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Legislação Penal e Processual Penal p/ PGM-Varginha-MG (Procurador Municipal) -


2019

Professores: Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca

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CRIMES AMBIENTAIS

Sumário

1 – Considerações iniciais................................................................................................................2
2 - Da aplicação da pena................................................................................................................15
0
3 - Dos crimes ambientais..............................................................................................................31
4 - Lista de Questões sem comentários............................................................................................85
5 - Lista de Questões com comentários............................................................................................92
6 - Resumo................................................................................................................................105
7 - Gabarito...............................................................................................................................107

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Crimes ambientais
1 – Considerações iniciais

O Poder Constituinte Originário fez questão de ressalvar a sua preocupação


com meio ambiente no art. 225 da Constituição Federal e impor mecanismos de
proteção nas esferas penal e extrapenal.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público: I - preservar e restaurar os
processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a
diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e
manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e
seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente
através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua
proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental
em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função
ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de
acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas


físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os
danos causados.

§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a


Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que
assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias,
necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o
que não poderão ser instaladas.

§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as
práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do
art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio
cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais
envolvidos.

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A lei 9605/1998 foi o diploma legal confeccionado para regulamentar


a norma constitucional, contendo regras de índole civil, penal e administrativo.
Nessa lei pode ser observada tanto infrações administrativas como crimes
ambientais.

Estamos diante de uma lei que possui inúmeras regras que destoam da
Parte Geral do Código Penal. De tal sorte, naquilo que não for tratado de modo
diverso na Lei Ambiental aplica-se as regras do Código Penal, conforme o previsto
no art. 12 do CP1.

O bem jurídico tutelado é o meio ambiente, que deve ser compreendido


como o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física,
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.
(Lei n.6.938/81, art. 3º, I). De acordo com o art. 225, caput, da Constituição
Federal, meio ambiente é um bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

OBS: A proteção ao meio ambiente também acarreta em limitação ao


direito de propriedade, segundo aponta o art. 1228, §1º, do Código Civil: “O
direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades
econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o
estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio
ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar
e das águas.”

Em regra, a competência para processar e julgar os delitos ambientais é


da Justiça Estadual em razão de sua competência residual. Vale dizer, a
competência apenas será da Justiça Federal quando presente uma das hipóteses
taxativas delineadas no art. 109 da Constituição Federal. Exemplos: crime
ambiental cometido no interior de uma unidade de conservação mantida pela
União Federal (art. 109, IV, da Constituição Federal2), delito ambiental cometido

1
Art. 12 do CP: As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial
se esta não dispuser de modo diverso.
2
Art. 109, da CF: Aos juízes federais compete processar e julgar:
IV – os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou
interesses da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral.

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em águas da União Federal ou em terras tradicionalmente ocupadas por


indígenas, etc. Vejamos um julgado esclarecedor do Supremo Tribunal Federal
sobre esse assunto:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL


RECONHECIDA. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL
PENAL. CRIME AMBIENTAL TRANSNACIONAL.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. INTERESSE DA
UNIÃO RECONHECIDO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO A QUE SE DÁ PROVIMENTO.

1. As florestas, a fauna e a flora restam protegidas, no ordenamento jurídico inaugurado pela


Constituição de 1988, como poder-dever comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios (art. 23, VII, da Constituição da República).

2. Deveras, a Carta Magna dispõe que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações” (CF/88, art. 225, caput), incumbindo ao Poder Público “proteger a fauna e a flora,
vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a
extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade” (CF/88, art. 225, § 1º, VII).

3. A competência de Justiça Estadual é residual, em confronto com a Justiça Federal, à luz da


Constituição Federal e da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.

4. A competência da Justiça Federal aplica-se aos crimes ambientais que também se enquadrem
nas hipóteses previstas na Constituição, a saber: (a) a conduta atentar contra bens, serviços ou
interesses diretos e específicos da União ou de suas entidades autárquicas; (b) os delitos,
previstos tanto no direito interno quanto em tratado ou convenção internacional, tiverem iniciada
a execução no país, mas o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro - ou na hipótese
inversa; (c) tiverem sido cometidos a bordo de navios ou aeronaves; (d) houver grave violação
de direitos humanos; ou ainda (e) guardarem conexão ou continência com outro crime de
competência federal; ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral, conforme
previsão expressa da Constituição.

5. As violações ambientais mais graves recentemente testemunhadas no plano internacional e no


Brasil, repercutem de modo devastador na esfera dos direitos humanos e fundamentais de
comunidades inteiras. E as graves infrações ambientais podem constituir, a um só tempo, graves
violações de direitos humanos, máxime se considerarmos que o núcleo material elementar da
dignidade humana “é composto do mínimo existencial, locução que identifica o conjunto de bens
e utilidades básicas para a subsistência física e indispensável ao desfrute da própria liberdade.
Aquém daquele patamar, ainda quando haja sobrevivência, não há dignidade”.

6. A Ecologia, em suas várias vertentes, reconhece como diretriz principal a urgência no


enfrentamento de problemas ambientais reais, que já logram pôr em perigo a própria vida na
Terra, no paradigma da sociedade de risco. É que a crise ambiental traduz especial dramaticidade
nos problemas que suscita, porquanto ameaçam a viabilidade do ‘continuum das espécies’. Já, a
interdependência das matrizes que unem as diferentes formas de vida, aliada à constatação de
que a alteração de apenas um dos fatores nelas presentes pode produzir consequências
significativas em todo o conjunto, reclamam uma linha de coordenação de políticas, segundo a

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lógica da responsabilidade compartilhada, expressa em regulação internacional centrada no


multilateralismo.

7. (a) Os compromissos assumidos pelo Estado Brasileiro, perante a comunidade internacional,


de proteção da fauna silvestre, de animais em extinção, de espécimes raras e da biodiversidade,
revelaram a existência de interesse direto da União no caso de condutas que, a par de produzirem
violação a estes bens jurídicos, ostentam a característica da transnacionalidade. (b) Deveras, o
Estado Brasileiro é signatário de Convenções e acordos internacionais como a Convenção para a
Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Cênicas Naturais dos Países da América (ratificada pelo
Decreto Legislativo nº 3, de 1948, em vigor no Brasil desde 26 de novembro de 1965, promulgado
pelo Decreto nº 58.054, de 23 de março de 1966); a Convenção de Washington sobre o Comércio
Internacional das Espécies da Flora e da Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES ratificada
pelo Decreto-Lei nº 54/75 e promulgado pelo Decreto nº 76.623, de novembro de 1975) e a
Convenção sobre Diversidade Biológica CDB (ratificada pelo Brasil por meio do Decreto Legislativo
nº 2, de 8 de fevereiro de 1994), o que destaca o seu inequívoco interesse na proteção e
conservação da biodiversidade e recursos biológicos nacionais. (c) A República Federativa do
Brasil, ao firmar a Convenção para a Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Cênicas Naturais
dos Países da América, em vigor no Brasil desde 1965, assumiu, dentre outros compromissos, o
de “tomar as medidas necessárias para a superintendência e regulamentação das importações,
exportações e trânsito de espécies protegidas de flora e fauna, e de seus produtos, pelos
seguintes meios: a) concessão de certificados que autorizem a exportação ou trânsito de espécies
protegidas de flora e fauna ou de seus produtos”. (d) Outrossim, o Estado Brasileiro ratificou sua
adesão ao Princípio da Precaução, ao assinar a Declaração do Rio, durante a Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (RIO 92) e a Carta da Terra, no “Fórum
Rio+5”; com fulcro neste princípio fundamental de direito internacional ambiental, os povos
devem estabelecer mecanismos de combate preventivos às ações que ameaçam a utilização
sustentável dos ecossistemas, biodiversidade e florestas, fenômeno jurídico que, a toda
evidência, implica interesse direto da União quando a conduta revele repercussão no plano
internacional.

8. A ratio essendi das normas consagradas no direito interno e no direito convencional conduz à
conclusão de que a transnacionalidade do crime ambiental, voltado à exportação de animais
silvestres, atinge interesse direto, específico e imediato da União, voltado à garantia da segurança
ambiental no plano internacional, em atuação conjunta com a Comunidade das Nações.

9. (a) Atrai a competência da Justiça Federal a natureza transnacional do delito ambiental de


exportação de animais silvestres, nos termos do art. 109, IV, da CF/88; (b) In casu, cuida-se de
envio clandestino de animais silvestres ao exterior, a implicar interesse direto da União no
controle de entrada e saída de animais do território nacional, bem como na observância dos
compromissos do Estado brasileiro perante a Comunidade Internacional, para a garantia conjunta
de concretização do que estabelecido nos acordos internacionais de proteção do direito
fundamental à segurança ambiental.

10. Recurso extraordinário a que se dá provimento, com a fixação da seguinte tese: “Compete à
Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de caráter transnacional que envolva animais
silvestres, ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegidas por Tratados e Convenções
internacionais” (RE 835558, Relator: Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 09/02/2017)

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Por oportuno, vejamos alguns casos jurisprudenciais envolvendo o temário


competência:

Crime ambiental resultante de construção de moradias de programa


habitacional popular em que a Caixa Econômica Federal figura como
agente financiador da obra. Compete à Justiça estadual o julgamento de
crime ambiental decorrente de construção de moradias de programa
habitacional popular, nas hipóteses em que a Caixa Econômica Federal atue,
tão somente, na qualidade de agente financiador da obra. O fato de a CEF atuar
como financiadora da obra não tem o condão de atrair, por si só, a competência
da Justiça Federal. Isto porque para sua responsabilização não basta que a
entidade figure como financeira. É necessário que ela tenha atuado na
elaboração do projeto ou na fiscalização da segurança e da higidez da obra.
STJ. 3ª Seção. CC 139.197-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em
25/10/2017 (Info 615)

Crime contra a fauna. Em regra, a competência será da Justiça Estadual.


OBS: A Súmula 91 do STJ foi cancelada, que preconizava: "Compete à Justiça
Federal processar e julgar os crimes praticados contra a fauna”.

Crime ambiental apurado a partir de auto de infração lavrado pelo


IBAMA. A atribuição do IBAMA de fiscalizar a preservação do meio ambiente
não atrai a competência da Justiça Federal para processamento e julgamento
de ação penal referente a delitos ambientais (STJ, 3ª Seção, CC 97372, Rel.
Min. Celso Limongi, Desembargador Convocado do TJ/SP, julgado em
24/3/2010).

Crime ocorrido em área de assentamento do INCRA. Embora a


pulverização do agrotóxico tenha ocorrido em escola localizada em área
de assentamento de responsabilidade do INCRA, autarquia federal, não há
diretamente qualquer interesse, direito ou bem da União, de suas
autarquias ou empresas públicas envolvidas, sendo, se existente,
meramente reflexo o interesse do INCRA. Logo, a competência é da Justiça
Estadual. (STJ. 3ª Seção. CC 139.810/GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado
em 26/08/2015).

Crime ambiental praticado em rio interestadual. Vejamos um julgado do


STJ: CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL X JUSTIÇA
ESTADUAL. INQUÉRITO POLICIAL E AÇÃO PENAL EM TRÂMITE,
CONCOMITANTEMENTE. DERRAMAMENTO DE 30 MIL LITROS DE ÓLEO NO RIO
NEGRO - ART. 54 DA LEI 9.605/1998. PREJUÍZO CAPAZ DE AFETAR GRANDE
EXTENSÃO DE RIO INTERESTADUAL, BEM DA UNIÃO (ART. 20, III, CF/88).

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COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.


1. A preservação do meio ambiente é matéria de competência comum da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos termos do art. 23, incisos
VI e VII, da Constituição Federal.
2. A competência do foro criminal federal não advém apenas do interesse
genérico que tenha a União na preservação do meio ambiente. É necessário
que a ofensa atinja interesse direto e específico da União, de suas entidades
autárquicas ou de empresas públicas federais.
3. Evidencia-se a competência da Justiça Federal para processar e julgar ação
penal envolvendo crime ambiental praticado em rio interestadual (bem da
União, nos termos do art. 20, III, CF), tanto mais quando a conduta investigada
(derramamento de 30 mil litros de óleo no leito do rio) tem potencial para
afetar a saúde de grande parte do trecho do rio. Precedentes.
4. Conflito conhecido, para declarar a competência do Juízo Federal da 7ª Vara
Ambiental e Agrária da Seção Judiciária do Estado do Amazonas, o suscitante.
(CC 145.420/AM, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 10/08/2016, DJe 16/08/2016)

Crime ambiental praticado em terreno de Marinha. Vejamos um julgado


do STJ: CONSTITUCIONAL E PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS
CORPUS. CRIME AMBIENTAL. TRANCAMENTO. TERRENO DE MARINHA.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. RECURSO DESPROVIDO.
1. Nos termos do entendimento consolidado desta Corte, o trancamento da
ação penal por meio do habeas corpus é medida excepcional, que somente
deve ser adotada quando houver inequívoca comprovação da atipicidade da
conduta, da incidência de causa de extinção da punibilidade ou da ausência de
indícios de autoria ou de prova sobre a materialidade do delito, o que não se
infere não hipótese dos autos.
2. Nos termos da jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, a União
tem interesse direto e específico na causa que envolva crime ambiental
praticado em terreno de marinha, atraindo a competência da Justiça Federal.
Precedentes.
3. Narra a exordial acusatória que o recorrente teria construído uma residência
de alvenaria e diversas outras estruturas em terreno de marinha. Ainda,
mesmo que não haja demarcação oficial, havendo elementos probatórios
indicativos da prática de crime ambiental em bem da União (art. 20, VI, da
Constituição Federal), não se pode afastar, ab initio, a competência da Justiça

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Federal para julgamento do processo-crime (art. 109, IV, da Constituição


Federal).
4. Recurso desprovido.
(RHC 50.692/SC, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em
05/04/2016, DJe 15/04/2016)

Animais silvestres, em extinção, exóticos ou protegidos por


compromissos internacionais. Compete à Justiça Federal processar e julgar
o crime ambiental de caráter transnacional que envolva animais silvestres,
ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegidas por compromissos
internacionais assumidos pelo Brasil. (STF. Plenário. RE 835558-SP, Rel. Min.
Luiz Fux, julgado em 09/02/2017 -repercussão geral).

Questão: É cabível o princípio da insignificância aos crimes ambientais?

É admissível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes


ambientais, a depender do caso concreto. Contudo, aos delitos praticados contra
a Administração Ambiental (arts. 66/69-A da Lei 9605/98) não há que se falar na
adoção do princípio da insignificância, pois o bem jurídico protegido é a
moralidade administrativa, mesmo raciocínio existente aos crimes contra a
Administração Pública no Código Penal.

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. CRIME AMBIENTAL.
ATIPICIDADE MATERIAL. PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE.
I - Esta Corte tem entendimento pacificado no sentido de que é possível a
aplicação do denominado princípio da insignificância aos delitos ambientais,
quando demonstrada a ínfima ofensividade ao bem ambiental tutelado (AgRg no
Resp n. 1558312/ES, de minha lavra, Quinta Turma, julgado em 02/02/2016).
II - In casu, contudo, é significativo o desvalor da conduta, a impossibilitar o
reconhecimento da atipicidade material da ação ou sua irrelevância penal, tendo
em vista ter o recorrente "com vontade livre e consciente, extraído areia do leito
do Rio Peixe, em Afonso Cláudio/ES, ilegalmente, com utilização de draga com
motor, sem qualquer autorização do órgão competente" (fl. 218), a demonstrar
a relevância do dano causado ao meio ambiente pela prática delitiva.

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III - Esta Corte Superior já decidiu que "deve-se aferir com cautela o grau de
reprovabilidade, a relevância da periculosidade social, bem como a ofensividade
da conduta, haja vista a fundamentalidade do direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, inerente às presentes e futura gerações (princípio da
equidade intergeracional)" (AgRg no REsp n. 1.558.576/PR, Sexta Turma, Rel.
Min. Sebastião Reis Júnior, DJe de 17/3/2016).Agravo regimental não provido.
(STJ, AgRg no AREsp 1051541/ES, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA,
julgado em 28/11/2017, DJe 04/12/2017)

PENAL. HABEAS CORPUS. PACIENTE CONDENADO PELO CRIME PREVISTO


NO ART. 34 DA LEI 9.605/1998 (LEI DE CRIMES AMBIENTAIS).
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
REPROVABILIDADE DA CONDUTA DO AGENTE. REITERAÇÃO DELITIVA.
ORDEM DENEGADA.
I - Nos termos da jurisprudência deste Tribunal, a aplicação do princípio da
insignificância, de modo a tornar a ação atípica exige a satisfação de certos
requisitos, de forma concomitante: a conduta minimamente ofensiva, a ausência
de periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do
comportamento e a lesão jurídica inexpressiva.
II – A quantidade de peixes apreendida em poder do paciente no momento em
que foi detido, fruto da pesca realizada em local proibido e por meio da utilização
de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos, como no caso dos
autos, lesou o meio ambiente, colocando em risco o direito constitucional ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, o que impede o reconhecimento da
atipicidade da conduta.
III - Ademais, os autos dão conta da existência de registros criminais pretéritos,
bem como de relatos de que o paciente foi surpreendido por diversas vezes
pescando ou tentando pescar em área proibida, a demonstrar a reiteração delitiva
do paciente.
IV - Os fatos narrados demonstram a necessidade da tutela penal em função da
maior reprovabilidade da conduta do agente. Impossibilidade da aplicação do
princípio da insignificância. Precedentes.
V – Ordem denegada. (STF, HC 135404, Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI,
Segunda Turma, julgado em 07/02/2017)

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SUJEITO ATIVO

Art. 2º da Lei 9605/98: Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos
crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua
culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão
técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que,
sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando
podia agir para evitá-la.

A primeira parte do dispositivo legal em comento é desnecessária, pois


repete o comando já previsto no art. 29 do Código Penal. Por sua vez, a segunda
parte do art. 2º da Lei nº 9605/98 não cria uma hipótese de responsabilidade
penal objetiva, mas somente visa atribuir a responsabilidade penal por omissão,
na forma do art. 13, §2º, do Código Penal. É interessante destacar que nos crimes
societários (crimes cometidos no âmbito de pessoa jurídica) a mera posição
ocupada pelo agente é insuficiente para a configuração de sua responsabilidade
penal, sendo indispensável a demonstração de sua participação no caso concreto.
Em resumo, o art. 2º da Lei 9605/98 a Lei Ambiental prevê a corresponsabilidade
entre as diversas pessoas que tenham participado da empreitada criminosa,
sejam executores ou mandantes, o que inclui a pessoa física do diretor,
administrador ou membro da sociedade com poderes decisórios.

