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Disciplina: Teologia sistemática II

Aula 6: Jesus Cristo, o Salvador


Apresentação

O anjo disse-lhe: ‘‘Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe
porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e
reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim”. Maria perguntou ao anjo: ‘‘Como se fará isso, pois não
conheço homem?’’. Respondeu-lhe o anjo: ‘‘O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua
sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus’’. (LUCAS 1, 30-35)

Acompanhamos até aqui a imagem do ser humano em sua criação no princípio. Sua formação inicial. Vimos também que,
feito inacabado e aberto à sua participação na própria formação, sua liberdade envolvia a possibilidade que se realizou em
pecar. No entanto, Deus não o abandonou.

Veremos, nesta aula, como Deus foi preparando personalidades que corporificaram a mudança necessária para formar seu
povo – os patriarcas – e como a vida de cada um deles, em Israel, e as alianças e promessas estabelecidas influenciaram na
chegada de seu filho.

Em Jesus Cristo, há a revelação de quem é o homem. Aqui, teremos a formação de uma nova criação, que começa na
configuração de cada um como filho de Deus e traz a perspectiva escatológica como o fim dessa criação.

Objetivos

Relacionar a história de Israel com a pedagogia de Deus;

Identificar aspectos da vida de Jesus na configuração de uma nova humanidade;

Verificar a importância da mulher na Bíblia.


Israel e a pedagogia de Deus
A história de Israel é a história de interpelações de Deus, que forma o seu povo. Tendo à mão um tempo incontável, precisa sua
ação em intervenções pontuais. Entre tantas pessoas, escolhe as muitas vezes questionáveis, mas de uma capacidade de
resposta inesperada.

A iniciativa é sempre de Deus em intervenções que envolvem condições vitais, em que vida e morte precisam ser distintas.
Através de seus escolhidos, Deus educa seu povo em direção à abertura enquanto humanidade, estabelecendo relação entre
promessa e aliança, prometendo um futuro de relação íntima com a humanidade. Com a aliança, insere o povo na dinâmica da
realização, antecipando o futuro no cotidiano. Para essa aliança, um sinal externo destaca Israel frente às nações.

 (Fonte: Hasmat18 / Shutterstock).

Conheça os exemplos das passagens bíblicas que demonstram como Deus, por meio de suas interpelações formou seu povo,
tendo a história de Israel como pano de fundo.

Jardim do Édem Serpente Arca de Noé Terra prometida


Em Gênesis 1-2, o jardim aparece Gênesis 3, 15, há a superação da Em Gênesis 9, 8-17, é a vez de uma Em Gênesis 15 e 17, com Abraão, o
como lugar privilegiado, e a morte pela maternidade e, através humanidade renovada, renascida início do povo circunciso, pré-figura
formação da humanidade tem dela, a promessa da descendência das águas do dilúvio, tendo Noé e do novo povo. (Lucas 1, 72-73) Em
atenção especial do Criador, como que pisará na cabeça da serpente. sua família como referências. Êxodo 14-24, há a formação da sua
sua “imagem e semelhança”. identidade, distinta da demais pela
Lei.
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Nada foi dado de graça. Israel se envolve na própria formação. Consolidado, deseja ser rei. Seu espelho é de poder e posse. O
advérbio como é comparativo e utilizado como meio que faz Israel cair1 , deixando-se levar pelo pecado.

A Lei educa o povo, mas não remove o pecado. Israel se torna escravo e, em sua miséria, precisa se repensar frente à ostentação
e à escravidão aos ídolos em Babilônia, definindo sua identidade monoteísta com toda a força e reconhecendo faltas e limitações.
Entende que não tem mérito e pede a graça. Ao longo de Deuteronômio 9 e Ezequiel 36 percebemos esse diálogo que remete ao
reconhecimento de Deus.
 (Fonte: Andrey_Kuzmin / Shutterstock).

