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Formação em Teologia

Volume 06

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PENTATEUCO - Gênesis (Berechid) - nascimento (Parte 4)

I Idolatria no Antigo Testamento


O Livro de Gênesis traz a história da criação, mas também retrata a
maneira como o homem criado por Deus se comporta frente às escolhas que é
desafiado a fazer, e como se comporta frente ao próprio Criador. De Adão a José,
o livro mostra que a vida é feita de escolhas: comer ou não do fruto da árvore do
bem e do mal; construir ou não uma arca; sair ou não da terra da sua família,
lugar onde toda sua história aconteceu. Escolhas que envolvem até mesmo
perdoar, ou não, aqueles mais próximos, que o venderam e o fizeram tanto mal.
Gênesis fala sobre gente que procurou se aproximar de Deus e sua vontade, mas
também não exclui a narrativa daqueles que se distanciaram profundamente.
Podemos afirmar que Gênesis é uma antevisão da história da humanidade
e do comportamento humano, sob vários aspectos: o relacionamento consigo
mesmo, com seu semelhante e com Deus. Justamente por ser uma antevisão é
que veremos o fracasso humano sob todos os aspectos, mas também o processo
de cura e restauração por parte de Deus.
Recapitulando lições anteriores, vimos que Gênesis é escrito para tratar a
idolatria do povo, eles acreditavam no Deus de Abraão, mas não deixavam de
crer, simultaneamente, em vários outros deuses. O povo que saiu do Egito
encontrava-se em confusão existencial e religiosa, sendo fácil encontrar no texto
bíblico algumas palavras-chave relacionadas à idolatria, como: Baal, Astarote,
Rainha dos Céus, falsos deuses, Tamuz e poste-ídolos. E considerando tal cenário
cultural, não à toa o Livro de Gênesis traz a revelação de um Deus criador, o único
remédio para a idolatria, pois ao lermos “No princípio, criou Deus, o céu e à terra.”
(Gênesis 1:1) temos um vislumbre do primeiro mandamento: “Não terás outros
deuses diante de mim.” (Ex 20:3) e recebemos um convite para conhecer o Deus
criador, que possui inúmeros atributos.

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Sendo assim, o Deus que tem poder de criar é o mesmo Deus que tem
poder de cuidar; o Deus que tem poder de julgar é o mesmo Deus que tem poder
de salvar; o Deus que cria e salva é o Deus que ama. E em Seu amor, Ele se
envolve, se preocupa e anda com Seus filhos, conferindo-lhes identidade e
garantindo o futuro. Como já foi cantado pelo salmista:

“Aquele que fez o ouvido não ouvirá? E o que formou o olho,


não verá?” (Salmo 94: 9)

II O livro da liberdade e das escolhas


Confiança e descanso são o núcleo da mensagem que precisa nos
alcançar. Quando usamos a liberdade para nos afastar do criador, na verdade,
estamos escolhendo nos afastar da fonte dessa liberdade, assim como o pecado
foi uma escolha humana. Liberdade sem santidade redunda em cativeiro, e
autonomia sem comunhão com Deus não passa de rebeldia.
Olhando o Pentateuco em perspectiva, Gênesis mostra uma dualidade, que
de um lado, apresenta o impacto da atitude de Deus, que escolheu criar tudo, e
em contraste, relata a ação impactante do ser humano, ao escolher andar por
conta própria, sem o Deus criador. O Livro de Êxodo fala sobre a libertação do
povo na história. Levítico dá atenção especial ao processo de santificação (para
adoração). Números é a instrução àqueles que foram santificados. E por fim,
Deuteronômio traz a confirmação do ensino e um tom de incentivo.
Em outras palavras, Gênesis é a concepção (fecundação); Êxodo é o
nascimento (como povo de Deus); Levítico é a infância/alfabetização; Números é a
adolescência/educação; e Deuteronômio é a juventude (preparação para a vida
adulta). Entre outras coisas, o Pentateuco descreve as fases de desenvolvimento
para se chegar à maturidade.