Art. 3º da Lei 9605/98: As pessoas jurídicas serão responsabilizadas


administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos
em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou
contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua
entidade.
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das
pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato.

Esse assunto é extremamente importante. Em razão disso, a tendência de


cair em prova é enorme!!!!

Com fundamento no art. 225, § 3º, da Constituição Federal e no art. 3º da


Lei nº 9.605/98, os Tribunais Superiores firmaram entendimento no
sentido de que as pessoas jurídicas podem cometer crimes ambientais.

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O Superior Tribunal de Justiça tinha a posição de que era necessária a dupla


imputação, ou seja, para a ocorrência da prática delitiva era indispensável a
imputação simultânea à pessoa jurídica e à pessoa física que atua em seu nome
e em seu benefício. Vale, dizer a denúncia deveria contemplar a pessoa física e a
pessoa jurídica.

Contudo, o Superior Tribunal de Justiça alterou o seu posicionamento para


alinhar-se ao entendimento jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal no
sentido de que não é necessária a dupla imputação ou coautoria
necessária (obrigatória responsabilização simultânea das pessoas físicas e das
pessoas jurídicas), porquanto a Constituição Federal em seu artigo 225, §3º não
faz essa exigência. Vejamos os julgados dos Tribunais Superiores:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO


PENAL. CRIME AMBIENTAL.
RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA
JURÍDICA. CONDICIONAMENTO DA AÇÃO
PENAL À IDENTIFICAÇÃO E À PERSECUÇÃO CONCOMITANTE DA PESSOA
FÍSICA QUE NÃO ENCONTRA AMPARO NA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA.
1. O art. 225, § 3º, da Constituição Federal não condiciona a responsabilização
penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal da
pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa. A norma constitucional
não impõe a necessária dupla imputação.
2. As organizações corporativas complexas da atualidade se caracterizam pela
descentralização e distribuição de atribuições e responsabilidades, sendo
inerentes, a esta realidade, as dificuldades para imputar o fato ilícito a uma
pessoa concreta.
3. Condicionar a aplicação do art. 225, §3º, da Carta Política a uma concreta
imputação também a pessoa física implica indevida restrição da norma
constitucional, expressa a intenção do constituinte originário não apenas de
ampliar o alcance das sanções penais, mas também de evitar a impunidade pelos
crimes ambientais frente às imensas dificuldades de individualização dos
responsáveis internamente às corporações, além de reforçar a tutela do bem
jurídico ambiental.
4. A identificação dos setores e agentes internos da empresa determinantes da
produção do fato ilícito tem relevância e deve ser buscada no caso concreto como
forma de esclarecer se esses indivíduos ou órgãos atuaram ou deliberaram no
exercício regular de suas atribuições internas à sociedade, e ainda para verificar
se a atuação se deu no interesse ou em benefício da entidade coletiva. Tal

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esclarecimento, relevante para fins de imputar determinado delito à pessoa


jurídica, não se confunde, todavia, com subordinar a responsabilização da pessoa
jurídica à responsabilização conjunta e cumulativa das pessoas físicas envolvidas.
Em não raras oportunidades, as responsabilidades internas pelo fato estarão
diluídas ou parcializadas de tal modo que não permitirão a imputação de
responsabilidade penal individual.
5. Recurso Extraordinário parcialmente conhecido e, na parte conhecida, provido.
(STF, RE 548181, Relator: Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em
06/08/2013)

PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA.


RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA POR CRIME
AMBIENTAL: DESNECESSIDADE DE DUPLA IMPUTAÇÃO CONCOMITANTE
À PESSOA FÍSICA E À PESSOA JURÍDICA.
1. Conforme orientação da 1ª Turma do STF, "O art. 225, § 3º, da Constituição
Federal não condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes
ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável
no âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a necessária dupla
imputação." (RE 548181, Relatora Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado
em 6/8/2013, acórdão eletrônico DJe-213, divulg. 29/10/2014, public.
30/10/2014).
2. Tem-se, assim, que é possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por
delitos ambientais independentemente da responsabilização concomitante da
pessoa física que agia em seu nome. Precedentes desta Corte.
3. A personalidade fictícia atribuída à pessoa jurídica não pode servir de artifício
para a prática de condutas espúrias por parte das pessoas naturais responsáveis
pela sua condução.
4. Recurso ordinário a que se nega provimento.
(STJ, RMS 39.173/BA, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA
TURMA, julgado em 06/08/2015, DJe 13/08/2015)

Como se vê, pessoa física e pessoa jurídica apresentam


responsabilidades penais diversas e devem ser apuradas de forma
isolada e autônoma. Ainda que analisadas num mesmo processo, é possível
que reste demonstrada a responsabilidade penal da pessoa física, mas não a da
pessoa jurídica, e vice-versa. Em outras palavras, a responsabilidade penal da
pessoa jurídica não representa, por si só, a de seus sócios, sob pena de ser
esvaziada a premissa da intranscendência da pena.

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Quais são os requisitos para o reconhecimento da responsabilidade


penal da pessoa jurídica: a) por decisão de seu representante legal ou
contratual; b) no interesse ou em benefício da pessoa jurídica. De tal
sorte, não há que se falar em responsabilidade da pessoa jurídica se o ato foi
praticado por iniciativa isolada de um empregado ou para proveito pessoal do
dirigente

Art. 4º da Lei 9605/98: Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre


que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados
à qualidade do meio ambiente.

Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua


personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade
do meio ambiente; a pessoa jurídica constituída ou utilizada,
preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime
definido na Lei 9605/98 terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio
será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo
Penitenciário Nacional.

Observa-se que o dispositivo legal acima não versa sobre matéria de Direito
Penal, mas sim cuida-se de um instituto de direito civil, pois o ressarcimento de
prejuízos causados à qualidade do meio ambiente é de natureza civil, já que a
responsabilidade na seara penal é sempre pessoal, não podendo ser transferido
a qualquer pessoa (jurídica ou física), em virtude do primado da intranscendência
da pena (art. 5º, XLV, da Constituição Federal3).

3
Art. 5º, XLV, da CF: nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de
reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas até o limite do valor do patrimônio transferido.

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2 – Aplicação da Pena

Art. 6º da Lei nº 9605/98: Para imposição e graduação da penalidade, a


autoridade competente observará:
I – a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas
consequências para a saúde pública e para o meio ambiente;
II – os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de
interesse ambiental;
III – a situação econômica do infrator, no caso de multa.

Ao lado das circunstâncias judiciais genéricas descritas no art. 59 do Código


Penal, a lei 9605/98 acrescenta ainda 3 circunstâncias específicas ligadas ao
Direito ambiental para serem analisadas no momento da 1ª fase do cálculo
trifásico da pena. São elas:

1) A gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas


consequências para a saúde pública e para o meio ambiente;

2) Os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação


de interesse ambiental;

3) A situação econômica do infrator, no caso de multa.

OBS: Essas 3 circunstâncias judiciais específicas também incidem no


momento da aplicação da pena para a pessoa jurídica, desde que compatíveis
com as penas a ela aplicadas (art. 21 da Lei 9605/98)

Art. 7º da Lei nº 9605/98: As penas restritivas de direitos são autônomas


e substituem as privativas de liberdade quando:
I – tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade
inferior a quatro anos;
II – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que
a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do
crime;
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo
terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída.
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A pena restritiva de direitos é uma espécie de sanção penal imposta em


substituição à pena privativa de liberdade, consistente na diminuição ou
supressão de um ou mais direitos do condenado.

Reparem que essas penas restritivas de


direitos da Lei dos Crimes Ambientais, assim como
ocorre no Código Penal, não são cominadas
abstratamente na norma penal incriminadora.
Elas são autônomas (não podem ser cumuladas com as penas privativas de
liberdade) e substitutivas (primeiro o juiz aplica a pena privativa de liberdade
e, depois, na própria sentença, a substitui pela pena restritiva de direito). De
acordo com o art. 7º, parágrafo único, da Lei 9605/98, essa pena restritiva de
direito terá a mesma duração da pena privativa de liberdade.

Observem ainda que o art. 7º da Lei 9605/98 trata de requisitos diversos


do Código Penal para a concessão de pena restritivas de direitos. Assim, em prol
do princípio da especialidade, prevalece os pressupostos da Lei dos Crimes
Ambientais em relação ao Código Penal para a concessão da referida espécie de
pena.

E quais são os requisitos cumulativos para a fixação de penas restritivas


de direitos?

Requisito objetivo: Crime culposo ou pena privativa de liberdade aplicada


inferior a 4 anos.

Requisito subjetivo: A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a


personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do
crime.

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As espécies de penas restritivas de direito estão descritas no art. 8º


da Lei nº 9605/98:

Art. 8º da Lei nº 9605/98: As penas restritivas de direitos são:


I – prestação de serviços à comunidade;
II – interdição temporária de direitos;
III – suspensão parcial ou total de atividades;
IV – prestação pecuniária;
V – recolhimento domiciliar.

Chamo atenção de vocês para alertar que o Estado-Juiz somente pode


aplicar essas penas restritivas de direitos em decorrência lógica do princípio da
reserva legal. São penas destinadas apenas às pessoas físicas. As penas
aplicáveis às pessoas jurídicas foram contempladas nos artigos 21 e 22 da Lei nº
9605/98.

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE

A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao


condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de
conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na
restauração desta, se possível (art. 9º da Lei nº 9605/98).

Cuida-se de pena autônoma, bem similar à existente no Código Penal, com


o diferencial apenas no tocante ao local onde as tarefas serão cumpridas (jardins
públicos, parques e unidades de conservação). Essa atividade de defesa do meio
ambiente visa conscientizar o apenado da importância da preservação do meio
ambiente.

Além da prestação de serviços à comunidade, a lei ainda previu que o


agente deve realizar a restauração de coisa particular, pública ou tombada,
se possível.

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PENAS DE INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS

As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o


condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou
quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de
5 anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos (art.
10 da Lei nº 9605/98).

Como se vê, as penas de interdição temporária de direito são de 3 tipos:


==0==

a) Contratar com o Poder Público. OBS: Eventuais contratos com o Poder


Público antes da sentença penal condenatória não são alcençados com essa
pena.

b) Receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios;

c) Participar de licitações.

Essa pena tem caráter transitório. Se o crime for


doloso, o prazo será de 5 anos. De outro lado, se
o delito for culposo, o prazo será de 3 anos.

SUSPENSÃO DE ATIVIDADES

A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem


obedecendo às prescrições legais (art. 11 da Lei nº 9605/98). Cuida-se de uma
pena em que suspendem total ou parcialmente as atividades desempenhadas
pela pessoa física em razão dela não estar cumprindo as regras legais.

O termo atividade deve ser compreendido como qualquer tipo de trabalho


(remuneratório ou não).

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PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA

A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou


à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz,
não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários
mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação
civil a que for condenado o infrator (art. 12 da Lei nº 9605/98)

RECOLHIMENTO DOMICILIAR

O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de


responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar
curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e
horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia
habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória (art. 13 da Lei
9605/98).

CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES E AGRAVANTES ESPECÍFICAS

Art. 14 da Lei nº 9605/98: São circunstâncias que atenuam a pena:


I – baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
II – arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do
dano, ou limitação significativa da degradação ambiental;
III – comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação
ambiental;
IV – colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle
ambiental.
V – recolhimento domiciliar.

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Além das circunstâncias atenuantes descritas no Código Penal, o juiz


também considerar essas circunstâncias atenuantes específicas
delineadas na Lei nº 9605/98 na segunda etapa do cálculo trifásico da
pena.

As circunstâncias atenuantes específicas são as seguintes:

1) baixo grau de instrução ou escolaridade do agente. Repare que essa


situação não exclui o crime, mas apenas reduz a pena.

2) arrependimento do infrator, 0 manifestado pela espontânea


reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental.
Essa atenuante exige o cumprimento de duas condicionantes: a) reparação
espontânea do dano; b) limitação significativa da degradação ambiental.

3) Comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação


ambiental. Essa atenuante vista justamente alertar e obstar um dano maior
ao meio ambiente. Repare que basta a prévia informação, não exigindo a lei
que o agente consiga impedir a degradação ambiental.

4) Colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do


controle ambiental. Para fazer jus a essa atenuante, o legislador exigiu uma
conduta positiva do agente, qual seja, colaborar com os agentes encarregados
da vigilância e do controle ambiental, de forma a minimizar as consequências
ambientais da sua conduta delituosa. Observem que aqui também o legislador
não exige que o dano ambiental seja impedido ou suas consequências
ambientais minoradas, bastando o comportamento ativo do agente em
colaborar com os agentes estatais.

Por sua vez, o art. 15 da Lei nº 9.605/98 cuida das circunstâncias


agravantes específicas.

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Art. 15 da Lei nº 9605/98: São circunstâncias que agravam a pena, quando


não constituem ou qualificam o crime:

I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;

II - ter o agente cometido a infração:

a) para obter vantagem pecuniária;

b) coagindo outrem para a execução material da infração;

c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio


ambiente;

d) concorrendo para danos à propriedade alheia;

e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do


Poder Público, a regime especial de uso;

f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;

g) em período de defeso à fauna;

h) em domingos ou feriados;

i) à noite;

j) em épocas de seca ou inundações;

l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;

m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;

n) mediante fraude ou abuso de confiança;

o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;

p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas


públicas ou beneficiada por incentivos fiscais;

q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades


competentes;

r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

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É possível a aplicação conjunta das


circunstâncias agravantes do Código Penal com as
da Lei nº 9605/95. Somente restará caracterizado bis in idem se existir
identidade entre as agravantes.

Atenção especial merece o inciso I do art. 15 da Lei nº 9605/98


(reincidência nos crimes de natureza ambiental). À luz do princípio da
especialidade, somente essa reincidência em crimes ambientais tem o condão de
fazer incidir a circunstância agravante. Caso esteja configurada a reincidência
prevista no Código Penal (art. 63), essa agravante não poderá incidir, incidindo
apenas a prevista no Código Penal4.

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA

Art. 16 da Lei nº 9605/98: Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão


condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena
privativa de liberdade não superior a três anos.

Nos crimes ambientais pode ser concedido sursis em condenação a pena


privativa de liberdade até 3 anos. Essa regra destoa da norma geral imposta
no Código Penal, prevalecendo-se, no ponto, a lei nº 9605/98 por ser uma lei
especial. No tocante aos demais requisitos para a concessão do sursis devem ser
observados os pressupostos elencados no art. 77 do Código Penal.

Em resumo, nos crimes ambientais, o sursis é aplicável na condenação


a pena privativa de liberdade de até três anos (art. 16), ao passo que nos
demais crimes o benefício só pode ser aplicado em condenações que não excedem
a dois anos.

No caso do sursis especial, a verificação da reparação do dano será feita


mediante laudo de reparação do dano ambiental, e as condições judiciais a

4
HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. 10ª ed. Salvador: JusPodvm, 2018, p. 151.

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serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção ao meio ambiente
(art. 17 da Lei nº 9605/98).

MULTA

A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-


se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada
até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida
(art. 18 da Lei 9805/98).

Da mesma forma da prevista no Código Penal, a pena de multa emprega o


sistema conhecido dias-multa. Vale dizer, em um primeiro momento, o
magistrado pode fixar o número de dias-multa (que pode ser de 10 até 360 dias-
multa). Em um segundo momento, o juiz fixa o valor de cada dia-multa (que
pode ser 1/30 do salário mínimo até 5 salários mínimos vigente no instante da
conduta).

Pois bem. Caso o valor fixado se mostre insuficiente, o juiz pode elevar a
pena de multa em até três vezes, porém, de forma diversa do Código Penal, o
fator a ser considerado para tanto será o valor da vantagem econômica
auferida, e não a situação financeira do acusado.

A multa também levará em conta também o montante do prejuízo


ambiental causado, que será apurado por meio de uma perícia de constatação do
dano ambiental (art. 19 da Lei nº 9605/98).

Essa perícia de constatação de dano ambiental também serve para a


aferição do cálculo da fiança.

Questão: E se já existir uma perícia de constatação de dano ambiental


encartada em inquérito civil ou no juízo cível?

Nesse caso é possível se valer desse laudo pericial como prova


emprestada, desde que referentes às mesmas partes e com obediência dos
princípios do contraditório e da ampla defesa (art. 19, parágrafo único, da Lei nº
9605/98).

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A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor


mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os
prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente (art. 20, caput, da Lei nº
9605/98).

Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá


efetuar-se pelo valor fixado na sentença condenatória, sem prejuízo da liquidação
para apuração do dano efetivamente sofrido (art. 20, parágrafo único, da Lei nº
9605/98). Vale dizer, a sentença penal condenatória vale como título executivo
judicial e dará ensejo a execução no juízo cível, na forma do art. 515, VI, do
Código de Processo Civil. Não sendo possível alcançar toda a extensão do dano
ou das espécies de danos (material ou moral), será realizada a liquidação na
esfera do Juízo Cível.

PENAS APLICÁVEIS À PESSOA JURÍDICA

Art. 21 da Lei nº 9605/98: As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou


alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º,
são:
I – multa;
II – restritivas de direitos;
III – prestação de serviços à comunidade.

Em razão do princípio da taxatividade, apenas a multa, as penas


restritivas de direitos e a prestação de serviços à comunidade são
previstas como penas para as pessoas jurídicas. O fator determinante para
optar entre a alternatividade e a cumulação é o previsto no art. 3º da Lei
9605/98.

São essas as penas:

Multa – Essa sanção segue as regras previstas no art. 49 Código Penal


Restritivas de direitos – Está prevista no art. 22 da Lei 9605/98 (será
explicada a seguir)
Prestação de serviços à comunidade – Embora essencialmente seja uma
pena restritivas de direitos, pela lei 9605/98 foi prevista como uma sanção
autônoma à pessoa jurídica.

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Questão: Como se calcula o prazo prescricional para essas sanções do art.


21 da Lei nº 9605/98?

O cálculo prescricional segue as regras do Código Penal (art. 109).


