam o uso do bem.

Exemplo: pintura de uma casa.

III. Voluptuárias: benfeitoria absolutamente supérflua, de mero


deleite ou recreio. Simplesmente trazem prazer ao possuidor.

Exemplo: instalação de um lustre decorativo.

Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.

§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o


uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado
valor.
§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se
deteriore.

V. Art. 1219 e 1220

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Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias


necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem
pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá
exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.

Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias


necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas,
nem o de levantar as voluptuárias.

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 Pertenças (art. 93 e 94): bens que, quando comparados, não há uma distinção
definida entre bem principal e acessório.

Se une ao bem de forma duradoura, porém possui autonomia, podendo ser


separado.

Não pode se constituir como parte integrante.

Pertença não acompanha o bem ao qual está unida.

Exemplo: ar condicionado.

Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de
modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.

Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as
pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das
circunstâncias do caso.

Off:

Datas

20/05: 2ª Prova

a) Pessoa jurídica

b) Domicílio

c) Bens

d) Fatos Jurídicos

06/05: Trabalho

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9. Dos bens em relação aos sujeitos

 Bens privados ou particulares: bem que pertence às pessoas naturais ou as


pessoas jurídicas de direito privado.

 Bens públicos (art. 99):

NÃO SE PODE ADQUIRIR POR USUCAPIÃO

a) De uso comum: são os bens de utilização comum.

Exemplo: Praças, rios, mar territorial.

b) De uso especial: bens de utilização limitada. Se limita aos edifícios


ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da
administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive
os de suas autarquias.

Os bens de uso comum e especial são inalienáveis.

c) Dominiais ou dominicais: qualquer bem que não seja


estabelecimento público e que não seja bem de uso comum.

Art. 99. São bens públicos:

I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e


praças;

II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço


ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou
municipal, inclusive os de suas autarquias;

III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de


direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma
dessas entidades.

Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se


dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a
que se tenha dado estrutura de direito privado.

Os bens dominiais ou dominicais são alienáveis, porém devem-se


seguir regras.

Exemplos: Estradas privatizadas ainda assim são bens públicos de


utilização comum, porém de administração privada.

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05/05/11
10. Dos bens em relação à comercialidade

a) Bens comerciáveis: podem ser objeto de relações jurídicas variadas, incluindo sua
transmissão

b) Bens fora do comércio ou com restrições à transmissibilidade:

Objetos que não podem participar de relações econômicas.

i) Por natureza: todos os bens impropriáveis, ou seja, aqueles que não são
passíveis de propriedade. Os bens que não podem ser avaliados
economicamente.

Exemplo: honra, sol,

ii) Por força de lei:

Exemplo: os bens públicos, os bens de fundação pública ou privada.

Exemplo: bem de família da lei n. 8009, de 1990.

Cria automaticamente, para o imóvel próprio da família, uma proteção


dizendo que este é um bem impenhorável, salvo as exceções que a própria
lei coloca.

Lei n. 8009, de 199:

Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é


impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal,
previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou
filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas
nesta lei.

Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se


assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos
os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a
casa, desde que quitados.

Art. 2º Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de transporte, obras de arte e


adornos suntuosos.

Parágrafo único. No caso de imóvel locado, a impenhorabilidade aplica-se aos bens


móveis quitados que guarneçam a residência e que sejam de propriedade do
locatário, observado o disposto neste artigo.

Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil,


fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:

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I - em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas


contribuições previdenciárias;

II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à


aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do
respectivo contrato;

III -- pelo credor de pensão alimentícia;

IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas


em função do imóvel familiar;

V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo
casal ou pela entidade familiar;

VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença
penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.

VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.


(Incluído pela Lei nº 8.245, de 1991)

Art. 4º Não se beneficiará do disposto nesta lei aquele que, sabendo-se insolvente,
adquire de má-fé imóvel mais valioso para transferir a residência familiar,
desfazendo-se ou não da moradia antiga.