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III Criação e queda


O resultado da separação entre o homem e Deus é a morte. Não se trata de
um ritual de punição por parte de um Deus bravo, é apenas a consequência de
estar longe de Deus, pois tudo que se afasta de Deus começa a perecer (como
uma fruta tirada da árvore).
O texto dá uma informação importante, Deus fez aliança com o homem
estendendo Sua destra (Gn 3: 1-7), e dá ao homem um canal de comunhão, para
que continue fiel à aliança, em seguida, vemos a quebra da aliança e sua
consequência, qual seja, a separação relacional entre Deus e o homem.
É necessário entender a morte como um efeito colateral do pecado
(Romanos 6: 23), pois ela é, basicamente, afastamento. Toda vez que o ser
humano tenta ser independente de Deus, se afasta, então peca e morre. O pecado
cria uma crise de liberdade, pois ela passa a ser construída a partir do ego e da
vaidade, abrindo lugar para a morte.
O homem que se rebela é expulso do paraíso, e a partir daí, segue dois
caminhos opostos. Pelas Escrituras, testemunhamos a criação de dois povos
distintos: os descendentes de Caim (Gn 4: 8-14), marcados pelo pecado, violência
e busca de separação, como visto na construção das primeiras cidades e da torre
de Babel; E o povo de Seth (Gn 4 :25-26), chamados “Filhos de Deus”.
A sequência apresentada no livro é simples: primeiro Deus criou todas as
coisas, em seguida o homem cai, pois não aceita ser submisso, presunçosamente,
imagina uma vida melhor sem a tutela de Deus. Entre a tentação da serpente e a
mordida no fruto proibido há uma infinidade de nuances e eventos no coração do
ser humano. Num momento crucial da narrativa, o ser humano, instigado pela
serpente, começa a questionar se Deus está realmente comprometido com a sua
felicidade. O grande problema é o surgimento de uma insinuação com ares de
inocência, aparentemente, uma dúvida ingênua, mas que, de fato, é a semente
maligna que se torna desconfiança dos planos de Deus.

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Vemos o quanto essa dúvida é grave, pois deixa implícita a possibilidade


de Deus estar sonegando vida, como se Ele estivesse escondendo o melhor e
ativamente impedindo o ser humano de desfrutar desse melhor, o forçando a se
contentar com um padrão inferior de vida. O ser humano, já imerso em dúvida,
rebeldia e curiosidade diabólica, começa a questionar o governo de Deus, e logo,
brota a necessidade de procurar, com sua própria força e inteligência, uma
suposta felicidade escondida, a qual Deus negou-lhe.
A queda trouxe o princípio da desconfiança, e desde então o homem
suspeita de Deus, de Seus planos e vontade, por isso caiu, continuará caindo,
sempre, num princípio que surgiu em Adão e chegou a nós. Porém, após a queda
nos deparamos com uma promessa de redenção, onde tudo que foi criado se
torna alvo dela, e tendo esse conhecimento, podemos entender que a narrativa de
Gênesis é histórico-redentiva, pois se desenrola através da história humana, com
o propósito de redimi-la, tanto humanidade como as demais coisas. Então, aquele
que desconfia de Deus se afasta, e cria-se um abismo, mas o plano de redenção
continua trabalhando de forma maravilhosa, paciente e imprevisível, para que o
abismo criado pelo pecado seja superado, e a criatura volte ao Criador.

IV Ciência e Gênesis
Quando falamos sobre Gênesis, precisamos abordar a relação entre
Gênesis e ciência, mesmo que brevemente. Todo método científico parte da
premissa de um fato observável, isto é, para ser científico é necessário que se
observe um fenômeno e que se identifique se ele se repete em determinadas
condições específicas, buscando definir um padrão.
Então, nesse caso, quanto do Livro de Gênesis pode ser verificado pela
ciência? É preciso lembrar que a ciência é dirigida pelo mesmo ser humano caído
no Éden, com o mesmo espírito de desconfiança e orgulho presentes na queda.

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Cada vez mais comprometido com sua autonomia e liberdade, emancipado de


Deus, não consegue olhar para o texto bíblico e enxergar verdade, e agora,
influenciado pelas mais diversas teorias científicas, a humanidade moderna
relega a narrativa da criação à categoria de fábula.
Porém, e que fique claro, como já foi dito em aulas anteriores, a ciência não
é inimiga da fé. O problema é que correntes filosóficas, como panteísmo ou
materialismo, etc., se transvestem de ciência e declaram guerra à fé, e para
comprovar a sua agenda egocêntrica e antibíblica, se valem de pressupostos e
fatos científicos deturpados, distorcidos por uma crença ideológica, científica ou
filosófica. Por exemplo, quando fala-se de microevolução, isso é um fato científico,
pois é possível observar que um tipo de mosquito sofre certa mutação. O fato
científico soma-se ao pensamento materialista, o qual defende que uma partícula
de matéria começa a ter um comportamento anômalo ao que lhe é característico.
Ao mesmo tempo em que afirma que todos os fenômenos naturais são dirigidos
por leis rígidas e fixas, essa anomalia de comportamento cria um encadeamento
de eventos até culminar na chamada evolução.
Continuando esse raciocínio, vamos tratar do evolucionismo de Darwin, e
entender porque é problemático. A teoria de Darwin dá um salto no conceito de
evolução, postulando uma macroevolução. Trata-se da crença de que uma
espécie pode evoluir para outra espécie. Mas observe o seguinte detalhe: Não
existe, em termos concretos, a possibilidade de observar a mudança de um
macaco para um homem, ou de um peixe para um ser humano. Se esta mudança
ocorreu durante milhões de anos, e sendo a ciência empírica, ou seja, observável,
quem observou um peixe virando um animal terrestre há três milhões de anos? Se
ninguém observou, a macroevolução é mesmo um fenômeno científico?
Perceba que o mesmo tipo de lógica e retórica usadas para desqualificar o
Livro de Gênesis, pode ser usado para desqualificar a cientificidade do argumento
de Darwin.

