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A Teologia de Bildade: Se Há

Sofrimento, Há Pecado Oculto?

Antonio Vitor
A Teologia de Bildade: Se Há Sofrimento, Há Pecado
Oculto?

Comentário lição 07

O Objetivo deste comentário é contribuir para o preparo de sua aula, e apresentar um


subsídio a parte da revista, trazendo um conteúdo extra ao seu estudo. Que Deus nos ajude no
decorrer desta maravilhosa lição.

O PECADO EM CONTRASTE COM O CARÁTER JUSTO E SANTO DE DEUS

Os argumentos utilizados por Bildade, quando falava a Jó, em pouco diferem daquilo que
fora dito por Elifaz. Para ele, a justiça de Deus é meritória, ou seja, se o homem for bom, este
será agraciado por Deus e receberá dEle somente o bem, tendo livramento constante de
privações e provações. Por outro lado, se o homem for pecador, mesmo que o pecado seja
oculto, Deus derramaria Sua justiça sobre ele, de modo que padeceria o mal. Para Bildade, o
sofrimento de Jó era por motivo de algum pecado oculto, por isso que o patriarca se
encontrava naquela situação.

No seu entender, Jó, por estar sendo a igido, estaria acusando o Senhor de ser injusto.
Bildade acredita que Jó estava sendo punido pelo pecado que cometeu e, por isso, está
convencido de que os argumentos de Jó não passavam de palavras ao vento. Bildade entendia
que, ao agir assim, querendo atribuir a Deus o mal que lhe sobrevinha, Jó estaria, na verdade,
acusando o Senhor de ter pervertido o direito e a justiça. Todavia, Bildade acreditava que
Deus estaria a igindo a Jó de forma justa. Se Jó estava sob julgamento divino, era porque
havia uma causa para isso1.

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Oculto?

O limitado entendimento dos amigos de Jó os conduziam em direção a uma errônea


compreensão de Deus. Não estou dizendo que o homem poderá, em carne, chegar a plena
compreensão do Altíssimo, isso seria uma heresia grotesca de minha parte. Mas imaginar,
como zeram os amigos de Jó, que a justiça divina estaria baseada em Méritos humanos, seria
anular a graça ofertada ao pecador (Rm 11.6; Ef 2.8,9).

Por m, analisar que o sofrimento humano está diretamente relacionado a sua justiça, seria
a rmar que o homem pode sim se apresentar justo e sem pecado diante de Deus, já que o
Senhor somente punirá os maus. Contudo, a rmar isso seria desprezar os mais diversos
exemplos deixados na Bíblia, como aconteceu a Cristo, que padeceu sendo justo e sem pecado
diante de Deus (Hb 4.15; 1 Pe 3.18).

Destaque

A teologia dos amigos de Jó, embora se movendo em eixos diferentes, demonstram possuir
uma mesma direção. Todos defendem um tipo de justiça retributiva, que tem como
consequência nal a recompensa dos bons e o castigo dos maus1.

O argumento de Bildade era basicamente o mesmo de Elifaz. Se Jó realmente fosse justo, seria
justi cado por Deus, logo, ele devia ter pecado. Bildade argumentava que Deus, sendo justo,
não causaria a ições numa pessoa justa (Jó 8.3,4,20). O erro de Bildade foi posteriormente
manifesto pelo próprio Deus (Jó 42.7,8) e, em sentido pleno, na cruci cação de Cristo,
quando, então, Deus entregou seu próprio Filho ao sofrimento e à morte (Mt 27.31-50)2.

O PECADO VISTO COMO QUEBRA DA MORALIDADE TRADICIONAL

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Oculto?

O segundo discurso de Bildade faz um alerta para o nosso tempo. As suas palavras proferem
uma defesa a uma certa tradição moral religiosa, associando a situação atual de Jó a uma
quebra da moralidade que criam, sendo que o seu pecado oculto in igiu a crença comum, ou
seja, em seu pensamento, Bildade, acreditava cegamente que Jó estaria padecendo porque
Deus achava alguma falta nele.

Contudo, aquilo que os amigos de Jó tinham como uma verdade evidente e que não poderia
ser contestada, não se apresentava como real na mente, e nem na vida, de Jó. Por isso que em
seu segundo discurso, Bildade passa então a descrever um certo destino sombrio do pecador,
por estar certo da culpa de Jó, tendo como prova disso o seu sofrimento.