§ 1º Neste caso, poderá o juiz, na respectiva ação do credor, transferir a


impenhorabilidade para a moradia familiar anterior, ou anular-lhe a venda,
liberando a mais valiosa para execução ou concurso, conforme a hipótese.

§ 2º Quando a residência familiar constituir-se em imóvel rural, a


impenhorabilidade restringir-se-á à sede de moradia, com os respectivos bens
móveis, e, nos casos do art. 5º, inciso XXVI, da Constituição, à área limitada como
pequena propriedade rural.

Art. 5º Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se


residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para
moradia permanente.

Parágrafo único. Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de


vários imóveis utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de
menor valor, salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de
Imóveis e na forma do art. 70 do Código Civil.

Art. 6º São canceladas as execuções suspensas pela Medida Provisória nº 143, de 8


de março de 1990, que deu origem a esta lei.

Art. 7º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 8º Revogam-se as disposições em contrário.

Senado Federal, 29 de março de 1990; 169º da Independência e 102º da República.

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iii) Pela vontade:

a) Bens gravados com cláusula de impenhorabilidade,


incomunicabilidade e inalienabilidade:

Ocorre somente através de Negócio jurídico gratuito/benéfico.

Negócio jurídico gratuito/benéfico: não importa numa retribuição.


Aquele onde apenas uma parte é beneficiada. Exemplo: doação.

 Cláusula de impenhorabilidade: O bem não é passível de


penhora.

Penhora: Apreensão judicial de bens, valores, dinheiro, direitos,


etc., pertencentes ao devedor executado, em quantidade
bastante para garantir a execução.

 Cláusula de incomunicabilidade: não se comunica com o


patrimônio do cônjuge.

 Cláusula de inalienabilidade: O bem será inalienável em


nenhuma hipótese.

Alienar: Transferir para outrem o domínio de; tornar alheio;


alhear.

Deve-se haver a manifestação de vontade e registro em cartório.

Exemplo: Bem de família voluntário: art. 1711º a 1722º do Código Civil.

Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura


pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de
família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao
tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel
residencial estabelecida em lei especial.

Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por


testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de
ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada.

Art. 1.712. O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou


rural, com suas pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a
domicílio familiar, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada
na conservação do imóvel e no sustento da família.

Art. 1.713. Os valores mobiliários, destinados aos fins previstos no artigo


antecedente, não poderão exceder o valor do prédio instituído em bem de família,
à época de sua instituição.

§ 1o Deverão os valores mobiliários ser devidamente individualizados no


instrumento de instituição do bem de família.

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§ 2o Se se tratar de títulos nominativos, a sua instituição como bem de


família deverá constar dos respectivos livros de registro.

§ 3o O instituidor poderá determinar que a administração dos valores


mobiliários seja confiada a instituição financeira, bem como disciplinar a forma de
pagamento da respectiva renda aos

beneficiários, caso em que a responsabilidade dos administradores


obedecerá às regras do contrato de depósito.

Art. 1.714. O bem de família, quer instituído pelos cônjuges ou por


terceiro, constitui-se pelo registro de seu título no Registro de Imóveis.

Art. 1.715. O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à


sua instituição, salvo as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de
despesas de condomínio.

Parágrafo único. No caso de execução pelas dívidas referidas neste artigo,


o saldo existente será aplicado em outro prédio, como bem de família, ou em
títulos da dívida pública, para sustento familiar, salvo se motivos relevantes
aconselharem outra solução, a critério do juiz.

Art. 1.716. A isenção de que trata o artigo antecedente durará enquanto


viver um dos cônjuges, ou, na falta destes, até que os filhos completem a
maioridade.

Art. 1.717. O prédio e os valores mobiliários, constituídos como bem da


família, não podem ter destino diverso do previsto no art. 1.712 ou serem
alienados sem o consentimento dos interessados e seus representantes legais,
ouvido o Ministério Público.

