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Volume 06
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Conteúdo licenciado para Jose Jales de Figueiredo Junior -
Formação em Teologia
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Sendo assim, o Deus que tem poder de criar é o mesmo Deus que tem
poder de cuidar; o Deus que tem poder de julgar é o mesmo Deus que tem poder
de salvar; o Deus que cria e salva é o Deus que ama. E em Seu amor, Ele se
envolve, se preocupa e anda com Seus filhos, conferindo-lhes identidade e
garantindo o futuro. Como já foi cantado pelo salmista:
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IV Ciência e Gênesis
Quando falamos sobre Gênesis, precisamos abordar a relação entre
Gênesis e ciência, mesmo que brevemente. Todo método científico parte da
premissa de um fato observável, isto é, para ser científico é necessário que se
observe um fenômeno e que se identifique se ele se repete em determinadas
condições específicas, buscando definir um padrão.
Então, nesse caso, quanto do Livro de Gênesis pode ser verificado pela
ciência? É preciso lembrar que a ciência é dirigida pelo mesmo ser humano caído
no Éden, com o mesmo espírito de desconfiança e orgulho presentes na queda.
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Tanto para fazer ciência, quanto para ler a Bíblia, concluímos que é preciso
expurgar o panteísmo e o materialismo que se transvestem de cientificismo. São
prejudiciais de um jeito ou de outro. Por um lado, diminuem a ciência, e por outro,
atrapalham a leitura do texto sagrado.
O Livro de Gênesis não tem a pretensão de ensinar metodologia científica,
de fato, vai além, pois não estamos lidando com ciência, sobretudo, estamos
sendo instruídos pela fé, para ter a existência orientada e a vida organizada.
V A literatura do Gênesis
Segundo F. Scheifer, é comum confundir genealogia com cronologia. A
preocupação do livro não é temporal, visto que é uma construção genealógica e
não cronológica. Esse aparente desinteresse com a cronologia é um dos
argumentos usados por críticos para tratar o livro como mito, pois a incapacidade
de encaixar os eventos bíblicos dentro da história é vista com desconfiança. Mas
essa desconfiança é injustificada, em Gênesis 10:2, um homem gera países;
seguindo o versículo 4, vemos um homem gera povos; e no versículo 7, um
homem concebe lugares. Apenas essa escolha narrativa já é justificativa o
bastante de que a relação não é cronológica. Quando vemos uma genealogia
precisamos lembrar que entre um nome e outro há omissões, de outro modo, o
termo “gerou”, em Gênesis, não exige um parentesco de primeiro grau entre pai e
filho. Assim, as genealogias bíblicas não se preocupam com o tempo, porém
apontam para o cumprimento da vontade de Deus no decorrer das gerações.
E tudo, sempre moldado a cada narrativa e ao estilo literário de cada livro,
lembrando que os livros da Bíblia podem ter mais de um gênero de escrita, o
Livro de Gênesis também nos traz diferentes estilos literários: Poesia (Quiasma),
paralelismo, narrativa heróica; há paronomásia (trocadilhos). Ademais, tem o uso
de números para reforçar o significado dos símbolos. Acompanhe a análise
literária de Fokkelman sobre a história da Torre de Babel (Gênesis 11: 1-9):
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• João 17: 24
• Tito 1: 2
• Efésios 1: 4
• 2 Timóteo 1: 9
• 1 Pedro 1: 20
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Dizer que Gênesis foi escrito somente para vencer a idolatria é uma
simplificação rasa, e um conceito incompleto. É preciso complementar essa ideia
com o fato de que foi escrito, também, para combater a impessoalidade. O mundo
no qual vivemos carece de pessoalidade, e o Deus Altíssimo se revelou ao mundo
através da história de pessoas, buscando essa proximidade com a humanidade.
Partindo do princípio de que já existia comunicação entre Pai, Filho e Espírito,
chegamos a conclusão de que o amor vem de Deus, pois o amor relacional flui da
trindade. No cristianismo e no judaísmo, isso é a base de tudo, o Deus criador de
todas as coisas é amoroso e pessoal.
No entanto, fora do cristianismo a resposta é circular, isto é, o acaso cria
tudo. Mas podemos questionar se tudo é acaso. Observe a indagação: Por que o
acaso e a impessoalidade, existentes antes da criação, tornaram o amor e a
comunicação base de todas as coisas? Não existe resposta que satisfaça
inteiramente essa pergunta, a não ser a cristã. Por mais que até hoje existam
pessoas que discordem dela, é a única que dá conta de saciar a verdade (da
pessoalidade da existência).
VIII Trindade
Em seu livro “Vestígios da trindade”, Peter J. Leithart diz:
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Leithart nos ensina que o próprio ser fundamenta-se em ser habitação, ou ainda,
na capacidade de habitar e ser habitável. Frases inocentes como “Você mora no
meu coração!” revelam o sentido e a profundidade do “ser”. Ser é quem habita,
ser é quem é habitável. Essa característica fantástica vem do próprio Deus - o Ser
perfeito é tanto a habitação perfeita, quanto o perfeito habitador.
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IX Doxologia
X Narrativa de origens
Gênesis expõe o drama da aliança com Deus, e a quebra dela pelo homem:
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Segundo Dillard e Longman II, Gênesis é como uma pizza que pode ser
dividida de muitas formas, dependendo da perspectiva e interesse do leitor. O
dispositivo estrutural mais importante é chamado de fórmula Toledoth - a história
da aliança é contada tendo os Toledot’s como espinha dorsal. Essa fórmula
aparece onze vezes, e pode ser traduzida como: “Estas são as gerações”, “Esta é a
história da família”, “Esta é a narrativa”.