Vejamos o posicionamento do Supremo Tribunal Federal:

Agravo regimental em recurso extraordinário


com agravo. 2. Direito Penal. 3. Prescrição.
Alegação de aplicação às pessoas jurídicas do
lapso previsto no inciso I do art. 114 do CP
(prescrição da pena de multa). 4. Incidência das súmulas 282 e 356. 5. Ofensa
indireta ao texto constitucional. 5. Súmula 279. 6. Não configurada a ocorrência
de prescrição em relação ao crime imputado. 7. Nos crimes ambientais, às
pessoas jurídicas aplicam-se as sanções penais isolada, cumulativa ou
alternativamente, somente as penas de multa, restritivas de direitos e prestação
de serviços à comunidade (art. 21 da Lei 9.605/98). No caso, os parâmetros de
aferição de prazos prescricionais são disciplinados pelo Código Penal. Nos termos
do art. 109, caput e parágrafo único, do Código Penal, antes de transitar em
julgado a sentença final, aplica-se, às penas restritivas de direito, o mesmo prazo
previsto para as privativas de liberdade, regulada pelo máximo da pena privativa
de liberdade cominada ao crime. O crime do art. 54, § 1º, da Lei 9.605/98 – o
qual estabelece pena de detenção de seis meses a um ano, e multa – prescreve
em 4 anos (CP, art. 109, V). Não ocorrência do prazo de 4 anos entre a data dos
fatos e o recebimento da denúncia. Prescrição não caracterizada. Não se afasta
o lapso prescricional de 2 anos, se a pena cominada à pessoa jurídica for,
isoladamente, de multa (inciso I, art. 114, do CP). 8. Ausência de argumentos
capazes de infirmar a decisão agravada. 9. Agravo regimental a que se nega
provimento. (ARE 944034 AgR, Relator: Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma,
julgado em 30/09/2016)

E quais são as penas restritivas de direito aplicáveis às pessoas jurídicas?

De acordo com o art. 22 da Lei nº 9605/98, essas penas restritivas de


direitos são:

1) Suspensão total ou parcial de atividades. Essa suspensão será aplicada


quando a pessoa jurídica não estiver obedecendo às disposições legais ou

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regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente. Essa pena restritiva


de direitos terá a mesma duração da pena privativa de liberdade aplicada.
2) Interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade. Essa
interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver
funcionando sem a devida autorização (de modo clandestino), ou em desacordo
com a concedida (com abuso de autoridade), ou com violação de disposição
legal ou regulamentar (de maneira ilegal). Essa pena restritiva de direitos terá
a mesma duração da pena privativa de liberdade aplicada.
3) Proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios,
subvenções ou doações em prazo não superior a 10 anos. Eventuais
contratos assinados e em andamento antes dessa pena transitada em julgado
devem ser cumpridos. Essa pena restritiva de direitos terá a mesma duração
da pena privativa de liberdade aplicada.

De acordo com o art. 23 da Lei 9605/98, a pena de prestação de


serviços à comunidade, quanto às pessoas jurídicas, constituirá:

a) Custeio de programa e de projetos ambientais;

b) Execução de obras de recuperação de áreas degradadas;

c) Manutenção de espaços públicos;

d) Contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.

Vamos imaginar a seguinte situação: Uma empresa é constituída com a


finalidade de facilitar a prática de crime ambiental. Qual será a consequência
jurídica para essa pessoa jurídica?

A pessoa jurídica constituída ou utilizada,


preponderantemente, com o fim de permitir,
facilitar ou ocultar a prática de crime definido na Lei
nº 9605/98 terá decretada sua liquidação forçada,
seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em
favor do Fundo Penitenciário Nacional (art. 24 da Lei 9605/98).

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DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO DE INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA


OU DE CRIME

Art. 25 da Lei nº 9605/98: Verificada a infração, serão apreendidos seus


produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos.
§1º Os animais serão prioritariamente libertados em seu habitat ou, sendo
tal medida inviável ou não recomendável por questões sanitárias, entregues
a jardim zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e
cuidados sob a responsabilidade de técnicos habilitados.
§2º Até que os animais sejam entregues às instituições mencionadas no §1º
deste artigo, o órgão autuante zelará para que eles sejam mantidos em
condições adequadas de acondicionamento e transporte que garantam o seu
bem-estar físico.
§3º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e
doados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins
beneficentes.
§4º Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou
doados a instituições científicas, culturais ou educacionais.
§5º Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos,
garantida a sua descaracterização por meio de reciclagem.

Reparem que o CPP já determinava a apreensão de produtos e


instrumentos do crime. Pois bem. A Lei nº 9605/98 apenas aperfeiçoou tal
instrumento para melhor apurar os crimes da referida lei e assegurar melhor
proteção ao meio ambiente.

Dessa forma, realizada a perícia, os animais devem ser devolvidos ao


seu habitat natural. Apenas e tão somente na hipótese de ser inviável a sua
restituição ao seu habitat natural ou não recomendável por questões sanitárias,
os animais serão entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades
assemelhadas. Animais (1º lugar: habitat natural; 2º lugar: jardins zoológicos,
fundações ou entidades assemelhadas). Até que os animais sejam entregues as
referidas instituições, o órgão atuante zelará para que eles sejam mantidos em
condições adequadas de acondicionamento e transporte que garantam o seu
bem-estar físico.

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Por sua vez, as madeiras e os produtos perecíveis, haja vista a


impossibilidade de retornar o status quo ante (restituição à natureza), serão
avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais e
outras com fins beneficentes.

Já os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis deverão ser


doados a instituições científicas, culturais ou educacionais a fim de incentivar as
pesquisas científicas ou fomentar o conhecimento. Exemplo: Um animal
empalhado pode ser entregue a uma Universidade para aprimorar o estudo sobre
biologia. Contudo, caso esse produto ou subproduto da fauna não perecível não
tenha qualquer utilidade (Exemplo: Peças de tabuleiro feito com casca de jacaré),
a saída prevista em lei é a sua destruição.

Por fim, os instrumentos empregados na infração penal somente


podem ser vendidos após a sua descaracterização, evitando, assim, serem
usados para vindouros crimes ambientais.

DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL

Art. 26 da Lei 9605/98: Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação
penal é pública incondicionada.

Segundo artigo 26 da Lei nº 9605/98, a ação penal nos crimes ambientais


é sempre pública e incondicionada. Vale dizer, a legitimidade para intentar a ação
penal é do Ministério Público e independente de qualquer condicionante.

Chamo ainda a atenção de vocês para ressaltar que esse dispositivo legal
era desnecessário, porquanto na ausência de qualquer previsão expressa em lei
aplica-se a regra geral do art. 100 do Código Penal, ou seja, a ação penal é
pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.

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INSTITUTOS DESPENALIZADORES

A lei nº 9605/98, em seus artigos 27 e 28, de maneira expressa prevê a


aplicação da Lei dos Juizados Especiais Criminais no âmbito dos crimes
ambientais. Como veremos, é possível a aplicação de institutos
despenalizadores (transação penal e suspensão condicional do processo) aos
crimes ambientais.

TRANSAÇÃO PENAL

A transação penal nos crimes ambientais está condicionada à prévia


composição do dano ambiental, salvo em caso de comprovada impossibilidade
devidamente demonstrada nos autos (exemplo: impossibilidade financeira do
autor dos fatos)5. Vale dizer, o legislador estabeleceu um novo pressuposto para
a realização da transação penal nos crimes ambientais não descrito na Lei nº
9099/95, qual seja, prévia composição do dano ambiental (condição de
admissibilidade da transação penal).

SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO

Como já mencionamos, o instituto do sursis processual também tem


aplicabilidade aos crimes ambientais. Todavia, a suspensão condicional do
processo apenas acarretará a extinção da punibilidade depois da integral
reparação do dano ambiental, constatada através de laudo próprio, salvo
impossibilidade de reparação do dano devidamente comprovada nos autos (art.
28, I, da Lei nº 9605/98. Observem que a reparação do dano é uma das condições
a serem cumpridas durante o período de prova do sursis processual.

Questão: E se a reparação do dano for parcial?

5
Art. 27 da Lei nº 9605/98: Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de
aplicação imediata de pena restritivas de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9099,
de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia
composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada
impossibilidade.

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Constatada a reparação parcial por laudo, o prazo do período de prova será


prorrogado até o máximo previsto no art. 89 da lei 9099/95 (4 anos), acrescido
de mais 1 ano e suspenso o prazo prescricional, conforme determina o art. 28,
II, da Lei 9605/98. Vale dizer, se a reparação for parcial, o período de prova
pode ser prorrogado até o total de 5 anos e o prazo prescricional será
suspenso nesse período. Somente o prazo é prorrogado, de forma a permitir
que o agente repare o dano ambiental causado. Assim, nessa prorrogação de
prazo, o agente não fica obrigado ao cumprimento das demais condições do sursis
processual.

Encerrado o período da prorrogação, é realizado um segundo laudo de


constatação de reparação do dano para verificar se houve, ou não, reparação
integral do dano ambiental. 2 consequências podem advir:

a) Reparação integral do dano Extinção da punibilidade

b) Reparação parcial do dano O sursis pode ser prorrogado


novamente pelo período máximo de 5 anos para que o agente repare
integralmente o dano.

Esgotado o prazo máximo de prorrogação (10 anos), a declaração de


extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove
ter o réu tomado as providências necessárias à reparação integral do
dano, a ser analisado pelo magistrado, levando em conta o empenho pessoal do
acusado para reparar esse dano ambiental.

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3 – Dos crimes ambientais

Os crimes ambientais dividem-se em 5 grupos: a) Dos Crimes contra a


fauna; b) Dos crimes contra a Flora; c) Da poluição e outros crimes
ambientais; d) Dos crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio
cultural; e) Dos crimes contra a Administração Ambiental.

Fauna. A fauna consiste no conjunto de animais, terrestres ou aquáticos,


próprios de determinada região, que se dividem em: invertebrados, mamíferos,
aves, répteis e anfíbios. Os peixes estão incluídos na fauna aquática.

Flora. A flora é o conjunto de plantas de uma determinada região ou


período listadas por espécies e consideradas como um todo, incluídos os fungos,
as bactérias do solo, os musgos, bromeliáceas, podendo ser encontrada nas
matas, nos pântanos, no ambiente marinho, (flutuante ou fixa no fundo das
águas).

Poluição. Poluição é toda alteração das propriedades naturais do meio


ambiente, provocada por agentes de qualquer espécie, prejudicial à saúde, à
segurança ou ao bem-estar da população que é atingida pelos efeitos da poluição.

Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural. Consiste no patrimônio


histórico, cultural, artístico, arqueológico e paisagístico.

Administração Ambiental. A Administração Ambiental é a Administração


Pública com destinação específica de proteger o meio ambiente.6

6
HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. 10ª ed. Salvador: JusPodvm, 2018, p. 163.

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DOS CRIMES CONTRA A FAUNA

OBS 1: Os crimes contra a fauna descritos na Lei nº 9605/98 revogaram


os crimes previstos na Lei 5197/67 (Código de Caça, também conhecido como
Lei de Proteção à Fauna).

OBS 2: Os crimes descritos nos arts. 29/33 e 37 versam sobre a caça em


geral, ao passo que os crimes dos arts. 34, 35 e 36 são específicos aos atos de
pesca.

CAÇA (art. 29 da Lei nº 9605/98)

Art. 29 da Lei 9605/98: Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes


da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão,
licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.

(...)

§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada


ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de
aplicar a pena.

§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às


espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que
tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do
território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.

Objetividade Jurídica: A preservação da fauna e o equilíbrio ecológico.

Sujeito ativo: É um crime comum, ou seja, pode ser cometido por qualquer
pessoa.

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Elementos objetivos do tipo: Matar significa abater (tirar a vida).


Perseguir ir ao encalço (correr atrás). Caçar é procurar o animal para abatê-lo.
Apanhar é capturar, pegar. Utilizar é usar alguma espécie de fauna (Exemplos:
comércio de animais, escambo, troca de um animal)

Questão: O que é fauna silvestre (próprio das selvas)?

São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies


nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo
ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro,
ou águas jurisdicionais brasileiras (art. 29, §3º, da Lei 9605/98 – exemplo de
norma penal explicativa).

Estamos diante de um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla


ou de conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma conduta
descrita no tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio
da alternatividade, incorrerá num único delito.

Também é um exemplo de norma penal em branco, porquanto o preceito


primário da norma penal necessita de complementação para saber se há
permissão, licença ou autorização da autoridade competente. Assim, existindo
autorização da autoridade ou comportando-se o agente dentro dos limites
autorizados, o fato será atípico.

Elemento subjetivo do tipo: Dolo, ou seja, vontade livre e consciente de


realizar qualquer das condutas descritas no tipo penal. Não há previsão da
modalidade culposa.

Pena: detenção de seis meses a um ano, e multa. Logo, admite a


suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei nº 9099/95).

Esse crime admite perdão judicial. Para tanto, são


necessários dois requisitos: a) Guarda doméstica
do animal silvestre, ou seja, o animal em questão

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deve ser mantido no interior; b) Espécie silvestre não considerada ameaçada de


extinção.

Figuras equiparadas (art. 29, §1º, da Lei nº 9605/98):

I – Quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em


desacordo com a obtida;

II – quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;

III – Quem vende, expõe a venda, exporta, ou adquire, guarda, tem em cativeiro
ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre,
nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos,
provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença
ou autorização da autoridade competente.

Causas de aumento de pena (art. 29, §4º, da Lei nº 9605/98): A


pena é aumentada de ½ (metade):

a) contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente


no local da infração.

b) em período proibido à caça. Esse período é determinado pela autoridade


ambiental competente;

c) durante a noite;

d) com abuso de licença;

e) em unidade de conservação. Nessa situação não se aplica a agravante do art.


15, II, e, da Lei 9605/98, sob pena de incorrer no indevido bis in idem;

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f) com emprego de métodos ou instrumentos capazes de destruição em massa.

A pena é aumentada até o triplo se o crime decorre do exercício de caça


profissional (art. 29, §5º, da Lei 9605/98).

As disposições do art. 29 não se aplicam aos atos de pesca7. É uma


hipótese de causa de exclusão da tipicidade formal.

Competência: Em regra, a competência será da Justiça Estadual, salvo se


presente alguma situação do art. 109 da Constituição Federal, com a consequente
competência da Justiça Federal. Exemplo: Se o crime ocorrer a bordo de navio
ou aeronaves (art. 109, IX, da Constituição Federal).

EXPORTAÇÃO IRREGULAR DE PELES e COUROS (art. 30 da Lei nº


9605/98)

Art. 30 da Lei nº 9605/98: Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios


e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

OBS 1: Esse delito da conduta específica de exportar peles e couros de


anfíbios e répteis em bruto. Animais vivos e produtos e objetos industrializados
são tratados no art. 29, III, da Lei nº 9605/98.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, isto é, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

7
Art. 36 da Lei 9605/98: Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar,
extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos,
moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as
espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e flora.

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Elemento objetivo: Exportar significa encaminhar para o exterior. Se a


exportação for devidamente autorizada pela autoridade competente, o fato será
atípico.

OBS 2: Em conformidade com o art. 158 do CPP é fundamental a realização


de perícia no produto exportado para aferir se é ou não peles e couros de anfíbios
e répteis em bruto.

Elemento subjetivo: É o dolo. Não existe a forma culposa.

Pena: Reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. Admite o sursis processual.

Competência: A ação será ajuizada na Justiça Federal em decorrência da


internacionalidade do delito (art. 109, V, da Constituição Federal).

INTRODUÇÃO IRREGULAR DE ESPÉCIME ANIMAL NO PAÍS (art. 31 da Lei


nº 9605/98)

Art. 31 da Lei nº 9605/98. Introduzir espécime animal no País, sem parecer


técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, isto é, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Introduzir significa ingressar com a espécime animal


no território nacional.

Elemento subjetivo: É o dolo. Não existe a forma culposa.

Pena: Detenção, de 3 meses a 1 ano. Compatível com os institutos


despenalizadores da transação penal e do sursis processual.

Competência: A ação será ajuizada na Justiça Federal em decorrência da


internacionalidade do delito (art. 109, V, da Constituição Federal).

MAUS TRATOS (art. 32 da Lei nº 9605/98)

Art. 32 da Lei nº 9605/98. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou


mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

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§ 1º-A Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas descritas no caput0 deste artigo será de
reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e proibição da guarda. (Incluído pela Lei nº 14.064, de 2020)

§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel


em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem
recursos alternativos.

§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do


animal.

OBS: Esse dispositivo legal revogou o art. 64 da Lei de Contravenções


Penais (crueldade contra animais).

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, isto é, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Praticar ato de abuso significa extrapolar os limites do


animal (ex: submeter o animal a trabalho excessivo). Ferir é lesionar o animal.
Mutilar é arrancar parte do corpo do animal.

Animal silvestre é aquele pertencente às espécies nativas, migratórias e


quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo
de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas
jurisdicionais brasileiras. Animal doméstico é aquele que convive de forma
harmoniosa com o homem. Exemplos: Cães e gatos. Animal domesticados são
aqueles que foram retirados do ambiente silvestre, porém o convívio com o ser
humano os deixou domesticados. Exemplos: araras e papagaios. Animais nativos
são os oriundos do meio silvestre nacional. Ex: Logo guará. Animais exóticos são
aqueles que são encontrados em local distinto do qual são originários. Ex:
canguru.

Estamos diante de um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla


ou de conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma conduta
descrita no tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio
da alternatividade, incorrerá num único delito.

Elemento subjetivo: É o dolo. Não existe a forma culposa.

Pena: Detenção, de 3 meses a 1 ano. Compatível com os institutos


despenalizadores da transação penal e do sursis processual.

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Figura equiparada. O art. 32, §1º, da Lei 9605/98 versa sobre condutas
de vivisseção, ou seja, realizar experiência dolorosa e cruel em animal vivo, ainda
que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.

Causa de aumento. A morte do animal acarreta no aumento da pena de


1/6 até 1/3.

PERECIMENTO DE ESPÉCIMES DA FAUNA AQUÁTICA (art. 33 da Lei nº


9605/98)

Art. 33 da Lei nº 9605/98. Provocar, pela emissão de efluentes ou


carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática
existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais
brasileiras:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:

I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aqüicultura


de domínio público;

II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem


licença, permissão ou autorização da autoridade competente;

III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza


sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Expelir efluentes significa expelir fluidos ou gases


(descarga líquida). Carrear materiais é conduzir resíduos sólidos. Com uma
dessas condutas o agente é responsável pela morte de espécime da fauna
aquática.

