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INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DE ANGOLA

ISTA
POLO-CAXITO

A RELAÇÃO ENTRE A PSICOLOGO ESCOLAR E O PROFESSOR DO IIº


CICLO

DANDE,
OUTUBRO/2020
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DE ANGOLA
ISTA
POLO-CAXITO
CURSO DE PSICOLOGIA EDUCACIONAL

A RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGO ESCOLAR E O PROFESSO DO IIº CICLO

Trabalho apresentado como requisito


necessário para a avaliação na cadeira de
Psicologia Escolar e Construção de Testes,
orientado pelo profº: Salvador Leitão Ribeiro.
.

Profº: Salvador Leitão Ribeiro

DANDE,
OUTUBRO/2020
LISTA NOMINAL

1. Jorge Barão
2. Catarina de Andrade
3. Inocencia Lorenço
4. Josefa Campos
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1

1.2. PROPOSIÇÕES E QUESTÕES PROBLEMATIZADORAS ....................................... 2

1.3. HIPOTESES ................................................................................................................... 3

1.4. OBJETIVOS: .................................................................................................................. 3

1.4.1. Geral ......................................................................................................................... 3

1.4.2. Específicos ............................................................................................................... 3

1.4. METODOLOGIA ........................................................................................................... 3

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................... 4

2.1.1. História da Psicologia Escolar ................................................................................. 5

2.1.2. A actuação do Psicólogo Escolar ............................................................................. 6

2.1.3. Psicologia e a Formação do Professor ..................................................................... 8

2.1.4. Funções Básicas do Psicólogo Escolar .................................................................... 9

2.1.5. Caracterização das atividades do Psicólogo Escolar ............................................. 11

2.1.6.1. Trabalho Prático do Psicólogo na Educação ....................................................... 11

2.3. O PROFESSOR COMO CO-PARTICIPANTE DAS ACTUAÇÕES EM


PSICOLOGIA ESCOLAR .................................................................................................. 12

2.3.1. O Trabalho do Professor no IIº Ciclo .................................................................... 13

2.3.2. O Psicólogo e o Professor: uma Relação de Actuação para atender as


Necessidades do Contexto Escolar .................................................................................. 14

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 15

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 16


1. INTRODUÇÃO

Este trabalho constitui-se como método de avaliação, apresentada no Instituto


Superior Técnico de Angola, no curso de Psicologia. O trabalho intitula-se Relação entre
Psicologia Escolar e o Professor no IIº Ciclo, estudando as concepções desta relação.

Actualmente a escola representa grande diversidade de realidades práticas e


funcionais, porém o seu foco de actuação é a formação produtiva dos seus educandos. Para
contribuir com essa busca, o profissional psicólogo, deve agregar valores e actuar como
um agente de construção do saber, fomentador de dúvidas e reflexões sobre o fazer
pedagógico.

A intervenção da actuação do psicólogo dentro da escola mantendo uma visão


preventiva, contemplando o atendimento aos alunos, pais e professores fazem-se
necessária, visto que a relação de ensino e aprendizagem pretende-se reafirmar o papel do
psicólogo escolar e suas contribuições como profissional da educação. Entre as
dificuldades encontradas para a inserção da psicologia escolar, ressalta-se o
desconhecimento por parte dos pais e da instituição escolar quanto ao papel efetivo deste
profissional. Sabem que o papel não é clínico, mas ao mesmo tempo não vêem o psicólogo
como um facilitador das relações de ensino e aprendizagem.

Nesse contexto a psicologia escolar tem suscitado inúmeras reflexões a cerca da


identidade dos profissionais que nela atuam; sobretudo a necessidade de uma redefinição
do papel do psicólogo na escola. Esse estudo pretende analisar a importância do psicólogo
no contexto escolar tomando como campo de conhecimento das escolas públicas de ensino
médio.

Portanto, o ênfase deste estudo é a investigação da relação entre a Psicologia


Escolar e o Professor do IIº Ciclo, realizada a partir do levantamento das concepções
acerca desta relação junto ao psicólogos escolares, e professores.

