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GRAEBER, David and David WENGROW. 2021. O despertar de tudo.

Uma nova história da


humanidade. São Paulo: Companhia das Letras. Caps. 1 e 2, "Adeus à infância da humanidade" e
"Liberdade perversa", pp. 15-94.

1. Adeus à infância da humanidade

OU POR QUE ESTE NÃO É UM LIVRO SOBRE AS ORIGENS DA DESIGUALDADE


& POR QUE TANTO A VERSÃO HOBBESIANA...

O texto aborda a limitação do conhecimento sobre a história humana devido à falta de registros e
destaca a importância de refletir sobre a natureza humana. A discussão se concentra na questão
de se os seres humanos são inerentemente bons ou maus, comparando visões de Rousseau e
Hobbes.
Rousseau defende que os seres humanos viviam inicialmente em um estado de inocência
igualitária, mas foram corrompidos ao longo da história. Enquanto isso, Hobbes argumenta que
os humanos são egoístas e que a vida em seu estado natural é "solitária, pobre, sórdida, brutal e
curta", sendo necessária a repressão coletiva.
No entanto, o autor critica essas visões tradicionais, alegando que a história humana não se
encaixa perfeitamente em nenhuma delas. Pesquisas recentes revelam que as sociedades humanas
pré-agrícolas eram mais diversas e complexas do que as versões tradicionais indicam. A
agricultura não levou necessariamente à desigualdade, e muitas sociedades agrícolas eram
igualitárias.
O texto argumenta que a ideia de desigualdade é frequentemente usada para justificar estruturas
de poder e que o foco na desigualdade pode impedir uma discussão mais profunda sobre a
natureza da liberdade e da criatividade humanas. O autor propõe uma abordagem mais flexível da
história humana, que valorize a capacidade de experimentar diferentes formas de organização
social e promova a liberdade e a criatividade como traços essenciais da humanidade.

ALGUNS RÁPIDOS EXEMPLOS...

O texto aborda a busca por respostas sobre as origens da desigualdade social e a problemática da
abordagem que pressupõe um estado idílico passado da humanidade que decaiu com o tempo.
Exemplifica essa abordagem com autores como Francis Fukuyama e Jared Diamond, que
argumentam que a igualdade social predominava em pequenos grupos de caçadores-coletores,
mas a invenção da agricultura levou à hierarquização e à desigualdade. No entanto, o autor
questiona a falta de evidências científicas para sustentar essas afirmações e argumenta que não há
razões para crer que grupos pequenos sejam necessariamente igualitários ou que grupos maiores
precisem de líderes e burocratas. Portanto, o texto sugere que a abordagem tradicional sobre as
origens da desigualdade social é baseada em preconceitos e não reflete a complexidade da
história humana.
EM BUSCA DA FELICIDADE

O texto discute a repetição contínua de uma história que teve sua origem em Jean-Jacques
Rousseau em 1754. Muitos estudiosos contemporâneos afirmam que a concepção de Rousseau se
mostrou correta. Rousseau havia proposto o conceito do Estado de Natureza como um
experimento intelectual e não como um período histórico real. Seu retrato do Estado de Natureza
e sua transformação com a chegada da agricultura não eram destinados a ser uma base para uma
série de estágios evolucionários. Em vez disso, Rousseau explorou o paradoxo fundamental da
política humana: como o impulso inato de liberdade frequentemente leva a uma "marcha
espontânea para a desigualdade."

Ao descrever como a invenção da agricultura levou à propriedade privada e à necessidade de


governo civil para protegê-la, Rousseau questionou por que as pessoas buscaram grilhões para
garantir sua liberdade. Seu Estado de Natureza era uma parábola usada principalmente para
ilustrar seu argumento. O conceito de Estado de Natureza já havia sido usado na filosofia
europeia por um século como um expediente retórico para discutir as origens do governo.

O autor também menciona o pensamento de Thomas Hobbes e seu estado de guerra como uma
metáfora que poderia se referir à guerra civil na Inglaterra. Muitos autores modernos tratam obras
como "O Leviatã" de Hobbes e o "Discurso sobre a Desigualdade" de Rousseau como bases para
estudos evolucionários da história.

POR QUE A NARRATIVA CONVENCIONAL DA HISTÓRIA...

O texto destaca a ideia de que a vida indígena é frequentemente percebida como mais interessante
do que a vida nas sociedades ocidentais, devido à ausência de atividades monótonas e repetitivas.
No entanto, o autor argumenta que essa percepção pode ser limitada pela falta de imaginação. O
texto também critica a tendência de simplificar e reduzir as questões relacionadas à natureza
humana em narrativas históricas, enfatizando que as pessoas são mais complexas do que os
estereótipos sugerem.