Estamos diante de um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla


ou de conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma conduta
descrita no tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio
da alternatividade, incorrerá num único delito.

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OBS: Nesse delito não há ato de pesca, mas sim perecimento de espécime
da fauna aquática.

Elemento subjetivo: É o dolo. Não existe a forma culposa.

Pena: Detenção, de 1 ano a 3 anos. É possível a concessão de sursis


processual (art. 89 da Lei nº 9099/95).

Figuras equiparadas. De acordo com o art. 33, § único, da Lei 9605/98


são 3 as figuras equiparadas: a) quem causa degradação em viveiros, açudes ou
estações de aqüicultura de domínio público; b) quem explora campos naturais de
invertebrados aquáticos e algas, sem licença, permissão ou autorização da
autoridade competente; c) quem fundeia embarcações ou lança detritos de
qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados
em carta náutica.

PESCA PREDATÓRIA (art. 34 da Lei nº 9605/98)

Art. 34 da Lei nº 9605/98. Pescar em período no qual a pesca seja proibida


ou em lugares interditados por órgão competente:

Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas


cumulativamente.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:

I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos


inferiores aos permitidos;

II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de


aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos;

III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes


provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas.

Sujeito ativo: Trata-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: O núcleo tipo penal é pescar, ou seja, todo ato


tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes
dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais, suscetíveis ou não de
aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção,

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constantes nas listas oficiais da fauna e da flora (art. 36 da Lei 9605/98).


Compete ao IBAMA definir o período proibido e os locais interditos.

Estamos diante de uma norma penal em branco, porquanto a definição da


conduta típica é complementada pelo art. 36 da Lei 9605/98 para compreender
o ato de pescar, bem como por atos emanados pelo IBAMA para saber o período
proibido para a pesca e os locais interditos.

Elemento subjetivo: É o dolo. Não existe a forma culposa.

Pena: Detenção, de 1 ano a 3 anos ou multa, ou ambas as penas


cumulativamente. É possível a concessão de sursis processual (art. 89 da Lei nº
9099/95). Para evitar o indevido bis in idem não se aplica a esse delito as
agravantes descritas no art. 15, II, "g" (em período de defeso) e "l“ (no
interior do espaço territorial especialmente protegido), da Lei 9605/98, pois já
funcionam como elementares do tipo penal.

Questão: É possível a aplicação do princípio da insignificância a esse delito?

Os Tribunais Superiores têm acolhido o primado da bagatela ao delito em


estudo. Vejamos.

PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO


REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CRIME
AMBIENTAL. PESCA EM LOCAL PROIBIDO.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. AUSÊNCIA
DE DANO EFETIVO AO MEIO AMBIENTE. ATIPICIDADE MATERIAL DA
CONDUTA. SÚMULA N. 83/STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO.

1. A ausência de pescado cumulada com a utilização de instrumentos de uso


permitido, como vara de carretilha e isca, demonstram amadorismo da conduta
do denunciado e, portanto, mínima lesividade ao bem jurídico. Precedente.

2. "Na ausência de lesividade ao bem jurídico protegido pela norma


incriminadora (art. 34, caput, da Lei n. 9.605/1998), verifica-se a atipicidade da
conduta." (REsp 1.409.051/SC, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA,
julgado em 20/04/2017, DJe 28/04/2017).

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3. Agravo regimental não provido. (STJ, AgRg no REsp 1689342/TO, Rel.


Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 05/12/2017, DJe
13/12/2017)

INQUÉRITO. DENÚNCIA CONTRA DEPUTADO FEDERAL. CRIME


AMBIENTAL. PESCA EM LUGAR INTERDITADO POR ÓRGÃO COMPETENTE.
ART. 34 DA LEI N. 9.605/1998. AFASTAMENTO DA PRELIMINAR DE
INÉPCIA DA DENÚNCIA. ALEGADA FALTA DE JUSTA CAUSA PARA O
PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO PENAL. ACOLHIMENTO.

1. Inviável a rejeição da denúncia, por alegada inépcia, quando a peça


processual atende ao disposto no art. 41 do Código de Processo Penal e descreve,
com o cuidado necessário, a conduta criminosa imputada a cada qual dos
denunciados, explicitando, minuciosamente, os fundamentos da acusação.

2. Hipótese excepcional a revelar a ausência do requisito da justa causa para


a abertura da ação penal, especialmente pela mínima ofensividade da conduta
do agente, pelo reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e pela
inexpressividade da lesão jurídica provocada. (STF, Inq 3788, Relatora: Min.
CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, julgado em 01/03/2016).

OBS: Se o crime tem como objeto material cetáceos, o delito será o do art.
1º da Lei n. 7.643/878.

Figuras equiparadas. De acordo com o art. 34, § único, da Lei 9605/98


são 3 figuras equiparadas: a) pesca espécies que devam ser preservadas ou
espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos; b) pesca quantidades
superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos,
técnicas e métodos não permitidos; c) transporta, comercializa, beneficia ou
industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas.

8
Art. 1º da Lei 7643/87: Fica proibida a pesca, ou qualquer forma de molestamento intencional,
de toda espécie de cetáceo nas águas jurisdicionais brasileiras.

Art. 2º da Lei 7643/87: A infração ao disposto nesta lei será punida com a pena de 2 (dois) a 5
(cinco) anos de reclusão e multa de 50 (cinqüenta) a 100 (cem) Obrigações do Tesouro Nacional
- OTN, com perda da embarcação em favor da União, em caso de reincidência.

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PESCA MEDIANTE EXPLOSIVOS, SUBSTÂNCIAS TÓXICAS OU


ASSEMELHADOS (art. 35 da Lei nº 9605/98)

Art. 35 da Lei nº 9605/98. Pescar mediante a utilização de:

I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito


semelhante;

II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente:

Pena - reclusão de um ano a cinco anos.

Sujeito ativo: Trata-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: O núcleo tipo penal é pescar, ou seja, todo ato


tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes
dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais, suscetíveis ou não de
aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção,
constantes nas listas oficiais da fauna e da flora (art. 36 da Lei 9605/98). É
também um delito de execução vinculada, ou seja, a pesca deve ser executada
necessariamente nas formas do inciso I (explosivos ou substâncias que, em
contato com a água, produzam efeito semelhante) ou do inciso II (substâncias
tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente).

Estamos diante de uma norma penal em branco, porquanto a definição da


conduta típica é complementada pelo art. 36 da Lei 9605/98 para compreender
o ato de pescar.

Elemento subjetivo: É o dolo. Não existe a forma culposa.

Pena: Reclusão, de 1 ano a 5 anos. É possível a concessão de sursis


processual (art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima não é superior a 1
ano.

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EXCLUSÃO DE CRIME (art. 37 da Lei nº 9605/98)

De acordo com o art. 37 da Lei nº 9605/98, não é crime o abate de animal,


quando realizado:

A - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua


família. Trata-se de uma situação especial de estado de necessidade;
B - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou
destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado
pela autoridade competente. Cuida-se de hipótese de exercício regular de
direito;
C) por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão
competente. Cuida-se de hipótese de exercício regular de direito.

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DOS CRIMES CONTRA A FLORA

Os crimes contra a flora estão descritos nos artigos 39/53 da Lei nº 9605/98.
Em regra, são punidos a título de dolo. A modalidade culposa está prevista
apenas nos tipos penais descritos nos artigos 38, 40, 41 e 49, todos da Lei nº
9605/98.

Os crimes contra a flora descritos na Lei 9605/98 revogaram as infrações


penais descritas na Lei 4771/65 (Código Florestal, também conhecido como
Lei de Proteção à Flora).

DESTRUIÇÃO, DANO OU UTILIZAÇÃO DE FLORESTA DE


PRESERVAÇÃO PERMANENTE (art. 38 da Lei nº 9605/98)

Art. 38 da Lei nº 9605/98. Destruir ou danificar floresta considerada de


preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência
das normas de proteção:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas


cumulativamente.

Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.

Objetividade jurídica: Equilíbrio ecológico do meio ambiente no tocante à


flora.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Destruir é aniquilar, desaparecer. Danificar é


deteriorar, produzir dano. Já o termo utilizar deve ser compreendido como tirar
proveito. Floresta de preservação permanente é toda área declarada como tal
pelo Poder Estatal. De acordo com o art. 6º da Lei 12651/2012: Consideram-se,
ainda, de preservação permanente, quando declaradas de interesse social por
ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas ou outras
formas de vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades: I -

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conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e


de rocha; II - proteger as restingas ou veredas; III - proteger várzeas; IV -
abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção; V - proteger
sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico; VI -
formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; VII - assegurar
condições de bem-estar público; VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a
critério das autoridades militares. IX - IX – proteger áreas úmidas, especialmente
as de importância internacional. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de
2012). IX - proteger áreas úmidas, especialmente as de importância
internacional. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).

Como se vê, estamos diante de uma norma penal em branco, porquanto a


definição da conduta típica deve ser complementada para compreender o
significado de floresta de preservação permanente.

Cuida-se também de um tipo penal misto alternativo (crimes de ação


múltipla ou de conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma
conduta descrita no tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao
princípio da alternatividade, incorrerá num único delito.

Elemento subjetivo: O tipo penal prevê as modalidades dolosas e


culposas. Na figura culposa a pena é reduzida em metade.

Pena: Reclusão, de 1 ano a 3 anos, ou multa, ou ambas as penas


cumulativamente. É possível a concessão de sursis processual (art. 89 da Lei nº
9099/95), pois a pena mínima não é superior a 1 ano.

DESTRUIÇÃO, DANO OU UTILIZAÇÃO DE VEGETAÇÃO DA MATA


ATLÂNTICA (ART. 38-A da Lei nº 9605/98)

Art. 38-A da Lei nº 9605/98. Destruir ou danificar vegetação primária ou


secundária, em estágio avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata
Atlântica, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: (Incluído pela
Lei nº 11.428, de 2006).

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas


cumulativamente. (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006).

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Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à


metade. (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006).

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Destruir é aniquilar, desaparecer. Danificar é


deteriorar, produzir dano. Já o termo utilizar deve ser compreendido como tirar
proveito. De acordo com o art. 2º da Lei nº 11428/2006, consideram-se como
integrantes do Bioma Mata Atlântica as seguintes formações florestais nativas e
ecossistemas associados, com as respectivas delimitações estabelecidas em
mapa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, conforme
regulamento: Floresta Ombrófila Densa; Floresta Ombrófila Mista, também
denominada de Mata de Araucárias; Floresta Ombrófila Aberta; Floresta
Estacional Semidecidual; e Floresta Estacional Decidual, bem como os
manguezais, as vegetações de restingas, campos de altitude, brejos interioranos
e encraves florestais do Nordeste.

Como se vê, estamos diante de uma norma penal em branco, porquanto a


definição da conduta típica deve ser complementada para compreender o alcance
do que seja Bioma Mata Atlântica.

Cuida-se também de um tipo penal misto alternativo (crimes de ação


múltipla ou de conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma
conduta descrita no tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao
princípio da alternatividade, incorrerá num único delito.

Elemento subjetivo: O tipo penal prevê as modalidades dolosas e


culposas. Na figura culposa a pena é reduzida em metade.

Pena: Reclusão, de 1 ano a 3 anos, ou multa, ou ambas as penas


cumulativamente. É possível a concessão de sursis processual (art. 89 da Lei nº
9099/95), pois a pena mínima não é superior a 1 ano.

CORTE DE ÁRVORE EM FLORESTA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE


(ART. 39 da Lei nº 9605/98)

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Art. 39 da Lei nº 9605/98. Cortar árvores em floresta considerada de


preservação permanente, sem permissão da autoridade competente:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas


cumulativamente.

Sujeito ativo: Trata-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Cortar é dividir a árvore em partes, separando o seu


tronco. OBS: Podar os galhos não caracteriza o núcleo do tipo penal em estudo.
Essa árvore deve ainda estar situada em floresta considerada de preservação
permanente. O crime consuma-se com a conduta de cortar a árvore (crime
material).

Como se vê, estamos diante de uma norma penal em branco, porquanto a


definição da conduta típica deve ser complementada para compreender o alcance
da permissão da autoridade competente (IBAMA).

Elemento subjetivo: O tipo penal prevê apenas a modalidade dolosa.

Pena: Detenção, de 1 ano a 3 anos, ou multa, ou ambas as penas


cumulativamente. É possível a concessão de sursis processual (art. 89 da Lei nº
9099/95), pois a pena mínima não é superior a 1 ano.

DANO A UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL


(ART. 40 da Lei 9605/98)

Art. 40 da Lei 9605/98. Causar dano direto ou indireto às Unidades de


Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de
junho de 1990, independentemente de sua localização:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Integral as


Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os
Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre. (Redação dada pela
Lei nº 9.985, de 2000)

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§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no


interior das Unidades de Conservação de Proteção Integral será considerada
circunstância agravante para a fixação da pena. (Redação dada pela Lei nº
9.985, de 2000)

§ 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.

Art. 40-A. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.985, de 2000)

§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Uso Sustentável as Áreas


de Proteção Ambiental, as Áreas de Relevante Interesse Ecológico, as Florestas
Nacionais, as Reservas Extrativistas, as Reservas de Fauna, as Reservas de
Desenvolvimento Sustentável e as Reservas Particulares do Patrimônio
Natural. (Incluído pela Lei nº 9.985, de 2000)

§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no


interior das Unidades de Conservação de Uso Sustentável será considerada
circunstância agravante para a fixação da pena. (Incluído pela Lei nº 9.985,
de 2000)

§ 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. (Incluído


pela Lei nº 9.985, de 2000)

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Causar é gerar, ocasionar. Dano direto é aquele


realizado diretamente pelo agente. Já o dano indireto é aquele que não decorre
da conduta do agente, mas sim causado de forma reflexa (das consequências de
sua conduta). Em homenagem ao princípio da especialidade, o delito em estudo
é especial em relação ao crime de dano do CP.

OBS: O art. 27 do Decreto nº 99.274/1990 preconiza que “nas áreas


circundantes das Unidades de Conservação, num raio de dez quilômetros,
qualquer atividade que possa afetar o biota ficará subordinada às normas
editadas pelo Conama.”

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Como se vê, estamos diante de uma norma penal em branco, porquanto a


definição da conduta típica deve ser complementada pelo teor do art. 27 do
Decreto nº 99274/1990.

Elemento subjetivo: O tipo penal prevê as modalidades dolosas e


culposas. Na figura culposa a pena é reduzida em metade.

Pena: Detenção, de 1 ano a 5 anos. É possível a concessão de sursis


processual (art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima não é superior a 1
ano. Chamo ainda a atenção de vocês para ressaltar que no presente tipo penal
não se aplica as agravantes descritas no art. 15, II, “e” e “q” em virtude da
agravante do §2º, evitando, assim, a ocorrência do bis in idem.

INCÊNDIO EM MATA OU FLORESTA (ART. 41 da Lei 9605/98)

Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:

Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses


a um ano, e multa.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Provocar é gerar, ocasionar. A gravidade do incêndio


pode ser levada em conta pelo magistrado como circunstância judicial
(consequências do delito). É um crime de livre execução, ou seja, pode ser
cometido por qualquer forma.

Elemento subjetivo: O tipo penal prevê as modalidades dolosas e


culposas. Na figura culposa a pena é reduzida em metade.

Pena: Reclusão, de 2 a 4 anos, e multa. Não é possível a concessão de


sursis processual (art. 89 da Lei nº 9099/95), pois a pena mínima é superior a 1
ano.

SOLTAR BALÕES (ART. 42 da Lei 9605/98)

Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar
incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou
qualquer tipo de assentamento humano:

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Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas


cumulativamente.

OBS: O crime em comento derrogou o art. 28, parágrafo único, da Lei de


Contravenções Penais9 no que se refere a soltar balão aceso.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Fabricar é montar, reunir os elementos para constituir


um balão. Vender é comercializar, por dinheiro ou qualquer outro meio de
pagamento. Transportar é enviar o balão de um local para o outro. Soltar é jogar
o balão ao ar.

É um crime de perigo concreto, sendo necessário demonstrar no caso


concreto de que o balão tinha aptidão para causar o incêndio. Essa conclusão
decorre dos termos empregados pelo legislador, quais sejam, ‘que possam
provocar incêndios’. Em resumo, se o balão for totalmente inofensivo à
provocação de incêndios, o fato será atípico.

Cuida-se também de um tipo penal misto alternativo (crimes de ação


múltipla ou de conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma
conduta descrita no tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao
princípio da alternatividade, incorrerá num único delito.

Elemento subjetivo: O tipo penal prevê somente a modalidade dolosa.

Pena: Detenção, de 1 a 3 anos ou multa, ou ambas as penas


cumulativamente. É possível a concessão de sursis processual (art. 89 da Lei nº
9099/95), pois a pena mínima não é superior a 1 ano.

9
Art. 28, parágrafo único, do Dec-Lei 3688/1941: Incorre na pena de prisão simples, de 15
(quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa, quem, em lugar habitado ou em suas adjacências, em
via pública ou em direção a ela, sem licença da autoridade, causa deflagração perigosa, queima
fogos de artifício ou solta balão aceso.

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EXTRAÇÃO DE MINERAIS DE FLORESTAS DE DOMÍNIO PÚBLICO OU


DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (ART. 44 da Lei 9605/98)

Art. 44 da Lei nº 9605/98. Extrair de florestas de domínio público ou


consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia,
cal ou qualquer espécie de minerais:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Extrair é retirar, arrancar. Para a configuração desse


delito a extração deve ser clandestina, ou melhor, sem autorização da autoridade
competente. Bens de domínio público são aqueles pertencentes às pessoas
jurídicas de direito público interno, podendo ser de uso comum, de uso especial
ou dominicais.

Questão: O agente que extrair areia de floresta de domínio público


responderá pelo delito de furto (art. 155 do CP)?

Esse aparente conflito de normas é solucionado pelo princípio da


especialidade. Vale dizer, o tipo penal em estudo é especial em relação ao delito
de furto (art. 155 do CP). Assim, o agente responderá apenas pelo art. 44 da Lei
nº 9605/98.