Deus se faz carne em Jesus


Na escrita e tradução do Novo Testamento em grego, o termo semita carne é compreendido como corpo, perdendo sua
profundidade de pessoa inteira. Em choque com o gnosticismo, o cristianismo desenvolve argumentos para anunciar Jesus como
homem e Deus, superando a concepção do corpo como mau e afirmando a composição da pessoa em dois elementos
estruturantes, o corpo e a alma (Mateus 10, 28), bem como a sobrevivência dessa alma mesmo na morte.

Contra inúmeras heresias, o desenvolvimento da cristologia auxilia na compreensão tanto de Jesus Cristo como da pessoa
humana.

Ao revelar-se como Filho, Jesus responde à pergunta:

Quem é o homem?

 (Fonte: graphic-line / Shutterstock).

A Encarnação
A Criação é realizada do nada, a partir da Palavra criadora de Deus. E agora essa Palavra toma a nossa carne, faz-se um de nós,
como nós.

Em Lucas 1, 26-38, acompanhamos a narração da Encarnação, o encontro do divino com o humano no Emanuel, da ação do
Espírito Santo na resposta de Maria.
Importante destacarmos a pessoa nesse diálogo com o anjo Gabriel, pois Deus não
nos trata como objetos, desrespeitando nossa liberdade frente a seus desígnios.

Deus escolhe uma mulher, de uma cidade desprestigiada


(João 1, 46), que “não conhece homem” (Lucas 1, 34), mesmo
estando casada (Mateus 1, 18), e lhe envia pessoalmente um
mensageiro.

Vejamos as expressões do versículo 28:

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Gratia plena 

A maior dignidade que uma pessoa pode ter é de trazer a graça em si. Em
Maria, temos a plenitude do ser mulher que, como prefigurada em Eva, está
relacionada à maternidade. Não é instrumentalizado nem foco de uma
sociedade autoritária. No sim de Maria, a liberdade de assumir o cuidado da
pessoa, a formação da próxima geração. E, se considerarmos de quem se trata
este Filho, temos um momento singular de revelação sobre quem é a mulher e
quem é essa mulher (Lucas 1, 43).

Senhor é contigo 

Ele não está, Ele é. “Eu sou”, de Êxodo 3, 14 e João 8, 58. A partir de Maria, Deus
é na humanidade. “Fruto do seu ventre” (Lucas 1, 42), a vida humana recebe a
plenitude de seu valor, traz a dignidade do próprio Deus assumido na própria
carne. A relação entre o Deus que é e a humanidade que se abre plenamente é
realizada. Deus não só entra na história mas também lhe dá sentido visível e
escondido.
A vida escondida: o trabalho
O trabalho para o hebreu é sua identidade, dignidade e
continuidade. O menino aprende com seu pai a partir de cinco
anos. Assim, com José (Mateus 13, 55), Jesus se faz
carpinteiro (Marcos 6, 3).

Ao trabalhar, servimos aos demais:


Na solidariedade entre o homem e a criação;
No autodomínio na disciplina diária (Romanos 8, 18-22).

Fazendo-se homem e assumindo uma atividade laborativa,


Jesus, situando-a como dignidade humana, santifica a
vida de cada dia pela qual Deus é descoberto e amado.

Referência de dignidade, o trabalho é santificado por Jesus em algumas funções2 .

Temos ainda o trabalho na superação das relações familiares e o labor de todos em prol de todos. A divisão e o confronto de Gn 3,
12.16 são interpelados na educação dos filhos (e não mais a si próprios).

A vida pública e a mulher


A vida pública de Jesus revela a pessoa humana, sendo indiscutível sua atuação junto às mulheres. Elas são presentes nas
assembleias, o que não ocorre nos povos vizinhos. Matriarcas e heroínas do Antigo Testamento são modelos de fé, mas o status
social restringe essas relações ao âmbito privado.