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1.2. PROPOSIÇÕES E QUESTÕES PROBLEMATIZADORAS

A formulação dos objectivos da presente pesquisa respalda-se em reflexões


pautadas no estudo da literatura sobre o tema da relação entre a psicologo escolar e o
professr do II ciclo e no reconhecimento e confrontação entre aspectos que haviam sido
discutidas em contexto acadêmico e no papel de psicólogo escolar. Entre as várias
questões que foram objecto de reflexão, enquanto psicólogo escolar, chamavam atenção
àquelas relacionadas à identificação de alunos “problemas” e com dificuldades de
aprendizagem. Diante destas questões, algumas proposições foram formuladas
caracterizando-se como possíveis razões para a compreensão da actual relação entre
psicologo escolar e o professr do II ciclo. As proposições foram as seguintes:

a) Questões relacionadas à indefinição ou definição difusa de papéis, funções e


responsabilidades de ambas as partes interferem nas concepções da família sobre a
escola e vice-versa;
b) A ação reflexiva do psicólogo escolar contribui para não reiterar a culpabilização
da família e promove ações em prol da concretização dessa relação.

A angústia mobilizada por todo esse processo reflexivo, desencadeado pelo estudo
teórico e pela experiência profissional, levou ao reconhecimento de que havia uma
inquietação quanto ao tema da relação entre as famílias e a escola, a qual se traduziu em
freqüentes questionamentos por parte da pesquisadora. Foi, portanto, a vivência e o
reconhecimento deste processo que deram origem às seguintes questões
problematizadoras:

1. Qual é a relação entre psicologo escolar e o professr do II ciclo para cada um dos
seus envolvidos?
2. Qual é a importância desta relação? Em relação a quê ela é importante?
3. Qual é o seu objetivo?
4. O que a escola espera do professor e o que o professor espera do psicologo escolar?
5. O que e como os psicólogos escolares trabalham com relação aos professores?
6. Quais alternativas de intervenção podem ser desenvolvidas pelos psicólogos escolar
na actuação junto à relação professores e alunos?

Diante destas questões é que foram estabelecidos os objectivos de pesquisa,


conforme apresentados a seguir.

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1.3. HIPOTESES

O psicólogo deve conversar com a família também, a fim de compreender


como funciona o universo familiar, como são as relações, se ocorreram mudanças na
família tais como: separação dos pais, morte de um ente querido ou nascimento de um
irmão. Isso porque uma mudança significativa na família pode se refletir na aprendizagem
da criança. Nesse encontro, pode-se refletir sobre a acção que a família pode ter junto ao
aluno, para que ela se envolva na busca de soluções.

1.4. OBJETIVOS:

1.4.1. Geral

Investigar concepções sobre a relação do psicologo escolar e o professor do II ciclo,


junto dos pais e alunos.

1.4.2. Específicos

a) Identificar as situações cotidianas nas quais a relação do psocologo escolar e o


professr do II ciclo ocorre, na visão de seus actores;
b) Identificar como é a participação e o acompanhamento dos pais diante da realidade
do Ensino Médio;
c) Identificar as funções específicas da escola, e dos seus autores (alunos, pais,
professores e psicólogo escolar);
d) Identificar competências específicas à actuação do psicólogo escolar junto à relação
professor do II ciclo.

1.4. METODOLOGIA

Para o presente trabalho utilizou-se Pesquisa bibliográfica onde se fez


levantamento de informações e conhecimentos acerca do tema a partir de diferentes
materiais bibliográficos. E sobre as contribuições da Psicologia Escolar/Educacional diante
dos problemas de aprendizagem no Ensino médio ou seja do II Ciclo, nas seguintes
plataformas de pesquisa: (Biblioteca Digital de Teses e Dissertações), a partir dos
seguintes descritores: Psicologia Escolar/Educacional e Problemas de Aprendizagem.
Foram utilizadas 12 referências para o embasamento deste trabalho, incluindo: artigos
científicos, teses de doutorado, dissertações de mestrado e livros electrónicos.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Psicologia escolar define o papel do psicólogo escolar e estabelece o seu campo de


actuação como uma tarefa complexa, mas extremamente necessária nos dias actuais, uma
vez que persistem posicionamentos diferentes acerca do que é a Psicologia Escolar.
González Rey (1997) e Mitjáns Martínez (2003) apontam que tais diferenças encontram
suas raízes na fragmentação da Psicologia e, como consequência, na fragmentação do
indivíduo e do conhecimento em áreas ou campos desarticulados dos demais. Tal
fragmentação se reflete no debate do que se entende por Psicologia Escolar e sobre quais
são as relações e características que a distingue de outros campos e áreas da Psicologia.