Além disso, o autor aponta a simplificação inerente à teoria social, que muitas vezes reduz as
interações humanas a aspectos unidimensionais para identificar padrões. O texto menciona como
pensadores como Hobbes e Rousseau fizeram contribuições significativas em seu tempo, mas
essas ideias agora são consideradas clichês. O autor argumenta que essa simplificação recorrente
empobrece nossa compreensão da história e do potencial humano.

Finalmente, o texto oferece exemplos etnográficos que questionam a noção de "troca primitiva"
como prova de economias de mercado prévias. Ele ilustra como objetos valiosos circulavam por
longas distâncias em sociedades sem mercado, devido a sonhos, curandeiros, artistas itinerantes,
jogos de apostas e outras atividades que não se encaixam na definição tradicional de comércio. O
autor enfatiza que, ao tentar entender as atividades humanas do passado, é importante evitar
suposições simplistas e reconhecer a complexidade das interações humanas.
2. Liberdade perversa
A CRÍTICA INDÍGENA E O MITO DO PROGRESSO & COMO A CRÍTICA AO
EUROCENTRISMO...

O texto aborda a história da desigualdade social, destacando que essa narrativa muitas vezes é
contada como se um "Grande Homem" tivesse iniciado o debate sobre a desigualdade social, no
caso, Jean-Jacques Rousseau. No entanto, o autor argumenta que as ideias importantes da época
não se limitavam a indivíduos excepcionais, mas eram o resultado de debates em diversos
contextos, como tavernas, mesas de jantar, praças públicas e salas de aula.

O autor menciona que Rousseau escreveu seu "Discurso sobre a origem e os fundamentos da
desigualdade entre os homens" como parte de um concurso de ensaios sobre o tema proposto pela
Académie des Sciences, Arts et Belles-Lettres em 1754. Ele questiona por que essa pergunta
sobre a origem da desigualdade foi considerada apropriada naquela época, dado que a sociedade
francesa sob o Ancien Régime era hierárquica e marcada por ordens sociais.

O texto explora a influência das descobertas europeias no Novo Mundo e a súbita integração da
Europa em uma economia global, o que gerou o Iluminismo. Os autores do Iluminismo eram
influenciados por ideias de fontes estrangeiras, mas muitas vezes isso é minimizado pelos
historiadores das ideias. O autor argumenta que as ideias indígenas da América tiveram um
impacto real e que, em vez de serem ignoradas, influenciaram o pensamento europeu. Também
aborda a resistência e a refutação das ideias indígenas por parte dos europeus.

O texto destaca que a igualdade social não era um conceito comum na Idade Média, mas
começou a surgir no início do século XVII, especialmente devido aos debates sobre as
implicações morais e legais das descobertas europeias no Novo Mundo. A partir daí, os filósofos
políticos europeus começaram a imaginar o estado original da humanidade como de liberdade e
igualdade. Isso levou a uma revolução conceitual que questionou a natureza das sociedades
humanas e o significado de ser humano.

Por fim, o autor argumenta que os intelectuais americanos indígenas desempenharam um papel
nessa revolução conceitual, desafiando a visão europeia e desenvolvendo uma crítica das
instituições europeias. Eles não eram simples representantes do "nobre selvagem," mas tinham
ideias próprias que influenciaram o pensamento europeu. O texto encoraja a considerar
seriamente as contribuições dos povos indígenas para o pensamento e a reflexão europeia sobre a
desigualdade social.

O QUE OS HABITANTES DA FRANÇA...

Os habitantes da Nova França, ao entrarem em contato com os europeus no século XVI, tinham
perspectivas variadas sobre seus visitantes europeus. Os franceses tinham uma visão ambivalente
sobre os nativos, enquanto os nativos tinham uma visão negativa dos franceses. Os nativos
frequentemente se viam como superiores em termos de generosidade, conforto e bem-estar,
contrastando com o que viam como os franceses, que eram invejosos, caluniadores, avarentos e
não tão generosos.

Os primeiros observadores franceses frequentemente notavam a falta de generosidade entre os


colonos franceses e a maneira competitiva e agressiva que conduziam conversas. Alguns nativos,
como os mi'kmaq e os wendat, viam-se como mais ricos do que os franceses em termos de
qualidade de vida e tempo livre, apesar de terem menos posses materiais.
Os relatos dos missionários jesuítas mostram que os nativos americanos viviam em sociedades
geralmente livres, onde a igualdade de gênero e a liberdade individual eram mais valorizadas. Os
missionários frequentemente se surpreendiam com a falta de autoridade dos líderes nativos e com
a liberdade dos indivíduos para seguir sua vontade. Os nativos criticavam a falta de liberdade e a
hostilidade à liberdade individual que viam nos franceses, mesmo que fossem mais ricos em
termos de posses materiais.

