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Atos dos Apóstolos e Atos da Igreja

Reflexões sobre os caminhos da Igreja atual sob a ótica da


Igreja Primitiva. – PARTE 2

Capítulo 3 – Sinais, Resistência e avanço da Igreja.

No primeiro estudo tivemos a oportunidade de observar o movimento inicial da Igreja,


desde de a subida de Cristo até as manifestações de sinais e prodígios e o crescimento da
Comunidade, vista com simpatia pelo povo.

Em um contexto mais amplo, fizemos vários exercícios de viagem no tempo e, a partir da


perspectiva daquela Igreja, observamos a nossa Igreja atual e fizemos perguntas para esta última.

Agora, vamos dar prosseguimento à caminhada da Igreja no Livro dos Atos.

Logo no início do Capítulo 3, vemos uma cena já muito discutida, muito pregada, muito
falada no meio da igreja. A cura do coxo na entrada do templo. Pedro acabara de demonstrar o que
Jesus havia dito, sobre fazer as mesmas coisas que ele fazia, dada a semelhança do relato com os
relatos de Jesus nos Evangelhos. Ainda em Atos, veremos mais sinais do tipo. E lembremo-nos de
que os capítulos anteriores relatam sinais a partir dos apóstolos.

Estes eventos vão gerar conflitos com as autoridades locais, que tentarão, de todas as
formas, impedir o avanço deste trabalho. Mas, muito além de conflitos, o que marca a abertura
deste capítulo é a certeza de que o nome de Cristo continuava a impactar aquela comunidade e, a
partir dela, aquele povo.

Vemos a admiração do povo, ao reconhecer o mendigo, agora pulante, que antes ficava
encostado na entrada do templo. A reação de Pedro ao absurdo que via nos olhos que lhes fitavam
é imediata. “Não fomos nós!” Agora, não no sentido de negar, como ele fizeram com Jesus. Mas,
no sentido único de engrandecer o nome de Cristo e mostrar que, apesar de eles terem sido a
ferramenta, quem operou o milagre foi Cristo.

Devemos lembrar que, a ideia de falar “em nome” ou “em o nome” de alguém, para aquele
povo, era tão significante que poderíamos dizer que era o próprio citado que tinha feito. Se
visitamos a nossa linguagem atual, quando falamos que “estamos aqui em nome de fulano”,
estamos dizendo que somos representantes deste fulano.

Para os judeus, fazer algo em nome de alguém era dizer que aquele alguém estava fazendo,
tamanha a força da expressão. A autoridade é dele.

Pedro foi claro. E, mais uma vez, duro. Lembrou, novamente, quem era o Cristo do qual
ele falava.

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Contextualizemos: Aquele homem provavelmente tinha sido largado na porta do templo


por alguns de seus amigos para tentar a esmola do dia. A hora, hoje, 15 horas, era a hora dos
sacrifícios da tarde, regado à oração. E um mendigo, na entrada do templo, onde as pessoas iam
com seus pesares, pecados e culpa, vendo no mendigo e na esmola, uma chance de “pagar” um
pouco de penitência... Era uma grande estratégia.

Imagine a cena... Pedro e João (*) chamam a atenção, o mendigo deixa outros para lá e
quando ouve “não temos prata nem ouro” ... Deve ter sido frustrante e irritante. Quantos passaram
por aqui agora que poderiam me ajudar e vocês me chamam para nada?

Mais do que isto! Pedro e João certamente tinham como ajudar aquele mendigo
financeiramente. Não era o que vimos que aquela comunidade fazia? Mas, naquele momento, era
hora de oferecer mais do que prata ou outro. Ele não tinha como trabalhar, ter seu sustento por
causa de sua deficiência, não? Então, vamos ajudar a resolver este problema! (Is 35-6)

Vejam bem. Não se pode usar isto como argumento para não ajudar a quem precisa. De
forma alguma! Muito menos para dizer que o espiritual é mais importante do que o físico. Mas, a
partir do físico, se comprova o espiritual naquele momento.

Paremos. A igreja de hoje... Ela pararia diante daquele coxo? Ela ofereceria esta
cura? Ela praticaria a missão de Deus a partir de um mendicante?

