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01/11/2016 Uniformitarismo ou Catastrofismo em S. Pedro de Moel?

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O Mesozóico Português: o caso da Bacia Lusitânica
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Uniformitarismo ou Catastrofismo em S. Pedro de Moel?

Posted by Jorge Miguel Guilherme on 24/05/2009 ∙ 5 comentários 

Santos, C.; Bem, P.; Cordeiro, A.; Silva, S.; Virgílio, R.

Palavras‑chave:  Monumento  Geológico,  Jurássico,  Fósseis,  Geomorfologia,  Uniformitarismo,


Catastrofismo.

À  primeira  vista,  ninguém  imagina  a  riqueza  do  registo  fóssil  contido  nas  formações  sedimentares
que afloram um pouco por todo o país. As falésias e as arribas da nossa costa constituem importantes
monumentos  geológicos,  fonte  inesgotável  de  saber  que,  pouco  a  pouco,  vão  satisfazendo  a
curiosidade  dos  que  as  estudam  e  transmitindo  informações  preciosas  para  o  conhecimento  da
História da Terra. É o que sucede com a região de S. Pedro de Moel, um dos locais emblemáticos de
Portugal,  onde  se  encontram  afloramentos  de  grande  interesse  científico,  pedagógico‑didáctico  e
paisagístico.(fig.1) O seu valor geológico e paleontológico excede as fronteiras nacionais, na medida
em que apresenta exemplos únicos da história geológica daquele compartimento temporal.(fig.2)

A região em estudo situa‑se no litoral do distrito de Leiria, a norte da povoação de S. Pedro de Moel,
próximo  da  Praia  Velha.  As  coordenadas  geográficas  são:  39º  45’  21,11’’  N  e  9º  0,1’  56,65’’  O.  Esta
região  está  situada  na  Orla  Meso‑Cenozóica  Ocidental  Portuguesa  (Bacia  Lusitânia),  apresentando
dois  contextos  geológicos  e  geomorfológicos  bem  distintos:  o  Jurássico  de  S.  Pedro  de  Moel  e  a
Cobertura  Dunar  Recente.  A  mancha  Jurássica  de  S.  Pedro  de  Moel  estende‑se  por  cerca  de  cinco
quilómetros  e  inclui  sucessões  de  rochas  carbonatadas,  incluindo  margas,  margas  gipsíferas  e
betuminosas, calcários margosos e bioclásticos. Estas séries estão frequentemente afectadas por falhas
de  orientação  E‑W,  assumindo  uma  estrutura  que  tende  a  mergulhar  para  Oriente.  (fig.  3  e  4).  Do
ponto  de  vista  paleontológico,  o  Jurássico  Inferior  de  S.  Pedro  de  Moel  é  caracterizado  por  uma
associação  de  fósseis  de  invertebrados  marinhos.  Entre  estes,  encontram‑se  os  braquiópodes,  os
moluscos e os equinodermes. Surgem ainda fosseis de peixes (actinopterígeos).(fig. 5,6, 7 e 8). Com
base  na  informação  recolhida  é  possível  concluir‑mos  que  a  história  geológica  do  local  pode  ser
contada com o apoio das duas correntes de pensamento – uniformitarismo e catastrofismo – diríamos
mesmo  uma  conjugação  das  duas  –  neocatastrofismo.  A  formação  dos  estratos  é  um  processo
geológico  que  ocorreu  de  forma  lenta  e  gradual  (uniformitarismo)  enquanto  que  o  fenómeno  que
levou  à  morte  da  elevada  quantidade  de  organismos  que  se  encontram  fossilizados  nessas  mesmas
camadas é de natureza catastrófica (catastrofismo). Isto porque pudemos observar um denso registo
fossilífero, essencialmente conchas de bivalves, braquiópodes e algumas amonites e gastrópodes. No
nosso entender este facto pode dever‑se a uma alteração brusca das condições do meio.

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01/11/2016 Uniformitarismo ou Catastrofismo em S. Pedro de Moel? | Mesozoico

Figura 2 – Arriba em erosão Figura 3 – Estratos de rochas
com estratos basculados para carbonatadas com elevada
Figura 1‑Localização de densidade fossilífera.
ocidente.
S.Pedro Moel.

Figura 4 – Gastrópode. Figura 5 ‑Braquiópode. Figura 6 – Icnofósseis de


tubículas

Figura 7 – Estromatólitos.

Bibliografia:

h p://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1gina_principal
h p://agvieiraleiria.ccems.pt/depciencias/geologia0405/index.htm

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Comments

5 Responses to “Uniformitarismo ou Catastrofismo em S. Pedro de Moel?”
Joana Menezs diz:
11/09/2010 às 2:02 AM
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01/11/2016 Uniformitarismo ou Catastrofismo em S. Pedro de Moel? | Mesozoico

11/09/2010 às 2:02 AM
Obrigada pela elucidação! Moro na zona de São Pedro há mais de 30 anos e deparo‑me com estes
fosseis com frequência. No entanto, há uma área, a da Pedra do Ouro, que é completamente
diferente em termos da formação rochosa. Há muitos anos que me pergunto o que aconteceu
ali….Como leiga nesta ciência pergunto se não têm informação sobre esta zona.

Responder
Jorge Miguel Guilherme diz:
24/10/2010 às 10:35 PM
Peço desculpa pela demora na resposta. É verdade que são ambientes geológicos diferentes,
contudo do mesmo período (Jurássico Inferior, entre os 199 milhões de anos e os 175 milhões
de anos) e da mesma bacia de sedimentação (Bacia Lusitânica). Em S. Pedro os sedimentos
depositados pertencem a um antigo local exposta/coberta pela maré (denominada fácie
perimarial). No caso da Pedra do Ouro correspondem a um local de máxima profundidade da
bacia (fácie anóxica).
Por volta da Primavera será publicado um artigo sobre a Bacia Lusitânica que está neste
momento em construção.
Sempre ao dispor
O coordenador do blog
Jorge Miguel Guilherme

Responder
Igor diz:
03/10/2011 às 8:36 AM
Venho por este meio informar que a localização geográfica não está correcta, a praia em questão
encontra‑se em Évora. cumprimentos, Doutor Igor

Responder
Jorge Miguel Guilherme diz:
18/10/2011 às 11:41 AM
Deverá haver algum problema na sua localização e orientação.
Cumprimentos

Responder
Ana diz:
02/04/2012 às 12:17 PM
Concordo com a resposta do Jorge Miguel Guilherme. Fico até bastante indignada com o
comentário sem qualquer tipo de fudamento ou explicação.
Aguem que assina como “Doutor” até o caracter põe em causa
Ana Bareiris da Silva

Responder

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