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AULA 16.

ADMINISTRATIVO – MARINELA

04.07.2012

X – Agentes Públicos - continuação

2 Acessibilidade no Brasil

Posso fazer novo concurso sendo que o anterior ainda é válido? No texto original da CF
não era possível, mas hoje é – a partir da EC 19/98. A condição para tanto é respeitar a
ordem de classificação do concurso anterior, sob pena de preterição o que é proibido
em nomeação de concurso.

Lembrar do que vem ocorrendo nos concursos do MPF – antes de acabar um já tem
outro em andamento porque o primeiro não preencherá o número de vagas.

Após vencido o prazo do concurso ele tá morto, não pode continuar nomeando os
classificados.

O candidato aprovado em concurso, em regra, tem mera expectativa de direito. Mas há


várias situações em que ele terá direito subjetivo como:

• Quando for preterido: em caso de preterição (se nomeio o 2º colocado primeiro


que o 1º colocado) ele terá direito subjetivo à nomeação. Essa regra está
contida na súmula 15, STF.

• Antes, o administrador fazia concurso e se não passasse seus queridinhos não


nomeava os aprovados e, no lugar, firmava contratos precários com seus
queridinhos para que eles exercessem o cargo. Aí, o aprovado pedia para ser
nomeado e o administrador dizia que não tinha dinheiro para isso. A
jurisprudência firmou entendimento que se a administração tem concurso
válido com candidatos aprovados nessa lista e ao invés de nomear os aprovados
firma vínculos precários está ferindo direito do aprovado e ele terá direito
subjetivo à nomeação. A administração está reconhecendo que precisa da mão
de obra, tem dinheiro para pagar o salário, não havendo explicação para não
nomear.

Vinculo precário = contrato temporário, designação ad hoc, cessão de


servidores, desvio de função.

• Candidato aprovado no concurso dentro do número de vagas tem direito


subjetivo à nomeação. Esse direito subjetivo diz respeito a concurso válido. Se o
concurso já expirou, perdeu validade, não tem mais direito subjetivo. Essa
matéria já foi decidida pelo STF (RE 598099 – decidida em sede de repercussão
geral com mérito julgado) e STJ.

Esse direito subjetivo é absoluto? Não, o STF faz uma ressalva: se existir
mudança de contexto, situação nova, que por razões de interesse público
justifique a não nomeação, não haverá a nomeação.

Ex.: vai fazer concurso para carimbador com dez vagas previstas no edital. Se no
meio do procedimento cria-se uma máquina que carimba sozinha, não mais
será necessário dez carimbadores, bastando um para apertar o botão. Nesse
caso, só um carimbador será nomeado.

Ler súmulas do STF: 683, 684, 685, 686; STJ: 266 e 377.

Requisitos do Concurso:

Quais os requisitos/exigências que podem aparecer no edital de concurso?

Para que os requisitos sejam previstos no edital do concurso é necessário:

- esteja previsto na lei da carreira;

- compatibilidade com as atribuições do cargo que serão desenvolvidas;

- exigência tem que estar expressa no edital;

É possível prever limite de idade? Pode, o STF já decidiu isso e está na súmula 683. Para
tanto, deverá cumprir as exigências acima descritas.

Veja que cabe prevê tanto limite de idade mínima como máxima.

Recentemente, essa questão foi julgada em sede de repercussão geral no STF. Dizia
respeito ao limite de idade para as Forças Armadas. Esse limite não estava previsto na
lei da carreira – as forças tem vários diplomas legais anterior a CF que foram
recepcionados pela CF e com mutação legal, isto é, nasceu como decreto lei e com a
recepção da CF criou lei ordinária – de acordo com a atual norma.

O que o STF decidiu é que cabe a restrição de idade, mas deve ser feita por lei (lei da
carreira). Não pode ser regulamento, decreto lei, só lei ordinária. Os próximos
concursos tem que ter lei.
Pode ter exame psicotécnico?

A súmula 686, STF diz que o exame psicotécnico é possível desde que previsto na lei da
carreira. A jurisprudência traz complementos quanto a esse exame. Vejamos:

Além da exigência de previsão por lei na carreira, tem que ter parâmetros objetivos – o
exame psicotécnico não pode ter parâmetros subjetivos.

Além disso, é preciso ainda o direito de recurso. Esse exame tem que garantir direito de
recurso ao candidato.

São três exigências: previsão legal, critérios objetivos e direito de recurso.

Imaginemos que o concurso tem prazo de validade de dois anos. Passado o prazo, o
examinador esquece de prorrogá-lo, só fazendo um dia depois da expiração. Com isso,
passa a nomear os remanescentes. Essa nomeação é válida? Ou deve o examinador
exonerar todo mundo?

