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Formação em Teologia

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Formação em Teologia

Livros Proféticos: Introdução à profecia e ao ministério profético


(parte 1)

Profetas - O surgimento do ministério profético ocorre aproximadamente


em 800 a.C. e está relacionado à monarquia, onde o papel do profeta era denunciar
a corrupção, tanto das lideranças quanto do povo, e seu desvio do caminho do
Senhor. Exatamente por essa característica podemos datar o ministério profético
no período pré exílico, estendendo-se por todo o período do exílio, terminando junto
ao fim do exílio, e posterior retorno à Israel.

“Nos momentos em que Israel, gravemente, se desviou para a idolatria, Deus


enviou profetas para anunciar os seus planos para o povo. Ainda que a sua
proclamação geralmente produziu “predição” (previsões sobre o futuro), a sua
atividade principal era a “transmissão” (anúncio de julgamentos divinos iminentes
no presente ou no futuro próximo).” (Klein, Blomberg, Hubbard Jr.)

O equívoco comum é pensar que o cerne do ministério profético é o anúncio


do futuro, ao contrário do senso comum, precisamos considerar que o ministério
profético nasce no coração de Deus, primeiramente, como um cuidado com seu
povo, isto é, um Deus que está preocupado com o caminho que o povo tem seguido.
O profeta é alguém que compartilha essa preocupação, seja com os desvios do
povo, seja a devida observância da lei, ou a preocupação com a aliança de Deus e
Sua honra, o profeta é alguém que se ocupa com a justiça e o reino de Deus, uma
preocupação compartilhada entre Deus e profeta, como é perceptível no diálogo
entre Deus e Samuel:

“E disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus
caminhos; constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como
o têm todas as nações. Porém esta palavra pareceu mal aos olhos de Samuel,

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quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao Senhor. E
disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não te
têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles.
Conforme a todas as obras que fizeram desde o dia em que os tirei do Egito até ao
dia de hoje, a mim me deixaram, e a outros deuses serviram, assim também fazem
a ti. Agora, pois, ouve à sua voz, porém protesta-lhes solenemente, e declara-lhes
qual será o costume do rei que houver de reinar sobre eles. E falou Samuel todas
as palavras do Senhor ao povo, que lhe pedia um rei. E disse: Este será o costume
do rei que houver de reinar sobre vós; ele tomará os vossos filhos, e os empregará
nos seus carros, e como seus cavaleiros, para que corram adiante dos seus carros.
E os porá por chefes de mil, e de cinqüenta; ...
... e para que lavrem a sua lavoura, e façam a sua sega, e fabriquem as suas
armas de guerra e os petrechos de seus carros. E tomará as vossas filhas para
perfumistas, cozinheiras e padeiras.E tomará o melhor das vossas terras, e das
vossas vinhas, e dos vossos olivais, e os dará aos seus servos. E as vossas sementes,
e as vossas vinhas dizimará, para dar aos seus oficiais, e aos seus servos. Também
os vossos servos, e as vossas servas, e os vossos melhores moços, e os vossos
jumentos tomará, e os empregará no seu trabalho.” (1 Samuel 8:5-16)

Essa preocupação apontava na direção da relação entre a nação e seu rei,


pois, uma vez que o povo lhe devia submissão, o risco era que o rei se corrompesse
e o povo seguisse seus passos. O profeta era o atalaia que, tanto denunciava os
desvios do rei e do povo, como sinalizava o retorno à aliança com Deus. Porém,
quando pensamos no ministério profético, vemos que a mensagem produz um
impacto poderoso e significativo na vida do profeta, mas que não acontece na vida
das pessoas que o ouvem. Além disso, cada profeta e cada profecia produziram um
efeito único, e por isso estudaremos alguns padrões de profecias.

Entendendo os padrões nos livros proféticos

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Profecia de Desastre:

“O gênero mais comum entre os profetas é a profecia de desastre, que era


um anúncio de um desastre iminente ou futuro, tanto para um indivíduo como para
uma nação inteira” (Klein, Blomberg, Hubbard Jr.)

Segue abaixo uma estrutura que nos serve como exemplo:

Comissão profética - geralmente, no "Vá encontrar-se com os


início das profecias encontramos uma mensageiros do rei de Samaria e lhes
orientação, como “Vá e diga.”, e um pergunte:”
chamado para ouvir: “Ouçam esta palavra”.

Indicação da situação - que revela a “Acaso não há Deus em Israel? Por


razão do desastre; que vocês vão consultar Baal-Zebube,
deus de Ecrom?”

Expressão do mensageiro “Por isso, assim diz o Senhor:”

Predição (anúncio do que vai “Você não levantará mais dessa


acontecer) cama e certamente morrerá.” (2 Rs 1:3,4)

Obviamente esse modelo não é fixo e encontramos muitas variações, os


autores Klein, Blomberg e Hubbard Jr. ensinam que a chave para interpretar esse
tipo de profecia é encontrar a predição, as indicações de situações e observar
quaisquer outros elementos que sejam significativos.