O “no princípio” de Mateus 19, 4 e Mc 10, 6 é referência na reflexão cristã. Jesus não participa da lógica jurídico-casuísta e se
reporta a Gênesis 1, 27 e 2, 24 como princípio de unidade da Palavra de Deus em sua revelação anterior à queda. Ele leva a
discussão para o mistério da criação de uma humanidade dual na responsabilidade prefigurada de Cristo e da Igreja. (Efésios 5,
21-33)
Nos evangelhos, a mulher participa em diferentes momentos:

É discípula nas irmãs de Recebe a mensagem da É elogiada publicamente É perdoada


Lázaro ressurreição (Mateus 15, 28) (Lucas 7, 47)

(Lucas 10, 38-42) (João 11, 21-27)

É protagonista de É valorizada em sua É curada É revivida


parábolas identidade hebreia (Marcos 1, 30) (Marcos 5, 41)

(Lucas 13, 11-16)

Acompanha Jesus pelas cidades e É elogiada em sua generosidade Recebe memória definitiva pela
aldeias, assistindo com seus bens ainda que viúva demonstração de seu amor
(Lucas 8, 1-3) (Lucas 21, 1-4) (Mateus 26, 6-13)

Comentário
Percebemos como Jesus supera o entendimento, levando a reflexão para o princípio. Em João 8, 3-11, temos a mulher
surpreendida em pecado e a defesa de Jesus em seguida. O chamado que faz não seria referência a abusos e injustiças
masculinos? À memória de Gênesis 3, 12, que vê na mulher o próprio pecado? A acusação não foi fruto do desejo, do homem que
não se assume como corresponsável e se aproveita da miséria social? Afinal, a mulher não teria pecado sozinha - e sua posição
social a coloca facilmente como passível de assédio.

Abandono da maternidade, violência doméstica, adultério no coração (Mateus 5, 28), tantas agressões: até que ponto a
mensagem evangélica foi realmente recebida e acolhida?

 (Fonte: cash1994 / Shutterstock).

A entrega pela humanidade


O quarto evangelho situa a cruz como origem da fé em Jesus, lugar em que Deus se torna compreensível.

É Pilatos quem proclama Jesus como:

Rei dos Reis (João 19, 19);


Ecco Homo (“eis o homem”) em unidade de Palavra, missão e existência (João 19, 5).

Atenção
No ato de total abandono, de radical solidão, ouvimos sua oração do Sl 22 (Mateus 27, 46ss) ao enfrentar a morte, terminando
com o abandono confiante em Deus (Lucas 23, 46). De João 1, 1 até o final, o Verbo Encarnado é o Cordeiro de Deus, o sacrifício
da Páscoa judaica que toma em si o fundamento de uma liberdade ampla, total e irrestrita.

Em seu esvaziamento (kênosis), em plena obediência ao Pai, assume a cruz como trono, em redenção universal, encontro da
aliança salvífica de Deus à resposta humana (João 3, 16; 6, 40; 17, 6).

Filho sofre a miséria dos pecadores: a separação de Deus. Desce ao inferno e o converte em mistério de salvação, tomando sobre
si e transformando-o. O poder mais que humano é absorvido e ordenado a Deus. Aqui o homem vê a responsabilidade frente a
uma solidão eterna, o que lhe exige uma decisão.

A cruz é elemento estruturador e ordenador da humanidade e da história. É a árvore da


vida de Gênesis 2, 9, caminho para a eternidade que deve ser percorrido na certeza de
que não se está nele.

Maria3 é citada:

Nas bodas de Caná (João 2, 1-11);


Aos pés da cruz (João 19, 26);
Na continuidade de seu “sim” a Deus que permanece
contra toda evidência.

 (Fonte: IgorZh / Shutterstock).


Uma nova humanidade
A antropologia teológica encontra referência na antropologia cristológica, na confissão de fé que se faz no encontro pessoal com
Jesus Cristo, fundamento da pessoa humana. Em João, temos a cruz como lugar de cumprimento da Escritura e da glória de
Deus anunciada na Encarnação. É lugar de encontro com o Tu, em que o homem (eu) dialoga com Deus (Tu) no amor que abre a
porta da eternidade.