Tentando esclarecer tais colocações Mitjáns Martínez (2003) aponta que “a


psicologia escolar é, de facto, a expressão da psicologia (na sua dupla condição de
produção científica e de trabalho profissional) no contexto escolar”. Segundo a autora, a
Psicologia Escolar se refere à Psicologia na escola, com todas as suas possibilidades e
implicações no que diz respeito ao processo docente educativo, entendida pela autora como
eixo central da Psicologia Escolar.

A questão da terminologia utilizada para identificar a área de intersecção entre a


Psicologia e a Educação merece ser discutida uma vez que o termo Psicologia Escolar se
confunde, muitas vezes, com Psicologia Educacional ou Psicologia da Educação. Em
relação a estas terminologias, Araújo (2003) diz que a confusão ocorre em decorrência de
concepções dicotômicas entre prática e teoria que atribuem à Psicologia Escolar o caráter
prático e à Psicologia da Educação ou Educacional a função da construção de
conhecimentos que possam ser úteis ao processo educacional.

Essa distinção que separa teoria e prática traz, como consequência, uma dissociação
entre o exercício profissional do psicólogo na escola e as elaborações teóricas necessárias a
tal exercício. Discordando desta visão dicotômica acredita-se, assim como Marinho-Araújo
e Almeida (2005), que a Psicologia Escolar define-se como um campo de produção de
conhecimentos, de pesquisa e de intervenção e que, entre outras atribuições, assume um
compromisso teórico e prático com as questões relativas à escola e a seus processos, sua
dinâmica, resultados e autores.

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2.1.1. História da Psicologia Escolar

Sua origem está relacionada às reais necessidades educacionais e escolares,


principalmente no que se refere aos problemas de aprendizagem e problemas
comportamentais dos alunos. Segundo Marinho-Araújo e Almeida (2010), a relação entre a
Psicologia e Educação, deve refletir uma interdependência entre processos psicológicos e
processos educacionais que privilegie a concepção histórica da constituição humana.

É necessário entender os conceitos presentes nos termos da expressão Psicologo


Escolar e Psicologia Educacional, de acordo com Antunes (2008):

 Psicologia Educacional ou Psicologia da Educação: Subárea da Psicologia (subárea


de conhecimento) que tem por finalidade produzir saberes sobre o fenômeno
psicológico no processo educativo.
 Psicologia Escolar: define-se pelo âmbito profissional e refere-se a um campo de
acção determinado (o processo de escolarização), tendo por objecto a escola e as
relações que aí se estabelecem; fundamenta sua actuação nos conhecimentos
produzidos pela psicologia da educação, por outras subáreas da psicologia e por
outras áreas de conhecimento.

O olhar clínico nas instituições escolares passou a ser questionado de tal forma que
um novo movimento começou a ser pensado. Não mais se enfatizada o “aluno-problema”
de forma isolada, mas com o envolvimento de toda a instituição escolar.

Professores, demais alunos, a sala de aula e até o espaço escolar começaram a ser
alvos de estudos e a serem vistos como possíveis influenciadores de comportamentos.
Sendo assim, o psicólogo escolar deixou de buscar diagnósticos para procurar entender
todo o contexto que o aluno vivencia. Hoje é preciso acolher a escola em todos os seus
movimentos, sejam eles educacionais, de gestão ou relacional. O psicólogo escolar possui
um leque enorme de possibilidades de atuação dentro de uma instituição de ensino, desde
pensar sobre o espaço até intervir nas demandas pedagógicas. Há muitos benefícios em se
ter um psicólogo atuando na escola!. O que se pretende reflectir justamente a ampliação da
função do psicólogo escolar.

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Aqui listamos 5 que consideramos ser as principais:

 Avaliar a instituição: Procurar conhecer todo o espaço físico que é oferecido aos
alunos, professores e demais funcionários. Familiarizar-se com a dinâmica interna
da equipe, as regras de convivência e os processos administrativos.
 Acolher os professores: Procurar estabelecer um vínculo com os professores afim
de acolher suas dificuldades e enfatizar suas facilidades, bem como receber suas
dúvidas e oferecer as devidas orientações.
 Acompanhar o aluno: Procurar mostrar-se disponível ao aluno, tanto dentro como
fora da sala de aula, para ouvir e compreender o seu comportamento e suas
motivações.
 Atender os pais: Procurar estreitar a relação família-escola afim de enfatizar a
importância da participação dos pais na vida escolar do filho, e também procurar
acolher, de forma grupal, as frustrações e dificuldades de manejo educativo.
 Analisar as demandas pedagógicas: Procurar estudar e conhecer os métodos
pedagógicos adotados pelos professores (projectos, apostilas etc) e avaliar como a
turma recebe os mesmos. Ter conhecimento do Projecto Político Pedagógico da
escola é essencial.