No entanto, essas visões divergentes sobre a liberdade e a igualdade não eram temas de debate;
ambos os lados concordavam que os nativos viviam em sociedades mais livres, mas a divergência
residia em se a liberdade individual era desejável ou não. Os missionários jesuítas consideravam
a liberdade individual como algo animal, enquanto os nativos a valorizavam como parte de seu
modo de vida. As perspectivas dos nativos sobre a liberdade eram mais próximas das atitudes
modernas, enquanto os europeus do século XVII tinham visões muito diferentes em relação à
liberdade pessoal. Os missionários jesuítas se opunham à liberdade por princípio e viam as
práticas indígenas como intrinsecamente perniciosas.

COMO OS EUROPEUS APRENDERAM COM OS AMERICANOS...

O texto discute a diferença fundamental entre as perspectivas políticas dos franceses e dos
americanos em relação à igualdade e liberdade durante o período colonial na América do Norte.
Os franceses e os americanos não debatiam a igualdade, mas sim a liberdade. Há uma ênfase na
igualdade política entre os povos indígenas, em que a igualdade é uma extensão direta da
liberdade, e essa igualdade é caracterizada pela ausência de imposição obrigatória e pela coesão
social criada por meio do debate racional, argumentos persuasivos e consenso.

O texto destaca que os americanos eram iguais na medida em que eram igualmente livres para
obedecer ou desobedecer às ordens, o que reflete a governança democrática dos povos indígenas.
Os jesuítas, que eram intelectuais do mundo católico, admiravam a qualidade dos argumentos dos
povos indígenas e sua capacidade retórica, o que levou à reflexão sobre a relação entre a recusa
do poder arbitrário, o debate político aberto e a rejeição da autoridade arbitrária.

O texto também menciona que, no início, tanto os colonizadores franceses quanto os indígenas
não enfatizavam a igualdade, mas sim os direitos humanos, o auxílio mútuo, a liberdade e o
comunismo primitivo. Os indígenas praticavam um tipo de comunismo elementar que incluía
compartilhar alimentos, enquanto os franceses tinham uma visão mais restrita desse conceito. No
entanto, à medida que os europeus aprenderam mais sobre a América e os americanos
consideraram como aplicar seus ideais de liberdade individual, o termo "igualdade" ganhou
espaço em seus discursos políticos.
O ESTADISTA-FILÓSOFO...

O texto discute o papel do francês Louis-Armand de Lom d'Arce, barão de la Hontan, e do líder
indígena Kondiaronk na evolução da crítica indígena à sociedade europeia. Lahontan, um ex-
militar francês que passou tempo no Canadá, alega ter tido conversas com Kondiaronk, nas quais
este último criticou diversos aspectos da cultura europeia, como religião, leis, propriedade
privada e dinheiro.

Kondiaronk, um estrategista da Confederação Wendat, buscava criar uma aliança indígena para
conter o avanço dos colonizadores europeus. Lahontan publicou essas conversas em um livro que
se tornou popular.

O texto explora a possibilidade de que Kondiaronk realmente tenha feito tais críticas, destacando
sua eloquência e habilidade de debate. Argumenta-se que as críticas de Kondiaronk ao
cristianismo, leis europeias, propriedade privada e dinheiro eram semelhantes às de outros povos
indígenas e influenciaram o pensamento europeu.

Além disso, o texto ressalta o processo de cismogênese, no qual as sociedades se definem em


oposição umas às outras, enfatizando diferenças culturais. Conclui que as críticas de Kondiaronk
à sociedade europeia tiveram um grande impacto nas sensibilidades europeias e inspiraram
muitos intelectuais do Iluminismo a adotarem um ponto de vista crítico semelhante.

OS PODERES DEMIÚRGICOS...

O texto aborda a perspectiva da crítica indígena, em especial no contexto do Império Inca e das
sociedades indígenas da América do Norte, que via a liberdade e a igualdade como valores
fundamentais. Turgot, no entanto, discordava dessa visão, argumentando que a liberdade e a
igualdade só poderiam existir em sociedades pobres e autossuficientes, enquanto o progresso
tecnológico e a complexidade da divisão do trabalho eram essenciais para o desenvolvimento da
sociedade. Ele acreditava que tentar impor igualdade resultaria em uma catástrofe econômica e
social. Isso levou a um debate sobre o conceito de evolução social, com a ideia de sociedades
indígenas sendo vistas como estágios anteriores de desenvolvimento. A crítica indígena teve um
impacto significativo no pensamento europeu, provocando discussões sobre autoridade, liberdade
e igualdade, desafiando as noções medievais de superioridade europeia e moldando o pensamento
iluminista. No entanto, essa mudança de perspectiva também criou contradições nos impérios
coloniais europeus, que alegavam ser temporários, acelerando seus súditos em direção à
civilização. Essa discussão reforça a importância da influência da crítica indígena na formação de
ideias sobre liberdade, igualdade e progresso.

COMO JEAN JACQUES ROUSSEAU...


