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CBFPM/2020 – DIREITO PROCESSUAL PENAL

Direito Processual Penal


2º Sgt QPM-1 Rodrigo Correia Weber

RESUMO PROCESSO PENAL

1. Princípios do processo penal


Princípio do contraditório: o direito de se manifestar e produzir provas de todas as
alegações e provas produzidas no curso do processo.
Princípio da ampla defesa: se divide em duas vertentes.
 defesa técnica: o acusado ser assistido por um advogado
 autodefesa: o acusado ser ouvido pessoalmente nos interrogatórios e estar presente
nos atos processuais

2. Sistemas processuais penais


Sistema acusatório: adotado pelo Brasil, existe separação entre os órgãos incumbidos
de realizar a acusação e o julgamento. A produção das provas é incumbência das partes.
Sistema inquisitivo: nesse sistema, cabe a um só órgão acusar e julgar. O juiz dá início à
ação penal e, ao final, ele mesmo profere a sentença. É muito criticado por não garantir a
imparcialidade do julgador.
Sistema misto: nesse sistema há uma fase investigatória e persecutória preliminar (não é
o inquérito) conduzida por um juiz, seguida de uma fase acusatória em que são assegurados
todos os direitos do acusado e a independência entre acusação, defesa e juiz.

3. Vestígios, evidências, indícios e Exame de Corpo de Delito.


Vestígios: é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido,
que se relaciona à infração penal. (CPP, art. 158-A, §3º)
Evidências: é vestígio analisado pelos peritos criminais. É produzida mediante a
apreciação conjunta de elementos colhidos (documentos, testemunhas, objetos) na cena de um
fato criminoso.
Indícios: Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação
com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.
(CPP, art. 239)
Exame de Corpo de Delito: conjunto de vestígios deixados pela infração penal.

4. Providências em local de crime;


Em muitos casos, a Brigada Militar é a primeira instituição de segurança pública a chegar
na cena de um fato criminoso, dessa forma, os policiais militares devem adotar os seguintes
procedimentos:

1º - verifique o local, primeiramente se preocupando com a sua segurança, dada a


possibilidade de que ali esteja o autor do delito e poder oferecer risco aos agentes policiais ou
terceiros;
2º - se houver, verifique se a vítima está com vida;
3º - desloque em linha reta até a vítima. Se não for possível, escolha o menor trajeto;
4º - se a vítima estiver com vida, em primeiro lugar socorrê-la, em segundo lugar
preservar o local;
5º - se a vítima estiver morta, não mexer em nenhuma hipótese; toda observação deve ser
visual, procurando não se movimentar, evitando interferir na cena do crime;

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6º - ao sair do local, adotar o mesmo trajeto de entrada, observando toda a área,


procurando vestígios, a fim de saber o limite da área a ser isolada, olhando atentamente onde está
pisando para não comprometer a cena do crime;
7º - posicionar-se em ponto distante para que possa observar e decidir o limite da área a
ser isolada; quanto maior a área isolada melhores resultados poderão ser obtidos pela equipe da
perícia;
8º - se verificar outros vestígios nas áreas adjacentes deverá ampliar o limite do
isolamento;
9º - ninguém mais poderá entrar no local isolado, nem mesmo o policial que isolou a área,
até que os peritos realizem os exames ou até o momento em que a polícia judiciária chegue ao
local para assumir a ocorrência.

CPP, art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial
deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação
das coisas, até a chegada dos peritos criminais;
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos
criminais;
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III
do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que
Ihe tenham ouvido a leitura;
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer
outras perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e
fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e
social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e
durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu
temperamento e caráter.
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem
alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos,
indicado pela pessoa presa.

5. Inquérito Policial
 Procedimento escrito: todos os atos realizados no curso das investigações policiais serão
formalizados de forma escrita e rubricados pela autoridade.
 Ofisioso: o inquérito policial deve ser instaurado ex officio (independente de provocação)
pela autoridade policial sempre que tiver conhecimento da prática de um delito (art. 5.º, I,
do CPP)
 Oficial: trata-se de investigação que deve ser realizada por autoridades e agentes
integrantes dos quadros públicos
 Discricionário: a autoridade policial possui liberdade para decidir acerca das
providências pertinentes ao êxito da investigação.
 Inquisitorial: não é ofertado o contraditório e da ampla defesa ao indiciado.
 Indisponibilidade: uma vez instaurado o inquérito, não pode a autoridade policial, por
sua própria iniciativa, promover o seu arquivamento (art. 17 do CPP).

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 Sigiloso: garantir o elemento surpresa para o êxito das investigações policiais. CPP, art.
20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou
exigido pelo interesse da sociedade.
 É substituível pelo TC: no caso das infrações de menor potencial ofensivo, o inquérito
policial é substituído pelo termo circunstanciado – BO/TC.