O psicólogo escolar hoje, além de direcionar o seu olhar para o aluno, pode também
incluir os pais, os professores e os demais profissionais. Isso porque a escola também
passou por grandes transformações, e hoje, não se pensa mais como um depósito de
crianças, mas sim, um espaço de acolhimento, de cuidado e orientação. Assim sendo, o
psicólogo escolar estará disponível não apenas para o aluno, mas para a escola como um
todo.

2.1.2. A actuação do Psicólogo Escolar

De um modo geral, podemos assim dizer que a Psicologia Escolar é uma área que
vem se desenvolvendo cada vez mais ao longo do tempo, desde sua inserção no espaço
educacional até os dias actuais, a actuação do psicólogo vem se modificando e nesse
contexto, de mudanças em um curto espaço de tempo, é natural que surjam dúvidas a
respeito de quais são as atribuições desse profissional. A actuação do psicólogo escolar
então foi se modificando, pois se instaurou um olhar ampliado para o cenário escolar,

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através da ideia principal de que as pessoas que actuam na instituição, funcionários,
professores, diretores, e a inter-relação desses autores tem influência direta ou indireta na
sala de aula.

No âmbito da educação formal, actua:

1. Realizando estudos, diagnóstico e intervenção preventiva ou corretiva em grupo e


individual;
2. Envolvendo em sua análise e intervenção, todos os segmentos do sistema
educacional que participam do processo de ensino- aprendizagem.
3. Considerando as características do corpo docente, do currículo, das normas da
instituição, do material didático, do corpo discente e demais elementos do sistema.
4. Em conjunto com a equipa, colabora com o corpo docente e técnico na elaboração,
implantação, avaliação e reformulação de currículos, de projectos pedagógicos, de
políticas educacionais e no desenvolvimento de novos procedimentos
educacionais.

No âmbito administrativo actua:

1. Contribuindo na análise e intervenção no clima educacional, buscando melhor


funcionamento do sistema que resultará na realização dos objectivos educacionais.
2. Participando de programas de orientação profissional com a finalidade de contribuir
no processo de escolha da profissão e em questões referentes à adaptação do
indivíduo ao trabalho.
3. Analisando as características do indivíduo com deficiência, para orientar
a aplicação de programas especiais de ensino.
4. Realizando seu trabalho em equipa interdisciplinar, integrando seus conhecimentos
àqueles dos demais profissionais da educação.

Para estes objectivos, realiza tarefas como, por exemplo:

1. Aplicar conhecimentos psicológicos na escola, concernentes ao processo ensino


aprendizagem, em análises e intervenções psicopedagógicas; referentes ao
desenvolvimento humano, às relações interpessoais e à integração família-
comunidade-escola, para promover o desenvolvimento integral do ser;

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2. Analisar as relações entre os diversos segmentos do sistema de ensino e sua
repercussão no processo de ensino para auxiliar na elaboração de procedimentos
educacionais capazes de atender às necessidades individuais;
3. Prestar serviços diretos e indiretos aos agentes educacionais, como profissional
autônomo, orientando programas de apoio administrativo e educacional;
4. Desenvolver estudos e analisar as relações pessoa-ambiente físico, material, social
e cultural quanto ao processo ensino-aprendizagem e produtividade educacional;
5. Desenvolver programas visando a qualidade de vida e cuidados indispensáveis às
actividades acadêmicas.

O desafio actual da Psicologia Escolar, segundo Tetters (1990), citado por Gomes
(2012) é a adequação da produção teórica às características econômicas, sociais, políticas e
ideológicas que influenciam a Educação, a escola, os alunos, as famílias e a sociedade.
É urgente, portanto, que a Psicologia Escolar desloque o foco de interesse individualista
das dificuldades de aprendizagem para uma proposta de trabalho colectivo e com
orientação preventiva.

2.1.3. Psicologia e a Formação do Professor

Para Pedroza (2003), ao estudar a formação de professores segundo uma óptica


materialista-dialética, defende a importância da Psicologia na formação da pessoa do
professor, no desenvolvimento de sua personalidade em prol da construção de um
educador prático-reflexivo. Esse professor é aquele que transforma o exercício pedagógico
em um constante pensar e repensar de sua actuação, articulando, de forma dialética, o
estudo teorico e a prática. Apesar do crescente reconhecimento, no meio científico, da
indissociabilidade do desenvolvimento profissional e pessoal do professor, Nóvoa (1992)
afirma que a necessidade de se estimular a postura crítico-reflexiva e o pensamento
autônomo do educador tem sido ignorada. De facto, não é difícil perceber que o ensino de
Psicologia nos cursos de formação docente continua restrito à transmissão de conteúdos
referentes aos processos de desenvolvimento e aprendizagem do aluno (Guerra, 2000).