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Tanto para fazer ciência, quanto para ler a Bíblia, concluímos que é preciso
expurgar o panteísmo e o materialismo que se transvestem de cientificismo. São
prejudiciais de um jeito ou de outro. Por um lado, diminuem a ciência, e por outro,
atrapalham a leitura do texto sagrado.
O Livro de Gênesis não tem a pretensão de ensinar metodologia científica,
de fato, vai além, pois não estamos lidando com ciência, sobretudo, estamos
sendo instruídos pela fé, para ter a existência orientada e a vida organizada.

V A literatura do Gênesis
Segundo F. Scheifer, é comum confundir genealogia com cronologia. A
preocupação do livro não é temporal, visto que é uma construção genealógica e
não cronológica. Esse aparente desinteresse com a cronologia é um dos
argumentos usados por críticos para tratar o livro como mito, pois a incapacidade
de encaixar os eventos bíblicos dentro da história é vista com desconfiança. Mas
essa desconfiança é injustificada, em Gênesis 10:2, um homem gera países;
seguindo o versículo 4, vemos um homem gera povos; e no versículo 7, um
homem concebe lugares. Apenas essa escolha narrativa já é justificativa o
bastante de que a relação não é cronológica. Quando vemos uma genealogia
precisamos lembrar que entre um nome e outro há omissões, de outro modo, o
termo “gerou”, em Gênesis, não exige um parentesco de primeiro grau entre pai e
filho. Assim, as genealogias bíblicas não se preocupam com o tempo, porém
apontam para o cumprimento da vontade de Deus no decorrer das gerações.
E tudo, sempre moldado a cada narrativa e ao estilo literário de cada livro,
lembrando que os livros da Bíblia podem ter mais de um gênero de escrita, o
Livro de Gênesis também nos traz diferentes estilos literários: Poesia (Quiasma),
paralelismo, narrativa heróica; há paronomásia (trocadilhos). Ademais, tem o uso
de números para reforçar o significado dos símbolos. Acompanhe a análise
literária de Fokkelman sobre a história da Torre de Babel (Gênesis 11: 1-9):

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“O pesquisador começa o seu estudo anotando os jogos de palavras


espalhados nesse curto episódio. Certos grupos de palavras são
reunidos pela similaridade de som: ‘façamos tijolos’ (nilbe nâle bõnim);
‘e queimemo-los bem’ (nísrepâ se repâ); ‘betume’ e ‘argamassa’
(hemar/hõmer). Há também uma aliteração entre ‘tijolo’ (le benâ) e ‘de
pedra’ (le'aben). Esses sons quase semelhantes dão à narrativa uma
qualidade rítmica que não apenas chama a atenção do leitor para o
conteúdo das palavras, mas para as palavras em si. Outras palavras
repetidas também soam de forma semelhante: ‘nome’ (sem),
‘ali/dali/lugar’ (sam) e ‘céu’ (samayim). ‘O lugar’ (sam) é a raiz usada
pelos rebeldes para se referirem a ‘céu’ tempestuoso (samayim), a fim
de tornarem célebre os seus próprios ‘nomes’ (sem). Deus, no entanto,
inverte a situação, pois foi "dali" (v. 8) que ele dispersou os rebeldes e
anulou os seus planos. Essa irônica reversão das más intenções dos
homens é destacada de várias formas pela escolha artística das
palavras. Fokkelman enumera as diversas palavras e frases que
aparecem na história com o grupo consonantal (lbn). Todos se
referindo à rebelião humana contra Deus. Quando Deus vem em
julgamento, ele confunde (nbl) a linguagem dos homens. A inversão
das consoantes mostra a reversão que o julgamento de Deus efetuou
nos planos dos rebeldes. Essa inversão também é refletida na análise
de Fokkelman da estrutura quiasmática (os cruzamentos sintáticos) da
história: Gênesis é uma composição literária engenhosamente
construída.”

A palavra que inicia o texto de Gênesis, no seu original, é bereshid, que


representa o movimento da saída da cabeça da criança durante o parto. Sendo
assim, quando falamos de Gênesis, nos referimos a um nascimento duplo.

