Você está na página 1de 30

DIREITO TRIBUTÁRIO

PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
2

SUMÁRIO

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS...............................................................................................................3
2. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE.............................................................................................................4
2.1. Casos de não aplicação do princípio da legalidade:...................................................................6
2.2. Exceções ao princípio da legalidade..........................................................................................7
3. PRINCÍPIO DA ISONOMIA................................................................................................................8
4. PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA..................................................................................12
4.1. Subprincípios da capacidade contributiva: proporcionalidade e progressividade....................13
5. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE................................................................................................14
6. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE.....................................................................................................16
7. VEDAÇÃO AO CONFISCO...............................................................................................................20
8. NÃO LIMITAÇÃO AO TRÁFEGO DE PESSOAS OU BENS...................................................................21
9. PRINCÍPIOS APLICÁVEIS SOMENTE À UNIÃO.................................................................................23
9.1. Princípio da Uniformidade Geográfica....................................................................................23
9.2. Isonomia na tributação da renda............................................................................................23
9.3. Vedação a concessão de isenções heterônomas.....................................................................23
10. PRINCÍPIO DA NÃO DISCRIMINAÇÃO BASEADA EM PROCEDÊNCIA OU DESTINO.........................24
11. QUADRO RESUMO......................................................................................................................24
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO.....................................................................................25
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA.................................................................................................................25
3
1
ATUALIZADO EM 06/02/2019

PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A Constituição Federal reservou um capítulo para discorrer sobre o Direito Tributário, capítulo
denominado de Sistema Tributário Nacional (do art. 145 ao art. 162). Tal capítulo tem informações
sobre:
 O Poder de tributar: quando a CF fala em poder de tributar, está outorgando esse poder para
quem tem necessidade de instituir o tributo – é a competência – quem tem competência de
instituir tributos são os entes federados.
 Regras de repartições de receitas tributárias: trata muito mais de regras de direito financeiro
que de direito tributário. A repartição de receitas é imprescindível para assegurar a autonomia
dos entes federados. Quando a CF institui a repartição de receitas, não está apenas distribuindo
a receita, mas também conferindo autonomia a esses entes.
 Limitações ao poder de tributar: são os princípios e as imunidades tributárias, conforme se
extrai dos arts. 150-152. Tanto os princípios quanto as imunidades restringem o poder de
tributar, porém, de formas distintas.

 Princípios: art. 150, CF – mas existem outros princípios fora do art. 150.
- De forma geral, os princípios determinam como, quando e quanto cobrar de carga tributária.

 Imunidades: art. 150, CF – mas existem outras imunidades fora do art. 150.
- As imunidades protegem determinadas pessoas, bens ou situações da incidência tributária. Acabam
funcionando como uma proteção à incidência de tributos.

 É possível a associação de um princípio tributário às cláusulas pétreas. Os princípios tributários


servem para proteger garantias individuais do cidadão e essas garantias são núcleos imodificáveis da
Constituição, popularmente apelidados de cláusulas pétreas. Para o STF, é possível a associação de
1
As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
4
princípio tributário à condição de cláusula pétrea. Isso significa que o princípio tributário não pode ser
desafiado pelo legislador ordinário nem pelo Poder Constituinte Derivado.

Algumas limitações podem configurar cláusulas pétreas (leading case: ADI 939-7 DF). Ex.:
imunidade tributária recíproca decorrente do pacto federativo, que é cláusula pétrea (art. 150, VI, a,
CF); imunidade de templos de qualquer culto – liberdade de culto (art. 150, VI, b); imunidade dos
livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão- livre difusão do pensamento (todos
reconhecidos no aludido julgamento), denominado de imunidade cultural.

A ADI 939-7/1993 considerou o princípio da anterioridade tributária uma cláusula pétrea, e


nessa medida, a EC nº 03, prevendo a desnecessidade do respeito a este princípio pelo IPMF, foi
considerada inconstitucional.
Essas garantias estão também espalhadas pela CF, nos tratados e implicitamente.