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Precatórias Proféticas - Outro tipo de profecia é a Precatória Profética, sua


estrutura é de um julgamento, o primeiro passo é uma espécie de preliminar do
processo convocando as testemunhas; o segundo passo é um interrogatório, Deus
se apresenta interrogando como juiz e acusador, no terceiro passo recorda-se os
benefícios que Deus trouxe para a vida do acusado (e as infidelidades desse réu); o
passo quatro é a declaração de culpa; e em último lugar, o processo não termina
com uma sentença propriamente dita, ao invés disso, temos uma ameaça, no
sentido de trazer consciência e mostrar que o castigo virá sobre os que andam fora
do caminho.
Mas por que não há sentença, e sim, uma ameaça? Por um lado, entendemos
que existe “absolvição para os crimes e criminosos” em Cristo Jesus. O profeta
convida a ouvir, faz a acusação, anuncia o castigo, coloca-nos em tribunal, chama
as testemunhas, interroga e nos provoca à consciência. No Novo Testamento, quem
crê está salvo e quem não crê está condenado, quando trazemos esse conceito
neotestamentário percebe-se que existe uma suspensão do veredito final (pena).
Por outro lado, a percepção de que existe uma ameaça é trabalho do profeta,
mostrando que a ameaça está intimamente ligada à justiça:

“...agora, pois, ouve a palavra do Senhor: Tu dizes: Não


profetizes contra Israel, nem fales contra a casa de Isaque.
Portanto, assim diz o Senhor: Tua mulher se prostituirá na
cidade, e teus filhos, e tuas filhas cairão à espada, e a tua
terra será repartida a cordel, e tu morrerás na terra imunda,
e Israel certamente será levado cativo para fora da sua
terra.’’ (Amós 7:16-17)

Ler os livros proféticos é entrar em contato com palavras duras de


reprovação e ameaça, pois o juízo de Deus não pode ser ignorado.

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Profecia contra as nações estrangeiras - Muitas profecias foram feitas


contra as nações vizinhas, em Israel havia a tradição dos “Oráculos de guerra”,
neles o povo consultava a Deus sobre questões bélicas, recebendo permissão e
orientação de como proceder em batalha, mostrando que o próprio Deus era o
comandante militar de Israel (e por isso um dos apelidos dEle é ‘Senhor dos
Exércitos’!).

“O homem de Deus foi ao rei de Israel e lhe disse: Assim diz


o Senhor: Como os arameus pensam que o Senhor é um Deus
das montanhas e não um Deus dos vales, eu entregarei esse
exército enorme nas suas mãos, e vocês saberão que eu sou
o Senhor." (1 Reis 20:28)

Os profetas de Israel, por vezes, também utilizavam as profecias de desastre


(que já vimos anteriormente) contra os povos inimigos, esse movimento tinha um
duplo significado, por um lado, anunciar a derrota dos inimigos, e por outro,
reafirmar a Israel que Deus é quem provê sua segurança. Veja o exemplo:

“A advertência do Senhor é contra a terra de Hadraque e


cairá sobre Damasco, porque os olhos do Senhor estão sobre
toda a humanidade e sobre todas as tribos de Israel, e
também sobre Hamate que faz fronteira com Damasco, e
sobre Tiro e Sidom, embora sejam muito sábias. Tiro
construiu para si uma fortaleza; acumulou prata como pó, e
ouro como lama das ruas. Mas o Senhor se apossará dela e
lançará no mar suas riquezas, e ela será consumida pelo
fogo. Ao ver isso, Ascalom ficará com medo; Gaza também se

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contorcerá de agonia, assim como Ecrom, porque a sua


esperança fracassou. Gaza perderá o seu rei, e Ascalom
ficará deserta. Um povo bastardo ocupará Asdode, e assim
eu acabarei com o orgulho dos filisteus. Tirarei o sangue de
suas bocas, e a comida proibida dentre os seus dentes.
Aquele que restar pertencerá ao nosso Deus e se tornará
chefe em Judá, e Ecrom será como os jebuseus. Defenderei
a minha casa contra os invasores. Nunca mais um opressor
passará por cima do meu povo, porque agora eu vejo isso
com os meus próprios olhos. Alegre-se muito, cidade de Sião!
Exulte, Jerusalém! Eis que o seu rei vem a você, justo e
vitorioso, humilde e montado num jumento, um jumentinho,
cria de jumenta.” (Zacarias 9:1-9)

Os “Ais”- Essa interjeição tem o objetivo de apresentar uma predição de


punição divina, sendo uma expressão de ira profética diante do comportamento
pecaminoso que, por vezes, encontramos nos livros proféticos:

