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Livros Proféticos

por: Pr Leonardo Teixeira

BACHAREL LIVRE EM TEOLOGIA

Livros Proféticos – Parte 1

Falaremos a partir de agora sobre os profetas, maiores e menores,


e iniciamos a conversa compreendendo a estrutura simples, a
questão não é de valoração, mas é denominado profetas maiores
pois escreveram mais e profetas menores pois escreveram menos.
Já entendendo sobre a necessidade de pensar no contexto, na
forma e na escrita dos Livros Proféticos, vamos entender como eles
são escritos, sempre compreendendo o contexto e entendendo o
quanto isso pesa na hora de interpretar.

Os profetas vão aparecer mais ou menos no ano de 800 a.C, e o


contexto em que ele surge é o seguinte: antes dos exílios, antes do
povo sofrer a punição de quebrar a aliança e desobedecer, ou seja,
os profetas surgem num contexto de pré-exílio justamente para
tentar advertir e chamar o povo ao arrependimento para que o pior
não aconteça.

Ns pós-exílio ou dentro do exílio, o Ministério Profético se estende,


antes, durante e ao final, vemos assim, o declínio da atividade
profética. É um ápice e suavemente, um declínio. Basicamente
precisamos entender que esse movimento nasceu dentro de uma
estrutura de monarquia, e é importante saber disso pois os profetas
vieram justamente para denunciar que o povo estava se desviando
do caminho do Senhor, justamente aquela mesma monarquia que
na conversa entre Samuel e Deus, Samuel estava triste e Deus a
fala: ‘’mas eles não estão te rejeitando, estão rejeitando a mim’’, já
existia a ideia de que a monarquia não era um projeto de Deus, mas
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foi uma insistência do povo, pois ‘’todos os povos ao redor tem seu
rei, e nós também queremos ter o nosso rei’’, o profetismo é um
fenômeno totalmente ligado à monarquia, é uma voz que vem de
fora pois quando o rei se corrompia, a fé e a religião daquele povo
também se corrompia porque o povo ditava as regras e o povo ia
atrás do seu rei, então o profeta era aquele atalaia que sinalizava o
retorno. O profeta então nasce dentro desse processo de
monarquia justamente como um atalaia que adverte, que chama a
atenção do povo para que se volve a Deus e não continue andando
por caminhos tortos.

É muito importante perceber e começar a entender a atividade dos


profetas de onde começa a história pois quando comparamos os
profetas do presente, passado e futuro, precisamos entender que
existe uma linha. Para refletirmos de forma coerente, devemos
entender o contexto do ministério profético em cada parte da nossa
história. E o ministério profético de hoje, quais são as
características? Para onde aponta?

No passado, em suas origens, entendemos que esse ministério


está ligado à uma advertência, um grito de atenção de um povo que
está na eminencia de se desviar. Temos alguns conceitos, pois
todos os povos da região de Israel, desde antigamente, em todas
as civilizações, sempre houve uma figura religiosa. Alguns autores
chegam a dizer que as sociedades tinham algo em comum, uma
delas é que sempre teve uma figura religiosa e sempre houve uma
relação com a música, em todas essas civilizações, sempre existia
alguma pessoa responsável por profecias e adivinhações.

Para entender o plano de fundo, a primeira ideia que temos é a de


adivinhação indutiva, ou seja, era uma adivinhação induzida a partir
de algum elemento, a primeira forma de adivinhação indutiva era a
observação da natureza, há pouco material sobre isso, há mais
perguntas que respostas, podemos falar dos astrólogos
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babilônicos, famosos pelas suas predições, sempre olhando os
elementos. Temos um caso curioso dos reis magos, como eles
chegaram à conclusão de que Jesus, o Salvador estava nascendo,
observando a partir de que? Então temos muito mais perguntas do
que respostas, pois o texto fala que eles eram magos e fizeram um
tipo de adivinhação indutiva, como? Não sabemos. Assim, temos
essa primeira perspectiva de que uma adivinhação indutiva
acontecia, e temos os astrólogos babilônicos. Leia Isaias 47:13:

‘’ cansaste-te na multidão dos teus conselhos; levantem-se, pois,


agora os agoureiros dos céus, os que contemplavam os astros, os
prognosticadores das luas novas, e salvem-te do que há de vir
sobre ti. ’’

Existe um tom irônico desses personagens que observavam os


céus no texto acima.

Vemos também uma forma estranha de adivinhação indutiva, que


é ‘’ouvindo o vento na copa das árvores’’, encontramos o texto que
fala sobre isso em 2 Samuel 5:24:

‘’ assim que você ouvir um som de passos por cima das amoreiras,
saia rapidamente, pois será esse o sinal de que o Senhor saiu à
sua fren-te para ferir o exército filisteu. ’’

Esse texto é muito confuso, existe uma tradução inicial e a partir


daí se monta uma atividade de adivinhação a partir desse
fenômeno, então o que Davi está fazendo é olhar por trás das
árvores para saber o que vai acontecer. No Antigo Testamento
existe algo muito forte sobre ‘’sim e não’’, se acontece algo, faz isso,
se acontece outra coisa, faz aquilo, então o que podemos perceber
é que as vezes acontece algum evento e a partir desse evento se
construiu uma tradição profética ou mística, tanto para o bem
quanto para o mal, nesse caso, negativa, pois aconteceu algum

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evento que levou a isso. Vários profetas tiveram alguma
experiência com Deus e ouviram a sua voz, e a partir desses
eventos se constrói uma tradição positiva e negativa daquele fato.