#APROFUNDAMENTO: a moderna doutrina tributária considera que boa parte dos denominados
princípios constitucionais tributários, por não poderem ser ponderados quando parecem conflitar com
outros princípios, seriam na realidade regras, visto que são disjuntivos, aplicando-se ou não a cada
caso concreto, sem qualquer ponderação.

2. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Nasce, historicamente, ligado a ideia de consentimento/aprovação por parte das pessoas


tributadas com a tributação. Surge com uma ideia de representação através de órgãos representativos.

No direito brasileiro, aparece no art. 150 da CF, I, mais ligado ao aspecto formal, no sentido de
que precisa de uma lei em sentido formal (tirando as exceções legais) para que haja instituição ou
aumento de tributos. Tal lei seria resultado da aprovação/consentimento do cidadão com a tributação.
Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias (ROL EXEMPLIFICATIVO NA CF) asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou
aumentar tributo sem lei que o estabeleça;

 Para a maioria da doutrina, “exigir” significa criar tributo;


5
 Como lei é necessária para exigir ou aumentar, lei é necessária para extinguir ou minorar. Essa
é a lógica do princípio do paralelismo das formas. Nas palavras de Ricardo Alexandre (2016),
“assim, se uma lei criou determinado tributo, somente outra lei – ou uma Emenda
Constitucional – pode extingui-lo, sendo irracional imaginar a extinção de um tributo por meio,
por exemplo, de um decreto. A consequência imediata é que, no ponto em que a Constituição
exige lei para a instituição de tributos, também o faz, implicitamente, para a respectiva
extinção. Na mesma linha, a exigência de lei para a majoração de tributo traz ínsito o mesmo
requisito para a respectiva redução. Por outros motivos, existem outras matérias tributárias
reservadas à lei. Em virtude de o patrimônio público ser, por princípio, indisponível, a
concessão de benefícios fiscais ou autorização de prática de atos que gerem impactos sobre o
crédito tributário ou sobre sua exigibilidade somente pode ser feita por lei (CF, art. 150, § 6.º).”

A lei deve tratar de todos os elementos necessários para que o tributo possa incidir e ser cobrado
(elementos ou aspectos essenciais da hipótese de incidência tributária).

 A lei deve tratar dos aspectos material, temporal, espacial, pessoal e quantitativo como
consequências do dever de alguém de pagar um tributo.
o Material (Objetivo);
o Temporal (quando?);
o Espacial (onde?);
o Pessoal (subjetivo – quem?);
o Quantitativo (quanto?);

A regra geral é que basta Lei Ordinária para a criação de um tributo.

 Sendo criável por meio de LO, podem também serem instituídos via MP, mas, no caso dos
impostos, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei
até o último dia daquele em que foi editada – exceto II, IE, IPI, IOF e IEG (art. 62, §2º, CF)
o Nas demais espécies tributárias, a regra da anterioridade deve ser observada tomando
como referência a data da publicação da MP e não de sua conversão em lei.

 A Lei Complementar só é exigida nas hipóteses expressamente previstas pela Constituição:


o Empréstimos Compulsórios (art. 148);
6
o Impostos sobre grandes fortunas (art. 153, VII)
o Impostos residuais (art. 154, I e 195, §4º).

A iniciativa do processo legislativo para a instituição de um tributo não é privativa do presidente da


República, pois, de acordo com o STF, o art. 61, §1º, “b” aplica-se apenas no âmbito dos territórios.

Devemos ter especial atenção aos casos de não aplicação do princípio da legalidade e às exceções
constitucionais ao referido princípio.

2.1. Casos de não aplicação do princípio da legalidade:

a) Atualização monetária da base de cálculo:

Art. 97- CTN - Somente a lei pode estabelecer:


§ 2º - Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a
atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.

 Aqui, não há majoração de tributo, apenas recomposição do valor histórico da moeda.


