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Renda

fixa:
a porta de
entrada no
mundo dos
investimentos

Guilherme
Agosto de 2020 Cadonhotto
Olá.
Tudo bem?

Que bom que você resolveu se juntar a nós no


Dia de Sardinha – Especial de Renda Fixa.

Será um dia muito especial e que certamente vai co-


meçar a mudar a sua visão sobre investimentos.

Aqui na Spiti nós falamos de investimentos de forma


simples e didática, em português claro. Porque en-
tendemos que investir é pra qualquer pessoa que te-
nha algum dinheiro, não precisa ser muito, e queira
colocá-lo pra render.

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E, se você está aqui com a gente, imagino que já poupa
ou deseja começar a poupar seu dinheiro conquista-
do com muito trabalho. Penso também que você não
quer apenas juntá-lo, mas colocá-lo em um lugar se-
guro e que possa até mesmo gerar retorno!

Mas onde guardar esse dinheiro?

É isso que o Gui Cadonhotto vai mostrar a partir de


agora, apresentando a você os investimentos em
renda fixa – assunto em que ele é especialista, aliás.

Eles costumam ser a porta de entrada de quem de-


cide dar os primeiros passos no mundo dos investi-
mentos. E o Gui vai explicar como funcionam, sem
enrolação ou termos difíceis.

Vamos começar?
Boa leitura!

Thiago Koguchi
Editor

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Eu imagino como você
deve estar se sentindo.

Acessa a internet, entra em uma das redes sociais e


logo aparece um vídeo patrocinado de alguém dizen-
do que tem uma nova (ou repaginada) fórmula efi-
ciente de ganhar dinheiro.

Você para e pensa:

Poxa, eu nem ao menos comecei a guardar dinheiro.

ou

Tenho tão pouco dinheiro guardado que


não vou ter um resultado tão significativo.

E, depois de alguns segundos, conclui que


aquele vídeo não é para você.

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Antes eu preciso me organizar para depois
começar a guardar e a investir.

De certa maneira, seu pensamento não está errado.


Você precisa se organizar, sim!

Ainda que eu não seja o melhor exemplo, já que sou


um cara bem desorganizado (minha namorada, a Ni-
cole, que o diga), consigo investir mesmo assim. E eu
estou aqui para te provar que começar a investir é
simples e fácil.

E eu vou mostrar tudo isso em um vídeo


que você vai receber logo mais
e que ilustra melhor o passo a passo, ok?

É provável que você tenha a percepção de que inves-


tir é algo complicado porque o primeiro contato que
você teve com alguém falando sobre investimentos
foi de uma pessoa que apareceu em um carro impor-
tado e com um relógio pra lá de espalhafatoso. Além
disso, ela ainda te mostrou uns gráficos com núme-
ros expressivos em uma tela de celular e disse que
ganhar dinheiro é simples e rápido!

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A minha primeira dica é:
esqueça essa pessoa!

Eu sei, a tentação de querer saber mais sobre o tal


“método” é grande mesmo. Você vê tudo aquilo e
logo quer fazer parte de algo que dizem ser uma for-
ma fácil de ganhar dinheiro. Mas eu já aviso: não caia
nessa. Se a tentação for grande demais, pelo menos,
evite alocar todo o seu dinheiro guardado ou que ain-
da vai guardar.

Eu não vou mentir. Pode ser que eu já tenha aparecido


no seu Instagram ou Facebook em algum post patro-
cinado. Mas estou certo de que eu usava uma cami-
seta discreta ou um suéter preto, o cenário era a sala
da minha casa e não prometi ganhos fáceis e muito
menos estratosféricos em um curto espaço de tempo.

(E não havia nenhum carrão, porque eu dirijo um Ônix 2018; an-


tes dele, ainda em 2018, dirigia um Peugeot 206 modelo 2004.)

E esse meu “tímido” upgrade de estilo de vida


foi resultado única e exclusivamente dos
investimentos que venho fazendo?

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Em parte; por outro lado, colhi os resultados do meu
trabalho, com um salário maior. E ainda sou novo de-
mais para colher resultados polpudos de investimen-
tos que comecei a realizar aos 20 anos.

Antes de dar o primeiro passo, é


essencial que você entenda que
possui dois aliados importantes na
busca pelos seus objetivos financeiros:
o tempo e a disciplina.