Segundo Silva (2003) afirma que essa forma de transmissão perpetua uma
concepção dicotomizante do processo de ensino-aprendizagem, levando o educador a
"perceber o processo de aprender do aluno como algo individual, sem relação, portanto,

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com o seu trabalho, o ensinar" (p. 30). Esse sub-aproveitamento de conhecimentos
psicológicos na formação do educador pode ser entendido face à crença difundida de que a
Psicologia serviria apenas de base teórica para a prática pedagógica (Pedroza, 2003).

Vários estudos realizados com licenciandos (Branco, 1988; Fini, 1987; Larocca,
1996; Putini, 1988; Kullok, 2000) sinalizam que as principais críticas à disciplina
Psicologia da Educação se referem à: descontextualização da realidade, desarticulação
entre teoria e prática, insuficiência da carga horária e ausência de vinculação entre o
conteúdo psicológico e a área específica do curso do futuro professor. Tudo isso culmina
em um sentimento de frustração ao final da disciplina (Fini, 1987). No entanto, apesar das
críticas, pesquisas mostram que os conhecimentos de Psicologia são considerados
indispensáveis ao processo educativo pelos próprios estudantes licenciandos (Larocca,
1996; Guerra, 2000) e por professores já atuantes (Rodrigues & Esteves, 1993).

Pode-se inserir nesta discussão o papel do psicólogo escolar enquanto facilitador da


interação aluno-professor. Segundo Patto (1987), a psicologia escolar esteve
historicamente associada à mensuração de habilidades e à classificação das crianças quanto
à sua capacidade de aprender e de progredir nos estudos. Em um segundo momento, que se
estende até o presente, os psicólogos nas escolas assumem a orientação clínica, ocupando-
se de diagnosticar e tratar distúrbios em alunos. Essa forma de actuação, no entanto, cria
uma dicotomia artificial entre o processo de aprendizagem e as relações sociais existentes
na escola (Souza, 1997).

Portanto, a reflexão sobre a importância do psicólogo escolar para o presente


trabalho se dá enquanto possibilidade de uma actuação na formação continuada do
professor, tanto no que diz respeito à prática em sala de aula como nas questões específicas
da adolescência. Por fim, constituiu-se ainda um interresse de análise a visão do professor
de Ensino Médio acerca da interação com um eventual psicólogo escolar.

2.1.4. Funções Básicas do Psicólogo Escolar

Historicamente, o principal papel do psicólogo escolar era, de facto, trabalhar com


testes psicológicos afim de diagnosticar possíveis doenças ou distúrbios mentais em
alunos, antigamente chamados de “alunos-problema”. A função do psicólogo escolar era,
de certa forma, “isolar” o aluno que atrapalhava o bom andamento da turma, para assim

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trabalhar as suas dificuldades de forma individual e longe de sua turma. Com o passar do
tempo, devido a própria evolução da psicologia como uma ciência humana, o papel do
psicólogo escolar tornou-se mais amplo. O psicólogo escolar tem a atribuição de estudar e
intervir no comportamento humano no contexto da educação. Um de seus principais
objectivos é o desenvolvimento de todos aqueles que estão inseridos neste cenário.

Ele é um agente fundamental para proporcionar o desenvolvimento dos estudantes,


professores e demais pessoas envolvidas no contexto da escola. Desse modo, as
competências do psicólogo vão ao encontro da prevenção, especialmente na melhoria da
adaptação dos indivíduos e na promoção do bem-estar e da excelência acadêmica.

As atribuições do psicologo escolar:

 Intervenção em relação às necessidades educacionais dos alunos;


 Orientação, aconselhamento profissional e vocacional;
 Funções preventivas;
 Intervenção na melhoria das acções educacionais;
 Formação e aconselhamento familiar;
 Intervenção socioeducativa para a construção de um ambiente educacional
positivo e integrador.
 Desenvolver trabalhos de Orientação Vocacional e Profissional com os
alunos;
 Desenvolver ações preventivas junto com o corpo docente no que se refere à
uso de drogas;
 Desenvolver ações esclarecedoras junto com o corpo docente para os alunos
sobre sexualidade, ética, agressividade.