Art. 1.718. Qualquer forma de liquidação da entidade administradora, a


que se refere o § 3o do art. 1.713, não atingirá os valores a ela confiados,
ordenando o juiz a sua transferência para outra instituição semelhante,
obedecendo-se, no caso de falência, ao disposto sobre pedido de restituição.

Art. 1.719. Comprovada a impossibilidade da manutenção do bem de


família nas condições em que foi instituído, poderá o juiz, a requerimento dos
interessados, extingui-lo ou autorizar a sub-rogação dos bens que o constituem em
outros, ouvidos o instituidor e o Ministério Público.

Art. 1.720. Salvo disposição em contrário do ato de instituição, a


administração do bem de família compete a ambos os cônjuges, resolvendo o juiz
em caso de divergência.

Parágrafo único. Com o falecimento de ambos os cônjuges, a


administração passará ao filho mais velho, se for maior, e, do contrário, a seu tutor.

Art. 1.721. A dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de


família.

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Parágrafo único. Dissolvida a sociedade conjugal pela morte de um dos


cônjuges, o sobrevivente poderá pedir a extinção do bem de família, se for o único
bem do casal.

Art. 1.722. Extingue-se, igualmente, o bem de família com a morte de


ambos os cônjuges e a maioridade dos filhos, desde que não sujeitos a curatela.

Unidade IV - Dos Fatos Jurídicos

 Fato jurídico “Lato Sensu”

Fatos sob os quais incidem normas jurídicas.

É fato jurídico todo acontecimento, seja natural ou humano, que produz


efeitos/consequências jurídica.

a) Fato jurídico “Stricto Sensu”: diz respeito apenas aos acontecimentos naturais.

b) Ato jurídico “Lato Sensu”: Toda ação ou omissão humana, voluntária ou involuntária
que traga consequências jurídicas.

I) Ato jurídico “Strictu senso”: toda ação ou omissão cujos efeitos advém mais da lei
do que da vontade.

A vontade é expressa em apenas alguns casos.

Exemplo: adoção, pois necessita da manifestação da vontade, porém os efeitos


advirão primariamente da lei.

II) Negócio Jurídico: toda ação ou omissão cujos efeitos advém mais da vontade do
agente do que da lei.

SEMPRE DEPENDE DA VONTADE.

Exemplo: contrato

III) Ato Ilícito

Consequências jurídicas: criam, modificam, conservam, transferem ou extinguem situações jurídicas

Exemplo: casamento, nascimento, morte, contrato, adoção, testamento, etc.

“Lato sensu”: em sentido amplo.

“Stricto Sensu”: em sentido estrito.

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1. Classificação clássica:

 A juridicização dos fatos

 Consequências jurídicas: criam, modificam, conservam, transferem ou


extinguem situações jurídicas

 O fato jurídico “lato sensu”: Título III da Parte Geral do Código Civil (vide acima
do artigo 104).

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12/05/11
2. Negócio jurídico e seus requisitos

 Histórico: negócio jurídico voluntarismo. Da autonomia da vontade à privada.

Instrumento principal no desenvolvimento econômico. O direito adviria da vontade.


Tanto através do contrato com o Estado quanto com o direito privado. A vontade seria
suficiente para criar o direito. O Estado deveria somente reconhecer posteriormente
algo que, o que era definido como direito.

Se as próprias partes definem os direitos e deveres que vão seguir. Não há norma mais
justa.

Cabe ao Estado apenas estabelecer, e não constituir, pois os direitos já são inatos ao
ser, naturais.

Na prática, toda esta teoria se resumia a “o mais forte faz o que quiser com o mais
fraco”.

Atualidade:

Liberdade que o ordenamento jurídico concede aos particulares ao que eles definem a
forma, o conteúdo, ou os efeitos do negócio jurídico.

SEMPRE a vontade é elemento nuclear do negócio jurídico. Sem a vontade ou é


vontade.

Se a vontade advir de ameaça, etc.

 Negócio e ato jurídico “strictu sensu”

 Requisitos de existência (elementares nucleares) de validade (elemento


complementares) e de eficácia (elementos integrativos).