Elemento subjetivo: O tipo penal prevê somente a modalidade dolosa.

Pena: Detenção, de 6 meses a 1 ano e multa. É compatível com os institutos


despenalizadores (transação penal e sursis processual).

TRANSFORMAÇÃO DE MADEIRA DE LEI EM CARVÃO (ART. 45 da Lei


nº 9605/98)

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Art. 45 da Lei nº 9605/98: Cortar ou transformar em carvão madeira de


lei, assim classificada por ato do Poder Público, para fins industriais, energéticos
ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em desacordo com as
determinações legais:

Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Cortar é dividir. Transformar em carvão é um


procedimento que modifica madeira de lei em carvão. Com base no art. 158 do
CPP é indispensável a realização de perícia para saber se é realmente madeira de
lei e também para saber se o carvão vegetal deriva da madeira de lei.

Elemento subjetivo: O tipo penal prevê somente a modalidade dolosa.


Ainda há o especial fim de agir, ou seja, o agente comete as condutas descritas
no tipo penal para fins energéticos, industriais ou para qualquer outra exploração
(econômica ou não).

Pena: Reclusão, de 1 a 2 anos. É possível a concessão de sursis processual,


porquanto a pena mínima não é superior a 1 ano.

COMÉRCIO OU INDUSTRIALIZAÇÃO IRREGULAR DE PRODUTOS


VEGETAIS (ART. 46 da Lei nº 9605/98)

Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira,


lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de
licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da
via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

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Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda,
tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos
de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do
armazenamento, outorgada pela autoridade competente.

Sujeito ativo: Trata-se de crime próprio, ou seja, somente pode ser


praticado por comerciante ou industrial.

Elemento objetivo: Receber é aceitar em depósito. Adquirir, por sua vez,


é obter, a qualquer título. É um tipo penal misto alternativo (crimes de ação
múltipla ou de conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma
conduta descrita no tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao
princípio da alternatividade, incorrerá num único delito. O objeto material é
madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal.

Elemento subjetivo: É o dolo. Exige o especial fim de agir, qual seja, o


agente deve praticar as condutas descritas no tipo penal para fins comerciais ou
industriais.

Pena: Detenção, de 6 meses a 1 ano e multa. É compatível com os institutos


despenalizadores (transação penal e suspensão condicional do processo).

Figura equiparada. De acordo com o art. 46, § único, da Lei 9605/98,


incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em depósito,
transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem
vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento,
outorgada pela autoridade competente.

IMPEDIMENTO OU DIFICULTAÇÃO DA REGENERAÇÃO DE FLORESTAS


OU VEGETAÇÃO (ART. 48)

Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais


formas de vegetação:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

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Elemento objetivo: Impedir é obstar. Dificultar tornar custoso o fazer, criar


obstáculos. É um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de
conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita no
tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio da
alternatividade, incorrerá num único delito.

Regeneração natural é o processo de reprodução do que foi destruído.

A mens legis é obstar qualquer forma de intervenção humana na


regeneração de florestas e demais formas de vegetação.

Questão: Para a configuração desse delito a área em que a regeneração


natural é impedida ou dificultada precisa ser considerada como área de
preservação permanente?

A resposta é negativa, segundo posição firmada pelo Superior Tribunal de


Justiça.

DIREITO PENAL E AMBIENTAL.


CONFIGURAÇÃO DO CRIME DO ART. 48 DA LEI
9605/1998. A tipificação da conduta descrita no
art. 48 da Lei 9605/1998 prescinde de a área ser
de preservação permanente. Isso porque o referido tipo penal descreve como
conduta criminosa o simples fato de “impedir ou dificultar a regeneração natural
de florestas e demais formas de vegetação.” Precedente citado: REsp 849.423-
SP, Quinta Turma, DJ 16/10/2006 (AgRg no REsp 1.498.059-RS, Rel. Min.
Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador Convocado do TJ/PE, julgado em
17/09/2015).

Elemento subjetivo: O tipo penal prevê somente a modalidade dolosa.

Pena: Detenção, de 6 meses a 1 ano, e multa. É possível a concessão dos


institutos despenalizadores da transação penal e do sursis processual.

DESTRUIR, DANIFICAR, LESAR OU MALTRATAR PLANTAS DE


ORNAMENTAÇÃO DE LOGRADOUROS PÚBLICOS OU EM PROPRIEDADE
PRIVADA ALHEIA (ART. 49 da Lei nº 9605/98)

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Art. 49 da Lei nº 9605/98. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por


qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em
propriedade privada alheia:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas


cumulativamente.

Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Destruir é aniquilar. Danificar é deteriorar, inutilizar.


Lesar é ferir. Maltratar é prejudicar a planta, sem que isso signifique a sua
destruição. Plantas de ornamentação são aquelas que visam o embelezamento.
É um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo
variado). Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal,
no mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio da alternatividade,
incorrerá num único delito.

Elemento subjetivo: O tipo penal prevê as modalidades dolosa e culposa.


Se o crime for culposo a pena é menor (detenção de 1 a 6 meses, ou multa).

Pena: Detenção, de 3 meses a 1 ano. É possível a concessão dos institutos


despenalizadores da transação penal e do sursis processual.

DESTRUIÇÃO OU DANO DE FLORESTAS OU VEGETAÇÃO DE


ESPECIAL PRESERVAÇÃO (ART. 50)

Art. 50 da Lei nº 9605/98: Destruir ou danificar florestas nativas ou


plantadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de
especial preservação:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

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Elemento objetivo: Destruir é aniquilar. Danificar é deteriorar, inutilizar. É


um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo
variado). Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal,
no mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio da alternatividade,
incorrerá num único delito.

Floresta nativa é aquela em que não houve qualquer intervenção humana.


Florestas plantadas é aquela em há intervenção humana. Duna é a unidade
geomorfológica de constituição predominante arenosa, com aparência de cômoro
ou colina, produzida pela ação dos ventos, situada no litoral ou no interior do
continente, podendo estar recoberta, ou não, por vegetação (art. 2º, X, da Res.
CONAMA 303/2002). Mangue ou manguezal é o ecossistema litorâneo que ocorre
em terrenos baixos, sujeitos à ação das marés, formado por vasas lodosas
recentes ou arenosas, às quais se associa, predominantemente, a vegetação
natural conhecida como mangue, com influência flúvio-marinha, típica de solos
limosos de regiões estuarinas e com dispersão descontínua ao longo da costa
brasileira, entre os estados do Amapá e Santa Catarina (art. 2º, IX, da Res.
CONAMA 303/2002).

Elemento subjetivo: O tipo penal prevê somente a modalidade dolosa.

Pena: Detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa. É possível a concessão dos


institutos despenalizadores da transação penal e do sursis processual.

DESMATAMENTO, EXPLORAÇÃO ECONÔMICA OU DEGRADAÇÃO DE


FLORESTA EM TERRAS DE DOMÍNIO PÚBLICO OU DEVOLUTAS (ART. 50-
A)

Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta,


plantada ou nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem autorização
do órgão competente: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

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Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. (Incluído pela


Lei nº 11.284, de 2006)

§ 1o Não é crime a conduta praticada quando necessária à subsistência


imediata pessoal do agente ou de sua família. (Incluído pela Lei nº 11.284,
de 2006)

§ 2o Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil hectares), a pena será


aumentada de 1 (um) ano por milhar de hectare. (Incluído pela Lei nº
11.284, de 2006)

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Desmatar é cortar a árvore (tirar o mato). Explorar


economicamente é visar a obtenção de lucro. Degradar é deteriorar. É um tipo
penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado).
Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal, no
mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, incorrerá
num único delito.

Floresta nativa é aquela em que não houve qualquer intervenção humana.


Florestas plantadas é aquela em há intervenção humana.

OBS: Enquanto no art. 50 da Lei nº 9605/98 o agente visou proteger as


florestas nativas ou plantadas que são objeto de especial preservação, o art. 50-
A da citada lei resguarda as florestas nativas ou plantadas situadas em terras de
domínio público ou devolutas.

Elemento subjetivo: O tipo penal prevê somente a modalidade dolosa.

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É considerada causa de atipicidade formal da conduta quando a prática em


questão for necessária à subsistência imediata e pessoal do agente ou de sua
família.

Pena: Reclusão, de 2 a 4 anos e multa. Não é possível a concessão de


sursis processual, pois a pena mínima é superior a 1 ano. A pena será aumentada
de 1 ano por milhar de hectare se a área explorada for superior a 1.000 hectares.

COMERCIALIZAÇÃO OU UTILIZAÇÃO DE MOTOSSERRA SEM


LICENÇA OU REGISTRO (ART. 51 da Lei nº 9605/98)

Art. 51 da Lei nº 9605/98. Comercializar motosserra ou utilizá-la em


florestas e nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro da
autoridade competente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Comercializar é negociar (alugar/vender) a


motosserra. Utilizar é empregar. É um tipo penal misto alternativo (crimes de
ação múltipla ou de conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma
conduta descrita no tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao
princípio da alternatividade, incorrerá num único delito.

Motossera é uma ferramenta de serra portátil com motor que é destinada ao


corte de árvores.

É atípica a conduta se o agente tiver o registro, bem como licença para


utilizar a motosserra.

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Elemento subjetivo: O tipo penal prevê somente a modalidade dolosa.

Pena: Detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa. É compatível com os


institutos despenalizadores da transação penal e da suspensão condicional do
processo.

INGRESSO IRREGULAR EM UNIDADE DE CONSERVAÇÃO PORTANDO


SUBSTÂNCIA OU INSTRUMENTO PARA CAÇA OU EXPLORAÇÃO
FLORESTAL (ART. 52)

Art. 52 da Lei nº 9605/98. Penetrar em Unidades de Conservação


conduzindo substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração
de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Penetrar é invadir, ingressar sem autorização.

Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Integral as Estações


Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos
Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre (art. 40, §1º, da Lei nº 9605/98).

Elemento subjetivo: O tipo penal prevê somente a modalidade dolosa.

Pena: Detenção, de 6 meses a 1 ano, e multa. É compatível com os


institutos despenalizadores da transação penal e da suspensão condicional do
processo.

CAUSAS DE AUMENTO PARA TODOS OS CRIMES CONTRA A FLORA


(ART. 53 DA Lei nº 9605/98) De acordo com o art. 53 da Lei nº 9605/98, a
pena é aumentada de 1/6 a 1/3 se:

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I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou a


modificação do regime climático;

II - o crime é cometido:

a) no período de queda das sementes;

b) no período de formação de vegetações;

c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a ameaça


ocorra somente no local da infração;

d) em época de seca ou inundação;

e) durante a noite, em domingo ou feriado. Nessa situação não há aplicação


da agravante descrita no art. 15, “h” e “i”, da Lei nº 9605/98 para evitar o
indevido bis in idem.

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DA POLUIÇÃO E OUTROS CRIMES AMBIENTAIS

Essa Seção da Lei nº 9605/98 versa sobre os crimes de poluição e afins,


assim como alguns tipos penais residuais referentes ao meio ambiente natural.

POLUIÇÃO (art. 54 da Lei nº 9605/98)

Art. 54 da Lei nº 9605/98. Causar poluição de qualquer natureza em níveis


tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que
provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

§ 2º Se o crime:

I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;

II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que


momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à
saúde da população;

III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do


abastecimento público de água de uma comunidade;

IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;

V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou


detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências
estabelecidas em leis ou regulamentos:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

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§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar


de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução
em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa. Poluidor é a pessoa física ou jurídica, de direito público ou
privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de
degradação ambiental (art. 3º da Lei 6938/81).

Elemento objetivo: Causar é gerar, acarretar. Poluição é toda alteração


das propriedades naturais do meio ambiente, provocada por agentes de qualquer
espécie, prejudicial à saúde, à segurança ou ao bem-estar da população que é
atingida pelos efeitos da poluição. Nesse tipo penal, o legislador foi bastante
abrangente para abarcar qualquer tipo de poluição, seja à saúde humana, seja à
fauna ou à flora.10

Para a configuração desse delito é imprescindível a realização de


perícia para aferir se a poluição causada pode resultar em danos à saúde
humana ou possa provocar a mortandade de animais ou a destruição significativa
da flora, tudo em sintonia com o art. 158 do CPP. Aliás, esse é o entendimento
do STJ:

DIREITO AMBIENTAL, PENAL E PROCESSUAL


PENAL. PROVA DO CRIME DO ART. 54 DA LEI
9.605/1998.

É imprescindível a realização de perícia oficial


para comprovar a prática do crime previsto no art. 54 da Lei
9.605/1998. O tipo penal do art. 54 da Lei 9.605/1998 ("Causar poluição de
qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à
saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição

10
HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. 10ª ed. Salvador: JusPodvm, 2018, p. 195.

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significativa da flora") divide-se em duas modalidades: de perigo ("possa resultar


em dano à saúde humana") e de dano ("resulte em dano à saúde humana" ou
"provoque a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora").
Mesmo na parte em que se tutela o crime de perigo, faz-se imprescindível a prova
do risco de dano à saúde. Isso porque, para a caracterização do delito, não basta
ficar caracterizada a ação de poluir; é necessário que a poluição seja capaz de
causar danos à saúde humana (HC 54.536, Quinta Turma, DJ 1º/8/2006; e RHC
17.429, Quinta Turma, DJ 1º/8/2005), e não há como verificar se tal condição se
encontra presente sem prova técnica (REsp 1.417.279-SC, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, julgado em 22/9/2015, DJe 15/10/2015).

DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL.


EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. DISSÍDIO
CONFIGURADO. CRIME DO ART. 54 DA LEI N.
9.605/98. AUTORIA E MATERIALIDADE
COMPROVADAS. NATUREZA FORMAL DO
DELITO. REALIZAÇÃO DE PERÍCIA. DESNECESSIDADE. POTENCIALIDADE
DE DANO À SAÚDE. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA PROVIDOS. RECURSO
ESPECIAL DESPROVIDO.

1. O delito previsto na primeira parte do artigo 54 da Lei n. 9.605/1998 possui


natureza formal, sendo suficiente a potencialidade de dano à saúde humana para
configuração da conduta delitiva, não se exigindo, portanto, a realização de
perícia. Embargos de Divergência providos, recurso especial desprovido.(EREsp
1417279/SC, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
11/04/2018, DJe 20/04/2018)

É um delito de livre execução, ou seja, pode ser praticado por qualquer


forma.

Chamo ainda a atenção de vocês para destacar que esse tipo penal é especial
em relação aos crimes do art. 27011 (envenenamento de água potável ou

11 Art. 270 - Envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância alimentícia
ou medicinal destinada a consumo:

Pena - reclusão, de dez a quinze anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

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substância alimentícia ou medicinal) e do art. 271 (corrupção ou poluição de água


potável)12, ambos do Código Penal, bem como da contravenção penal do art. 38
do Dec-Lei nº3688/4113.

Elemento subjetivo: O tipo penal prevê as modalidades dolosa e culposa.


Se o crime for culposo, a pena será de detenção de 6 meses a 1 ano, e multa.

Pena: Reclusão, de 1 a 4 anos, e multa (art. 54, caput, da Lei nº 9605/98).


É possível a concessão de sursis processual, pois a pena mínima não é superior

§ 1º - Está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo ou tem em depósito, para o fim de
ser distribuída, a água ou a substância envenenada.

Modalidade culposa

§ 2º - Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

12 Corrupção ou poluição de água potável

Art. 271 - Corromper ou poluir água potável, de uso comum ou particular, tornando-a
imprópria para consumo ou nociva à saúde:

Pena - reclusão, de dois a cinco anos.

Modalidade culposa

Parágrafo único - Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de dois meses a um ano.

13 Art. 38 do Decreto-Lei 3688/41. Provocar, abusivamente, emissão de fumaça, vapor ou


gás, que possa ofender ou molestar alguem:

Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.

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a 1 ano. Todavia, o crime será qualificado, com pena de reclusão de 1 a 5 anos,


nas seguintes hipóteses: I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a
ocupação humana; II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada,
ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos
diretos à saúde da população; III - causar poluição hídrica que torne necessária
a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade; IV -
dificultar ou impedir o uso público das praias; V - ocorrer por lançamento de
resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas,
em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos.

Figura equiparada: É apenado com reclusão de 1 a 5 anos quem deixar


de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução
em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.

LAVRA SEM AUTORIZAÇÃO (ART. 55 da Lei nº 9605/98)

Art. 55 da Lei nº 9605/98: Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos


minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em
desacordo com a obtida:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área
pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença,
concessão ou determinação do órgão competente.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Executar pesquisa, lavra, ou extração de recursos


minerais são atividades de reconhecimento e exploração de solo. Exemplo:
extração ilegal de areia. Se por acaso o agente tiver autorização da autoridade
ou comporta-se dentro dos limites autorizados, a conduta será considerada
atípica.

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É um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de


conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita no
tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio da
alternatividade, incorrerá num único delito.

Figura equiparada: Quem deixa de recuperar a área pesquisada ou


explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou
determinação do órgão competente. É um delito omissivo próprio, porquanto o
agente não recupera a área pesquisada ou explorada por ele.

Elemento subjetivo: O tipo penal prevê somente a modalidade dolosa.

Pena: Detenção, de 6 meses a 1 ano, e multa. É compatível com os


institutos despenalizadores da transação penal e da suspensão condicional do
processo.

SUBSTÂNCIA TÓXICA, PERIGOSA OU NOCIVA (ART. 56 da Lei nº


9605/98)

Art. 56 da Lei nº 9605/98. Produzir, processar, embalar, importar,


exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em
depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde
humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas
em leis ou nos seus regulamentos:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei nº


12.305, de 2010)

I - abandona os produtos ou substâncias referidos no caput ou os utiliza


em desacordo com as normas ambientais ou de segurança; (Incluído pela
Lei nº 12.305, de 2010)

II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, recicla


ou dá destinação final a resíduos perigosos de forma diversa da estabelecida
em lei ou regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.305, de 2010)

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§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é


aumentada de um sexto a um terço.

§ 3º Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

OBS: Esse delito revogou tacitamente o art. 15 da Lei 7802/89: Aquele que
produzir, comercializar, transportar, aplicar, prestar serviço, der destinação a
resíduos e embalagens, vazias de agrotóxicos, seus componentes e afins, em
descumprimento às exigências estabelecidas na legislação pertinente estará
sujeito à pena de reclusão, de dois a quatro anos, além de multa.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Produzir é criar, dar existência. Processar é manipular.