“Ai de vocês que adquirem casas e mais casas, propriedades


e mais propriedades até não haver mais lugar para ninguém
e vocês se tornarem os senhores absolutos da terra. O
Senhor dos Exércitos me disse: ‘Sem dúvida muitas casas
ficarão abandonadas, as casas belas e grandes ficarão sem
moradores. Uma vinha de dez alqueires só produzirá um pote
de vinho, um barril de semente só dará uma arroba de trigo.’"
(Isaías 5:8-10)

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"Ai dos assírios, a vara do meu furor, em cujas mãos está o


bastão da minha ira!” (Isaías 10:5)

“Ai de você, destruidor, que ainda não foi destruído! Ai de


você, traidor, que não foi traído! Quando você parar de
destruir, será destruído; quando parar de trair, será traído.”
(Isaías 33:1)

"Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do


meu pasto! ", diz o Senhor.” (Jeremias 23:1)

“Ai da cidade sanguinária, repleta de fraudes e cheia de


roubos, sempre fazendo as suas vítimas!” (Naum 3:1)

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Observe abaixo a estrutura:

Declaração do Ai “Ai daqueles que planejam maldade, dos que


tramam o mal em suas camas!”

Explicação: Ofensas Afirmações básicas “Quando alvorece, eles o executam, porque


isso eles podem fazer…”

Ampliação “Cobiçam terrenos e se apoderam deles;


cobiçam casas e as tomam. Fazem violência
ao homem e à sua família, a ele e aos seus
herdeiros.”

Expressão de Mensageiro “Portanto, assim diz o Senhor:”

Predição “Estou planejando contra essa gente uma


desgraça, da qual não poderão salvar-se.
Vocês já não vão andar com arrogância, pois
será tempo de desgraça. Naquele dia vocês
serão ridicularizados; zombarão de vocês com
esta triste canção: ‘Estamos totalmente
arruinados; dividida foi a propriedade do meu
povo. Ele tirou-a de mim! Entregou a invasores
as nossas terras’. Portanto, vocês não estarão
na assembléia do Senhor para a divisão da
terra por sorteio.” (Mq 2:1-5)

Klein, Blomberg e Hubbard Jr. sintetizam esse gênero apontando que “O


efeito do gênero literário é ressaltar o juízo como caso encerrado e por meio do
sarcasmo desencorajar qualquer sentimento de pena por parte dos destinatários.”

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Cântico Fúnebre Profético - A relação construída nesse tipo de texto mostra que o
profeta se dirige à nação de Israel como se fosse um cadáver pronto para o enterro,
revelando o futuro doloroso que vai atingir o povo:

Chamado para ouvir “Ouça esta palavra, ó nação de Israel,


este lamento acerca de vocês:”

O Cântico fúnebre "Caída para nunca mais se levantar,


está a virgem Israel. Abandonada em sua
própria terra, não há quem a levante".

Expressão do Mensageiro “Assim diz o Soberano SENHOR:”

Predição "A cidade que mandar mil para o


exército ficará com cem; e a que mandar
cem ficará com dez." (Amós 5:1-3)

Disputa Profética - Do mesmo modo que estudamos no Livro de Jó, o


debate ou disputa faz parte da tradição israelita. Na disputa profética, o profeta
deseja convencer seus ouvintes a aceitar alguma verdade, tendo o objetivo de
facilitar a discussão a partir de duas ou mais perspectivas (como padrão).
Geralmente existem três partes, a primeira é afirmação ou apresentação da tese
em disputa, a segunda é afirmação do pensamento contrário, e por último os
argumentos reais em favor da tese ou conclusão (lembre-se que esses princípios
gerais podem aparecer de forma variadas):

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Série de perguntas “Duas pessoas andarão juntas se não estiverem de acordo?


O leão ruge na floresta se não apanhou presa alguma? O leão novo
ruge em sua toca se nada caçou? Cai o pássaro num laço se não há
nenhuma armadilha? Será que a armadilha do laço se desarma se
nada foi apanhado? Quando a trombeta toca na cidade, o povo não
treme? Ocorre alguma desgraça na cidade, sem que o SENHOR a
tenha mandado?” (Amós 3:3-6)

Conclusão “Certamente o Senhor Soberano não faz coisa alguma sem


revelar o seu plano aos seus servos, os profetas.” (Amós 3:7)

Lição “O leão rugiu, quem não temerá? O Senhor Soberano falou,


quem não profetizará?” (Amós 3:8)

Note que a disputa profética tende a caminhar para uma lição que deve ser
aprendida. A tese que Amós defende é que nada acontece sem uma causa, o que
se segue é que o pecado do povo vai encontrar sua consequência - o julgamento de
Deus.