Gênesis nos conta as origens, o primeiro segmento do livro traz a história
primitiva, o primeiro Toledot. É uma palavra hebraica que pode ser traduzida por
"gerações" (genealogia), “história” e "narrativa". Logo após a fórmula do Toledot é
apresentado um nome pessoal, com exceção da primeira ocorrência que declara,
em vez disso, "os céus e a terra". Acompanhe o gráfico:
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A Criação - O relato da criação apresenta Deus como sua causa exclusiva, tanto
do universo como da humanidade. Gênesis 1 e 2 revelam que Deus é o Criador
poderoso e que homens e mulheres são criaturas dependentes dEle. Nestes
capítulos, a exposição da criação nos permite ser flexíveis sobre as questões
relativas ao tempo e a ordem do processo criativo de Deus. Ademais, por um lado,
a passagem definitivamente se previne contra uma interpretação mitológica. Por
outro lado, o tema de Gênesis 1 e 2 NÃO é a maneira como Deus criou, mas o fato
de que Deus criou, e que fez isso sem nenhuma matéria pré-existente (creatio ex
nihilo), em contraste com as crenças de outras religiões do Oriente Médio. Uma
diferença que salta das páginas do texto é a declaração “era bom”, acerca de tudo
o que foi criado, o impacto de tal afirmação precisa ser medido com a lembrança
de que Gênesis foi escrito num tempo em que a criação era qualquer coisa, exceto
boa, estava repleta de pecado e injustiça. A conclusão é que o mundo
pecaminoso, antigo e atual, não é frutoo da ação de Deus, mas da ação humana.
A Queda - A queda foi um evento que marcou a ruptura do ser humano. É quando
a autonomia do homem se divorcia da submissão a Deus, e a partir desse
momento a liberdade acontece separada da santidade.
Estabelecido pelo pecado, esse movimento excludente de liberdade e
autonomia, presentes no coração do ser humano, aparece nas páginas sagradas
história após história, o dilúvio é um exemplo revelador do coração:
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Abraão poderia ter se apegado à promessa que Deus lhe fez (sobre a terra) e ter
reivindicado o direito de escolher primeiro, em vez disso, permitiu ao sobrinho
escolher. Ló escolheu a melhor terra, a região ao redor de Sodoma e Gomorra (um
leitor atento relacionaria imediatamente essa referência a Gênesis 18), Abraão
não hesitou e concedeu a Ló a posse da melhor terra.
Porém, esse não é o fim da história, mais tarde, Abraão deixou
transparecer a sua crescente falta de confiança na capacidade de Deus para
cumprir as promessas, e tentou alcançá-las usando os meios comuns no antigo
Oriente Médio de se constituir família, devido à esterilidade (Gênesis 15:3), adotou
um escravo nascido em sua casa, após a prática do concubinato. Mas apesar dos
erros cometidos, Deus, em sua graça, vai a Abraão diversas vezes, a fim de
confirmar a intenção de cumprir suas promessas (Gênesis 15, 17 e 18), e ao
esperar a chegada da extrema velhice de Abraão e Sara para lhes dar um filho,
Deus mostra que a criança é realmente um presente divino, Isaque não é o
produto das faculdades humanas.
Depois do nascimento de Isaque, Abraão finalmente demonstra que atingiu
uma profunda confiança em Deus, em Gênesis 22, Deus ordena a Abraão que leve
o filho da promessa ao monte Moriá, para sacrificá-lo. Abraão demonstra que
agora confia plenamente em Deus, e nesse momento a narrativa informa ao leitor
que Abraão, em silêncio e sem reclamar, obedeceu à ordem de Deus. O leitor é
levado a fazer a conexão entre esse monte do sacrifício, Moriá (Gênesis 22: 2), e o
local de construção do futuro templo (2 Crônicas 3: 1).
Os patriarcas ilustram ao leitor o que é uma vida de fé, quem é Deus e o
que é intimidade com Ele. Mostram como a precariedade humana pode ser
suportada, e até superada, pela relação com o Altíssimo.
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“Sem a túnica, sem ciúmes, sem ciúmes, sem trama. Sem a trama, José
não seria vendido. Se não fosse vendido não conheceria o Egito. Sem o
Egito, não conheceria a mulher de Potifar. Sem a mulher de Potifar,
não seria preso. Sem a prisão, não interpretaria o sonho. Sem a
interpretação do sonho, não se transformaria no governador do Egito.
Se não fosse governador do Egito, não haveria provisão no tempo de
fome, nem um lugar ao qual recorrer para seus irmãos. Sem a
provisão, os filhos de Israel não se multiplicariam no Egito, não seriam
escravizados, não se tornariam uma nação, não receberiam a lei. Sem
a lei, a idolatria não seria revelada. Sem a condição de o coração
humano ser desmascarado pela lei, sem cruz. Sem cruz, sem Cristo.
Sem Cristo, sem salvação!”²
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Bibliografia Sugerida
SCHAEFFER, Francis A. Gênesis no espaço-tempo. (Tradução de Josias Cardoso
Ribeiro Júnior. Brasília- DF. Editora Monergismo 2014)
Manual bíblico vida nova (Editor geral: David S. Dockery; Tradução: Lucy
Yamakami. Hans Udo Fuchs, Robinson Malkomes. - São Paulo: Edições Vida
Nova, 2001)
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