Você está na página 1de 107

N034C

,
NOTICIA EXPLICATIVA
DA FOLHA 34-C
CASCAIS

M. M. RAMALHO
J.REY
G. ZBYSZEWSKI
C. A. MATOS ALVES
T. PALÁCIOS
F. MOITINHO DE ALMEIDA
C. COSTA
M.KULLBERG

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

INSTITUTO GEOLÓGICO
E MINEIRO
LISBOA 2001
SECRETARIA DE ESTADO DA INDÚSTRIA E ENERGIA
INSTITUTO GEOLÓGICO E MINEIRO

Estrada da Portela- Zambujal


2720 ALFRAGIDE- PORTUGAL
NOTÍCIA EXPLICATIVA
DA FOLHA 34-C
CASCAIS

M. M. RAMALHO*
J. REY **
G. ZBYSZEWSKI *
C. A. MATOS ALVES ***
T. PALÁCIOS ***
F. MOITINHO DE ALMEIDA *
C. COSTA ****
M. C. KULLBERG ***

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

INSTITUTO GEOLÓGICO
E MINEIRO
LISBOA 2001

• Instituto Geológico e Mineiro


•• Universidade de Toulose
••• Faculdade de Ciências de Lisboa
•••• Universidade Nova de Lisboa
COLABORADORES:

J. ALCÂNTARA CRUZ, J. MOREIRA(IGM)- Recursos Geológicos


J. L. CARDOSO (U. Aberta)- Arqueologia Pré-histórica
M. MORAIS(IGM) - Hidrogeologia
ÍNDICE

-INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

11 -GEOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
JURÁSSICO SUPERIOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
PALEOGEOGRAFIA DO JURÁSSICO SUPERIOR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
CRETÁCICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
PLUTONITOS ...... . ............. . .. . ......................... 42
CENOZÓICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
EOCÉNICO-OLIGOCÉNICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
MIOCÉNICO ......... . .. . ............. . .................... . .. 51
BURDIGALIANO SUPERIOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
LANGHIANO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
SERRAVALIANO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
PLISTOCÉNICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

III -TECTÓNICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
GENERALIDADES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
COMPLEXO ANELAR SUBVULCÂNICO DE SINTRA . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
REGIÃO TABULAR DE LISBOA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

IV -RECURSOS GEOLÓGICOS ........ . ..... . . . .......... . . .. .... .. .. 70


RECURSOS HIDROMINERAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
RECURSOS GEOTÉRMICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
RECURSOS MINERAIS .. . .. . .. . ..................... . ...... .. .. 71
HIDROGEOLOGIA . .. . . ... .. .... . . . ... . ............ . .......... . 71
RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
QUALIDADE QUÍMICA DA ÁGUA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
ARQUEOLOGIA PRÉ-HISTÓRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

BIBLIOGRAFIA .................................................... 84
I - INTRODUÇÃO
A actual 4.ª edição da Carta Geológica de Cascais foi, na sua quase
totalidade, baseada nos levantamentos já existentes e que a edição
anterior divulgou , à excepção de algumas modificações das falhas da
parte sul do Maciço de Sintra, introduzidas por M. L. Ribeiro.
A presente Notícia Explicativa segue, nas suas linhas, gerais a da edição
anterior, tendo-se, no entanto, introduzido actualizações no que respeita,
em especial, à litostratigrafia do Cretácico e à revisão do texto do Com-
plexo Vulcânico de Lisboa e do Magmatismo.

11 - GEOLOGIA

JURÁSSICO SUPERIOR*
Aflora na parte sul e sudeste do Maciço de Sintra, contornando-o
regularmente numa série monoclinal, apresentando as camadas em
contacto com a rocha eruptiva, uma inclinação máxima de 60 2 , a qual vai
decrescendo regularmente à medida que se afasta do maciço. As forma-
ções do Jurássico Superior são particularmente bem visíveis na arriba
litoral e ao longo da estrada Cascais-Malveira da Serra. Para informação
mais detalhada poderá consultar-se RAMALHO, 1971.

Oxfordiano superior
J 63 - Calcários compactos metamorfizados (Calcários de S. Pedro)
Calcários cristalinos, metamorfizados em mármore branco a cinzento
azulado, em bancos espessos, passando, para o topo, a calcário cristali-
no alternando com camadas margosas xistificadas pelo metamorfismo.
Contêm restos de amonites mal conservadas: Orthosphinctes delgadoi
CHOFFAT e Racophylítes silenus FONT.
A espessura desta formação é variável , podendo atingir cerca de
90m . Esta formação contacta directamente com as rochas eruptivas do
Maciço de Sintra que a metamorfizaram (termometamorfismo). Observa-
se, ainda, um pequeno retalho destes calcários sobreposto ao gabro da
Malveira localizado a cerca de 800m a NE da Figueira do Guincho, um
dos poucos testemunhos da antiga cobertura sedimentar do Maciço, a
qual foi fortemente erodida. No topo desta formação, assinala-se em
diversos locais um nível de conglomerado, com elementos calcários
grosseiros e deformados (RAMALHO e GONÇALVES, 1962).

*Por M. M. Ramalho

5
Oxfordiano superior- Kimeridgiano inferior
J3-4 - Calcoxistos com intercalações margosas e níveis conglomeráticos
( «Lusitaniano»; «Xistos do Ramalhão»)
Formação muito espessa (400-1 OOOm) , ainda afectada pelo meta-
morfismo metassomático, é essencialmente constituída por uma alter-
nância de bancos finos (2-10cm) de calcário compacto escuro, por vezes
margoso, com algumas passagens bioclásticas, e margas, silicificadas e
xistificadas , por vezes muito espessas. Observam-se, também , algumas
passagens conglomeráticas, de elementos calcários deformados cuja
granulometria diminui de W para E. Os calcários são micríticos, com
algumas passagens finamente detríticas e com raros microrganismos:
espículas de esponjas, pequenos aglutinados, nodosarídeos e, provavel-
mente, radiolários .
A parte superior é mais biodetrítica e intraclástica, observando-se
fragmentos de polipeiros, moluscos e equinodermes, pequenos aglutina-
dos, Epistomina sp., e Terebella sp. Os calcários são micríticos, por
vezes com intraclastos e oólitos, fragmentos de moluscos, coraliários,
equinodermes, espículas de espongiários, pequenos aglutinados, Nauti-
loculina oolithica MOHLER, Epistomina sp., Terebella sp. e Tubiphytes
sp. Forneceram, também , um lamelibrânquio pelágico Daonella cintrana
CHOFF, e uma abundante fauna de amonites (ver RAMALHO, 1971 ).
Esta formação foi fortemente afectada por silicificações metassomá-
ticas , provenientes da instalação do Maciço de Sintra, o que lhe confere
um aspecto típico, de bandas esbranquiçadas, alongadas e entrecruza-
das e afectando preferencialmente as camadas mais margosas.

Kimeridgiano-Titoniano
J4·5 - Calcários margosos, margas e calcários com corais e oncólitos
(<<Margo-calcários xistosos» incluindo os <<Calcários de Mem Martins»,
<<Calcários corálicos», e os «Calcários com oncólitos»).
Correspondem a uma série onde se podem distinguir, «grosso modo»
as seguintes formações (corte ao longo do litoral aNda praia do Abano ,
ln RAMALHO, 1971 ):
1 - Margo-calcários xistosos , constituídos pelos seguintes termos, de
baixo para cima:
1.1 -Alternâncias de níveis constituídos por:
a) Calcários compactos, finos, escuros;
b) Calcários idênticos a a) mas finamente detríticas a micro-
bréchicos e bioclásticos;

6
c) Brechas calcárias, em que os elementos são constituídos
por fragmentos de bioermas algais geralmente com
grandes fragmentos de polipeiros, estromatoporídeos,
etc.;
d) Calcários margosos e margas, ferruginosos, xistificados.
(total de 1.1 - 340m)
1 .2 - Calcários compactos finos, não bioclásticos, em bancos es-
treitos (1 0-30 cm) com limites ondulados, separados por
interbancos muito estreitos (5-1 O cm) de margas ferrugino-
sas com pequenos nódulos calcários (1 05 m).
1.3 - Série idêntica à anterior mas com abundantes polipeiros e
outros macrofósseis («Calcários-corálicos>> p. p. cf. CHOFFAT)
(35m).
Embora não se possuam amonites colhidas na área da carta, estas
foram encontradas no seguimento desta formação na região de Mem
Martins, e indicam uma idade Titoniano inferior. Como não se conhece o
seu nível exacto, o limite Kimeridgiano-Titoniano é colocado indiferencia-
damente no seio desta formação (RAMALHO, 1971 ).
Os microrrestos orgânicos são bastante abundantes mas, pratica-
mente, não variam ao longo da formação: fragmentos de moluscos,
equinodermes, braquiópodes e briozoários, espículas de esponjas, Favreina
gr. sa/evensis, pequenos aglutinados, Reophax sp., Pseudocyclammina
sp., Placopsilina sp., Spirilína sp., nodosarídeos, miliolídeos, Trocholina
sp., Neotrocholina sp., Epistomina sp., Conicospirillina basiliensis MOHLER,
Thaumatoporella parvovesiculifera RAINERI, Cayeuxia sp., Arabicodium
sp., Marinel/a lugeoni PFENDER, Lithocodium agregatum ELLIOT,
Terquemella sp., dasicladáceas, indeterminadas, Terebella sp., «organismo
em arcos>> AUROUZE et a/., Tubiphytes sp., estruturas estromatolíticas, etc.
Os níveis margosos deram Lenticulina gr. polonica WISNIOWSKY,
Neotrocholina sp. 1 RAMALHO 1971 e Conicospirillina basiliensis
MOHLER.
2 - «Calcários com oncólitos>>
2.1 -Calcários compactos com oncólitos muito abundantes (2,5 m).
2.2 -Calcários compactos em bancos muito espessos sem estra-
tificação aparente com abundantes polipeiros (37m).
2.3 -Calcários compactos, calciclásticos, muito fossilíferos, em
bancos médios e espessos (22m).
Micrograficamente trata-se de intramicrites a intrasparites, oolíticas,
com abundantes oncólitos, fragmentos de moluscos, equinodermes, poli-
peiros, estromatoporídeos, espículas de esponjas, Nautiloculina oolithica

7
MOHLER, Freixialina planispiralis RAMALHO, Pseudocyclammina littus
(YOKOYAMA), lituolídeos grosseiros, miliolídeos, Trocholina gr. alpina-
elongata LEUPOLD, ccConicospirillina» basiliensis MOHLER, Cayeuxia cf.
kurdistanensis ELLIOT, C. piae FROLLO, Marinella lugeoni PFENDER,
Lithocodium aggregatum ELLIOT, Bacinella irregularis RADOICIC,
Salpingoporella annulata CAROZZI, Zergabriel/a cf. espichelensis
(DELOFFRE e RAMALHO), Campbeliella striata (CAROZZI), estruturas
estromatolíticas, etc.
Esta formação é, portanto, de idade titoniana.

Titoniano
J5- Calcários nodulares e compactos com algumas intercalações

margosas (ccCalcários nodulares>> de Farta Pão p.p. ; ccPterocerianO>>


sup. e ccFreixialiano>> ).
Trata-se de uma formação que pode ser bem observada ao longo da
estrada Cascais-Malveira da Serra (corte de Murches, in RAMALHO,
1971) e constituída por uma alternância de:
- Calcários nodulares , bioturbados {Thalassinoides) micríticos,
cinzentos escuros, um pouco margosos.
- Calcários compactos micríticos, um pouco margosos, cinzentos
escuros.
- Margas acastanhadas, em leitos médios a estreitos, por vezes com
nódulos calcários.
A espessura total desta formação é cerca de 400 m. A parte inferior,
com cerca de 65 m, compreende micrites com inclusões piritosas e
pobre em restos orgânicos: fragmentos de moluscos, ofiurídeos, anelí-
deos, espículas de esponjas, Pseudocyclammina gr. parvula-muluchensis
HOTTINGER, Everticyclammina virguliana KOECHLIN , Permocalculus
sp., Cayeuxia piae FROLLO. Os níveis margosos deram: Freixialina pla-
nispiralis RAMALHO, Rectocyclammina chouberti HOTTINGER, Everti-
cyclamina virguliana KOECHLIN, Lenticulina gr. muensteri ROEMER ,
Eogutulina sp., ccConicospirillina>> basiliensis MOHLER Paracypris, sp. 1,
Asciocythere sp. 1, A. sp. 2, A. (?) sp. 3, Schuleridea sp. 1, Cytheropteron
sp. 1, Cytherella gr. suprajurassica OERTLI , Cytherelloidea gr. weberi
STEGHAUS.
A macrofauna compreende, entre outras espécies: Harpagodes oceani
(DE LA 8 .), Lucina rugosa (ROEM.), Unicardium crassum CHOFF., Astarte
discus SHARPE, Pinna occidentalis CHOFF., Mytilus morrisi SHARPE, etc.
A parte superior (Portlandiano B de RAMALHO, 1971 ), com cerca de
340 m de espessura, micrograficamente caracterizada por micrites, que,
no topo passam a intra e/ou oomicrites, por vezes microbréchicas, con-

8
tem, além dos microrganismos atrás citados: Pseudocyclammina lituus
(YOKOYAMA), Anchispirocyclina /usitanica (EGGER) , A. neumanae
BERNIER et a/., Trocholina gr. alpina-elongata LEUPOLD, Salpingoporella
annulata CAROZZI , Heteroporella lemmensis (BERNIER), Terquemella
(?) triangularis RAMALHO, Zergabriella espichelensis (DELOFFRE e
RAMALHO, e Thaumatoporella parvovosiculifera RAINERI).
A macrofauna compreende Trigonia freixialensis CHOFF.,Corbicella
barrensis BUV., Aptyxis sp., Cyrena sp., etc.

PALEOGEOGRAFIA DO JURÁSSICO SUPERIOR


A evolução paleogeográfica da região em estudo, durante o Jurássico
Superior, corresponde ao progressivo preenchimento da zona mais pro-
funda e com maiores influências marinhas da vasta Bacia Lusitânica,
zona que, suficientemente afastada dos acarreios terrígenos grosseiros
do continente, é sede de intensa sedimentação carbonatada. Durante
aquele intervalo de tempo assistir-se-á à passagem progressiva de um
ambiente marinho franco , pelágico, de relativa profundidade a um am-
biente lagunar, marinho mais ou menos confinado, a salobro.
Os «Calcários de S.Pedro» correspondem a um meio marinho franco ,
pelágico, essencialmente carbonatado, passando progressivamente à
formação seguinte, os «Xistos do Ramalhão». Estes, embora deposita-
dos em ambiente pelágico, apresentam já intercalações conglomeráti-
cas, geralmente granodecrescentes, provenientes de zona recital
situada a W do actual litoral e uma maior participação de material argilo-
so na sedimentação, que, como se sabe, aumenta de importância para
E e para N da área em estudo. Os «Xistos do Ramalhão» devem, assim,
corresponder a calciturbiditos distais.
Os Calcários de Mem Martins correspodem a calciturbiditos proxi-
mais, depositados em talude recital , cujo recife seria constituído, essen-
cialmente, por bioermas algais, do tipo estromatolítico e coraliários . As
intercalações conglomeráticas , cujos elementos são provenientes do
desmantelamento do edifício recital , são muito frequentes na zona cor-
respondente ao actual litoral, mas diminuem rapidamente, à medida que
se caminha para E. Para o topo da formação, os coraliários tornam-se
mais abundantes, atingindo dimensões consideráveis, associados a uma
fauna variada de grandes gasterópodes e lamelibrânquios, microrganis-
mos e abundantes oncólitos, o que traduz um ambiente de deposição de
pequena profundidade e de energia hidrodinâmica média a elevada,
podendo corresponder a um meio recital ou a recifes dispersos.
Os «Calcários de Farta Pão » depositaram-se já, certamente, em
ambiente lagunar marinho, mais ou menos confinado, em que as influên-
cias salobras se fazem sentir nitidamente na passagem para o Cretácico.

9
CRETÁCICO*
As formações deste Período cobrem a maior parte da região ocidental
da carta, ocorrendo inclinadas na auréola da Maciço de Sintra {50º} pas-
sando a sub-horizontais no resto da área, mergulhando suavemente para
S e SE. Na parte oriental são cobertas pelo Complexo Vulcânico de
Lisboa, só aflorando nos locais mais profundamente atacados pela ero-
são. Para descrições mais pormenorizadas deve consultar-se REY, 1972
e 1992{Berriasiano-Aibiano), RAMALHO, 1971 (Berriasiano-Valanginiano)
e BERTHOU , 1973 (Aibiano-Cenomaniano).

Berriasiano
Oee - Calcários e margas com A. lusitanica, M. purbeckensis e Trocolinas,
incluindo os níveis de "Calcários amarelo-nanquim" ("lnfravalanginiano")
Esta série, que se situa na passagem Jurássico-Cretácico, mas que
não é possível datar com precisão, corresponde ainda ao topo da For-
mação de Farta Pão (ELLIS, 1984), podendo ser observada ao longo e
nas imediações da estrada Cascais-Malveira da Serra, região de Atroze-
la e junto à Quinta do Pisão, na barreira da estrada Malveira da Serra-
Aicabideche.
De baixo para cima distingue-se:
1 - Alternância de calcários compactos, frequentemente calciclásticos,
cinzento escuros, calcários margosos, calcários nodulares e
margas apresentando na base 3 níveis de calcários amarelos
("calcários inferiores" cf. CHOFFAT, "Calcários e margas com
Mantelliana purbeckensis' cf. REY) (20-30m}.
Os níveis calcários são micríticos, frequentemente intraclásticos,
com fragmentos de moluscos, Nautiloculina oolithica MOHLER,
Feurtilia frequens MAYNC, Pseudocyclamina lituus (YOKOYAMA),
Anchispirocyclina lusitanica EGGER, Everticyclamina virguliana
KOECHLIN, Trocholina gr. alpina-elongata LEUPOLD, Trocholina
molesta GORB., Permocalculus sp., Clypeina cf. inopinata FAVRE,
Lithocodium aggregatum ELLIOT, Bacinella irregularis RADOICIC,
Cayeuxia piae FROLLO, oncólitos, etc.
Os "calcários amarelo nanquim" são micríticos, com abundantes
secções de carófitas e ostracodes.
As intercalações margosas deram Rectocyclamina chouberti
HOTTINGER, Anchispirocyclina lusitanica (EGGER), Mantelliana
gr. purbeckensis (FORBES), Fabanel/a palita palita MARTIN,
Lycopterocypris (?) sabaudiae DONZE, Porochara sp. Nodosocla-

*Por J. Rey

10
vator bradleyi (HARRIS), Globator mail/ardi (SAPORTA), Clavator
cf. reidi (GROVES), Dictyoclavator cf. fieri (DONZE).
2 - Alternância de leitos finos de calcário compacto, calcário margo-
so e margas lumachélicas com Anchispirocyclina lusitanica
("Camadas com foraminíferos" cf. CHOFFAT, "Margas com An-
chispirocyclina /usitanicéi' cf. REY) (6-7m).
A macrofauna contém, entre outros, Aptyxiella infravalanginensis
(CHOFFAT) Cyprina infravalanginiensis CHOFFAT. A microfauna
é composta, de forma quase exclusiva, por Anchispirocyclina
lusitanica (EGGER).
3 - Calcário compacto, cinzento escuro, calcários margosos e margas
("Camadas com Cyprina infravalanginiensis, p.p. cf. CHOFFAT;
) "Calcários e margas com Trocolinas" cf. REY). (15-20m) .
f
Micrograficamente são micrites mais ou menos intraclásticas, com
fragmentos de moluscos, Pseudocyclamina lituus (YOKOYAMA) ,
Rectocyclamina chouberti HOTTINGER, Feurtillia frequens
MAYNC , Anchispirocyclina lusitanica EGGER, que apresenta
grandes formas aberrantes, Trocholina gr. alpina-elongata LEUPOLD,
miliolídeos, Salpingoporella annulata CAROZZI, Heteroporella
lemmensis (BERN IER) , Clypeina cf. inopinata (FAVRE), dasicla-
dáceas indeterminadas, nódulos algais, etc.
Por entre os microfósseis das margas há a assinalar: Fabane/la
gr. polita e Lycopterocypis (?) sabaudiae DONZE. Macrofósseis:
Nerinea douvillei CHOFFAT, Tylostoma /aharpei P. e C., Natica
pidanceti COQ. , N. pilleti CHOFFAT, Cyprina infravalanginensis
CHOFFAT, Fímbria corrugata SOW., Trigonia caudata AG ., Ptero-
perna picteti CHOFFAT.
O nível 1, que apresenta tendências laguna-lacustres, correspon-
de a fácies "purbeck". Os níveis 2 e 3 indicam novamente um
regime laguna-marinho.

Valangiano
C~ - Calcários, margas e arenitos
Na área da carta este andar, de acordo com REY, 1992 está represen-
tado por 2 formações: a Formação de Serradão e a Formação de Guia.
O afloramento mais favorável para observar a série valanginiana
situa-se a SOOm ao N da Aldeia de Juzo, imediatamente a E da E. N.
91, observando-se a seguir às últimas camadas da formação anterior a
Formação de Serradão:
1 - Calcário cinzento claro, bio e calciclástico, cimento micrítico. ln-
terbancos margosos pouco visíveis. Feurtillia frequens MAYNC,

11
muito abundante, Haplophragmoides sp., Eggerella sp., Lenticulina
sp., Trocholina alpina, LEUPOLD T. elongata L. Neotrocholina burlini
(GORB.), miliolídeos, Actinoporella sp.e, por entre os macrofós-
seis: terebrátulas, nerineias, Cyprina infravalanginensis CHOFFAT.,
Cardium sp. (16,5m).
2 - Calcário cinzento amarelado, em três bancos, de matriz esparíti-
ca e microclástica, calciclastos e oólitos bem calibrados, com
Salpingoporella annulata CAROZZI, Feurtilia frequens MAYNC e
Nautiloculina oolithica MOHLER (0,8m).
3 - a) Margas cinzento claras, com nódulos calcários, intercaladas de
calcários amarelados, microclásticos, muito ricos em fragmen-
tos de dasicladáceas (Actinoporella sp. Terquemella sp. ,
Acicularia sp., Clypeina lucasi EM BERGER) acompanhadas de
Feurtilia frequens MAYNC, gasterópodes, lamelibrânquios e
ostracodes (1 O,Sm).
b) Calcários amarelos com passagens mais margosas, mal
visíveis. Matriz micrítica, com abundantes calciclastos mal cali-
brados e grandes bioclastos. Observam-se: Feurtillia frequens
MAYNC, Haplophragmoides sp., Mayncina bulgarica LAUG,
PEYB et REY, Nautiloculina oolíthica MOHLER, Permocalculus
sp., dasicladáceas (2,5m) .
c) Margas esbranquiçadas e finos bancos de calcário margoso,
nodular, microclástico, com zonas cristalinas, muito ricas em
bioclastos com Nerinea guinchoensis CHOFFAT., Ampulina
leviathan (PICT et CAMP.), lamelibrânquios, radíolas de
ouriços, Feurtillia frequens MAYNC, Trocholina elongata
LEUPOLD, Neotrocholina burlini (GORB.) , Actinoporella sp.,
Globator cf. mailardi SAPPORTA, Nodosoclavator sp. (12m).
4- Calcários compactos, calciclásticos e margas esbranquiçadas
com Zergabriella embergeri (BOUROULLEC e DELOFFRE),
Acroporella radoicici PRATURLON, Feurtillia frequens MAYNC,
Ammobaculites sp., Pseudocyclamina littus (YOKAYAMA),Mayncina
bulgarica LAUG, PEYB et REY, Nautiloculina sp., miliolídeos,
texturalídeos, Trocholina elongata LEUPOLD, T. alpina L., Neotro-
cholina valdensis REICHEL, radíolas de ouriços, nerineias, ostreí- .
deos (15,5m).
5 - Margas brancas ou cinzentas com nódulos e bancos calcários.
Contêm Feurtillia frequens MAYNC, Mayncina bulgarica LAUG,
PEYB et REY, Eggerella sp., abundantes dasicladáceas, como
Acicularia sp., e frequentes ostreídeos, Ampulina leviathan (P. e

12
C.), terebrátulas, lamelibrânquios, radíolas e placas de ouriços e
dentes de peixe (12m).
6 - a) Margas xistosas brancas, castanhas, verdes ou violáceas com
raros gasterópodes (35m).
b) Margas gresosas castanhas com nódulos de grés castanho
com cimento argila-ferruginoso e elementos de quartzo e
quartzito, angulosos, fissurados e cariados (1m).
7- a) Calcário cinzento amarelado, margoso, calciclástico, em
bancos ondulosos com nódulos, separados por margas
calcárias cinzentas. Este nível, apresenta quartzo disperso nos
( primeiros 50 cm. Observam-se terebrátulas, lamelibrânquios,
I
Hap/ophragmoides sp. Mayncina bulgarica LAUG, PEYB. et
REY, Trocholina alpina L., dasicladáceas várias, Zergabriel/a
embergeri (BOUROULEC e DELOFFRE) (2m).
b) Margas esbranquiçadas com nódulos calcários, passando no
topo a bancos de calcário castanho, um pouco margoso ,
calciclástico e com bioclastos angulosos, raros grãos de
quartzo, Ampulina leviathan (P. e C.), Nerinea guinchoensis
CHOFFAT, cyprinas, ostreídeos, terebrátulas, Choffatella
pyrenaica PEYB. et REY, Hap/ophragmoides sp. (11 ,2m).

Formação de Guia
8 - a) Calcários amarelos, em bancos bem individualizados e separa-
dos por margas gresosas, cimento sparítico ou microsparítico
com abundantes clastos não calibrados e quartzo, Haplophragmoides
sp., Cuneo/ina sp. , Trocholina e/ongata L., Nautiloculina oolíthica
MOHLER, Choffatella sp., textularídeos, dasicladáceas (3,8m).
b) Margas gresosas cinzento amareladas com raras intercalações
de calcários nodulares, margosos e gresosos. Observam-se
Nerinea guinchoensis CHOFF. Ammobaculites sp., Haplo-
phragmoides sp., Trocholina elongata L., Lenticulina sp.,
radíolas de ouriço (6m) .
c) Calcários amarelos, compactos, finamente gresosos e margas
gresosas, intercaladas de um leito de grés ocre com Nerinea
guinchoensis CHOFFAT, muito abundante, Ampulina leviathan
(P. e C.), ostreídeos, lamelibrânquios, Pycnodus sp. (4m).
9- Grés finos, ocres, macios bem calibrados, com 3 bancos de cal-
cários gresosos amarelos, de cimento cristalino com finos ele-
mentos de quartzo e calciclastos. Contêm textularídeos, gastará-
podes e lamelibrânquios (4,5m).

13
1O- Calcários encarniçados a cinzento amarelo, com interbancos
estreitos de margas calcárias. O quartzo é abundante nos
primeiros 1O cm, desaparecendo para o topo. Observam-se
bolsas limoníticas em todo o nível. O calcário é esparítico, com
numerosos calciclastos e raros oólitos, ferruginosos e bem
calibrados. Lenticulina sp., Trocholina elongata LEUP. Cuneolina
sp., Haplophragmoides sp., textularídeos. Por entre os macro-
fósseis mais representativos citam-se: Exogyra couloni (D'ORB),
Lopha rectangularis (ROEMER), nerineias, terebrátulas, lameli-
brânquios, belemnites, radíolas de equinodermes e Montlivaltiidae
(5m).
Por cima ocorrem as "Margas comToxaster'' do Hauteriviano.
Na ansa da Maceira é possível examinar, em boas condições, a parte
superior do Valanginiano e as suas relações com o Hauteriviano.
De baixo para cima e na sua parte superior deste corte tem-se (REY,
1971 ):
8- a) Calcários gresosos cinzentos, compactos, com pequenos
elementos de quartzo boleado e lentículas de lignite. Os
bancos , mal diferenciados, deram terebrátulas, rinconelas,
Cidaris maresi COTTEAU e Pyrina sp. (1 ,5m) .
b) Calcários amarelos e violáceos, ligeiramente margosos, com
estratificação ondulante e estreitos interbancos margosos. O
cimento esparítico ou microsparítico engloba numerosos calci-
clastos e alguns oólitos, muitos dos quais ferruginosos. Grãos
de quartzo dispersos e bolsas limoníticas encontram-se em
todo este nível. Observam-se Cidaris maresi COTTEAU,
Phyllacantus cf. salviensis (COTTEAU), Salenia depressa
GRAS, Goniopygus sp., Pygurus rostratus AG., Apiocrinus sp.,
Terebratula acuta (QUENST), polipeiros, serpulídeos, Ampulina
/eviathan, (PICT. E CAMP.) Natica mexilhoeirensis CHOFF.,
Nerinea guinchoensis (CHOFF.), Cardium sp., Lopha rectangu-
/aris (ROEMER) Neithea atava (ROEMER) .
Por entre os microfósseis, citam-se Trocholina elongata LEUP.,
T. alpina LEUP., textularídeos, miliolídeos, Lenticulina sp. (4 m).
9- a) Este nível é dificilmente diferenciável do subjacente. É formado
por calcários ligeiramente mais margosos, cinzentos, amarelos
ou violáceos, com quartzo detrítico disperso, bolsas de limonite
e superfícies de estratificação ondulantes. Observam-se Lopha
rectangularis (ROEMER), terebrátulas, Rhabdocidaris delgadoi
DE LOR., Salenia depressa GRAS, Heterodiadema arrabidense
REY, Holectypus sp., Phyllobrissus gresslyi (AG .), Pygurus

14
rostratus AG ., P. montmollini AG., Collyropsis ovulum DESOR.,
Holaster valanginiensis DESOR., Toxaster casterasi REY, T.
aff. subcavatus GAUTHIER , Rynchonella cascaesensis
CHOFF., Montlivaltia sp., nerineias, naticídeos, Exogyra couloni
(D'ORB.), Neithea atava (ROEMER) (2 m).

b) Margas calcárias violáceas ou amarelas, nodulares, intercala-


das de um leito muito fossilífero com oólitos ferruginosos com
0,30 m de espessura, contendo Phylloceras sp ind., Ph. gr.
serum OPPEL,? Bochianites sp., Neolissoceras grasi (D'ORB),
Neocomites cf. neocomiensis (D'ORB .), 0/costephanus
(Valanginites) sp. ind. , O. gr. astieri (D'ORB.), Nautilus sp. ,
belemnites, Rhabdocidaris tuberosa Desor., R. cascaesensis
De LOR.,? Heterodiadema arrabidense REY, Ho/ectypus
almeidae REY, H. cf. minutus GAUTHIER, Collyropsis ovo/um
DESOR ., braquiópodos, Montlivaultia sp., Cerithes spp.,
,I Nerinea guinchoensis CHOFF. Natica spp., Turbo sp. , Pleura-
tomaria sp. , Nerita sp., Arca sp., Neithea atava (ROEMER) ,
Spondylus sp. , Exogyra couloni (D'ORB.), Lopha rectangularis
(ROEMER) (0,8 m) .

c) Calcários amarelos, em bancos individualizados, calciclásticos.


O tecto do último banco que corresponde a um "hard-ground"
deu braquiópodes, Ampulina leviathan (PICT. E CAMP), Lopha
rectangularis (ROEMER), Exogyra cou/oni (D'ORB), Montliva/-
tia sp., Duvalia sp., belemnites, Nautilus sp., Phy/loceras sp.,
ind., Lytoceras aft. juilleti D'ORB., Neolissoceras grasi D'ORB. ,
0/costephanus sp., Spitidiscus gr. rotula SOW., Crioceratites gr.
duvali LEVEILLÉ, "Neocomites" gr. nodosoplicatus KIL. E REB.
(1 m)
Este nível, já de idade hauteriviana, ainda pertence ao topo da For-
mação de Guia.
Na parte oriental das arribas da Mexilhoeira, 500 m a NW da Boca do
Inferno, este nível de calcários amarelos tem 1 m de espessura, estando
separado das "Margas com Toxaster" por um "hard-ground". 250m mais
a W, na ansa da Maceira, aquele nível reduz-se a 0,60 m de margas
calcárias com uma intercalação de calcário. Na extremidade ocidental da
arriba, 500 m mais a W, junto do farol da Guia, as "Margas com Texas-
ter'' repousam directamente, por intermédio de uma superfície rubeifica-
da, no nível 9b.
Lateralmente verifica-se o aumento da importância dos sedimentos
gresosos de WNW para ENE, embora os níveis carbonatados encaixan-
tes não sofram modificação. É o que se pode observar, relativamente ao

15
corte de referência da Aldeia de Juzo, nos afloramentos entre Birre e
Torre, Zambujeiro e 700 m a SE da prisão de Linhó e noutros locais fora
da área desta carta (REY, 1972).
Os depósitos da Formação de Serradão indicam uma sedimentação
em domínio marinho, provavelmente de salinidade normal e de pequena
profundidade. A Formação de Guia deve ter-se depositado em regime
'
marinho, francamente aberto, infralitoral a circalitoral. \
Vê-se, assim, que os diferentes termos do Valanginiano nesta região \
correspondem a uma série epicontinental transgressiva.

