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As regiões de Roraima, Goiás e Mato Grosso lideram a lista de estados com maiores
taxas de homicídios. No mesmo período, no Maranhão houve um aumento de 124% na
taxa de feminicídios e, mais uma vez, as mulheres negras são as principais vítimas. É
importante destacar que, segundo o Atlas, em inúmeros casos notificados, as mulheres
são vítimas de outras violências de gênero, como a patrimonial, psicológica,
física, sexual, além do homicídio.
Nesse mesmo contexto, a juventude segue sendo vítima. Mais de 318 mil jovens foram
assassinados no Brasil entre 2005 e 2015. Apenas em 2015 foram 31.264 homicídios
de pessoas com idade entre 15 e 29 anos. No geral, cerca de 92% dos homicídios
acometem essa parcela da população.
Regina Lúcia, militante do Movimento Negro Unificado (MNU), afirma que esse
processo genocida da população negra é histórico. “O projeto genocida da população
negra está em vigor desde o dia 14 de maio de 1888 […] É um projeto da elite branca
sobre a população negra. E ele está entranhado na saúde, na educação, na cultura, na
moradia, no acesso a terra. Não podemos esquecer do genocídio da bala, perpetrado
pela polícia, pelos grupos de extermínio, pelo narcotráfico e etc”, explica.
Por outro lado, a militante destaca que a população negra tem um projeto de
resistência, numa perspectiva individual e coletiva, através dos movimentos negros e
das sociedades culturais. “A gente age em todas as frentes, visualizando a resistência
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06/09/2018 Brasil: um país marcado pelo genocídio da sua população negra, pobre e periférica - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem T…
individual, que é natural, com a coletiva, porque para existir nós precisamos resistir.
Temos ações na área da educação; lutamos pela implementação do Plano nacional de
Atenção a Saúde da População Negra; lutamos por mais acesso a cultura, a moradia;
lutamos também pela demarcação das terras quilombolas e indígenas; e estamos
juntos em outras lutas universais, como a Reforma Agrária”, pontua Lúcia.
Violência no campo
A CPT enfatiza que muitas dessas mortes tiveram requintes de crueldade, o que
confere ao Brasil o título de país mais violento às populações camponesas no mundo.
Entre os diversos massacres ocorridos nesse período, como o de Pau D’Arco, no Pará,
que completa um ano nesta próxima quarta-feira (24), o massacre de Lençóis, na
Bahia, ocorrido em julho, ganha destaque por apresentar mais uma face do racismo
institucionalizado ao negar o direito à terra aos trabalhadores quilombolas. Na ocasião,
ocorreram oito assassinatos na comunidade.
Golpe genocida
Lúcia acredita que o projeto genocida tem ganhado novas proporções após o golpe de
2016. “É um golpe que nos preocupa muito e que vem numa escalada frenética,
retirando direitos […]. Pois quem sofre com o golpe mais firmemente é a população
negra”. Para ela é importante que os movimentos negros denunciem. “A população
precisa perceber que esse golpe está intimamente ligado a retirada de direitos da
população negra e que impõe o genocídio de forma drástica e aguda. Precisamos
avançar em novas formas práticas de resistência”, conclui.
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