Sabemos a resposta. Nossas Ações Sociais são absolutamente proselitistas. Se para darmos
uma sacola com mantimentos que duram uma semana, e que podem saciar a fome, mas não dão
gosto à vida de quem recebe, já impomos condições, imagine para oferecermos algo da parte de
Deus, espiritual?

Não! Mandaríamos aquela pessoa assistir a um culto, esperaríamos ela dar um sinal de que
Deus a havia tocado e, a partir daí, começaríamos a pensar em lhe dar algo. Ou, de forma mais
disfarçada, ofereceríamos estas “bolsas alimentação” em troca de um culto. É sempre um
evangelho de troca.

Jesus nunca pediu nada para fazer algo pelas pessoas. Jesus curava, tocava, conversava,
andava com pessoas que eram rejeitadas pela sociedade, e a partir deste andar, estas vidas eram
transformadas. Milagres aconteciam.

Pedro partiu do mesmo princípio. Porque ele agia a partir de Cristo e sua autoridade, na
verdade, não era sua, era de Cristo.
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Nós usamos e abusamos de nossa autoridade, nossos pensamentos, nossa doutrinação e


temos uma lista de exigências para o nosso próximo. Pedro deu o que tinha naquele momento.
Sem exigir nada em troca. E ainda usou o momento para exaltar e pregar o Evangelho daquele que
tinha realizado a cura por seu intermédio.

Mais ainda! Hoje, vendermos um evangelho que impõe absurdos para a ação de Deus. E se
não há a ação, porque o homem jamais poderá operar em nome de Deus sem que Deus assim o
queira, a culpa é colocada na fé da pessoa.

Aquele mendigo não era convertido. Não era um cristão. Não fazia parte do caminho. Mas,
Deus agiu através de Pedro para curá-lo. O que dizer de quem impõe este peso de culpa no fiel? E
mais do que isto... Estamos lendo as Escrituras?

Seguimos o discurso de Pedro para perceber que ele não perdeu, mais uma vez, a chance
de falar de Cristo. Ele aproveita a situação, o povo atônito, aquela manifestação do curado e
evangeliza. Sem piedade. Usa de palavras que os Judeus compreendem, se utiliza das Escrituras
para embasar sua fala.

Fala sobre as profecias dadas por todos os profetas desde Samuel, usa as palavras de Moisés
para cutucar o povo. Pedro era, mais uma vez, preciso. E demonstra conhecimento do que fala.
Por mais que saibamos que é o Espírito Santo quem conduz Pedro, ele demonstra conhecimento,
e isto demonstra estudo das Escrituras. Ele sabia o que dizer e como embasar isto. Argumentos
fortes e irrefutáveis, colocando Jesus em seu devido lugar.

E a cura é um sinal deste Jesus, e da fé neste Jesus. Fé no nome e na autoridade deste nome.
E é neste nome que Pedro evoca o arrependimento de seu povo.

Paremos de novo. Percebam como Pedro trabalha nesta cena. Desde o início. Primeiro,
demonstrando o poder do nome de Jesus através da fé, e depois, demonstrando todo o
conhecimento profundo da Palavra de Deus. Um servo equilibrado e que se utilizou tanto do
racional quanto do sobrenatural para trabalhar nesta cena.

Nossas igrejas, hoje, criam doutrinas a partir de experiências pessoais alheias, cantam
experiências alheias, trabalham no sentido de que a experiência espiritual é o caminho para uma
vida cristã. O único caminho.

Esquecemo-nos de que o conhecer que a Bíblia fala no Novo Testamento também é fruto
de experiência. Que esta experiência remete a uma caminhada, uma subida, uma escada. E que ela
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não pode ser subida apenas “nas nuvens”. Pedro demonstra um conhecimento que falta à igreja de
hoje.

Se aquela Igreja visualizasse a igreja atual, ela consideraria que estamos


caminhando sobre a Palavra de Deus, como eles estavam? Será que não estamos usando a
Palavra de Deus apenas para atender aos nossos interesses, moldando-a, ao invés do
processo ser o contrário?

Pedro termina seu discurso.

Capítulo 4 - A prisão e o enfrentamento – Não podemos nos calar!

Mal tinha terminado de falar, e os sacerdotes e sua companhia, perturbados com o que
estava acontecendo, prenderam os dois. Pelo o menos o texto dá esta ideia. Já estava anoitecendo.
Imagine! Quanto tempo eles ficaram falando acerca de Cristo?