Hauteriviano inferior
C'H - Margas e calcários margosos com Toxaster = (Formação de
Maceira, REY 1992}
O melhor corte dos níveis do Hauteriviano inferior localiza-se, tam-
bém, ao longo do litoral, tanto para E como para W da ansa da Maceira
e na continuação do corte da Mexilhoeira.
Assim, de baixo para cima, a partir do último nível do Valanginiano e
entre a ansa da Maceira e a Boca do Inferno, pode observar-se a de-
signada Fm. de Maceira.
1 - Margas cinzentas azuladas, localmente amarelas na base, com-
pactas, com palhetas de moscovita. Possuem raras amonites e
equinídeos esmagaélos, ostreídeos, terebrátulas e sérpulas, den-
tes de peixe, Trochamminidae, Marsonella sp. , Ammomarginulina
sp., Lenticulina sp.
Os últimos 40 cm do topo são margas mais calcárias, amarelas,
com concreções de calcite, nódulos e finos leitos discontínuos de
calcários margosos com Holectypus almeidae REY e Co/lyropsis
ovulum (DESOR). Este nível corresponde ao que CHOFFAT
designou por "Margas com Toxaster'' (5 m) .
2 - Calcários e margas calcárias cinzento azuladas, amarelas ou
vinosas , nodulares, com estratificações ondulantes, resultantes
da passagem progressiva das margas subjacentes, em bancos
de 0,5 a 1 m, sem polaridade visível. O calcário é uma micrite ou
microsparite com finos calciclastos e bioclastos angulosos. Este
nível é muito fossilífero: Natica sp., Neithea atava (ROEMER),
Alectryonia rectangularis (ROEMER) , Exogyra couloni (D'ORB) ,
Serpulídeos , Rynchonella sp., Phyl/oceras tethys D' ORB. ,
Lytoceras gr. subfimbriatum D'ORB., Neolissoceras grasi D'ORB.,
Olcostephanus sp., Spitidiscus gr. rotula SOW.," Neocommites"
gr. nodosoplicatus KIL. E REB. , Crioceratites lusitanicum (CHOFF.),
Salenia folium-querci (DESOR) Goniopygus peltatus AG.,

16
Polydiadema sp . nov., Rhabdocidaris tuberosa DESOR),
Pseudocidaris crispicans DE LOR., P. clunifera (AG.), Collyropsis
ovulum (DESOR), Holectypus almeidae REY, Pyrina globosa DE
LOR, Toxaster aff. subcavatus GAUTHIER, T. garnosus (D'ORB) ,
T. retusus LMK., T. exilis DE LOR. Este nível corresponde ao
"Calcários com Crioceras lusitanicum" de CHOFFAT (1 O m).
Lateralmente verificam-se certas modificações. Assim, já se viu que o
nível1 desaparecia para ocidente. As "Margas com Toxaster'', do nível 1,
representam o termo de base do Hauteriviano; no núcleo do pequeno
anticlinal da Torre da Marinha elas repousam nas margas com oólitos
ferruginosos do Valangiano terminal; 3 km adiante, no eixo do anticlinal
de Cabo Raso, elas sobrepõem-se aos calcários amarelos com
estratificação ondulantes devido certamente à passagem lateral da
última camada valangiana. Uma crosta ferruginosa, com perfurações de
litófagos, aparece sempre no contacto das "Margas com Toxaster'' com o
nível subjacente.
As margas muito argilosas e micáceas do nível1 da Mexilhoeira passam
para W, na Torre da Marinha e Cabo Raso, a margas calcárias e nodulares
ocres e a sua espessura diminui fortemente , passando de 5 a 1,5 m.
As características litológicas e paleontológicas do nível 3 não variam,
mas a sua espessura também diminui passando a 5 m na Torre da
Marinha e a 4,5 m no Cabo Raso.
Para Norte, na auréola que circunda o Maciço de Sintra estas forma-
ções afloram bem em vários locais. Entre a Aldeia de Juzo e Charneca,
dum e doutro lado da estrada E.N. 91, observa-se sobre o Valanginiano
que mergulha 60 11 para Sul, um conjunto essencialmente margoso, com
cerca de 15 m de espessura e que apresenta para o topo nódulos calcá-
rios e 2 bancos de calcário margoso, que é essencialmente sobreposto
pelo nível 2 do Hauteriviano-Barremiano inferior.
Em Alcabideche a espessura do Hauteriviano inferior reduz-se
bastante (7,4 m) embora continuem a predominar os calcários.
Em Manique de Cima, 125 m ao N da Capela desta localidade, aque-
la formação atinge a espessura de 24 m e é composta essencialmente
de calcários e margas fossilíferas.
Estes níveis correspondem a uma forte subida do nível do mar e a uma im-
portante transgressão marinha que se verifica à escala da Bacia Lusitânica.

Hauteriviano - Barremiano inferior


C1Haa - Calcários recitais com Choffatelas e Dasicladáceas
Segundo REY (1992) esta unidade compreende a Formação de
Cabo Raso e a Formação de Guincho.

17
Continuando o corte da Mexilhoeira, observa-se sobre o último nível
do Hauteriviano inferior, de baixo para cima:

Formação de Cabo Raso


a) Margas amarelas pulverulentas, com romboedros de dolomite e
nódulos calcários, passando progressivamente às camadas supe-
riores e inferiores. Contêm numerosos fragmentos de ostreídeos,
Ho/ectypus almeidae REY, Rhabdocidaris cf. tuberosa GRAS,
Collyropsis ovulum (DESOR) , Bairdia sp. , Cythereis bernardi
GROSDIDIER. Protocythere sp. , Eocytheropterom sp., Monocera-
tina sp. , Neotrocholina burlini (GORB.) , dentes de peixe ,
Lenticulina sp., Nodosaria sp., Marsonella sp. , Ammomarginulina
sp. (0,35 m).
b) Calcários amarelos, cinzentos ou azulados, dolomíticos, compac-
tos, em 2 bancos separados por um interbanco ligeiramente mais
margoso. A rocha apresenta uma pasta microclástica e grumosa,
com bioclastos angulosos e numerosos romboedros de dolomite.
Contêm ostreídeos , crinóides , Collyropsis ovu/um (DESOR) ,
Holectypus a/meidae REY, Textularia sp., Lenticu/ina sp. (1 ,5 m).
c) Margas amarelas com romboedros de dolomite, passando pro-
gressivamente aos níveis superior e inferior, com ostreídeos, ser-
pulas, amonite indeterminável, Terebratula acuta QUENST, Sa/enia
folium-querci DESOR, Gonopygus aff. pe/tatus AG. , Typocidaris
cf. ma/um GRAS, T. aff. folcariensis (GAUTHIER), Phyl/acanthus
so/viensis (COTTEAU) , cf. Cidaris pretiosa DESOR, Rhabdocida-
ris tuberosa DESOR, Pseudocidaris clunifera AG .,? Magnosia sp.,
Holectypus almeidae REY, Collyropsis ovulum (DESOR) , Pyrina
globosa DE LOR., Toxaster granosus (D'ORB.) (1,5 m).
2- Calcários dolomíticos maciços , compactos, sem estratificação
aparente, com calciclastos e bioclastos ligados por uma matriz
microclástica com fragmentos de equinídeos (Cidaris pretiosa
DESOR) e pequenas colón ias de pol ipeiros dispersos , com
acidentes siliciosos . A espessura não pode ser avaliada com
precisão devido aos acidentes que afectam esta formação(~ 8 m).
O corte prossegue a W da Torre da Marinha, nas imediações do
forte de S. José e do farol do Cabo Raso.
3- Dolomitos sacaróides, patina escura, e brancos em fractura re-
cente, sem qualquer traço de estratificação. A maior parte da rocha
encontra-se epigenizada mas, localmente, algumas passagens
muito irregulares são constitu ídas por um calcário bréchico hete-
rométrico ou por calcário microbréchico heterométrico ou por cal-

18
cário microbréchico e calciclástico, bem calibrado, com cimento
esparítico. Observam-se, também, passagens com madreporá-
rios coloniais e estromatoporídeos.
Este nível , que deve corresponder a um edifício recital , tem
cerca de 50 m de espessura nas imediações do Cabo Raso.
O corte prossegue em direcção ao Forte da Crismina, 1.500 m a
NE, ao longo do litoral.

Formação de Guincho
4 -Calcários bréchicos, brancos, com fragmentos de polipeiros (2 m).
5 - Dolomito cristalino acastanhado (0,5 m) .
6 - Calcários acastanhados, compactos, em bancos espessos, sepa-
rados por interbancos margosos esbranquiçados. Matriz esparíti-
ca, ligando calciclastos acastanhados, não calibrados. São nume-
rosos os fósseis silificados: polipeiros, Requienia sp. e grandes
nerineias. Por entre os microrganismos identificaram-se Choffatella
decipiens SCHLUMB ., Orbitolinopis gr. flandrini MOULLADE,
miliolídeos, Pseudotextulariella scarsel/ai (DE CASTRO), Nezza-
zata sp., Textularia sp. , Nautiloculina sp., Neotrocholina fribur-
gensis GUIL. E REICH., Actinoporella sp. (7 m).
7 - Margas amarelas, intercaladas de 3 bancos calcários com ostreí-
deos. As margas deram gasterópodes, radíolas de equinodermes,
Cythereis sp., Bairdia sp., Choffatella decipiens SCHLUMB ,
Trocholina sp. (1 m) .
8- Calcários compactos, em bancos com estratificação pouco apa-
rente , com fundo micrítico ou grumoso, calciclastos e bioclastos
heterométricos. Observam-se Choffatella decipiens SCHLUMB,
Ammobaculites sp. , Mayncina bulgarica LAUG , PEYB et REY
sp . miliolídeos, Trocholina sp., dasicladáceas , entre as quais
Acicularia endoi PRATURLON (15m aprox.).
9 -Calcários em bancos bem marcados, separados por leitos finos de
argilas verdes ou amarelas, com estratificações ondulantes. O
banco da base é calciclástico passando a calcário microclástico.
Este nível, contém entroques, gasterópodes, ostreídeos, Trochotia -
ra sculptilis (DE LOR.) e Choffatella decipiens SCHLUMB (12 m) .
1O -Calcários em bancos de 0,5 m, intercalados de finas passagens
margosas. O calcário é micrítico ou microclástico, existindo
alguns níveis calciclásticos.
Encontram-se grandes nerineias, lamelibrânquios e Orbitolinopsis
gr. flandrini MOULLADE, Melathrokerion praesigali (BANNER) ,

19
Ammobaculites sp. Pseudotextularie/la scarse/lai (DE CASTRO),
Mayncina bulgarica LAUG, PEYB et REY sp., Neotrocholina
friburgensis GUIL e REICH., Pianella muehlbergii (LORENZ),
Lithocodium aggregatum ELLIOT, Bacinefla irregularis RADOICIC,
Marinefla lugeoni PFENDER (8 m).
11 -Falha injectada de basalto que, provavelmente, suprime 20 m
de calcários.

12 -Calcários cinzento claros, em bancos espessos, com estratifica-


ções ondulantes e finos interbancos argilosos e margosos. O
fundo grumoso, microclástico ou microsparítico, inclui calciclas-
tos heterométricos abundantes. Certos bancos estão repletos
por quartzo anguloso e romboedros de dolomite. Observam-se
grandes nerineias, naticas, requienídeos, vários lamelibrân-
quios, radíolas de ouriços, dentes de peixe, sérpulas, Choffatefla
decipiens SCHLUMB., Pseudotextulariella scarsellai (DE CASTRO),
etc. (12m).
Sobre este nível assentam as argilas e grés da base das
"Camadas de Almargem".

Lateralmente, verificam-se certas alterações. Assim, no que diz res-


peito à Formação de Cabo Raso na área de Alcabideche, observa-se
resumidamente a seguinte sucessão:

1 -Calcários cinzentos, um pouco margosos, calciclásticos (14,5 m).

2 - Calcários cinzentos, compactos com silificações, calciclásticos a


microbréchicos, com polipeiros, lamelibrânquios e equinodermes,
já conhecidos do corte da Mexilhoeira (14 m).
3- Margas cremes, com nódulos calcários, polipeiros e radíolas (5 m).
4- Calcários compactos, estratificados, com madreporários disper-
sos (5 m).
5- Calcários maciços, compactos, com bolsas dolomíticas e aciden-
tes siliciosos, com madreporários coloniais, braquiópodes, gaste-
rópodes, rudistas, etc (16 m).
6 - Calcários em bancos espessos e finas passagens margosas com
gasterópodes, lamelibrânquios, braquiópodes, equinodermes,
Choffatella decipiens SCHLUMB., Cuneolina cf. camposaurii
SART. E CRESC., etc.
Vê-se, assim, que ocorre um só episódio recital de importância
reduzida, no meio da formação.

20
Relativamente à Formação de Guincho é possível observar, em boas
condições, esta formação na zona da praia do Guincho ao Forte do mes-
mo nome. Resumidamente tem-se:
1 - Calcários microbréchicos e calciclásticos, com nerineas e lameli-
brânquios (2 m) .
2 - Calcários cinzento-claros, compactos, calciclásticos, em bancos
bem individualizados, separados por finos leitos margosos em es-
tratificações ondulantes. Entre outros, reconheceram-se grandes
nerineias, entroques, Choffatella decipiens SCHLUMB, (DE
CASTRO) etc. (12 m).
3 - Margas esbranquiçadas com nódulos calcários e Exogyra tuber-
culífera (K. e D.), Macrodentina n. sp., Choffatella decipiens SCHLUMB,
etc. (0,8 m) .
I 4 - a) Calcário cinzento-claro, em bancos espessos, com passagens
ondulantes, mais margosas.
(
Contém naticas, ostreídeos, polipeiros, Toxaster aff. ricordeaui
COTTEAU, Heteraster cou/oni (AG .), Choffatella decipiens
SCHLUMB, Pseudotextulariel/a scarsel/ai (DE CASTRO) ,
Pianella mueh/bergi (LORENZ), etc. (18 m).
b) Calcários cinzento-claros, com estratificações ondulosas, calei-
elástico, com intercalações de margas com nódulos calcários
(14m).
5- Margas esbranquiçadas, com dentes de peixe e foraminíferos di-
versos (4 m).
6- Calcários cinzento-claros, em bancos ondulosos, espessos e
compactos, com Orbitolinopis gr. flandrini MOULLADE, Cho-
ffatella decipiens SCHLUMB, Pseudotextulariel/a scarsel/ai (DE
CASTRO), Pianella mueh/bergii (LORENZ), P. melitae (RADOICIC),
etc. (4 m) .
7- Margas calcárias esbranquiçadas ou cinzentas, com nódulos
calcários com ostreídeos, gasterópodes, Choffatella decipiens
SCHLUMB, Macrodentina n. sp., etc. (1 ,2 m).
8 - Calcários cinzento-claros calciclásticos, em bancos ondulosos e
margas xistosas cinzento-escuras, com grandes nerineas,
Exogyra tuberculífera (K. e D.), Trochotiara cf. sculptilis (DE
LOR.), Choffatel/a decipiens SCHLUMB, Pseudotextulariella
scarsellai (DE CASTRO), Cylindroporella sugdeni ELLIOT,
Acicularia comanchense JOHNSON , Actinoporella podo/ica
ALTH. (25m) .

21
Por cima, vêm os grés e argilas das "Camadas de A/margem'.
Na zona de Alcabideche, as intercalações margosas tórnam-se mais
frequentes e espessas e alguns bancos de calcário gresoso aparecem
no terço inferior da série. A formação tem aqui a espessura de 86 m.
Junto à Boa Vista, esta formação apresenta, a 8 m do topo, um
banco de calcário calciclástico e glauconioso, com abundantes carófitas
e Choffatella decipiens SCHLUMB.
Este conjunto carbonatado do Hauteriviano - Barremiano inferior
corresponde a uma evolução regressiva de longo termo em plataforma
com barreira externa, com passagem lateral e vertical de facies de
barreira recital (Formação de Cabo Raso) às facies de plataforma inter-
na (Formação de Guincho). O limite entre estas duas povoações é dia-
crónico, mais recente nos arredores próximos de Cascais do que para o
N (Forte do Guincho} e para E (Aicabideche, Manique de Cima).

Barremiano superior
Oaa - Arenitos, argilas e do/omitas ("Grés inferiores'J
Este conjunto constitui a parte inferior das "Camadas de Almargem",
tendo, também, sido designado por "Grés inferiores" (REY, 1972}.
Mais recentemente, REY (1992} designa aquele conjunto por Forma-
ção de Regatão.
O corte que agora se irá descrever, (REY, 1972} está na sequência
do já apresentado para as formações do Hauteriviano-Barremiano infe-
rior e pode ser estudado ao longo do litoral, junto do Forte da Crismina,
a sul da praia do Guincho.
Assim, a seguir ao nível 12 da Formação de Guincho observa-se:
1 -a) Argilas azuis micáceas, com intercalações de siltes e grés
finos amarelos com passagens de um termo ao outro, sem
polaridades (4 m).
b} Dolomitos amarelos e cinzentos, microsparíticos, com frag-
mentos lignitosas, em bancos finos intercalados de leitos mais
margosos (1 m).
c) Argilas versicolores, gresosas e micáceas (3,5 m).
d} Grés ocre, margas gresosas e lignitosas, azuladas, verdes ou
vermelhas e dolomitos gresosas amarelas, sparíticas ou mi-
crosparíticas . Estes diversos termos , dispostos em bancos
horizontais, ordenam-se em sequências elementares negativas
(4,7 m).
2- a) Calcários ocres, vacuolares, ligeiramente margosos na base,
com cimento micrítico ou grumoso, muito rico em bioclastos

22
heterométricos; romboedros de dolomite e quartzo anguloso
detrítica aparecem localmente. Os fósseis são abundantes:
Heteraster delgadoi DE LOR., Trochotiara sculptilis (DE LOR.),
Ptygmatis astrachanicus REHB., Trochactaeon crisminensis
CHOFF., Pyragus pailleti DE VERN e DE LOR.; Neridomus cf.
edouardi DE VERN e DE LOR., Glauconia aff. strombiformis
SCHLOT., Astarte dimiditia COO., Choffatella decipiens
SCHLUMB., etc.
b) Calcários brancos, compactos, micríticos, com secções de
nerineias e lamelibrânquios, passando progressivamente à
bancada subjacente (1 m).
3- a) Argilas violáceas ou azuis e grés finos amarelos, com elemen-
tos angulosos bem calibrados e cimento calcário microsparíti-
co, alternando em bancos horizontais, de polaridades positivas
ou negativas (4,5 m).
b} Argilas xistosas azuis, vermelhas ou violáceas, gresosas ou
micáceas, com alguns nódulos calcários no topo (1 ,9 m).
Esta Formação de Regatão pode, também, ser observada na parte
norte da Praia do Guincho, mostrando na base, camadas de fácies ma-
rinha mais nítida e, no topo, uma sedimentação detrítica mais gresosa.
A 200 m a W da Aldeia de Juzo, as intercalações carbonatadas são
mais espessas e numerosas que na Crismina. No sector Murches-
Cabreiro-Aicabideche, os níveis calcários junto ao moinho de Murches
contêm algas calcárias, sendo muito ricos em dasicladáceas (Salpingo-
porel/a melitae, S. mueh/bergit) tornando-se a série para E, essencial-
mente argilo-gresosa fina e dolomítica. No Cabreiro, só persiste um úni-
co banco calcário, tornando-se a série exclusivamente greso-dolomítica
junto ao Cobre.
Uma discontinuidade maior, à escala da bacia, separa a Formação de
Regatão da Formação de Guincho. Esta ruptura sedimentar, que pode ser
ralacionada com o início da criação da crusta oceânica ao largo da
Estremadura (WHITMARS et ai, 1996) exprime o máximo da regressão.
No Barremiano superior, a região de Cascais foi essencialmente
ocupada por ambientes lagunares e fluviais.

Aptiano inferior
C~ - Calcários e margas com Palorbitolina lenticularis ("Calcários com
Orbitolina")
Este conjunto, que constitui o termo médio das "Camadas de Almar-
gem", foi posteriormente definido por REY (1992) como Formação de

23
Crismina, a qual compreende 3 membros, a seguir indicados, poderá
ser observado em continuidade com o anterior no corte do Forte da
Crismina. Assim tem-se:
Membro de Cobre (Barremiano terminal - Aptiano basal)
1 - Margas cinzento-azuladas, intercaladas de bancos horizontais,
de grés finos ocre, de grés grosseiros com cimento argiloso e de
leitos mal diferenciados ou nódulos de calcários dolomíticos e
gresoso com matriz micrítica ou microsparítica, quartzo anguloso
heterométrico e bioclastos com Pyrazus aff. vicinus DE VERN. E
DE LOR., Exogyra boussingaulti (D'ORB), Choffatella decipiens
SCHLUMB. e orbitolinas (4,5 m).
2- Calcários azulados, amarelos ou castanhos, bancos ondulosos,
intercalados de finas passagens margosas com nódulos calcá-
rios, sem polaridades, micríticos ou intramicríticos. Deram Hete-
raster oblongus (BRONGN), Heteraster aff. couloni (AG .), H. cris-
minensis DE LOR ., Pyrazus aff. vicinus DE VERN. e DE LOR.,
Exogyra boussingaulti (D'ORB.), Pa/orbitolina lenticu/aris BLUM .,
Choffatella decipiens SCHLUMB., Pseudocyclammina hedbergi
MAYNC, etc. (11 ,5 m).
3- Alternância de bancos ondulosos, de espessura de 0,2 a 1 m, de
margas finas, argilosas, verdes , amareladas e violáceas, de
margas calcárias amarelas ou azuladas, com nódulos calcários,
de calcários amarelos ou cinzentos, micríticos, bioclásticos e de
finos e raros leitos de grés finos a grosseiros ocres e castanhos.
Estes termos dispõem-se sem polaridade aparente ou em
sequências positivas. Deram, entre outras, Exogyra boussingaulti
(D'ORB.), Fabanella cf. palita (MARTIN), Macrodentina n. sp.
Schuleridea cf. jonesina (BOSQUET), Neocythere mertensis
OERTLI, Palorbitolina lenticu/aris BLUM, Orbitolinopsis gr. kiliani
(PREVER), Choffatella decipiens SCHLUMB, Pseudocyclamina
hedbergiMAYNC, etc. (18,75 m).
4- a) Grés amarelos, finos ou grosseiros, em bancos horizontais, al-
ternando com margas gresosas amarelas, violáceas ou ver-
des, com nódulos e bancos ondulosos de calcários gresosos
com bioclastos e matriz esparítica, microsparítica ou dolomí-
tica. As sequências elementares são positivas ou negativas.
Observam-se Exogyra boussingaulti (D'ORB.), Neithea morrisi
(PICT. E REN.) , Schuleridea cf. jonesiana (BOSQUET) ,
Cytherella cf. parai/e/a (REUSS) Cythereis bartensteini
OERTLI , Choffatella decipiens SCHLUMBERGER, orbitolinas,
etc. (5 m).

24
b) Calcários gresosos cinzento-claros, com matriz esparítica,
quartzo anguloso fino, calciclastos e bioclastos em bancos
estreitos intercalados de passagens mais gresosas com
Choffatellas e Orbitolinas (2 m).

Membro de Ponta Alta (Aptiano inferior)


5 - Calcários pararrecifais, em bancos maciços, com rudistas, estro-
matoporídeos, etc. Podem decompor-se numa sequência daca-
métrica de tendência transgressiva passando depois a regres-
siva. A macrofauna contém Caprotinidae (Pachytraga gr.
lapparenti e outros) Montlivaltiidae, Astrocoenidae, Faviidae, etc.
Por entre os microfósseis citam-se : Palorbitolina lenticularis
BLUM , Pseudotextulariel/a sp., Lithocodium aggregatum ELLIOT,
Terquemella sp. Este nível apresenta um "hard-ground" no topo
(13m).
6- a) Margas calcárias amarelas contendo, num nível condensado,
uma grande abundância de Palorbitolina lenticularis BLUM e
Praeorbitolina cormyi SCHROEDER associadas a Salenia
mamillata, Pyrina pygoea (A. G.), Heteraster peroni FICHEUR
Tomare/la tamarindus (SOW.), braquiópodes, naticídios,
nerineas, Neithea morrisi (PICT. E REN.), Exogyra macroptera
SOW, E. boussingaulti (D'ORB), Lima sp., Monop/eura sp. e
briozários (1 m).
b) Margas amarelas ou esverdeadas, com nódulos .calcários e
bioturbações, com Palorbitolinas dispersas e ostracodos (2 m).
7 - a) Calcários compactos, amarelos ou azulados, em bancos ondu-
losos, de espessura 0,5 a 0,3 m, separados por juntas ondulo-
sas e ferruginosas. A matriz é microsparítica com calciclastos.
Observa-se Choffatella decipiens SCHLUMB., Orbitolinas, etc.
(2,4 m).
b) Calcários amarelo rosados, num só banco, compacto, com
fragmentos fossilíferos em leitos, alternadamente finos e gros-
seiros, com cimento esparítico, contendo Palorbito/ina lenticu-
laris e radíolas de ouriços (2,5 m).

Membro de Praia da Lagoa (Aptiano inferior)


8 - Margas argilosas verdes, intercaladas de um leito mais calcário,
ocre. Contém ostreídeos, dentes de peixe, radíolas e placas de
ouriços, ostracodos, orbitolinas, Neotrocholina infragranulata
NOTH (1m).

25
A Fm. de Crismina pode ser observada em outros pontos da carta.
Assim, a N da praia do Guincho, só está representado o membro
inferior; na Aldeia de Juzo, este é semelhante ao visto na Crismina, com
um enriquecimento em quartzo detrítica, mas contendo uma microfauna
importante: Cytherella cf. buechlerae OERTLI, Schuleridea cf. jonesiana
(BOSQUET) Cytherella cf. paralela (REUSS), Cythereis bartensteini
OERTLI , Neocythere mertensis OERTLI, Orbitolinopsis gr. kiliani
(PREVER), Palorbitolina lenticularis BLUM., Choffatella decipiens
SCHLUMB., etc. O membro de Ponte Alta (Calcários recitais superiores)
compreende ali, duas passagens recitais construídas, de fraca espes-
sura. O membro superior não existe, fazendo-se o contacto directo com
a formação seguinte. No sector de Murches-Cabreiro-Aicabideche, o
membro inferior apresenta um enriquecimento em quartzo na base e no
topo. O Membro de Ponte Alta mostra um grande desenvolvimento do
nível recital mais elevado (nível 7) que, chega a atingir 12 m de
espessura.
O Membro de Praia da Lagoa é representado por 2,5 m de margas
amarelas e calcários margosos e separadas da formação anterior por
um "hard-ground" rubeificado.
Na Atrozela, os calcários recitais construídos passam lateralmente a
calcários perirecifais, microbréchicos e calciclásticos, não estando pre-
sente o membro superior.
No Cobre, a unidade inferior é rica em intercalações gresosas na
base e no topo. A unidade intermédia possui um único nível construído,
que é o prolongamento do bioerme de Murches-Cabreiro e a unidade
superior também não ocorre.
Os níveis descritos (1-8), sedimentados numa plataforma litoral com
barreira, mostram uma evolução transgressiva de longo termo. O
máximo transgressivo situa-se, provavelmente, na Fm. de Praia da
Lagoa, erodida em grande parte pelos grés de Rodisio que se lhe
sobrepõem. ·

Aptiano superior (a Albiano inferior)


C~s- Arenitos e argilas ("Grés Superiores")
Na sequência do corte do Forte da Crismina, que se tem vindo a
analisar no que se refere às formações referidas, observam-se de baixo
para cima, os seguintes níveis atribuídos ao Aptiano superior-Aibiano
inferior, designados também por "Grés superiores" (REY, 1972) mas
recentemente definidos como Formação de Rodísio (REY, 1992).
1 -Grés brancos ou cinzentos claros, finos e grosseiros, com ele-
mentos de quartzo em lentículas com estratificações entrecruza-

26
das de 0,5 a 1 m de espessura, alternando com siltes cinzentos,
rosados ou negros com restos lignitosas.
As sequências elementares são positivas e os ravinamentos
intensos (16 m).
2- Siltes e argilas violáceas ou brancas, em lentículas de 0,5 a 2 m
intercaladas de lentículas menos espessas de grés brancos ou
amarelos, ricos em feldspato não alterado, quartzo e fragmentos
lignitosas. As sequências são positivas, as alternâncias regulares
e os ravinamentos fracos (17,5 m).
No Cabreiro, os "Grés Superiores" apresentam a seguinte sucessão,
que mergulha 50 2 para SSE:
1 - Argilas brancas ou violáceas, mal visíveis, que repousam sobre a
Fm. de Praia da Lagoa (2 m).
2- Grés amarelo pálido, em bancos horizontais ondulosos, alterna-
damente finos e grosseiros, com elementos de quartzo baleados
e matriz argilosa branca, ordenados em sequências negativas (1 m).
3 - Siltes argilosos brancos, amarelos, castanhos, rosados ou violá-
ceos, intercalados de siltes gresosos com quartzo boleado e pati-
nado, em bancos horizontais ondulosos e estruturas nodulares.
As sequências elementares são negativas. O topo do último ban-
co está rubeificado (5 m).
4- Siltes argilosos negros, lignitosas, com leitos de carvão e nume-
rosas impressões de vegetais (5 m).
5 - Grés brancos, mal calibrados, médios ou grosseiros, com cimento
argiloso, quartzo anguloso e raros feldspatos muito alterados, for-
mando 3 bancos sub-horizontais de 0,5 a 0,8 m de espessura,
estratificações internas entrecruzadas e microsequências positivas.
Na base de um dos bancos, aparecem "load-casts". Na parte supe-
rior, os grés passam a 0,8 m de grés finos e siltes gresosos em
finas lages com planos de estratificação sublinhadas pela mos-
covite e fragmentos de vegetais. As superfícies dos leitos mostram
pistas de vermes e marcas de ondulações simétricas (1 ,6 m).
Os sedimentos detríticas grosseiros, fluviais, dos "Grés Superio-
res" (Fm . de Rodísio) ocupam o conjunto da Bacia Lusitânica.
Eles resultam de um episódio tectónico maior, durante o Aptiano,
em relação com a rotação rápida da placa ibérica e com a
abertura do Golfo da Gasconha (MALOD e MAUFFRET, 1990).
Esta unidade foi atribuída ao Aptiano superior-Aibiano inferior
com base nas associações palinológicas estudadas em diversos
locais da Bacia Lusitânica (REY, 1972; HASENBOEHLER, 1981)
e, em especial , no corte da Crismina (TRINCÃO, 1990)

27
Albiano-Cenomaniano inferior e médio
C~c • Calcários e margas ("Belasiano'')
1. 2 Albiano (médio a superior)
Corresponde à Formação de Galé (REY, 1992) que compreende
dois membros, descritos seguidamente e que se pode observar, a S da
Praia do Guincho, numa sucessão contínua a qual se situa no flanco
meridional do sinclinal de Alcabideche. As camadas albianas estão em
continuidade sedimentar e estrutural com as formações aptianas, prece-
dentemente descritas. Da base para o topo, observa-se:
Membro de Água Doce
1 - Grés calcário ocre, com cimento esparítico ou microsparítico e
com estratificações horizontais, alternando, em sequências cícli-
cas ou positivas, com micrites gresosas e com argilas violáceas
ou verdes, contendo naticídeos, ostreídeos, miliolídeos, Pseudo-
cyclammina rugosa (D'ORB.) Neomeris cretacea STEIN , Cy/in-
droporella cf. sugdeni ELLIOT (7 m).
2- Micrites argilosas amarelas, num banco muito bioturbado, com
ostreídeos, Colomiella mexicana BONET, C. gr. recta BONET,
Cylindroporella cf. sugdeni ELLIOT, Permocalculus sp., Pseudo-
cyclammina sp., e ostracodes vários (2,5 m).
3 - Argilas verdes e violáceas com bancos mais calco-gresosos inter-
calados (4 m).
4- Calcários micríticos cinzento-claros, com pelóides , dolomite e
quartzo dispersos, em bancos ondulosos com textura nodular,
separados por interleitos mais argilosos , com Cardium spp. ,
ostreídeos, gasterópodes , Cylindroporella sugdeni ELLIOT,
Pseudocyclamina rugosa (D'ORB.), etc (4 m).
5- Grés finos amarelos ou castanhos, folhetados, com lâminas para-
lelas ou entrecruzadas, com "ripple-marks" e bioturbações, inter-
calados de leitos muito finos argilosos, negros e dispostos, com o
nível 4, numa sequência negativa (2,2 m).
6 - Calcários micríticos margosos e gresosos, com pelóides, em ban-
cos ondulosos, alternando com margas cinzentas ou esverdeadas
e com grés grosseiros de cimento micrítico, com ostreídeos, gas-
trópodes, Pseudocyclammina rugosa (D'ORB.), Boueina sp. (9 m).
7 - Calcários micríticos e microsparíticos, em bancos ondulosos com
textura nodular, associados em sequências cíclicas com pas-
sagens mais margosas e separadas por várias lacunas de obser-

28
vação; Heteraster sp. , ostreídeos, naticídeos, Cardium sp., Bouei-
na sp. , Acicularia sp., Orbitolinas, Pseudocyclammina rugosa
(D'ORB.) {1 0,5 m).

- Lacuna de observação (8 m).


8 -Calcários micríticos e margosos , com intraclastos e quartzo
detrítica, em bancos ondulosos, alternando, em sequências
positivas, com bancos mais margosos e intercalados de um leito
de esparite gresosa , ostreídeos , gasterópodes miliolídeos ,
Cuneolina sp. , Hensonina lenlicularis (HENSON), Charentia sp.,
Orbitolina (M .) aperta (ERMAN), Simplorbitolina conu/us
SCHROEDER, Salpingoporella hasi CONR. , RAD. e REY (5 m) .
9 - Margo-calcários nodulares, cinzentos, micríticos, mais margosos
na base, muito ricos em fósseis : Knemiceras uhligi (no tecto
deste nível) , Heteraster delgadoi P. de L. , Tetragramma cf.
lusitanicum P. de L. , moldes de lamelibrânquios, Colomiella
mexicana BONET, Hensonina lenticularis (HENSON) Pseudocy-
clammina rugosa (D 'ORB), Charentia cuvillieri NEUMANN ,
Nautilocu/ina cretacea PEYBERNES, Cuneolina sp. Orbitolina
(M.) minuta DOUGLASS, Boueina sp. {9 m).
1O - Margas negras, calcários margosos cinzento-amarelados e calcá-
rios micríticos com intraclastos, nodulares, em quatro sequências
de 2.ª ordem, positivas. Ostreídeos, miliolídeos e bioturbações (7 m).
11 - Margas esverdeadas associadas, em sequências cíclicas, a cal-
cários margosos e nodulares, micríticos, com pelóides, lameli-
brânquios, Sa/pingoporela sp. , miliolídeos (6 m).
12- Calcários brancos, micríticos, nodulares, com miliolídeos, textu-
larídeos, Hensonina lenticularis (HENSON) {3 m).
13- Sequências de 2.11 ordem, de tendência transgressiva, compre-
endendo, de baixo para cima {6,5 m) :
a) Margas com ostreídeos.
b) Margas e calcários margosos com Exogyra sp., Cardium sp.,
dasicladáceas, Diplopodia aff. concina, Charentia cuvillieri
NEUMANN , Pseudocyclammina rugosa (D'ORB .).
c) Calcários castanhos, intramicríticos, com orbitolinas como O.
(C.) paeneconica VIAL e O. O. concava (LMK.), Hensonina
lenticularis (HENSON) , Boueina sp.
d) Calcários brancos, micríticos com rudistas (Sphaerulites aff. foliaceus
(LMK.) Po/yconites subvemeuili (DOUV.), nerineas, pectinídeos,
Dicyclina sp., Pseudotextu/ariel/a sp., Hensonina /enticu/aris (HENSON).

