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10/11/2020 TEXTOS LONGOS

Se Burgess soa aqui como um cruzamento anti-natural entre um manifestante anti-


globalização e um moralista reaccionário, reflictamos que o texto foi escrito antes de,
quer o neoliberalismo, quer o movimento politicamente correcto terem adquirido o
estatuto de verdades dificilmente questionáveis.
Na segunda parte de 1985, Burgess já não toma como alvo o Estado de Pavlov e Skinner,
mas sim uma das forças que enumera nos capítulos anteriores. O vilão principal de
Burgess é, nesta narrativa, o movimento sindical. Não o movimento sindical tal como
existiu nos países democráticos ao longo dos séculos XIX e XX, mas aquilo em que ele
parecia estar a tornar-se no Reino Unido em 1978: um sindicalismo totalitário que se
substitui ao Estado e regula despoticamente todos os aspectos da vida em sociedade.
Este retrato do movimento sindical era em parte, mesmo naquele tempo e lugar, pura e
mal intencionada propaganda; mas propaganda em que Burgess acreditou. Tal como
Orwell se tinha alegrado, trinta anos antes, com a vitória avassaladora do partido
Trabalhista nas primeiras eleições que se seguiram à Guerra, é possível que Burgess se
tenha alegrado com o triunfo de Margaret Thatcher, no ano seguinte ao da publicação
de 1985, com base num programa explicitamente anti-sindical. Se assim foi, esta alegria
deve ter durado pouco.
Na novela de Burgess, a personagem principal é um professor de História e línguas
clássicas, desafecto a um sistema que não lhe permite ensinar nada que possa ser
considerado "elitista". Esta dissidência leva-o primeiro à demissão e à escolha de um
trabalho manual (pasteleiro) que não lhe suscita problemas deontológicos, depois à
clandestinidade e por fim à prisão perpétua.
Em Nineteen Eighty-Four a personagem principal é um burocrata chamado Winston
Smith; o professor que protagoniza 1985 chama-se Bev Jones. A escolha dos nomes não
é trivial, como assinala explicitamente Burgess a propósito do nome que escolheu para o
protagonista de A Clockwork Orange: Alex, diminutivo de Alexander, ou seja, em grego,
"salvador de homens". " Smith" e "Jones" são os sobrenomes mais banais do mundo
anglo-saxónico. O nome próprio "Winston" produz, associado a "Smith", um efeito
dissonante que se repercute em " Bev Jones. O nome próprio dado à personagem pelo
pai pode constituir uma homenagem a uma de três figuras históricas: Ernest Bevin,
organizador sindical, dirigente do Partido Trabalhista e Ministro do Trabalho a partir de
1940 no governo de coligação de Winston Churchill; Aneurin Bevan, Ministro da Saúde a
seguir à vitória trabalhista de 1945, arquitecto do Serviço Nacional de Saúde, e Ministro
do Trabalho a partir de 1951, cargo de que se demitiu em protesto contra a introdução de
taxas moderadoras destinadas a financiar a participação britânica na Guerra da Coreia;
ou William Beveridge, parlamentar do Partido Liberal cujo relatório, apresentado em
1942, veio a servir de base à instituição do Welfare State no Reino Unido.
Bev Jones é, assim, simultaneamente a continuação e o oposto de Winston Smith, facto
que se reflecte nas óbvias diferenças e nas surpreendentes semelhanças entre os dois
textos.
Ambas as tiranias descritas são pavlovianas ou skinnerianas: Winston Smith e Bev Jones
são ambos "reeducados" a dado passo. Em ambas está presente, como de resto
em Fahrenheit 451 de Ray Bradbury, a aversão do intelectual a qualquer poder de facto
ou de direito que se dedique à destruição de livros; mas o que imediatamente salta à
vista quando lemos os dois textos é o relevo que Orwell e Burgess dão à manipulação da
linguagem. Em 1985 proibe-se às escolas que ensinem a norma culta da língua inglesa e
impõe-se em vez dela o chamado Worker's English; em Nineteen Eighty-Four o
consenso artificial de que a tirania necessita é construído recorrendo ao Newspeak.
Apesar de partirem de princípios ideológico-políticos aparentemente opostos, os dois
textos partem de princípios morais muito semelhantes e de concepções muito próximas
da liberdade. Para a personagem principal de Orwell, ser livre significa poder acreditar
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que 2+2=4; para Burgess, ser livre significa ser capaz de escolhas morais.
Hoje, olhando à nossa volta, podemos concluir que o erro e a ingenuidade que Burgess
aponta a Orwell podem não ter sido erro nem ingenuidade: o hiperfascismo de Nineteen
Eighty-Four pode ser uma figura retórica, uma hipérbole, da qual não se espera que o
leitor faça uma interpretação literal, mas tem afloramentos numerosos e óbvios nas
sociedades actuais, mesmo nas mais democráticas.
Já o erro de Burgess é mais difícil de levar à conta de retórica. O Alex de A Clockwork
Orange reaparece em 1985 sob a forma de um gang juvenil particularmente violento que
acolhe e protege Bev Smith em troca de lições de História, Latim e Grego. Faz rir a ideia
dum bando de skinheads ou equivalente a interessar-se pela cultura clássica, mas
Burgess justifica esta implausibilidade pela irreverência e pela revolta "naturais" na
adolescência: se a autoridade proíbe o ensino da História, das línguas clássicas e da
língua materna na sua norma culta, então a oposição dos jovens à autoridade levá-los-á a
procurar o que lhes é proibido.
Hélas, não foi isto que aconteceu nos últimos trinta anos. É verdade que certas tribos
urbanas, como os "góticos" ou os "emos", dão alguns sinais de ter consciência da falta de
alguma coisa essencial na herança que nos preparamos para lhes deixar; mas não sabem
que coisa é essa, e muito menos lhes passa pela cabeça que possa ter alguma coisa a ver
com o ensino da História ou do Latim.
Mais grave ainda: o populismo anti-elitista e anti-intelectual que Burgess temia acima de
tudo veio-nos, não pela mão dos sindicatos, mas pela mão daqueles de quem ele
esperava protecção. O apelo à rebeldia, ao individualismo, à mudança rápida, à ruptura
com o passado, vem-nos hoje, como mostra Thomas Frank em One Market under God,
já não da contra-cultura dos anos sessenta, mas sim da publicidade com que as grandes
empresas inundam os media. Os bilionários já não são uma elite gananciosa e
exploradora: usam jeans, comem hamburgers e são vítimas, como qualquer pessoa
vulgar, da perseguição que lhes move uma casta privilegiada, snob, elitista, intelectual e
académica que tem a veleidade de "saber mais que os mercados" e não aceita submeter-
se a eles com a mesma confiança simples e cega com que um bom muçulmano se
submete a Allah.
E assim se restaura a luta de classes: do lado dos oprimidos vemos Bill Gates, de braço
dado com o nosso vizinho do lado: se não os une a condição económica, une-os a
condição de "homens simples" a fé comum num catecismo (orwelliano que baste) que
afirma, entre outras coisas, que a verdadeira prosperidade está em trabalhar cada vez
mais por cada vez menos dinheiro e que a verdadeira igualdade é a desigualdade
extrema. Do lado dos opressores estão todos os que se atrevem a pôr em dúvida estas
verdades sagradas; e em representação destes "privilegiados" surgem, em primeiro
plano, os professores e os académicos.