É fato que não temos controle sobre o primeiro, mas


ele pode jogar demais a nosso favor; já o segundo é
possível de ser controlado, sim.

E sabe como esses dois pontos


jogam ao seu favor?

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Comecemos pelo primeiro. Quanto mais tempo o seu
dinheiro fica investido, maior o retorno total do seu ren-
dimento. E o rendimento de cada dia, mês ou ano vai
se somando ao montante inicial, assim, conforme cada
período desse passa, o resultado tende a ser maior.

Vou dar um exemplo que deixa claro que o tempo é


seu maior aliado.

Se eu investir R$ 10 mil hoje e conseguir obter


um retorno de 20% ao ano – uma taxa muito boa,
aliás – pelos próximos cinco anos, terei um
patrimônio total pouco superior a R$ 24 mil
(sem considerar os descontos do Imposto de Renda).

Porém, se investir os mesmos R$ 10 mil e


conseguir deixá-los aplicados por um prazo
de 20 anos com uma rentabilidade média de
7% ao ano, terei um patrimônio de quase
R$ 40 mil (também sem considerar o IR).

Detalhe: a cada ano que passa,


o seu ganho em termos financeiros fica maior.

Para entender o que eu estou dizendo, basta olhar a


tabela abaixo:

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Nesse caso, ao contrário do que acontece com a velo-
cidade de nosso smartphone e computador, o tempo
joga ao nosso favor.

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O outro aliado, quase um parceiro nos meus investi-
mentos (e espero que seja seu também), é a disciplina.

Ela joga totalmente ao nosso favor, e colocá-la em


prática não é tão complicado quanto parece. Vou te
mostrar por quê:

Vamos considerar que você tem


uma renda mensal de R$ 2 mil.
Vou levar em conta também que você consiga
guardar R$ 500 a fim de investir uma vez por ano.
Afinal, eu sei como é difícil guardar dinheiro
todo mês, pois há muitas contas e boletos
para pagar, um imprevisto que sempre
abocanha boa parte da grana...

Depois de 30 anos investindo R$ 500 todo ano,


em um investimento com retorno de 7% ao ano,
seu patrimônio vai ser de R$ 47 mil
no fim desse período
(sem descontar o Imposto de Renda).

Nada mau, certo?

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Porém, vamos supor que você se torne
alguém disciplinado na hora de investir e que,
todo mês, rigorosamente, consiga
guardar 5% da sua renda, ou seja,
R$ 100 por mês para investir – mantendo
a taxa de retorno em 7% ao ano.
Qual será o valor investido
depois dos mesmos 30 anos?

Mais de R$ 116 mil!

Com certeza, isso iria te ajudar a ter uma aposenta-


doria mais tranquila, não é mesmo?

Detalhe: considerei que, ao longo dos anos, você vai


manter o valor do aporte mensal (R$ 100). Mas é fato
que você tem planos de aumentar a renda, e isso fa-
ria com que conseguisse aumentar o valor dos apor-
tes mensais, certo?

Mas não considerei isso na simulação.


Eu quis apenas te mostrar como a disciplina
é uma aliada importantíssima.

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Depois desses exemplos, faço um convite a você:

Que tal começar a utilizar a


disciplina e o tempo a seu favor?

Mas, Gui, quando devo começar?

Se você está com dúvida sobre o momento mais ade-


quado para dar o primeiro passo, eu te digo sem ro-
deios: o melhor momento é agora.

Quanto antes você começar, melhor.

E isso vale para qualquer pessoa, seja você um esta-


giário, com seu salário de iniciante, seja uma pessoa
com seus 50, 60, 70 anos ou mais. Afinal, o tempo
vai passar de qualquer maneira, e começar a inves-
tir agora pode te ajudar a trazer momentos com mais
tranquilidade em um futuro não muito distante.

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Se você se convenceu de que, quanto antes começar
a investir, melhor, eu tenho uma mensagem para você:

A porta de entrada para começar a


investir é, sem dúvida, a renda fixa.

E quero logo te pedir para esquecer uma frase que,


provavelmente, você tem escutado muito por aí, di-
zendo que a renda fixa morreu...

!
Não, A RENDA FIXA NÃO MORREU!

Inclusive, ela é a melhor opção para você que está


começando a investir agora.