Sobre nosso analisar interpretação, o psicólogo, é fundamental para orientar os


estudantes e professores sobre temas relevantes no cenário actual, como bullying, drogas e
relacionamento familiar. Além disso, ele desempenha papel importante na percepção de
necessidades especiais no aprendizado, contribuindo para a melhoria no rendimento
escolar.

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2.1.5. Caracterização das atividades do Psicólogo Escolar

O trabalho do psicólogo escolar é dinâmico, pois perpassa todas as instâncias da


instituição. Algumas actividades mencionadas a seguir são intervenções construídas em
parceria com professores e direção. As actividades desenvolvidas pelo psicólogo escolar
nos anos iniciais do ensino fundamental podem ser descritas assim: entrevistas de
anamnese no ingresso escolar; reunião de pais e palestras sobre temas relacionados ao
desenvolvimento infantil e à aprendizagem, tais como limites, sexualidade, transtornos da
aprendizagem e do desenvolvimento etc.; entrevistas de acompanhamento do aluno,
realizadas com a família, a partir de observações do psicólogo e/ou professores sobre seu
processo de aprendizagem ou comportamento;

a. Participação nas reuniões pedagógicas e nos conselhos de classe; assessoria aos


professores no tratamento de questões emocionais e socioculturais, do convívio
escolar e de aprendizagem, de acordo com as demandas de sala de aula;
acompanhamento do aluno, assessorando os professores, a família e o próprio
aluno na superação de possíveis dificuldades; reuniões com profissionais
especialistas (psicólogo, psicopedagogo, psiquiatra, psicologo social,
neurologista etc.) que atendem os alunos, consolidando uma rede de apoio;
oficinas pedagógicas com os alunos;

b. Projectos de ensino junto ao professor polivalente; atendimentos às turmas,


acompanhando alunos em seu processo de integração aos espaços escolares e
em momentos de aprendizagem, realizando observações pontuais e actividades
em sala de aula e acompanhando saídas de campo; e assembleias escolares.

2.1.6.1. Trabalho Prático do Psicólogo na Educação

Num primeiro momento, relacionar os conhecimentos específicos da Psicologia


com os conhecimentos educativos. Para isso é necessário conhecer os temas da educação e
o funcionamento da escola enquanto instituição característica para que estes
conhecimentos possam ser articulados. Cabe ressaltar que o trabalho prático, a que se
refere Vygotsky, não é um trabalho afastado da teoria, nem uma superposição do campo
psicológico sobre o educacional, e sim um trabalho de reflexão da prática a partir da teoria.

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Assim, apoiado em seus pressupostos teóricos e estes, por sua vez, já articulado ao
conhecimento educativo, a grande contribuição do psicólogo escolar reside nos bastidores
da instituição, isto é, sua acção deve desenvolver-se prioritariamente com os professores e
não com os alunos, contribuindo para que eles estejam cada vez mais fortalecidos e
instrumentalizados para uma actuação de qualidade junto ao alunado. Hoje não temos
dúvidas de que o trabalho mais importante que um psicólogo possa desenvolver nas
instituições de educação é a formação em serviço de seus educadores. Neste sentido, sua
contribuição pode apontar algumas direções:

 Ajudar o educador a refletir sobre sua infância, para melhor compreender a infância
de seus alunos;
 Contribuir para que o educador infantil possa rever sua identidade enquanto
profissional, encontrando um sentido cada vez mais significativo para seu fazer
pedagógico;
 Auxiliar o educador no convívio das relações grupais; - nas relações de equipa e na
construção da turma enquanto grupo;
 Ajudar o educador a refletir sobre sua família para melhor compreender a dinâmica
familiar de seus alunos e novo perfil familiar;

É preciso que o psicólogo compreenda que no cenário escolar, da mesma forma que
outros técnicos presentes na escola, ele não é o protagonista da cena. Seu trabalho é nos
bastidores, buscando promover o educador em suas necessidades de reflexão e de
construção de conhecimento. Para isso é fundamental que tenha uma visão integrada desse
educador-sujeito, pois seu trabalho é ajudá-lo a se descobrir, a se desvelar, alcançando
segurança, autonomia na sala de aula. E isso só é possível através do respeito – respeito por
um conhecimento que o professor construiu referente ao quotidiano da sala de aula e que é
o objectivo primeiro da escola; e respeito pela pessoa do educador, não lhe lançando
interpretações que não está preparado para ouvir a escola não espaço para clínica
psicológica.