Relato de visão profética - Os profetas do Antigo Testamento eram


conhecidos como videntes, uma palavra que pode gerar equívocos, e sobre isso,
veremos mais à frente o sentido real dessa palavra, quando estudarmos a
etimologia de algumas expressões. Por enquanto, nos importa saber que eles
tinham esse nome porque “recebiam visões”, como vemos em I Samuel 9:9; Amós
1:1 e 7:12; Miquéias 3:6-7. E algumas palavras são características desse gênero,
como “ver” ou “fez ver", “e eis que”, essas palavras marcam a realidade de que o
profeta recebe uma visão da parte de Deus.

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Liturgia Profética - A liturgia contém a organização do culto em forma de


texto, falado ou cantado, onde os personagens participam de forma responsiva (um
após o outro). O profeta usa a liturgia como parte de sua mensagem. A liturgia
cumpre o papel de apresentar um clamor a Deus, em Isaías 63 vemos a liturgia
acontecendo de forma responsiva, primeiro o profeta lembra os grandes feitos de
Deus no passado, e depois o povo responde rogando por misericórdia. Abaixo, um
exemplo diferente de liturgia profética no Livro de Jeremias:

Introdução “Esta é a palavra que o Senhor dirigiu a Jeremias acerca da


seca:” (Jr 14)

Descrição "Judá pranteia, as suas cidades estão definhando e os seus


habitantes se lamentam, prostrados no chão! O grito de Jerusalém
sobe. Os nobres mandam os seus servos à procura de água; eles vão às
cisternas mas nada encontram…”

Protesto “Embora os nossos pecados nos acusem, age por amor do teu
nome, ó Senhor! (…) Estás em nosso meio, ó Senhor, e nós pertencemos
a ti; não nos abandones!” (Jeremias 14:7-9)

Expressão do “Assim diz o Senhor acerca deste povo…”


Mensageiro (Jeremias 14:10)

Mensagem “Eles gostam muito de vaguear; não controlam os pés. Por isso o
Senhor não os aceita; agora ele se lembrará da iniqüidade deles e os
castigará por causa dos seus pecados." (Jr 14:10)

Normalmente o protesto é respondido com restauração e alívio (Profecia de


salvação), porém, especialmente nesse texto, o protesto é negado por Deus.

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Como já mencionado, há um padrão em cada tipo de profecia, apesar disso,


existe flexibilidade, esse fato pode ser comprovado no texto apresentado acima, em
que conseguimos notar dois tipos de profecia na mesma revelação. Diferente do
primeiro exemplo, em Isaías 63, onde a liturgia profética aparece de forma clara e
distinta, no texto de Jeremias a liturgia e a resposta de Deus funcionam como uma
profecia de desastre.

Profecia de Salvação - As profecias de salvação seguem a mesma estrutura


das profecias de desastre com a diferença de apresentarem um conteúdo positivo,
de esperança e salvação.

‘’Porém tu, ó Israel, servo meu, tu Jacó, a quem elegi


descendência de Abraão, meu amigo; Tu a quem tomei desde
os fins da terra, e te chamei dentre os seus mais excelentes,
e te disse: Tu és meu servo, a ti, escolhi e nunca te rejeitei.
Não temas, porque sou contigo; não te assombres, porque eu
sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a
destra da minha justiça. Eis que, envergonhados e
confundidos serão todos os que se indignaram contra ti;
tornar-se-ão em nada, e os que contenderem contigo,
perecerão. Buscá-los-ás, porém não os acharás; os que
pelejarem contigo, tornar-se-ão em nada, e como coisa que
não é nada, os que guerrearem contigo. Porque eu, o Senhor
teu Deus, te tomo pela tua mão direita; e te digo: Não temas,
eu te ajudo.’’ (Is 41:8-13)

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Hino Profético - Algumas vezes, para se expressar, o profeta usa o mesmo


recurso que encontramos nos salmos, os hinos, nesse caso, a expressão de louvor
está a serviço da profecia e a relação estabelecida é entre louvor e julgamento.
Dentro dessa perspectiva há duas possibilidades:

1) Expressão de louvor feita pelo profeta enquanto anuncia os juízos do


Senhor, com em Amós 4:12,13:

Juízo: "Por isso, ainda os castigarei, ó Israel, e, porque eu farei isto com você,
prepare-se para encontrar-se com o seu Deus, ó Israel.”

Hino: "Aquele que forma os montes, cria o vento e revela os seus


pensamentos ao homem, aquele que transforma a alvorada em trevas, e pisa sobre
as montanhas da terra; o Senhor, o Deus dos Exércitos, é o seu nome.”