29
Membro de Ponta da Galé
14 - Margas com ostreídeos e pelmicrites com orbitolinas, Cuneolina sp.,
Salpingoporella hasi C., R. e REY, em sequências cíclicas (7 m).
15 - Calcários e siltes gresosos, bioturbados (1 ,7 m) .
16 - lntrasparites com elementos heterométricos e estratificações
oblíquas entrecruzadas, com orbitolinas, Hensonina lenticularis
(HENSON), Lithophyl/um shebae ELLIOT (1 ,5 m).
17- Calcários micríticos cinzento-claros, com intraclastos, em ban-
cos ondulosos mal diferenciáveis, sobrepondo-se a um horizon-
te margo-calcário rico em orbitolinas. Esta nível é coroado por
um "hard-ground" e contém Caprina choffati DOUV., Pseudotou-
casia santanderensis DOUV. , nerineas, pectinídeos, Neorto/i-
nopsis conu/us DOUV., Orbitolina (C.) paeneconica VIAL ,
Charentia cuvillieri NEUMANN , Pseudocyclammina rugosa
(D 'ORB .) Hensonina lenticu/aris (HENSON) , Salpingoporella
hasi P., R. e REY (8 m).
18- Calcários margosos micríticos e margas com nódulos calcários,
em bancos ondulosos, ricos em ostreídeos e orbitolinas (8 m).
19 - Calcários micríticos amarelo pálido, passando progressivamente
para o banco subjacente e contendo orbitol inas, Hensonina
lenticularis (HENSON), Pseudotoucasia santanderensis DOUV. ,
Polyconites subverneuili DOUV., Radiolitidae e pectinídeos (2m).
20 - a) Micrites cremes, em bancos lenticulares, com estratificações
internas ondulosas, com raros pelóides e intraclastos, conten-
do alguns rudistas e Orbito/ina (0.) concava (LMK), textularí-
deos, cf. Heterodiadema interjectum P. DE L. (1,5 m) .
b) Esparite calciclástica creme, com elementos de pequeno ta-
manho, bem calibrados com textularídeos e miliolídeos (0,5 m).
c) Esparite calciclástica creme, com elementos de grande tama-
nho, bem calibrados e baleados, com finas lâminas internas
oblíquas, contendo fragmentos de gasterópodes, rudistas ,
radíolas de ouriços, orbitolinas, Charentia cuvillieri NEUMANN,
etc. (1,2 m).
d) Marga calcária amarela, ravinando o topo do banco subjacente,
muito rica em Orbitolina (0.) concava (LMK) , O. (M.) aperta
(ERMAN) e Lenticulina sp. (1 m).
e) Micrites e microsparites bioclásticas ligeiramente margossa,
cinzento-claras ou cremes, em 2 bancos, contendo abundan-

30
tes Orbitolina (0.) concava (LMK) O. conica (D'ARCHIAC) , O.
(M.) aperta (ERMAN), Hensonina lenticularis (HENSON) ,
Favusella washitensis (CARSEY), etc. (0 ,5 m).
f) Dismicrite e esparite, contendo Orbitolina (C.) conica (D'ARCHIAC)
Favusella washitensis (CARSEY), Lenticulina sp., Hensonina
lenticularis (HENSON) , Lithocodium aggregatum ELLIOT, etc.
(1 ,8 m) .
21 -Nível com a mesma composição litológica e fossilífera do nível
20 (12m).
22- Alternância, em bancos espessos, de calcários micríticos ou
microsparíticos, finamente calciclásticos e gresosos, com estrati-
ficações internas ondulosas e margas azuladas ou amarelas
com orbitolinas, Orbitolina (0.) concava (LMK), Neoiraquia
convexa DANILOVA, etc. (8 m).
Lacuna de observação onde só aparecem 2 bancos calco-
gresosos com ostreídeos (5 m) .
23- Calcários micríticos amarelos , com nerineas , raros rudistas
(Radiolitidae), pectinídeos e escleroactinidios, alternando com
esparites cremes, em corpos lenticulares de 1O a 20 cm, com
estratificações internas entrecruzadas , com raros oólitos e
calciclastos não calibrados, quartzo anguloso disperso e com
intrasparites acastanhadas com orbitolinas. Este nível contém
Neoiraquia convexa DANILOVA, Orbitolina (0.) concava (LMK),
O. (0.) durandelgai, 0.(0.) aperta (ERMAN), Favuselfa washitensis
(CARSEY) Hensonina lenticularis (HENSON) , e Salpingoporella
urladanasi C., P. e RAD. (12 m) .

Por cima, observa-se um nível de calcário gresoso com Pseudodo-


mia vialfi DE CASTRO que poderia indicar a base do Cenomaniano
(BERTHOU e SCHROEDER, 1979).
O Membro de Água Doce, correspondendo às "Camadas com Knemi-
ceras uhligi" de CHOFFAT, é atribuído ao Albiano médio a superior
(Vraconiano não incluído) .
O membro de Ponta da Galé, correspondendo às "Camadas com
Polyconites sub-verneuili" de CHOFFAT, data do Vraconiano.
O Membro de Água Doce materializa um meio de sedimentação ma-
rinho interno, mediolitoral a infralitoral, cada vez mais afastado do litoral.
O Membro de Ponta da Galé corresponde a depósitos de altos fun-
dos e de meio marinho externo e depois interno. Assim , os diversos ter-
mos do Albiano e do Vraconiano dispõem-se numa megassequência de
tendência transgressiva, passando no topo a regressiva.

31
As margas e calcários do Membro de Água Doce afloram bem a E do
Estoril, na ponta de Cai-Água, que constitui a localidade tipo de Polyco-
nites subverneuili e de Caprina choffati, e entre a ansa da Baforeira e a
praia de Carcavelos. Os calcários do Membro de Ponta da Galé obser-
vam-se particularmente bem nos planaltos de Alcabideche e Alcoitão
onde deram, além dos fósseis já citados, Ovalveolina crassa·DE CASTRO.
Estes calcários são sobrepostos por alguns metros de calcários greso-
sos da base do Cenomaniano e depois pelas "Margas com Exogyra
pseudo-africana".

2.º- Cenomaniano inferior e médio


As formações desta idade podem ser observadas em corte contínuo
entre Casal dos Bernardes e Cabra Figa. Segundo BERTHOU (1971 ),
pode ver-se, de baixo para cima:
1 - Calcário argiloso, um pouco gresoso e bioclástico, rico em ostreí-
deos na base, mais dolomítico para o topo. A microfauna é rara:
Orbitolina sp., Cuneolina sp. Dicyclina sp., miliolídeos (20 m).
2 - Argilito, por vezes um pouco calcário, azóico, verde a amarelo-
ocre, em que certos bancos apresentam uma estrutura particular:
septos de argila dura, amarela a castanha, desenham uma rede
de malha losângica de dimensões variáveis (aproximadamente
25 por 15 cm), cujo interior é constituído por ovóides de argila
gresosa, mais ou menos dolomítica, dura, amarelo ocre (20 m).
3 - Calcário argiloso, um pouco gresoso e marga repleta de Exogyra
pseudo-africana CHOFF., contendo também moldes de gasteró-
podes e lamelibrânquios diversos, Platycythereis aff. excavata,
Cythereis aff. oertli, C. aff. reticulata C. soriensis, C. aff. rawashen-
sis. Fabanella sp., Bairdia pseudoseptentrionalis e outros ostraco-
des, bem como Pseudocyclammina rugosa, Charentia cuvillieri,
Daxia cenomana (15 m).
4- Calcário argiloso, bioclástico, creme escuro e bistre-claro, com
Praealveolina iberica REICHEL, frequentes, P. simplex REICHEL,
raras, Ovalveolina ovum D'ORB. Muito raras, Cuneolina sp. ,
Dicyclina sp., miliolídeos, fragmentos de moluscos e de equino-
dermes, algas calcárias (1 ,8 m).
5 - Calcários argilosos e margas com ostracodes e Exogyra pseudo-
africana, Dosinia inelegans, Corbula be/lasensis, Cyprina
oblonga, Mytilus aff. ornatus, Glauconia renauxiana, Anisocardia
hermitei. Por entre a microfauna pode citar-se Charentia cuvilieri,
Pseudocyclammina rugosa, Daxia cenomana e abundantes
ostracodes (BERTHOU, 1973, p. 36 e 39) (36m) .

32
6 - Calcário argiloso, bioclástico, creme claro a acinzentado, com fre-
quentes fragmentos rolados de moluscos, Pseudocyclamina rugo-
sa (D'ORB.), Praea/veolina iberica REICHEL, P. simplex REICHEL,
Ovalveolina ovum D'ORB., raras Dicyclina sp., Cuneolina sp., etc.
(15m).
7- Calcário argiloso, castanho-esverdeado, dolomítico, com fantas-
mas de macrofauna. O nível médio, menos dolomítico, mostra
secções de moluscos, equinodermes, Pseudocyc/ammina rugosa
(D'ORB.), etc. No banco superior ocorre quartzo disperso (1 O m).
8- Calcário argilo-dolomítico, creme amarelado claro, bioclástico,
apresentando por vezes uma litagem fina, em bancos mais
espessos no topo que na base. A 1 m do topo nota-se um banco
de 60 cm com numerosas geodes de calcite atingindo 8 cm de
diâmetro e que foram, nalguns casos, fósseis (30m) .
9 - Calcário argilo-dolomítico amarelado, azóico, com estrutura trabecu-
lar (7 m) e depois passando a calcário dolomítico, compacto (12 m).
Os níveis 1 a 3 correspondem ao Cenomaniano inferior; os níveis 4 a
9 ao Cenomaniano médio. Relativamente às unidades definidas por
CHOFFAT, os níveis 1 a 5 representam as "camadas com Exogyra
pseudo-africana" e os níveis 6 a 9 as "Camadas com Ptecocera incerta".

Cenomaniano superior
O, - Calcários com Rudistas e "Camadas com Neolobites vibrayeanus"
Na sequência do corte anterior do Casal dos Bernardos a Cabra
Figa, observa-se:
1 -Calcário argiloso, bioclástico, creme claro, com Nummoloculina
heimi BONET, Cuneolina sp., Dicyclina sp. (1 m).
2- Calcário argiloso com Praealveolina cretacea tenuis REICHEL,
abundantes e Neolobites vibrayeanus CHOFF. Podendo subdivi-
dir-se em:
a) Calcário argiloso, esbranquiçado, com bioclastos rolados de
moluscos e equinodermes, Cuneolina sp., Dicyclina schlumbergeri
MUN-CHALM., Praealveolina cretacea tenuis REICHEL muito
abundantes, Praealveolina simplex REICHEL, Ovalveolina ovum
D'ORB., Stomiosphaera sp. e foraminíferos planctónicos inde-
termináveis. (0,8 m).

'0 corte aqui apresentado inicia-se só ao nível 4) descrito neste trabalho, a p. 39, devido a
modificações posteriores na estratigrafia destas formações (J. REY, 1976 e P. Y.
BERTHOU, 1979).

33
b) Calcário argiloso creme-avermelhado, compacto ou nodular,
pouco organogénico com algumas Praealvoeolina cretacea
tenuis REICHEL (1,8 m).
c) Calcário argiloso, rosado localmente, com poucas P. cretacea
tenuis mas com numerosas nerineas 80,8 m) .
d) Calcário argiloso com secções, por vezes recristalizadas, de
lamelibrânquios com raras P. cretacea tenuis e foraminíferos
planctónicos indetermináveis (2 m).
e) Calcário argiloso, cinzento escuro, muito homogéneo com pe-
quenos fragmentos de moluscos e equinodermes, Stomiosphaera
sp., Calcisphaerula sp. e foraminíferos planctónicos indetermi-
náveis (1,5 m).
Este nível é coberto pelo "Complexo vulcânico de Lisboa"

Senoniano
81. - Complexo vulcânico de Lisboa"'
1- Geologia
O magmatismo da região de Lisboa foi um dos episódios importantes
da actividade ígnea meso-cenozóica que acompanhou a abertura do
Atlântico Norte. De entre essa actividade destaca-se o "Complexo vulcâ-
nico de Lisboa" que ocupa uma extensão de cerca de 200 km2 entre
Lisboa, Sintra, Mafra e Runa, encontrando-se bem representado nas
áreas correspondentes às cartas de Sintra e de Cascais. Instalado entre
o Cretácico Superior e o Eocénico Inferior, há cerca de 70 M.a., compre-
ende diversos tipos de estruturas (chaminés, escoadas, soleiras, diques,
etc.) e de rochas (basaltos, piroclastos, brechas, traquitos, etc.). Predo-
minam largamente os basaltos 1, mas encontram-se também representa-
dos vulcanitos sucessivamente mais diferenciados e escassos (traquiba-
saltos, traquitos e riolitos) e tipos petrográficos granulares, máficos
(gabros). As rochas ocorrem em estruturas variadas (escoadas, diques,
chaminés, soleiras, domas, etc.) parcialmente obliteradas por fenóme-
nos erosivos, naturais e antrópicos.
Os materiais vulcânicos desta região chamaram a atenção de investi-
gadores e simples curiosos desde há, pelo menos, dois séculos. As pri-

* Por C. A. MATOS ALVES e T. PALÁCIOS.


' São as rochas vulcânicas mais abundantes e representativas da região, dai a designação
de ' complexo basáltico" e ' manto basáltico' com que esta formação aparece em numero-
sas publicações.

34
meiras referências escritas conhecidas datam de 1779 (nota de Dolomieu
à Academia das Ciências de Paris publicada por Lacroix em 1918). De-
pois, desde CHOFFAT (1916) até aos nossos dias, os mesmos materiais
foram objecto de numerosos estudos de índole variada, largamente enu-
merados na referida Notícia Explicativa da folha de Sintra (RAMALHO &
ai., 1981 ).
Por razões históricas parece-nos interessante conservar a aborda-
gem vulcano-estratigráfica que se adoptou quando da publicação dessa
Notícia Explicativa.
Extensa porção do ••Complexo vulcânico» é abrangida pela área do
mapa em estudo, embora as rochas vulcânicas ocupem uma zona bem
maior, que vai da margem sul do Tejo 2 , por Lisboa, até Mafra, Torres
Vedras, Arruda dos Vinhos, etc. As formações são, fundamentalmente,
de natureza lávica, havendo, porém, piroclastos, brechas, tufos e cinzas.
O conjunto assenta quer sobre os calcários margosos, quer sobre os
calcários recitais do Cenomaniano, jazendo por outro lado sob as cama-
das conglomeráticas do «Complexo de Benfica», de idade paleogénica e
sob o Miocénico. À sua idade estratigráfica acrescentaram-se as deter-
minações geocronológicas por métodos de Rb/Sr e K/Ar que têm dado,
invariavelmente, valores à volta dos 70 M.a.3.4. As escoadas podem ter
espessuras até 12 metros; os níveis piroclásticos intercalados são, por
vezes, muito repetidos (Moinho da Bela-Brandoa), podendo o seu núme-
ro atingir a dezena. O vulcanismo é predominantemente efusivo, sendo
os produtos piroclásticos em menor percentagem, e ocorreu em ambien-
te subaéreo. Os empilhamentos de materiais vulcânicos (lavas e piro-
clastos) podem apresentar espessuras variáveis entre centenas e
escassos metros (400 m a 1O m). A reconstituição das estruturas vulcâ-
nicas (as chaminés principais encontram-se fora da área desta folha,
mas também em Manique na área que agora nos ocupa), com base nos
pendores observados quer em escoadas basálticas quer nas formações
piroclásticas estratificadas, aponta para um edifício vulcânico principal
com altura superior a 2 km e diâmetro da base da ordem dos 40 km
(SERRALHEIRO, 1978).

2
Em sondagem para a construção da Ponte 25 de Abril, na zona da Banática, encontra-
ram-se rochas vulcânicas (basaltos e piroclastos) numa sequência de 50 m de espessura,
abaixo dos 98 m de profundidade (SERRALHEIRO, 1978).
3
Dados em ALVES et ai., 1980:
Lexim, chaminé basáltica, 55± 18 M.a.; Cl = 0,71684 ± 0,00072 .
Boa Viagem, Caxias, manto ou soleira, 72 ± 2 M.a.; 87Sr/86Sr = 0,7088 ± 0,0006
Cabeço de Anços, soleira, traquiandesito, 70 ± 2 M.a. ; 87Sr/86Sr = 0,711599
Vale da Pipa, soleira, traquiandesito, 69 ± 2 M.a. ; 87Sr/86Sr =O ,70420 ± 0,00107.
• Dados de FERREIRA & MACEDO (1979): isócrona de 72,6 ± 3,1 M.a. para uma série de
rochas do complexo basáltico (Torre, Fanhões, Pimenteira, Sete Rios) .

35
A existência de paleossolos fossilíferos demonstra que houve longos
períodos de repouso da actividade vulcânica. As séries sedimentares ou
vulcano-sedimentares são por vezes bastante fossilíferas: a presença de
Bulímus olisiponensis, Bulimus carnaxidensis, Anadromus ribeiroi, Helíx
basaltica, Pupa tournoueri, Cinnamomum broteri e restos de vertebrados
crocodilianos, ranídios e tritonídios, entre outros, parecem de origem
lacustre ou fluvial.
As lavas basálticas apresentam, em numerosos locais, disjunção
prismática importante, originando belos monumentos em órgãos (como
em Funchal, Lexim, Cabeço de Montachique, Santa Quitéria de Meca,
etc, fora da área desta carta mas de visita obrigatória).
Na área abrangida pelo mapa, os afloramentos basálticos mais ex-
tensos encontram-se na região entre Barcarena, Amadora, Queluz e
Carnaxide. Afloramentos menores, isolados uns dos outros, podem ver-
se nas regiões de Oeiras, Trajouce, Manique, Caparide, etc. Vale a pena
transcrever alguns cortes geológicos descritos na Notícia Explicativa da
folha de Cascais na escala de 1/50 000, de 1955:
"Um corte passando 300 m a oeste de Linda-a-Pastora mostra, de
cima para baixo, a seguinte sucessão:
C.5- Primeira assentada de basalto compacto, explorada em pedreiras.
C.4- Aglomerado roxo-acastanhado, com numerosos fenocristais de
augite.
C.3- Brecha arroxeada, com fragmentos de rochas, de silex e de
fósseis cretácicos.
C.2 - Brechas de basalto alterado e tufos amigdalóides, no meio duma
marga vermelha (1 m).
C.1 -Margas avermelhadas ou acastanhadas {2 m).
As camadas 1 a 4 correspondem ao primeiro complexo sedimentar,
no qual não se encontraram fósseis . Estes são, porém, abundantes a
norte e sul da Quinta de S. Jorge (Estádio Nacional). Trata-se, provavel-
mente, do segundo nível sedimentar.
A 100 m a sul da citada Quinta, uma marga avermelhada que aflora
na trincheira da estrada, forneceu Bulimus carnaxidensis, Bulimus
olísiponensis, Anadromus ribeiroi e Helíx basa/tica.
A observação de dois cortes nas proximidades de Carnaxide (entre a
capela da Sr.!! Aparecida e o cemitério e entre a 2. 1 azenha a montante
da capela e o moinho de vento de Pé-de-Cão, passando ao norte da
propriedade de Moreira de Rei) permite estabelecer, de cima para baixo,
a seguinte sucessão:
Quarto complexo eruptivo:
C.14- Basalto negro, alterado, com disjunção em bolas.

36
Quarto complexo sedimentar:
C. 13 - Brecha de basalto amigdalóide envolvido numa marga averme-
lhada clara, coberta por uma argila vermelha. As margas são mui-
to fossilíferas a cerca de 100 m da propriedade de Moreira de Rei.
Terceiro complexo eruptivo:
C. 12- Basalto alterado, com disjunção em bolas.
C. 11 -Tufo com numerosos cristais de piroxena e zeólitos.
C. 1O- Basalto compacto.
Terceiro complexo sedimentar:
C. 9 -Aglomerados vulcânicos avermelhados com Anadromus ríbeiroi,
Bulimus olisiponensis, Bulimus camaxidensis, Pupa toumouerí.
Segundo complexo eruptivo:
C. 8- Basalto alterado, com disjunção em bolas, com numerosos
zeólitos.
C. 7- Basalto compacto muito alterado, com disjunção em bolas e
em prismas (espessura 1Om).
Segundo complexo sedimentar:
C. 6- Marga rosada, esbranquiçada nos três metros inferiores,
avermelhada, cor de tijolo, mais acima (2,50 m). A parte su-
perior é um aglomerado vulcânico com inclusões de grés e
de calcário. Esta camada deu um osso de crocodiliano e
Bu/ímus sp.
C. 5- Banco lenticular de basalto alterado, visível na trincheira da
estrada.
C.4-b- Alternância de leitos delgados de aglomerados vulcânicos
avermelhados , acinzentados, por vezes esverdeados . Na
parte inferior predominam camadas avermelhadas ou amare-
ladas com cimento calcário-margoso. Os aglomerados vulcâ-
nicos predominam na parte superior. A inclinação das cama-
das é de 7 a 10.2 • A sua espessura é de 20m.
C.4-a - Rocha amigdalóide, mais ou menos brechóide, com lavas
cardadas (3-4m). A espessura total deste complexo é de cer-
ca de 31 ma sul do Moinho do Pé-de-Cão e de cerca de 34
m junto do cemitério.
Primeiro complexo eruptivo:
C. 3- Basalto alterado, com disjunção em bolas, impregnações cal-
cárias e zeólitos (8 m).
C. 2- Basalto compacto, com disjunção prismática na base, for-
mando abruptos de 10-15 m. Espessura total de cerca de 30 m.
C. 1 -Margas avermelhadas assentes sobre o Cretácico (3-4m) ."

37
Tentativas de correlação temporal entre os diferentes episódios
vulcânicos, que nalguns locais apresentam empilhamentos de materiais
efusivos/explosivos resultantes de até seis ciclos sequenciais ou destes
com os corpos hipovulcânicos, carecem de informação suplementar.
Também a reconstituição dos aparelhos vulcânicos, da volumetria dos
materiais, etc., é problemática devido a que o nível erosivo actual se
encontra, em geral, próximo do enraizamento daquelas estruturas.

2 - Petrografia
Basaltos
Como é habitual nas regiões vulcânicas, as rochas basálticas ocorrem
em estruturas diversas que incluem desde as condutas até às escoadas
passando por filões e soleiras. Os tipos litológicos abrangidos na designa-
ção de "basaltos" (s.l.) são: basaltos (s.s.), basaltos alcalinos, basanitóides,
limburgitos, ancaramitos, picritos e alguns lamprófiros, entre outros. É tam-
bém grande a variação textura! destas rochas, abrangendo desde tipos afíri-
cos muito finos até outros extremamente porfíricos contendo 50% ou mais
de fenocristais envolvidos por matriz afanítica. Entre as fases fenocristalinas
encontram-se espinela cromífera, olivina, clinopiroxena, óxidos de Ti e Fe,
plagioclase e horneblenda basáltica. Na matriz, as fases principais são
clinopiroxena, plagioclase e minerais opacos com quantidades variáveis de
olivina, feldspato potássico, analcite, vidro, zeólitos, biotite, apatite e outros
produtos secundários e/ou tardios tais como serpentina, clorite e calcite.
Entre as rochas afíricas ou quase, encontram-se desde tipos petrográficos
em que predomina a clinopiroxena (limburgitos), com textura ofítica a
subofítica, até outros com textura fluidal e plagioclase dominante, correspon-
dendo os primeiros às rochas menos diferenciadas e os segundos às mais
evolucionadas dentro dos basaltos (s.l.). Do mesmo modo, entre as rochas
porfíricas as proporções relativas dos diferentes fenocristais são variáveis, o
mesmo acontecendo com os constituintes da matriz. Contudo, pode dizer-se
que a olivina e a clinopiroxena predominam entre as fases fenocristalinas;
nestes casos, em geral a clinopiroxena é também a fase dominante na
matriz. Os fenocristais de plagioclase são menos frequentes mas quando
presentes a percentagem de plagioclase na matriz é também mais elevada,
correspondendo a tipos petrográficos mais diferenciados que os anterior-
mente referidos. Relativamente a nódulos de composição peridotítica,
frequentes em séries alcalinas, apenas foi encontrado um, de dimensões
milimétricas, com características comparáveis na região de Manique.
À- Traquibasaltos

Preferiu-se esta designação genérica, largamente utilizada na litera-


tura actual para termos intermédios de séries alcalinas, às apresentadas

38
em cartas anteriores, atendendo também à forte conotação geotectónica
do termo "andesito", rocha característica de margens convergentes de
placas litosféricas e, por isso, de ambiente vulcanológico muito diverso do
que aqui nos ocupa. Ocorrem principalmente em soleiras, e ainda que
menos importantes que na área da folha de Sintra, também se encontram
representadas na área da presente carta em Alcabideche (ALVES &
GONÇALVES, 1963) e Aldeia de Juso. Trata-se de rochas mesocráticas,
porfíricas, com fenocristais de piroxena e plagioclase e matriz microcris-
talina constituída essencialmente por plagioclase, feldspatos alcalinos,
piroxena, anfíbola, minerais opacos, apatite e quartzo, para além de
outros minerais secundários (principalmente clorite e calcite).

p- Riolitos
As formações riolíticas são muito escassas e de pequenas dimen-
sões no espaço ocupado pelo Complexo e parecem corresponder a
filões. Na área coberta por este mapa foram estudados apenas peque-
nos retalhos nas áreas de Manique, Bicasse e Aldeia de Juso. As rochas
constituintes são felsófiros ligeiramente porfíricos, com matriz quartzo-
feldspática microcristalina e pequenos fenocristais feldspáticos, quártzi-
cos e alguns biotíticos. Outros minerais acessórios e escassos são apa-
tite, zircão e opacos. Por vezes são intensamente porosas, vesiculares
e/ou amigdalóides; outras exibem orientação evidente. A sua classifica-
ção como riolitos é essencialmente química (apresentam"" 70% de SiOz)
dado que tanto a observação macroscópica como o estudo ao microscó-
pio petrográfico sugerem tratar-se de rochas traquíticas.

B, - Rochas piroclásticas
Incluem-se neste grupo os materiais resultantes da actividade vulcânica
essencialmente explosiva, constituídos principalmente por cinzas e lapili,
aflorantes em camadas com espessuras que podem variar entre alguns
centímetros e escassos metros, em regra intercalados entre escoadas
basálticas. Estes depósitos, com cores tipicamente avermelhadas e
arroxeadas, encontram-se geralmente bastante alterados , não
consolidados. Não tem sido possível, até agora, discriminar eventuais epi-
sódios de queda e/ou de fluxo nem caracterizar estes materiais do ponto
de vista da dinâmica vulcanológica. Nalguns locais correspondendo,
provavelmente, a antigos centros eruptivos, encontram-se brechas, em
regra consolidadas, com cimento de natureza vulcânica e elementos
variados sob diferentes aspectos: origem (ígnea, sedimentar), composição
(rochas ígneas: félsicas, máficas, porfíricas, afíricas; rochas sedimentares:
calcários, arenitos), forma (angulosa, subarredondada) e dimensões
(desde milimétricas até, em geral, não ultrapassando poucos centímetros).

39
Outras formações
Além das formações ígneas referidas associadas com o maciço intru-
sivo ou com os vulcanitos, existem numerosos pequenos afloramentos
de rochas hipabissais, geralmente filonianas, que se desenvolvem entre
os afloramentos ígneos principais (vulcânicos e subvulcânicos) e o lito-
ral. Do ponto de vista petrográfico são riolitos, microgranitos, traquitos,
microssienitos, traquibasaltos ou mesmo rochas máficas (basaltos, s.l.,
doleritos, lamprófiros), incluindo também algumas fácies brechóides (ex.:
praia do Guincho e Rebolões que não se encontra representada no
mapa), e ainda algumas rochas granulares, gabros (por exemplo em
Carnaxide).
Faz-se aqui referência a algumas destas formações que mereceram
atenção particular: 1) estudo das rochas filonianas da faixa litoral entre
as Camarinheiras e o Guincho (ALVES & GONÇALVES, 1963), com
cartografia e petrografia pormenorizadas; 2) estudo estrutural do campo
filoniano Oeiras-Cabo Raso (COSTA, 1980) em que as numerosas
falhas existentes (medições em cerca de 150), com frequência preen-
chidas por filões, foram agrupadas em três famílias que reflectem
diferentes estádios dos campos de tensões relacionados com a instala-
ção do maciço intrusivo de Sintra bem como com a formação das estru-
turas vulcânicas principais; 3) ainda dentro da área do Parque Natural
Sintra-Cascais (apesar de não se encontrar na folha de Cascais) a
soleira dolerítica da Lomba dos Pianos, merece referência especial e
deve ser lugar de visita obrigatória para a comprensão do fenómeno
vulcânico-hipabissal envolvido nas duas regiões magmáticas: Sintra-
Cascais I Lisboa. Aflora entre as praias do Magoito e da Samarra ao
longo de cerca de 3 km com bons cortes nas escarpas sobre o mar e
com espessura máxima de cerca de 20 m. Intercalada em calcários
suborizontais do Cretácico Superior e afectada em conjunto com eles
por alguns acidentes tectónicos de fractura e desligamento, nem sempre
acompanha rigorosamente o mesmo nível sedimentar, encontrando-se
por vezes bifurcada. Além da curiosa disjunção colunar a que alude o
nome, apresenta localmente variações de fácies com interesse, ainda
que na sua maior parte, tanto no sentido horizontal como no vertical,
seja constituída por uma rocha melanocrática microgranular. As varia-
ções referidas estão representadas por: - diferenciações granulares
mesocráticas de grão médio; - zonas de intensa zeolitização, com estru-
turas globulares (diâmetro médio de 2 cm), fibrorradiadas, de cores cla-
ras (brancas a alaranjadas), onde foram identificados radiograficamente
natrolite e thomsonite; - fácies afaníticas (de bordo); - fácies de aspecto
brechóide com numerosos encraves quer granulares quer afaníticos,
que podem ser ainda monominerálicos (grandes cristais de anfíbola).

40
A rocha predominante é de cor negra, microgranular, constituída essen-
cialmente por plagioclase (An 78), clinopiroxena, opacos, pseudo-
morfoses de olivina transformada em produtos criptocristalinos verdes,
analcite, biotite, apatite, clorite e zeólitos. São de destacar, apesar de
ténues, os efeitos do metamorfismo de contacto nos calcários sobreja-
centes, com a cristalização de numerosas e diminutas granadas.
Com a designação de "filão alterado e/ou não identificado" foram
marcadas no mapa as formações cuja natureza não foi possível re-
conhecer devido ao seu avançado estado de alteração.
3 - Geoquímica e Petrogénese
As afinidades geoquímicas dos diferentes tipos litológicos estudados,
permitiram atribui-los a uma série diferenciada no sentido de termos
sobressaturados de Si02. A Tabela 3 da página 48 da Notícia Explicativa
da folha de Sintra (34-A) contém as composições químicas médias dos
diferentes tipos litológicos representados no Complexo, enquanto que as
Figuras 2 a 6 (páginas 46 a 51 da mesma notícia explicativa) mostram
diversos aspectos, da mineralogia à geoquímica, relacionados com a
cristalização dos minerais nos diferentes tipos de rochas bem como a
correlação entre a evolução química e os minerais responsáveis por ela.
A análise dos minerais por microssonda electrónica permitiu fazer a
caracterização química dos mesmos bem como as considerações que
seguem (extraídas de PALÁCIOS, 1985; PALÁCIOS et a/., 1986 a, 1986
b, 1988):
-Nos óxidos, verificaram-se zonamentos químicos na cromite, homo-
geneidade na espinela (s.s) e composições das soluções sólidas
magnetite-ulvospinela e hematite-ilmenite compatíveis com tempe-
raturas de cristalização e valores de f02 ligeiramente inferiores aos
do tampão QFM.
- As olivinas dos basaltos pouco diferenciados cristalizaram a tempe-
raturas de cerca de 1200ºC, enquanto que em basaltos mais evolu-
cionados o equilíbrio cristal/líquido foi atingido a temperaturas
inferiores.
- As piroxenas seguem nos basaltos os "trends" típicos das séries
alcalinas, não orogénicas, intraplaca, enquanto que nos traquiba-
saltos mais diferenciados se encontram dois tipos de piroxenas, um
rico e outro pobre de cálcio. A temperatura de cristalização destas
duas piroxenas pode ter sido de cerca de 950ºC.
- As anfíbolas são cálcicas: kaersutites nos basaltos, hastingsites
nos traquitos e edenites na matriz das lavas intermédias. Apresen-
tam no seu conjunto um "gap" composicional.
- A composição das plagioclases varia entre An19 e Alls2 enquanto que a
dos feldspatos alcalinos se situa entre Or34 e Or99. As temperaturas a que

41
se atingiu o equilíbrio plagioclase/líquido foram mais elevadas para as
rochas básicas do que para as mais diferenciadas, como seria de esperar.
A geoquímica de elementos maiores corroborou o que já se conhecia
do quimismo da série, isto é, a sua alcalinidade e o ambiente intraplaca.
A geoquímica de elementos menores e em traços possibilitou a caracte-
rização do comportamento destes elementos ao longo da série, a
confirmação do ambiente intraplaca e do regime distensivo do mesmo, e
o estabelecimento de modelos para os magmas primários, para a fonte
donde provieram e para os processos que conduziram à diversidade
petrográfica observada.A cristalização fraccionada a baixa pressão deve
ter sido um dos mecanismos que contribuíram mais eficazmente para a
evolução magmática do Complexo. Pelo menos essa parece ser a con-
clusão que deve extrair-se de evidências tais como: 1) presença de
fenocristais nas lavas; 2) regularidade na variação química dos minerais
que constituem soluções sólidas; 3) existência de rochas corresponden-
tes aos vários estádios da evolução; 4) predomínio dos termos básicos;
5) comportamento dos elementos menores. O fraccionamento pontual a
alta pressão, sugerido por algumas paragéneses, é corroborado por da-
dos geoquímicos, tais como a existência em basaltos com grau de
evolução semelhante (valores próximos para elementos incompatíveis
como Y e Yb) de concentrações muito diferentes para elementos
compatíveis (teores altos de Ni e baixos de Cr e Se) .
Ao analisar a variação de elementos tais como Th e Ta nas rochas do
Complexo, verifica-se que quanto mais diferenciadas são as rochas maior
é o enriquecimento do Th (mais concentrado na crosta) relativamente ao
do Ta (menos concentrado na crosta). O mesmo tipo de comportamento
foi observado para outros elementos químicos, razões isotópicas (87SrJ86Sr)
e valores isotópicos (õ ' 8 0) . Dai poder-se concluir que a assimilação
crusta! também esteve presente, ainda que em menor escala, nos ter-
mos mais diferenciados. A presença de basaltos com teores elevados de
Ni e Ce simultaneamente e as variações nas razões Yb/Ce, Zr/Y, La/Yb,
etc., sugerem que os magmas primários dos quais derivaram tais basal-
tos resultaram de diversos graus (6 a 14%) de fusão parcial de uma fon-
te mantélica homogénea. Tal fonte deve ter tido a composição mineraló-
gica de um lherzolito granatífero e ter estado enriquecida de elementos
incompatíveis, em particular alcalinos e Terras Raras leves.