Nota: Durante os longos dias que demorei a escrever este texto, não deixei de
acompanhar os textos a todos os títulos notáveis que o Ramiro Marquestem estado a
publicar no ProfEducação, nomeadamente a série "Há um plano para imbecilizar as
novas gerações" Não é paranóia: há mesmo esse plano. Espero que a leitura ou
releitura dos livros que aqui comento ajude a clarificar as estratégias de marketing
político que o apoiam.
Publicada por JOSÉ LUIZ FERREIRA à(s) 18:30 4 comentários:
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Rascunho

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Texto para publicar, traduzido e comentado, no blogue principal

The facts on DV are simple; among them are these: (1) women are as likely as men to
commit domestic violence; (2) women are about twice as likely as men to be injured by
domestic violence; (3) women are about twice as likely as men to report being a victim of
DV; (4) women are somewhat more likely than men to initiate domestic violence, i.e.
they're not just responding to what the man did and (5) the strongest predictor of
whether a woman will become a victim in a DV incident is that she started it (moral:
ladies, if you don't want to get hit, don't hit).

Over 270 separate studies done by dozens of different researchers since 1975 have
concluded exactly those things and many more. As recently as October, 2008, a study of
dating violence among students at the University of Florida found that the young women
were slightly more likely to have engaged in dating violence than were the young men. In
2007, an 11,000-person study by the Centers for Disease Control again found that,

Almost 24% of all relationships had some violence, and half (49.7%) of those
were reciprocally violent. In nonreciprocally violent relationships, women
were the perpetrators in more than 70% of the cases. Reciprocity was
associated with more frequent violence among women (adjusted odds ratio
[AOR]=2.3; 95% confidence interval [CI]=1.9, 2.8), but not men (AOR=1.26;
95% CI=0.9, 1.7). Regarding injury, men were more likely to inflict injury
than were women (AOR=1.3; 95% CI=1.1, 1.5), and reciprocal intimate
partner violence was associated with greater injury than was nonreciprocal
intimate partner violence regardless of the gender of the perpetrator
(AOR=4.4; 95% CI=3.6, 5.5).