Embalar é empacotar. Importar é ingressar no país. Exportar é levar para o
exterior. Comercializar é vender. Fornecer é entregar a alguém. Transportar é
levar de um local para outro. Guardar é manter em local sob vigilância em favor
de terceiro. Ter em depósito é armazenar. Usar é servir-se do objeto.

É um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de


conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita no
tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio da
alternatividade, incorrerá num único delito.

Questão: Esse delito exige a realização de perícia para demonstrar a


nocividade do produto ou da substância tóxica?

Por ser um delito de perigo abstrato, o STJ firmou entendimento da


desnecessidade de perícia para demonstrar a nocividade do produto ou da
substância tóxica. Vejamos.

RECURSO ESPECIAL. CRIME AMBIENTAL.


TRANSPORTE DE PRODUTOS TÓXICOS,
NOCIVOS OU PERIGOSOS. ART. 56, CAPUT,
DA LEI N. 9.605/1998. LEI PENAL EM
BRANCO. RESOLUÇÃO DA ANTT N. 420/2004. NORMA DE INTEGRAÇÃO.
BEM JURÍDICO TUTELADO. MEIO AMBIENTE E INCOLUMIDADE PÚBLICA.

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CRIME DE PERIGO ABSTRATO. PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. RECURSO


ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO.

1. A conduta ilícita prevista no art. 56, caput, da Lei n. 9.605/1998 é norma


penal em branco, cuja complementação depende da edição de outras normas,
que definam o que venha a ser o elemento normativo do tipo "produto ou
substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde pública ou ao meio ambiente". No
caso específico de transporte de tais produtos ou substâncias, o Regulamento
para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos (Decreto n. 96.044/1988) e
a Resolução n. 420/2004 da Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT,
constituem a referida norma integradora, por inequivocamente indicar os
produtos e substâncias cujo transporte rodoviário é considerado perigoso.

2. Por outro lado, a conduta ilícita prevista no art. 56, caput, da Lei n.
9.605/1998 é de perigo abstrato. Não é exigível, pois, para o aperfeiçoamento
do crime, a ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na conduta de
quem produz, processa, embala, importa, exporta, comercializa, fornece,
transporta, armazena, guarda, tem em depósito ou usa produto ou substância
tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo
com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos.

3. Embora seja legítimo aspirar a um Direito Penal de mínima intervenção,


não pode a dogmática penal descurar de seu objetivo de proteger bens jurídicos
de reconhecido relevo, assim entendidos, na dicção de Claus Roxin, como
"interesses humanos necessitados de proteção penal", qual a proteção ao meio
ambiente e à incolumidade pública. Não se pode, assim, esperar a concretização
de danos, ou exigir a demonstração de riscos concretos para a punição de
condutas que representam potencial produção de danos ao ecossistema e, por
consequência, a pessoas indeterminadas.

4. O eventus periculi, advindo da prática de quem incorre em uma das


condutas previstas no art. 56, caput, da Lei n. 9.605/1998, portanto, é presumido
e, por conseguinte, prescinde da realização de perícia para comprovar a
nocividade da substância ou produto, bastando, para tanto, que o "produto ou
substância tóxica, perigosa ou nociva para a saúde humana ou o meio ambiente"
esteja declinado ex lege, ou seja, no caso, que esteja elencado na Resolução n.
420/04 da ANTT.

5. Recurso especial conhecido e provido, para restabelecer a condenação dos


recorridos e determinar ao Tribunal de origem que reexamine a apelação
defensiva, partindo da premissa de que a mera ausência de prova pericial não

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constitui óbice à manutenção do édito condenatório. (REsp 1439150/RS, Rel.


Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 05/10/2017, DJe
16/10/2017)

Figuras equiparadas: Foram previstas 2 condutas equiparadas: a) Quem


abandona os produtos ou substâncias referidos no caput ou os utiliza em
desacordo com as normas ambientais ou de segurança; b) Quem manipula,
acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, recicla ou dá destinação final
a resíduos perigosos de forma diversa da estabelecida em lei ou regulamento.

Causa de Aumento: A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 se o produto ou


substância for nuclear ou radioativa.

Elemento subjetivo: O tipo penal prevê as modalidades dolosa e culposa.


Lembrando que se o crime for culposo, a pena será menor (detenção de 6 meses
a 1 ano, e multa.

Pena: Reclusão, de 1 a 4 anos, e multa (para os crimes dolosos). É


compatível com o instituto da suspensão condicional do processo, pois a pena
mínima não é superior a 1 ano.

CAUSAS DE AUMENTO PARA OS CRIMES DESSA SEÇÃO (DA POLUIÇÃO E


OUTROS CRIMES AMBIENTAIS) De acordo com o art. 58 da Lei nº 9605/98,
nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas serão aumentadas:

I – de 1/6 a 1/3, se resulta dano irreversível à flora ou ao meio ambiente


em geral. Dano irreversível é aquele que não pode ser desfeito. Ex: extinção de
um tipo de vegetação;

II – de 1/3 até ½, se resulta lesão corporal de natureza grave em outrem.


Lesão corporal de natureza grave é aquela prevista no art. 129, §§ 1º e 2º do
Código Penal. Esse resultado (lesão corporal grave) só pode ser causado de
forma culposa. Trata-se de um crime preterdoloso.

III – até o dobro, se resultar a morte de outrem. O evento morte deve ser
praticado de forma culposa. Cuida-se de crime preterdoloso.

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Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo somente serão


aplicadas se o fato não resultar crime mais grave. Reparem que o parágrafo
único ressaltou o caráter subsidiário dos crimes dessa seção (arts. 54 a 61
da Lei nº 9605/98), ou seja, tais delitos somente serão aplicados se a conduta
do agente não resultar crime mais grave.

OBRA OU SERVIÇO POTENCIALMENTE POLUIDOR SEM LICENÇA (ART. 60


da Lei nº 9605/98)

Art. 60 da Lei nº 9605/98. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer


funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou
serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos
ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares
pertinentes:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas


cumulativamente.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Construir é edificar. Reformar é alterar. Ampliar é


aumentar. Instalar é implantar. Fazer funcionar é operar. Comercializar é vender.
Fornecer é entregar a alguém. A mens legis é impedir que estabelecimentos,
obras ou serviços potencialmente poluidores atuem de forma clandestina ou de
maneira irregular.

É um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de


conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita no
tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio da
alternatividade, incorrerá num único delito.

Elemento subjetivo: O tipo penal prevê somente a modalidade dolosa.

Pena: Detenção, de 1 a 6 meses, ou multa, ou ambas as penas


cumulativamente. É compatível com os institutos despenalizadores da suspensão
condicional do processo e da transação penal.

DISSEMINAÇÃO DE DOENÇA, PRAGA OU ESPÉCIES DANOSAS (ART.


61 da Lei nº 9605/98)

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Art. 61 da Lei nº 9605/98. Disseminar doença ou praga ou espécies que


possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos
ecossistemas:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Disseminar é espalhar, propagar.

Chamo atenção de vocês para destacar que o tipo penal em estudo é um


crime de perigo concreto. Assim, a doença ou praga tem que ter a
possibilidade efetiva de causar dano à agricultura, à pecuária, à flora, à fauna ou
aos ecossistemas. Não demonstrado esse perigo no caso concreto, o fato será
atípico.

Elemento subjetivo: O tipo penal prevê somente a modalidade dolosa.

Pena: Reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. É compatível com a suspensão


condicional do processo, pois a pena mínima não é superior a 1 ano.

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DOS CRIMES CONTRA O ORDENAMENTO URBANO E O PATRIMÔNIO CULTURAL

Os crimes dessa Seção estão previstos nos artigos 62 a 65 da Lei nº


9605/98.

DESTRUIÇÃO, INUTILIZAÇÃO OU DETERIORAÇÃO DE BEM


PROTEGIDO (ART. 62 da Lei nº 9605/98)

Art. 62 da Lei nº 9605/98: Destruir, inutilizar ou deteriorar:

I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão


judicial;

II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou


similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano


de detenção, sem prejuízo da multa.

Sujeito ativo: Trata-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Destruir é aniquilar. Inutilizar é tornar sem valor,


danificar. Deteriorar é estragar, depreciar o valor. É um tipo penal misto
alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado). Assim, se o
agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal, no mesmo contexto
fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, incorrerá num único
delito.

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Elemento subjetivo: O tipo penal prevê as modalidades dolosa e culposa.


A pena será de 6 meses a 1 ano de detenção, sem prejuízo da multa, se o crime
for culposo.

Pena: Reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. É compatível com a suspensão


condicional do processo, pois a pena mínima não é superior a 1 ano.

ALTERAÇÃO DE EDIFICAÇÃO OU LOCAL PROTEGIDO (ART. 63 da Lei


nº 9605/98)

Art. 63 da Lei nº 9605/98. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou


local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em
razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural,
religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da
autoridade competente ou em desacordo com a concedida:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

OBS: Esse artigo revogou tacitamente o art. 166 do CP 14.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Alterar é modificar. A mens legis é impedir que


edificações e locais dotados de valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico,
histórico tenham o seu aspecto ou estrutura alterados, sem autorização da
autoridade competente ou em desacordo com a concedida.

Questão: O delito do art. 48 da Lei 9605/98 (impedimento ou dificultação


da regeneração de florestas ou vegetação) pode funcionar como ante factum

14
Art. 166 do CP: Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local
especialmente protegido por lei:
Pena – detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa.

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impunível em relação ao art. 63 da referida lei (alteração de edificação ou local


protegido)?

Segundo o Superior Tribunal de Justiça, a resposta é positiva, in verbis: “O


crime de edificação proibida (art. 64 da Lei 9.605/98) absorve o crime de
destruição de vegetação (art. 48 da mesma lei) quando a conduta do agente se
realiza com o único intento de construir em local não edificável. STJ. 6ª Turma.
REsp 1.639.723-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 7/2/2017 (Informativo
597)”

Elemento subjetivo: O tipo penal somente a modalidade dolosa.

Pena: Reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. É compatível com a suspensão


condicional do processo, pois a pena mínima não é superior a 1 ano.

CONSTRUÇÃO EM SOLO NÃO EDIFICÁVEL (ART. 64 da Lei nº


9605/98)

Art. 64 da Lei nº 9605/98. Promover construção em solo não edificável, ou


no seu entorno, assim considerado em razão de seu valor paisagístico, ecológico,
artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou
monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com
a concedida:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Promover é praticar, executar uma obra. A mens legis


é impedir construções sem autorização da autoridade competente em solo

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marcado pelo seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico,


cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental.

Segundo posição firmada pela STJ, se o agente cometer o tipo penal em


estudo e, com isso, impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e
demais formas de vegetação no local da construção (crime previsto no art. 48 da
Lei 9605/95), responderá tão somente pelo crime do art. 64 da Lei nº 9605/98,
pois o crime do art. 48 da Lei 9605/98 figurará como post factum
impunível. Vejamos.

PROCESSO PENAL. RECURSO ESPECIAL.


CRIME AMBIENTAL. CONFLITO APARENTE DE
NORMAS. ARTS. 48 E 64 DA LEI N. 9.605/98.
CONSUNÇÃO. ABSORVIDO O CRIME MEIO DE
DESTRUIR FLORESTA E O PÓS-FATO IMPUNÍVEL DE IMPEDIR SUA
REGENERAÇÃO. CRIME ÚNICO DE CONSTRUIR EM LOCAL NÃO
EDIFICÁVEL. RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.

1. Ocorre o conflito aparente de normas quando há a incidência de mais de


uma norma repressiva numa única conduta delituosa, sendo que tais normas
possuem entre si relação de hierarquia ou dependência, de forma que somente
uma é aplicável.

2. O crime de destruir floresta nativa e vegetação protetora de mangues dá-


se como meio necessário da realização do único intento de construir casa ou outra
edificação em solo não edificável, em razão do que incide a absorção do crime-
meio de destruição de vegetação pelo crime-fim de edificação proibida.

3. Dá-se tipo penal único de incidência final (art. 64 da Lei n.9.605/98), já


em tese crime uno, diferenciando-se do concurso formal, onde o crime em tese
é duplo, mas ocasionalmente praticado por ação e desígnio únicos.

4. Recurso especial improvido.

(REsp 1639723/PR, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado


em 07/02/2017, DJe 16/02/2017)Resp 1639723-PR

Elemento subjetivo: O tipo penal somente a modalidade dolosa.

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Pena: Detenção, de 6 meses a 1 ano, e multa. É compatível com os


institutos despenalizadores da transação penal e da suspensão condicional do
processo.

PICHAÇÃO E GRAFITE (ART. 65)

Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento


urbano: (Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011)

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Redação


dada pela Lei nº 12.408, de 2011)

§ 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do


seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um)
ano de detenção e multa. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº
12.408, de 2011)

§ 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de


valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde
que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário
do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão
competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos
órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do
patrimônio histórico e artístico nacional. (Incluído pela Lei nº 12.408, de
2011)

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Pichar é pintar com tinta, escrever, desenhar, fazer


gravuras. Conspurcar é sujar. É um tipo penal misto alternativo (crimes de
ação múltipla ou de conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma
conduta descrita no tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao
princípio da alternatividade, incorrerá num único delito.

Elemento subjetivo: O tipo penal somente a modalidade dolosa.

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Pena: Detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa (para o tipo simples desse


delito). É compatível com os institutos despenalizadores da transação penal e da
suspensão condicional do processo. Todavia, se a pichação ou a conspurcação se
der em monumento ou coisa tombada em razão de seu valor artístico,
arqueológico ou histórico, o delito passa a ser qualificado, com pena de 6 meses
a 1 ano de detenção e multa.

Será causa de atipicidade formal da conduta a prática de grafite com o


com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante
manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber,
pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a
autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das
normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e
conservação do patrimônio histórico e artístico nacional.

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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL

Os delitos contra a Administração Ambiental estão descritos nos artigos 66


a 69 da Lei nº 9605/98. São crimes que visam resguardar a Administração
Ambiental em relação ao seu poder de polícia.

AFIRMAÇÃO FALSA OU ENGANOSA, OMISSÃO DA VERDADE OU SONEGAÇÃO DE


INFORMAÇÕES OU DADOS (ART. 66)

Art. 66 da Lei nº 9605/98. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou


enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em
procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, pois o tipo penal exige uma
qualidade especial do sujeito ativo, qual seja, ser funcionário público.

Elemento objetivo: Fazer afirmação falsa ou enganosa é mencionar algo


que não retrata a verdade. É uma conduta comissiva (ação). Já omitir a verdade
e sonegar informes ou dados científicos significa não fornecer os dados que
deveriam ser comunicados. É uma conduta omissiva (omissão própria).

É um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de


conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita no
tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio da
alternatividade, incorrerá num único delito.

OBS: O delito em estudo é especial em relação ao delito de falsidade


ideológica descrito no art. 299 do Código Penal.

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Questão: Por qual delito responde o agente que praticar as condutas


descritas no tipo penal do art. 66 da Lei nº 9605/98 para receber vantagem
indevida?

Esse agente responderá pelo delito de concussão consagrado no art. 316 do


Código Penal. Repare que o art. 66 da Lei nº 9605/98 não inseriu a vantagem
indevida como elementar de seu tipo penal.

Elemento subjetivo: O tipo penal somente a modalidade dolosa.

Pena: Reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. É compatível com a suspensão


condicional do processo, pois a pena mínima não é superior a 1 ano.

CONCESSÃO IRREGULAR DE LICENÇA, AUTORIZAÇÃO OU


PERMISSÃO (art. 67 da Lei nº 9605/98)

Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão


em desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços
cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano de


detenção, sem prejuízo da multa.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, pois o tipo penal exige uma
qualidade especial do sujeito ativo, qual seja, ser funcionário público.

Elemento objetivo: Conceder é outorgar, entregar, fornecer. A mens legis


é impedir que funcionário público emita licença, autorizações ou permissões em
desacordo com as normas ambientais, com reflexo negativo no meio ambiente
ante a ausência de adequada fiscalização.

OBS: O delito em estudo é especial em relação ao delito de prevaricação


descrito no art. 319 do Código Penal.

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Questão: Por qual delito responde o agente que praticar as condutas


descritas no tipo penal do art. 67 da Lei nº 9605/98 para receber vantagem
indevida?

Esse agente responderá pelo delito de concussão consagrado no art. 316 do


Código Penal. Repare que o art. 67 da Lei nº 9605/98 também não inseriu a
vantagem indevida como elementar de seu tipo penal.

Elemento subjetivo: O tipo penal contempla as modalidades dolosa e


culposa. A pena será de 3 meses a 1 ano de detenção, sem prejuízo de multa, se
o delito for culposo.

Pena: Detenção, de 1 a 3 anos, e multa (crime doloso). É compatível com


a suspensão condicional do processo, pois a pena mínima não é superior a 1 ano.

OMISSÃO DE OBRIGAÇÃO DE RELEVANTE INTERESSE AMBIENTAL


(ART. 68 da Lei nº 9605/98)

Art. 68 da Lei nº 9605/98. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou


contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano,


sem prejuízo da multa.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, pois o tipo penal exige uma
qualidade especial do sujeito ativo, qual seja, o agente deve ter o dever legal ou
contratual de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental.

Elemento objetivo: Deixar é uma inação (comportamento omissivo). É um


delito omissivo próprio. Se o dever não decorrer de imposição legal ou de cláusula
contratual, o delito não estará configurado.

Questão: É possível a aplicação do princípio da insignificância a esse delito


inserido no rol dos crimes contra a Administração Ambiental?

A resposta é negativa, segundo posição firmada pela STJ. Vejamos:

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AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. CRIME CONTRA A
ADMINISTRAÇÃO DO MEIO AMBIENTE (ART.
68 DA LEI N. 9.605/98).PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. MORAL
ADMINISTRATIVA.ALEGAÇÃO DE MERO DESCUMPRIMENTO
ADMINISTRATIVO. ACOLHIMENTO INVIÁVEL DA TESE. EXISTÊNCIA DE
PREVISÃO LEGAL. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO REGIMENTAL
IMPROVIDO.

1. A decisão agravada deve ser mantida por seus próprios fundamentos,


porquanto em sintonia com a jurisprudência do STJ.