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Primeiro, o nascimento de tudo que existe, o surgimento da criação. Em segundo


lugar, o nascimento do próprio povo, ou seja, a formação do povo de Israel.
Lembre-se que Gênesis é recebido pelo povo na saída do Egito. Mas isso não
significa que as histórias, como o dilúvio, ou de Abraão, Isaque, e Jacó, fossem
desconhecidas do povo. A questão era que eles conheciam as histórias, mas ainda
não tinham o “livro”. O texto tinha a função de fazer as histórias ganharem ainda
mais importância, ajudando o povo a construir uma nova cosmovisão.
Apesar de apresentar várias genealogias, Gênesis não dá ênfase à
narrativa histórico-científica, mas à história de fé. Se partíssemos do pensamento
grego na leitura do Livro de Gênesis, a leitura seria um salto existencial.
Olharíamos o texto, seguindo a visão de que “Apenas é verdade e devemos
acreditar”. Porém, a questão é que o texto foi escrito no pensamento hebraico, no
qual tanto a verdade quanto a história estão colocadas dentro do tempo. Em
suma, para nos relacionarmos com a verdade, precisamos ouvir a história. Indo
além: precisamos que alguém nos conte a história! E ao ouvir a história contada
conhecemos a fé, e a verdade.

VI Antes do princípio - Eternidade


Scheifer trabalha uma ideia muito importante: se Deus criou todas as
coisas, quem criou Deus? Todos os textos a seguir falam de antes da fundação, ou
seja, o que existia antes da criação.

• João 17: 24
• Tito 1: 2
• Efésios 1: 4
• 2 Timóteo 1: 9
• 1 Pedro 1: 20

Gênesis apresenta um Deus que existe antes do princípio. Já havia uma


história acontecendo, elementos e acontecimentos nEle, antes do princípio.

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A criação do homem é o princípio que podemos perceber, mas Deus é


antes do princípio, e portanto, inalcançável. E para compreender a eternidade,
precisamos saber que existe algo antes da criação. Um Deus pessoal, não-
estático, um pai que ama Seu filho e se relaciona antes mesmo de existir. Na
realidade, a própria criação somente veio à existência mediante a condição de
relacionamento existente dentro do próprio Deus.
Antes da criação já havia um plano. Um Deus que promete a si mesmo e
que se compromete. Já existia uma palavra firmada. O Deus trino sempre soube
que a criação aconteceria. Antes de existir o mundo, já existia a promessa. Antes
que existisse sol e terra, já existia comunicação. Antes que existissem pessoas
conversando, nas igrejas e nas casas, o Pai já se comunicava com o Filho e com o
Espírito. Antes de haver vida na terra já existia relacionamento. Não qualquer tipo
de relacionamento, mas um relacionamento íntimo, profundo, perfeito e pessoal. É
por isso que o mundo e a criação são obras marcadas de pessoalidade. A relação
de Deus é sempre pessoal, e a vida sempre é relacional.

Observação - Atualmente, na agitação e correria da vida, sentimos uma profunda


solidão, fruto de impessoalidade radical de nossas relações. Vivemos em grandes
cidades (Nova York, São Paulo, Tóquio, etc.) e nos tornamos mais distantes e
exigentes, consumidores vorazes reféns de propaganda, colecionamos entulho, e
nos constituímos pessoas cheias de objetos e coisas, mas escassos de vida. A fé
na criação relacional é a chave desses conflitos modernos, para destrancar a
plenitude da vida. A grande ironia de nossos tempos é o ser humano moderno,
faminto por vida, se conecta com tecnologia, e mesmo assim vive ressentido. Uma
existência tão farta materialmente, mas onde falta afeto, pois a vida moderna é
impessoal.

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VII Tempos líquidos


Existem quatro pensamentos em relação à criação das coisas:

• Antes do princípio não havia nada.

• Tudo começou de forma impessoal. E logicamente, se tudo é impessoal,


por que existe pessoalidade? Por que existe a necessidade de calor
humano e olho no olho? Se tudo não passa de uma questão impessoal, por
que apresentamos a necessidade de pessoalidade?

• Dualismo de duas forças que são extremamente contrárias, como, por


exemplo: yin e yang (conceitos do Taoísmo) expõem a dualidade de tudo o
que existe no universo. Porém, não se explica porque coisas tão
contraditórias coexistem.

• Tudo começou de forma pessoal, segundo o Livro de Gênesis. Temos a


necessidade de pessoalidade pois, antes de tudo, havia um Deus pessoal.

A opinião atual mistura os pensamentos 1, 2 e 3. De fato, o entendimento


da criação revela as crenças e premissas sobre a natureza da relação das coisas e
dos seres, dentro do pensamento pós-moderno, ou modernidade líquida, como
chama Zygmunt Bauman, os amores e relações são líquidos. Ele ensina: “Os
tempos são líquidos porque, assim como a água, tudo muda muito rapidamente”,
tudo é provisório, criando um ressentimento por causa da falta de permanência e
pertencimento. Bauman afirma que “Na era da informação, a invisibilidade é
equivalente à morte.”, e vem daí a necessidade de relações que nos tornem
visíveis. Temos necessidade de relacionamentos pessoais, mesmo sem saber, em
primeiro lugar, o porquê dessa necessidade. A resposta judaico-cristã é que tudo
começou de forma essencialmente pessoal, por isso a ausência de conexão e
pessoalidade nos faz sentir como se estivéssemos nos descolando e/ou mesmo
perdendo nosso significado original.