Apesar de poucas pessoas saberem, a renda fixa, ao


contrário do que o nome sugere, pode apresentar ris-
cos e oscilações de preços relevantes. Mas o merca-
do de renda fixa é o único que apresenta opções com
baixíssimos riscos e tem os ativos ideais para quem
está começando a investir, como é o seu caso.

Falando em iniciantes nos investimentos...

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Sardinha? Você pode estar se perguntando o porquê
de um nome tão feio estranho, né?

Mas já adianto que esse não é um termo pejorativo,


nem estou aqui para fazer piada com você.

Sardinha é o termo usado para


denominar aquelas pessoas que
não sabem nada de investimentos
ou conhecem muito pouco.

Mas, desde já, peço que você não se preocupe. Mes-


mo os grandes investidores, como Warren Buffett,
considerado o maior de todos, ou Luis Barsi, o maior
investidor pessoa física na Bolsa brasileira, já foram
sardinhas um dia. Então, não há nada com que você
deva se preocupar nem se constranger.

Vamos começar?

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Para início de conversa,
uma pergunta importante:
você sabe o que é
um ativo financeiro?

Um ativo financeiro constitui um bem ou direito que


uma pessoa possui e que pode gerar rendimentos.
Ele é intangível, ou seja, não é físico, diferentemente
de uma casa, por exemplo.

Os ativos financeiros podem ser ações, títulos públi-


cos, títulos privados e outras coisas mais, que você
vai conhecer ao longo de sua aventura pelo mundo
dos investimentos.

Ao começar a investir, seu foco será adquirir mais ati-


vos, para que estes possam te trazer retorno. Por isso,
para você que está dando os primeiros passos, minha
dica é começar pela renda fixa, mais especificamente
pelos títulos públicos.

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Mas o que são
títulos de renda fixa?
Um ativo de renda fixa nada mais é
do que um título de DÍVIDA.

Calma! Ao contrário do que o nome nos faz pensar,


neste caso, estamos falando de uma dívida que é boa
para você – sim, isso é possível.

Quando você compra um título de renda fixa significa


que alguém está em dívida com você. Só que, dessa
vez, não é aquele seu primo caloteiro ou, pior, aquele
cunhado malandro que vive falando que vai te pagar
no mês que vem.

No mercado financeiro, quando você compra um ati-


vo de renda fixa, está emprestando dinheiro para o
governo (títulos públicos) ou para bancos e grandes
empresas (títulos de crédito privado).

Ou seja, investir em renda fixa nada mais é do que


emprestar dinheiro para o governo ou grandes insti-
tuições e, posteriormente, ser remunerado por isso.

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Ficou difícil de entender? Vou dar um exemplo.

Imagine que você pegou R$ 1 mil


emprestados de um banco.
Quando soma as parcelas que devem ser pagas,
você percebe que o valor é bem maior
do que os R$ 1 mil que pediu emprestado, não?
Isso porque o banco te cobra
os chamados (e temidos) juros.
Investir em renda fixa é a mesma coisa.
Ao adquirir um ativo financeiro,
você empresta esse dinheiro utilizado na compra
para uma instituição, que vai te devolver
depois de um prazo predeterminado –
e o melhor, acrescido de juros.

Você pode emprestar dinheiro


até mesmo para os próprios bancos!

Quando você começa a investir, o jogo muda de figu-


ra, a mesa vira, e o chicote estala (como dizia a minha
avó): você é que passa a receber juros do banco.

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Para você que está começando agora, eu vou te expli-
car como funciona, de maneira simples, os títulos pú-
blicos, os títulos privados, e quais as opções para se
investir neles – inclusive, qual é o melhor para você
começar a investir agora. Detalhe importante: sem
toda aquela linguagem difícil que você vê por aí.

Títulos Públicos
O governo federal, ou seja, o Brasil, tem um órgão que
controla todo o seu dinheiro, entradas e saídas. Esse
“cara”, responsável por movimentar trilhões de reais
todo ano, é chamado de Tesouro Nacional.

Ele, o Tesouro Nacional, vê todos os dias o dinheiro


entrando e saindo do caixa do governo.

O dinheiro que entra em forma de cobrança de im-


postos, quando o seu salário é pago, quando compra
um remédio ou pede uma pizza... em praticamente
todas as trocas de bens e serviços, existe a cobrança
de algum tipo de imposto.