2. O Superior Tribunal de Justiça entende ser possível a aplicação do


princípio da insignificância a determinados casos de crimes praticados contra o
meio ambiente. Contudo, o art. 68 da Lei n. 9.605/98 encontra-se dentro da
Seção V do citado diploma legal, sendo, portanto, classificado como crime contra
a administração ambiental, o que torna inaplicável o citado brocador por ter como
finalidade resguardar, também, a moral administrativa.

3. Existindo previsão legal para a instalação de equipamento rastreador de


embarcação pesqueira nos arts. 31 a 33 da Lei n.11.959/09, inviável o
acolhimento da tese de que o não atendimento a tal determinação caracterizaria
mera irregularidade administrativa.

4. Agravo regimental improvido. (AgRg no AREsp 962.776/RS, Rel. Ministro


NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 17/10/2017, DJe 23/10/2017)

Elemento subjetivo: O tipo penal contempla as modalidades dolosa e


culposa. A pena será de 3 meses a 1 ano de detenção, sem prejuízo de multa, se
o delito for culposo.

Pena: Detenção, de 1 a 3 anos, e multa (crime doloso). É compatível com


a suspensão condicional do processo, pois a pena mínima não é superior a 1 ano.

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OBSTAR OU DIFICULTAR A FISCALIZAÇÃO (ART. 69 da Lei nº


9605/98)

Art. 69 da Lei nº 9605/98. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do


Poder Público no trato de questões ambientais:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser cometido por
qualquer pessoa.

Elemento objetivo: Obstar é impedir. Dificultar é criar obstáculo para a


ação fiscalizadora do Poder Estatal em assunto ambiental. É um tipo penal
misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado). Assim, se
o agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal, no mesmo contexto
fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, incorrerá num único
delito.

Elemento subjetivo: O tipo penal contempla somente a modalidade dolosa.

Pena: Detenção, de 1 a 3 anos, e multa (crime doloso). É compatível com


a suspensão condicional do processo, pois a pena mínima não é superior a 1 ano.

ESTUDO, LAUDO OU RELATÓRIO FALSO OU ENGANOSO (ART. 69-A


da Lei nº 9605/98)

Art. 69-A da Lei nº 9605/98. Elaborar ou apresentar, no licenciamento,


concessão florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo
ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por
omissão:(Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei


nº 11.284, de 2006)

§ 1o Se o crime é culposo: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

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Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído pela Lei nº 11.284,


de 2006)

§ 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se há dano


significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso da informação falsa,
incompleta ou enganosa. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio, pois o tipo penal exige uma
qualidade especial do sujeito ativo, qual seja, ser funcionário público com
atribuição para elaborar estudo, laudo ou relatório ambiental.

Elemento objetivo: Elaborar é produzir, confeccionar. Apresentar é exibir.


É um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo
variado). Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal,
no mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio da alternatividade,
incorrerá num único delito.

OBS: O delito em estudo é especial em relação ao delito de falsidade


ideológica descrito no art. 299 do Código Penal.

Questão: Por qual delito responde o agente que praticar as condutas


descritas no tipo penal do art. 69-A da Lei nº 9605/98 para receber vantagem
indevida?

Esse agente responderá pelo delito de concussão consagrado no art. 316 do


Código Penal. Repare que o art. 69-A da Lei nº 9605/98 também não inseriu a
vantagem indevida como elementar de seu tipo penal.

Elemento subjetivo: O tipo penal contempla as modalidades dolosa e


culposa. A pena será de 1 a 3 anos de detenção, sem prejuízo de multa, se o
delito for culposo.

Pena: Detenção, de 1 a 3 anos, e multa (crime doloso). É compatível com


a suspensão condicional do processo, pois a pena mínima não é superior a 1 ano.

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Causa de aumento da pena. Se existir dano significativo ao meio


ambiente, em decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou enganosa,
a pena é aumentada de 1/3 a 2/3.

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4 - Lista de questões sem comentários


1. (CESPE/ Procurador do Estado do Amazonas/2016) Cláudio, maior e capaz,
caçou e matou espécie de fauna silvestre, sem a devida autorização da autoridade
competente.
Segundo o atual entendimento do STJ, a competência para julgar o referido crime
será da justiça federal, independentemente de a ofensa ter atingido interesse
direto e específico da União, de suas entidades autárquicas ou de empresas
públicas federais, pois basta que os crimes sejam contra a fauna para atrair a
competência do Poder Judiciário federal.

2. (CESPE/ Juiz Federal da 2ª Região/2017) Conforme entendimento do STF, a


responsabilidade penal da pessoa jurídica por crimes ambientais subordina-se à
simultânea persecução da pessoa física responsável pela conduta (princípio da
dupla imputação)

3. (FCC/Delegado de Polícia do Amapá/2017) Sobre as penas previstas na lei nº


9605/1998, considere:

I. A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de


tarefas gratuitas junto a parques e jardins e unidades de conservação, e, no caso
de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se
possível.

II. As penas de interdição temporária de direito são a proibição do condenado


contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros
benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de 10 anos, no caso
de crimes dolosos, e de 5 anos, no de crime culposos.

III. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à


entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não
inferior a um salário mínimo nem superior a 360 salários mínimos. O valor pago
não poderá ser deduzido do montante de eventual reparação civil a que for
condenado o infrator.

IV. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de


responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar
curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e
horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia
habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória.

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Está correto o que se afirma apenas em

a) I e II.
b) I e IV.
c) III e IV.
d) II e III.
e) I e III.

4. (CESPE/Delegado de Polícia de Pernambuco/2016) Se uma pessoa física e


jurídica cometerem, em conjunto, infrações previstas na Lei nº 9605/1998 –
que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas
e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências-, as atividades
da pessoa jurídica poderão ser totalmente suspensas.

5. (VUNESP/Procurador Municipal de Andradina/2017) O art. 29 da Lei nº


9605/98 tipifica a conduta: “matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar
espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida
permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em
desacordo com a obtida”. No contexto desse crime, é correto afirmar que

a) A conduta é atípica se praticada no exercício de caça profissional.

b) para fins legais, pune-se da mesma forma, por expressa equiparação, os


atos relacionados a animais marinhos e atos de pesca.

c) no caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada


ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de
aplicar a pena.

d) a pena é dobrada se o crime é praticado contra espécie rara, de difícil


reprodução ou manejo ou, também, considerada ameaçada de extinção, ainda
que somente no local da infração.

e) são espécimes da fauna silvestre todos aqueles animais, inclusive


domésticos e domesticados, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida

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ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, excluídas as águas


jurisdicionais brasileiras.
_______________________________________________________________
6. (FCC/Juiz de Direito de Santa Catarina/2017) São agravantes expressamente
previstas na Lei Ambiental nº 9605/98 cometer a infração:
I. concorrendo para danos à propriedade alheia;
II. em domingos ou feriados;
III. mediante fraude ou abuso de confiança;
IV. com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério
ou profissão.
V. à noite.

Está correto o que se afirma apenas em:


a) II e III.
b) I, III e IV.
c) I, III e V.
d) I, II, III e V.
e) II, IV e V.
_______________________________________________________________
7. (CESPE/ Defensor Público do Acre/2017) Considerando-se a legislação
pertinente, bem como o entendimento dos tribunais superiores, no que tange aos
crimes contra o meio ambiente, são aplicadas às pessoas jurídicas, isolada,
cumulativa ou alternativamente, somente as penas de multa, as restritivas de
direito e a prestação de serviços à comunidade.
_______________________________________________________________
8. (MPE-SC/Promotor de Justiça de Santa Catarina/2016) Poderá ser
desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao
ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente; a pessoa
jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir,
facilitar ou ocultar a prática de crime definido na Lei 9605/98 terá decretada sua
liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como
tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.
_______________________________________________________________
9. (FMP/Promotor de Justiça de Rondônia/2017) Os crimes previstos na Lei nº
9605/98, são todos de ação penal pública incondicionada, contemplam espécies

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de tipos dolosos e espécies de tipos culposos, sendo que os crimes ambientais de


competência do Juizado Especial Criminal admitem proposta de transação penal,
desde que atendidos os requisitos da Lei 9099/95 e observado o pressuposto da
prévia composição do dano ambiental, salvo em caso de comprovada
impossibilidade.
______________________________________________________________
10. (FUNCAB/Delegado de Polícia do Pará/2016) O simples transporte de balões
que tenham a potencialidade para provocar incêndios é conduta incriminada na
lei especial.
_______________________________________________________________

11. (VUNESP/Juiz de Direito de São Paulo/2017) No que concerne às penas


restritivas de direitos, é correto afirmar que:

a) a prestação pecuniária consiste no pagamento à vítima, a seus dependentes


ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância não
inferior a 10 (dez) nem superior a 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.

b) a interdição temporária de direitos, nos crimes ambientais, pode consistir em


proibição de participar de licitações, pelo prazo de 5 (cinco) anos, no caso de
crimes dolosos, e de 3 (três) anos, no de crimes culposos;

c) são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando, entre outros


requisitos legais, o réu não for reincidente em crime doloso, a culpabilidade, os
antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos
e circunstâncias autorizarem a concessão do benefício, e não for indicada ou
cabível a suspensão condicional da pena.

d) a prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável a


qualquer condenação a privação de liberdade, facultado ao condenado cumprir a
pena em menor tempo, nunca inferior à metade da sanção corporal imposta.
_____________________________________________________________________________

12. (MPE-SC/Promotor de Justiça de Santa Catarina/2016) Ao tratar da aplicação


da pena, a Lei 9605/98 (Crimes Ambientais) estabelece que as penas restritivas
de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando:
tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior
a quatro anos; a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime
indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e
prevenção do crime.

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_______________________________________________________________
13. (FMP/Promotor de Justiça de Rondônia/2017) Sobre os crimes ambientais
previstos na Lei nº 9605/1998, é correto afirmar:

a) Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de


transação penal sempre poderá ser formulada independentemente da prévia
composição do dano ambiental.

b) Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de


transação penal somente poderá ser formulada desde que tenha havido a
prévia composição do dano ambiental, salvo em caso de comprovada
impossibilidade.

c) A declaração de extinção de punibilidade pelo cumprimento das condições


estabelecidas na proposta de suspensão condicional do processo independe,
sempre, de constatação de reparação do dano ambiental.

d) Na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a


reparação do dano ambiental, e esgotado o prazo de período de provas
previsto na proposta de suspensão condicional do processo, o citado benefício
não poderá ser prorrogado, por ausência de previsão legal, com a consequente
declaração de extinção da punibilidade do agente.

e) Todos os crimes ambientais são de menor potencial ofensivo.


_____________________________________________________________
14. (CESPE/Promotor de Justiça de Roraima/2017) Em um sábado, Pedro, maior
e capaz, com baixo grau de instrução, pichou monumento urbano, sem
autorização. Nessa situação hipotética:

a) A ação penal será pública condicionada se o monumento pichado for de


propriedade particular.
b) A pena que Pedro está sujeito é de detenção inferior a 2 anos, mesmo que o
monumento pichado seja tombado pelo patrimônio histórico.
c) o baixo grau de instrução de Pedro é irrelevante para a estipulação da pena.
d) a pena que Pedro está sujeito deverá ser agravada por ter sido o crime
cometido em um sábado.

_______________________________________________________________
15. (FMP/Defensor Público do Pará/2015) Não constitui pena restritiva de direitos
prevista na Lei dos Crimes Ambientais:

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a) recolhimento domiciliar.

b) suspensão parcial ou total de atividades.

c) prestação pecuniária.

d) perda de bens e valores.

e) interdição temporária de direitos.

_______________________________________________________
16. (CESPE - Procurador do Estado - ES/ 2008) Com relação ao direito penal o
item apresenta uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada.

Agentes do IBAMA abordaram um caminhão que transportava toras de madeira


das espécies jacarandá e sucupira, retiradas em propriedade particular, sem
cobertura de autorização para transporte de produto florestal. Nessa situação, de
acordo com o entendimento jurisprudencial dominante, caberá à justiça comum
a competência para processar e julgar futura ação penal por crime ambiental.
_________________________________________________________
17. (FCC – TJPI – Juiz Substituto/2015) Nos crimes previstos na Lei de Crimes
Ambientais − Lei Federal n° 9.605/1998, a suspensão condicional da pena pode
ser aplicada nos casos de condenação à pena:

a) restritiva de direito não superior a dois anos.

b) privativa de liberdade não superior a dois anos.

c) privativa de liberdade não superior a três anos.

d) privativa de liberdade não superior a um ano.

e) privativa de liberdade ou restritiva de direito não superior a dois anos.


_________________________________________________________
18. (CESPE- Delegado de Polícia- AL/2012) No que concerne aos aspectos
processuais das leis penais extravagantes e às inovações legais havidas no
sistema processual penal, julgue os Itens a seguir.

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Nos crimes ambientais, é viável e possível à prorrogação do prazo de suspensão


condicional do processo, por mais um ano além do máximo previsto, que é de
quatro anos, dependendo a declaração de extinção da punibilidade de laudo que
comprove ter o acusado adotado todas as providências inerentes à reparação
integral do dano.
_______________________________________________________________
19. (CESPE/Advogado da União/2012) É circunstância agravante da pena o fato
de o agente ter cometido crime ambiental no interior de espaço territorial
especialmente protegido, salvo quando a referida localização constituir ou
qualificar o crime.
_____________________________________________________________
20. (FCC - Defensor Público - AM/2013) Pedro, em estado de necessidade, para
saciar sua fome e de sua família, composta por esposa e cinco filhos, abateu
animal da fauna amazônica. Segundo a Lei Federal no 9.605/98, que dispõe sobre
as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas
ao meio ambiente, tal fato

a) é tipificado como crime.

b) é tipificado como contravenção penal.

c) é tipificado como crime, sendo a situação descrita circunstância atenuante da


pena.

d) não é considerado crime.

e) é tipificado como crime, sendo a ação penal neste caso pública condicionada à
representação.

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5 -Lista de questões com comentários

Bem, pessoal, chegou a hora de praticarmos! Selecionamos diversas


questões de diversas bancas de concursos para que você possa fixar os
conhecimentos.

1. (CESPE/ Procurador do Estado do Amazonas/2016) Cláudio, maior e capaz,


caçou e matou espécie de fauna silvestre, sem a devida autorização da autoridade
competente.
Segundo o atual entendimento do STJ, a competência para julgar o referido crime
será da justiça federal, independentemente de a ofensa ter atingido interesse
direto e específico da União, de suas entidades autárquicas ou de empresas
públicas federais, pois basta que os crimes sejam contra a fauna para atrair a
competência do Poder Judiciário federal.

Comentário: O item está errado. Como vimos, a competência para


processar e julgar os crimes ambientais será da Justiça Estadual (competência
residual). Somente será da competência da Justiça Federal se presente
alguma situação delineada no art. 109 da Constituição Federal.

2. (CESPE/ Juiz Federal da 2ª Região/2017) Conforme entendimento do STF, a


responsabilidade penal da pessoa jurídica por crimes ambientais subordina-se à
simultânea persecução da pessoa física responsável pela conduta (princípio da
dupla imputação)

Comentário: O item está errado. Segundo entendimento firmado pelo STF


no RE 548181/PR, é admissível a condenação de pessoa jurídica pela prática de
crime ambiental, ainda que absolvidas as pessoas físicas ocupantes de cargo de
presidência ou de direção do órgão responsável pela prática criminosa. Assim, ao
se condicionar a imputabilidade da pessoa jurídica à da pessoa humana, estar-
se-ia quase que subordinar a responsabilização jurídico-criminal do ente moral à

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efetiva condenação da pessoa física, o que afrontaria o art. 225, §3º, da


Constituição Federal.

3. (FCC/Delegado de Polícia do Amapá/2017) Sobre as penas previstas na lei nº


9605/1998, considere:

I. A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de


tarefas gratuitas junto a parques e jardins e unidades de conservação, e, no caso
de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se
possível.

II. As penas de interdição temporária de direito são a proibição do condenado


contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros
benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de 10 anos, no caso
de crimes dolosos, e de 5 anos, no de crime culposos.

III. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à


entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não
inferior a um salário mínimo nem superior a 360 salários mínimos. O valor pago
não poderá ser deduzido do montante de eventual reparação civil a que for
condenado o infrator.

IV. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de


responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar
curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e
horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia
habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória.

Está correto o que se afirma apenas em

a) I e II.
b) I e IV.
c) III e IV.
d) II e III.
e) I e III.

O item I está correto, eis que em perfeita sintonia com o art. 9º da Lei nº
9605/98.

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O item II está errado, porquanto as penas de interdição temporária de direito


têm duração de 5 anos, no caso de crimes dolosos, e de 3 anos, no de crimes
culposos (art. 10 da Lei nº 9605/98).

O item III está errado, pois o valor pago será deduzido do montante de eventual
reparação civil a que for o condenado o infrator (art. 12 da Lei nº 9605/98).

O item IV está correto, em perfeita correspondência com o art. 13 da Lei nº


9605/98.
Comentário: A alternativa correta é letra B.

4. (CESPE/Delegado de Polícia de Pernambuco/2016) Se uma pessoa física e


jurídica cometerem, em conjunto, infrações previstas na Lei nº 9605/1998 –
que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas
e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências-, as atividades
da pessoa jurídica poderão ser totalmente suspensas.

Comentário: O item está correto. De acordo com o princípio da reserva


legal somente podem ser aplicadas às pessoas jurídicas as penas
expressamente descritas em lei. A suspensão total das atividades é uma
espécie de pena restritivas de direitos contemplada no art. 22, I, da Lei nº
9605/98. Seu prazo de duração será o mesmo da pena de privativa de
liberdade aplicada.

5. (VUNESP/Procurador Municipal de Andradina/2017) O art. 29 da Lei nº


9605/98 tipifica a conduta: “matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar
espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida
permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em
desacordo com a obtida”. No contexto desse crime, é correto afirmar que

a) A conduta é atípica se praticada no exercício de caça profissional.

b) para fins legais, pune-se da mesma forma, por expressa equiparação, os


atos relacionados a animais marinhos e atos de pesca.

