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Introdução ao Direito (Resumo)


Jusnaturalismo ou direito natural
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INTRODUÇÃO:
As teorias jusnaturalistas afirmam existir um direito natural, que tem
validade em si mesmo (independentemente da vontade / da autoridade política).
Portanto, o direito é em parte cultural (é produzido pelo ser humano) e em parte natural
(independe do agir humano), daí a dicotomia entre o direito positivo, produzido pela
autoridade política e, acima dele, pairando como um norte moral, o direito natural.

● O direito Natural é universal, imutável e inviolável, é a lei imposta pela

● natureza a todos aqueles que se encontram em um estado de natureza.

● Possibilita ao Direito à valorização do seu conteúdo.

● O Direito Positivo deve ser analisado sob um sistema superior de normas ou


princípios, que se denominam Direito Natural.

● NATURAL é o que regula o homem por natureza.

● A ideia de Justiça sempre representa uma busca constante da humanidade, e


ao mesmo tempo, simboliza uma defesa contra as leis humanas (direito
positivo/colocado).

● Do jusnaturalismo originam-se os princípios gerais do Direito comum em


todos os ordenamentos jurídicos, como: o direito á liberdade, ao alimento, ao
vestuário, à moradia entre outros.

Historicamente:

O Direito Natural, cumpriu fun ções importantes ainda que diferentes e opostas.
Em certas ocasiões, foi conservadora da estrutura social e política existente. Noutras,
pelo contrário, atuou como lema revolucionário, como exemplo, a Revolução Francesa
XVII.

❏ Teorias Jusnaturalistas:
Mas como, afinal, podemos conhecer o direito natural? A resposta a essa
pergunta não é fácil, pois depende da época e do autor considerado. Vamos tomar
como base as Escolas Moralistas: Antiguidade (Grécia e Roma), Idade Medieval e
Modernismo.

Jusnaturalismo Antiguidade (Grécia e Roma):

De acordo com Aristóteles:

● As normas de direito natural têm validade universal, ou seja, valem em


qualquer lugar e em qualquer época. EX: O fogo que queima em toda parte do
mesmo modo, tanto na Grécia quanto na Pérsia.
● O direito natural corresponde ao que é justo e injusto, sem levar em
conta nossas opiniões e preferências e, assim, estabelece comportamentos
obrigatórios independentemente de nossa vontade.
● Através da razão, podemos descobrir a justiça por meio da ordem natural das
coisas.

O direito natural e o direito positivo regulam, em princípio, matérias distintas. Mas o que
acontece quando o direito positivo invade a esfera das coisas reguladas pelo direito
natural? Nesses casos, explica Aristóteles:

● Se a lei positiva regular o comportamento do mesmo modo que a lei natural, não
há qualquer problema, mas apenas o reforço da conduta boa em si.

● Mas se houver conflito entre a lei positiva e o direito natural. Nesses casos o
direito natural, é superior ao direito positivo.

Jusnaturalismo Medieval

Na Idade Média a razão divina estabeleceu a ordem geral do universo.


De acordo com Thomás Aquino:
Durante séculos a teologia e filosofia de Thomas de Aquino foram a base mais
sólida do pensamento católico, já que se mantinha fiel à visão teocêntrica do mundo.
Logo, o Direito Natural nesse contexto, é visto como:

1° Lei Divina: Revelada pelos textos sagrados (escrituras).


A lei divina é evidentemente superior a todas, e seu único intérprete é a Igreja, o
que a coloca como supremo poder moral do mundo.

2° Lei Natural: É comunicada por Deus, através da razão, sem que haja revelação.
O direito Natural é descoberto pela razão e não pode em nenhum momento ser
oposto ao que Deus revelou.

3° Lei Humana: É ditada pelos homens com vista no bem comum.


Não pode ser contrariada à lei natural nem à divina.

OBS: Em Tomás de Aquino, há portanto uma hierarquia: a lei humana retira


sua legitimidade da lei natural, que retira sua legitimidade da lei eterna. Sendo
assim: “qualquer lei estabelecida pelos homens é autêntica na medida em que
deriva da lei da natureza; se discordar desta, já não será uma lei, mas uma
corrupção da lei”.

Jusnaturalismo Moderno:

O RENASCIMENTO proclamou os foros da razão independente, isto é, não


harmonizada com uma fé religiosa. A Reforma acarretou na ruptura da unidade
católica, sendo assim, o Direito Natural deixou praticamente unânime de ser a doutrina
da Europa cristã, para se converter as correntes de pensamento que se desenvolvem a
partir do Renascimento.

Segundo o jurista holandês Hugo Grócio:

Existe realmente um Direito Natural, mas que o seu único fundamento é a razão.
Está razão, para Grocio, é independente de qualquer fé religiosa. Sendo assim, o Direito
Natural é tão imutável que não pode ser mudado por Deus e existiria mesmo se Deus
não existisse.
Ele ainda enxerga no Direito um conjunto de regras e princípios concretos,
deduzível pela razão e experiência dos povos civilizados e superiores ao direito
positivista.

● Contrato Social (O direito do homem perante o Estado):

Outra linha de inspiração jusnaturalista, que atinge seu apogeu na mesma época e
debaixo da mesma tendência racionalista, é a dos Direitos Naturais do Homem Perante
o Estado, ou seja, o Contrato Social.

Segundo John Locke:


Sabemos que o homem tem direito naturais inalienáveis, isto é, que não podem ser
transferidos para nenhum governante. John Locke, afirma que nascemos com esses
direitos: de vida, de liberdade e de propriedade. Para assegurar, Locke recorre a ideia
de que outros pensadores utilizava com os mais diversos fins , o contrato social

Segundo Rousseau:
O mais célebre representante dessa tendência, que reforça em sua obra O Contrato
Social, diz que: “O homem nasceu livre e em todo o lado está encadeado.” O
grande problema político é conciliar a liberdade natural do homem com a
necessidade da vida num Estado. Para essa pergunta Rousseau responde: “É
preciso encontrar uma forma que defenda as pessoas e os bens de cada
associado, pelo qual cada um, unindo-se, não obedeçam, a não ser a si mesmo e
continue tão livre como antes.” Sendo assim, o Contrato Social não é um fato
histórico e sim um modelo ideal de organização política.

❖ A Crise do Jusnaturalismo sec. XIX: A ruína do jusnaturalismo foi provocada


pela elevação da lei à principal fonte do direito; a elevação da lei à
principal fonte do direito foi o resultado da elaboração das codificações e
constituições modernas; as codificações e constituições modernas
representaram a conquista política da limitação da autoridade soberana em
função dos direitos dos indivíduos; e, finalmente, a limitação da autoridade
soberana em função dos direitos dos indivíduos foi o grande ideal do
jusnaturalismo moderno.

❖ O ressurgimento Atual do Jusnaturalismo:


● O jusnaturalismo renasce após a II Guerra Mundial, sem muitas variações
importantes ao seu modelo anterior.
● A ideia de justiça era essencial no Direito , afirmava então Stammler: A ideia de
justiça era uma ideia puramente “formal”, sem nem um conteúdo permanente
válido.
● O que é significativo nas modernas doutrinas é o regresso a uma procura da
justiça material, isto é, com conteúdos concretos.
● Os modernos defensores destas tendências não pensam no sistema detalhado
de normas, mas antes, em um conjunto de princípios gerais e flexíveis.
● A maioria dos jusnaturalistas modernos deixa claro a prioridade do direito natural
sobre o positivo.
● Foi na Alemanha que este novo jusnaturalismo teve culminância /apogeu.

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