A meta analysis of data performed in 2004 found that,

a woman’s perpetration of violence was the strongest predictor of her being a


victim of partner violence.

Publicada por JOSÉ LUIZ FERREIRA à(s) 12:25 1 comentário:

sábado, 28 de novembro de 2009

Novo excerto traduzido de J. M. Coetzee


Sobre Tony Blair

A história de Tony Blair podia ter sido tirada inteirinha de Tácito. Um rapazinho como
tantos outros da classe média com todas as atitudes correctas (os ricos têm o dever de
subsidiar os pobres, as forças armadas devem ser mantidas sob controlo, os direitos civis
têm que ser defendidos contra a intrusão do estado) mas sem bases filosóficas e reduzida
capacidade de introspecção, e sem outra bússula que não seja a ambição pessoal,
embarca na viagem da política, com todas as distorções a que esta sujeita quem a faz, e
acaba por se tornar um entusiasta da ganância empresarial e um pau-mandado dos seus
senhores em Washington, fingindo lealmente que não vê nada (não ver o mal, não ouvir
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o mal) enquanto os seus agentes na sombra assassinam, torturam e "desaparecem"


pessoas sem quaisquer entraves.

Em privado homens como Blair defendem as suas acções dizendo que os seus críticos
(sempre designados como críticos de sofá) se esquecem que neste mundo longe do ideal
a política é a arte do possível. E vão mais longe: a política não é para maricas, dizem,
entendendo-se por maricas quaisquer pessoas que revelem relutância em comprometer
os seus princípios morais. Por natureza a política é incompatível com a verdade, dizem
eles, ou pelo menos com a prática de dizer a verdade em todas as circunstâncias. A
História há-de dar-lhes razão, concluem - a História com a sua visão de longo prazo.

Tem acontecido pessoas recém-chegadas ao poder jurarem a si próprias praticar uma


política de verdade, ou pelo menos uma política que evite a mentira. É possível que Fidel
Castro tenha sido em tempos uma destas pessoas. Mas como é breve o tempo até as
exigências da vida política tornarem impossível ao homem no poder distinguir a mentira
da verdade!

Tal como Bair, Fidel dirá em privado: É muito fácil para os críticos fazer os seus
julgamentos idealistas, mas não sabem a que pressões eu estava sujeito. O que estas
pessoas aduzem sempre é o chamado princípio da realidade; as críticas que lhes são
feitas são sempre utopicas, irrealistas.

O que as pessoas normais se cansam de ouvir aos seus governantes são declarações que
nunca são exactamente a verdade: um pouco aquém da verdade, ou então um pouco ao
lado da verdade, ou então a verdade com um efeito que a faz sair da trajectória. As
pessoas estão ansiosas por alguma coisa que as livre destas ambiguidades incessantes.
Daqui a sua fome (uma fome moderada, devemos admitir) de ouvir de modo articulado e
inteligível o que outras pessoas capazes de se exprimirem articuladamente e exteriores
ao mundo político - académicos, homens de igreja, cientistas ou escritores - pensam
sobre os negócios públicos.

Mas como pode esta fome ser saciada por um mero escritor (para falar só de escritores)
quando o domínio dos factos ao seu dispor é geralmente incompleto ou incerto, quando
até o seu acesso aos chamados factos se faz através dos media integrados no campo de
forças da política, e quando, muitas vezes, e devido à sua vocação, está mais interessado
no mentiroso e na psicologia da mentira do que na verdade dos factos?
Publicada por JOSÉ LUIZ FERREIRA à(s) 17:59 Sem comentários:
sábado, 31 de outubro de 2009

Uma fracção duma fracção


O modelo de avaliação de professores que proponho na mensagem anterior não é
perfeito e não vai ser posto em prática. Eu próprio, ao relê-lo, encontro nele
ingenuidades e incoerências. Não tenciono corrigi-las - quod scripsi scripsi - porque não
afectam o documento nos seu propósitos essenciais, que são criar, por um lado, uma
base de discussão do modelo actual e das alternativas possíveis e, por outro, um ponto de
partida para outro debate que transcenda a questão do modelo de avaliação e do ECD.

Pela mesma razão não tenciono responder às críticas que me foram feitas, apesar da
consideração que me merecem os seus autores e do mérito que reconheço a muitas delas.
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Suponhamos, então, que o meu modelo era perfeito e que era aplicado. Ou que se
descobria e aplicava um outro que fosse perfeito. Resultaria daqui uma melhoria
evidente e imediata na qualidade dos professores?