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Assim como o Tesouro Nacional recebe recursos, ele
também gasta; quando o governo federal constrói
estradas e rodovias, escolas, hospitais, paga profes-
sores, servidores e todos os gastos, o dinheiro sai,
mesmo que de maneira indireta, do bolso do Tesouro
Nacional.

Como os gastos não são exatamente “casados” com


as despesas, e, ao longo do tempo, são maiores do
que as receitas do governo, o Tesouro Nacional preci-
sa emitir títulos de dívida. Simplificando: precisa pe-
gar dinheiro emprestado.

Ele faz isso por meio da emissão de títulos de dívida,


ou seja, os ativos de renda fixa.

Esses ativos têm prazo de vencimento definido e taxa


de remuneração determinada no momento da compra.

*
Para comprar um título público,
você precisa abrir uma conta em
uma corretora ou plataforma de
investimento.

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E, para te mostrar como abrir uma conta do tipo, vou
pedir ajuda para o meu amigo e colega de trabalho
Guga Almeida, nosso analista de ações, que, por en-
quanto, só vai te ensinar a abrir essa conta mesmo.
Clique aqui para assistir.

Você também tem a opção de abrir essa conta na cor-


retora ou plataforma do seu próprio banco.

Agora que você sabe o que é um título público, vou te


explicar quais diferentes opções de títulos públicos
existem hoje à disposição para você investir.

Se você ainda não sabe, ao comprar um título públi-


co, mesmo pela sua corretora, banco ou plataforma
de investimento, você estará comprando via platafor-
ma do Tesouro Direto.

O Tesouro Direto é um sistema desenvolvido pelo Te-


souro Nacional em parceria com a B3, a Bolsa brasi-
leira, para facilitar e incentivar os investimentos em
títulos públicos para as pessoas físicas.

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Os títulos de renda fixa
No portal do Tesouro Direto, existem basicamente
três classes de títulos públicos:

TESOURO SELIC
O TÍTULO PÓS-FIXADO

Aqui, a sua remuneração é atrelada à taxa Selic vigen-


te, ou seja, à taxa básica de juros da economia. Hoje,
o Tesouro Selic rende 2% ao ano, a taxa mínima his-
tórica, e é corrigido dia a dia. Esse título apresenta um
baixo risco de mercado, ou seja, dificilmente você verá
o preço dele oscilando muito de um dia para o outro;
o mais comum é que ele renda dia a dia a taxa Selic.

Esse deve ser o destino da sua


primeira aplicação/investimento
no mercado financeiro.
Já, já eu te explico o porquê.

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TESOURO PREFIXADO

Como o próprio nome já diz, neste título a remune-


ração é predeterminada no momento da compra, ou
seja, você já sabe o quanto ganhará de remuneração
se carregá-lo até o vencimento.

TESOURO IPCA+

Aqui temos o título do Tesouro Direto que é indexado


a índice de preços, popularmente conhecido como
indexado à inflação. Antes de falar do título em si,
vou explicar o que é o IPCA.

IPCA significa Índice de Preços ao Consumidor


Amplo. Esse indicador é calculado pelo IBGE e tem
como intuito quantificar qual a variação de preços de
um conjunto de produtos e serviços. Esses produtos
e serviços são os consumidos pelas famílias brasilei-
ras, portanto, é o índice oficial utilizado para medir-
mos a variação da inflação brasileira.

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O Tesouro IPCA+ tem a remuneração atrelada à varia-
ção da inflação mais um “prêmio”, por isso esse sinal
“+” depois do IPCA. Ele, portanto, tem sua remune-
ração atrelada a dois fatores. O primeiro é a inflação
esperada até o vencimento do ativo. O segundo, pre-
fixado, é a taxa (prêmio) que você recebe acima da
inflação ano a ano por investir nesse título durante
aquele período.

Dois detalhes importantes sobre os títulos públicos


negociados na plataforma do Tesouro Direto:

1 Você já consegue investir em títulos públicos por


lá com um valor inicial de R$ 30. Isso é possível
porque nós, investidores pessoa física, podemos
comprar apenas uma parte de um título – em vez
de comprar um título inteiro, que tem um valor
bem menos acessível.

2 Você pode vender esses títulos públicos pratica-


mente a qualquer momento, sem precisar carre-
gá-los até o vencimento.