Não pode prorrogar o concurso depois de ter expirado o prazo, o concurso já morreu. A
prorrogação é inválida, ilegal, deveria ter sido anulada. Como o administrador nomeou
candidatos, isso não poderia ter sido feito devendo anular todas as nomeações depois.
Porém, esses servidores devem ter direito à contraditório e ampla defesa – tem que ter
direito de participar dessa decisão.

Isso foi um caso verídico que aconteceu com doze defensores públicos.

Estabilidade:

Prevista no art. 41, CF – alterado pela EC 19/98.

Estável é uma qualidade do servidor e efetivo é qualidade/condição do cargo. Cuidado


para não confundir esses dois conceitos.

Para ter direito à estabilidade depende de prévia aprovação em serviço público e


nomeado a cargo efetivo.

Estabilidade é a garantia de permanência no serviço e para o servidor ser estável, há


como pressuposto/condição o servidor ocupar cargo efetivo.

Para adquirir estabilidade o servidor precisa:

• Ser aprovado em concurso;

• Nomeado no concurso para cargo efetivo;

• Três anos de exercício – estágio probatório;


• Aprovação na Avaliação Especial de Desempenho.

Se o servidor for nomeado para emprego, tem direito à estabilidade?

Essa questão já foi cobrada em 2ª fase da AGU.

Na CF/88, texto original, previa que o candidato para ter direito a estabilidade precisa
ser aprovado no concurso e ter dois anos de exercício. Não existia qualquer previsão de
cargo ou emprego.

A súmula 390, TST diz que se o sujeito é empregado de PJ de direito público =


empregado público (servidor público) terá estabilidade do art. 41, CF. Se PJ de direito
privado = empregado, não tem direito à estabilidade.

Em 1998 a EC 19 altera o art. 41 que passou a prever que servidor público, para
adquirir estabilidade, precisa de cargo efetivo + três anos de exercício + avaliação.
Então, hoje empregados públicos não tem direito à estabilidade – só aquele que
titulariza cargo efetivo que tem direito à estabilidade.

Essa é a orientação do STF e TST; empregado não tem direito à estabilidade.

Veja: a CF não prevê estágio probatório como requisito!

Avaliação especial de desempenho: é um dos requisitos para adquirir estabilidade. A


EC 19 tem por objetivo buscar a eficiência do serviço público.

Essa avaliação prova se o servidor é ou não eficiente. Mas que avaliação é essa? É
prova ou entrevista?

Até hoje a matéria não foi regulamentada, essa avaliação não existe e os servidores,
então, não estão sendo avaliados.

É preciso que a lei da carreira preveja como será feita a avaliação – cada carreira pode
prever de forma diferente. Como não há previsão ainda o servidor adquire estabilidade
mesmo sem ser avaliado.

Perda da estabilidade:

Se dá por processo administrativo conforme o novo modelo constitucional – com


contraditório e ampla defesa; processo judicial com trânsito em julgado; ou avaliação
periódica de desempenho (ainda não foi disciplinada).

Há hipótese prevista na CF em que o servidor também poderá perder a estabilidade:


em razão da racionalização da máquina administrativa (art. 169, CF). Esse dispositivo
diz que não é possível gastar muito na folha de pagamento, devendo respeitar o limite
da LC 101 – art. 19. Quem está acima do limite deve começar a mandar embora
funcionários na seguinte ordem:

- pelo menos 20% dos cargos em comissão e função de confiança;

- servidores não estáveis, até a quantia necessária;

- servidores estáveis: único que tem direito à indenização. O servidor será exonerado e
não demitido porque demissão é pena, sanção por falta grave.

Essa ordem deve ser respeitada sempre.

Estágio Probatório:

Qual o prazo do estágio probatório hoje?

A posição que prevalece hoje é de três anos.

A redação original da CF exigia do servidor público para adquirir estabilidade dois anos
de exercício e aprovação em concurso público.

Nem o texto original nem o atual utilizam a expressão estágio probatório. Falam
apenas em dois anos de exercício.

Com a lei 8.112/90, no art. 20 usa a expressão estágio probatório, prevendo prazo de
24 meses. Em 1998, com a EC 19, foi exigido três anos de exercício do servidor para
adquirir estabilidade (continuou sem falar em estágio probatório).

A questão é: o art. 20 da lei 8112 está compatível com o atual texto da CF?

Se entender que estabilidade e estagio probatório são institutos independentes – com


vida própria, eles podem ter prazos diferentes. Então, o art. 20 é compatível com a
regra constitucional e foi recepcionado pela CF. Logo, o prazo de estagio probatório
continua sendo de 24 meses.