A partir da cruz, o homem de todos os tempos, revelado em sua solidão, abandonado em sua dor, é interpelado a se ver em Jesus
crucificado e, com Ele, ousar conversar com o Pai e Nele confiar. Já não está mais sozinho, pois tem um como ele que fala por ele
e quer falar nele.

O sentido humano na cruz

Compreender quem é o homem é considerar que antropologia


e escatologia convergem a partir da cristologia. Em Jesus
Cristo, tornamo-nos Sua imagem e semelhança, em um
caminho histórico de aprendizagem no qual somos
surpreendidos com a imagem do Crucificado4 .

 (Fonte: design36 / Shutterstock).

Atenção
João vê Deus através da dor e do abandono, de alguém que se entrega totalmente a nós - e em nós. Em Jesus Cristo, Deus é - e
entendemos quem somos. Não fomos criados para a morte, e sim para a plenitude – realidade que revoluciona a história hoje e
sempre.

Eu e Tu, o homem e Deus


Jesus Cristo, morto por nós, ressuscita para que Nele também possamos ressuscitar.

Fonte: Romanos 6, 8.

No sentido que o Filho dá, temos a ressurreição da pessoa


inteira para um mundo novo, em um mistério que ultrapassa
nossa compreensão, só podendo ser reportado através de
símbolos.

Sendo a única criatura que Deus quis por si mesma e para a


qual fez toda a criação (Gênesis 1-2), o ser humano é amado
mesmo que corra o risco de substituir essa esperança por
ídolos ou questões secundárias.

O amor de Deus ordena a humanidade:


Na afirmação de sua No chamado Na eternidade No Deus que oferece,
dignidade ao diálogo do Eu-Tu aguarda e espera

É o princípio vital a ser perpassado pelo pneuma (Espírito) para poder entrar na glória
de Deus (1 Coríntios 15, 44-46), aguardando a ressurreição universal do último dia
(João 5, 28-29), na salvação que envolve a ação junto aos demais, vendo nos solitários
e abandonados a presença do Crucificado (Mateus 25, 35-46).

Ressuscitar para a Vida


Na manhã de domingo, as mulheres encontram o Ressuscitado. João atestou sua confiança junto à glória da cruz (João 19, 25).
Jesus ainda nos oferece a seguinte síntese teológica através de Maria Madalena:

“Meu Pai e vosso Pai, Meu Deus e vosso Deus”


(JOÃO 20, 17)

Nos sinóticos, elas são as primeiras:

A ouvirem o Senhor (Mateus 25, 5);


A se colocarem a seus pés (Mateus 25, 9);
A serem responsabilizadas com o anúncio da
Ressurreição aos apóstolos (Mateus 28, 1-10; Lucas 24,
8-11).

 (Fonte: ArtMari / Shutterstock).

Na Ressurreição, percebemos que a maternidade não é limitada a uma restrição biológica, e sim tornada espiritual e modelo de
ação do cristão (Lucas 1, 35; Romanos 8, 4). Paulo (Gálatas 4, 19) assume a imagem feminina5 para descrever seu apostolado,
expressando o conceito de Igreja enquanto mãe dos crentes.

Comentário
Gênesis 3, 15 apresenta a confiança de Deus, que partilha seus filhos com a humanidade, em um sacerdócio universal. Da
maternidade guardada, em referência à espera do Messias, no Antigo Testamento, à maternidade espiritual do Novo Testamento,
que se torna a antecipação do estado definitivo da humanidade (Mateus 22, 30; 1 Coríntios 15, 20-28).

O Encontro com o Amigo


Em Jesus Cristo, há a realização da humanidade, o encontro da graça com a justiça de Deus: a vitória sobre a morte, o encontro
dos justos do Antigo Testamento com o Senhor.


Permanecei no meu amor.

Fonte: João 15, 9.

Situa a justiça como forma fundamental do amor, associando-a ao juízo. Não é um processo natural para o qual caminha a
humanidade, mas algo correlato à relação entre o dom e a liberdade de acolhê-lo e à responsabilidade de posicionamento frente a
Deus.