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ATENÇÃO:
Alguns títulos públicos apresentam oscilação de
preço relevante, mesmo de um dia para o outro. É o
caso dos títulos prefixados e indexados à inflação, os
IPCA+.

O Tesouro Selic é o título público que tem o menor


risco de oscilação dentre todas as opções no Tesouro
Direto. Portanto, ele é o destino ideal para o seu pri-
meiro investimento.

Importante ressaltar que os rendimentos que você


obtiver no mercado de títulos públicos estarão sus-
cetíveis à cobrança do Imposto de Renda. A taxa co-
brada (alíquota) é decrescente conforme o prazo du-
rante o qual o seu dinheiro fica aplicado.

Segue a tabela que deixa isso mais claro:

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Conforme for aprendendo um pouco mais e se sentir
mais confiante, você vai diversificando as suas apli-
cações em outros títulos públicos e, depois, em ati-
vos mais sofisticados, como fundos de investimento,
ações, até chegar, acredite ou não, em investimentos
globais.

Eu tenho plena convicção


de que você vai chegar lá!

Digo isso porque vim de uma família de origem hu-


milde. Minha mãe colhia limões na roça quando era
nova, tinha seus 16 anos. Parece mentira ou forçação
de barra, mas não é. Ela é de Valentim Gentil, uma
cidade do interior de São Paulo, filha de um imigran-
te italiano e de uma imigrante espanhola de origens
também humildes. E hoje consegui mudar não só a
minha condição de vida, mas também a da minha
mãe, graças ao mercado financeiro.

Mas essa história também fica


para uma outra hora.

25
Títulos de crédito privado
Mas não é só o governo que gasta e recebe recursos
diariamente em seu cofre, não. Os bancos, institui-
ções financeiras e até as grandes empresas passam
pelo mesmo processo.

Não raro, essas empresas precisam emitir títulos de


dívida, ou seja, pegar dinheiro emprestado com in-
vestidores para investir em um novo projeto, financiar
seu processo de expansão ou simplesmente reforçar
o caixa da instituição.

Para isso, empresas e bancos também emitem títu-


los de dívida, ativos de renda fixa que são conhecidos
como títulos de crédito privado.

A seguir, vou falar dos mais comuns, bem como de


suas características, começando pelos ativos bancá-
rios, ou seja, os ativos emitidos por bancos.

ALERTA
Aqui vai começar uma sopa de letrinha danada,
mas, não se preocupe: você não precisa
exatamente decorar o que cada uma significa.

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CDB
CERTIFICADO DE DEPÓSITO BANCÁRIO

Começo pelo título bancário mais comum. Ao com-


prar um CDB, você está fazendo um empréstimo ao
banco.

Você pode estar se perguntando agora:

Mas para que o banco precisa de dinheiro?

Se você não sabia, o dinheiro que o banco te empres-


ta, em sua maior parte, não é patrimônio da própria
instituição. Isso mesmo, o banco pega emprestado
esse dinheiro com investidores via emissão de CDBs
e outros títulos de crédito privado, e o empresta às
pessoas que estão precisando.

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Claro que o banco vai te pagar uma remuneração bem
menor do que a que ele recebe por emprestar esses
recursos para outras pessoas e empresas. No fim das
contas, o banco é apenas um intermediador na história
toda, e muito bem remunerado, diga-se de passagem.

O CDB tem prazo e taxa de remuneração


determinadas no momento da compra.

Ele pode ser:

pós-fixado, ou seja, sua remuneração acompanha


dia a dia a taxa do CDI (uma taxa que sempre anda
bem próximo à taxa Selic);

prefixado, ou seja, tem a taxa de retorno determi-


nada no momento da compra; e

indexado à inflação.

Assim como os títulos públicos, os rendimentos obti-


dos ao se aplicar/investir em um CDB estão suscetí-
veis à cobrança do IR.

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LCI E LCA
LETRA DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO E
LETRA DE CRÉDITO DO AGRONEGÓCIO

Assim como o CDB, LCIs/LCAs são empréstimos rea-


lizados para os bancos, mas a diferença está na fina-
lidade destinada a esses recursos.

O dinheiro que você empresta


ao banco ao comprar uma LCA
vai ser destinado ao financiamento
de atividades agropecuárias de
outras empresas ou pessoas.