PLUTONITOS*
As folhas 34-C (Cascais) e 34-A (Sintra) da carta geológica de
Portugal na escala de 1/50000 são, não só contíguas, como partilham

* Por C. A. MATOS ALVES e T. PALÁCIOS

42
unidades estratigráficas e geológicas fundamentais, apenas separadas
pelos limites das próprias folhas. Salientam-se, nestes casos, o Maciço
de Sintra e o Complexo vulcânico de Lisboa-Mafra.
Dado que a folha de Sintra é de publicação relativamente recente
(1993), tendo a notícia explicativa correspondente sido objecto de pro-
funda remodelação em relação à anterior, a cargo de uma equipa nume-
rosa (M. Ramalho, J. Pais, J. Rey, P. Y. Berthou, C. A. Matos Alves, T.
Palácios, N. Leal, eM. C. Kullberg), parece-nos que, pelo menos no que
respeita aos complexos ígneos, se devem recuperar aqueles textos com
as devidas adaptações e as actualizações pertinentes.

1 - Maciço eruptivo de Sintra


O Maciço eruptivo de Sintra, intrusivo em calcários margosos e calcá-
rios do Jurássico Superior e Cretácico, constitui, sem dúvida, "o acidente
geológico e geomorfológico de maior importância da península de
Lisboa" (TEIXEIRA, 1962).
Pelo enquadramento geológico pode concluir-se que o complexo intrusivo
se terá instalado durante os últimos tempos mesozóicos (Cretácico terminal)
e/ou durante o princípio do Terciário (ALVES, 1964); as datações isotópicas
existentes abrangem uma gama de idades no intervalo indicado: 85 ± 8 M.a.
(BONHOMME et ai., 1961), 80,5 ± 1 M.a. (FERREIRA & MACEDO, 1977),
95,3 ± 8,0 M.a. (ABRANCHES e CANILHO, 1981) e 82 M.a. (MACINTYRE
e BERGER, 1982), 74-85 M.a. (STORETVEDT et ai, 1987).
A estrutura da intrusão é complexa, podendo ser descrita de forma
breve como um núcleo de natureza sienítica envolvido por um largo anel
granítico e por um anel gabro-diorítico descontínuo que, na região sul,
se dispõe entre os sienitos e os granitos e, na parte norte, surge periferi-
camente em relação ao anel granítico.

1. 1 - Geologia e petrografia
y- Granito de Sintra
Este tipo petrográfico, constituindo a rocha mais abundante do maci-
ço, ocupa uma área grosseiramente circular, cortada a ocidente pelo
mar. Os seus afloramentos dispõem-se na periferia exterior do núcleo
sienítico antes referido e que não ocorre nesta Carta. A composição
mineralógica do granito é, na generalidade, quartzo, ortose de cor aver-
melhada (geminações de Carlsbad e de Baveno), oligoclase e, por
vezes, andesina de cor creme (geminações segundo Albite e Carlsbad-
Aibite), biotite, apatite e alanite.
Um aspecto importante do granito de Sintra é a existência de um
feldspato alcalino, soda-potássico, anortoclase, que, como a sanidina,

43
por vezes presente em certos tipos petrográficos do maciço, testemunha
o relativamente elevado regime de temperatura na formação destas
rochas. A anortose pode ver-se nas preparações microscópicas do gra-
nito das Camarinheiras, sendo, ainda, frequente nas rochas dos filões
ácidos, riolíticos ou sieníticos.
Encontram-se no seio da rocha granítica encraves de dimensões varia-
das, sobretudo de rochas sedimentares, provenientes do quadro encaixan-
te e que terão contribuído, mais ou menos, para certas particularidades da
evolução dos magmas no processo de formação do maciço. São, essen-
cialmente, calcários e arenitos, uns e outros do Jurássico e/ou Cretácico.
Há, contudo, encraves microgranulares, sombrios, de origem distinta.

T- Gabros (Malveira e Carnaxide)


Sobre o bordo norte, e no interior do próprio maciço, há vários aflora-
mentos de rochas gabro-dioríticas. Alguns destes afloramentos , de
forma alongada, arqueada, localizam-se entre o sienito e o granito,
enquanto que outros se encontram na periferia deste ou no seio da
rocha sienítica. Entre o sienito e o granito podem ver-se os afloramentos
dioríticos de Malveira da Serra, Biscaia, Azóia e Roca; os de Colares-
Aimoçageme estão no segundo caso, ao passo que em Pé da Serra e
Rio Touro encontram-se os gabros no seio dos sienitos.
O complexo gabro-diorítico é formado por rochas mais ou menos
básicas que, se por um lado parecem constituir passagem lateral para
os sienitos, por outro atingem gabros peridóticos e mafraítos, como os
do Rio Touro ou da Quinta das Camélias.
O afloramento de Malveira-Biscaia vai de Pedra Amarela até para lá
da Biscaia, onde o contacto se dá com o granito, o sienito (como se
pode ver em pedreira abandonada a oeste da Biscaia) e uma rocha com
quartzo e turmalina que parece filoniana.
As rochas nas antigas pedreiras da Malveira da Serra ou da Azóia
têm uma tonalidade cinzento-esverdeada ou verde; são granulares de
grão fino (podendo ser grosseiras ou quase pegmatíticas, dependendo
dos grandes cristais de anfíbola castanha), apresentando, aqui e ali,
nódulos mafíticos. São rochas plagioclásicas com grandes cristais
zonados (AnwAnss-An.2), com feldspato soda-potássico tardio, intersti-
cial, moldando as plagioclases. A piroxena, kaersutite, biotite, apatite,
minerais opacos e quartzo completam o quadro mineralógico magmá-
tico. Outros minerais presentes, como clorite, epídoto e actinolite forma-
ram-se numa fase hidrotermal, póscmagmática, que afectou mais ou
menos intensamente os minerais primários, em particular as plagioclases.
As características petrográficas destas rochas correspondem no
essencial ao referido, encontrando-se contudo variações texturais,

44
peculiares no caso dos mafraítos, principalmente devido à dimensão e
distribuição dos máficos, em particular da anfíbola, que no caso mais
típico encontra-se distribuída em "rosetas", de dimensões e frequência
variáveis (tipicamente glóbulos com dois a três cm de diâmetro), poden-
do também apresentar fácies pegmatíticas (onde os cristais de anfíbola
atingem cerca de 1O cm de comprimento) e ainda outras formas banda-
das com sequências repetidas félsicos/máficos, reflectindo a complexi-
dade dos processos de diferenciação magmática. A anfíbola das "rose-
tas" engloba poeciliticamente outros minerais, em particular piroxena,
plagioclase e opacos. A olivina, quando existente, é pouco abundante, e
com frequência se encontra envolvida por piroxena e/ou kaersutite.

Brechas eruptivas
Embora não ocorram na Carta, pela sua importância são aqui referidas.
Larga superfície do maciço de Sintra é coberta por brechas eruptivas:
Peninha-Monge, Moinho da Atalaia, Azóia, Rebolões, Camarinheiras,
etc. São formadas pelo granito, sienito, ou poligénicas e, então, muito
complicadas, com cimento básico. Neste último caso, os elementos
principais são: microssienito piroxénico ou anfibólico, gabro ou diorito
piroxénico, granito e pórfiros graníticos, traquitos e calcários cristalinos.
O cimento é de natureza basáltica, hemivítreo, pobre de feldspato, de
tipo limburgítico. É o tipo de brecha que se encontra na Roca, na Peninha,
nos Rebolões. As brechas estão quase sempre muito alteradas, sendo
sobre o mar que se podem observar melhor.
Enquanto que algumas brechas são nitidamente vulcânicas ou sub-
vulcânicas (Rebolões, Moinho da Atalaia), outras serão mais provavel-
mente de intrusão (Peninha, Camarinheiras, etc.). Alguns destes aspec-
tos podem ver-se nos afloramentos brechóides situados na mancha da
Malveira.

Contactos e encraves
Como se disse, o maciço é intrusivo em calcários, dando origem a
uma auréola de metamorfismo pirometassomático, onde avultam cor-
neanas calco-silicatadas e rochas areníticas recristalizadas, que formam
uma faixa interrompida mas assaz importante, como é o caso da zona
oriental (Linhó , Santa Eufémia, Casal de Santo António, Quinta da
Penha Longa) e do contacto litoral (Praia da Abelheira) . Em Santa
Eufémia, o granito transformou os calcários compactos de São Pedro
(Oxfordiano superior) em corneanas calco-silicatadas com volastonite,
granada, vesuvianite, zoisite, piroxena, calcite e, por vezes, magnetite.
Na região de Linhó, os calcários são ricos de granada e têm múltiplas
mineralizações. Na Abelheira, há uma anfíbola pargasítica, enquanto

45
que na Penha Longa há um mineral do grupo das escapolites. Estes
aspectos podem também, ser observados na pedreira de Linhó ou no
encrave calcário situado em plena área diorítica, não longe da povoação
de Figueira do Guincho. Para além dos minerais citados, identificaram-
se também, olivina, espinela, prenite, flogopite, dolomite e sulfuretos,
entre outros, nas rochas resultantes do metamorfismo de contacto
(PALÁCIOS e ALVES, 1997). O metamorfismo de contacto atingiu a
fácies das corneanas piroxênicas, indicando assim temperaturas
relativamente elevadas.
A cedência de sílica por parte do granito junto do contacto e, por
outro lado, a recristalização e metassomatismo das formações sedimen-
tares, provocaram uma quebra na resistência do granito à erosão e o
belo conjunto de relevos de erosão diferencial talhado nas rochas
eruptivas termina bruscamente no limite com as formações sedimen-
tares praticamente aplanadas, gerando-se mesmo no contacto uma
pequena depressão periférica (ladeando as "colinas periféricas") como
resposta à menor resistência, localmente, do granito à meteorização.
Na vertente meridional da Peninha há um encrave calcário profundo,
com umas dezenas de metros de extensão, que já foi longamente explora-
do. A Norte contacta com a brecha eruptiva de Peninha-Monge. Trata-se de
uma formação de comeanas calco-silicatadas com os minerais pirometas-
somáticos antes referidos (calcite, vesuvianite, granadas, epídoto e esfena).

Cortejo filoniano
No cortejo filoniano espacialmente associado ao Maciço eruptivo de
Sintra, é possível perceber dois complexos filonianos distintos na com-
posição petrográfica e no modo de jazida, que podem ser associados a
outras tantas fases de intrusão.
O primeiro complexo filoniano, contemporâneo das fases mais preco-
ces de intrusão do maciço eruptivo ou mesmo imediatamente anterior à
sua intrusão, é formado por um conjunto de filões-camada de composi-
ção básica, com terminações lenticulares e atingindo espessuras da
ordem das duas dezenas de metros. Ocupam uma vasta área a Leste e
Sudeste do maciço (região de Linhó e Penha Longa), terminando na
região entre a Quinta do Pisão e a Quinta de Vale de Cavalos. Para
Oeste desta última não há mais afloramentos de filões-camada básicos.
Na sua maioria os filões encontram-se bastante alterados mas, nos
poucos que mostram rocha sã, foi possível verificar que exibem efeitos
da deformação provocada no encaixante pela intrusão do maciço. A aná-
lise da fracturação associada à instalação deste complexo filoniano está
de acordo com os padrões de fracturação precoce em relação à instala-
ção do maciço eruptivo (KULLBERG, 1985).

46
O segundo complexo filoniano, contemporâneo das fases tardias de
intrusão do maciço, é constituído por um sistema de diques radiais e por
filões do tipo "cone-sheet" , de composição felsítica. Encontram-se bem
representados no flanco sul do doma eruptivo (região a Leste da Ponta
da Abelheira, Arneiro, Alto do Mato e Quinta de Vale de Cavalos) e
ausentes nos flancos sudeste, leste e norte, com excepção de alguns
filões radiais representados a Norte e Sudeste do Maciço.
A ausência de "cone-sheets" no flanco norte do doma eruptivo pode
ser explicada pela dissimetria do mesmo, o qual , devido à sua tendência
cavalgante para Norte, inibiu a abertura das potenciais fracturas cónicas,
de direcção aproximadamente E-W, que formaram a rede instaladora
destes filões (KULLBERG, 1985).
Do ponto de vista petrográfico são:
1) rochas leuco a leuco-mesocráticas, de grão fino, essencialmente
feldspáticas, por vezes quartzíferas (microssienitos quartzíferos,
micro-granitos , bostonitos alcalinos e calco-alcalinos, plauenitos,
traquitos, riól itos);
2) rochas mesocráticas, geralmente porfíricas (microdioritos, traqui-
basaltos);
3} rochas melanocráticas, geralmente de textura compacta (doleritos
e rochas de fácies lamprofírica: kersantitos, espessartitos, forma-
ções filoniano-brechóides de fácies basáltica).

1.2- Geoquímica e petrogénese


São conhecidos quimicamente (elementos maiores, rocha total) todos
os tipos petrográficos que ocorrem no maciço eruptivo (ALVES, 1964),
quer sejam as rochas granulares quer sejam as do densíssimo cortejo
filoniano. A partir desses elementos elaboraram-se considerações de
natureza petrológica e geoquímica, algumas representadas sob a forma
de tabelas e gráficos (ver figura 1 e tabelas 1 e 2, respectivamente nas
páginas 35 e 36 da Notícia Explicativa da folha 34-A, Sintra, de 1993),
sobretudo mostrando a natureza evolutiva dos diferentes grupos de
rochas, desde os que mais se aproximam de um magma original.
Outros dados analíticos (LEAL, 1990) respeitantes a elementos me-
nores (V, Ni, Cu, Zn, Rb, Sr, Y, Zr, Nb e Th} permitiram novas considera-
ções sobre aquelas rochas e séries , bem como a elaboração de um
modelo de balanço mássico.
Muitos foram os autores que, observando a enorme diversidade pe-
trográfica das rochas do maciço de Sintra, se debruçaram sobre a
hipótese da sua génese. Contudo, o primeiro trabalho mais desenvolvido
com tal perspectiva só surge com ALVES, 1964. Descreve-se de forma
pormenorizada o maciço e as suas rochas , a relação com o encaixante e

47
apresenta-se um modelo petrogenético que invoca, sobretudo
cristalização fraccionada e assimilação, sendo a este último mecanismo
que se atribui a responsabilidade do aparecimento dos granitos. WRIGHT
(1969) virá a estudar o complexo, apresentando uma reinterpretação da
génese do maciço, nomeadamente no que se refere à origem das rochas
mais ricas de sílica.
Mais tarde, SPARKS e WADGE (1975), recorrendo a análises de ele-
mentos em traço (Ba, Sr, Y, Zr), propõem nova interpretação, suportada
em modelos mais desenvolvidos que os propostos até aí. Porém, ROCK
(1982), que enquadra o maciço na Província Ígnea Alcalina Ibérica,
parece aceitar um modelo genético intermédio entre os de ALVES (1964)
e WRIGHT (1969), hipótese esta sustentada também por LEAL (1990).
São as seguintes as características fundamentais desses modelos
petrogenéticos: Segundo ALVES (1964), o mecanismo que conduziu à
formação dos granitos foi a assimilação de materiais crustais que levou
a um enriquecimento em sílica - sintexia siliciosa - do material gabróico-
sienítico subsaturada, facto que explicaria também a presença de sieni-
tos quártzicos.
Ainda na mesma década, WRIGHT(1969) apresenta uma hipótese
alternativa de evolução do maciço. Nesta reinterpretação, o autor consi-
dera que a evolução do magma parental terá dado origem a rochas
gabróicas e dioríticas por processos de cristalização fraccionada asso-
ciada a assimilação de materiais crustais; as rochas sieníticas constitui-
riam o resíduo do material siálico assimilado, ou seja, à medida que os
magmas gabro-dioríticos se enriqueciam numa mistura de composição
siálica, as rochas siálicas teriam evolucionado para composições sieníti-
cas. As rochas graníticas teriam cristalizado a partir de um magma sinté-
tico, de um modo geral pouco contaminado, quer pelo magma que int-
ruía, quer pelo material encaixante.
Posteriormente, SPARKS e WADGE (1975), apoiando-se em modelos
mais desenvolvidos, consideram duas hipóteses: 1) magmas primários
basálticos com hiperstena normativa sujeitos a fraccionação eclogítica a
alta pressão, teriam dado origem a magmas com diferentes graus de sa-
turação em sílica, ou seja, no caso do maciço de Sintra, um mesmo
magma parental teria dado origem quer a magmas de composição siení-
tica, quer a magmas de natureza granítica; 2) diferentes graus de fusão
a diferentes profundidades poderiam ter conduzido à génese de mag-
mas basálticos subsaturados (que, por processos de cristalização frac-
cionada, dariam origem a rochas sieníticas) e sobressaturados (que, por
mecanismos idênticos, teriam alcançado composições graníticas).
ROCK (1982) aponta como hipótese explicativa um modelo misto
entre os apresentados por ALVES (1964) e WRIGHT (1969). Nas palavras
daquele autor, os mecanismos de evolução do maciço seriam" ... continuous

48
contamination of parental basanitic magmas, combined with differentiation
of the various contaminated products and crustal anatexis for the granites".
LEAL (1990) confirma, de certa forma, o modelo proposto por ROCK
(1982), embora seja admitido que alguns tipos de rochas graníticas pos-
sam ter sido geradas por contaminação crustal de magmas sieníticos; os
argumentos utilizados neste trabalho combinam informação de ordem
cartográfica-estrutural , petrográfica e geoquímica.
Com objectivo essencialmente geocronológico através de dados isotópi-
cos, ABRANCHES & CANILHO (1981) "não confirmam a assimilação de
materiais siálicos como mecanismo conducente à instalação do maciço".
A história evolutiva do maciço de Sintra poderá sintetizar-se, então,
da seguinte forma:
Formação de um magma basáltico subsaturada, de natureza alcalina,
rico de titânio, a partir da fusão de uma porção do manto superior.
Diferenciação deste magma, gerando rochas granulares gabróicas
com olivina e clinopiroxena (gabros propriamente ditos), rochas dioríticas
com anfíbola titanífera abundante (kaersutitos e mafraítos) , rochas
dioríticas com plagioclase abundante (dioritos propriamente ditos) e um
magma residual de natureza sienítica.
Cristalização deste magma sienítico, começando pela formação de
plagioclases que, à medida que cristalizavam, foram tornando o magma
residual cada vez mais rico em potássio, havendo posteriormente, o
envolvimento dos cristais de plagioclase por feldspato alcalino.
Este processo de evolução magmática implicou a diferenciação de
diversos minerais, nomeadamente esfena, apatite, titanomagnetite, ilme-
nite, olivinas, piroxenas, anfíbolas titaníferas, biotites e feldspatos .
À medida que decorria a referida diferenciação, deu-se a ascensão
do corpo intrusivo, reagindo com o encaixante, sendo os magmas exis-
tentes enriquecidos de sílica, justificando-se, assim, a presença quase
constante de quartzo intersticial em grande parte das rochas dioríticas e
sieníticas.
Em alguns casos, a proporção de sílica assimilada, terá sido tão ele-
vada que se poderão ter originado não só sienitos quártzicos como, tam-
bém, granitos. Em simultâneo com este processo terá havido, também,
fusão de materiais crustais suprajacentes provocada pelo calor libertado
pela cristalização dos minerais constituintes das rochas do corpo intrusi-
vo . A consolidação dos magmas assim gerados terá dado origem à
maior parte dos granitos existentes no maciço.
O corpo intrusivo ter-se-á tornado, assim, num conjunto de dois cor-
pos encastrados, um, inferior, constituído pelo magma primário em evo-
lução, outro, superior, constituído pelos materiais recém-fundidos.
É provável que estes magmas graníticos gerados por anatexia tenham
evoluído através de processos de cristalização fraccionada até serem

49
atingidos os termos mais ricos de sílica. O processo de ascensão do
corpo intrusivo foi acompanhado, em certas regiões, por colapso em
caldeira, originando a formação de brechas eruptivas. Possivelmente
numa destas fases terminais de descompressão, instalou-se a rocha
quartzo-turmalínica, aproveitando zonas propícias à sua instalação,
nomeadamente, a região nuclear do maciço. A par com a instalação das
rochas granulares, desenvolveu-se, no maciço, uma vasta e diversifica-
da rede filoniana, preenchendo grande parte das fracturas e falhas origi-
nadas nas zonas mais superficiais do maciço pela intrusão do diapiro
magmático ascendente.
Dados geoquímicos recentes (PALÁCIOS et ai. , 1995, 1999) permiti-
ram quantificar algumas variáveis (P, T, f02) relacionadas com a instala-
ção do maciço, bem como confirmar a complexidade dos processos en-
volvidos na evolução magmática do mesmo. Falta, ainda, informação
que permita quantificar a contribuição dos componentes mantélico e
crusta! na construção das rochas ígneas do maciço bem como o estabe-
lecimento de um modelo que integre, no espaço e no tempo, os diferentes
componentes (petrologia, geoquímica, tectónica, geofísica) do complexo.

1.3 - Outros aspectos


O facto do complexo ígnea de Sintra se encontrar na área do Parque
Natural Sintra-Cascais e também no espaço Sintra Património Mundial
não deixa de merecer particular atenção. Para além do aprofundamento
do conhecimento petrológico actual, incompleto à luz das perspectivas e
tecnologias modernas que passam pela obtenção de um número muito
maior de dados geoquímicos e isotópicos, o estudo do maciço eruptivo
merece também ser objecto de outras abordagens como as de RIBEIRO
(1997) e RIBEIRO & RAMALHO (1997) que vão ao encontro não só dos
especialistas mas de outros públicos que, em número crescente, procu-
ram informação geológica sobre a região.

CENOZÓICO*
Na margem norte do Tejo, o Terciário está representado pelo "Eocé-
nico-Oligocénico", pelo Aquitaniano e pelo Burdigaliano inferior, os quais
formam uma série de afloramentos que se estendem entre Dafundo,
Caxias, Paço de Arcos, Oeiras, Carcavelos e Alapraia.
Na margem sul do Tejo, os afloramentos terciários miocénicos -
Burdigaliano superior, Langhiano e Serravaliano - estão localizados na

• Por G. ZBYSZEWSKI , conforme texto da edição de 1981 da Notícia Explicativa da folha


de Cascais

50
extremidade ocidental das arribas situadas no limite E do mapa, a N da
Costa de Caparica e que se prolongam para a folha vizinha de Lisboa.

Eocénico-Oligocénico
0 - "Formação de Benfica"
Diz respeito a dois pequenos afloramentos situados junto das povoa-
ções de Caparide e de Alapraia. São constituídos por cascalheiras argi-
losas com concreções calcárias esbranquiçadas ou amareladas com
espessura aproximada de 3 m.

Miocénico
Aquitaniano
É constituído na parte inferior pelas "Argilas dos Prazeres" e, na parte su-
perior, pelas "Areolas de Estefânia", as quais dão passagem ao Burdigaliano.

M11 -"Argilas dos Prazeres"


Entre Algés, Dafundo e Cruz Quebrada, afloram ao longo da estrada
de Algés para Linda-a-Velha, onde foram exploradas para fabrico de
telhas e tijolos, e também, mais a W, nas vertentes do Alto de Santa
Catarina.
O corte da barreira da Maruja, a cerca de 1 km a SSE de Linda-a-
Velha apresenta, de baixo para cima, a seguinte série (COTTER, 1956):

"Primeira zona da assentada"


1 - Argila macia e untosa, cinzenta e avermelhada com manchas fer-
ruginosas (1 m).
2 - Argila cinzenta-clara, muito compacta, francamente calcária e de
fractura conchoidal (2 m) .
3 - Argila mais calcarífera ou marga acinzentada com manchas vermelhas
como as da camada 1.Vestígios de Achelous delgadoi (2,50 m).
4- Argila arroxeada, em parte amarelada e esverdeada, também
calcarífera (1 m).
5- Grés fino, argila-calcário, amarelado, com raras palhetas de mica
(1 ,80 m).
6 - Argila cinzenta com manchas amareladas e avermelhadas (0,90 m).

"Segunda zona da assentada"


7- Calcário margoso, esbranquiçado, com moldes de Turritella sp.,
Cerithium sp., Natica sp., Ostrea sp., pequenos Pecten sp., e
fragmentos de polipeiros (2,60 m).

51
Segundo COTTER (op.cit.), o fóssil característico desta Segun-
da zona é Venus ribeiroi.

"Terceira zona da assentada"


8- Argila calcarífera cinzento-clara, passando em parte a grés fino,
com impressões abundantes de folhas de vegetais (2,50 m).
9- Grés mais ou menos grosseiro, com cimento calcário, com
pequenos seixos, amarelado escuro. Contém moldes de
Cerithium sp. e Turritella sp., valvas de Gryphaea aginensis
TOURN., num sepósito de forma lenticular, tendo na parte
superior um estrato com fragmentos de carapaças de quelónios,
ossos soltos e coprólitos (2 m).
1O -Argila anegrada e acastanhada com Ostrea granensis, Chlamys
tournali de variedade pequena e outros fósseis , sendo em pa.rte
exclusivamente constituída por restos de vegetais, com aspecto
de lignito terroso, contendo também veios de gesso cristalizado
(1,50 m) .
11 - Argila azulada com manchas acastanhadas.
12- Marga amarelada com moldes de Turritela sp., Cerithium sp. e
alguns bivalves, bem como nódulos argilosos (0,50 m).
13 -Argila calcarífera, esverdeada, com abundantes grãos calcários
de formas irregulares (1 m) .
14- Marga amarelada com nódulos argilosos (0,50 m).
15- Argila azulada, igual à da camada 11 (3,50 m).

"Quarta zona da assentada"


16- Calcário gresoso com Chlamys tournali M. de SERRES, Pyrula
/ainei BAST., Terebra sp. , Voluta rarispina LAM., Turritella
bicarinata EICHW., T. terebralis LAM. , Avicula pha/aenacea
LAM. Arca sp., Cardium discrepans BAST., Cardita sp., Venus
multilamella LAM., V. dujardini DESH ., Cytherea sp., Tapes
vetula BAST. e diversos polipeiros (1 ,20 m).
17- Marga amarelada com muitas impressões de bivalves (0,40 m).
18 - Marga amarelo-alaranjada fossilífera com Te/fina, Cardium, Arca,
etc. (0,40 m).
19 -Calcário igual ao da camada 16, mas de cor mais clara. Contém
abundantes moldes de Turritella cathedralis, T. terebralis, T.
turris, grandes Cerithium do grupo de C. lignitarum, Pyrula lainei
(2 variedades), Calyptraea chinensis, Lutraria sp., Venus sp.,
Chlamys tournali, etc. (0,80 m 1 m).

52
20 -Argila cinzenta com grandes exemplares de Gryphaea aginensis
e fragmentos de carapaças de quelónios (1 ,50 m).
21 - Marga compacta com moldes de Turritella e Ostrea granensis
(0,50 m).
22- Argila cinzenta (1 m) .
23- Marga amarelada com Ostrea granensis (0,70 m).
24- Argila esverdeada com restos de vegetais fósseis (0,80 m).
25- Marga avermelhada, escura ou acastanhada (0,70 m).
26- Argila escura com Gryphaea aginensis (1 m).
Mais em cima, situam-se as areolas da assentada M\ (Aquitaniano
superior e Burdigaliano). Segundo COTTER (1956} e conforme as infor-
mações que lhe foram dadas por um encarregado da barreira, num poço
que acabava de ser aberto observou-se a sobreposição directa das argi-
las sobre o "Complexo vulcânico de Lisboa" . No entanto, segundo
CHOFFAT (1950), num barranco situado a juzante da fábrica de telhas e
tijolos, via-se o basalto coberto por uma camada de seixos com O, 1O m
de diâmetro, com Gryphaea aginensis. O pendor das camadas era de
cerca de 3. 2 para Sul.
Entre Cruz Quebrada e Caxias (Alto da Boa Viagem) CHOFFAT
(1950) cita a seguinte sucessão:
1 -Complexo basáltico, cuja parte superior é constituída por lentícu-
las de tufo, mergulhadas num calcário branco.
2- Margas brancas com pequenas ostras (0,30 m).
3- Calcário gresoso, fossilífero.
Na estrada de Boa Viagem para Queijas , a parte inferior do
Aquitaniano apresenta intercalações lenticulares de seixos.
A 1500 m a W de Boa Viagem, a juzante de Laveiras, no vale da
ribeira de Barcarena, o "Complexo vulcânico" está coberto por uma ban-
cada de calcário branco com níveis mais argilosos e outros calcários
mais rijos, em placas ou rins, com raros grãos de quartzo. Os calcários
formam um abrupto de 3-4 m; na beira da estrada, a juzante de Laveiras,
existe um conglomerado assentando directamente sobre o "Complexo
vulcânico".
O calcário relativamente compacto torna-se menos consistente e car-
rega-se de numerosos seixos, sobretudo calcários e de blocos podendo
atingir 0,30 m de diâmetro. Aos 5-6 m da base situa-se um nível com
Gryphaea aginensis.
Nas áreas de Terrugem e de Paço de Arcos, em frente da estação do
caminho de ferro, o "Complexo vulcânico" está coberto por uma marga

53
muito calcária, com espessura de 4 m e com algumas inclusões de
basalto muito alterado. Mais acima, outro nível margoso esbranquiçado,
mostra de outro lado da estação, além de calhaus rolados, a presença
de fragmentos de Gryphaea aginensis de formato médio.
Num corte mais completo citado por CHOFFAT (op. cit.), observa-se
a E da estação, entre a linha férrea e a parte superior do alto vizinho:
a) Na parte ocidental da trincheira da linha férrea, o basalto está coberto
por uma marga branca, ao passo que na parte oriental esta marga passa
lateralmente a um nível lenticular de seixos com 5 m de espessura.
b) Depois de uma interrupção devida a uma zona cultivada, observa-se
alternância de margas muito calcárias e de margas esbranquiça-
das e amareladas com concreções calcárias e com intercalação de
uma bancada de calcário branco margoso compacto. O conjunto
contém ostras, bem como alguns seixos perfurados por moluscos
litófagos. A proporção de argila é variável. Alguns níveis contêm
muitas ostras. , bem como seixos perfurados. O conjunto tem cerca
de 60 m de espessura.
Em frente do Casal da Portela e da Quinta dos Castelos, observam-
se abundantes cascalheiras contendo alguns seixos perfurados por
moluscos litófagos.
No barranco entre esta Quinta e a Fonte de Maio observa-se uma
parede vertical com 3 m de altura constituída por calcário branco, com
aspecto de cré, em parte apinhoado, com aparência paleogénica.
Entre os vales de Paço de Arcos e de Oeiras (Ribeira da Lage}, no
alto situado a 500 m a W da Fonte de Maio, tal como em Laveiras, em
cima do basalto observa-se um calcário com aspecto de cré, coberto por
estratos com seixos rolados, dos quais alguns com cerca de 0,25 m de
diâmetro, na maioria constituídos por rochas sedimentares e alguns por
rochas eruptivas.
A cerca de 200 m a NW, os conglomerados assentam directamente
sobre o basalto e contêm numerosas valvas de Ostrea granensis e de
Gryphaea aginensis de pequeno tamanho.
A W de Paço de Arcos, o Aquitaniano não foi evidenciado por COTIER
nem por CHOFFAT.