Deve-se verificar no suporte fático.

No negócio jurídico, a vontade sempre será elemento nuclear. Já o ato jurídico “strictu
sensu” pode ser involuntário (achado de um tesouro).

Se o ato é inválido, ele é inexistente. A inexistência afeta a validade, e a invalidade


afeta a eficácia.

 Art. 104. do Código Civil

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:

I - agente capaz;

II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

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III - forma prescrita ou não defesa (proibida) em lei.

Art. 1.864. São requisitos essenciais do testamento público (forma):

I - ser escrito por tabelião ou por seu substituto legal em seu livro de notas, de acordo com as
declarações do testador, podendo este servir-se de minuta, notas ou apontamentos;

II - lavrado o instrumento, ser lido em voz alta pelo tabelião ao testador e a duas testemunhas, a um só
tempo; ou pelo testador, se o quiser, na presença destas e do oficial;

III - ser o instrumento, em seguida à leitura, assinado pelo testador, pelas testemunhas e pelo tabelião.

Parágrafo único. O testamento público pode ser escrito manualmente ou mecanicamente, bem
como ser feito pela inserção da declaração de vontade em partes impressas de livro de notas, desde
que rubricadas todas as páginas pelo testador, se mais de uma.

Testamento através de vídeo no Brasil é INEXISTENTE.

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Rafael Barreto Ramos
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13/05/11
A vontade é elemento nuclear do suporte fático de qualquer fato jurídico e é capaz de gerar
efeitos.

3.0. Conflito entre vontade e declaração

Em alguns casos, a vontade interna daquele que participa do negócio jurídico não coincide
com a vontade manifestada.

Suas causas podem ser:

 O erro;

 A falta de informação;

 A indução ao erro;

 O não entendimento das informações fornecidas.

3.1. Teoria da vontade

 A vontade não é só um dos elementos do negócio jurídico, mas sua fonte criadora.

Em casos de conflitos entre a vontade interna e a vontade declarada, prevalece a


vontade interna, pois esta é a força motriz do negócio jurídico, sua fonte criadora.

 Caso haja conflito entre ela e sua exteriorização, deverá prevalecer a vontade.

A declaração seria apenas um segundo momento de exteriorização. Não tem tanta


importância, tanto que uma declaração sem vontade não gera efeitos.

 Crítica.

Traz bastante insegurança, pois a real vontade interna é de difícil comprovação.

3.2. Teoria da declaração

Advém com o objetivo de evitar a insegurança, as interpretações divergentes, as tentativas de


buscar o íntimo da pessoa.

 Só interessa a vontade declarada, pois é com a declaração que ela ingressa no campo
do direito.

Para esta teoria, a vontade é um elemento fora do direito. A declaração sim faz parte
do direito, é mais importante.

 Privilegia-se a segurança jurídica.

 Críticas.

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Não resolve o problema. Numa adoção extrema, por exemplo, permitiria o casamento
advindo da coação.

3.3. Teoria da confiança (SEGUNDO CRITÉRIOS OBJETIVOS)

Teoria de maior adoção no código civil.

Tanto a declaração quanto a vontade prevalecerão em diferentes situações.

Privilegia a recepção da vontade. Se esta é recepcionada como uma vontade digna de


confiança ou não.

A parte só pode valorizar a declaração digna de confiança.

Ambas as partes devem agir CAUTELOSAMENTE, avaliando se a vontade alheia é digna de


confiança.

Exemplo: Um indivíduo eufórico com a conquista de um título compra uma camisa do botafogo
pensando ser do galo. Neste caso, o contrato de compra e venda pode ser ANULADO ATÉ.

 Em caso de conflito, deve prevalecer a declaração se esta tiver imbuído, em seu


destinatário, confiança suficiente, segundo critérios objetivos.

A declaração prevalece toda vez que cria em seu destinatário uma confiança.

 Princípio da boa-fé objetiva

Principio que vai nortear a validade do negócio jurídico.

O negócio jurídico NÃO tem a boa fé SUBJETVIVA. Considera a boa fé OBJETIVA.