Nem por sombras. Um bom modelo de avaliação é condição necessária para que
tenhamos melhores professores, mas está longe, muito longe, de ser condição suficiente.
Uma melhoria significativa da qualidade dos professores implicaria, logo na fase de
recrutamento, que se fosse buscar às universidades os melhores graduados - competindo
as escolas, para tal, com outras carreiras e com outras opções de vida, incluindo a
emigração que nos está a privar, dia a dia, dos nossos jovens mais qualificados. A
carreira docente precisaria, para atrair estes jovens, de ser muito mais atraente do que é
hoje - quer em termos de remuneração, quer de estabilidade, quer de probabilidades de
progressão, quer em prerrogativas - e destaco, de entre estas, a que mais afronta a
tradicional inveja e o tradicional anti-intelectualismo dos portugueses: tempo livre para
reflectir, estudar e adquirir o ascendente cultural que, mais do que qualquer outra coisa,
confere autoridade aos professores. É esta, de resto, a moeda utilizada em todo o mundo,
à falta de dinheiro, para pagar aos professores.

Se a carreira docente não for suficientemente aliciante para atrair os jovens mais
qualificados, então qualquer modelo de avaliação, mesmo que perfeito, acabará por
escolher apenas os melhores de entre os piores.

Mas a melhoria da qualidade dos professores não depende só da conjugação de um bom


sistema de avaliação com um bom sistema de recrutamento. Há outros factores, tais
como a qualidade da formação (quer inicial, quer contínua), a satisfação no trabalho
(que implica a noção, tantas vezes ausente do trabalho dos professores, de que o que se
está a fazer é útil e produtivo), o empowerment, o reconhecimento social, etc. Uma
melhoria significativa da qualidade dos professores não é fácil de conseguir e não será já
para amanhã.

Admitamos, porém, como hipótese, que conseguimos dotar o sistema de ensino de


professores significativamente melhores que os actuais. Resultará isto numa melhoria
correspondente nas aprendizagens?

Para responder a esta pergunta basta fazer o thought experiment proposto, salvo erro,
pelo Ramiro Marques (se ele me estiver a ler, peço-lhe que me forneça o link para incluir
aqui): trocar os alunos da melhor escola do ranking pelos da pior e ver os resultados ao
fim de um ano lectivo. Concluiremos imediatamente que para a boa aprendizagem
concorrem decisivamente a atitude que os alunos trazem para a escola, a acção ou
inacção dos pais, as condicionantes socioculturais, etc. Uma política que vise melhores
aprendizagens terá que actuar sobre todos estes factores e não apenas sobre a qualidade
dos docentes.

Temos então que a avaliação dos professores, mesmo que perfeita, só parcialmente
contribui para a sua qualidade; e que a qualidade dos professores, mesmo que excelente,
só parcialmente contribui para a melhoria das aprendizagens. Mesmo que perfeita, a
avaliação será sempre uma fracção duma fracção. Sendo imperfeita, é uma fracção
menor.

Anuncia-se para breve um novo modelo de avaliação dos professores. Não espero dele
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que seja perfeito, até porque resultará inevitavelmente de um compromisso entre


ideologias e agendas políticas diversas; mas espero que seja ao menos adequado, isto é:
que contribua, ainda que imperfeitamente, para a melhoria dos professores enquanto
profissionais (a sua melhoria enquanto funcionários interessa-me pouco); que distinga
realmente, mesmo que apenas com a exactidão possível, os melhores professores dos
piores; que, ao contrário do actual, premeie os melhores; que não dê azo a demasiadas
injustiças, e que aquelas a que der azo não sejam gritantes. Para que um modelo de
avaliação seja adequado exige-se, no mínimo, que não seja contraproducente.

Anuncia-se, também, um novo Estatuto da Carreira Docente. Também não espero dele
que seja muito mais do que adequado; mas para ser adequado terá que premiar, em vez
de punir como o actual, a opção dos jovens mais qualificados pela condição de professor.

O debate não terminará aqui, porque o modelo de avaliação e o estatuto, não sendo
perfeitos mas apenas adequados, continuarão naturalmente a despertar contestações
legítimas e exigências de aperfeiçoamento. Mas se modelo e estatuto forem
suficientemente bons, deixarão o centro do debate e passarão para as suas margens, de
onde nunca deviam ter saído.

E nesta altura não teremos chegado ao fim: teremos chegado ao princípio dum debate,
este, sim, urgente: como melhorar o ensino (repito, o ensino) em Portugal? E aquando
deste debate, não nos contentaremos com o meramente adequado: exigiremos o melhor.
Não seremos modestos no pedir. Não queremos um ensino ao nível da média europeia:
exigiremos um ensino ao nível dos melhores do Mundo.

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