M111 - "Areolas de Estefânea"


Consideradas do Arquitaniano superior, os seus afloramentos esten-
dem-se na área de Oeiras entre S. Julião da Barra, Oeiras, Cacilhas,
Vila Fria, Sassueiros e Carcavelos.
Mais a E, um afloramento de extensão reduzida conservou-se no alto
de Santa Catarina, junto de Dafundo, onde HAGUENAUER (1973} en-

54
controu uma microfauna comportando foraminíferos planctónicos
Globígerína sp., acompanhados por outros bentónicos, tais como
Operculína sp., Amphístegína sp., Asterígerina planorbis, Cibicides
boueanus, Miogypsina globulina, etc.
A fauna de Miogipsinas, encontrada no Alto de Santa Catarina, indica
idade burdigaliana. Como litofácies, trata-se de um calcarenito amarelo-
ocre com fina estratificação oblíqua. A base dos folhetos é constituída
por Miogypsinas globulosas. A parte superior contém fragmentos alon-
gados de conchas e apresenta uma alteração pulverulenta.
Outros foraminíferos associados são as Operculinas, Asterigerinas,
Cibicides e Anfisteginas. Notam-se, também, fragmentos de bivalves,
gasterópodes e ostracodes em número limitado. Os briozoários aparecem
em fragmentos .
Na área de Cacilhas, a N de Oeiras, o "Complexo vulcânico" está
coberto por 3 m de margas avermelhadas. Mais acima, o horizonte das
"Areolas de Estefânea" é constituído (CHOFFAT, 1950) por uma camada
de seixos (rochas do Jurássico, Cretácico, etc) mergulhados numa pasta
terrosa. A camada de seixos está coberta por areias mais ou menos
argilosas contendo na parte superior um segundo nível de seixos mais
pequenos que os da base. Espessura total da ordem dos 15 m.
Num outro corte, mais descoberto, citado por CHOFFAT (1950) a 280 m
a Sul de Cacilhas, a sucessão é a seguinte, de baixo para cima:
1 - Marga esverdeada com grandes grãos de quartzo e concreções
grumelosas de calcário esbranquiçado, semelhante às das "Ca-
madas de Benfica". Espessura da ordem dos 5 m.
2- Por baixo do Banco Real, alternância de grés finos com cimento
calcário, fossilíferos, mais ou menos compactos e de bancadas
de margas com aspecto de cré. Uma camada de areia aglutinada
por calcário contém polipeiros e outras três contêm seixos rola-
dos e valvas de Gryphaea aginensís. A mais inferior tem cerca de
4 m. A espessura total atinge cerca de 15 m.
O corte do Casal do Marquês, na vertente ocidental do vale de Oeiras
apresenta a seguinte sucessão (CHOFFAT, 1950), de baixo para cima:
1 -Basalto.
2- Calcário concrecionado, em parte muito compacto e em parte
margoso, branco ou rosado.
3- Terra rosada com inclusões de basaltos alterados (cerca de 3m).
4- Calcário tufáceo branco, de textura irregular com partes compac-
tas, rosadas.
5- Cascalheira argilosa com seixos de calcário e de quartzito (15 m).

55
6- Calcário gresoso amarelado com laivos esbranquiçados na base.
Na parte central uma camada com cerca de 1 ,50 m contém
numerosos seixos de calcário e de basalto e também valvas de
ostras. Espessura total de 8 m.
7 - Duas camadas de seixos rolados numa pasta de calcário greso-
so, contêm abundantes seixos perfurados por moluscos Jitófagos
e de valvas de Gryphaea aginensis. Alguns seixos atingem cerca
de 25 cm de diâmetro. Espessura total 2m.
8- Por baixo do "Banco Real", calcário mais ou menos pulvurulento.
Nos detritos observam-se polipeiros análogos aos que se encon-
tram a S de Cacilhas.
As camadas 2 a 4, com 1O m de espessura, têm uma fácies semelhante
à da "Formação de Benfica". Em resumo e de baixo para cima observam-se:
a) Calcários, podendo pertencer à "Formação de Benfica" (1 O m).
b) Cascalheira de posição incerta (15m).
c) Calcários margosos com numerosos seixos e valvas de ostras e
cujos estratos superiores com polipeiros parecem corresponder a
assentada superior do horizonte das "Areolas de Estefânia".
Na área de Sassoeiros a sucessão observada é a seguinte de baixo
para cima:
1 - Terreno coberto (5-6 m).
2 - Margas cinzentas e amarelas com concreções calcárias.
3 - Calcários margosos e gresosos com abundantes seixos calcários
de natureza diversas.
4- Margas com concreções calcárias, apinhoadas (1 ,50 m).
5 - Saibro grosseiro com seixos rolados perfurados por moluscos litó-
fagos, seixos de basalto e valvas de ostras. Espessura 2 m.
6- Por baixo do Banco Real, saibro grosseiro, amarelo com laivos
esbranquiçados .
A 150 m a W da estação de Carcavelos, na trincheira da linha férrea, ob-
servam-se margas com seixos e laivos esbranquiçados cobertas por cas-
calheiras argilosas contendo grandes blocos de conglomerados quartzosos.

Burdigaliano Inferior
M2 ,n - "Calcários de Entre-Campos (Banco Real)"
Aflora a N da Foz do Tejo, nas áreas de Oeiras e de Alapraia, onde está
representado por molassos e por calcários amarelos com Pycnodonta
squarrosa, passando a uma lumachela de conchas partidas, polipeiros, etc.

56
Na área de Cacilhas, trata-se de bancadas resistentes formando o
planalto sobre o qual assenta a povoação.
A Sul de Cacilhas é constituído, por calcários amarelados com Pycno-
donta squarrosa, e outros bivalves, formando lumachelas.
No vale de Carcavelos, a povoação de Sassoeiros assenta sobre o
"Banco Real", constituído por calcário com Pycnodonta squarrosa, Gryphaea
gryphoides e polipeiros.
As megassequências positivas aquitano-burdigalianas da praia de
Carcavelos foram descritas na tese de doutoramento de HAGUENAUER
(1973).
O Miocénico, com cerca de 25 m de espessura, assenta em discor-
dância sobre o "Belasiano". Episódios de sedimentação grosseira, cons-
tituídos por lentículas de cascalheiras e de areias tipicamente fluviais , re-
cortam os depósitos. Nesta conjunto, uma das intercalações, constituída
por um conglomerado com seixos de grande tamanho, ravina os recifes
com ostras. Corresponde a uma incursão fluvial. É seguida por um depó-
sito de silte com fauna salobra e numerosas cavidades de tipo
ofiomórfico.
Depósitos de conglomerados e de areias assentam sobre este silte por
intermédio de uma superfície ondulada.
A microfauna mostra mistura de formas marinhas litorais e de orga-
nismos salobros.
Sucedem a estas formações outras menos espessas, cuja microfauna
e a sedimentação evocam condições mediolitorais, seguidas por outras
infralitorais cada vez mais nítidas, com recifes de polipeiros.
Em resumo, a evolução das faunas mostra passagem das camadas
salobras para outras responsáveis da mistura dos elementos marinhos e
salobros, seguidas por camadas marinhas litorais e depois, infralitorais.
Na base, observa-se um meio salobro de fraca energia, com incursão
fluvial acidental de alta energia, seguida por ambiente litoral de muita
energia na base passando progressivamente a um domínio infralitoral de
energia moderada. As sequências inferiores são ravinadas.
O Burdigaliano de Carcavelos apresenta dois conjuntos: um, inferior,
constituído por biocalcarenitos grosseiros e um superior, mais espesso,
constituído por calcisiltito finamente estratificado horizontalmente. O mate-
rial carbonatado é biodetrítico e bioclástico, com fragmentos de bivalves,
gasterópodes, equinodermes e foraminíferos benticos. A fauna é marinha
de tipo litoral.
O estudo das Miogipsinas colhidas no corte da praia de Carcavelos
(CARALP & HAGHUENAEUR, 1969) mostrou 4 conjuntos faunísticos
correspondentes a 4 unidades sedimentológicas sucessivas:
Camadas 1 a 7 - Primeiro conjunto com Miogypsionoides mauretanicus, M.
borodinensis, M. bantamensis, M. dehaarti, Miogypsina basrensis, M. gunteri.

57
Camadas 8 a 9 - Segundo conjunto com Miogypsinoides dehaarti, M.
mauretanicus (raras), Miogypsina globulina.
Camadas 10 a 17- Terceiro conjunto com Miogypsina globulina (muito
abundante, M. mediterranea (rara).
Camadas 18 a 23 - Quatro conjunto com Miogypsina mediterranea abun-
dante e representada por indivíduos pertencentes ao tipo indonesiensis.
Além das Miogypsinas acima referidas, HAGUENAEUR citou no corte
da praia de Carcavelos os seguintes foraminíferos :
Camada 3 - Algumas espécies litorais tais como Cibicides boueanus (fre-
quente) Discorbis mira, Ammonia gr. beccarií raros, Nonion dollfusi muito raro.
Camadas 3c-d-4• - Amphistegina lessoni, Nonion dollfusi raros.
Camada 4b - Ammonia gr. beccarií muito frequente, Amphistegina
lessoní frequente, Nonion boueanum, Elphidium macei/um, Asterigerina
planorbis frequente, Cibícides cf. ungeríanus, C. boueanus, Rota/ia gr.
armata, Discorbis mira raros.
Camada s• a a• - Mesmas espécies que 4b com abundantes Opercu-
lina no 6" e raros Nonion dollfusi.
Camadas 8b-8c - Mesmo tipo de fauna com algumas Textularía, Spiro-
plectammina deperdita, Bolivina, etc.
Camadas 8f a 9b- Empobrecimento nítido em espécies. Há que citar
no entanto Cibicides cf. ungerianus e Rota/ia gr. armata.
Camadas 9c a 1o• - Praticamente estéril.
Camadas 1Ob a 1Oc - Espécies litorais: Elphidium macei/um, Asteri-
gerina planorbis, Ammonia gr. beccarií, Cibicides cf. ungerianus.
Camadas 11• a 12• - Muito pobres.
Camadas 12b a 15• - Cibicides cf. ungerianus, Rota/ia gr. armata,
Nonion boueanum, Amphistegina lessoni, Operculina, Robu/us (raro),
Miliolidae (alguns indivíduos).
Camadas 15b a 18" - microfauna rara.
Camada 18b- Rica e interessante devido ao aparecimento de espé-
cies infralitorais: Robulus sp., Cancris, Spiroplectammina carinata, Pyrgo
sp., acrescentando-se a base comum citada no 4b, 1O ou 12b.
A partir da camada 19a verifica-se o empobrecimento e desapareci-
mento destas espécies infralitorais e de outras.
O afloramento miocénico mais ocidental forma um pequeno planalto
com 400 m de diâmetro e suportando a povoação de Alapraia onde, de
baixo para cima, se observa a seguinte sucessão:
1- Cascalheira com concreções calcárias brancas ou amareladas (3m).
2 - Cascalheira numa praia argilosa, amarela, arenosa, mais ou menos
consistente, com valvas de Gryphaea aginensis e alguns polipei-
ros (5 m).
3- Calcário fossilífero, amarelado, formando lumachela (3 m).

58
Burdigaliano Superior
Mt. - "Calcários e areias de Musgueira e Casal Vistoso"
Afloram na margem sul do Tejo em frente de Dafundo, ao longo das arribas
que se estendem entre Trataria e Costa de Caparica, prolongando-se
para E na folha vizinha de Lisboa.

Langhiano
Aflora também na margem sul do Tejo, ao longo das arribas entre
Trataria e Costa da Caparica onde está representado de baixo para cima
pelos seguintes níveis:
M3vb - "Areias do Vale de Cheias "
M 3vc - "Calcários da Quinta das Conchas com Anomia choffati"
O pendor das camadas é pequeno, inclinando para SSE. A espes-
sura das camadas diminui progressivamente de N para S.

Serrava lia no
M 3v1. - "Argilas de Xabregas"
Estas afloram também na margem sul do Tejo, ocupando a parte su-
perior das arribas onde se sobrepõem às camadas acima referidas.

Plistocénico
Está representado por vestígios de antigas praias e também por dunas
consolidadas.
Q - Areias e cascalheiras de praias antigas

Antigas praias de 60 m (Siciliano 11)


Estendem-se entre a povoação de Areias, o hipódromo de Marinha e
o farol de Guia. Trata-se de depósitos de areias, às vezes misturadas de
argila cinzentas ou avermelhadas e, também, com terra rossa e siltes.
As areias provêm da desagregação das formações arenosas do Cretácico
Inferior sobre as quais elas assentam. Contêm seixos, com patinas acas-
tanhadas ou avermelhadas, com indícios frequentes de acções eólicas.
Antigamente os depósitos tinham maior extensão, o que está com-
provado pela presença de. seixos dispersos na superfície do Cretácico
até as proximidades de Birre e do v. g. Selão. Alguns restos de aflora-
mentos subsistem nas partes elevadas.
Instrumentos paleolíticos foram encontrados na superfície ou ainda
in situ nos depósitos consolidados provenientes do antigo nível de praia:

59
seixos trabalhados de tipo "pebble cultura" do Acheulense com forte
patina eólica, instrumentos tayaco-mustierenses com patina fraca e
instrumentos pós-paleolíticos (ZBYSZEWSKI & FRANÇA, 1948).

Antigas praias de 30 m (Tirreniano I)


Correspondem a estreita plataforma que aparece a N do Fortim do
Guincho e se prolonga para sul alargando um pouco até ao Cabo Raso.
A plataforma tirreniana, fapiazada, observa-se também entre Boca do
Inferno e Cascais. Mais para E, a plataforma foi observada entre Cascais,
S. Pedro do Estoril, S. Julião da Barra e Santo Amaro de Oeiras.
Num barranco a N do forte do Guincho observa-se a seguinte sucessão,
de baixo para cima:
1 - Cascalheiras.
2 - Areias rosadas.
3 - Siltes avermelhados com aspecto de terra rossa.
4 - Dunas modernas.
Nalguns pontos, um segundo nível conglomerático ravina os siftes
avermelhados, sobretudo ao pé das alturas que constituem o antigo lito-
ral tirreniano. Trata-se, neste caso, de depósitos de solifluxão às vezes
com cerâmicas neolíticas e romanas.
Um pouco a E do Fortim do Guincho a série é a seguinte, de baixo
para cima:
1 - na base do corte: seixos e vestígios de cozinha pré-histórica com
material do Acheulense antigo rolado. Sobem bastante para o
interior.
2- Areias com material do Acheulo-Tayacense
3 - Silte avermelhado com fácies de terra rossa, com indústrias mus-
tiero-languedocenses in situ
4 - Na superfície da terra vermelha, seixos transportados e conchas
(vestígios de cozinha pré-histórica).
5- Nível com material do Paleolítico superior e Mesolítico.
6 - Dunas modernas.
A Sul da ribeira da Foz, que desagua na praia do Guincho, a platafor-
ma tirreniana situa-se entre 16 e 30 m de altitude, subindo para E para
baixo das dunas.
Na parte superior das arribas litorais observam-se vestígios de cas-
calheiras intercaladas numa terra argilosa avermelhada aos 16 m acima
do nível do mar. Contêm calhaus perfurados por moluscos litófagos e
algumas peças trabalhadas do Acheulo-Languedocense.

60
Mais a Sul, FLEURY observou algumas Patellas in-situ nos preenchi-
mentos das cavidades do lapiás.
Junto do farol da Guia, na parte superior das arribas, observam-se
vestígios de areias rosadas com pequenos seixos, cobertos por siltes
avermelhados com aspecto de terra rossa e com pequenos Helix e
preenchendo as ravinas e cavidades do substracto.
No lapiás acima da Boca do Inferno, encontram-se vestígios de areias
avermelhadas fortemente consolidadas por cimento calcário.
Na Ponta da Rana, siltes avermelhados cobrem vestígios de antigas
praias com calhaus perfurados por moluscos litófagos.

Antigas praias de 15m (Tirreniano 11)


Estão representados pelos depósitos de praia do Fortim do Guincho,
do Forte da Galé e de S. Julião da Barra.
No barranco que passa imediatamente a N do forte do Guincho ob-
serva-se grande enchimento de seixos pouco rolados e de blocos angu-
losos. Parece tratar-se de mistura de depósitos de praia e de dejecções
torrenciais do último interglacial (?).
O depósito está profundamente ravinado.
O depósito de S. Julião da Barra, junto da fortaleza, apresenta as
seguintes camadas, de baixo para cima:
1 - Areias finas, argilosas, esverdeadas.
2 - Areias avermelhadas.
3- Areias grosseiras e cascalheiras com numerosos seixos de basalto.
Duas lascas acheulenses foram encontradas in situ nas cascalheiras
da camada 3.

Antigas praias de 4-6 m


Junto da saída da ribeira da Foz para a praia do Guincho, existe um
nível baixo de cascalheira e de terra avermelhada que se situa a uma
cota visinha dos 6 m e está coberto por areias de praias e de dunas
actuais. Contém indústrias acheulenses e mustierenses derivadas de
níveis mais altos.
Na Boca do Inferno, na pequena rechã situada a 3-4 m acima do
nível do mar existe um nível de seixos fortemente cimentados, com algu-
mas conchas, onde foi colhido um seixo trabalhado.
Nas praias tirrenianas do Guincho foram encontradas indústrias do
Acheulense antigo de estilo lusitano: Instrumentos acheulo-tayacenses
com patina eólica, indústrias mustiero-languedocenses e alguns instru-
mentos do Paleolítico superior e médio.

61
Além dos níveis de praias citadas, foram observados em diversos
pontos, de cota muito mais alta, seixos rolados dispersos às vezes com
maior concentração, mostrando terem existido níveis de praias sicilianas
e mesmo calabrianas.

de - Dunas consolidadas
Constituem pequenos afloramentos situados a W de Cascais. O
principal é a duna consolidada de Oitavos, formando um cabeço dissi-
métrico, mais inclinado para E. Numa saibreira do seu flanco leste, a
duna consolidada contém abundantes conchas de Helix e observa-se a
sua estratificação oblíqua. Outro retalho de duna consolidada situa-se
mais a E, junto de Casa Branca.

Holocénico
As formações modernas correspondem a areias de praia, areias de
dunas, dunas e aluviões.

ad - Areias de dunas
Com esta designação foram marcadas no mapa as areias que se
desenvolvem ao longo da estrada de Trataria para a Costa de Caparica,
onde têm por limite a W as dunas modernas e a E a "arriba fóssil" do
Miocénico.

d- Dunas
Desenvolvem-se em duas áreas situadas, uma a W de Cascais entre
o farol de Guia e a praia do Guincho e outra a Sul do Tejo, entre a antiga
fábrica de dinamite situada a W de Trataria, Costa de Caparica e a res-
tinga a E do farol do Bugio.

A - Areias de praia
Observam-se, sobretudo, na maré baixa em volta do farol do Bugio, a
Sul do Tejo e prolongam-se para E até ao limite oriental do mapa, em
direcção da Trataria. As areias de praia são menos desenvolvidas na
margem norte do Tejo, onde se podem observar em Cruz Quebrada,
Caxias, Santo Amaro de Oeiras, Carcavelos, Estoril e Cascais.

a- Aluviões
Observam-se na maior parte dos vales que vêm desembocar na mar-
gem norte do Tejo e no litoral entre Carcavelos, Estoril, Cascais e praia
do Guincho.

62
III - TECTÓNICA*

1. GENERALIDADES
O sector coberto pela folha 34-C (Cascais) abrange 2 grandes unida-
des estruturais:
a) Complexo anelar subvulcânico de Sintra.
b) Região tabular de Lisboa.
O conjunto está recortado por um sistema de falhas e filões que,
como veremos, estão geneticamente associados.
De características petrográficas distintas, o Maciço de Sintra e o
Complexo Vulcânico de Lisboa estão, no entanto, associados no tempo,
decorrendo no intervalo 100-70 MA (Cretácico Superior-Eocénico
Inferior), no qual se situa o último dos quatro episódios de actividade
magmática identificáveis no Mesozóico português (RIBEIRO et ai.,
1979).
O Maciço de Sintra é normalmente associado, na literatura geológica,
aos Maciços de Sines e Monchique, dadas as suas afinidades petrográfi-
cas e estruturais. A sua instalação parece exibir uma tendência que
poderia ser generalizada no fosso lusitânico: migração das idades
magmáticas para Sul, em cada episódio.
O Maciço de Sintra situa-se sobre um desligamento direito NNW-SSE
que se prolonga provavelmente pela margem continental, tanto a SE (na
montanha submarina a Sul de Faro) como a NW (na montanha de Vigo),
e no alinhamento do qual se encontram os complexos anelares subvul-
cânicos de Sines e Monchique; este desligamento teria, pois, uma
extensão mínima de 21 O km .
Alongado segundo uma direcção E-W e recortado por desligamentos
esquerdos NE-SW, a sua forma pode ser explicada pela existência de
uma componente de cisalhamento mais intensa segundo o desligamento
dextro principal (NNW-SSE); a intersecção das duas direcções conjuga-
das pode explicar a sua localização.

2. COMPLEXO ANELAR SUBVULCÂNICO DE SINTRA


No Maciço de Sintra a deformação do encaixante associada ao
mecanismo de intrusão é considerável: formou-se um doma com o flan-
co norte invertido, rodeado por um sinclinal anelar, muito bem definido a
Sul e a Leste e menos nítido a Norte.

*Por C. COSTA e M. C. KULLBERG

63
Na área coberta pela folha 34-C (Cascais) este sinclinal, designado
por sinclinal de Alcabideche, separa o flanco sul do doma de Sintra,
com camadas progressivamente mais inclinadas à medida que nos
aproximamos do maciço, da região tabular que se desenvolve a S e SE.
Na auréola termometamórfica da intrusão, um gradiente térmico ele-
vado provoca um gradiente de deformação igualmente bastante eleva-
do: passa-se, em 500 metros, de um nível estrutural superior, com defor-
mação frágil, a um nível inferior, com xistosidade bem desenvolvida nos
calcoxistos e conglomerados do Malm. Nesta formação , as bancadas de
material incompetente (margas sobretudo) apresentam dobras com eixos
de atitudes variáveis mas indicando, no flanco sul, vergência para Norte.
Na faixa descontínua e melhor representada no flanco sul de cornea-
nas calco-silicatadas, esta xistosidade foi apagada por recristalização
post-tectónica.
Observam-se numerosos desligamentos direitos (no flanco norte, a
Leste e sobretudo no flanco sul) de orientação NW-SE, alguns deles
recortando o contacto sul do maciço (a Leste da Ponta da Abelheira, e
região entre a Quinta de Vale de Cavalos e Quinta da Penha Longa),
que regista nesta fase comportamento frágil. Muitos destes ligamentos
retomam falhas e/ou diaclases pré-existentes.
A estratificação no encaixante contorna o maciço, com inversão das
camadas no flanco norte, como foi referido. Esta inversão é acompanhada
por cavalgamento do Maciço de Sintra sobre as camadas do flanco
norte, ao longo de uma direcção aproximadamente E-W. Este cavalga-
mento é devido, pelo menos em parte, a uma fase de deformação pós-
intrusiva, visto que depósitos datados por CHOFFAT (1883-87) do Oligo-
cénico e alimentados pela erosão do maciço, se encontram também
afectados por ele. Este facto sugere que se trata de um acidente con-
temporâneo da compressão bética que originou a Cadeia da Arrábida.
No prolongamento deste cavalgamento, na extremidade leste do ma-
ciço, a passagem de um domínio, a Sul, com estratificações normais
aproximadamente N-S, inclinando para o exterior do maciço, a um domí-
nio (a Norte) com estratificações invertidas, de direcção aproximada E-W,
faz-se gradualmente na zona externa do sinclinal anelar com passagem
lateral, para W, a um acidente cavalgante de direcção E-W, com forte
componente rotacional de desligamento esquerdo, nas proximidades do
maciço. Junto ao contacto (maciço/encaixante) este acidente é recortado
por um desligamento direito NW-SE.

....*
O cortejo filoniano especialmente associado ao maciço está condicio-
nado pelo mesmo campo de tensões que presidiu ao processo de intru-

64
são do dito maciço. Uma análise detalhada dos aspectos estruturais des-
tes mesmos filões permite, então, a reconstituição do campo de tensões.
Na bordadura do maciço é possível distinguir dois complexos distin-
tos na composição petrográfica e no modo de jazida, e que podem ser
associados a outras tantas fases de intrusão.
O primeiro, anterior à intrusão do Maciço de Sintra, é formado por um
conjunto de filões camada de composição básica, com terminações lenti-
culares e atingindo espessuras da ordem das duas dezenas de metros.
Ocupam uma vasta área a E e SE do maciço (região do Linhó e Penha
Longa) e exibem todos os efeitos da deformação provocada no encai-
xante pela intrusão do maciço.
O segundo complexo filoniano , contemporâneo e/ou imediatamente
posterior à última fase de intrusão é constituído por diques radiais e
filões do tipo "cone-sheet", de composição felsítica . Ocorrem a Norte e,
fundamentalmente , no flanco sul do maciço na região a Leste da Ponta
da Abelheiro, Arneiro, Alto do Mato e Quinta de Vale de Cavalos.

3. REGIÃO TABULAR DE LISBOA


A região tabular a S e SE do Maciço de Sintra corresponde a um
monoclinal com inclinações muito suaves para E, acidentado por
algumas ondulações de 2ª. ordem também muito suaves e recortado por
um sistema de falhas de direcção NW-SE, predominante, e NE-SW.
Sobretudo no sector ocidental evidencia-se a existência de um
cortejo de filões que foram objecto de um estudo detalhado que
passamos a referir.

3.1 Sector ocidental (a W do meridiano de Carcavelos)


Distingue-se um conjunto de famílias de fracturas cronológicamente
distintas:
1.ª Família
Está localizada exclusivamente num sector de cerca de 2,5 kms que
se estende entre a praia de Carcavelos e a praia das Avencas (Parede).
As fracturas estão orientadas nas direcções N 102 E a N 30 2 E, são
subverticais e apresentam-se preenchidas, na sua quase totalidade, por
diques de rochas básicas, não evidenciando indícios de movimentação
aquando da sua abertura.
A instalação dos diques nestas fracturas verificou-se logo após a aber-
tura daquelas, embora em alguns casos sejam precedidos por diques de
grés, provavelmente alimentados pelas formações do Aptiano-Aibiano
por liquefacção e ascenção destas.

65
Estes filões são posteriormente afectados e deformados, de que são
evidências principais:
1 - A remobilização de quase todas as fracturas desta primeira família
na fase tectónica seguinte, passando a constituir desligamentos
esquerdos afectando os filões e os diques de areia;
2- A deformação da estrutura interna dos filões, de que constituem
dois exemplos:
• Rotação das fibras no filão do forte do Areeiro (Oeiras);
• Deformação de fibras no filão da Cruz;
deformações estas compreendidas num estádio tectónico posterior;
3 - Esmagamento e rejogo por movimentos de componente vertical
dominante.

2.ª Família
Uma segunda família de fracturas apresenta movimento estando
associadas por um sistema de tensões coerente.
Dispondo-se ao longo de toda a região a Oeste da Parede, são parti-
cularmente evidentes nos sectores:

Desligamento direito da praia das Avencas


É um importante acidente orientado N 262 W, 75 2W preenchido por
filão básico que, em alguns troços, alinha em fracturas de tracção com a
direcção média N 202 E.

Desligamento direito da Baforeira (S. Pedro do Estoril)


Onde se instala um filão, também orientado nalguns troços em fractu-
ras abertas por tracção (N 182 E, subverticais) . O desligamento segue
orientação N 262 W, subvertical.

Compartimento da Ponta do Sal (S. Pedro do Estoril)


Contém uma série de desligamentos direitos orientados N 30 2 W,
subverticais. Associados a estes desligamentos abrem-se desligamentos
tipo Riedel com movimento direito N 15ºW.

Compartimento de S. Julião da Barra (Oeiras)


Evidencia desligamentos direitos com uma direcção algo dispersa,
podendo admitir-se um valor médio de N 35 2W.

Compartimento da praia da Rainha (Cascais)


Neste sector o desligamento direito está oculto no areal. Observa-se
Riedel direito no canto oriental da praia com altitude N 152 W, 80 2 E. Um

66
desligamento esquerdo, conjugado do desligamento principal (oculto) ,
está presente no canto ocidental da praia com altitude N 20ºE, 80ºW.

Desligamento direito da Guia (Cascais)


O desligamento direito da Guia e outras falhas associadas consti-
tuem o compartimento mais importante. O desligamento principal desen-
volve-se num plano contínuo com atitude N 34°W, 85°E, observável numa
extensão de mais de 50 metros de comprimento por cerca de 1O metros
de altura. É recortado por Riedel direito e Riedel conjugado, respectiva-
mente N 16°W e N 10°E, subverticais. Reconhece-se , também, um
plano de desligamento com movimento esquerdo orientado N 30°E,
65°E e vários outros desligamentos paralelos àqueles se desenvolvem
na região , a Leste e a Oeste, nomeadamente na Pedra do Salto e na
Furna do Cavalo.
O campo filoniano Oeiras - Cabo Raso encontra, nas direcções defi-
nidas para a Segunda família de fracturas , a trama fundamental para a
sua instalação.
É assim que numerosos filões se observam com grande regularidade
em toda a linha litoral , na sua grande maioria de orientação próxima dos
N 30°W, ou seja, subparalela à do grande desligamento dextro da Guia.
Estes filões são, em todos os casos, posteriores à segunda família de
fracturas. No entanto, a sua instalação pode não se ter dado numa única fase.
A primeira e segunda família de fracturas aparecem constantemente
remobilizadas por movimentos de componente vertical dominante: produ-
zem-se assim falhas normais como já foi indicado a propósito da deforma-
ção dos filões, e que se encontram testemunhados por exemplo no compar-
timento de S. Julião da Barra assim como na Pedra do Salto (Cabo Raso).

3.!! Família
Um outro sistema de falhas , de ocorrência não tão significativa (por
mais dispersa no espaço), caracteriza-se pela ausência de filões - são,
portanto, pós-instalação do campo filoniano . São exemplo disso:
Os desligamentos que ocorrem na Ponta do Sal, com movimentação
direita para N 55°W e esquerda para N 5°E;
O desligamento esquerdo, com componente cavalgante, na Praia das
Avencas, com atitude N 40°E, 70°W que evidencia nítida sobreposição
em estruturas de famílias anteriores.

Dobras e Monoclinais
A estratificação apresenta-se sub-horizontal embora denuncie leves pen-
dores opostos em cada uma das metades leste e oeste da região litoral com
charneira na praia da Ribeira (Cascais), mergulhando ligeiramente para SE.

67
No compartimento da Ponta do Sal observa-se uma estrutura em an-
ticlinal de grande raio de curvatura, com eixo horizontal WNW-ESE.
Na área compreendida entre as praias da Parede e de Carcavelos,
onde se alojam os filões da primeira geração, observam-se inclinações
fortes de 1Oº a 20º para NE, definindo uma estrutura em monoclinal.
*

Interpretação dinâmica
A interpretação dinâmica destas estruturas permite-nos considerar a
existência de 4 estádios principais de actuação da deformação:
1.º Estádio
A primeira família de fracturas dispõe-se numa estreita faixa que
pode ser interpretada como uma zona de cisalhamento potencial de
movimentação dextral , que produziu um sistema de fracturas de tracção
em "échellon".
2.º Estádio
Na segunda família de fracturas a ruptura expressou-se na forma de
desligamentos com o sistema direito mais desenvolvido e estando mais
patente na área ocidental, com orientação média NNW-SSE.
Com a rotação do campo de tensões e aproveitando a anisotropia
inscrita na estrutura na 1. 2 Estádio, as fracturas da 1.ª Família são, em
parte, remobilizadas neste segundo estádio, passando a constituir desli-
gamentos esquerdos. Estes desligamentos são dominantes na área
oriental , particularmente no monoclinal da Parede.
3. º Estádio
Com o relaxamento das tensões passa-se a uma regime de disten-
são, caracterizado pela produção de falhas normais.
As antigas fracturas são, em parte, remobilizadas por movimentos de
componente vertical dominante.
4.º Estádio
A terceira família de fracturas poderá estar ligada a uma tectónica mais
recente, provavelmente associada à formação da Cadeia da Arrábida.
Os desligamentos pouco frequentes que ocorrem evidenciam uma
rotação no campo de tensões que prosseguiria a rotação sinistrógira que
caracterizara as fases antecedentes.

3.2 Sector oriental (a E do meridiano de Carcavelos)


Neste sector, e de uma forma geral , mantem-se o estilo tectónico
claramente estabelecido no litoral.

68
As falhas que recortam o sector estão orientadas NNW-SSE, NNE-
SSW e algumas N-S.
Os filões associados ao Complexo vulcânico de Lisboa estão aloja-
dos nestas fracturas , evidenciando nalguns casos deformação por efeito
de movimentações posteriores das mesmas fracturas.
O campo de tensões que controla este sistema é o mesmo definido
no sector ocidental - a família de falhas NNW-SSE tem movimentação
dominante do tipo desligamento direito, recortando nalguns casos, filões
alojados em desligamentos esquerdos com direcção próxima de N 20°E
(visível, por exemplo, na pedreira situada a cerca de 400 metros a NW
da Ribeira da Lage).
Encontram-se, também, filões orientados radialmente ao que se pen-
sa constituírem chaminés vulcânicas. É exemplo, o que se observa a W
da povoação do Casal de Freiria. Esta chaminé (?) vulcânica, de forma
grosseiramente circular e constituída por materiais basálticos pouco alte-
rados a sãos, parece constituir, em conjunto com outra semelhante na
forma e composição, situada 1 Km a SSW, um alinhamento correspon-
dente às direcções determinadas para desligamentos com movimenta-
ção sinistrógira.
Idênticos alinhamentos são susceptíveis de serem verificados para
outras estruturas presentes na região.

4. CONCLUSÕES
Os dados da tectónica da área coberta por esta carta geológica
permitem abordar, do ponto de vista estrutural, as relações entre dois
complexos magmáticos: o Maciço de Sintra e o Complexo vulcânico de
Lisboa.
Com efeito:
- O campo de fracturas evidenciado entre Oeiras e Cabo Raso rela-
ciona-se claramente com a instalação do Maciço de Sintra; foi
gerado por um campo de tensões (cr3 próximo de N-S; cr2 vertical ;
61 próximo de E-W) que é o mesmo que controlou aquele maciço,
alongado na direcção E-W e situado no cruzamento de um desliga-
mento principal direito NNW-SSE e desligamentos menores esquer-
dos NNE-SSW;
- Os filões que preenchem o campo de fracturas descrito e que são
os canais alimentadores do Complexo vulcânico de Lisboa, deno-
tam um campo de tensões que é possível relacionar com o respon-
sável pela geração das fracturas atrás citadas (cr3 vertical; cr2
próximo de N-S e cr1 próximo de E-W) mediante uma simples inver-
são entre cr3 e cr2.