O texto explora o debate intelectual na França do início dos anos 1750, onde se questionava se a
liberdade e a igualdade eram valores universais e se eram compatíveis com um sistema baseado
na propriedade privada. Essas questões eram discutidas em círculos salonistes, influenciando o
pensamento da época e o ensaio de Rousseau, "Discurso sobre a origem e os fundamentos da
desigualdade entre os homens". Rousseau argumentava que o progresso nas artes e ciências não
melhorava a moral, afirmando que a civilização corrompia as intuições morais naturais. Ele
abordava a influência da crítica indígena, observando a compaixão dos "selvagens" e
questionando por que os europeus, mesmo com uma distribuição desigual de bens materiais, eram
tão cruéis e individualistas. Rousseau via a propriedade privada como a raiz do problema,
enquanto os europeus estavam vinculados à liberdade individual associada à propriedade privada.
A transposição da crítica indígena para o contexto europeu perdeu o potencial de alternativas.
Enquanto os americanos viam a liberdade individual como compatível com um certo
"comunismo elementar" necessário para atender às necessidades básicas, a visão europeia de
liberdade estava intrinsecamente ligada à propriedade privada. Rousseau imaginava um estado de
natureza em que as pessoas eram essencialmente boas, mas evitavam-se devido ao medo da
violência, levando à solidão. A inovação de Rousseau é que a "queda" da humanidade ocorre com
o surgimento das relações de propriedade, desencadeando a desigualdade. No entanto, a visão de
Rousseau não concebe uma sociedade baseada em outra coisa além da propriedade privada,
apesar de concordar com algumas críticas indígenas à crueldade europeia e à propriedade
privada.

AS RELAÇÕES ENTRE A CRÍTICA INDÍGENA...

O texto aborda a visão de críticos conservadores em relação a Jean-Jacques Rousseau e seu papel
na Revolução Francesa. Muitos conservadores responsabilizaram Rousseau pela guilhotina e
acusaram-no de ter influenciado a revolução com suas ideias sobre liberdade e igualdade. O texto
cita um manifesto de 1776, que parece incorporar elementos do pensamento de Rousseau,
relacionando evolução e crítica da propriedade privada às origens do Estado. Também menciona
a Ordem dos Illuminati e sua busca por uma elite internacional esclarecida para restaurar
liberdade e igualdade, que foi denunciada pelos conservadores. Posteriormente, o texto explora a
ironia de Rousseau, que começou com visões conservadoras e, eventualmente, tornou-se um alvo
dos conservadores. Destaca que Rousseau desempenhou um papel na formação do pensamento de
esquerda e que as divisões entre direita e esquerda, como as entendemos hoje, ainda não estavam
cristalizadas na época da Revolução Francesa. Conclui que Rousseau escreveu o documento
fundador da esquerda como projeto intelectual ao combinar a crítica indígena e a doutrina do
progresso, embora suas ideias não tenham sido a única causa da Revolução Francesa. Também
discute o surgimento do "mito do nobre selvagem" e sua associação com as origens da esquerda
política, apontando que, inicialmente, era uma posição de direita. O texto destaca as diferenças
nas percepções dos europeus sobre povos indígenas e sublinha que os motivos dos brancos
envolvidos nas descrições eram a preocupação central para críticos como Chinard.
PARA ALÉM DO “MITO DO SELVAGEM OBTUSO”
O texto discute a questão da igualdade em sociedades antigas, apresentando uma crítica às
abordagens que classificam sociedades antigas como "igualitárias" com base em critérios
modernos e indefinidos. O autor argumenta que o uso do termo "igualitário" é problemático, pois
não existe um consenso claro sobre o que ele significa. A igualdade pode ser interpretada de
várias maneiras, incluindo igualdade de oportunidades, igualdade de condições, igualdade formal
perante a lei e igualdade de gênero. O autor sugere que a ideia de "igualdade" muitas vezes carece
de conteúdo analítico real e é usada para descrever sociedades que não possuem príncipes, juízes,
inspetores ou sacerdotes hereditários, mas não fornece uma compreensão precisa dessas
sociedades.

O texto também critica a ideia de que sociedades antigas eram uniformemente "igualitárias" e
destaca a importância de entender as ideias específicas sobre igualdade nas diferentes sociedades
ao longo da história. O autor argumenta que a ideia de igualdade como um valor explícito é
relativamente recente na história humana e muitas vezes não se aplica a todos os membros de
uma sociedade. O texto sugere que a pesquisa sobre as origens da desigualdade deve ser baseada
em evidências concretas e que não deve presumir que as sociedades antigas compartilhavam
ideias modernas sobre igualdade. Em vez disso, o autor propõe uma abordagem que considere as
ideias e práticas específicas das sociedades ao longo da história para entender melhor como a
desigualdade se desenvolveu.

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