Mas, se entender que os institutos são dependentes, eles devem ter mesmo prazo.
Com isso, o art. 20 da lei 8112/90 não foi recepcionado pela nova regra constitucional
por não ser materialmente compatível. Logo, o prazo do estágio probatório deve ser de
três anos. Pensa assim: AGU (tem parecer vinculante para todo o executivo federal
nesse sentido); STJ (originariamente reconhecia 24 meses – primeira posição, mas
mudou de opinião em 2009); algumas decisões do STF; CNJ (pedido de providência
822) – posição majoritária.

Ainda decide por 24 meses (1ª posição) o Congresso Nacional.


3 Sistema Remuneratório:

Temos duas modalidades do sistema remuneratório:

- vencimentos ou remuneração: é o pagamento feito ao servidor que se constitui de


duas parcelas – uma fixa que é o salário base (ou vencimento) = todos os servidores
recebem essa parcela; parcela variável – entram as questões pessoais do servidor.

- Subsídio: A EC 19 mudou essa situação criando segunda opção: subsídio. É uma


parcela única – tudo que o servidor recebe é pago junto, de uma só vez.

Quando o servidor era pago por remuneração dava muita confusão para saber o que
era incorporado ou não na aposentadoria. Por isso, foi criado o subsidio – era para dar
segurança jurídica. Mas, o nome subsídio é horrível, quer dizer ajuda de sobrevivência.

Está sujeito a subsídio no Brasil:

• Chefes do Poder Executivo: presidente, governador, prefeito e os vices;

• auxiliares imediatos do poder executivo = ministros de estado, secretários


estaduais e municipais;

• membros do poder legislativo= senador, deputado federal, estadual e vereador;

• magistrados e membros do MP;

• procuradores e defensores públicos e AGU (os procuradores municipais foram


excluídos dessa lista);

• ministros e conselheiros do Tribunal de Contas;

• todos os policiais – todos os tipos de polícia;

• podem também todos os demais cargos organizados em carreira (aqui há


faculdade). É o cargo com plano de crescimento, plano de ascensão funcional.

Há duas verbas que podem ser pagas fora dessa parcela única – do subsídio:

- garantias do art. 39, § 3º, CF = garantias do trabalhador comum como 1/3 de férias,
13º salário, horário extraordinário, etc.;

- verbas de natureza indenizatória: diárias quando o servidor tem que se deslocar em


razão do serviço, ajuda de custo, transporte, etc.

Como se fixa remuneração no Brasil hoje?


Qualquer remuneração (abono, gratificação, aumento) deve ser fixada por lei – não
cabe por decreto, regulamento, etc.

De quem é a iniciativa para apresentar esse aumento ao Congresso de Lei? A iniciativa


para o projeto de lei deve ser do dono do bolso – de quem vai pagar o aumento. Logo,
se a remuneração é do executivo, a iniciativa de lei deve ser do executivo.

Excepcionalmente, a remuneração não será fixada por lei. As hipóteses estão previstas
na CF. O congresso nacional, por meio de decreto legislativo (passa na Câmara e no
Senado, mas não precisa de deliberação executiva – sanção e veto) pode fixar a
remuneração de senadores, deputados federais, presidente da república e seu vice,
ministros de estado.

Outra exceção: a câmara municipal, através de decreto legislativo, fixa a remuneração


de seus vereadores.

Os demais cargos, não previstos nessa exceção, seguem a regra geral qual seja,
compete a lei fixar a remuneração. Assim será para governadores, deputados
estaduais, prefeitos, etc.

Teto remuneratório:

Hoje o teto é o dos ministros do STF – ninguém pode receber mais que eles. Esse é o
teto geral. Essa remuneração deve ser fixada por lei de iniciativa do próprio STF. Mas,
nem sempre foi assim – antes era preciso lei conjunta dos quatro presidentes.

Hoje temos a lei 12.041/04.

A EC 41/03 diz que além do teto geral há os subtetos em cada ordem política.

No âmbito federal, o teto é a remuneração do ministro do STF – segue a regra do teto


geral. No âmbito estadual há três subtetos diferentes:

- se o sujeito está no estado, no poder executivo, o teto é o do governador.

- se está no estado no poder legislativo, o teto é o do deputado estadual;

- se está no estado no poder judiciário, o teto é do desembargador. Esse teto serve


para membros do MP (promotor e procurador de justiça), defensoria e Procuradores.
Lembre que os demais nesses órgãos (como os analistas) seguem o teto do governador.

A remuneração do desembargador não pode ultrapassar 90,25% da remuneração dos


ministros do STF.
O STF, no CC da ADI 3854 disse que o teto deve ser um só = ministro do STF. Logo, fez
interpretação conforme do 90,25% da remuneração do desembargador dizendo ser
esse o limite. Entretanto, se o desembargador tiver outro cargo, como um de
magistério, pode chegar a receber até o salário do ministro do STF.