69
Assim, no 12 • Estádio da evolução dinâmica das estruturas observa-
das dá-se a intrusão do magma básico que alimentou os níveis mais anti-
gos de vulcanl tos do Complexo vulcânico de Lisboa, ao longo de um
desligamento potencial cogenético com a instalação do Maciço de Sintra.
Segue-se o jogo mais importante no sistema de fracturas responsá-
vel pela instalação deste maciço (2.º Estádio) e posteriormente (3.º Está-
dio) a fase principal de intrusão do magma que alimentou o Complexo
vulcânico de Lisboa.
Os argumentos estruturais apontam, assim , para uma interacção
complexa no ascenso dos magmas geradores dos dois complexos mag-
máticos, com sobreposição parcial no tempo deduzida a partir de interfe-
rência no espaço.

IV- RECURSOS GEOLÓGICOS*

RECURSOS HIDROMINERAIS
• "(ermas do Estoril
O recurso hidromineral do Estoril encontra-se situado na base do
flanco E do anticlinal de Abuxarda-Bicesse, cujo núcleo é constituído por
terrenos do Cretácico Inferior.
As águas termais do Estoril, fortemente mineralizadas e com uma
temperatura da ordem dos 35ºC, estão concessiondas à Sociedade
Estoril Plage, S. A., que explora dois furos designados por Furo N. 2 1 e
Furo N.2 2. De acordo com o plano de exploração aprovado para este
recurso, o caudal máximo disponível é de 18 1/s.
Estas águas apresentam uma mineralização total superior a 5000 mg/1
devido a um enriquecimento anormal em cloretos e sódio. De acordo
com A. Cavaco, Ldª. e Seiffert in A. Cavaco, Ldª. poderá ser consequên-
cia de contaminação do aquífero por água do mar ou pela existência de
uma estrutura diapírica profunda.

RECURSOS GEOTÉRMICOS
Nas instalações dos Serviços Sociais das Forças Armadas, em
Oeiras, foi executado em 1990 um furo com uma profundidade total de
475 m, que capta água a cerca de 30 2 .C no aquífero do Aptiano-Aibiano
(níveis entre os 385m e os 469 m), na bacia de Lisboa. O caudal dispo-
nível é de 6 1/s, sendo utilizadas bombas de calor no aproveitamento
geotérmico.

*Por G. ZBYZEWSKI, J . A. CRUZ e J . MOREIRA (I.G .M.)

70
As maiores reseNas em relação à utilização daquele aquífero como
reservatório geotérmico decorrem da sua complexidade estrutural.
Aqueles níveis, constituídos por arenitos porosos ("Grés de Almargem"),
apresentam boas perspectivas de criação de outras instalações geotér-
micas desenvolvidas para fins semelhantes.

RECURSOS MINERAIS
A Notícia Explicativa da edição de 1981 refere um número apreciável
de explorações de rochas e minerais diversos, mas que actualmente já
não estão activas, como até há alguns anos acontecia com areias, argilas,
ferro, gesso e lenhite e vários tipos de rochas ornamentais e industriais
(mármores, calcários, granitos gabros e basaltos).
Hoje, a actividade extractiva restringe-se aos seguintes materiais geológicos:
Calcários ornamentais
Datados do Hauteriviano-Barremiano inferior, estes calcários, de cor
cinzenta azulada, essencialmente calciclásticos e apresentando man-
chas castanho claras, são explorados em duas pequenas áreas situadas
em Birre e Pampilheira. Estas jazidas, produzindo bloco ornamental,
encontram-se em fase avançada de exploração, sendo reduzidos os
seus recursos ainda exploráveis. O aproveitamento dos desperdícios,
para fabrico de lagedo, constitui uma actividade com interesse económi-
co, embora em escala muito reduzida.
Calcários industriais
As pedreiras implantam-se em formações datadas do Albiano-Ceno-
maniano superior e encontram-se em exploração na área de Trajouce
onde se localiza uma importante ·central de britagem.

HIDROGEOLOGIA*
Hidroclimatologia
A área coberta pela folha 34-C, Cascais, é dominada por pequenas
bacias de dimensões reduzidas em que os seus cursos de água correm de
Norte para Sul, sendo de referir a Leste, a parte final da bacia do rio Jamor.
Para a caracterização climatológica da área da folha 34-C, foram
consultados os dados das estações meteorológicas de Cabo da Roca e
de Oeiras, e o respectivo balanço climatológico da água do solo (método
de Thomthwaite ), publicado em "O Clima de Portugal" (J. Casimiro Mendes
e M. L. Bettencourt - INMG , 1980, e ainda o Atlas Climatológico de
Portugal Continental.

•por M. MORAIS(I.G.M.)

71
Do balanço climatológico de água no solo, calculado pelo método de
Thomthwaite, e considerada uma capacidade de água utilizável de 1OOmm,
e de acordo com os valores constantes das estações metereológicas acima
referidas, o clima do litoral é classificado como semi-árido, 2. 2 mesa-
térmico, com excesso de água no ano nulo, ou pequeno e eficácia térmi-
ca no Verão, pequena. Para o interior, o clima é considerado sub-húmido
seco 2. 2 mesotérmico, com défice moderado no Verão, e eficácia térmica
no Verão nula ou pequena.
No Quadro abaixo indicam-se os valores mensais respeitantes à
estação metereológica de Oeiras com os vários componentes do balan-
ço hídrico mensal da água no solo. Foi considerada uma capacidade de
campo de 1OOmm, esgotada no início, em Outubro.

Estação Meteorológica: Oeiras


Perfodo: 1952-60. Lat.: 38°41 'N ; Long.: 9°19W; Alt.: 40 m. Capacidade de Campo: 100 mm

Mês T (•C) P(mm) ETP(mm) ETR(mm) P-ETP PA AS D(mm) S(mm)

Out 17,9 61 ,0 71 ,1 61,0 -10,1 -469,5 0,9 10,1 0,0

Nov 14,4 60,0 42,0 42,0 18,0 18,0 0,0 0,0

Dez 12,3 101,0 32,8 32,8 68 ,2 86,2 0,0 0,0

Jan 11,2 76,0 29,2 29,2 46,8 100,0 0,0 33,0

Fev 11 ,6 60,0 27,4 27,4 32,6 100,0 0,0 32,6


Mar 12,6 87,0 43,1 43,1 43,9 100,0 0,0 43,9

Abr 14,2 31,0 54,1 54,1 -23,1 -23,1 79,4 0,0 0,0

Mai 16,7 28,0 81 ,3 81 ,3 -53,3 -76,4 46,6 0,0 0,0

Jun 18,7 7,0 95,1 30,7 -88,1 ·164,5 19,3 64 ,4 0,0

Jul 21 ,2 1,0 121 ,8 1,0 -120,8 -285,3 5,8 120,8 0,0

Ago 21 ,0 5,0 112,3 5,0 -107,3 -392,6 2,0 107,3 0,0

Se1 20,3 24,0 90,8 24,0 -66,8 -459,4 1,0 66,8 0,0

ANUAL 16,0 541,0 801,0 431,6 369,4 109,5

P - Precipitação I ETP - Evapotranspiração Potencial I ETR - Evapotranspiração Real I PA - Perda de água


potencial acumulada desde o Inicio do período seco I AS - Agua no solo I D - Défice hldrlco I S - Superavit hfdrlco

Verifica-se um défice de água anual na ordem dos 370mm/ano,


apenas com superavits, cerca de 11 Omm/ano de Janeiro a Março
A precipitação anual é de cerca de 500 mm no litoral, subindo gra-
dualmente para o interior até atingir valores na ordem dos 700 mm.
O período de maior precipitação verifica-se entre os meses de
Novembro a Abril e de menor precipitação de Junho a Setembro.
O número de dias, em cada ano, com precipitação superior ou igual a 1O
mm é de vinte e com precipitação igual ou superior a 1 mm de setenta e cinco.

72
A temperatura média do ar anual é de 16ºC, verificando-se valores
médios mensais mais baixos, cerca de 1OºC de Dezembro a Fevereiro e
de valores mais altos de Julho a Setembro, cerca de 20ºC.

RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS


As captações estudadas pertencentes à folha de Cascais, captam
água de aquíferos em calcários do Jurássico Superior e calcários do
Cretácico, ou ainda em grés calcários ou arenitos do Cretácico Inferior.
Quer as rochas jurássicas, quer as rochas cretácicas representadas
nas cartas, foram afectadas por falhas e intrusão de numerosos filões.
As formações do Jurássico Superior afloram na parte Sul e Sudeste
do Maciço de Sintra, numa série monoclinal, apresentando camadas em
contacto com a rocha eruptiva com uma inclinação máxima de 60º, que
vai decrescendo à medida que se afasta do Maciço.
A intrusão do Maciço Vulcânico de Sintra originou que a Sul e Sudes-
te, as formações sedimentares jurássicas e cretácicas fossem afectadas,
daí resultando um complexo sistemas de falhas de direcção NW-SE
predominantemente e NE-SW.
A formações cretácicas cobrem a maior parte da região ocidental da
carta, inclinadas 50° nas proximidades da auréola do Maciço de Sintra,
passando a sub-horizontais no resto da área, estando cobertas a Leste
pelo Complexo Vulcânico de Lisboa. Neste sector oriental, resultante da
actividade vulcânica associada à intrusão do magma, resultaram fractu-
ras , desenvolvendo-se sistemas de falhas de orientação NNW-SSE,
NNE-SSW e ainda N-S.
Captaçio Local Cota Formaçi o Poolçiodoo Utolog la Caudal NHE NHD C. eap.
In ic ial dreno• L aquifera l/a m m 1/a.m

F451430 a. Estrada 150 J3/4 27 .00·98.00 Calcários 5.9 11.42 26.62 0.39
F461430 a. P. Longa 160 J3/4 72.00·129.00 Calcários 8.7 20.15 52.30 0.27
Ft/430 Atrozela 100 C1V 65.15 · ? calcários 20.0 3.00 25.00 0.91
FS/429 Ferradura 60 C1H 31.()().55.70 Cslcários 0.24 19.30 56.00 0.007
F171430 Estoril 50 C1 /AS 56.80·94.50 Calcários 0.8 56.65 68.00 0.07
F23/430 Pau Gordo 90 C tiAS 139.00· 160.00 Calcários, grés 5.0 46.00 56.70 0.47
F24/430 Estoril 40 C1 /AS 20.0Q.66.00 Calcários 1.0 19.00 51.50 0.03
F47/430 B. Ma rtinho 90 C1/AS 80.50-11 0.50 Cslcários, grés 2.0 53.37 55.10 1.16
FS/429 Pinheiro Bravo 50 C2AC 197.34·216.34 Calcários 1.0 44.00 58.00 0.07
F4/430 Alba rraque 150 C2AC 61 .50·172.50 Calcários 3.0 art . ..0.3 16.70 0.18
F61430 S .José · Pa rede 25 C2AC 54.50· 128.00 Calcários 1.00 13.00 30.00 0.06
Ft61430 Monte Estoril 30 C2AC 43.70-47.80 Calcários 25.00 12.00 20.00 3. 13
F681430 Alcabideche 100 C2AC 95.00·1 07.00 Ca lcários 2.00 n .oo 83.30 0.32
F19/430 Porto Sal110 90 C3C 29.69·36.90 Cslcários 7.50 artesiano 25.50 0.29
F10/430 Tercena 80 b1.C.V.L. 171 .4().200.15 Cslcários 4.2 7.30 50.00 O. t o
F18/430 Caruncho 110 b1.C.V.L. 182.00·211 .00 Calcários 3.3 79.00 97.82 0.18
F21/430 Camaxide 95 b1.C.V.L. 87 .20·98.40 Calcários 3.3 71.50 72.90 2.36
F251430 Vale Mourão 185 b1.C.V.L. 75.()().95.00 Cslcários 0.9 75.65 96.90 0.04
F27/430 Linda a Velha 95 b1.C.V.L. 115.()().129.00 Bssaltos.C.Icários 0.5 85.30 92.20 0.07
F441430 caruncho 90 b1.C.V.L. 173.50·179.50 Cslcários 2.8 73.80 86.00 0.23
F48/430 Ameiro 90 b1.C.V.L. 96.00·134.00 Calcários tO.O 3.20 24.40 0.47
F49/430 Talafde 130 b1.C.V.L. n .75-107.00 Calcários 3.6 31 .22 52.98 0.17

73
As formações aquíferas das captações estudadas estão directamente
relacionadas com zonas de fracturas com aquíferos detectados na sua
generalidade em calcários fracturados, a profundidades variáveis che-
gando a atingir 21 O metros. Os caudais de exploração são muito variá-
veis, normal em formações calcárias, com valores entre 1 1/s e 20 1/s,
com uma frequência maior de valores compreendidos entre 1 1/s e 4 1/s.
Da amostragem de análises físico-químicas colectadas, quer em furos
de sondagens verticais, quer em nascentes distribuídas pelas várias
formações cartografadas, podemos concluir tratar-se de águas de
circulação profunda, evidenciado em alguns casos por temperaturas
acima das temperaturas ambientais e mineralizações elevadas, com
valores de sílica altos chegando a valores de 50 mg/1.
Nas Termas do Estoril, foi captada água numa sondagem que atingiu
278,50 metros de profundidade, sendo reconhecidos aquíferos a partir
dos 135,00 metros, com temperatura da água a 33°C, associada ao gra-
diante geotérmico.
Junto a essa captação, existe uma nascente de água termal. A análi-
se química da água da captação apresenta uma mineralização muito
elevada, com valores de cloreto a atingir 3.067,20 mg/1, sódio 1.759mg/l
e magnésio 88.53 mg/1.
Existem ainda algumas nascentes e captações superficiais, quer nas
formações sedimentares, quer no Maciço de Sintra e Complexo Vulcânico
de Lisboa, apresentando aquíferos geralmente com caudais fracos.

QUALIDADE QUÍMICA DA ÁGUA


Na figura que se segue, estão representadas em Diagrama de Piper,
diversas análises de águas de nascentes e captações distribuídas em
toda a área de estudo.

00 00 ~ ~ ~ ~ 00 00
Ca Na HC03 Cl

74
De um modo geral , as águas são bicarbonatadas-cálcicas, ou bicar-
bonatadas-cálcico magnésicas, denunciando um meio predominantemen-
te carbonatado.
As nascentes associadas ao Maciço de Sintra, em granitos e gabros
(Malveira e Carnaxide), são águas pouco mineralizadas, cloretadas-sódicas.
Com perfis químicos diferentes , salientamos as águas das Termas do
Estoril , água com uma mineralização elevada, 5.586 mg/1, hipersalina com
reacção alcalina e muito dura.
De referir ainda, uma captação em Quenene, em que água é sulfata-
da-cálcica com uma mineralização de 1.745 mg/1 , 913 mg/1 de sulfato e
cálcio 252 mg/1 , indiciando uma circulação da água através de rochas
gipsíferas.

ARQUEOLOGIA PRÉ-HISTÓRICA*
Introdução
Numa publicação desta índole, não se justifica, naturalmente, um inven-
tário exaustivo do património arqueológico conhecido na área ocupada pela
presente folha, mas tão-somente uma caracterização das principais ocor-
rências registadas, evidenciando deste modo a importância arqueológica
da região, cujo conhecimento, até época recente, em boa parte, decorreu
dos trabalhos de campo de índole geológica. Encontram-se publicadas as
cartas arqueológicas de três dos quatro municípios abrangidos pela folha:
Oeiras (CARDOSO & CARDOSO, 1993); Cascais (CARDOSO, 1992), con-
celho que , desde 1943, possuía já um esboço de carta arqueológica
(PAÇO & FIGUEIREDO, 1943); e Amadora (MIRANDA et ai., 1999): nelas
os mais interessados encontrarão informação detalhada que completará o
presente contributo, sem esquecer a existência de diversas sínteses regio-
nais, das quais a mais completa se reporta á área ocupada pelo actual
concelho de Oeiras (CARDOSO, 2000 a) .

Paleolítico Inferior
A área abrangida pela folha de Cascais possui testemunhos da pre-
sença humana que, a confirmar-se a intencionalidade do talhe exibido
pelos respectivos artefactos, se inscrevem entre os mais antigos registados
no continente europeu (Paleolítico Inferior Arcaico). Trata-se das estações
relacionadas com retalhos de praias quaternárias, hoje quase desapareci-
das devido à erosão, que se desenvolvem a altitudes de ordem dos 150 m
e foram por isso correlacionadas com o Calabriano. A estação melhor

• por J . L. CARDOSO (Univ. Aberta)

75
conhecida é a do Alto de Leião, a Norte de Paço de Arcos, tendo sido
objecto de diversos estudos, desde o que primeiramente a noticia (CARDOSO
& PENALVA, 1979). O mais recente (RAPOSO & CARDOSO, 2000), dis-
cute a sua integração, num contexto alargado a outras estações congé-
neres do litoral estremenho, e no quadro dos actuais conhecimentos sobre
os primeiros povoadores humanos da Europa, concluindo-se que, dados
os últimos conhecimentos adquiridos em tal matéria, existem justificações
acrescidas para o investimento em estudos de estações como a referida,
incluindo escavações para recolhas estratigrafadas dos materiais líticos.
Os níveis marinhos de altitudes inferiores, podem mais facilmente conotar-
se com episódios transgressivos mais recentes. É o caso dos retalhos
detríticas outrora observados junto ao forte de Catalazete, e no reduto
de Renato Gomes Freire (Alto da Barra, Oeiras) , correlacionados com o
nível marinho tirreniano de 20-25 m. Em cortes observados na década
de 1970, foi possível recolher diversos artefactos in situ, sobre seixos de
quartzito (ZBYSZEWSKI et ai. , 1995), peças que se vieram somar às
recolhidas anteriormente no local (BREUIL & ZBYSZEWSKI, 1945). Já
ao longo do litoral oceânico observou-se cordão de seixos embutido nas
pequenas rechãs e anfractuosidades rochosas escavadas pela acção do
mar em diversos locais (Boca do Inferno, Guia, Cabo Raso), relacionado
com o nível marinho de 5-8 m, o qual, como de há muito foi observado, evi-
dencia notável continuidade ao longo do litoral estremenho (ZBYSZEWSKI
& TEIXEIRA, 1949). Nalguns locais, recolheram-se peças paleolíticas de
quartzito in situ (BREUIL & ZBYSZEWSKI , 1945). Mais para o interior,
na vizinhança da povoação de Areia, foi identificado um retalho de praia
quaternária, constituído essencialmente por areias argilosas cinzentas
ou avermelhadas, desenvolvendo-se desde o farol da Guia até perto da
referida povoação, onde atinge cerca de 60 m de altitude. Outrora consi-
derado como pliocénico, a recolha de peças de quartzito paleolíticas
in situ, a NE da povoação da Areia (ZBYSZEWSKI & FRANÇA, 1949)
conjugadas com a altimetria, situam tal afloramento no início do grande
ciclo trangressivo tirreniano. Esta descoberta faz, deste modo, a ligação
dos sítios situados a norte de Sintra (Ericeira, Assafora, Magoito, Azenhas
do Mar, e outros), com os níveis marinhos de altimetria idêntica conheci-
das no litoral a sul do Tejo, nas imediações do cabo Espichei.

O Paleolítico da área do Complexo Vulcânico de Lisboa


O Paleolítico Inferior, correspondente ao complexo Acheulense, bem
como o Paleolítico Médio, conotável globalmente com o complexo Mus-
tierense, encontram-se particularmente bem representados nos domí-
nios ocupados pelas rochas e solos basálticos, que se desenvolvem em
torno de Lisboa, de Loures a Oeiras, com manchas isoladas mais para

76
Oeste, já no concelho de Cascais e no de Sintra. A enorme quantidade
de materiais ali recolhidos fazem pensar em sucessivas presenças
humanas, sobrepostas , ao longo de dezenas senão de centenas de
milhares de anos, no mesmo espaço, correlacionadas com múltiplos
acampamentos temporários de bandos de caçadores-recolectores,
constituindo, na actualidade, complexos e indecifráveis palimpsestos,
com materiais cuja tipologia evidencia larga diacronia. A cartografia das
ocorrências, de há muito realizada (JALHAY & PAÇO, 1941}, anterior à
expansão urbanística das décadas de 1960/1970 em torno da capital ,
responsável pela generalizada destruição destes e de outros vestígios
arqueológicos, evidenciou zonas em que se verificavam maiores concen-
trações de materiais, especialmente na região de Amadora (OLLIVIER,
1951} em parte ainda abrangida pela presente folha. Um estudo de
síntese recente, tomando como ponto de partida as estações do con-
celho de Oeiras (CARDOSO, ZBYSZEWSKI & ANDRÉ, 1992}, situadas
as já na periferia do núcleo principal, evidencia tal realidade, bem como
a relação do uso do sílex com os afloramentos cretácicos mais próxi-
mos, substituído progressivamente pelo quartzo e pelo quartzito, nos
sectores mais orientais.
Não obstante a lavoura intensa dos terrenos basálticos, desde pelo
menos a Idade do Bronze, bem como a existência de fenómenos geoló-
gicos anteriores, como a erosão e a sedimentação, responsáveis pelo
transporte e ulterior deposição dos materiais líticos, estes, nalguns
casos, conservaram indícios da respectiva distribuição primitiva no ter-
reno: é o caso da estação de Cabecinho, junto à prisão de Tires, atribuí-
da ao Paleolítico Médio, cuja cartografia de pormenor da distribuição dos
materiais á superfície, evidenciou claramente uma mancha de concen-
tração de peças, não obstante tratar-se de um terreno regularmente
lavrado (CARDOSO, 1982}. A razão para tamanha concentração de
materiais - que revelam, assim, uma intensa ocupação da zona no de-
curso do Paleolítico Inferior e Médio- explica-se pelas condições parti-
cularmente favoráveis oferecidas pelos terrenos basálticos: possuindo
topografia suave, retendo a água perto da superfície mercê da existência
de camadas impermeáveis com assinalável continuidade e a pouca
profundidade, constituiria domínio propício a cobertura de gramíneas
sendo, deste modo, rico em caça, da qual dependia em grande parte a
sobrevivência humana. Por outro lado, a já aludida abundância de sílex,
sobretudo no sector central e ocidental do Complexo Vulcânico, disponí-
vel sob a forma de nódulos nos calcários do Cenomaniano superior,
aflorantes na área adjacente ou mesmo em retalhos postos a descoberto
pela erosão e pala tectónica, sob os afloramentos basálticos, fornecia
matéria-prima de boa qualidade, o que explica também a abundância
aludida.

77
Paleolítico Superior
Apesar de as últimas séries líticas das estações paleolíticas supra
referidas poderem incorporar materiais do Paleolítico Superior e, até, de
épocas mais recentes, a presença de artefactos de tipologia bem defini-
da pertencentes ao Paleolítico Superior apenas se encontra registada
em duas grutas, existentes nos calcários, respectivamente, do Urgonia-
no e do Cenomaniano superior: trata-se das grutas do Poço Velho, situa-
das no núcleo urbano de Cascais, sobre a pequena ribeira que atravessa
a povoação e a gruta da Lage, junto à povoação e à ribeira do mesmo
nome. Na primeira, recolheram-se peças típicas do Solutrense Superior
ibérico, conservadas no Museu do IGM: uma bela folha de salgueiro,
estreita e primorosamente retocada, embora incompleta; uma folha de
loureiro; e uma ponta de pedúnculo e aletas de tipo Parpalló (FERREIRA,
1962; ZILHÃO, 1997). Na segunda, para além de buris de diversa tipo-
logia, recolheu-se uma lâmina de La Gravette e uma ponta de seta pe-
dunculada, com estreitas analogias com exemplar recolhido na gruta das
Salemas, Loures (CARDOSO, 1995).
No decurso de todo o Paleolítico Superior, o nível do mar encontrava-
se muito abaixo do actual, conhecendo um mínimo cerca de 18000 BP,
quando atingiu cerca de -120 m. Facilmente se imagina a extensa pla-
nície litoral que se desenvolveria defronte a Cascais, ultrapassando 30
km para além da actual linha de costa, bem como as numerosas esta-
ções arqueológicas dessa época, actualmente submersas.

Epipaleolítico/Mesolítico
A representação na região interessada em estações desta época é
pobre. Salienta-se, contudo o sítio da Quinta da Bicuda, perto de Cas-
cais, objecto de recente escavação de emergência, antecedida da publi-
cação de pequena notícia preliminar: a análise tipológica da utensila-
gem, onde dominam indústrias microlaminares de sílex, permitiu situar a
ocupação do local no Epipaleolítico, tendo comparação mais próxima
nos sítios do litoral estremenho a Norte de Sintra, e ainda na estação da
Penha Verde, na serra de Sintra (CARVALHO, 1996). Dominaria, então,
a exploração dos recursos aquáticos, podendo, por isso, relacionar-se o
achado de conchas de moluscos no local, com a estratégia de recolec-
ção litoral então adoptada.

Neolítico
Do Neolítico, conhecem-se numerosas ocorrências, tanto de carácter
habitacional como funerário, ambas particularmente bem representadas
no Neolítico Final. De entre as primeiras, merecem destaque diversos

78
povoados, como os de Carnaxide e o de Leceia, ambos no concelho de
Oeiras; no primeiro, recolheu-se uma peculiar indústria de pedra lasca-
da, de sílex, de aspecto campinhense (CARDOSO, 1996). Mas o que
caracteriza de forma mais evidente os espólios dos povoados do Neolíti-
co Final da região é a tipologia dos recipientes cerâmicos: trata-se dos
bem conhecidos vasos de bordo denteado e das taças carenadas, pre-
sentes em todos eles. Do ponto de vista da sua implantação topográfica,
privilegiou-se a ocupação de plataformas, no topo ou a meia encosta,
por vezes com boas condições defensivas, proporcionadas pela existên-
cia de escarpas naturais calcárias, que em· Leceia ultrapassam 1O m de
altura.
As necrópoles aproveitaram grutas naturais, igualmente abertas nos
calcários, como as já mencionadas do Poço Velho e da Lage, ou peque-
nas cavidades existentes em Leceia e em Carnaxide, estas em estreita
relação com os respectivos povoados pré-históricos ali existentes. É
particularmente interessante a lenda que associou a descoberta de
restos humanos pré-históricos, em Carnaxide, no ano de 1822, ao mila-
gre do aparecimento da Virgem, motivo que esteve na origem da cons-
trução do santuário de Nossa Senhora da Rocha, onde ainda hoje se
realiza importante romaria.
No concernente à existência de sepulcros construídos, avultam as
célebres grutas artificiais, ou hipogeus, de Alapraia, situados no centro
do núcleo mais antigo da povoação e as de S. Pedro do Estoril, implan-
tadas no alto da escarpa marítima, em ambos os casos escavadas em
calcários brandos. Possuem em geral um átrio, um corredor de paredes
mais ou menos bombeadas e uma câmara, de planta circular, munida
superiormente de clarabóia para arejamento e permitir o acesso directo
ao interior. Trata-se de um tipo sepulcral típico da região da Baixa Estre-
madura, cujos paralelos mais célebres são os bem conhecidos hipogeus
da Quinta do Anjo, Palmeia. Apesar da riqueza dos espólios arqueológi-
cos encontrados, a associação entre peças é problemática, dado, por
um lado, o largo período de utilização dos mesmos, superior a um milhar
de anos ou até mais, e, por outro, ao facto de as sucessivas tumulações
terem provocado o remeximento, muitas vezes intencional, das anterio-
res. Compreende-se, deste modo, a dificuldade de datar a ápoca da
construção de tais recintos subterrâneos, a menos que se encontre
algum com apenas uma única ocupação funerária, correspondente à dos
próprios fundadores: é o caso de uma sepultura deste tipo encontrada
acidentalmente, embora quase totalmente destruída, na frente de
exploração de pedreira cerca de 800 m a Sul de Leceia, Oeiras, hoje
totalmente aterrada: uma datação radiocarbónica realizada sobre ossos
humanos- cuja análise antropológica permitiu determinar um número de
cerca de 1O indivíduos - situou a construção do monumento na segunda

79
metade do IV milénio AC, confirmando-se, deste modo, a sua atribuição
ao Neolítico Final, extensiva ao mesmo tipo de sepulcros, cujas
influências ou semelhanças com congéneres mediterrâneos são nítidas.
É mais que certo que, na área ocupada pela folha de Cascais, existis-
sem também antas, cuja construção se situa igualmente no Neolítico
Final: a sua presença é indicada não só pela existência actual do res-
pectivo topónimo (em Oeiras), como ainda pela proximidade de monu-
mentos deste tipo ainda hoje existentes na região, na área abarcada
pela vizinha folha de Sintra. Com o Neolítico, a plena afirmação da agri-
cultura e, com ela da sedentarização das populações, verifica-se nítido
acréscimo da densidade de população na área, em boa parte mercê das
condições favoráveis de solos, clima, insolação, hidrologia e proximida-
de do estuário do Tejo e do litoral oceânico, realidades que ainda hoje
caracterizam toda a região.

Calcolítico
A implantação dos povoados calcolíticos na região é diversificada:
se, por um lado, se verifica a continuidade da tendência, já esboçada no
Neolítico Final, da ocupação de locais com boas condições naturais de
defesa, e, por acréscimo, com visibilidade estratégica sobre a região
envolvente - que parecem corresponder à maioria das ocorrências -
conhecem-se outros cuja localização nada os faz destacar na paisagem:
está neste último caso o povoado da Parede, cuja primeira ocupação
remonta, como a de outros, ao Neolítico Final (PAÇO, 1964; SERRÃO,
1983). A esta realidade encontra-se subjacente um modelo de ocupação
do território que, embora estribado em povoados fortificados- constituí-
dos deste modo como elementos nodais na demografia da população e
na exploração dos recursos potenciais disponíveis na área em redor de
cada um deles - está longe de ser devidamente conhecido em pormenor.
Sem dúvida, o paradigma do modelo de ocupação aludido é o povoa-
do pré-histórico de Leceia, Oeiras. As dezanove campanhas anuais de
escavações ali realizadas desde 1983 conduziram à identificação de um
dos mais importantes povoados calcolíticos fortificados da Península
Ibérica, mercê da escavação de uma área superior a 11 000 m2 , a maior
escavação realizada até ao presente em um povoado pré-histórico do
território português (CARDOSO, 1994, 1997, 2000 b) . Ao longo de cerca
de 1000 anos de ocupação, entre a segunda metade do IV milénio AC e
a segunda metade do milénio seguinte, com base nas 36 datações pelo
método do radiocarbono realizadas, assistiu-se à construção de impo-
nente dispositivo defensivo, constituído por muralhas e bastiões, organi-
zado em três linhas, cerca de 2800 AC, logo no início do Calcolítico Ini-
cial. Tal dispositivo entrou em declínio ainda antes de meados do III

80
milénio AC, encontrando-se em fase de franco abandono aquando da
derradeira ocupação calcolítica, correspondente ao Calcolítico Pleno,
efectuada já em parte sobre os derrubes da antiga fortificação.
Do ponto de vista funerário, continuam a utilizar-se os principais se-
pulcros já existentes desde o Neolítico Final , agora enriquecidos com
artefactos funerários típicamente calcolíticos, com destaque para os
belos ídolos e objectos votivos de calcário, de tipologia diversa, de que
se recolheram numerosos exemplares nas grutas do Poço Velho e nos
hipogeus de Alapraia e de S. Pedro do Estoril, com destaque para os
cilindros, representação estilizada extrema dá deusa-mãe calcolítica,
para a enxó votiva de calcário ou o fragmento de lúnula também de
calcário, ambos provenientes das grutas de Poço Velho (PAÇO, 1941 ),
ou, sobretudo, o par de sandálias votivas de calcário oriundas da gruta 11
de Alapraia (PAÇO & JALHAY, 1941 ), onde também se recolheram cilin-
dros, lúnulas e outros artefactos de evidente influência meridional e me-
diterrânea, sempre presente nas manifestações culturais do Calcolítico
na Baixa Estremadura, a começar pela própria arquitectura dos povoa-
dos fortificados.
Importa referir a dinâmica populacional inferida a partir dos registos
arqueológicos observados nos povoados mais importantes: assim,
enquanto, por exemplo, em Leceia se observa uma presença humana
contínua entre o Neolítico Final e o Calcolítico Final, noutros povoados
igualmente importantes, como o da Parede e o de Carnaxide, após a pri-
meira fase de ocupação, do Neolítico Final, o registo só volta a ser
expressivo no Calcolítico Final, dando a ideia de que durante o Calcolíti-
co Inicial (Horizonte das cerâmicas caneladas), período a que corres-
ponde o florescimento de Leceia, a população ali se teria concentrado, o
mesmo se continuando ainda a verificar no período de decadência
daquele, correspondendo ao Calcolítico Pleno (Horizonte das cerâmicas
decoradas em "folha de acácia") . Situação análoga se observou em tor-
no do estuário do Sado: assim, enquanto o Pedrão foi densamente ocu-
pado no Calcolítico Inicial, em detrimento do vizinho povoado da Rotura,
já o inverso se verificou no Calcolítico Pleno, com o abandono do
primeiro em benefício do segundo (CARDOSO, 1998).
Ainda antes dos meados do III Milénio AC, irrompe na Estremadura
um novo estilo cerâmico, sem antecedentes locais: trata-se das cerâmi-
cas campaniformes, as quais ocorrem ou nos níveis superiores dos po-
voados calcolíticos e, sobretudo, em numerosos sítios abertos, sem con-
dições naturais de defesa, de provável carácter familiar (CARDOSO &
SOARES, 1990/1992). Sem pretender neste momento discutir as razões
que presidiram ao declíno e ulterior abandono da maioria dos sítios forti-
ficados estremenhos que conheceram no Calcolítico pré-campaniforme
o seu apogeu, como Leceia, importa no entanto registar que a prolifera-

81
ção destes pequenos sítios, se relaciona com um novo modelo de ocu-
pação do território e de exploração dos seus recursos , a qual se efectua-
ria já não a partir de grandes _sítios onde a população se concentrava,
mas sim de forma descentralizada, certamente muito mais eficaz para o
fim em vista. Seja como for, seria descabido agora referir um a um
destes locais, os quais se prolongam para Norte da serra de Sintra, já
tora dos limites desta folha. Um ou outro foi já objecto de estudos espe-
cíficos, como o sítio do Monte do Castelo, Oeiras (CARDOSO, NORTON
& CARREIRA, 1996). Estava-se, então em finais do III Milénio AC. Porém,
onde a presença campanitorme se afirma com toda a sua pujança é nos
contextos funerários da região. São célebres os recipientes recolhidos
tanto na necrópole de Alapraia, como nas grutas de S. Pedro do Estoril.
Dali, merece destaque um conjunto de que sobressai belo vaso comple-
to, de tipo marítimo, com decoração de banqas preenchidas interiormen-
te pela técnica do pontilhado; das segundas, deve destacar-se a existên-
cia de duas belas taças com pé, profusamente decoradas (LEISNER, PAÇO
& RIBEIRO, 1964), exemplares a que se poderá juntar um terceiro, liso,
da gruta de Porto Covo, Cascais. Também as grutas do Poço Velho e a
da Lage, já anteriormente referidas, forneceram numerosos exemplares
de cerâmicas decoradas campaniformes, atestando a sua utilização fre-
quente como necrópoles. Com efeito, não se conhecem quaisquer estru-
turas funerárias construídas ex-novo no decurso do campaniforme, na
região em apreço, realidade que, aliás, é concordante com a sua rarida-
de, ao nível do território português. Enfim, é nesta época que se come-
çam a utilizar as peças de ouro, indício da rápida diferenciação social e
da afirmação crescente de elites; nas grutas de S. Pedro do Estoril
recolhera-se diversas espirais de ouro, uma delas ainda com uma falan-
ge humana no interior, prova insofismável de que seriam, neste caso,
utilizadas como anéis. Também a presença de armas se torna notória,
nos últimos momentos do campaniforme (pontas Palmela, adagas ou
punhais de lingueta, de cobre), com exemplares conhecidos em S. Pedro
do Estoril, denota a ascensão de uma classe guerreira em gestação, a
qual viria a ter afirmação plena no decurso da Idade do Bronze.