2) O louvor a Deus pela restauração que viria depois da disciplina:

Hino: “Naquele dia você dirá: ‘Eu te louvarei, Senhor! Pois estavas irado
contra mim, mas a tua ira desviou-se, e tu me consolaste. Deus é a minha salvação;
terei confiança e não temerei. O Senhor, sim, o Senhor é a minha força e o meu
cântico; ele é a minha salvação!’ ...
… Com alegria vocês tirarão água das fontes da salvação. Naquele dia vocês
dirão: ‘Louvem ao Senhor, invoquem o seu nome; anunciem entre as nações os seus
feitos, e façam-nas saber que o seu nome é exaltado. Cantem louvores ao Senhor,
pois ele tem feito coisas gloriosas, sejam elas conhecidas em todo o mundo. Gritem
bem alto e cantem de alegria, habitantes de Sião, pois grande é o Santo de Israel
no meio de vocês.’" (Isaías 12: 1-6)

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Ações Simbólicas - O que são as Ações Simbólicas? São símbolos usados


pelos profetas para comunicar mais enfaticamente a mensagem. Oséias casa com
uma mulher de moral questionável. Em Isaías 20 o profeta anda nu, e os nomes dos
seus filhos servem como mensagem ao povo (e o profeta tinha essa consciência):

“Aqui estou eu com os filhos que o Senhor me deu. Em Israel


somos sinais e símbolos da parte do Senhor dos Exércitos,
que habita no Monte Sião.” (Isaías 8:18)

O simbolismo dos nomes reforçava a mensagem, e toda vez que o profeta


saía ao lado de seu filho, a mensagem era passada:

“Então o Senhor disse a Isaías: Saiam, você e seu filho Sear-


Jasube, e vão encontrar-se com Acaz no final do aqueduto
do açude superior, na estrada que vai para o campo do
Lavandeiro. Diga a ele: ‘Tenha cuidado, acalme-se e não
tenha medo. Que o seu coração não se desanime por causa
do furor destes restos de lenha fumegantes: Rezim, a Síria e
o filho de Remalias.’” (Isaías 7:3,4)

Sear-Jasube significa “Um remanescente retornará”. E a mesma coisa


acontece com o segundo filho:

“Então deitei-me com a profetisa, minha mulher, e ela


engravidou e deu à luz um filho. E o Senhor me disse: Dê-lhe
o nome de Maher-Shalal-Hash-Baz. Pois antes que o menino
saiba dizer ‘papai’ ou ‘mamãe’, a riqueza de Damasco e os
bens de Samaria serão levados pelo rei da Assíria." (Isaías
8:3,4)

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O nome do segundo filho pode ser traduzido como ‘’Pronto para o saque,
preparado para o butim’’ ou “Ativa-se a pilhagem, apressa-te em recolher os
despojos”. Essa palavra era direcionada à Israel, que, por conta da sua idolatria,
seria derrotada e saqueada pelo rei assírio, como vemos em II Reis 15: 29; 17: 3-6.
Outro ponto interessante é que alguns teólogos afirmam que a ação
simbólica tem um eixo:

1) Instrução de YHWH para realizar a ação;


2) Relato da execução;
3) Uma palavra de interpretação.

Na vida de Jeremias, por exemplo, vemos várias ações simbólicas para


comunicar a mensagem de forma dramática - o cinto de linho (13:1-11); o fato do
profeta não poder ter esposa (16:1-4); não poder comparecer em casas de luto e em
banquetes (16:5-9); a quebra do jugo no vale do filho de Hinom (19:1-13); os canzis
de madeira e de ferro (27–28); a compra da porção de terra em Anatote (32):

“Ao analisarmos as ações simbólicas dos profetas reparamos


que o propósito primário delas era a persuasão. Através de
suas etapas características e a utilização, muitas vezes, de
ações convencionais em contextos inovadores, tais ações
tinham a intenção de provocar a audiência. Os discursos
acompanhados das ações e a interpretação divina das ações
normalmente aparentam ter uma relação com o contexto da
aliança no Pentateuco. Mais especificamente, as maldições
da aliança.” (Lucas Alamino Martins)

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O ato profético é uma dramatização da mensagem, em que, segundo


Schökel, “o profeta profetiza em carne viva.”

Etimologia - Por que pensar na etimologia? Quando pensamos em livros


proféticos ou ministério profético, estamos falando de que personagem? Estamos
pensando num homem de Deus que fala com poder, alguém com visão que orienta
o povo, ou alguém que prevê o futuro? Ou estamos simplesmente pensando em
alguém que tem como função essencial comunicar a palavra?
Para se interpretar corretamente os livros proféticos é importante entender
que a palavra ‘’profeta’’ possui significados diversos, e assim, quando ele surge não
é um personagem fixo com características rígidas, mas é dotado de várias nuances.
Por exemplo, o profeta ou a profecia em 1 Crônicas 25:1-3 tem um sentido leve e
suave, pois a profecia ao som das harpas tranquiliza a consciência, porém, em
Jeremias e Ezequiel, a palavra designada para profeta ganha novos contornos, não
é a mesma usada em Crônicas, pois o profeta e a profecia trazem ao povo um
enfrentamento.