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c) no caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada


ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de
aplicar a pena.

d) a pena é dobrada se o crime é praticado contra espécie rara, de difícil


reprodução ou manejo ou, também, considerada ameaçada de extinção, ainda
que somente no local da infração.

e) são espécimes da fauna silvestre todos aqueles animais, inclusive


domésticos e domesticados, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida
ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, excluídas as águas
jurisdicionais brasileiras.

Comentários: A alternativa correta é letra C. Estamos diante de um perdão


judicial contemplado no art. 29, §2º, da Lei 9605.

A alternativa A está errada. É pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre


do exercício de caça profissional.

A alternativa B está errada. O art. 29 não se aplica aos atos de pesca.

A alternativa D está errada, pois em descompasso com o art. 29, §4º, I, da Lei
9605/98.

A alternativa E está errada, porquanto em desconformidade com a norma penal


explicativa do art. 29, §3º, da Lei nº 9605/98.

_______________________________________________________________
6. (FCC/Juiz de Direito de Santa Catarina/2017) São agravantes expressamente
previstas na Lei Ambiental nº 9605/98 cometer a infração:
I. concorrendo para danos à propriedade alheia;
II. em domingos ou feriados;
III. mediante fraude ou abuso de confiança;

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IV. com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério
ou profissão.
V. à noite.

Está correto o que se afirma apenas em:


a) II e III.
b) I, III e IV.
c) I, III e V.
d) I, II, III e V.
e) II, IV e V.

Comentário: A alternativa correta é letra D, conforme se infere do art. 15,


incisos II, “d”, “h”, “n” e “i”, da Lei nº 9605/98. O inciso IV não tem previsão na
Lei nº 9605/98.
_______________________________________________________________
7. (CESPE/ Defensor Público do Acre/2017) Considerando-se a legislação
pertinente, bem como o entendimento dos tribunais superiores, no que tange aos
crimes contra o meio ambiente, são aplicadas às pessoas jurídicas, isolada,
cumulativa ou alternativamente, somente as penas de multa, as restritivas de
direito e a prestação de serviços à comunidade.

Comentários: O item está correto. De acordo com o art. 21 da Lei 9605/98,


as penas aplicáveis a pessoa jurídica são a multa, as restritivas de direito e a
prestação de serviços à comunidade.

_______________________________________________________________
8. (MPE-SC/Promotor de Justiça de Santa Catarina/2016) Poderá ser
desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao
ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente; a pessoa
jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir,
facilitar ou ocultar a prática de crime definido na Lei 9605/98 terá decretada sua
liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como
tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.

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Comentário: O item está correto. De acordo com o art. 4º da Lei 9605/98:


“Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for
obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio
ambiente.” Sobremais, o art. 24 da Lei 9605/98 preconiza que “a pessoa jurídica
será constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar
ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação
forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal
perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.”
_______________________________________________________________
9. (FMP/Promotor de Justiça de Rondônia/2017) Os crimes previstos na Lei nº
9605/98, são todos de ação penal pública incondicionada, contemplam espécies
de tipos dolosos e espécies de tipos culposos, sendo que os crimes ambientais de
competência do Juizado Especial Criminal admitem proposta de transação penal,
desde que atendidos os requisitos da Lei 9099/95 e observado o pressuposto da
prévia composição do dano ambiental, salvo em caso de comprovada
impossibilidade.

Comentário: O item está correto. Deflui do art. 26 da Lei 9605/98 que os


crimes ambientais são de ação penal pública incondicionada, tendo tanto delitos
culposos como dolosos. Sobremais, nos crimes ambientais de menor potencial
ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritivas de direitos ou
multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9099, de 26 de setembro de 1995, somente
poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano
ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada
impossibilidade (art. 27 da Lei nº 9605/98).
______________________________________________________________
10. (FUNCAB/Delegado de Polícia do Pará/2016) O simples transporte de balões
que tenham a potencialidade para provocar incêndios é conduta incriminada na
lei especial.

Comentário: O item está correto. De acordo com o art. 42 da Lei nº 9605/98,


é crime ambiental a conduta de soltar balões que possam provocar incêndios nas
florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de
assentamento humano.

_______________________________________________________________

11. (VUNESP/Juiz de Direito de São Paulo/2017) No que concerne às penas


restritivas de direitos, é correto afirmar que:

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a) a prestação pecuniária consiste no pagamento à vítima, a seus dependentes


ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância não
inferior a 10 (dez) nem superior a 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.

b) a interdição temporária de direitos, nos crimes ambientais, pode consistir em


proibição de participar de licitações, pelo prazo de 5 (cinco) anos, no caso de
crimes dolosos, e de 3 (três) anos, no de crimes culposos;

c) são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando, entre outros


requisitos legais, o réu não for reincidente em crime doloso, a culpabilidade, os
antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos
e circunstâncias autorizarem a concessão do benefício, e não for indicada ou
cabível a suspensão condicional da pena.

d) a prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável a


qualquer condenação a privação de liberdade, facultado ao condenado cumprir a
pena em menor tempo, nunca inferior à metade da sanção corporal imposta.

Comentário: A alternativa correta é a letra B, eis que em perfeita sintonia


com o estipulado no art. 10 da Lei nº 9605/98.

A alternativa A está errada, pois a prestação pecuniária é fixada com base no


salário mínimo e não em dias-multa (art. 12 da Lei 9605/98).

A alternativa C está errada, pois o art. 7º, II, da Lei 9605/98 não enumerou a
reincidência em crime doloso como critério para a concessão de pena restritiva
de direitos.

A alternativa D está errada, pois a pena privativa de liberdade deve ser inferior
a 4 anos (art. 7º, I, da Lei 9605/98) para fazer jus a pena restritiva de direitos.
_______________________________________________________________
12. (MPE-SC/Promotor de Justiça de Santa Catarina/2016) Ao tratar da aplicação
da pena, a Lei 9605/98 (Crimes Ambientais) estabelece que as penas restritivas
de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando:
tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior
a quatro anos; a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime

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indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e


prevenção do crime.

Comentário: O item está correto, eis que em perfeita sintonia com o


estipulado no art. 7º da Lei 9605/98. Lembre-se que, em prol do princípio da
especialidade, prevalece as regras da lei especial (lei 9605/98) em relação ao
Código Penal (lei geral).

_______________________________________________________________

13. (FMP/Promotor de Justiça de Rondônia/2017) Sobre os crimes ambientais


previstos na Lei nº 9605/1998, é correto afirmar:

a) Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de


transação penal sempre poderá ser formulada independentemente da prévia
composição do dano ambiental.

b) Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de


transação penal somente poderá ser formulada desde que tenha havido a
prévia composição do dano ambiental, salvo em caso de comprovada
impossibilidade.

c) A declaração de extinção de punibilidade pelo cumprimento das condições


estabelecidas na proposta de suspensão condicional do processo independe,
sempre, de constatação de reparação do dano ambiental.

d) Na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a


reparação do dano ambiental, e esgotado o prazo de período de provas
previsto na proposta de suspensão condicional do processo, o citado benefício
não poderá ser prorrogado, por ausência de previsão legal, com a consequente
declaração de extinção da punibilidade do agente.

e) Todos os crimes ambientais são de menor potencial ofensivo.

Comentário: A alternativa correta é a letra B. De acordo com o art. 27 da


Lei nº 9605/98, a transação penal para aplicação imediata da pena restritiva
de direitos ou multa está condicionada à prévia composição do dano
ambiental.

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A alternativa A está errada, pois a transação penal somente pode ser proposta
se existir prévia composição do dano ambiental.

A alternativa C está errada, vez que a declaração de extinção de punibilidade


dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental (art. 28,
I, da Lei 9605/98).

A alternativa D está errada, pois é possível uma segunda prorrogação de prazo


do sursis processual caso o laudo de constatação comprovar não ter sido
completa a reparação do dano ambiental.

A alternativa E está errada, porquanto há crimes ambientais que não são


crimes de menor potencial ofensivo (exemplo: art. 30 da Lei nº 9605/98 –
pena máxima superior a dois anos)

_____________________________________________________________
14. (CESPE/Promotor de Justiça de Roraima/2017) Em um sábado, Pedro, maior
e capaz, com baixo grau de instrução, pichou monumento urbano, sem
autorização. Nessa situação hipotética:

a) A ação penal será pública condicionada se o monumento pichado for de


propriedade particular.
b) A pena que Pedro está sujeito é de detenção inferior a 2 anos, mesmo que o
monumento pichado seja tombado pelo patrimônio histórico.
c) o baixo grau de instrução de Pedro é irrelevante para a estipulação da pena.
d) a pena que Pedro está sujeito deverá ser agravada por ter sido o crime
cometido em um sábado.

Comentário: A alternativa correta é a letra B. A situação narrada na


questão configura o delito de pichação (art. 65 da lei nº 9605/98), cuja pena
é de detenção de 6 meses a 1 ano e multa, ainda que o ato seja realizado em
monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico
ou histórico (art. 65, §1º, da Lei nº 9605/98).

A alternativa A está errada, pois a ação será pública incondicionada (art. 26


da Lei nº 9605/98).

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A alternativa C está errada, o baixo grau de instrução ou escolaridade do


agente é circunstância atenuante (art. 14, I, da Lei nº 9605/98).

A alternativa D está errada, pois apenas agrava a pena se o fato ocorre em


domingos e feriados (art. 15, II, “h”, da Lei nº 9605/98).

_______________________________________________________________
15. (FMP/Defensor Público do Pará/2015) Não constitui pena restritiva de direitos
prevista na Lei dos Crimes Ambientais:

a) recolhimento domiciliar.

b) suspensão parcial ou total de atividades.

c) prestação pecuniária.

d) perda de bens e valores.

e) interdição temporária de direitos.

Comentário: A alternativa correta é a letra D. As penas de recolhimento


domiciliar, suspensão parcial ou total de atividades, prestação pecuniária e
interdição temporária de direitos foram contempladas no art. 8º da Lei nº
9605/98.
_______________________________________________________
16. (CESPE - Procurador do Estado - ES/ 2008) Com relação ao direito penal o
item apresenta uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada.

Agentes do IBAMA abordaram um caminhão que transportava toras de madeira


das espécies jacarandá e sucupira, retiradas em propriedade particular, sem
cobertura de autorização para transporte de produto florestal. Nessa situação, de
acordo com o entendimento jurisprudencial dominante, caberá à justiça comum
a competência para processar e julgar futura ação penal por crime ambiental.

Comentário: O item está correto. A competência da justiça federal somente


tem lugar nos crimes ambientais quando evidenciado o efetivo interesse da
União, de suas autarquias ou empresas públicas, o que não ocorre no caso em
análise. Além do mais, a atribuição do IBAMA de fiscalizar a preservação do meio
ambiente não atrai a competência da Justiça Federal para processamento e
julgamento de ação penal referente a delitos ambientais (STJ, 3ª Seção, CC

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97372, Rel. Min. Celso Limongi, Desembargador Convocado do TJ/SP, julgado em


24/3/2010).

_________________________________________________________
17. (FCC – TJPI – Juiz Substituto/2015) Nos crimes previstos na Lei de Crimes
Ambientais − Lei Federal n° 9.605/1998, a suspensão condicional da pena pode
ser aplicada nos casos de condenação à pena:

a) restritiva de direito não superior a dois anos.

b) privativa de liberdade não superior a dois anos.

c) privativa de liberdade não superior a três anos.

d) privativa de liberdade não superior a um ano.

e) privativa de liberdade ou restritiva de direito não superior a dois anos.

Comentário: A alternativa correta é a letra C. A suspensão condicional da


pena nos crimes ambientais descritos na Lei 9605/98 pode ser aplicada nos
casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos.

As alternativas A, B, D e E estão erradas, porquanto destoam do art. 16 da


Lei nº 9605/98.

_________________________________________________________
18. (CESPE- Delegado de Polícia- AL/2012) No que concerne aos aspectos
processuais das leis penais extravagantes e às inovações legais havidas no
sistema processual penal, julgue os Itens a seguir.

Nos crimes ambientais, é viável e possível à prorrogação do prazo de suspensão


condicional do processo, por mais um ano além do máximo previsto, que é de
quatro anos, dependendo a declaração de extinção da punibilidade de laudo que
comprove ter o acusado adotado todas as providências inerentes à reparação
integral do dano.

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Comentário: O item está correto. Preconiza o art. 28 da lei 9.605/98 que:


"As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, aplicam-
se os crimes de menor potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes
modificações:

I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o§ 5" do artigo referido


no caput, dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental,
ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1" do mesmo artigo;

II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a


reparação, o prazo de suspensão do processo será prorrogado, até o período
máximo previsto no artigo referido no caput, acrescido de mais um ano, com
suspensão do prazo da prescrição".

_________________________________________________________
19. (CESPE/Advogado da União/2012) É circunstância agravante da pena o fato
de o agente ter cometido crime ambiental no interior de espaço territorial
especialmente protegido, salvo quando a referida localização constituir ou
qualificar o crime.

Comentário: O item está correto, conforme se infere do art. 15, II, “l”, da
Lei nº 9605/98.
_____________________________________________________________
20. (FCC - Defensor Público - AM/2013) Pedro, em estado de necessidade,
para saciar sua fome e de sua família, composta por esposa e cinco filhos, abateu
animal da fauna amazônica. Segundo a Lei Federal no 9.605/98, que dispõe sobre
as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas
ao meio ambiente, tal fato

a) é tipificado como crime.

b) é tipificado como contravenção penal.

c) é tipificado como crime, sendo a situação descrita circunstância atenuante da


pena.

d) não é considerado crime.

e) é tipificado como crime, sendo a ação penal neste caso pública condicionada à
representação.

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Comentário: A alternativa correta é a letra D. Apesar de o fato narrado


na questão ter correspondência no art. 29 da Lei nº 9605/95, sendo, portanto,
conduta típica, não há que se falar em crime ante a configuração do estado
de necessidade (excludente de ilicitude), nos exatos termos do art. 37, I, da
Lei 9605/98.

As alternativas A, B, C e E estão erradas, porquanto destoam do art. 37, I, da


Lei nº 9605/98 (em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou
de sua família). Além do mais, vale destacar que os crimes ambientais
previstos na Lei nº 9605/98 são de ação penal pública incondicionada (art. 26
da Lei nº 9605/98).

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6- Resumo
Meio ambiente: A proteção penal e extrapenal do meio ambiente encontra respaldo no art. 225
da Constituição Federal. A lei nº 9605/98 ingressou no ordenamento jurídico para regulamentar
a referida norma constitucional e estabelecer normas de cunho civil, administrativo e penal. Em
regra, os crimes ambientais serão processados e julgados na Justiça Estadual, salvo quando ficar
evidenciada alguma situação do art. 109 da Constituição Federal, panorama fático que transfere
a prestação jurisdicional para a Justiça Federal.
Pessoa jurídica pode responder por crimes ambientais: As pessoas jurídicas serão
responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em
que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu
órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. A responsabilidade das pessoas
jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato. O o
Supremo Tribunal Federal firmou entendimento no sentido de que não é necessária a dupla
imputação ou coautoria necessária (obrigatória responsabilização simultânea das pessoas físicas
e das pessoas jurídicas), porquanto a Constituição Federal em seu artigo 225, §3º não faz essa
exigência. Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for
obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. As penas
aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas são: a) multa; b)
restritivas de direitos; c) prestação de serviços à comunidade.

Penas restritivas de direitos: As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as


privativas de liberdade quando: I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de
liberdade inferior a quatro anos; II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que
Crimes Ambientais

a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime. As penas


restritivas de direitos terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída. São as
seguintes penas restritivas de direitos aplicáveis às pessoas físicas: a) prestação de serviços à
comunidade; b) interdição temporária de direitos; c) suspensão parcial ou total de atividades; d)
prestação pecuniária; e) recolhimento domiciliar. Penas restritivas de direitos aplicáveis às
pessoas jurídicas são: a) suspensão total ou parcial de atividades; b) interdição temporária de
estabelecimento, obra ou atividade, c) proibição de contratar com o Poder Público, bem como de
obter subsídios, subvenções ou doações.

Circunstâncias atenuantes descritas na Lei nº 9605/98: a) baixo grau de instrução ou


escolaridade do agente; b) arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação
do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada; c) comunicação prévia pelo
agente do perigo iminente de degradação ambiental; d) colaboração com os agentes
encarregados da vigilância e do controle ambiental.

Circunstâncias agravantes descritas na Lei nº 9605/98: I - reincidência nos crimes de


natureza ambiental; II - ter o agente cometido a infração: a) para obter vantagem pecuniária; b)
coagindo outrem para a execução material da infração; c) afetando ou expondo a perigo, de
maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente; d) concorrendo para danos à propriedade
alheia; e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público,
a regime especial de uso; f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; g)
em período de defeso à fauna; h) em domingos ou feriados; i) à noite; j) em épocas de seca ou
inundações; l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; m) com o emprego de
métodos cruéis para abate ou captura de animais; n) mediante fraude ou abuso de confiança; o)
mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental; p) no interesse de
pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos
fiscais; q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades
competentes; r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

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Sursis na Lei nº 9605/98: Nos crimes ambientais previstos na Lei nº 9605/98, a suspensão
condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não
superior a três anos. A verificação da reparação do dano será feita mediante laudo de reparação
do dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a
proteção ao meio ambiente.

Ação penal: A ação penal será pública incondicionada.

Transação penal nos crimes ambientais: A proposta de transação penal somente poderá ser
formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art.
74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade.

Sursis processual nos crimes ambientais: As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26


de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo definidos na Lei nº
9605/98, com as seguintes modificações: I - a declaração de extinção de punibilidade, de que
trata o § 5° do artigo referido no caput, dependerá de laudo de constatação de reparação do dano
ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo; II - na
hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo de
suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido
no caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição; III - no período de
prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo mencionado
no caput; IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de
constatação de reparação do dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente
prorrogado o período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o
disposto no inciso III; V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de
punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as
providências necessárias à reparação integral do dano.

Os crimes ambientais descritos na Lei nº 9605/98 dividem-se em: a) crimes contra a


fauna; b) crimes contra a flora; c) poluição e outros crimes ambientais; d) crimes contra o
ordenamento urbano e o patrimônio cultural; e) crimes contra a Administração Ambiental.

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7 - Gabarito

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Errado Errado B Certo C D Certo Certo Certo Certo
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
B Certo B B D Certo C Certo Certo D

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