Idade do Bronze
A Idade do Bronze, cujo início se pode situar na região de Lisboa,
nos primórdios do 11 Milénio AC (datação pelo radiocarbono obtida no
povoado de Catujal, Loures, ct. CARDOSO, 1994) encontra-se repre-
sentada na área da folha apenas pela sua etapa final, designada por
Bronze Final, designação que possui significado cultural específico. Com
efeito, apenas alguns fragmentos cerâmicos recolhidos nas grutas do
Poço Velho e da Lage poderão ser reportados, por critérios estritamente

82
tipológicos, dada a falta de elementos estratigráficos por se tratarem de
escavações muito antigas, a uma etapa anterior, do Bronze Pleno regio-
nal (CARREIRA , 1990/1992 ; CARDOSO & CARREIRA, 1995). Seja
como for, tais presenças atestam a continuidade, ainda que pouco evi-
dente, na ocupação humana da região, entre o final do Calcolítico e o
Bronze Final , cerca de sete ou oito séculos , época em que o registo
arqueológico volta a ser importante. A ocupação destas grutas, com
prolongamento pelo Bronze Final e mesmo por épocas mais recentes, é
de interpretação difícil: a ausência de restos humanos directamente
conotáveis com os materiais arqueológicos, sugere que não se tratavam
de necrópoles; assim sendo, posta também de parte a hipótese de
serem locais residenciais, resta a possibilidade de corresponderem a
grutas-santuário, como outras , conhecidas na Idade do Bronze , em
França e no Mediterrâneo.
O Bronze Final, cujo início poderá situar-se no século XIII AC, de
acordo com datas de radiocarbono obtidas no vizinho povoado da
Tapada da Ajuda, Lisboa, é caracterizado pela ocupação intensiva e
extensiva dos férteis campos agrícolas, de natureza basáltica, os quais
já vinham sendo progressivamente explorados desde finais do Calcolíti-
co. Prova dessa ocupação são os numerosos "casais agrícolas", ou
"granjas", na expressão de G. Marques (MARQUES & ANDRADE, 1974)
que de forma homogénea ocupavam toda a região e com exemplos co-
nhecidos em todos os concelhos abrangidos pela folha. No entanto ,
raros têm sido os casos que mereceram publicação, alguns deles com
evidente continuidade ocupacional pela Idade do ferro, como os Moinhos
da Atalaia, Amadora (PINTO & PARREIRA, 1978).
No concelho de Oeiras, destaca-se o sítio do Alto das Cabeças ,
Leião (CARDOSO & CARDOSO, 1996), onde se recolheram abundantes
lascas de sílex com um bordo serrilhado, destinadas a encabamento em
suportes de madeira, transformados assim em foices. Tal abundância
tem paralelo no povoado da Tapada da Ajuda, e em outros, denotando
uma das principais características económicas de tais assentamentos: a
produção intensiva e extensiva de cereais (sobretudo de trigo), cujo
volume ultrapassaria, por certo, as necessidades específicas dos peque-
nos grupos instalados em cada um destes locais. É lícito, pois, admitir
que tais produções cerealíferas se encaminhariam para centros popula-
cionais mais importantes (ALARCÃO, 1996), onde se concentraria a elite
dirigente, a quem incumbiria a administração de territórios cujas frontei-
ras se encontrariam já bem definidas. Tais centros, cuja relevância
acompanha a emergência das próprias elites que os ocupavam, apre-
sentam-se, actualmente, de identificação algo difícil. Na área respeitante
à folha de Cascais, o Cabeço do Mouro, perto da povoação de Abóba-
da, actualmente atingido pela ocupação urbana, poderia corresponder a

83
um desses centros, implantado em colina destacada na paisagem envol-
vente e com boas condições naturais de defesa; ali se recolheram
abundantes fragmentos de cerâmicas do Bronze Final, acompanhando
diversos elementos de foice de sílex (CARDOSO, 1991 ).
A importância da economia agrícola da região encontra-se reforçada,
no final do Bronze Final (ou Bronze Final li), situável nos séculos X a VIII
AC, pela presença de foices de bronze, localmente produzidas: é o que
indica o achado de um molde para fundição de foices de talão, do tipo
Rocanes, designação do sítio epónimo, já fora do limite da folha, junto à
povoação de Cacém. O aprovisionamento de cobre e de estanho, indis-
pensáveis à produção de tais artefactos por certo de custos significati-
vos, só se justificaria num contexto de produção cerealífera intensiva, a
menos que aqueles se destinassem ao comércio trans-regional, designa-
damente para o Mediterrâneo, conforme sugerem exemplares análogos
recolhidos no célebre depósito sarda de bronzes de origem peninsular
ou de imitação peninsular do Monte Sa ldda (CARDOSO, 1999/2000).
Seja como for, a ocorrência deste tipo de peças na região, a par de
outras, como o célebre colar de ouro do Casal de Santo Amaro, Sintra,
atesta o alto nível económico atingido pelas populações da região, nos
finais da Idade do Bronze. ·

BIBLIOGRAFIA
ABRANCHES, M. C. & CANILHO, M. H., 1980-81 -Estudos de geocronologia
e geologia isotópica pelo método do rubídio estrôncio, dos três maci-
ços mesozóicos portugueses: Sintra, Sines e Monchique. Boi. Soe.
Geol. Portugal, XXII, pp. 385-390.
AcciAIUOU, L. M. (1953) - Les sources minerales et leurs captages. Pub.
Div. Dir. Ger. Min. Serv. Geol. - Le Portugal Hydromineral.
ALARCÃO, J. de (1996)- O primeiro milénio a. C. ln De Ulisses a Viriato.
O primeiro milénio a. C. Lisboa. Museu Nacional de Arqueologia:
pp.15-30.
ALEIXANDRE, T. (1961) - Suelos de origen volcanica (Portugal). An. Edafol.
Agrobiol., t. XX, n 2 • 11, pp. 649-667.
ALMAÇA, C. (1960) - Contribuição para o estudo da zonação marinha do
litoral português. Boi. Port. Cienc. Nat. (2B. Ser.), Vol. VIII, pp. 202-208.
ALVES, C. A. MATOS (1964)- Estudo petrológico do maciço eruptivo de
Sintra. Rev. Fac.• Cienc. Lisboa, ser. 2 - C - t. XII (2), pp. 123-289.
ALVES, R. V. & FERREIRA, J. M. (1959) -Algumas grutas portuguesas de inte-
resse arqueológico. Actas e Mem., lnst. Alta Cult., Vol. I, pp. 129-136.

84
ALVES, C. A. MATOS & GONÇALVES, F. (1961) - Sobre alguns filões de
traquitos e andesitos do sinclinal de Alcabideche (Cascais). Boi. Mus.
Lab. Min. Geol. Fac. Ciênc. Univ. Lisboa, 9 (1), pp. 35-42.
ALVES, C. A. MATOS & GONÇALVES, F. (1963) - Subsídios para O conheci-
mento geológico do maciço eruptivo de Sintra. Rev. Fac. Ciênc. Univ.
Lisboa, 2!!. Série, Vol. X (1), pp. 35-80.
ALVES, C. A. MATOS, PALÁCIOS, T., MUNHÁ, J. M. & MATA, J. (1983)- Rochas
ácidas e intermédias do complexo vulcânico de Lisboa. Resumos das
Comunicações. I Congresso Nacional de Geologia. Aveiro.
ALVES, C. A. MATOS, RODRIGUES, 8., SERRALHEIRO, A., FRIA, F., 1980- 0 com-
plexo basáltico de Lisboa. Comun. Serv. Geol. Portugal, t. 66, pp.111-134.
ANDRADE, C. F. (1933) - A tectónica do estuário do Tejo e dos vales sub-
marinos ao largo da Costa da Caparica e sua relação com as nascentes
termo-medicianais de Lisboa (Considerações preliminares) . Comun.
Serv. Geol. Portugal, t. XIX, pp. 23-40.
- (1937-38) - Os vales submarinos portugueses e diastrofismo das
Berlengas e da Estremadura. Mem. Serv. Geol. Portugal.
(1942) - Memória descritiva do ante-projecto da captação das águas
da mina de S.José (Concelho de Cascais). Publ. Div. Dir. Ger. Min.
Serv. Geol. - Águas de Portugal em 1940, pp. 112-122.
ANDRADE, F. (1964) - A vila de Cascais e o terramoto de 1755. Boi.
Câmara Munic. Cascais (VI Centenário da Vila de Cascais), 55 pp.
AssuNÇÃO, C. F. T. (1934) - Sobre as rochas filoneanas da região de
Cascais e da encosta sul da Serra de Sintra. Boi. Mus. Lab. Min.Geol.
Univ. Lisboa, Vol. I, nº. 3, 1!!. Série, pp. 251-264.
Câmara Munic. Cascais (VI Centenário da Vila de Cascais), 55 pp.
- (1937)- A piroxena do filão da Falagueira (Amadora), Boi. Mus. Lab.
Min. Geol. Univ. Lisboa, n2 .6, 2!!. Série, pp. 141-159.
- (1941-42)- Contribuição para o estudo das piroxenas das rochas basál-
ticas portuguesas. Boi. Mus. Lab. Min. Geol. Univ. Lisboa, n2 • 9-10, 3!!.
Série, pp. 105-217.
ASSUNÇÃO, C. F. T. & BRAK-lAMY, J. (1946) - Subsídios para o conheci-
mento do núcleo sienítico da Serra de Sintra. Boi. Mus. Lab. Min.
Geol. F. C. da Univ. de Lisboa, Lisboa, 4!!. Sér., 14: pp. 151-163.
ASSUNÇÃO, C. T. & LAMY, J. 8 . (1952) - Géologie et petrographie du
massif éruptif de Sintra (Portugal) . Boi. Soe. Geol. Portugal, Vol. X,
pp. 23-57.

85
BALDY, P., BOILLOT, G., MOITA, I. & MOUGENOT, 0 . (1975) - Structure géolo-
gique du plateau continental sud-portugais. C. R. Acad. Se. Paris,
Paris, 281 (0): pp. 613-616.
BALDY, P., BOILLOT, G., OUPEUPLE, P. A., MALOD, J., MOITA, I. & MOUGENOT,
0 ., (1977) - Carte géologique du plateau continental sud-portugais e
sud-espagnol (baie de Cadix). Buli. Soe. Géo/. France, Paris, XIX (4):
pp. 703-704.
BARROS, L. A. (1959) - Geoquimismo do "Complexo basáltico de Lisboa
-Mafra". Boi. Mus. Lab. Min. Geai. Fac. Ciênc. Univ. Lisboa, Vol. 8 {I)
pp. 7-32.
- (1979) - Actividade ígnea pós-paleozóica no continente português
(elementos para uma síntese crítica). Ciências da Terra, (UNL),
Lisboa, 5: pp.175-214.
BERTHou, P. Y. (1966)- Quelques précisions stratigraphiques sur I'Aibien
et le Cénomanien de la région de Lisbonne (Portugal) . C. R. somm.
Soe. Geai. France, fase. 1, pp. 13-15.
- (1968) - Le Cénomanien entre le Tage et la Serra de Sintra (Portugal).
C. R. Acad. Se. Paris, t. 267, ser. O, pp. 2264-2267.
- (1973) - Le Cénomanien de !'Estremadura portugaise. Mem. Serv.
Geai. Portugal, Lisboa, n.s., n2 .23, 168 p.
- (1978) - La transgression cénomanienne dans le Bassin occidental
portugais. Geai. Medit. , T. V (1), pp. 31-38.
- (1979)- Excursion pour le Groupe Français du Crétacé. Albien, Céno-
manien, Turonien et Sénonien du bassin occidental portugais. 1 vol.
ronéot., 11 O p.
- {1984a) - Répartition stratigraphique actualisée des principau.x Fora-
minifêres benthiques du Crétacé moyen et supérieur du Bassin ceci-
dental portugais. Benthos' 83, Elf Aquitaine, Essa Rep e Total CEP,
Pau et Bordeaux Eds: 45-54.
- {1984b) - Résumé synthétique de la stratigraphie et de la paléogéogra-
phie du Crétacé moyen et supérieur du bassin occidental portu-gais.
Geonovas, Lisboa, 7: 99-120.
- (1979) - Corrélations stratigraphiques de I'Aibien et du Cénomanien
inférieur de part et d'autre de la Serra de Sintra (région de Lisbonne,
Portugal). C. R. Acad. Se. Paris, t. 268, Ser. O, pp. 1015-1018.
- {1979) - Alveolinidae du Cénomanien inférieur et corrélations entre
les séries sedimentaires au nord et au sud de la Serra de Sintra(region
de Lisbonne, Portugal). 7ª Reun. Ann. Se. Terre, p. 51.

86
BERTHOU, P. Y. & HASENBOEHLER, 8. (1982} - Les kystes de Dinoflagellées
de I'Aibien et du Cénomanien de la région de Lisbonne (Portugal).
Répartition et intéret stratigraphique. Cuader. Geologia lberica, 8: pp.
761-778.
BERTHOU, P. Y. HASENBOEHLER, 8. & MORON, J. M. (1981}- Apports de la
palynologie à la stratigraphie du Crétacé moyen et supérieur du Bassin
occidental portugais. Memórias e Notícias, n2 .91-92: pp. 183-221.
BERTHOU, P. Y., LAUVERJAT, J. & CROSAZ, R. (1976) - Le Bassin Occidental por-
tugais de I'Aibien au Campanien. Ann. Mus. Hist. Nat. Nice, t. IV, pp. 1-14.
BERTHOU, P. Y. & POIGNANT, A. F. (1978) - Découverte de Corallinacées
dans le Cénomanien inférieur du Sud-Ouest de la région de Lisbonne
(Portugal). Conséquences. C. R. somm. Soe. Geol. France, fase. 3,
pp. 118-120.
BERTHOU, P. Y. & SANTALLIER, 0. (1972) - Étude de quelques formations
eruptivas intrusives dans Ie Cenomanien des cartes au 1/50 000 des
environs de Lisbonne (Portugal}. Comun. Serv. Geo/. Portugal, Lisboa,
t. LVI: pp.SS-71 .
BERTHOU, P. Y. & SCHROEDER, R. (1978)- Les Orbitolinidae et Alveolinidae
de I'Aibien supérieur- Cénomanien inférieur et le problême de la limite
Albien - Cénomanien dans le Sud-Ouest de la région de Lisbonne.
Cahiers Micropal., Vol. 3, pp. 51-85.
8ERTHOU, P. Y. & SCHROEDER, R. (1979) - Découverte d'un niveau à Sim-
. plorbitolina Ciry et Rat dans I'Aibien de Guincho (région de Lisbonne,
Portugal). C. R. Acad. Se. Paris, t. 288, Ser. D, pp. 591-594.
8ERTHOU, P. Y. & TREILLET, M. (1967) - Étude préliminaire du massif rhyo-
litique de Bicasse - Casal do Clérigo. Comun. Serv. Geo/. Portugal, t.
LI, pp. 283-289.
81LOTIE, M., CANEROT, J., PEYBERNES, 8., REY, J. & SOUQUET, P. (1978} -
Associations micropaléontologiques et biozonation au passage Albien
- Cénomanien dans les Pyrénées, les Chaines ibérique et catalane et
le Portugal. Geol. Medit., t. V. pp. 47-54.
BLEICHER, M. (1898) - Contribution à l'étude lithologique, microscopique
et chimique des raches sédimentaires secondaires et tertiaires du
Portugal. Comun. Div. Trab. Geol. Portugal, vol. 3, pp. 251-289.
BOILLOT, G. & MOUGENOT, D. et ai. (1978} -Carta geológica da plataforma
continental de Portugal, escala 1/1000 000. Serv. Geol. Portugal,
Lisboa.

87
BOILLOT, G., MALOD, J. A. & MOUGENOT, D. (1979)- Évolution géologique
de la marge oueste ibérique. Ciências da Terra, (UNL), Lisboa, 5: pp.
215-222.
BOILLOT, G., RECO, M., WINTERER, E. L., MEYER, A. W., et ai. (1987) -
Tectonic denudation of the upper mantle along passive margins: a model
based on drilling results (Leg 103, western Galícia margin, Spain) .
Tectonophysics, vol. 132: pp. 335-342.
8oNHOME, M., MENDES, F., VIALETTE, V., (1961} -Ages absolus par la méthode
du strontium des granites de Sintra et de Castro Daire au Portugal.
C.R. Acad. Se. Paris, 252, pp. 3305-3306.
BoNNET, L. & REY, J. (1972-73}- Modeles mathématiques des facteurs
paléoécologiques dans quelques gisements du Crétacé inférieur
d'Estremadura. Comun. Serv. Geo/. Portugal, T. LVI , pp. 421-450.
BRANCO, A. C. & FERREIRA, 0. V. (1971) - Novos trabalhos na estação
lusitano-romana da Areia (Guincho). Boi. Mus. Bibl. Condes Castro
Guimarães, n2 • 2, pp. 69-83. Cascais.
BRANCO, A. C. FERREIRA, 0. V. & CARDOZO, G. P. (1970-72) - Descoberta
de uma mini máscara de terra cota na estação lusitano-romana do
Alto da Cidreira (Cascais). Est. !tal. Portugal, n2 • 33-35, ·Lisboa.
BRAK-lAMY, J. (1952)- Granitos da Serra de Sintra. Boi. Soe. Geol. Portugal,
Porto, vol. X, pp. 77-126.
(1956) - Novos elementos para o conhecimento do complexo basáltico
dos arredores de Lisboa. Boi. Soe. Geo/. Porto, vol. Xll(1-2), pp. 39-76.
BREUIL, H. & ZBYSZEWSKI, G. {1945)- Contribution à l 'étude des industries
paléolithiques du Portugal et de leurs rapports avec la Géologie du
Quaternaire. 11 - Les principaux gisements des plages quaternaires
du littoral d'Estremadura et desterrasses fluviales de la basse vallée
du Tage. Comun. Serv. Geol. Portugal. Lisboa.t. 26: pp. 1-662.
BREUIL, H., VAULTIER, M. & ZBYSZEWSKI, G. (1942)- Les plages anciennes
portugaises entre les caps d'Espichel et Carvoeiro et leurs industries
paléolithiques. An. Fac. Ciênc. Porto, T. XXVII, pp. 1-7.
CABRAL, J. & RIBEIRO, A. (1989) - lncipient subduction along the West-
lberia continental margin . 28th lnternational Congress, USA (Abs.).
CANILHO, M. H., SALVADO, M. G. & NUNES, A. M. {1966)- 0 filão andesítico
de Valejas (Carnaxide). Boi. Mus. Lab. Min. Geol. F. C. Univ. Lisboa,
Lisboa, vol. 10(2): pp. 147-160.
CARALP, M. & HAGENAUER, B. (1969) - Les Miogypsinidae du Miocêne de
la coupe de Carcavelos (Bassin du Tage, Portugal) C. R. Acad. Se.
Paris, T. 268, pp. 270-272.

88
CARDOSO, G. (1991) -Carta arqueológica do concelho de Cascais. Câmara
Municipal de Cascais, 111 p.
CARDOSO, J. L. (1982) -A jazida paleolítica de Cabecinho (Freguesia de
São Domingos de Rana, concelho de Cascais). Boletim Cultural da
Assembleia Distrital de Lisboa. Lisboa. Série III, vol. 88 (1 ): pp. 225-236.
CARDOSO, J. L. (1994 a)- Do Paleolítico ao Romano. Investigação arqueoló-
gica na área de Lisboa: os últimos 10 anos. AI-Madan. Almada. Série 11,
3: pp. 59-74.
- (1994)- Leceia 1983-1993. Escavações do povoado fortificado pré-
histórico. Estudos Arqueológicos de Oeiras. Oeiras. Número especial.
164 p.
- (1995) - Novas escavações na gruta da Ponte da Lage (Oeiras). Revi-
são dos materiais paleolíticos. Estudos Arqueológicos de Oeiras.
Oeiras. n2 .5: pp. 49-66.
- (1996)- Materiais arqueológicos inéditos do povoado pré-histórico de
Carnaxide. Estudos Arqueológicos de Oeiras. Oeiras. n2 .6: pp. 27-45.
- (1997) - O povoado de Leceia sentinela do Tejo no terceiro milénio
antes de Cristo. Museu Nacional de Arqueologia/Câmara Municipal
de Oeiras. 128 p.
- (1998) - Arqueologia da região meridional da Península de Setúbal.
AI-Madan. Almada. Série 11, nº.7: pp. 23-36.
- (2000 a) - Sítios, pedras e homens. Trinta anos de Arqueologia no
concelho de Oeiras. Estudos Arqueológicos de Oeiras. Oeiras. n2 .9,
191 p.
- (2000 b) - The fortified site of Leceia (Oeiras) in the context of the
Chalcolithic in Portuguesa Estremadura. Oxford Joumal of Archaeology.
Oxford . 19 (1): pp. 37-55.
CARDOSO, J. L. & CARDOSO, G. (1993) - Carta arqueológica do concelho
de Oeiras. Estudos Arqueológicos de Oeiras. Oeiras. n2 .4. 126 p.
CARDOSO, J . L. & CARDOSO, G. (1996) - 0 povoado do Bronze Final do
Alto das Cabeças (Leião, Oeiras). Estudos Arqueológicos de Oeiras.
Oeiras. n 2 .6: pp.351 -359.
CARDOSO, J. L. & CARREIRA, J. R. (1996) - Materiais cerâmicos da Idade
do Bronze da gruta da Ponte de Lage (Oeiras). Estudos Arqueológi-
cos de Oeiras. Oeiras. n2 .6: pp. 341-350.
CARDOSO, J. L. & FERREIRA, 0 . V. (1975)- Flauta, chamariz OU negaça de
caça de osso encontrada no Castro de Liceia (Barcarena), Boi. Cult.
Junta Dist. Lisboa, III Série, n2 • 81, pp. 57-63, Lisboa.

89
CARDoso, J . L. & PENALVA, C. {1979) -Vestígios de praia calabriana com
indústrias de "Pebble Culture" no Alto de Leião - Paço de Arcos. Boi.
Soe. Geol. Portugal. Lisboa. Vol.21 (2/3): pp. 185-195.
CARDOSO, J. L. & SOARES, A. M. M. (1990/1992)- Cronologia absoluta para
o campaniforme da Estremadura e do Sudoeste de Portugal. O Arqueó-
logo Português. Lisboa. Série IV, 8/1 O: pp. 203-228.
CARDOSO, J. L.; ZBYSZEWSKI, G. & ANDRÉ, M. C. (1992) - 0 Paleolítico do
Complexo Basáltico de Lisboa. Estudos Arqueológicos de Oeiras.
Oeiras. n2 .3 , 645 p.
CARDOSO, J . L. ; NORTON, J . & CARREIRA, J . R. {1996)- Ocupação calcolíti-
ca do Monte do Castelo (Leceia, Oeiras). Estudos Arqueológicos de
Oeiras. Oeiras. n 2 .6: pp. 287-299.
CARREIRA, J. R. (1990/1992)- As ocupações das Idades do Bronze e do
Ferro das grutas do Poço Velho (Cascais) . O Arqueólogo Português.
Lisboa. Série IV, 8/1 O: pp. 229-245.
CHOFFAT, P. {1885) - Récueil de monographies sur le systême Crétacique
du Portugal. Premiêre étude: contrées de Cintra, de Bellas et de Lisbonne.
Mem. Sec. Trab. Geol. Portugal, 76 pp.
- (1885)- Age du granite de Sintra. Comun . Trab. Geol. Portugal, T. I,
pp. 155-158.
- (1885-88) - Description de la faune jurassique du Portugal- Mollusques
lamellibranches, 2. ordre -Asiphonidae. 2. livraison Mem. Oir. Trab.
Geol. Portugal , 76 pp.
- (1886) - Récueil d'études paléontologiques sur la faune crétacique du
Portugal. Vol. 1- Espêces nouvelles ou peu connues. Mem. Sec. Trab.
Geol. Portugal, 171 pp.
- (1886) - Quelques points importants de la géologie du Portugal. Actes
Soe. Helv. Se. Nat. (1885), 68ª. Session, Compte Rendu 1884-85, pp.
62-64.
- (1891) - Passeio geológico de Lisboa a Leiria (Versão do original
francês por J . C. Berckeley Cotter). Revista d'Educação e Ensino,
Lisboa, VI : (7) , pp. 289-340 .
- (1893) - Contribution à la connaissance géologique des sources
minero-thermales des aires mésozoiques du Portugal.
- {1893) - Description de la faune jurassique du Portugal. Mollusques
lamellibranches. Premiêre ordre: Siphonidae. Mem. Oir. Trab. Geol.
Portugal, 39 pp.

90
- (1895-98) - Sur les dolomies des terrains mésozoiques du Portugal.
Comun. Dir. Trab. Geol. Portugal, T. III , pp. 129-144.
- (1895-1898) - Lettre d'un naturaliste danais en passage à Lisbonne
au siêcle dernier. Com. Direc. Trab. Geol. Portugal, Tomo III, pp. 127-128.
- (1896) - O calcário no solo português. Relat. Congr. Vitícola Nac.
(1895); n .. I, Vol. 11, pp. 177-184.
- (1898) - Mudança do nível do oceano. 2 -Planalto ao sul do Cabo da
Roca. O Archeol. Português, Vol. IV, p. 62 .
- (1898) - Récueil d'études paléontologiques sur la faune crétacique du
Portugal. Espêces nouvelles ou peu connues. 2ême série: les Ammo-
nées du Bellasien, des couches à Neolobites vibrayeanus, du Turonien
et du Sénonien. Mem. Direc. Trab. Geol. Portugal, Lisboa, 46 p.
- (1900c) - Récueil de monographies stratigraphiques sur le systême
Crétacique du Portugal. Deuxiême étude - Le Crétacique supérieur
au Nord du Tage. Mem. Dir. Serv. Geol. Portugal, Lisboa:, 287 p.
- (1900-01) - Dolomieu en Portugal. Comun. Dir. Serv. Geol. Portugal,
T. IV, pp. 184-189.
- (1901)- Notice préliminaire sur la limite entre le Jurassique et le Crétaci-
que en Portugal. Buli. Soe. Belge Geol. Pai. Hydrol., T. XV, pp. 111-140.
- (1904-1907) - Preuves du déplacement de la ligne de rivage de
l'océan. Comun. Serv. Geol. Portugal, T. VI , pp. 174-177.
- (1916) - Sur le volcanisme dans le littoral portugais au nord du Tage.
C.R. Acad. Se. Paris, 162, 981-983.
- (1923) - Esquisse de la carte des régions éruptives au Nord du Tage.
Mem. Soe. Phys. Hist. Nat. Geneve, Vol. 39 (8).
- (1950) - Géologie du Cénozoique du Portugal. Comun. Serv. Geol.
Portugal, T. XXX, pp. 9-182 (obra póstuma).
- (1951)- Planches et coupes géologiques de la région éruptive au Nord
du Tage, (coordonnées et présentées par A. de Castello Branco) .
Mem. Serv. Geol. Portugal (obra póstuma).
CoRREIA, J. D. (1964)- Toponímia do Concelho de Cascais. Câm. Munic.
Cascais. (VI Centenário da Vila de Cascais), 56 pp.
CoRREIA, V. (1913) - Sepultura romana nos arredores de Oeiras. O Archeol.
Português, Vol. XVIII , pp. 93-95, Lisboa.
CosTA, A. O. M. (1936) - Acidentes vulcânicos portugueses. Boi. Mus.
Lab. Min. Geol. Fac. Ciênc. Univ. Lisboa, n .. 6, 2!!. Série, pp. 123-129.

91
CosTA, C. M. S. N., (1980) - Estudo estrutural do campo filoniano Oeiras-
-Cabo Raso. Relatório de Estágio Científico, GeoFCUL, 47 p.
CoTTER, J. C. B. {1900-01) - Sur les mollusques terrestres de la nappe
basaltique de Usbonne. Comun. Dir. Serv. Geol. Portugal, T. IV, pp.121-147.
(1956)- O Miocénico marinho de Lisboa. Comun. Serv. Geo/. Portugal,
T. XXXVI (supl.), pp. 7-170 (obra póstuma).
CuGNY, P. & REY, J. {1975) - Un exemple d'utilisation de l'analyse factorielle
des correspondances en paléoecologie: la répartion des microfossiles
dans le Bedoulien d'Estremadura (Portugal) . Bul. Soe. Géol. Franee
(7), Vol. XVII (5), pp. 787-796.
CuGNY, P. & REY, J. {1979) - Distribution des organismes et de leurs gise-
ments dans I'Aibien du Portugal.?" Reun. Ann. Se. Terre, p.139.
DAMOTTE, R. & REY, J. (1980)- Ostracodes du Crétacé inférieur d'Estremadura
(Portugal) Rev. Mieropal. , Vol. 23 (1), pp. 16-36.
OoLLFus, G., CoTTER, J. C. B. & GoMES, J. P. (1903-04) - Mollusques
tertiaires du Portugal. Planches de Céphalopodes, Gastéropodes et
Pélécypodes laissées par Pereira da Costa, accompagnées d'une
explication sommaire et d'une esquisse géologique. Mem. Com. Serv.
Geol. Portugal.
OoUVILLE, H. (1898) - Études sur les Rudistes. Buli. Soe. Géol. France, T.
XXVI, pp. 140-158.
ENCARNAÇÃO, J. M. S. (1968)- Notas sobre alguns vestígios romanos no
concelho de Cascais. Boi. Junta Turismo Costa do Sol, 18 pp.
ELLIS, P. M. (1984) - Upper Jurassic Carbonates from the Lusitanian
Basin, Portugal and their subsurface counterparts in the Nova Scotia
Shelf. Ph. D. Thesis, Open University, 193 pp.
EscHWEGE, Baron d' (1831) - Memoria geognostica ou golpe de vista do
perfil das estratificações das diferentes rochas de que é composto o
terreno desde a Serra de Sintra na linha do Noroeste a Sudoeste até
Lisboa, atravessando o Tejo até à Serra da Arrábida e sobre a sua
idade relativa. Hist. Mem. Aead. R. Se. Lisboa, Vol.ll , part. I, pp. 253-280.
FERREIRA, E. B. (191 O) - Esquisse géologique de la contrée de Cintra. Boi.
Soe. Geogr. Lisboa, s. 8, pp. 237-246.
FERREIRA, M. P. & MACEDO, C. R. (1979) - K-Ar ages of the Permian-
Mesozoic basaltic activity in Portugal. ECOG VI abstracts: pp. 26-27.
FERREIRA, M. R. , PORTUGAL, MACEDO, C.R. , (1977) -Actividade basáltica
pérmico-liássica no território português - uma achega para a datação.
Mem. Not., Publ. Mus. Lab. Min. Geol. Univ. Coimbra, 83, pp. 39-52.