2.3. O PROFESSOR COMO CO-PARTICIPANTE DAS ACTUAÇÕES EM


PSICOLOGIA ESCOLAR

Baseando-se na actuação preventiva e relacional em Psicologia Escolar e na


perspectiva histórico-cultural, acredita-se que a inclusão de diferentes autores na

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intervenção de um problema escolar é a maneira mais adequada de se promover o
desenvolvimento e a aprendizagem. Nesse sentido, Neves e Almeida (2003) apontam que,
ao se colocar o professor como co-participante no processo de atendimento a seus alunos,
por exemplo, emerge um espaço de interlocução que possibilita ao professor refletir sobre
sua prática e assumir uma postura mais crítica diante das queixas escolares, por exemplo.

A respeito da participação do professor, Meira (2000) argumenta que além de trocar


informações, “os psicólogos escolares podem criar condições para a desmistificação das
explicações psicologizantes, a partir de uma reflexão consistente fundamentada nos
conhecimentos acumulados pela Psicologia”. A participação activa do professor na busca
de encontrar alternativas para o efetivo aprendizado dos alunos lhe possibilita apropriar de
sua função e responsabilidade, as quais, por algum tempo, foram delegadas ao psicólogo
ou a outros profissionais que se ocupavam dos fenômenos educativos. (Meira, 2000, p. 66).

A participação do professor no entendimento às queixas escolares favorece, ainda,


processos de conscientização acerca das concepções deterministas de desenvolvimento e
aprendizagem. O psicólogo escolar pode provocar, junto aos professores, o questionamento
destas concepções deterministas que, implicitamente e de forma pouco lúcida, ainda estão
presentes nas compreensões das queixas escolares e, portanto, nas práticas pedagógicas.

2.3.1. O Trabalho do Professor no IIº Ciclo

Segundo Codo e Gazzotti (1999), todo trabalho envolve algum investimento afetivo
por parte do trabalhador, seja na relação com os outros ou com o produto do trabalho. O
diferencial do trabalho docente está no facto de que “a relação afectiva é obrigatória para o
exercício do trabalho, é um pré-requisito, os autores afirmam, em, que para o trabalho
docente ser efectivo é necessário que se estabeleça uma relação afectiva com os alunos,
pois se esta relação não se estabelecer é ilusório acreditar que o sucesso escolar ocorrerá.

Conforme esclarecem os autores, entende-se por afectividade o conjunto de


fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções e sentimentos, sempre
acompanhados de dor ou prazer, satisfação ou insatisfação, alegria ou tristeza, entre outros
(Codo & Gazzotti, 1999). A relação entre a afectividade e o trabalho docente configura-se,
portanto, como uma relação necessária e, por assim ser, entende-se que para que o

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professor consiga desempenhar satisfatoriamente seu trabalho é preciso que seja
estabelecida uma relação afectiva com seu aluno. Todavia, a grande questão surge quando
se percebe que o vínculo afectivo não se concretiza de forma satisfatória nas relações
formais de trabalho, gerando uma contradição junto ao trabalhador.

2.3.2. O Psicólogo e o Professor: uma Relação de Actuação para atender as


Necessidades do Contexto Escolar

Junto com os educadores, age nos processos de avaliação ensino-aprendizagem,


competências sociomorais e interesses profissionais, além de intervir em momentos de
crise. Para pensar a relação do psicólogo com o professor é necessário que se tenha clara a
importância de se realizar um trabalho conjunto, já que ambos são elementos que
fortalecerão as formas de ensino mais adequadas para a aprendizagem dos alunos,
considerando: a vivência, o nível de desenvolvimento e aprendizagem, qual ou quais
métodos mais indicados para serem aplicados na realidade. Além de escolher os melhores
métodos de ensino, tais profissionais podem criar projectos na escola e parcerias com
outras instituições para atender as demandas surgidas das necessidades de solucionar os
problemas que possam surgir durante o processo de escolarização.

Quando da existência de casos das indisciplinas, falta de afectividade, dentre


outros que estão presentes nas escolas, é importante que seja feito um trabalho
interdisciplinar entre a equipa pedagógica, o psicólogo escolar e os professores para
identificar e intervir adequadamente em cada caso e procurar estratégias que impeçam que
estes problemas interfiram nas relações entre os alunos.