Prazo para terminar o inquérito policial é de 10 dias, se o indiciado tiver preso.


Prazo para terminar o inquérito policial é de 30 dias, quando estiver solto.

CPP, art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em
que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança
ou sem ela.

6. Ação penal
Ação penal pública: promovida privativamente pelo Ministério Público – MP
Ação penal pública condicionada a representação do ofendido: a lei exige representação do
ofendido para ser promovida a ação penal.
Ação penal pública condicional a requisição do Ministro da Justiça: a lei exige a requisição
do Ministro da Justiça para promover a ação penal.
Ação penal privada subsidiária da pública: pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o
Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.
Ação penal privada exclusiva: no caso de morte do ofendido, o direito de oferecer queixa ou de
prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
Ação penal privada personalíssima: somente o ofendido poderá promover a ação penal.

CPP, art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério
Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de
representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

O prazo decadencial para promover a representação ou oferecer a queixa crime é de 6 meses a


contar do dia em que saber que é o autor do crime.
CPP, art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no
direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado
do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se
esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.

O prazo para promover a ação penal é de 5 dias o réu estando preso.


O prazo para promover a ação penal é de 15 dias o réu estando solto.
CPP, art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias,
contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e
de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito
à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério
Público receber novamente os autos.

7. Flagrante
É um sistema de autodefesa da sociedade, caracterizada pela privação da liberdade de
locomoção daquele que é surpreendido em situação de flagrância.

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CF/88, art. 5º, LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou
crime propriamente militar, definidos em lei;

 Flagrante obrigatório: a autoridade policial deverá prender em flagrante.


 Flagrante facultativo: qualquer do povo poderá prender em flagrante.
CPP, art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão
prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.

 Flagrante próprio: o criminoso está cometendo ou a acaba de cometer a infração penal.


 Flagrante impróprio: o criminoso é perseguido logo após ter saído a infração penal.
 Flagrante presumido: o criminoso é encontrado logo depois ter cometido a infração penal.
CPP, art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em
situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir
ser ele autor da infração.

A regra geral é que qualquer pessoa pode ser autuada em flagrante. Exceções:
 Menores de 18 anos de idade art. 106 e 107 do ECA
 Diplomatas estrangeiros, em decorrência de tratados e convenções internacionais
 Presidente da República (art. 86, § 3º da CF)

Podem ser autuados em flagrante delito apenas nos crimes inafiançáveis:


 Membros do Congresso Nacional (art. 53, § 1º da CF),
 Deputados estaduais (art. 27, parágrafo 1º. c/c art. 53, parágrafo 1º. da CF)
 Magistrados (art. 33, inc. II da LOMN)
 Membros do Ministério Público (art. 20, inc. VIII da LONMP)
 O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício da profissão,
em caso de crime inafiançável, (Estatuto da OAB, Lei 8.906/94, art. 7º, § 3º)

CTB, art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima,
não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral
socorro àquela.

Lei 9.099/95, art. 69, parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se
imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz
poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de
convivência com a vítima.

A prisão em flagrante possui quatro etapas:

Captura - consiste em alcançar e prender/capturar quem estiver em flagrante delito e isso


normalmente é feito pela polícia militar;
Condução - consiste em levar/conduzir o capturado até a delegacia de polícia, sendo atividade
rotineira do policial militar;

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Autuação - consiste na elaboração do APF quando caracterizada uma das situações de flagrante
descritas no art. 302 do CPP, sendo esta atividade presidida pelo delegado de polícia;
Custódia - consiste na permanência do autuado sob custódia do estado, enquanto a autoridade
judiciária decide se concede liberdade provisória ou se converte a prisão em flagrante em prisão
preventiva.

8. Medidas Cautelares
CPP, art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar
e justificar atividades;
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o
risco de novas infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante;
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária
para a investigação ou instrução;
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou
acusado tenha residência e trabalho fixos;
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou
financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais;
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou
grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do
Código Penal) e houver risco de reiteração;
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo,
evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial;
IX - monitoração eletrônica.

9. Prova
CPP, art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas.

CPP, art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver
fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que
constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar.

CPP, art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar retardamento ou
prejuízo da diligência.

Provas ilícitas Provas ilegítimas


Violação a normas Violação a normas
Violação a normas legais
constitucionais processuais
Interrogatório judicial sem
Interceptação telefônica sem Perícia realizada por apenas
advogado, com afrontamento
ordem judicial, ofendendo-se um perito nomeado,
direto do art. 185 do CPP e
diretamente ao que reza o art. infringindo-se o art. 159, § 1.º,
violação indireta do art. 5.º,
5.º, XII, da CF do CPP. Não ofende a CF/88.
LV, da CF

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Nulidade processual. Nulidade processual. Nulidade relativa.

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