Foram presos até o dia seguinte. Um tipo de punição, mas também porque só poderiam ir
ao júdice no próximo dia útil, digamos assim.

Apesar desta tentativa, mais uma vez, a Palavra de Pedro ecoou no meio daquele povo. E
o Espírito Santo agiu através daquela palavra. A Palavra diz que o número de cristãos chegara à
5000 naquele dia. De 120 à 5000. E falamos de homens. É necessário levantar a ideia de que alguns
dizem ser impossível este número ser real porque seria um número muito grande para a população
de Jerusalém. So que, as especulações sobre o censo de Jerusalém vão de 25 às 250 mil pessoas.

É até interessante perceber que as objeções se dão pelo número de convertidos. Mesmo
que fossem 30 mil pessoas na cidade, e um terço dela se convertesse a Cristo, qual seria a
dificuldade? Em uma cidade próxima de Porto Alegre, onde dei aula durante um ano,
aproximadamente, a população da cidade era de 25.000 pessoas. E a igreja em que eu trabalhava
tinha uma membresia de 2.500 pessoas. E não era a única igreja da cidade. E falamos, também, de
uma cultura de religiosidade diferente, ou, no mínimo, com boas diferenças para o Cristianismo.

Além do que, o trabalho dos discípulos não necessariamente estava em Jerusalém, incluindo
arredores e se espalhando. Lembrem-se de que estamos falando do mandamento de Cristo.

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Olhando para esta realidade e, de lá, olhando para cá... Por que nossa ação evangelística
não tem um impacto como a do tempo dos apóstolos? Apóstolos que arriscavam suas vidas e
liberdade para pregar.

Hoje, livres, interligados, com o mundo à nossa frente, não causamos impacto na sociedade
em que estamos inseridos. Nossos impactos se resumem à panfletagem e ao número quase
incontável de eventos que criamos visando muito mais uma colheita de sujeitos para nossas paredes
do que um impacto transformador na vida deste sujeito.

Como diz alguém que respeito muito: “Evento é vento”, ou seja... Não temos controle, é
passageiro e não se pode prever seus resultados. Mas, nossas grandes ações evangelísticas se dão a
partir destas duas premissas: Panfleto tem poder e eventos são ações do Espírito Santo.

Pergunto: Se firmamos nossa missão nestas duas ideias, como lidar, no caso da
primeira, com um analfabeto ou um cego? E no caso da segunda, como lidar com um cego
ou surdo? Pois é, os argumentos surgem, mas não eliminam as dúvidas e ficam longe de criar uma
solução. Até porque a Palavra já traz as soluções há séculos.

Os apóstolos foram, logo pela manhã, interrogados. Os líderes religiosos e políticos


estavam preocupados com as consequências daqueles atos contínuos, os sinais e queriam ouvir os
réus. Sob que autoridade fazem isto?

Pensem: São iletrados, como se portar diante das autoridades, como lidar com gente tão
superior intelectualmente? Mas, eles já demonstravam que tinham conhecimento, como vimos
acima, e também lembramos das próprias palavras de Jesus em Lucas 12.11-12 ou 21.14-15.

E, mais uma vez, eles deixaram os líderes em uma sinuca. Estes líderes deviam pensar:
“Estes caras dizem que falam em nome de Jesus, o Cristo. Eles curam em nome de Jesus. E fazem
isto exatamente como ele fazia. E agora eles também falam como Jesus falava, nos deixando sem
condições de uma réplica. O que essa gente tem?

Provavelmente eles também perceberam que, mais do que curar, as ideias das palavras ditas
ao velho coxo eram de salvação. Como Jesus fazia. E agora, aquele homem ficava ali, pulando e
gritando sua alegria. Demonstrando a todos os que estavam por ali o que tinha acontecido e
preocupando ainda mais.

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E aquele modo de agir em frente aos que se diziam cultos. Era improvável, como dissemos.
Para estes, Pedro e João são incultos, não tem condições de falar em público. Mas o que veem é
uma oratória assustadora.

Logo que ficam em sessão fechada, tentam encontrar uma maneira de parar o caos. Sabiam
que eles seriam reconhecidos. O milagre não poderia ter sido em lugar pior! Mas, não poderiam
continuar espalhando aquelas ideias no meio do povo! Tinham que ser proibidos!