Então, quais as características dos profetas hoje? Nossos estudos podem


ajudar a perceber semelhanças e diferenças daquilo que entendemos ser um
profeta na atualidade. Quais são os meios de comunicação da profecia no A.T.? Ou
ainda, como um profeta recebia a mensagem? O profeta sempre inicia alegando
que recebeu algo (mensagem) de Deus e por isso está comunicando.
Necessariamente, o profeta é profeta porque “viu” e/ou “ouviu” por isso falou, e isso
é a essência do ministério do profeta.
Esse personagem possui uma visão diferente da realidade, por exemplo, se
pegarmos o Livro de Amós (3:9-11), ele confronta a consciência das pessoas,
refletindo sobre o estado da sociedade em que viviam e sobre porquê “o justo é
vendido por dinheiro e o pobre é trocado por um par de sandálias.” Sua provocação
mostra um país que não sabe fazer justiça, e a denúncia do profeta é um chamado

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à sociedade para enxergar o que não quer ver. Pense no profeta como alguém que
vê o que mais ninguém vê, por isso traz uma nova leitura da realidade. Pense no
profeta como o homem da palavra e da realidade.
Hoje, quando se fala sobre profetas, a conversa fica limitada pois esse tema
se restringe aos dons, perdendo a característica principal que é a “Fala profética”.
Por isso, é necessário profetas que não se limitem à questões secundárias, focados
na prioridade que é ser porta-voz de uma mensagem divina, pois ser profeta é ter
algo relevante a falar sobre a realidade e ajudar o povo de Deus a enxergar e se
posicionar. E pensando na fala de um profeta, pode-se perceber algumas fórmulas
em sua comunicação:

● ‘’veio a mim a palavra do Senhor‘’ (aparece 130 vezes);


● ‘’Disse o Senhor’’ (aparece 103 vezes);
● ‘’Assim diz o senhor’’ (aparece 425 vezes);
● ‘’Oráculo do Senhor’’ (aparece 365 vezes);
● ‘’Diz o senhor’’ (aparece 69 vezes);
● ‘’Fala o Senhor’’ (aparece 41 vezes).

O profeta do Antigo Testamento faz a denúncia pela justiça, como, por


exemplo, denunciar um povo que esqueceu de exercer misericórdia (pensando que
há distinção entre ministério profético e dom de profecia), e a etimologia da palavra
nos ajuda a entender que esse ministério é clamor por justiça, onde o clamor do
profeta é um anseio pelo retorno.
A seguir, vamos analisar as principais palavras que se referem a esse
personagem:

Ro'eh (Vidente) - O vidente não tem um sentido místico como temos hoje,
mas tem o sentido de enxergar, ver o presente e suas consequências futuras que
são ocultas aos demais, e por isso, o Ro´eh é chamado para resolver grandes

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ocorrências da nação e nunca para coisas simples, apenas questões de grande


relevância.
Essa palavra aparece 11 vezes no Antigo Testamento e não é uma das mais
usadas para se referir aos profetas, sendo usada em 1 Samuel 9:9 (“Antigamente
em Israel, quando alguém ia consultar a Deus, dizia: ‘Vamos ao vidente, pois o
profeta de hoje era chamado vidente”). O mesmo acontece em 2 Crônicas 16:7-10.

Hozeh (Visionário) - Também vemos a palavra “Hozeh” se referindo aos


profetas, com um sentido próximo ao de visionário, ela aparece 16 vezes no Antigo
Testamento, porém, seu sentido se divide em positivo e negativo, pois o visionário
pode ser do bem ou do mal. Positivamente, é alguém que
orienta o povo (essa palavra aparece em 1 Crônicas 25: 5 “Todos esses eram filhos
de Hemã, o vidente do rei. Esses lhe nasceram conforme as promessas de que Deus
haveria de torná-lo poderoso. E Deus deu a Hemã catorze filhos e três filhas.”).
E negativamente, como vemos no Livro de Miquéias 3:5-7 : “Assim diz o
Senhor: ‘Aos profetas que fazem o meu povo desviar-se, e que, quando lhes dão o
que mastigar, proclamam paz, mas proclamam guerra santa contra quem não lhes
enche a boca: Por tudo isso a noite virá sobre vocês, noite sem visões; haverá trevas,
sem adivinhações. O sol se porá e o dia se escurecerá para os profetas. Os videntes
envergonhados e os adivinhos constrangidos, todos cobrirão o rosto porque não
haverá resposta da parte de Deus."