No âmbito municipal, o teto é a remuneração do prefeito. O teto é um só.

(decorar esses tetos porque são muito cobrados em provas)

4 Acumulação de cargos e empregos públicos no Brasil:

A regra no Brasil é o regime da não acumulação. Excepcionalmente, a CF admite (art.


37, XVI, XVII e art. 38).

Esse regime atinge os que trabalham na administração direta e indireta incluindo


sociedade de economia mista, fundações públicas e empresa pública.

Atenção: essa regra aplica-se aos cargos e empregos públicos. Se o sujeito trabalha na
iniciativa privada problema dele.

É possível a acumulação de cargos e empregos quando:

1ª hipótese: servidor pode cumular dois cargos de magistério se o horário for


compatível já que não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. Ademais, a soma
das duas remunerações não pode ultrapassar o teto remuneratório. Tem que ser uma
das seguintes hipóteses da atividade:

→ 2 cargos de professor;

Ex.: sujeito é professor de universidade federal e estadual na ativa.

→ um de professor e um de técnico informativo; ou

Ex.: juiz/procurador/promotor e professor.

→ dois na área da saúde com profissão regulamentada por lei.

Ex.: dois de médico, dois de dentista, dois de enfermeiro.

ATENÇÃO: esses requisitos são cumulativos é necessário os três ao mesmo tempo:


horário, teto e uma das três hipóteses.
O servidor que exerce dois cargos de professor pode ganhar dois proventos, duas
aposentadorias? Sim, se era possível na atividade também será possível na inativa.

O servidor pode se aposentar em um cargo de professor e receber remuneração de


outro cargo? Era professor se aposentou e depois passou em outro concurso para
professor recebendo salário nesse. É possível porque respeita hipótese da atividade.

Professor da federal se aposenta e quer ser presidente da república. Pode? Sim, pode
ganhar as duas remunerações. Se o segundo cargo for de mandato eletivo ele
permanecerá ganhando as duas remunerações.

O professor aposentado ganhando proventos disso pode depois exercer cargo em


comissão? Sim.

Delegado de polícia que se aposenta pode depois, passado no concurso, receber


salário de promotor? Não.

Até 1998, qualquer hipótese era possível de aposentadoria de um cargo e exercício de


outro. Com a EC 20/98 a história foi alterada e de agora em diante não pode mais.
Quem já estava acumulando tem direito adquirido. Essa regra está no art. 11 da EC 20.

Cuidado que as EC 19 e 20 tem artigos próprios com forma de norma constitucional –


ler essas emendas.

2ª hipótese: aposentado + aposentado

3ª hipótese: aposentado + em atividade

4ª hipótese: mandato eletivo + magistério: se o mandato for federal, estadual ou


distrital, não pode acumular. Terá que se afastar do primeiro para exercer o segundo.

Quanto à remuneração, o eleito receberá a remuneração do cargo eletivo – 2ª


remuneração.

Se o professor se candidata a prefeito e é eleito terá que se afastar do primeiro cargo =


professor para exercer o de prefeito e escolher a remuneração que deseja receber.
Então, a acumulação não é possível deve se afastar do primeiro cargo e exercer o
segundo e escolhe a remuneração.

No caso de vereador, sendo o horário compatível, ele exercerá os dois e ganhará pelos
dois cargos. Sendo o horário incompatível, aplica-se a regra do prefeito – se afasta do
primeiro, exerce o segundo e escolhe a remuneração.

Logo, sendo mandato eletivo pode acumular no caso de vereador se há


compatibilidade de horário.
5 Contratos Temporários

A briga vinha com relação a natureza jurídica do vínculo e de quem era a competência
para julgar.

De quem é a competência para julgar ação de contratos temporários no Brasil?

O STF (CC na ADI 3395) decidiu a questão prevendo que se o servidor é legal, o vínculo
é legal e o regime é jurídico administrativo, estatutário, compete à justiça comum.

Se o servidor é celetista, trabalhista, compete à justiça do trabalho.

O STF apenas manteve posicionamento que já era adotado.

Mas e o temporário? De quem é a competência? Para saber isso, antes temos que
saber qual a natureza jurídica desse vínculo.

Hoje a matéria está resolvida: o STF diz que o contrato temporário segue regime
jurídico administrativo – é regime especial porque tem lei própria. Então a
competência para julgar é da justiça comum, independentemente do vínculo ser válido
ou não (RE 573202 – matéria julgada em sede de repercussão geral).

Se ficar reconhecido que o vínculo é válido é dado ao servidor direitos do estatutário,


mas se reconhece que o vínculo não é válido, será dado ao servidor direitos
trabalhistas. Então veja que a justiça comum julgará direitos trabalhistas.

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