A imagem aqui é poderosa. Nos tempos do Antigo Testamento, uma lâmpada era mantida
acesa, até mesmo nas casas mais pobres, durante toda a noite. Uma casa com a lâmpada
apagada era uma casa abandonada, vazia. Partindo dessa imagem de desolação, Bildade
descreveu as calamidades que se abatem sobre os ímpios3.

O discurso de Bildade demonstra o perigo de seguir, sem avaliar, uma moralidade religiosa.
Muitas delas podem ser consideradas como afrontas a Palavra de Deus, conduzindo a seus
adeptos em uma marcha em direção contrária ao céu. O pecado deve ser encarado como uma
afronta às leis de Deus, e não como uma quebra da moralidade religiosa vigente. Pecar é errar
o alvo, não errar a tradição. Não fomos chamado para fugir da verdade bíblica por causa de
tradição religiosa evidente. Fomos chamados para prosseguir na carreira (Hb 12.1,2), tendo
como manual de vida a Bíblia (Sl 119.11), e como objetivo nal o encontro com Cristo nos
céus (Fp 3.13,14).

Destaque

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Bildade deu continuidade aos esforços do amigo, para impor suas opiniões sobre Deus a Jó.
Uma vez que Jó aceitasse a sua premissa, de que Deus, somente e sempre pune os ímpios, as
defesas de Jó cairiam por terra. Ele duvidaria da sua própria inocência, e não mais se agarraria
ao que considerava a sua “integridade”3.

O PECADO EM CONTRASTE COM A MAJESTADE DE DEUS

Chegamos ao capítulo 25 do livro, e mais uma vez observamos aqui a errada compreensão de
que Deus não se importa com o ser humano. “Havia uma distância instransponível entre o
homem e Deus na mente de Bildade. O homem não passava de um ser frágil e passageiro, que
mais se assemelhava a um verme (Jó 25.6). Dessa forma, até mesmo os astros celestes
apresentavam imperfeições diante da majestade divina (Jó 25.5)”1.

Não podemos negar que Bildade realiza uma grande defesa da majestade divina, e que diante
de Deus, somos guras irrelevantes, de modo que o homem desaparece ante a grandeza do
Altíssimo. Diante dEle somos como uma or que murcha (1 Pe 1.24). A nossa fragilidade é
real diante de um Deus Poderoso e perfeito.

Contudo, negar que o Senhor se importe com o pecador é ferir com um de seus atributos
comunicáveis, o amor. Não podemos negar a imanência de Deus, muito menos negar que Ele
se importe com o pecador (Jo 3.16; Rm 5.8; 2 Co 8.9; 1 Jo 3.1; 4.10).

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Oculto?

Na análise de Jó (Jó 26.1-14), a descrição que Bildade faz da divindade é imperfeita e


incompleta. Jó exalta ao Senhor e reconhece a Sua Onipotência. Ele mostra que o cosmo
criado por Deus, mesmo revelando toda a sua vastidão, contempla apenas um simples
vislumbre do Criador. Jó faz referência ao domínio de Deus, mas não se refere a esse domínio
como sendo uma esfera onde se esconde o Senhor e onde homem algum pode penetrar (Jó
26.14). No Universo criado por Deus e por Ele regido, as pessoas também fazem parte do
projeto divino. Deus convive com as pessoas dentro do seu domínio. Ele não é um ser
inalcançável e inacessível como Bildade defende que seja. Ele não é apenas soberano; é
também amor. É compaixão e graça1.

Destaque

Bildade não respondeu a Jó, mas fez uma declaração importante. Deus é tão puro que
realmente poderia não ter nada a ver com o homem, “que é um verme”. A sua declaração era
verdadeira, mas distorcida. O homem é pecador, e no seu estado pecador é somente “um
bicho”. No entanto, o homem foi criado à imagem de Deus, e a graça de Deus desce para
transformar os vermes à própria imagem do Filho de Deus3.

Esperando Jesus voltar hoje!

Dc. Antonio Vitor de Lima Borba

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Referências:

1 – GONÇALVES, José. A Fragilidade Humana e a Soberania Divina. O Sofrimento e a


Restauração de Jó. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

2 – STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

3 – RICHARDS, Lawrence O. Comentário Devocional da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD,


2016.

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