'is' elohîm (Homem de Deus) - Outra expressão é ‘’homem de Deus’’, ela


aparece 76 vezes (só no Livro de Reis ocorre 55 vezes). Vemos um uso claro dessa
expressão em 1 Reis 20: 28 e 2 Crônicas 25:7-9. O homem de Deus é alguém que
traz a Palavra, com poder para transformar a realidade, pois quando ele fala as
coisas acontecem, visto que é a expressão da voz do Senhor.

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Nabi (Profeta) - Mais uma palavra usada é “Nabî ”, aquele que tem como
função básica comunicar a Palavra, sendo a mais recorrente (315 vezes) no Antigo
Testamento, pois esse termo e seu sentido são os mais comuns e usados ao se
referir à figura do profeta.

Cumprimento das Profecias

As profecias bíblicas não se limitam a predizer o futuro, e, quando se referem


ao futuro, existem muitas formas pelas quais as profecias se cumprem. Segundo
Klein, Blomberg e Hubbard Jr., esses cumprimentos são:

1. Cumprimento literal - são profecias que já tiveram o cumprimento


histórico (II Reis 7:1-2 ; Mt 16:21-27 ; Lc 19:41-44).

2. Cumprimento suspenso - aqui existe uma série de cumprimentos


incompletos que apontam para um cumprimento posterior ao próprio profeta, e
ainda é possível que a relação do tempo seja alterada (Is 44:28 ; Amós 9:11-15).

3. Cumprimento histórico figurativo - existe alguma realidade histórica,


mas não se exige um cumprimento histórico preciso, observe como Jesus aplica o
texto de Zacarias 13:7, o texto diz “...fira o pastor e as ovelhas se dispersarão.” Nas
palavras de Jesus isto se cumpre com a fuga dos seus discípulos após a sua prisão
em Mt 26:31, é possível perceber diferenças entre as palavras de Zacarias e a
interpretação de Jesus, o que nos leva a concluir que existia na profecia um sentido
figurativo (não exato nem literal).

4. Cumprimento histórico espiritual - em Amós 9:11-12 lemos a profecia


sobre a restauração da monarquia davídica, mas em Atos 15:16-17 o apóstolo Tiago
diz que o cumprimento é o acesso de crentes não judeus ao reino de Deus.

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5. Cumprimentos inesperados históricos - recebem um novo sentido ao


longo do tempo e o seu cumprimento pode ir além da profecia original. O exemplo
clássico é o servo sofredor em Isaías 52/53, ele era muito mais que um homem de
Deus e um significado novo apresenta o servo sofredor como o próprio Deus-
homem Jesus Cristo.

Consultar sobre o futuro ou conhecer a Deus?

Regularmente percebe-se um desejo no habitante do mundo antigo: saber


sobre o futuro. É curioso ver como o ser humano começa a desenvolver técnicas
para isso, por um lado temos o poder de Deus de revelar o futuro aos seus servos,
e pelo outro existe a tendência humana em desenvolver métodos para que isso
aconteça, sem pensar nas consequências. Criar e confiar em métodos está no cerne
da idolatria.
A revelação é progressiva, e, no surgimento do ministério profético, a
profecia e a adivinhação não tinham fronteiras muito claras. O desejo de quem tem
o coração contrito, de ouvir a voz de Deus, é bem distinto de curiosidade,
manipulação e presunção de quem quer dominar poderes espirituais, mas apesar
disso, esses dois trilharam caminhos muito parecidos, no texto a seguir percebemos
que os babilônios tinham o costume de consultar o fígado de um animal para tomar
decisões:

“Pois o rei da Babilônia parará no local donde partem as


duas estradas para sortear a escolha. Ele lançará a sorte com
flechas, consultará os ídolos da família, examinará o fígado.”
(Ezequiel 21:21)

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“E Eliseu lhe disse: ‘Traga um arco e algumas flechas’; e ele


assim fez. ‘Pegue o arco em suas mãos’, disse ao rei de Israel.
Quando pegou, Eliseu pôs suas mãos sobre as mãos do rei e
lhe disse para abrir a janela que dava para o leste e atirar. O
rei o fez, então Eliseu declarou: ‘Esta é a flecha da vitória do
Senhor, a flecha da vitória sobre a Síria! Você destruirá
totalmente os arameus, em Afeque.’" (2 Reis 13:15-17)

Observe nos textos acima que os instrumentos usados para consultar o


futuro são estranhos, no texto de Ezequiel o ímpio rei babilônio usou flechas, ídolos
e um fígado, no texto de Reis o profeta do Senhor usou flechas. Como se percebe,
por vezes, a forma de consultar se assemelhava, entretanto, o coração de místicos
e profetas eram diferentes.
No livro de Oséias encontramos mais um objeto curioso que era usado para
consultar (sobre) o futuro: um bastão (ou uma vara de madeira):

“O meu povo consulta o seu pedaço de madeira, e a sua vara


lhe dá resposta; porque um espírito de prostituição os
enganou, eles, prostituindo-se, abandonaram o seu Deus.”
(Oséias 4:12)

No Antigo Testamento, percebemos que o ser humano já tinha uma


preocupação com o futuro, e, ao buscar maneiras de prevê-lo, o habitante do
mundo antigo se deparou com um padrão simples e direto de respostas: ‘’Sim” ou
“Não’’, exemplificando, quando um povo queria fazer guerra contra outra nação,
consultava os oráculos para saber se deveriam, ou não, guerrear:

Pergunta: Subiremos para lutar contra os filisteus?