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Dizer que Gênesis foi escrito somente para vencer a idolatria é uma
simplificação rasa, e um conceito incompleto. É preciso complementar essa ideia
com o fato de que foi escrito, também, para combater a impessoalidade. O mundo
no qual vivemos carece de pessoalidade, e o Deus Altíssimo se revelou ao mundo
através da história de pessoas, buscando essa proximidade com a humanidade.
Partindo do princípio de que já existia comunicação entre Pai, Filho e Espírito,
chegamos a conclusão de que o amor vem de Deus, pois o amor relacional flui da
trindade. No cristianismo e no judaísmo, isso é a base de tudo, o Deus criador de
todas as coisas é amoroso e pessoal.
No entanto, fora do cristianismo a resposta é circular, isto é, o acaso cria
tudo. Mas podemos questionar se tudo é acaso. Observe a indagação: Por que o
acaso e a impessoalidade, existentes antes da criação, tornaram o amor e a
comunicação base de todas as coisas? Não existe resposta que satisfaça
inteiramente essa pergunta, a não ser a cristã. Por mais que até hoje existam
pessoas que discordem dela, é a única que dá conta de saciar a verdade (da
pessoalidade da existência).

VIII Trindade
Em seu livro “Vestígios da trindade”, Peter J. Leithart diz:

“Indivíduos são lugares de habitação para os outros. A sociedade é


uma rede de componentes habitando mutuamente. Indivíduos existem
somente enquanto são habitados por outros; sociedades existem
somente enquanto são lares para indivíduos que fazem suas casas uns
nos outros.”

Infelizmente, a trindade tem sido evitada como doutrina em muitas igrejas


e comunidades cristãs desse tempo.

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Leithart nos ensina que o próprio ser fundamenta-se em ser habitação, ou ainda,
na capacidade de habitar e ser habitável. Frases inocentes como “Você mora no
meu coração!” revelam o sentido e a profundidade do “ser”. Ser é quem habita,
ser é quem é habitável. Essa característica fantástica vem do próprio Deus - o Ser
perfeito é tanto a habitação perfeita, quanto o perfeito habitador.

“Se ninguém nunca tivesse derramado suas paixões em mim nunca


seríamos quem somos. Se nunca ninguém tivesse morado em nós, se
nunca tivéssemos morado em ninguém a vida seria impossível.”

Em Gênesis (1:26; 3:22) podemos ver duas expressões fantásticas, que


exemplificam essa noção: “Façamos” e “um de nós”.

“Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um


de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a
sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva
eternamente.”

Alguns teólogos se limitam a falar que no hebraico existe o plural


majestático, assim como na gramática portuguesa. Isso não te intriga? “Um de
nós” pode ser explicado gramaticalmente? Cremos que através dessas sutilezas
linguísticas, a partir do Gênesis, a Bíblia revela um Deus que é trino, e por isso
relacional. Considere:

“Mas para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para


quem vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, por qual são
todas as coisas, e nós por ele.” (1Co 8:6)

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IX Doxologia

“Não é igual a estes, aquele que é a porção de Jacó; pois ele


é o que formou tudo, e Israel é a vara da sua herança:
Senhor dos Exércitos é o seu nome.” (Jr 10:16)

A doxologia diz respeito à adoração e à glorificação. Jeremias está fazendo


uma comparação entre o Deus verdadeiro e os falsos deuses. A conclusão dessa
comparação gera tanto consolo quanto louvor: o nosso Deus “não é como eles”. A
palavra “eles” se refere aos falsos deuses combatidos no Livro de Gênesis, uma
extensão da mente humana, feitos por mãos e corações corrompidos, de
sentimentos humanos mesquinhos, eram deuses que representavam tudo que o
homem sente e pensa. Corremos o risco de pensar que nosso Deus é como eles.
Mas, o nosso Deus é outro; santo, puro, perfeito, cheio de amor. Assim, o Livro de
Gênesis nos dá as boas-vindas.