Assim sendo, o psicólogo especialista da área escolar pode contribuir analisando


junto à equipa pedagógica e o professor os problemas relatados e discutindo a situação a
fim de que compreendam a situação, as relações que a envolvem e o contexto no qual o
problema se manifesta, bem como as variáveis que influenciam adesse modo, o trabalho
em equipa de profissionais permitindo que construam juntos uma nova realidade que
possibilita ao educando atingir resultados mais efectivos no processo educacional.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho educativo é o acto de produzir, direta e intencionalmente, em cada


indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto
dos homens.

O psicólogo escolar deve articular teoria e prática; diagnosticar o contexto escolar e


propor a execução de um plano de acção; encarar a prática como estudo e produção de
conhecimento; buscar aprimoramento constante; saber trabalhar em equipa
multidisciplinar; desenvolver actividades de transformação social; propiciar saúde mental e
resgatar o papel social do psicólogo escolar.

A pesquisa permitiu compreender que a área de actuação do psicóloga escolar


abrange diversas aCtividades: observações dos alunos em diferentes momentos a fim de
obter dados sobre o desenvolvimento de cada aluno durante o bimestre; supervisões
quinzenais com professores para discutir aspectos específicos de determinados alunos no
que diz respeito ao comportamento e falta de limites; reuniões com pais, dentre outras.

Concluindo, a inclusão do trabalho do psicólogo nas escolas começou no Brasil no


século XX. Contribuindo com teorias do desenvolvimento, as atribuições que cabiam ao
profissional de psicologia eram: avaliar e diagnosticar alunos em relação à aprendizagem.
Inicialmente, a ideia era solucionar os problemas que impediam a aprendizagem do aluno
ou do grupo, ou seja, ajustar os alunos às condições de aprendizagem que a escola
proporcionava e diagnosticar e encaminhar aqueles que não acompanhavam a rotina
escolar.

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ANTUNES M. A. M. Psicologia Escolar e Educacional: história, compromissos e


perspectivas. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e
Educacional (ABRAPEE). Volume 12, Número 2, Julho/Dezembro de 2008.
2. BARDON, J. L.; BENNETT, V. C. Psicologia Escolar. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
3. MARINHO-ARAÚJO, C. M.; ALMEIDA, S. F. C. Psicologia escolar: construção e
consolidação da identidade profissional. Campinas (SP): Alínea, 2010.
4. GOMES, V. L. T. A formação do psicólogo escolar e os impasses entre a teoria e a
prática. In: GUZZO, R.S.L. (Org.) Psicologia escolar: LDB e educação hoje. 4ª edição
revisada. Campinas (SP): Ed. Alínea, 2012.
5. MARTINEZ, A. M. (2009). Psicologia Escolar e Educacional: compromissos com a
educação brasileira. Psicologia Escolar e Educacional, 13 (1), 169-177.
6. González Rey, F. (1997). Epistemologia cualitativa y subjetividad. São Paulo: Educ.
7. Mitjáns Martinez, A. (2005). Inclusão Escolar: desafios para o psicólogo. Em A. Mitjáns
Martinez (Org.), Psicologia Escolar e Compromisso Social (pp. 95-114). Campinas, SP:
Editora Alínea.
8. Meira, M. E. M. (2000). Psicologia Escolar: pensamento crítico e práticas profissionais.
Em E. de R. Tanamachi, M. Proença & M. L. da Rocha (Orgs.), Psicologia e Educação:
desaƒios teórico-práticos (pp. 35-71). São Paulo: Casa do Psicólogo.
9. Almeida, A. C. & Figueira, A. P. C. (1998). O psicólogo no processo de desenvolvimento
pessoal e profissional dos professores: razões justificadas da criação de uma
Estrutura de Apoio Psicopedagógico a professores. Revista Portuguesa de Pedagogia,
ano XXXII, n°3, 69-97.
10. ANDALÓ, CSA. A actuação do psicólogo na Instituição Escolar. Em
ABRAPEE/PUCCAMP (Orgs.). Psicólogo escolar: identidade e perspectivas. Campinas:
Átomo, 1991.
11. MEIRA, Marisa Eugênio Melillo; Antunes, Mitsuko Aparecida Makino (orgs.). São Paulo:
Casa do Psicólogo, 2 ed., 2003.
12. ANDALÓ, CSA. A atuação do psicólogo na Instituição Escolar. Em
ABRAPEE/PUCCAMP (Orgs.). Psicólogo escolar: identidade e perspectivas. Campinas:
Átomo, 1991.

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