A Teologia Medieval, com seu dualismo e moralismo, exaltou o Dies Irae em detrimento do Maranatá6 . As imagens cosmológicas
usadas na Sagrada Escritura nos mostram que o amor não pode tolerar o mal indefinidamente e que precisa ser salvaguardado
pela justiça – os que sofrem a injustiça deste mundo esperam a justiça de Deus como momento de realização de uma promessa.

A Sagrada Escritura é consciente da impossibilidade de descrever a última realidade humana, utilizando analogias de imagens que
não dizem tudo e que precisam ser muito bem interpretadas.

A unidade entre o Ser e o Agir


O mistério até então inconcebível de um Deus-Amor se revela na filiação divina de Jesus. Recriando a pessoa humana pela morte-
ressurreição, envia o Espírito para congregar a humanidade em uma família sobrenatural, um Novo Povo, o Corpo de Cristo.

O mundo não é somente o material, lugar no qual se desenvolve a existência humana. É o próprio ser humano no sentido de si. O
fim, o escathon, é um evento antropológico, o fim da história, em que Deus, vulnerável frente às dores e ao sofrimento da pessoa
humana, deseja que ela se encontre acolhida definitivamente.

Nele: primado do Logos, na convicção de que amar é divino, em noção cristã da Onipotência que se expressa em sua realidade
quando consideramos o presépio e a cruz.
O Ser cristológico, o Logos, apresenta o caminho para a nova humanidade: a Verdade
é Deus, e essa Verdade fundamenta o agir humano em uma realidade que apresenta o
que é propriamente humano. O nós, a comunhão entre os seres humanos, situa a
realidade como lugar, e não como ideia. O eu se orienta entre o Tu e o nós, é o
caminho da vida, em sentido de adoração comum.

Uma antropologia teológica séria exige renúncia, sacrifício, estudo, tempo, lendo a Sagrada Escritura no Espírito com que foi
escrita: a fé de um povo peregrino, formado nas inter-relações da humanidade dual, rumo ao fim da história em Deus, uma
realidade em unidade entre Palavra e Verbo.

Atividade
1. Correlacione a segunda coluna de acordo com a primeira, considerando as características da pessoa humana que podemos
identificar nos textos bíblicos:

1. homem e mulher, imagem e semelhança de Deus


a. Gênesis 15-17

2. liberdade humana para negar a Deus b. Neemias 9

3. ser humano integrante de um povo c. Lucas 1, 35

4. identidade relacionada à identidade de seu povo d. Gênesis 1, 27 - 2, 24

5. projeção do pecado na história e. Mateus 26, 10-13

6. reconhecimento enquanto pecador f. Êxodo 14-24

7. esperança na vinda do Salvador g. Marcos 6, 3

8. humanidade e divindade no Emanuel h. Gênesis 3, 1-7

9. santificação pelo trabalho i. Miquéias 5, 2

j. Oséias 14, 1
10. o amor da mulher e a indiferença do homem

Notas

Israel cair 1

Os altos impostos para a construção do Templo de Jerusalém comprometem a sobrevivência de muitos, multiplicando viúvas e
órfãos. O reino é dividido em Norte (Israel) e Sul (Judá) em 931 a.C. Perdem os israelitas sua unidade e força, sendo dominados
por nações estrangeiras. O Norte, pelos assírios (722-621 a.C.); o Sul, pela Babilônia (587-538 a.C.).
Funções 2
Referência de dignidade, o trabalho é santificado por Jesus nas seguintes funções:

Pastor (João 10, 11.14);


Vinhateiro (João 15, 1);
Médico (Marcos 2, 17);
Semeador (Marcos 4,3).

O apostolado é comparado à ceia (Mateus 9, 37; João 4, 38) e à pesca (Mateus 4, 19). Tida como sofrimento, a ação do “suor do
rosto” (Gênesis 3, 19) é entendida pela participação nos planos de Deus nas seguintes funções:

Lavrador do campo (Lucas 9, 62);


Dona de casa (Lucas 15, 8);
Atividade financeira (Mateus 25, 14-30).