Boa fé objetiva: O dever de agir segundo o padrão social de comportamento


recomendado para o caso concreto específico em análise.

Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar
de sua celebração. (apenas uma extensão da boa fé).

Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental
de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.

Exemplo: Sujeito que aluga uma casa devido à passagem de um carro alegórico na rua.
Cancelada a passagem deste carro, o sujeito teria direito à anulação do negócio jurídico se
estivesse comunicado ao destinatário.

Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do
que ao sentido literal da linguagem.

Não interessa somente a “letra” do contrato. Interessa também as entrelinhas. A vontade


que está consubstanciada no contrato deve ser considerada.

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Rafael Barreto Ramos
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Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em
benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se, neste caso, for
indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.

Esclarecimento do artigo:

Alguém capaz negocia com alguém que é relativamente incapaz. Depois, este capaz, quer
desistir do contrato alegando a incapacidade da outra parte. O capaz não pode se aproveitar
da incapacidade da outra parte com a intenção de aproveitamento, pois a proteção está
sobre o incapaz e não sobre o capaz.

Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se
cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado.

Esclarecimento do artigo:

Pode-se fazer negócio com objetos futuros. Exemplo: pode-se vender algo que ainda não foi
plantado.

Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando
a lei expressamente a exigir.

Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos
negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos
reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.

Matéria da 2ª prova:

 Pessoas jurídicas;

 Domicílio;

 Bens;

 Fatos jurídicos (itens 1 e 2)

24/03 a 12/05

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19/05/11

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26/05/11
4.2. Termo (continuação)

Também subordina o Negócio Jurídico a um acontecimento futuro, porém este acontecimento


é CERTO.

 Termo inicial ou substancial: define o início dos efeitos do negócio jurídico.

 Termo final ou resolutivo: define o final dos efeitos do negócio jurídico. Exemplo:
empresto-lhe meu carro até o natal.

 Prazo: intervalo de tempo entre o termo inicial e o termo final.

 Termo certo: o evento e a ocasião de acontecimento são definidas/certas.

 Termo incerto: o evento é certo, porém a ocasião de acontecimento é incerta.

4.3. Encargo ou modo (art. 136 e 137)

 Cláusula que limita a vantagem recebida em negócios jurídicos gratuitos (ou


benéficos) estabelecendo uma obrigação para aquele que recebe a vantagem.

Só pode ser colocado em negócios jurídicos gratuitos/benéficos. Não implica em remuneração,


numa obrigação da parte contrária de mesmo nível. (!!!)

Exemplo: dou-lhe a minha fazenda, porém deve construir uma creche.

Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente
imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva.

Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo
determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.

 Não é contraprestação

 Efeitos do descumprimento do encargo.

a) Efeito normal: o negócio jurídico permanece, porém será cobrado judicialmente a


realização.

b) Efeito: há a invalidação do negócio jurídico.

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5. Defeitos do Negócio Jurídico


Qualquer violação do código jurídico.

 Defeito grave: é aquele que atinge o negócio jurídico de tal forma que ele não pode
produzir efeitos. Se produzir, o juiz, ao invalidar, tenta apagar este efeito. Caracteriza a
nulidade do negócio jurídico (é nulo desde o início).

Exemplo: negócio jurídico feito por incapaz.

 Defeito leve: produz efeitos até que o juiz decrete a invalidade. Gera a anulabilidade
do negócio jurídico.

Exemplo: negócio jurídico feito por um relativamente incapaz. Basta que o negócio
jurídico seja confirmado pelo assistente para que o negócio jurídico seja regularizado.

5.1. Erro ou ignorância (art. 138 a 144)

 Desconhecimento ou falso conhecimento de características essenciais do negócio


jurídico.

 Teoria da confiança.

 Erro essencial ou substancial: art. 139.

 Defeito leve. (!!!)

 O erro só gera anulação se for erro substancial.

Anulação do negócio jurídico:

Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro
substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do
negócio.