Resposta do oráculo: Sim.

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Pergunta:O Senhor irá conosco?


Resposta: Sim.

Vemos esse raciocínio até mesmo entre os sacerdotes, podemos ver o uso
de um conjunto de objetos especiais, chamados “Urim e Tumim”, que eram pedras
(runas) colocadas nas vestes sacerdotais para consultar a Deus em questões
difíceis de discernir naturalmente, e provavelmente essas pedras forneciam
respostas diretas às circunstâncias apresentadas, também “Sim” ou “Não”:

“Apresentar-se-á perante Eleazar, o sacerdote, o qual por ele


consultará, segundo o juízo do Urim, perante o Senhor;
segundo a sua palavra, sairão e, segundo a sua palavra,
entrarão, ele, e todos os filhos de Israel com ele, e toda a
congregação.” (Números 27:21)

“Consultou Saul ao Senhor, porém o Senhor não lhe


respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por
profetas.” (1 Samuel 28:6)

Entre muitas outras, podemos acrescentar algumas formas de se consultar


o futuro usadas na antiguidade:

- Oniromancia: interpretação de sonhos.


- Necromancia: consulta de mortos (fortemente condenada pelo texto
bíblico).
- Oráculos: como Urim e Tumim (e outros, desaprovados por Deus, como
bastão de madeira, árvores, fígado de animais, entre outros).

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Uma das grandes questões do mundo é “Para onde a humanidade está


indo?”. As pessoas sempre buscaram por elementos e fórmulas para obter um
conhecimento do futuro, e até mesmo Deus permitiu e usou isso (em respeito à
limitação e ignorância humana de épocas remotas). Sendo assim, as circunstâncias
e objetos estranhos nesses processos não podem, nem devem, ser entendidos de
forma mística, foram apenas um jeito didático usado por Deus para que a
comunicação fosse efetiva, num período em que o entendimento e a relação do ser
humano com o divino era muito nova e infantil e ainda subdesenvolvido. Repetir
tais métodos hoje, como flechas, runas e varas, é absolutamente artificial, estéril e
idólatra, além disso, Deus decide como se revelar e o que vai revelar, e não é uma
escolha humana. Sobretudo, hoje, Deus escolheu se revelar através do Seu Filho:

“Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias


maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas,
mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho, a quem
constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem
fez o universo.” (Hebreus 1:1,2)

A Bíblia é muito mais que um oráculo, é relacionamento! No oráculo, apenas


recebemos informações sobre o futuro, porém nossa mentalidade ao ler as
Escrituras precisa estar de acordo com o que nos ensina o escritor de Hebreus pois
no passado, a mentalidade de oráculo perguntava “O que vai acontecer?”, mas,
quando lemos a Palavra de Deus, a pergunta deve ser “Quem o Senhor é?”, para
conhecê-lo e prosseguir em conhecer.

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Bibliografia:

Price , Randall Manual de arqueologia bíblica Thomas Nelson/ Randall Price


e H Wayne House; tradução de Wilson Ferraz de Almeida- Rio de Janeiro: Thomas
Nelson. 2020
William W. Klein, Robert L. Hubbard Jr., Craig L. Blomberg; Introdução à
Interpretação Bíblica; tradução Maurício Bezerra Santos Silva. 1 ed. - Rio de
Janeiro: Thomas Nelson, 2017.
Manual bíblico vida nova/ Editor geral: David S. Dockery; tradução: Lucy
Yamakami. Hans Udo Fuchs, Robinson Malkomes. - São Paulo: Edições Vida
Nova,2001.
Dillard, Raymond B. Introdução ao Antigo Testamento / Raymond B. Dillard,
Tremper Longman III ; tradução Sueli da Silva Saraiva.- São Paulo: Vida Nova,
2006

SCHÖKEL, L. A. Profetas. Madrid, ES: Ediciones Cristandad, v. 1, 1980

MARTINS, Lucas Alamino Iglesias- ENCENAÇÃO E MALDIÇÃO: A


RELAÇÃO ENTRE AS AÇÕES SIMBÓLICAS DOS PROFETAS DA BÍBLIA
HEBRAICA E A ALIANÇA; Revista Vértices No. 18 (2015) Departamento de Letras
Orientais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade
de São Paulo.

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