92
- (1979)- K-Ar ages of the Permian-Mesozoic basaltic activity in Portugal.
Abstracts VI Europ. Col. Geochron. , Cosmochron. and lsotope Geology,
Norway, pp. 26-27.
FERREIRA, O. V. (1959) - lnventá.rio dos monumentos megalíticos dos
arredores de Lisboa. Actas e Mem., 1J1 Congr. Nac. Arqueol., Lisboa
1958, Vol. I, pp. 215-224, Lisboa.
- (1962)- O Solutrense em Portugal. 26Sl. Congresso Luso-Espanhol para
o Progresso das Ciências. Porto. Secção VIl. História e Arqueologia:
pp. 229-234.
- (1964)- A cultura do vaso campaniforme no concelho de Cascais. VI
Centená. rio da Vila de Cascais. Câm Munic. Cascais.
- ( 1968) - Descoberta em Cascais de uma jazida com fauna quaternária.
Rev. Guimarães, Vol. LXXVIII (3-4), pp. 297-302.
FERREIRA, 0 . V. & FERREIRA, S. V. (1962)- Algumas notas histórico-arqueoló-
gicas sobre Oeiras. XXVI Congr. Luso-Esp. Progr. Cienc., pp. 221-228,
Porto.
FIGUEIREDO, F. J. A. & PAço, A. (1947) - Placa de cinturão visigótico das
grutas de Cascais. Actas y memórias Soe Esp. Antrop. Etnog. Prehistoria,
S. XIII, Madrid.
FIGUEIREDO, F. J. A. & PAço, A. (1950) -Vestígios romanos de los «Casais
Velhos» (Areia, Cascais) . Cronica de/ I Congr. Nac. Arqueol. y V
Congr. Arqueol. dei Sudeste, Almeria, 1949, pp. 306-312, Cartagena.
FLEURY, E. (1917) - Les lapiês des calcaires au nord du Tage. Comun.
Serv. Geol. Portugal, T. XII , pp. 127-267.
- (1917) - Notes sur l'érosion en Portugal 11 -Les lapiês des calcaires
au Nord du Tage. Comun. Serv. Geol. Portugal, t. XII, pp. 204-225.
- (1935) - Relatório sobre as condições hidrogeológicas da região de
Cascais-Estoril-Parede-Carcavelos e o abastecimento de águas
potáveis destas regiões. Noticias dos Inquéritos de higiene rural e
sobre águas e esgotos. Vol. 11, pp. 304-312.
FLEURY, E. & CABRITA, C . (1925) - Um vulcão perto de Lisboa, entre
Morganhal e Laveiras. Técnica, n. 2 1 e 2 (1 .ª sér.).
FONTES, J. (1955) - Estação eneolítica de Liceia (Barcarena). Rev. de
Guimarães, vol. LXV, 3-4, pp. 341-352, Guimarães.
GARCIA, R. R. (1935) -Tratamento de águas. Instalação do Monte Estoril.
Técnica, n.2 69, pp. 189-194.

93
GAUDANT, M. (1978) - Contribution à l'étude anatomique et systématique
de l'ichtyofaune cénomannienne du Portugal. lere partie: Les «Acan-
thopterygiens». Comun. Serv. Geol. Portugal. T. LXIII , pp. 105-149.
GRAF, K. K. (1956) - Küstenzerstorung 3) -Sprittalocher und Blaslocher.
Natur und Volk, vol. 86 (1), pp. 1-7.
GRoor, J. J. & GRoor, C. R. (1962) - Plant microfossils from Aptian ,
Albian and Cenomanien deposits of Portugal. Comun. Serv. Geol.
Portugal, Lisboa, t. XLVI , pp. 133-171.
HAGUENAUER, B. (1969) - Les Miogypsinidae du Miocêne de la coupe de
Carcavelos (Bassin du Tage, Portugal). C. R. Acad. Se. Paris, T. 268,
pp. 270-272.
- (1973) - Contribution de l'analyse séquentielle à la connaissance des
formations néogênes du Bassin du Tage au Portugal. These doct.,
Univ. de Nancy I.
HASENBOEHLER, B. (1981) - Étude paléobotanique et palynologique de
I'Aibien et du Cénomanien du Bassin occidental portugais au sud de
l'accident de Nazaré (Province d'Estrémadure, Portugal). Mémoires
Sciences de la Terre, 81 (29), 317p.
HEER, O. (1881)- Contribution à la flore fossile du Portugal. Mem. Secc.
Trab. Geol. Portugal, 65 pp.
JALHAY, E. & PAço, A. do (1941) - A gruta 11 da necrópole de Alapraia.
Anais. Acad. Port. Hist. Vol. IV, pp. 107-140. Lisboa.
JALHAY, E. & PAço, A. do (1941) - Páleo e Mesolítico português. Anais da
Academia Port. Hist. Lisboa. 4: pp. 13-1 01.
JEsus, A. M. (1935) - Sobre a composição duma diorite da Serra de
Sintra. Boi. Mus. Lab. Min. Geol. Fac. Ciénc. Univ. Lisboa., n. 2 4, 2.11
sér., pp. 15-19.
KuLLBERG, M. C. (1985) - Controlo estrutural na instalação do maciço de
Sintra. Boi. Soe. Geol. Portugal, Lisboa, vol. XXIV, pp. 219-223.
LACROIX, A. , 1918 - Une note de Dolomieu sur les basaltes de Lisbonne,
adressée en 1779 à I'Académie Royale des Sciences. C.R. Aead. Se.
Paris, 167, pp. 437-444.
LAMY, J . B. (1952) - Granitos da Serra de Sintra . Boi. Soe. Geol.
Portugal, Vol. X, pp. 77-126.
- (1956)- Novos elementos para o conhecimento do complexo basáltico
dos arredores de Lisboa. Boi. Soe. Geol. Portugal. Vol. XII, (1-2), pp.
39-76.

94
LEAL, N., 1990- O maciço eruptivo de Sintra - novos dados de natureza
petrográfica e geoquímica. Dissertação provas A.P.C.C., Dep. Geol.,
Fac. Ciênc. , Univ. Lisboa, 49 p.
LEAL, N., 1991 -Caracterização geoquímica do maciço eruptivo de Sintra.
Conjecturas de ordem petrogenética baseadas em dados geoquími-
cos. Geociências, Univ. Aveiro, 6{1-2), pp. 33-40.
LEISNER, V. {1965) - Die Megalithgraber der lberichen Halbinsel der
Westen, pp. 3-303, Berlin.
LEISNER, V., PAÇO, A. & RIBEIRO, L. {1964)- Grutas artificiais de S. Pedro
do Estoril. Est. da Fundação C. Gulbenkian, pp. 5-79, Lisboa.
LoMBARD, A. (1958) - Observations lithologiques et tectoniques dans le
sud du Portugal. Comun. Serv. Geol. Portugal. Vol. XLII, pp. 57- 125.
LORIOL, P. DE (1887-1888) - Récueil d'études paléontologiques sur la
faune crétacique du Portugal. Vol. 11: Description des Echinodermes.
Comun. Trav. Géol. Portugal, Lisboa, 122 p.
MACINTYRE, R. M., BERGER, G. W., 1982 -A note on the geocronology of
the lberian alkaline province. Lithos, 15, pp. 133-136.
MALOD, J.A. & MAUFFRET, A. (1990) - lberian plate motions during the
Mesozoic. Tectonophysics, 184, pp. 261-278.
MANUPPELLA, G. (1968) - Contribuição para o conhecimento das rochas
dolomíticas ·d a região de Cascais. Est. Not. Trab. Serv. Fom. Mineiro,
vol. XVIII, f. 3-4, pp. 315-322. Porto.
MARQUES, G. & ANDRADE , M. {1974) - Aspectos da Proto-História do
território português. 1 - Definição e distribuição geográfica da Cultura
de Alpiarça {Idade do Ferro). Actas do III Congresso Nacional de
Arqueologia. Porto. 1: pp.125-148.
MAYNC, W. (1959) - The foraminiferal genera Spirocyclina and lberina.
Micropal., vol. 5 (1), pp. 33-68.
MENDES, F. & BERNARD-GRIFFITHS, J., {1973) - Nota sobre a datagem de
um dos episódios do complexo basáltico de Lisboa. Garcia de Orta,
Sér. Geol., 1 {2), pp. 37-42.
MENDES, J. C. & BETTENCOURT, M. L. {1980)- 0 clima de Portugal. Contri-
buição para o estudo do balanço climatológico de água no solo e
classificação climática de Portugal Continental. INMG, XXIV, Lisboa.
MIRANDA, J.; ENCARNAÇÃO, G.; VIEGAS, J. C.; ROCHA, E. & GONZALEZ, A.
(1999) - Carta Arqueológica do Paleolítico ao Romano. Câmara Muni-
cipal da Amadora. 145p.

95
MONTENAT, C., GUERY, F. JAMET, M. & BERTHOU, P. Y. (1988)- Mesozoic
evolution of the Lusitanian Basin: comparison with the adjacent margin .
ln . G. Boillot, E. I. Winterer, A. W. Meyer et ai. , (Eds.), Proc. Ocean
Drilling Project, Sei. Results, 103 B: pp. 757-775.
MouGENOT, D. (1989) - Geologia da Margem Portuguesa. lnst. Hidrográ-
fico Portugal, Lisboa.
MOUTERDE, R., RAMALHO, M., ROCHA, R. 8., RUGET', C . & TINTANT, H.
(1971) - Le Jurassique du Portugal. Esquisse stratigraphique et zonale.
Boi. Soe. Geol. Portugal, vol. XVIII , pp. 73-104.
NuNES, A. (1949) - Las grutas de Cascais y los nuevos hallazgos. Publ.
Junta de Turismo da Costa do Sol. Estoril.
OLIVEIRA, F. P. (1 888-92) - Note sur les ossements humains existants
dans le Musée de la Commission des Travaux Géologiques. Comun.
Comm. Trab. Geol. Portugal. T. 11, pp. 1-13, Lisboa.
- (1888-92) - Antiquités préhistoriques et romaines des environs de
Cascais. Comun. Comm. Trab. Geol. Portugal. T. 11 , pp. 82-108.
OLIVEIRA, R. & PEREIRA, C. (1978) - Estudos relativos à permeabilidade
do maciço calcário da albufeira da barragem de Atrozela (Cascais).
Geotecnia, n. 2· 24, pp. 45-53.
OLIVER, J. (1951)- Pesquisas no campo arqueológico entre o Casal do
Borel e o Casal do Mocho, na área da Amadora e Queluz. O Arqueólogo
Português. Lisboa. Série 11, 1: pp. 63-82.
PAço, A. (1941) -As grutas do Poço Velho ou de Cascais. Comun. Serv.
Geol. Portugal. T. XXII, pp. 45-84. Lisboa.
- (1971) - Nota acerca de uma taça de barro da. gruta 11 de Alapraia,
Trab. de Arqueologia de Afonso do Paço, Vol. 11, pp.297-304.
- (1955) - Necrópole de Alapraia - Anais Academia Portuguesa de
História, Vol. 5. 0 , 2." Série.
- (1957) - Arqueologia da Costa do Sol. Junta de Turismo da Costa do
Sol, pp. 1-16, Estoril.
- (1960) -Vestígios de influência germânica no concelho de Cascais. 1
Colóquio Bracarense de Estudos Suévicos-Bizantinos.
- (1961) - Sandálias de Alapraia. Trab. de Arqueologia de Afonso do
Paço, pp. 71-78.
- (1964)- Cascais há quatro mil anos. VI Centenário da Vila de Cascais.
Câm. Mun. Cascais.

96
- (1964) - Povoado pré-histórico da Parede (Cascais). VI Centenário
da Vila de Cascais. Câm. Mun. Cascais.

PAÇO, A. DO & FIGUEIREDO, F. J. A. de (1943) - Esboço arqueológico do


concelho de Cascais. Boletim do Museu-Biblioteca Condes de Castro
Guimarães. Cascais. 1: pp. 9-27.

PAÇO, A. & FIGUEIREDO, F. J . A. (1971) - Esboço arqueológico do con-


celho de Cascais. Trabalhos de Arqueologia de Afonso do Paço Vol.
·11, pp. 281-296, Lisboa.

PAÇO, A. & VAULTIER, M. (1971) - A gruta de Porto Covo. Trabalhos de


Arqueologia de Afonso do Paço Vol. 11 pp. 155-165, Lisboa.

PAÇO, A., BARTHOLO, & BRANDÃO, A. (19!i9) - Novos achados arqueológi-


COS das grutas de Cascais. I Congr. Nac. Arqueol. (1958) Vol. I, pp.
147-161. Lisboa.

PAÇO, A., SERRÃO, E. C. & VICENTE, E. P.(1956) - Estação eneolítica de


Parede (Cascais). Reconhecimento de 1955. XXIII Congr. Luso-Esp.
Progr. Cienc., pp.411-430. Coimbra.

PAço, A. & VAULTIER, M. (1956) - La coupe de la grotte de Porto Covo


(prês de Cascais - Portugal). IV Cong. lnt. Cienc. Pré-histórica. Madrid.
1954. pp. 561-565.

PAço, A. & VAULTIER, M. (1971) - Estação eneolítica do Estoril. Trab. de


Arqueologia de Afonso do Paço, Vol. 11, pp. 143-154, Lisboa.

PALÁCIOS, T., (1985)- Petrologia do Complexo vulcânico de Lisboa. Tese


Dout., Universidade de Lisboa, 260 p.

PALÁCIOS, T., ALVES, C. A. MATOS (1997) - Metamorfismo de contacto em


Sintra: novos dados geoquímicos. Actas X Semana de Geoquímica/IV
Congresso de Geoquímica dos Países de Língua Portuguesa, Braga
(Portugal), pp. 115-118.

PALÁCIOS, T., ALVES, C. A. MATOS , MUNHÁ J., KERRICH, R., (1986a) - Petro-
genetic significance of trace-element and isotope variations in basalts
from the Lisbon volcanic complex (Portugal). Geol. Soe. Amer. Abstr.
Progr., 18(6).

PALÁCIOS, T., MuNHÁ J., ALVES, C. A. MATOS, KERRICH, R., (1986b) - Chemical
and isotopic evidence for assimilation of crustal material by basaltic
magma in the Lisbon volcanic complex (Portugal). Geo/. Soe. Amer.
Abstr. Progr., 18(6).

97
PALÁCIOS, T., MUNHÁ, J., KERRICH, R. , ALVES, C. A. MATOS, ABRANCHES, M.
C., (1988)- Petrogénese do complexo vulcânico de Lisboa: evidência
isotópica. Geociências, Univ. Aveiro, 3, pp. 115-122.
PALÁCIOS, T., ALVES, C. A., MATOS, LEAL, N., MUNHÁ, J., (1995)- Mineralo-
gia química do maciço eruptivo de Sintra. Memórias Mus. Lab. Min.
Geol. Fac. Ciênc. Univ. Porto, 4, pp. 775-779 .
PALÁCIOS, T., ALVES, C. A. MATOS, MUNHÁ, J., LEAL, N., (1999) -Geoquímica
das Terras Raras nas rochas granulares do maciço eruptivo de Sintra.
Actas 11 Congr. Ibérico Geoq./XI Semana Geoq. , Lisboa, pp. 353-354.
PARADELA, P. L. (1962) - O método geo-eléctrico de resistividade na
prospecção de águas subterrâneas. Publ. Centro Est. Urb., 34 pp.
PEREIRA, F. A. (1915-1924)- As antiguidades no Concelho de Cascais.
O Archeol. Português, Vols. XI, XXI , XXIII e XXVI, Lisboa.
(1934)- Inscrições romanas das vizinhanças de Cascais. Rev. Arqueol.,
T. 11 , Lisboa.
PINTO, C. V. & PARREIRA, R. (1978) - Contribuição para o estudo do Bronze
Final e do Ferro Inicial a Norte do estuário do Tejo. Actas das III Jor-
nadas Arqueológicas da Associação dos Arqueólogos Portugueses.
Lisboa. 1: pp. 147-162.
RAMALHO, M. M. (1968)- Sur la présence de ccVaginella» striata Carozzi
au Jurassique supérieur portugais. Boi. Soe. Geol. Portugal, Vol. XVI ,
pp. 271-278.
- (1969) - Quelques observations sur les Lituolidae (Foraminifera) du
Malm portugais. Boi. Soe. Geol. Portugal, Vol. XVII , pp. 37-50.
- (1971) - Contribution à l'étude micropaléontologique et stratigraphique
du Jurassique supérieur et du Crétacé inférieur des environs de
Lisbonne (Portugal). Mem. Serv. Geol. Portugal, nova ser. n .. 19, 212 pp.
- (1981)- Note préliminaire sur les microfacies du Ju rassique supérieur
portugais. Comun. Serv. Geol. Portugal t. 67, pp. 41 -46.
RAMALHO, M. M. & GoNÇALVES, F. (1962)- Conglomerado intraforma-cio-
nal do Lusitaniano de Sintra. Rev. Fac. Ciênc. Lisboa, 2 .11 Série-C -
Vol. X, pp. 103-1 08.
RAMALHO, M. M. & REY, J. (1969)- Corrélations stratigraphiques dans les
couches de passage du Jurassique au Crétacé du Portugal. Boi. Soe.
Geol. Portugal, Vol. XVII (1), pp. 31-36.
- (1975) - État des connaissances actuelles sur le Jurassique terminal
et le Crétacé basal du Portugal. Mem. B. R. G. M. , n. 86, pp. 265-273.

98
RAMALHO, M. , PAIS, J., REY, J., BERTHOU, P., ALVES, C. A. MATOS, PALÁCIOS,
T., LEAL, N. & KULLBERG, M. C., (1993)- Notícia explicativa da folha
34-A, Sintra. Serv. Geol. Portugal, 77 p.
RAMALHO, M. M., REY, J., ZBYSZEWSKI, G., ALVES, C. A. MATOS, ALMEIDA, F.
MOITINHO, COSTA, C. 6 KULLBERG, M. C. (1981)- Notícia Explicativa da
folha 34-C Cascais. Serv. Geol. Portugal, 87p.
RAPoso, L. & CARDOSO, J. L. (2000) - A questão das primeiras ocupa-
ções humanas do território portugês, no quadro europeu e circum-
mediterrânico: história das investigações, situação actual, perspecti-
vas futuras. Estudos do Quaternário, 2: pp. 57-72.
REAL, F. (1951)- Notas sobre a chaminé vulcânica do Guincho e o filão
basáltico da Crismina. Boi. Soe. Geol. Port. , Vol. IX (III), pp. 161-167.
- (1951)- Algumas observações sobre a auréola metamórfica da Serra
de Sintra. Boi. Mus. Lab. Geol. Fac. Ciênc. Univ. Lisboa, Série 6, n. 2
19, pp. 99-106.
REY, J. (1966) - Sur un echinide nouveau de I'Hauterivien portugais.
Holectypus almeidae. Buli. Hist. Nat. Toulouse, T. 102 (I). pp. 295-300.
- (1966) - Sur les variations latérales des "Couches d' AI margem" dans
la contrée de Cascais et de Belas (Portugal) C. R. somm. Soe. Geol.
France, fase. 9, p. 364.
- (1966)- Sur l'âge des "Couches d'Aimargem" dans la région de Cascais
(Portugal) C. R. somm. Soe. Géol. France, fase. 2, p. 83.
- (1967) - Caracteres morphologiques et répartition stratigraphique
d'Holectypus almeidae Rey. Comun. Serv. Geol. Portugal, T. LI, pp. 25-35.
- (1969) - Les grês albo-aptiens et la paléogeographie du Crétacé
inférieur portugais. C. R. Ac. Se. Paris, T. 269, pp. 1827-1830.
- (1971) - Le Berriasien du Portugal. Comparaisons avec les couches
de passage du Jurassique au Crétacé sur la bordure nord de la
Mésogée. 96. 2 Congr. Soe. Savantes.
- (1972) - Recherches géologiques sur le Crétacé inférieur de !'Estre-
madura (Portugal). Mem. Serv. Geol. Portugal, nov. ser., n.2 21, 471 p.
- (1973) - Observations sur l'écologie des Orbitolines et des Chofatelles
dans le Crétacé inférieur d'Estremadura (Portugal). C. R. Acad. Se.
Paris, T. 276, pp. 2517-2520.
- (1976) - Déccouverte de microfaunes albiennes et vraconiennes dans
la région de Lisbonne (Portugal). C. R. Acad. Se. Paris., T. 282, ser.
D, pp. 831-834.
- (1979) - Les formations bioconstruites du Crétacé inférieur d'Estre-
madura (Portugal) . Géobios, Mem. Sp. n2 .3, pp. 89-99.

99
- {1982) - Dynamique et paléoenvironnements du bassin mésozoique
d'Estremadura (Portugal), au Crétacé inférieur. Cretaceous Research,
3 (1-2): pp. 102-111.
- (1992) - Les unités lithostratigraphiques du Crétacé inférieur de la
région de Lisbonne Comun. Serv. Geol. Portugal, t. 78(2), pp. 103-124.
REv, J. & BusNARDO, R. (1969) - Sur la limite entre le Valanginien et I'Hau-
terivien dans le bassin crétacé du Tage (Portugal). C. R. Acad. Se. Paris,
T. 268, ser. D, pp. 1165-1167.
REEY J. & CuGNY, P. (1977) - Écoséquences et paléoenvironnements de
I'Aibien du Portugal. Buli. Soe. Hist. Nat. Toulose, T. 113 (3-4), pp. 374-386.
REY, J., BILOTTE, M. & PEYBERNES, 8. (1977)- Analyse biostratigraphique
et paléontologique de I'Aibien marin d'Estremadura (Portugal). Géobios
n. 2 10 {3), pp. 369-393.
REY, J., GRAMBAST, L., 0ERTLI, H. J. & RAMALHO, M. (1968)- les couches
du passage du Jurassique au Crétacé au Nord du Tage (Portugal). C.
R. somm. Soe. Geol. France, fase. 5, pp. 153-154.
RIBEIRO, C. (1857) - Reconhecimento geológico e hydrológico dos ter-
renos das vizinhanças de Lisboa. Publ. Acad. Real Se. Lisboa, Vol. I,
159 pp.
- (1880) - Estudos prehistóricos em Portugal: - Notícia de algumas
estações e monumentos prehistóricos. 11 - Monumentos megalíticos
das vizinhanças de Bellas. Mem. Sec. Trab. Geol. Portugal, 86 pp.
- (1949) - Vues de la côte portugaise entre l'estuaire de la riviere de
Maceira et Pedra do Frade à I'Ouest de Cezimbra. (Publicação
póstuma) Mem. Serv. Geol. Portugal. Lisboa, (Coordenação e texto por
G. Zbyszewski).
RIBEIRO, O. (1941) - Remarques sur la morphologie de la région de Sintra
et Cascais. Rev. Géograph. Pyrenées Sud-Ouest, Vol. 11 (3-4), pp. 203-218.
RIBEIRO, A., ANTUNES, M. T., FERREIRA, M. PORTUGAL, ROCHA, R. 8., SOARES
A. F., ZBYSZEWSKI, G., ALMEIDA, F. MOITINHO DE CARVALHO, 0., MONTEIRO,
J. H., (1979)- lntroduction à la géologie générale du Portugal. Serv.
Geol. Portugal, 114 p.
RIBEIRO, A. , MIRANDA, M., TERRIHA, P., KULLBERG, M. c ..
SILVA, E. A.,
KuLLBERG, J. C., (1997) - Is the Sintra-Sines-Monchique Fracture (200
km) a segment of the meteorite impact Tore-Guadalquivir Fracture
(600 km)?. Terra Nova, 9, AbstractSuppl., 1, p.177.
RIBEIRO, M. L., (1997)- A geologia da Peninha. Parque Natural de
Sintra-Cascais, lnst. Conserv. Natureza, 18 p.

100
RIBEIRO, M. L., RAMALHO, M., (1997) -Carta geológica simplificada do
Parque Natural Sintra-Cascais na escala 1 :50.000 e Notíca explicati-
va da carta geológica simplificada do Parque Natural de Sintra-Cas-
cais. lnst. Geológico e Mineiro, lnst. Conserv. Natureza, 50 p.
RocHA, A. T. & GOMES, J. N. (1964)- Nota preliminar sobre a distribuição
de lberina lusitanica (Egger, 1902) emend. Maync, 1959. Boi. Soe.
Port. Ciênc. Nat., 2. 1 Sér., Vol. 10, pp. 91-99.
RocHA, A. T. & GoMES, J. N. (1967) - Ensaio sobre a morfologia e ocor-
rência de lberina lusitanica (Egger) (Foraminífero). Comun .Serv. Geol.
Portugal, T. 51, pp. 169-220.
RocK, N. M. S., (1982)- The late cretaceous alkaline igneous province in the
lberian Península, and its tectonic significance. Lithos, 15, pp. 111-131.
RODRIGUES, 8 ., MATOS ALVES, C. MATOS, MUNHÁ, J., PALÁCIOS, T., 1982- Geoche-
mistry of Lisbon basaltic complex. Boi. Soe. Geol. Portugal, 23, pp. 31-36.
RODRIGUES , 8., SERRALHEIRO, A. & PALÁCIOS, T. (1981)- Ensaio preliminar
de orientação para correlação geoquímica de tufos do Complexo vul-
cânico de Lisboa. Mem. Not. Mus. Lab. Min. Geol. Univ. Coimbra,
Coimbra, 91-92; pp. 73-87.
RoMAN, F. (1917) - Nouvelles observations sur les faunes continentales
tertiaires et quaternaires de la basse vallée du Tage. Comun. Serv.
Geol. Portugal, T. XII, pp. 70-101.
RoMAN, F. & TORRES, A. (1907) - Le Neogêne continental dans la basse
vallée du Tage (rive droite). Mém. Comm. Serv. Geol. Portugal, Lisboa,
109 p.
SAPORTA, MARQUIS DE & CHOFFAT, P. (1894) - Flore fossile du Portugal.
Nouvelles contributions à la flore mésozoique, accompagnées d'une
notice stratigraphique. Mem. Dir. Trab. Geol. Portugal, 288 pp.
SCHLUMBERGER, C. & CHOFFAT, P. {1904) - Note sur le genre Spirocyclina
Munier-Chalmas et quelques autres genres du même auteur: Buli.
Soe. Géol. France, 4 sér. , T. IV, pp. 358-368.
SERRALHEIRO, A., 1978 - Contribuição para a actualização do conheci-
mento do Complexo vulcânico de Lisboa. Trabalho adicional Doutora-
mento, Universidade de Lisboa, 39 p.
SERRÃO, E. C. (1983) - A estação pré-histórica de Parede. Documentos
inéditos sobre estratigrafia e estruturas (campanha de 1956). O Arque-
ólogo Português. Lisboa. Série IV, 1: pp. 119-148.
SERRÃO, E. C. & ViCENTE, E. P. (1959) - Escavações em Sesimbra, Parede
e Oleias. Métodos empregados. 1. 2 Cong. Na c. de Arqueologia,
pp.317-335.

101
SHARPE, D. (1850) - On the Secondary district of Portugal which lies on
the North of Tagus. Quart. Joum. Geol. Soe. London, Vol. VI, pp. 136-201.
SousA, F. L. P. (1897-98)- Subsídios para o estudo dos calcários do distri-
to de Lisboa. Rev. Engenharia Militar, n. 9, (1897), n. 2 1, 3, 5,6 (1898).
- ( 1928) - O terramoto do 12 • De Novembro de 1755 em Portugal e um
estudo demográfico. Vol. III. Distrito de Lisboa. Mém. Serv. Geol.
Portugal, Lisboa: pp. 475-950.
SousA, L. S. O. (1995)- Subsídios para o estudo das águas subterrâneas
portuguesas, 155 p.
SousA, V. M. & PEREIRA, E. C. (1941) - A formação basáltica do novo
Estádio Nacional. Técnica, n. 2 118, pp. 274-278.
SPARKES, R. S. J. & WADGE, G. (1975) - Geological and geochemical
studies of the Sintra alkaline igneous complex, Portugal. Boi. Volca-
nol. n. 2 39 (3), pp. 385-406.
SPINDLER, K. (1976) - Die neolithische Parede -gruppe in Mittel Portugal.
Madrider Mitteilungen, n2 . 17, pp. 21-71.
STORETVEDT, K. M., MOGSTAD, H., ABRANCHES, M. C. , MITCHELL, J. G.,
SERRALHEIRO, A., (1987)- Palaeomagnetism and isotopic age data from
Upper Cretaceous igneous rocks of W Portugal; geological correlation
and plate tectonic aspects. Geophys. J.R. astr. Soe., 88, pp. 241-263.
STORETVEDT, K. M., MITCHELL, J . G., ABRANCHES , M . C., 0FTEDAHL, S.,
(1990) - A new kinematic model for lberia; further palaeomagnetic
and isotopic age evidence. Physics of the Earth and Planetary lnteriors,
62, pp. 109-125.
TEIXEIRA, C. (1962) - La structure annulaire subvolcanique des massifs
éruptifs de Sintra, Sines et Monchique. Junta lnv. Ultramar, Livro de
Homenagem Prof. J. Carrington da Costa., pp. 461-493.
TEIXEIRA, C., GoNÇALVES, F., (1980) - Introdução à geologia de Portugal.
lnst. Nac. lnvest. Cient., Lisboa, 475 p.
TEIXEIRA, C., GONÇALVES, F., NASCIMENTO, A., FERNANDES, S. C., (1981) -
O maciço eruptivo de Sintra. Soe. Port. Ciênc. Nat., Col. Natura, Nova
Série, vol. 7, 48 p.
TERRINHA, P., KuLLBERG, M. C., (1998)- An emplacement model for the
late Cretaceous igneous massifs of Sintra, Sines and Monchique .
Actas do V Congresso Nacional de Geologia. Comun. I.G.M., 84, D,
pp. 53-56.
TRINCÃO, P. R. (1990) - Esporos e polenes do Cretácico inferior (Berria-
siano-Aptiano) de Portugal: paleontologia e biostratigrafia. Tese univ.
Nov. Lisboa, 313 p. 47 pi.

102
UBALDO, M. L. & OTERO, M. R. P. (1978) - Foraminíferos da costa su-su-
doeste de Portugal. Garcia de Orta, ser. geol., Vol. 2 (2) , pp. 77-130.
VASCONCELOS, A. M. (1939)- Estudo sobre as águas das praias da Parede
Técnica, n.2 101 , pp. 277-281 .
VASCONCELOS, J. L. (1916} - Mosaicos romanos de Portugal -0 mosaico
de Oeiras. O Archeol. Português, Vol. XXI pp. 142-145.
VAULTIER, M., ROCHE, J. & FERREIRA, 0 . V. (1959)- Novas escavações na
gruta da Ponte da Lage (Oeiras). I Congr. Nac. Arqueai., Vol. 1, pp.
111 -116, Lisboa.
VICENTE, 8 . P. & SERRÃO, E. C. (1958) - Estação eneolítica de Parede.
Noticia do seu achado. Trab. Antrop. Estud. , Vol. XVI , pp. 5-24, Porto.
WATKINS, N. D. & RICHARDSON, A. (1968) - Paleomagnetism of the Lisbon
volcanics Geophys. Journal, 15: pp. 287-304.
WHITMARSH , R.B. , MILES , P. R. , SIBUET, J . C . & LOUVEL, V. {1996) -
Geological and geophysical implications of deep-tow magnetometer
observations near sites 897, 898, 899, 900 and 901 on the west lberia
continental margin. Proc. ODP Sei. Results, 149, 665-674.
WILSON , R. C. L. (1975) - Atlantic opening and Mesozoic continental
margin basins of lberia. Earth Planet. Se. Lett., 25: pp. 33-43.
- {1979) - A reconnaissance study of Upper Jurassic sediments of the
Lusitanian 8asin. Ciências da Terra, (UNL), Lisboa, 5: pp. 53-84.
- (1986) - Mesozoic development of the Lusitanian 8asin. Maleo, Lisboa,
2 (13): pp. 45-46.
WILSON, R. C. L., HISCOTT, R. N., WILLIS, M. G. & GRADSTEIN, F. M. (1989)
- The Lusitan ian 8asin of West Central Portugal: Mesozoic and
Tertiary tectonic, stratigraphic and subsidence history. ln Extensional
Tectonics and Stratigraphy of the North Atlantic Margins. Amer. Assoe.
Petrol. Geologists Mem., 46: pp. 341-361 .
WRIGHT, J. 8. (1969) - Re-interpretation of a mixed petrographic province
-The Sintra intrusive complex (Portugal) and related rocks. Geol.
Rundschau, V. 58 (2) , pp. 538-564.
ZsvszEWSKI , G. (1949) - Notice sur deux cartes géologiques inédites,
oeuvres de Carlos Ribeiro et Nery Delgado. Mem. Serv. Geol. Portugal.
- ( 1955) - Carta geológica dos arredores de Lisboa na escala 1/50
000. Noticia explicativa da folha 3 Cascais. Serv. Geol. Portugal.
- (1964) -Resenha geológica do Concelho de Cascais . Cam. Munic.
Cascais, 20 p.

103
ZBYSZEWSKI, G. & ALMEIDA, F. M. (1951)- Um "Pycnodontidae" do Ceno-
maniano dos arredores de Lisboa. Comun. Serv. Geol. Portugal, T.
XXXII, pp. 65-70.
ZBYSZEWSKI, G.; CARDOSO, J. L.; LEITÃO, M. & NORTH, T. (1995} - A jazida
paleolítica do reduto de Renato Gomes Freire (Alto da Barra)- Oeiras.
Estudos Arqueológicos de Oeiras. Oeiras. 5: pp. 11-21 .
ZBYSZEWSKI, G. & FRANÇA, J. C. (1948) - La plage milazzienne de Areias
(Cascais). Trabalhos de Antropologia e Etnologia. Porto. 11 (3/4): pp.
262-271 .
ZBYSZEWSKI , G. & TEIXEIRA, C. (1949)- Le niveau quaternaire marin 5-8
m au Portugal. Boi. Soe. Geol. Portugal. Porto. 8: pp. 1-8.
ZBYSZEWSKI , G., VIANA, A. & FERREIRA, 0 . V. (1957)- A gruta préhistórica
de Ponte da Lage (Oeiras). Comun. Serv. Geol. Portugal, T. XXXVIII ,
pp. 389-400.
- (1959) - Antigas prospecções arqueológicas realizadas na área de
Carnaxide. An. Fac. Ciênc. Porto, Vol. XLI, pp. 114-120.
ZILHÃO, J. (1997)- O Paleolítico Superior da Estremadura portuguesa. 2
vais. Lisboa. Ed. Colibri.

104
Execução Gráfica
Ponticor- Realizações Gráficas, Lda.
Buraca - Amadora
Depósito Legal n.2 160 326/01
2 000 ex.
SECRETARIA DE ESTADO DA INDÚSTRIA E ENERGIA
INSTITUTO GEOLÓGICO E MINEIRO

Você também pode gostar