Retomando o embate, é exatamente o que eles exigem dos apóstolos. Silêncio. Já chega
destas notícias. Vocês estão proibidos de voltarem a falar sobre este Jesus e tudo mais. Não
preguem mais sobre isto. Uma advertência muito mais no sentido de uma ameaça do que uma
ordem.

Porque eles sabiam que não tinham do que acusar legalmente os apóstolos. Agora que
estavam dando uma ordem, pelo menos eles poderiam ser presos por desobediência, não é?

Se você fosse um deles, o que faria? Se alguém chegar amanhã pra você e lhe dizer
estas palavras, qual será a sua reação?

Os discípulos disseram que não poderiam fazer aquilo! Como assim parar? Você sabe do
que está falando? E ainda desafia: Pensem vocês, homens de Deus: é melhor obedecer a Ele ou a
vocês? Além de tudo, eram provocadores, usaram de palavras e coisas que os sacerdotes
dominavam para os enquadrar. E os sacerdotes ainda tinham todo o apelo popular contra qualquer
ação mais dura. Tiveram que os soltar. Fizeram ameaças e mais ameaças, mas os soltaram.

E nós? Já pensaram na resposta? Conseguiriamos lidar com o temor, a dúvida? Eles


foram rápidos, imediatos em dizer que não deixariam de falar do amor de Deus, de Cristo e de agir
sob a autoridade Cristo.

Os apóstolos voltaram para casa, e junto com os demais, se alegraram naquele momento
difícil. Porque sabiam que eram as palavras de Cristo se cumprindo em suas vidas. Não se sabe
como oravam, quem orava, mas era uma oração em família. E, mesmo na oração, eles demonstram
controle sobre as Escrituras, citando o Salmo 2, Isaias 37.16.

A igreja se uniu diante das dificuldades. Se colocou diante de Deus para pedir força. Oração
que demonstrava o conhecimento da soberania de Deus sobre todas as coisas e que sabiam que
Ele estava no controle, mesmo nestes tempos difíceis.

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Claro que não era a comunidade toda. Talvez os 120 iniciais. Talvez menos, os líderes do
movimento e as pessoas mais próximas. Mas, a sintonia era a mesma, como o próprio livro de Atos
já demonstrou até aqui.

A resposta à oração é imediata. O lugar estremece. Uma teofania aos moldes


veterotestamentários. Não havia dúvidas de que Deus estava com eles. Poderia haver?

E mais uma vez foram fortalecidos e continuaram a missão de Deus.

Agora, eles sentam e olham para o futuro. Focam na nossa época. Época em que temos
tudo e não fazemos quase nada. Época em que unidade significa apenas interesses comuns. Época
em que falar de Deus é criar polêmica. Época em que entrar em rota de colisão com os “supremos
deuses gospel” é uma afronta ao Espírito Santo. O que eles devem pensar disto?

O que você pensa, depois de ver toda esta cena. Estamos no caminho certo? Igrejas
que se dividem, que vivem sob o prisma da hipocrisia, que juntam as mãos em oração, mas o
externo não se reflete no interno. Lá dentro eles estão rogando justiça contra o próximo. Igrejas
que, como diz o velho jargão, são parte do único exército do mundo a largar os seus feridos,
abandoná-los, e se possível, enterrá-los ainda vivos para não ter que lidar sequer com um contato
visual.

Igreja que, quando tem a coragem de sair do conforto e segurança de suas quatro paredes,
não sai com os braços esticados e as mãos abertas para acolher a todos, mas sai com as duas mãos
apontando acusações de todo o tipo contra tudo e contra todos, sem maiores explicações, sem
amor, sem Cristo.

Estamos fazendo a missão de Deus na terra?

Percebam o verso 32. Há um espaço de tempo entre o 31 e o 32, certamente. Mas, vejam
as palavras: Multidão... Ou seja, continuava crescendo. Uma mente e um coração. Ou seja. Unidos
pelo mesmo espírito. Havia realmente união.

Há alguns anos, o Elceu, da igreja do Sarandi, costumava falar em todos os cultos que
estávamos ali “reunidos e unidos”. Muita gente ria daquele jogo de palavras sem sentido. Inclusive
eu. Mas, nunca uma frase fez tanto sentido dentro da nossa realidade. Podemos nos reunir todos
os dias. Cada culto é uma reunião, cada um deles. Mas, isto não quer dizer que estamos unidos
naquela reunião.