X Narrativa de origens
Gênesis expõe o drama da aliança com Deus, e a quebra dela pelo homem:

“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem,


conforme nossa semelhança; e domine sobre os peixes do
mar, as aves dos céus, sobre o gado, sobre toda a terra,
todo o réptil que se move sobre na terra. E criou Deus o
homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e
mulher os criou. E Deus os abençoou, e lhes disse: Frutificai
e multiplicai-vos, enchei à terra e sujeitai-a; dominai sobre
os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo o
animal que se move sobre a terra.” (Gn 1: 26-28)

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“E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda


árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal, não comerás; pois quando
dela comeres, certamente morrerás.” (Gn 2: 16,17)

Segundo Dillard e Longman II, Gênesis é como uma pizza que pode ser
dividida de muitas formas, dependendo da perspectiva e interesse do leitor. O
dispositivo estrutural mais importante é chamado de fórmula Toledoth - a história
da aliança é contada tendo os Toledot’s como espinha dorsal. Essa fórmula
aparece onze vezes, e pode ser traduzida como: “Estas são as gerações”, “Esta é a
história da família”, “Esta é a narrativa”.
Gênesis nos conta as origens, o primeiro segmento do livro traz a história
primitiva, o primeiro Toledot. É uma palavra hebraica que pode ser traduzida por
"gerações" (genealogia), “história” e "narrativa". Logo após a fórmula do Toledot é
apresentado um nome pessoal, com exceção da primeira ocorrência que declara,
em vez disso, "os céus e a terra". Acompanhe o gráfico:

1. Toledot ( essa é anarrativa) “os céus e a terra” (Gn2:4)

2. Toledot Adão (Gen 5:1)


3. Toledot Noé (Gen 6:9)
4. Toledot Filhos de Noé Gen (10:1)
5. Toledot Sem (Gen 11:10)
6. Toledot Tera (Gen 11:27)
7. Toledot Ismael (Gen 25:12)
8. Toledot Isaque (Gen 25:19)
9. Toledot Esaú (Gen 36:1)
10. Toledot Esaú (Gen 36:9)
11. Toledot Jacó (Gen 37:2)

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Gênesis tem um prólogo (1:1-2.3) seguido de dez episódios. A pessoa


nomeada não é necessariamente o personagem principal, e cada episódio termina
com a morte deste personagem. Além de nos fornecer um prólogo, a história
contida em Gênesis nos dá o fundamento da nação de Israel, e mostra como ela se
preparou para o recebimento da lei, em Êxodo. Revela como Deus escolheu
Abraão e guiou sua família, sendo a origem de Seu povo especial.

XI Da criação à Torre de Babel


Dillard e Longman II afirmam que a Bíblia pode ser descrita como uma
sinfonia em quatro movimentos:

• Primeiro movimento - Criação

• Segundo movimento - Queda

• Terceiro movimento - Redenção

• Quarto movimento - Recriação

Assim, o Livro do Gênesis dispõe dos fundamentos para toda a Bíblia,


narrando brevemente os primeiros dois movimentos, ao mesmo tempo em que
inicia o terceiro. O quarto movimento é a matéria dos dois últimos capítulos da
Bíblia (Apocalipse 21 e 22). É interessante observar a difusa imagem da criação
nesses capítulos (Apocalipse 21: 1,5; 22: 1-6). E o fim da história é como o seu
começo, em que uma harmoniosa e extraordinária relação com Deus é
restabelecida. Lembrando que, quando falamos de Gênesis, fala-se dos dois
primeiros movimentos.

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A Criação - O relato da criação apresenta Deus como sua causa exclusiva, tanto
do universo como da humanidade. Gênesis 1 e 2 revelam que Deus é o Criador
poderoso e que homens e mulheres são criaturas dependentes dEle. Nestes
capítulos, a exposição da criação nos permite ser flexíveis sobre as questões
relativas ao tempo e a ordem do processo criativo de Deus. Ademais, por um lado,
a passagem definitivamente se previne contra uma interpretação mitológica. Por
outro lado, o tema de Gênesis 1 e 2 NÃO é a maneira como Deus criou, mas o fato
de que Deus criou, e que fez isso sem nenhuma matéria pré-existente (creatio ex
nihilo), em contraste com as crenças de outras religiões do Oriente Médio. Uma
diferença que salta das páginas do texto é a declaração “era bom”, acerca de tudo
o que foi criado, o impacto de tal afirmação precisa ser medido com a lembrança
de que Gênesis foi escrito num tempo em que a criação era qualquer coisa, exceto
boa, estava repleta de pecado e injustiça. A conclusão é que o mundo
pecaminoso, antigo e atual, não é frutoo da ação de Deus, mas da ação humana.

A Queda - A queda foi um evento que marcou a ruptura do ser humano. É quando
a autonomia do homem se divorcia da submissão a Deus, e a partir desse
momento a liberdade acontece separada da santidade.
Estabelecido pelo pecado, esse movimento excludente de liberdade e
autonomia, presentes no coração do ser humano, aparece nas páginas sagradas
história após história, o dilúvio é um exemplo revelador do coração:

“O dilúvio culmina no julgamento de Deus contra as pessoas rebeldes


do mundo. Na verdade, ao enfatizar a importância do dilúvio, é possível
reconhecer as conexões entre a narrativa da criação e a narrativa do
dilúvio; estabelecendo, desse modo, um padrão de três partes que se
move da Criação para a Não-Criação, e finalmente para a Re-criação
(Clines, p. 73-6). [...]