Na LCI, seu recurso vai financiar


as atividades no setor imobiliário.

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Alguma vez você já pensou que poderia, mesmo que
indiretamente, financiar atividades no setor agrope-
cuário e imobiliário brasileiro? Não sei você, mas eu
acho isso muito legal.

E um detalhe superimportante:
LCIs e LCAs são isentas da
cobrança do Imposto de Renda,
ou seja, todo o seu retorno é líquido
e vai direto e limpinho para o seu bolso.

Esses três ativos bancários compreendem a maior par-


te dos ativos bancários em negociação no mercado de
renda fixa brasileiro atualmente. Além disso, há uma
característica deles muito importante e que traz mais
segurança ainda a você, investidor ou investidora.

30
O CDB, A LCI E A LCA
CONTAM COM A PROTEÇÃO DO

FGC
(MEU DEUS, QUANTA SIGLA!)

Calma, prometo que o FGC é a última (pelo menos por hoje).

O FGC é o Fundo Garantidor de Créditos, uma asso-


ciação civil sem fins lucrativos que tem como objetivo
proteger o investidor pessoa física.

De que modo?

Simples. Se um dos bancos ou instituições financei-


ras de que você comprou um desses ativos – ou seja,
para a qual você emprestou dinheiro – quebrar ou fa-
lir, o FGC vai te devolver o seu dinheiro investido lá
– em um valor limitado a R$ 250 mil por CPF e por
instituição financeira.

31
Ou seja, se você tem menos de R$ 250 mil investidos
em qualquer instituição financeira via um desses três
ativos, fique tranquilo ou tranquila: o processo pode
demorar alguns meses, mas você vai receber o seu
dinheiro de volta pelo FGC.

É importante ter em mente que


esses três ativos normalmente não
possuem liquidez diária, ou seja,
você não conseguirá resgatá-los
antes do vencimento.

Portanto, é interessante ter certeza


de que, ao investir em um deles,
você não vai precisar
do recurso até o vencimento.

Alguns CDBs, entretanto, possuem liquidez diária,


assim como LCIs e LCAs. Porém, o mais comum é que
essa liquidez, ou seja, a disponibilidade de resgatar o
seu dinheiro, seja somente no vencimento do ativo.

32
DEBÊNTURES
Por último vamos falar das debêntures. Elas também
são títulos/ativos de renda fixa, ou seja, títulos de dí-
vida, mas que são emitidos por empresas.

Diferentemente dos ativos bancários,


aqui você vai emprestar seu recurso
para instituições que atuam em
diversos setores da economia:
mineração, óleo e gás, seguros,
energia elétrica e por aí vai.

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Normalmente esses ativos apresentam
uma remuneração um pouco maior
do que a dos ativos de crédito bancário,
e isso por um motivo bem simples:
debêntures não contam com a proteção
do FGC – o Fundo Garantidor de Créditos,
lembra?

Portanto, o risco das debêntures


é maior do que os que citei anteriormente.
Mas você não deve desconsiderá-las.

Há excelentes opções de debêntures no mercado de


renda fixa com retorno e risco bem atrativos. Além
disso, existe um tipo de debênture que também é
isenta da cobrança do Imposto de Renda, a chamada
debênture incentivada – ou de infraestrutura.

Para fechar esta parte sobre títulos de crédito priva-


do, gostaria de lembrar que existem outras opções de
que você vai ouvir falar por aí: CRA, CRI, FIDC, entre
outras. Mas os ativos que eu trouxe para você neste
relatório já vão ser mais do que suficientes para você
começar a investir na renda fixa.

34
!
Importante:
não aconselho que você decida
comprar um ativo de renda fixa –
principalmente os de crédito privado –
somente levando em conta uma
taxa de remuneração mais alta.

Por quê?
Normalmente, esses ativos
também apresentam um risco maior.
Então, antes de comprar aquele
que tem uma taxa a princípio maior,
precisamos verificar a solidez da instituição
que o oferece e o seu risco de mercado,
que é a oscilação do preço do ativo
de um dia para o outro.

35
Conclusão
Neste relatório, tentei te apresentar o universo da
renda fixa e, acredite, ele é bem mais amplo e ofe-
rece boas oportunidades de ganhos, ao contrário do
que muitas pessoas – muito mal-informadas, diga-se
de passagem – andam dizendo por aí.