A tendência do povo era sempre acreditar ou tentar forjar um


método de adivinhação e profecia, mas por que? Seguramente
ainda temos essa tendência, de ter uma determinada experiência e
a partir dela, montamos uma tradição profética de que Deus vai
falar profeticamente conosco, mas isso pode virar idolatria, então,
o método não é o que o texto quer reforçar, pois profecia e
adivinhação estavam muito ligados, mas se separaram ao longo do
Antigo Testamento, e no Novo Testamento, a ideia de adivinhação
não faz parte da tradição, até mesmo porque em 800 a.C esse
processo está começando no meio do povo de Deus, então está se
separando o que é lícito ou não, essa percepção do futuro as vezes
acontece por elementos vários e as vezes eles viram amuleto.

Temos outras formas, se você tiver curiosidade sobre o assunto, os


povos vizinhos, os filisteus, você verá isso em 1 Samuel 6:7-9,
como esse pensamento profético está se transformando e se
construindo, leia:

''Agora, pois, tomai e fazei-vos um carro novo, e tomai duas vacas


com crias, sobre as quais não tenha subido o jugo, e atai as vacas
ao carro, e tirai delas os seus bezerros e levai-os para casa. Então
tomai a arca do Senhor, e ponde-a sobre o carro, e colocai, num
cofre, ao seu lado, as figuras de ouro que lhe haveis de oferecer
em expiação da culpa, e assim a enviareis, para que se vá. Vede
então: Se ela subir pelo caminho do seu termo a Bete-Semes, foi
ele quem nos fez este grande mal; e, se não, saberemos que não
nos tocou a sua mão, e que isto nos sucedeu por acaso.''

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Essa forma de pensar recebe influencia, e o texto bíblico está
filtrando o que é bom ou não. No texto, podemos ver que os filisteus
observam através dos animais.

Em Ezequiel 21:26, acredita-se que através do fígado do animal,


que era especial, poder-se-ia obter percepções importantes sobre
o futuro. Claro que vamos ver ao longo dos profetas e do Antigo
Testamento, vários povos tentando enxergar o futuro e o povo de
Deus caía nessas armadilhas.

Existiam também instrumentos, além dos citados acima, há alguns


instrumentos confusos como o Orim, Tumim, aí já estamos falando
dos sacerdotes, que eram formas de se comunicar com Deus,
temos o Efod, Taça (sobre Taça, leia Gênesis 44:5), Flecha
(Ezequiel 21:26 e 2 Reis 13:14-19) e o Bastão (Oséias 4
:12). As pessoas dessa sociedade estão sempre buscando por
elementos para se chegar a um conhecimento ou conclusão sobre
o futuro, a questão é: ‘’Deus pode usar qualquer coisa para me falar
sobre o futuro. ’’, é uma questão de capacidade de Deus, Deus
pode usar qualquer elemento para me anunciar uma coisa futura.
Nesses textos, fica visível a capacidade do ser humano de
transformar experiências reais ou inventadas em métodos
proféticos. O ponto não é se existe ou não existe profecia, pois esse
é o senso comum de um cristão, precisamos gastar mais tempo
para entender o que é profecia.

Lembre-se que as pessoas iam atrás de quaisquer instrumentos


para ver a revelação, mas cuidado com essa construção de
métodos proféticos, que nos afastam para longe da mensagem de
Deus.

Vamos ver claramente outras formas de entender e se relacionar


com o futuro:

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A primeira, chamamos de Oniromancia, tem a ver com a
interpretação de sonhos.

A segunda é a Necromancia, ou seja, a consulta de mortos e é


fortemente condenada pelo texto bíblico.

A terceira forma são os Oráculos, que possuem sentido positivo e


negativo, ou seja, Deus aprovava alguns e desaprovava outros.

Pensando nessas três formas de se relacionar com o futuro, do


pensamento profético e interpretação dos sonhos é totalmente
normal, mas lembre-se, os falsos profetas também vão usar isso.
O fato de ter o sonho, é apenas uma questão, os falsos profetas
usam toda a simbologia profética, mas não fazem o uso do
evangelho.

A Bíblia condena totalmente a consulta com mortos.

Vemos textos onde Oráculos são de Deus ou não, precisamos


evoluir o pensamento de Oráculo, seu pensamento é de abrir a
Bíblia e buscar uma resposta. Deus tem sim a capacidade de falar
conosco através de Oráculos, mas por estarmos no Novo
Testamento, nossa mentalidade precisa ter superado o olhar de
Oráculo.

Deus fala conosco por formas variadas, mas limitar a sua


mentalidade a ‘’sim e não’’ ou ‘’olhar para a natureza’’ é um erro. A
Bíblia é muito mais que isso, é o Cristo encarnado que tem desejo
de se comunicar e se envolver, não é simplesmente uma voz
dizendo sim ou não.

Precisamos entender que por Cristo Jesus fomos muito além do


que imaginavam no Antigo Testamento.

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A revelação da Bíblia é progressiva no sentido da percepção do
ser humano, não porque Deus não pode dizer, mas tem a ver com
o nosso entendimento.

Quando pensamentos em ministério profético no antigo testamento,


pensamos em algo em sua formação, e quando pensamentos em
ministério profético de João Batista, temos um crescimento. Jesus
chega a dizer que de homem nascido de mulher, João Batista é o
maior.

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