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[...] Em essência, o dilúvio dá um gigantesco passo para trás no


processo de criação. As águas retornam o mundo a um estado que
pode ser descrito como "sem forma e vazio" (Gênesis 1: 2). Em outras
palavras, há uma reversão da criação. Noé e sua família representam
uma ligação com a ordem da antiga criação, enquanto a linguagem da
aliança com Noé (9: 1-7) ecoa a linguagem de Gênesis 1: 2, de modo a
mostrar que Noé significa, de fato, um novo começo. As semelhanças
com os textos da criação incluem a ordem para multiplicar (9: 1,7), a
declaração sobre o homem feito à imagem de Deus (1: 26, 27), como
também as determinações de Deus para o restabelecimento dos ciclos
diários e sazonais (8: 22). A narrativa da Torre de Babel parece um
anticlímax. Essa passagem curta e artisticamente definida
(Fokkelman), no entanto, é precursora da história de Abraão quando o
foco da narrativa passa do mundo inteiro para uma pessoa que
fundará uma nova nação”.

XII Narrativas Patriarcais


Originalmente, o texto bíblico une as narrativas. As divisões que fazemos
são artificiais, e possuem objetivo didático. Observe como Gênesis 38 une as
narrativas patriarcais com a história de José. Para efeito de análise, porém,
trataremos às duas partes separadamente.
Gênesis 11: 27-32 (a conclusão para a genealogia em Gênesis 11: 10-26)
fornece a ligação entre a história inicial e a narrativa patriarcal ao contar sobre a
saída de Abraão de Ur para Harã, em companhia de seu pai. Foi em Harã que
Deus falou a Abraão, fazendo essas palavras ecoarem por toda a Bíblia:

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“Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, e vai


para a terra que te mostrarei; De ti, farei uma grande nação,
e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma
bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei
os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as
famílias da terra.” (Gn 12: 1-3)

Deus prometeu a Abraão uma descendência numerosa, que formaria uma


nação poderosa. A própria ideia de povo carrega consigo a necessidade de uma
terra para esse povo. A promessa tanto sinaliza a criação de uma nação, quanto
instrui que ele e a sua descendência receberiam do Senhor a dádiva da terra. E
ser abençoado por Deus também significava que Abraão serviria ainda como um
veículo da benção de Deus aos outros. Com base nessas promessas, Abraão
deixou Harã em direção à Palestina, as narrativas seguintes apresentam o tema
recorrente do cumprimento dessas promessas e a reação dos patriarcas a elas.
A vida de Abraão destaca em particular a sua fé oscilante a respeito da
capacidade de Deus em cumprir suas promessas, e cada um dos episódios de sua
vida pode ser lido como uma reação às promessas de Deus, por exemplo, quando
primeiro chegou à Palestina, Abraão encontrou um obstáculo ao cumprimento da
promessa da terra, quando a região passava por fome, obrigando-o a fugir para o
Egito (Gênesis 12: 10-20). Nesse ponto da história, o patriarca obviamente não
cria que Deus se preocupava com ele, isso fica claro quando ele obriga Sara a
mentir sobre seu parentesco e relação com ele para salvar a própria vida.
Em contraste, na próxima história (Gênesis 13), Abraão respondeu com
serena confiança que Deus era com ele, e concedeu tamanha prosperidade a ele e
Ló, seu sobrinho, que precisaram procurar pastagens separadas. A narrativa
sobre Abraão e Ló demonstra o caráter do patriarca.

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Abraão poderia ter se apegado à promessa que Deus lhe fez (sobre a terra) e ter
reivindicado o direito de escolher primeiro, em vez disso, permitiu ao sobrinho
escolher. Ló escolheu a melhor terra, a região ao redor de Sodoma e Gomorra (um
leitor atento relacionaria imediatamente essa referência a Gênesis 18), Abraão
não hesitou e concedeu a Ló a posse da melhor terra.
Porém, esse não é o fim da história, mais tarde, Abraão deixou
transparecer a sua crescente falta de confiança na capacidade de Deus para
cumprir as promessas, e tentou alcançá-las usando os meios comuns no antigo
Oriente Médio de se constituir família, devido à esterilidade (Gênesis 15:3), adotou
um escravo nascido em sua casa, após a prática do concubinato. Mas apesar dos
erros cometidos, Deus, em sua graça, vai a Abraão diversas vezes, a fim de
confirmar a intenção de cumprir suas promessas (Gênesis 15, 17 e 18), e ao
esperar a chegada da extrema velhice de Abraão e Sara para lhes dar um filho,
Deus mostra que a criança é realmente um presente divino, Isaque não é o
produto das faculdades humanas.
Depois do nascimento de Isaque, Abraão finalmente demonstra que atingiu
uma profunda confiança em Deus, em Gênesis 22, Deus ordena a Abraão que leve
o filho da promessa ao monte Moriá, para sacrificá-lo. Abraão demonstra que
agora confia plenamente em Deus, e nesse momento a narrativa informa ao leitor
que Abraão, em silêncio e sem reclamar, obedeceu à ordem de Deus. O leitor é
levado a fazer a conexão entre esse monte do sacrifício, Moriá (Gênesis 22: 2), e o
local de construção do futuro templo (2 Crônicas 3: 1).
Os patriarcas ilustram ao leitor o que é uma vida de fé, quem é Deus e o
que é intimidade com Ele. Mostram como a precariedade humana pode ser
suportada, e até superada, pela relação com o Altíssimo.