Definição de erro substancial:

Art. 139. O erro é substancial quando:

I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele
essenciais;

II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade,


desde que tenha influído nesta de modo relevante;

III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do
negócio jurídico.

Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante.

Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que
o é a declaração direta.
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Rafael Barreto Ramos
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Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará
o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa
cogitada.

Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.

Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação
de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.

5.2. Dolo (art. 145 a 150)

Exemplo: propaganda enganosa de um produto.

 Mediante artifícios, um dos agentes ou terceiro induz a outra parte a crer em falsas
características do negócio jurídico.

 Também deve ser dolo substancial para ocasionar a invalidade do negócio. O dolo
acidental não o invalida, mas permite a cobrança de perdas e danos. (art. 146).

 “Dolus bonus” e “Dolus malus”

a) Dolus bônus: não há a pretensão de prejudicar.

b) Dolus Malus: há a pretensão de prejudicar.

 Dolo de terceiro: art. 149

Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a
responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do
representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e
danos.

Dolo cometido por um terceiro não envolvido no negócio jurídico.

O negócio jurídico será anulado se B perceber ou deveria perceber que a vontade de A


não é digna de confiança. Os prejuízos poderão ser cobrados tanto a B quanto a C

Caso não haja a possibilidade de B perceber o dolo, C deverá arcar com os prejuízoz.

 Dolo do representante: art. 150.

Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o
negócio, ou reclamar indenização.

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Critérios para a anulação:

 Dolus malus;

 Ser essencial ao produto;

 Não ser acidental

Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.

Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu
despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.

Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou
qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio
não se teria celebrado.

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02/06/11

5.6. Fraude contra credores (art. 158 a 165)


Ato praticado para que os credores não recebam.

 Consiste em ato de disposição ou oneração de bens, praticado por devedor


insolvente ou por ele tornado insolvente, que acarrete redução em seu patrimônio,
prejudicando credor preexistente.

Devedor insolvente é aquele que não tem condição de pagar por suas dívidas. Tem
mais passivo que ativo.

Oneração: Impor ônus(acréscimo, despesas excessivas)

 Não há falha no consentimento, mas desconformidade com a ordem jurídica.

 O ato devedor pode ser unilateral, bilateral, gratuito ou oneroso.

 Um dos requisitos é o “eventos damni”

 Se o ato for gratuito, não há necessidade de se provar que o beneficiário agiu sem
boa fé. Se oneroso, é preciso a prova do “consinlium fraudis”.

 A ação para promover a invalidade do negócio fraudulento é a ação reipersecutória,


revocatória ou pauliana.

 A posição do credor quirografário

 Fraude à execução: art. 593 do CPC.

Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já
insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos
credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.

§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.

§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles.

Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a
insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante.

Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e este for,
aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a citação de todos os
interessados.

Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes
corresponda ao valor real.

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Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor insolvente, a
pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que
hajam procedido de má-fé.

Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda não
vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de
credores, aquilo que recebeu.

Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o
devedor insolvente tiver dado a algum credor.

Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção
de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família.

Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo
sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores.

Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais, mediante
hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da preferência ajustada.

5.7. Simulação (art. 167)


É um ato NULO. Não deve produzir efeitos.

 Consiste na celebração de um ato, que tem aparência normal, mas que, na verdade,
não visa ao efeito de juridicamente devia produzir.

 Há uma declaração enganosa, com o objetivo de enganar terceiros.

 Simulação absoluta: o ato simulado não objetiva a produção de nenhum efeito.

 Simulação relativa: o ato temo objetivo de encobrir outro, que produzirá seus
efeitos. Há um ato simulado e outro dissimulado (encoberto).

Doação mascarada em um ato de “compra e venda”. Anula-se a “compra e venda” e


subsiste a doação, se a doação for válida na substância legal.

 É defeito grave, acarretando a nulidade do ato jurídico.

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Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na
substância e na forma.

§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:

I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se


conferem, ou transmitem;

II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;

III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.

§ 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico


simulado.

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