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Continuamos reunidos, sempre. Talvez por costume, conveniência, obrigação, até por fé.
Mas, unidos... Bem... Olhemos para dentro de nós mesmos. Vamos focar nesta comunidade.
Você consegue enxergar a igreja reunida. Sem dúvidas. Mas, você realmente, do fundo de
sua alma, espírito e razão, você consegue acreditar nas palavras do Elceu? Estamos
unidos? Somos uma só mente e coração?

E, veja bem. Não falo de pensamentos diferentes, linhas teológicas diferentes, afinidades
quaisquer. Não. Falo de amor. Companheirismo. Temor no Senhor. Amor à missão. Auxílio ao
próximo. Oração pelo próximo. Amar ao próximo como a si mesmo. Coisas do tipo.

União no amor de Cristo.

Eles continuavam a pregar. A comunidade continuava a crescer e a se espalhar. E


continuavam sendo um e tendo tudo. E tudo em comum. Viviam bem! Hoje, o que queremos fazer
é cortar o pouco que temos para oferecer para que nós sobrevivamos. Se é que se pode chamar de
sobrevivência tamanhos absurdos.

Queremos tirar do outro para nosso benefício. Nossa religião idolatrada é o ego. E no
egoísmo, não há espaço para dois, muito menos para uma multidão.

Deus não é refletido (apenas) na nossa pregação. Muito menos nos panfletos, shows,
eventos. Ela também é refletida nas nossas ações em comunidade. E uma destas ações é a ideia de
que todos têm direito às mesmas coisas. Inclusive materialmente. E era isso que eles colocavam em
prática.

Os apóstolos continuam sentados lá. Um pouco distante destes, Cristo também está nos
observando. Observando. A igreja que ele iniciou. Que foi montada pelos seus apóstolos. É a
mesma igreja?

Os apóstolos recebiam os valores, eram colocados a seus pés, ou seja, sob o seu controle,
para que eles dirigissem os recursos para todos. Além de tudo o que tinham para fazer, ainda
administravam esta situação tão delicada. Barnabé é utilizado como um exemplo deste tipo de
ação. E também como um contraponto à história que está para se iniciar no capítulo 5.

Não seria nem necessário perguntar. Mas, é importante percebermos os rumos da igreja.
Porque se há algo a consertar, que comece por nós. Mesmo que não sejamos nós os culpados, que
não tenhamos nada a ver com isto. Então...

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É isto que vemos hoje em dia na vida da igreja? É este tipo de ação?

Observe os motivos que levavam as pessoas a entregar recursos aos apóstolos.


Quais eram? Quais são os seus interesses quando entrega algo diante de Deus?

Observe a ação dos apóstolos com estes recursos. E responda: É isto que vemos
hoje? Em maior ou menor grau, não é assim em NENHUM lugar.

Amigos, a mensagem de Atos é maravilhosa. O fato de estarmos sendo confrontados por


situações diversas há quatro capítulos não é porque somos os piores do mundo. Muitas das
situações não são de nossa responsabilidade direta. Mas, o Reino de Deus é um só. E temos que
lutar para que a Igreja do Senhor subsista e que as verdades do Reino sejam expostas da maneira
mais verdadeira possível. Mesmo que para isto tenhamos que levantar nossa voz e denunciar todos
os maléficos atores que têm, a cada dia, tentado destruir a Igreja, como lobos em pele de ovelhas.
Às vezes nem usam mais as peles, tamanho o descaramento.

Lembrem-se de Cristo: Julgar segundo a reta justiça! Sem hipocrisia! Lembrem-se dos
recados de Paulo à Timóteo, à Igreja de Éfeso. Das cartas de Pedro. E tantas outras. A Bíblia está
recheada de exemplos. Porque a Palavra de Deus não deixa de mostrar que isto acontece em todos
os tempos. E temos que estar preparados para lutar contra isto, na autoridade do nome de Cristo.

No próximo capítulo veremos que a Igreja Primitiva também tinha os seus problemas.
Estamos falando de seres humanos, e eles falham miseravelmente.

Mas, estamos falando de Cristo, que morreu para salvar os miseráveis.

E que Ele tenha misericórdia de nós.

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