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XIII História de José


A história de José difere em estilo dos relatos anteriores, mas continua as
narrativas patriarcais, Deus supera os obstáculos para dar cumprimento à
promessa. Nesse caso, a família de Deus foi ameaçada pela fome, que poderia ter
facilmente dado fim às promessas. No entanto, Deus preservou maravilhosamente
o seu povo, e o próprio José nos oferece um quadro teológico pelo qual podemos
observar os eventos da sua vida. Depois da morte do pai, seus irmãos,
preocupados com uma possível vingança de José, procuram-no para pedir que
lhes poupasse as vidas. A resposta de José indica a sua consciência de que
somente Deus guia o curso da sua existência:

"Não temais; acaso, estou eu em lugar de Deus? Vós, na


verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o
tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se
conserve muita gente em vida." (Gn 50: 19-20)

O Senhor revela-Se na vida de José como um Deus que controla todos os


detalhes da história, de uma perspectiva humana, parece que José torna-se
vítima da má sorte quando ele é levado da Palestina ao Egito, e da casa de Potifar
para a prisão. De fato, a sua vida parece determinada por todos, menos por ele
próprio. São pessoas que desejam prejudicá-lo, como os seus irmãos e a esposa
de Potifar, entretanto, José sabe que Deus está por trás dos eventos da sua vida.
Além disso, José está ciente de que Deus invalidou as más intenções dos
outros, e o elevou a uma posição dentro do governo, para trazer salvação à sua
família e a continuação da promessa da aliança. O tema do Deus que reverte os
maus propósitos a fim de salvar o seu povo percorre todo o Antigo Testamento, e
talvez, mais explicitamente na narrativa de José:

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“Sem a túnica, sem ciúmes, sem ciúmes, sem trama. Sem a trama, José
não seria vendido. Se não fosse vendido não conheceria o Egito. Sem o
Egito, não conheceria a mulher de Potifar. Sem a mulher de Potifar,
não seria preso. Sem a prisão, não interpretaria o sonho. Sem a
interpretação do sonho, não se transformaria no governador do Egito.
Se não fosse governador do Egito, não haveria provisão no tempo de
fome, nem um lugar ao qual recorrer para seus irmãos. Sem a
provisão, os filhos de Israel não se multiplicariam no Egito, não seriam
escravizados, não se tornariam uma nação, não receberiam a lei. Sem
a lei, a idolatria não seria revelada. Sem a condição de o coração
humano ser desmascarado pela lei, sem cruz. Sem cruz, sem Cristo.
Sem Cristo, sem salvação!”²

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Bibliografia Sugerida
SCHAEFFER, Francis A. Gênesis no espaço-tempo. (Tradução de Josias Cardoso
Ribeiro Júnior. Brasília- DF. Editora Monergismo 2014)

CHESTER, Tim. Conhecendo o Deus Trino - Porque o Pai, o Filho e o Espírito


são boas novas. (Tradução Elisabeth Gomes - São José dos Campos- SP. Fiel
2016)

LEITHART, Peter J. Vestígios da Trindade - Sinais de Deus na experiência


humana (Tradução Leandro G.F. C. Dutra – Brasília –DF. Editora Monergismo,
2018)

PRICE, Randall. Manual de arqueologia bíblica (Thomas Nelson/ Randall Price e


H Wayne House. Tradução de Wilson Ferraz de Almeida- Rio de Janeiro: Thomas
Nelson. 2020)

KLEIN, William W. HUBBARD, Robert L Jr. BLOMBERG, Craig L. (Tradução de


Maurício Bezerra Santos Silva. 1 ed. - Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2017)

Manual bíblico vida nova (Editor geral: David S. Dockery; Tradução: Lucy
Yamakami. Hans Udo Fuchs, Robinson Malkomes. - São Paulo: Edições Vida
Nova, 2001)

DILLARD, Raymond B. Introdução ao Antigo Testamento (Raymond B. Dillard,


Tremper Longman III. Tradução Sueli da Silva Saraiva.- São Paulo: Vida Nova,
2006)

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