Maria 3

Assim como Maria, as mulheres (João 19, 25; Mateus 27, 55) aparecem no caminho do Calvário (Lucas 23, 27-28) e mesmo junto
a Pilatos (Mateus 27, 19).

Crucificado 4

Em Jesus esvaziado na cruz, a humanidade pode ouvir o Tu e responder ao amor de Deus com o risco da liberdade humana. O
cristão olha o Crucificado e “vê” até onde sua capacidade de destruição o pode levar, mas também que o amor é infinitamente
maior no chamado permanente a aceitar que, ainda que o mal pareça levar vantagem, Deus está aguardando o seu momento de
agir.

Aqui temos o humanismo mais radical, em que descobrimos a verdadeira face humana em Jesus de Nazaré, a mesma na qual o
ser humano é chamado a se espelhar. “Creio em Ti” é encontrar o caminho da Vida no carregar a cruz para a crucificação.

Imagem feminina 5

A dignidade da mulher é elevada ao dom de acolher e transmitir a Verdade de Deus (Lucas 8, 1-3). Estão presentes em
Pentecostes (Atos 1, 14; 2, 1-3), na vida da Igreja nascente (Romanos 16, 1; 2 Timóteo 4, 19; Filemom 2), na referência da família
(Provérbios 31, 10-26) e em toda a história.

Com a mulher, a humanidade encontra sua unidade, a família humana, expressando na família doméstica o mistério de união de
Cristo (marido) com sua Igreja (esposa). (Efésios 5, 23-33)

Maranatá e Dies Irae 6

São duas faces do mesmo evento em uma escatologia performativa – o Juiz é Aquele que caminha conosco, não um estranho.
Morrer é estar com Cristo (Filipenses 1, 23), situando a pessoa humana no Ser de Deus. O mistério da cruz de Cristo vence o mal
indo ao encontro dos últimos, aos destruídos em si na realidade do amor.

Terra Prometida

Caminhada em que o povo murmura (Números 21, 5) e quebra a aliança (Êxodo 32; Deuteronômio 9). Na conquista da Terra
Prometida, é preciso formar uma identidade de nação pela fé, enfrentando medos e limitações para realizar a promessa da posse
da terra.
Referências

GRUDEM, W. Teologia sistemática. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2017.

HACKMANN, G. L. B. Jesus Cristo, nosso redentor: iniciação à cristologia como soteriologia. Porto Alegre: EdiPUCRS, 1999.

LADARIA, L. F. Introdução à Antropologia Teológica. 7. ed. São Paulo: Loyola, 2014.

MARTINS. J. G. (Org.). Teologia sistemática. Curitiba: Intersaberes, 2015.

RATZINGER, J. Introdução ao Cristianismo. 8.e d. São Paulo: Loyola, 2015.

RUBIO, A. G. O encontro com Jesus Cristo vivo: um ensaio de cristologia para nossos dias. 11. ed. São Paulo: Paulinas, 2007.

TILLICH, P. Teologia sistemática. São Leopoldo: Sinodal, 2005.

Próxima aula

Natureza divina de Jesus;

Natureza humana de Jesus;

O testemunho da Escritura.

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A leitura de Agostinho é sempre enriquecedora. No livro Confissões


<https://sumateologica.files.wordpress.com/2009/07/santo_agostinho_-_confissoes.pdf> , ele nos conta como sua vida foi
sendo configurada à de Jesus Cristo, oferecendo uma referência do processo propriamente humano.;

Outros textos de Agostinho <https://onlinecursosgratuitos.com/12-livros-gratis-de-santo-agostinho-para-baixar> são


inspiradores para compreender a relação entre a pessoa humana e Deus, relação a partir da qual a pessoa vai se formando.
Você pode encontrar suas obras em várias páginas na internet.

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