Na nossa live de tira-dúvidas, vamos falar mais sobre


elas. Inclusive, vai ter recomendação de investimen-
to se você estiver disposto a correr um pouquinho
mais de risco em busca de aumentar o retorno da sua
carteira.

36
Te espero lá!

Um abraço,
Gui Cadonhotto

Guilherme Cadonhotto é especialista em renda fixa da Spiti, técnico em


Administração de Empresas e bacharel em Economia, com graduação luso-
brasileira. Atuou na mesa de operações como trader de renda fixa na SulAmérica
Investimentos e como analista de investimentos na asset da Porto Seguro. Tem
liberdade total para indicar qualquer produto, em qualquer plataforma, desde
que este represente a melhor opção para seus leitores. Acredita que simplicidade
e bom humor, sempre presentes em suas publicações e vídeos, são essenciais
para tornar a informação e a compreensão dos conteúdos de investimentos
mais acessíveis a todos. Analista responsável: Luciana Seabra

37
Antes de encerrar,
queria falar um pouco da Spiti.

Sou a Luciana Seabra, CEO da Spiti, e misturei duas


formações, em Comunicação e Economia, com o pro-
pósito de ajudar pessoas comuns a investir melhor.
Sou analista CNPI e planejadora certificada CFP®.

Reuni 30 pessoas em torno do mesmo propósito para


construir juntas, começando em setembro de 2019,
uma casa de análise regulada pela Comissão de Va-
lores Mobiliários (CVM), cujo objetivo é fazer reco-
mendações de investimentos com alto potencial de
acerto para você, na sua língua, seja você quem for.
O nome dela é Spiti, casa em grego – porque inves-
timento não é nada de outro mundo, mas, sim, algo
que se discute de forma cotidiana, caseira, próxima.

Uma condição é decisiva para nós: eu e minha equipe


temos independência total para recomendar apenas
os produtos em que acreditamos, seja qual for a ges-
tora ou corretora. Você vai ver essa independência ao
acompanhar nosso trabalho.

38
É isso que fazemos aqui na Spiti. Ao receber este nosso
presente, você passa a fazer parte do grupo seleto de
pessoas que têm acesso a orientações de investimento
de alto nível e em bom português.

Somos independentes porque quem paga pelo meu


trabalho e de minha equipe é quem assina nossas
séries. Jamais somos comissionados pelos produtos
que recomendamos.

Você não pagou nada por este conteúdo – ele é uma


amostra grátis para você conhecer nosso trabalho. E
também não vai pagar nada pelas newsletters que vai
no seu e-mail a partir de hoje. Queremos que você co-
nheça de perto o nosso trabalho e decida se quer assi-
nar nossa série de relatórios mais à frente.

Até mais!

Luciana Seabra
e equipe

39
invistaspiti.com.br

Este relatório de análise foi elaborado pela Spiti Análise Ltda. ("Spiti Análise" ou "Spiti") de acordo com todas as exigências
previstas na Instrução CVM nº 598, de 3 de maio de 2018, tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar
o investidor a tomar sua própria decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta ou solicitação de
compra e/ou venda de qualquer produto. As informações contidas neste relatório são consideradas válidas na data de
sua divulgação e foram obtidas de fontes públicas. A Spiti Análise não se responsabiliza por qualquer decisão tomada
pelos assinantes com base no presente relatório. O(s) signatário(s) deste relatório declara(m) que as recomendações
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inclusive em relação à Spiti Análise e que estão sujeitas a modificações sem aviso prévio em decorrência de alterações
nas condições de mercado. O analista responsável pelo conteúdo deste relatório e pelo cumprimento da Instrução CVM
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será o primeiro analista credenciado a ser mencionado no relatório. Os analistas da Spiti Análise estão obrigados ao
cumprimento de todas as regras previstas no Código de Conduta da APIMEC para o Analista de Valores Mobiliários e
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podem não ser adequados para todos os tipos de investidor. Antes de qualquer decisão, os assinantes deverão realizar
o processo de suitability e confirmar se os produtos apresentados são indicados para o seu perfil de investidor. Este
material não sugere qualquer alteração de carteira, mas somente orientação sobre produtos adequados a determinado
perfil de investidor. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço ou valor pode
aumentar ou diminuir num curto espaço de tempo. Os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de
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