 Súm. 160 STJ: é defeso, ao município, atualizar o IPTU mediante decreto, em percentual
superior ao índice oficial de correção monetária.
o IPTU: o que gera o dever de pagar o IPTU é ser proprietário, titular ou possuidor de um
imóvel situado na zona urbana do município. O valor do IPTU será calculado com a
alíquota e valor venal do imóvel (estabelecido em lei para o m² do imóvel).
 Somente por via de lei, no sentido formal, publicada no exercício financeiro anterior, é
permitido aumentar tributo.

b) Prazo de recolhimento de tributo:


Não é matéria reservada à lei.
Art. 160 - Quando a legislação tributária não fixar o tempo do Pagamento, o vencimento do crédito
ocorre 30 (trinta) dias depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado do lançamento.

 Não se trata do aspecto temporal, pois este se remete ao fato gerador e não ao prazo de
pagamento.
7
 Súmula Vinculante 50: norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária
não se sujeita ao princípio da anterioridade.
 Esse prazo não precisa estar previsto em lei, mas se estiver, somente a lei poderá modificar o
prazo (simetria das formas).

c) Obrigações Acessórias:
São deveres formais, instrumentais, no interesse da fiscalização e/ou arrecadação de tributos.
Art. 113 - A obrigação tributária é principal ou acessória.
§ 2 - A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou
negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

2.2. Exceções ao princípio da legalidade

Não se confundem com os casos de não aplicação do princípio. Em casos de não-aplicação, não
teríamos nem a instituição ou aumento de tributo. Nas exceções, há relação com majoração ou
instituição de tributos, que deveriam ser feitos via lei, mas a CF autoriza que sejam feitos via ato
normativo infralegal.
São exceções parciais ao princípio da legalidade, pois a CF, observados os limites e condições
estabelecidos em lei, autoriza o Poder Executivo a alterar o aspecto quantitativo.

a) II, IE, IPI e IOF e reduzir e restabelecer a alíquota da CIDE combustível : é possível a alteração da
alíquota via decreto do executivo, observados os limites e condições estabelecidas em lei.
 Todos esses tributos têm uma função regulatória (são tributos extrafiscais) não tendo como
única finalidade a mera arrecadação de recursos.
 O CTN fala em alteração da base de cálculo, o que não foi recepcionado pela CF/88, só podendo
ser alterada a alíquota.
 Poder Executivo não significa apenas Presidente da República. É possível a delegação, pelo PR,
a outro ente da União. Por exemplo, as alíquotas do IE são fixadas hoje via resolução da CAMEX
(câmera do comércio exterior).
o Nessa hipótese, é necessário que lei preveja a possibilidade e limites da delegação.
 CIDE – Alterar x Reduzir/Restabelecer.
o Alterar significa também poder aumentar;
o Reduzir/Restabelecer: o governo pode pegar a alíquota específica e reduzir até zero, ou
restabelecer até o teto da alíquota específica. Não poderia “furar” o teto.
8
b) ICMS Monofásico incidente sobre combustíveis: a EC 35/01 diz que a lei complementar irá prever
determinados combustíveis sobre os quais incidirá um ICMS uma única vez, chamado pela doutrina de
ICMS monofásico.
 A alíquota, nesse caso, será dada através de deliberação dos Estados federados.
 Veja-se: os Estados se reúnem no âmbito do CONFAZ para deliberarem o valor da alíquota que
será cobrada, para que assim exista uma única alíquota.

c) Resolução do Senado Federal para fixar alíquota do ICMS nas operações interestaduais.

Art. 155 - Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
§ 2º - O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos
Senadores, aprovada pela maioria absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às
operações e prestações, interestaduais e de exportação;

 Não é lei em sentido formal.


 Os senadores são representantes dos Estados e, por isso, tratam desse tema.

EM SÍNTESE:
Não Aplicação do P. da Legalidade (não Exceções ao P. da Legalidade (instituem ou
instituem ou aumentam tributo) aumentam tributo)
Atualização monetária da base de cálculo II, IE, IPI e IOF
Prazo para recolhimento do tributo Reduzir ou Restabelecer as alíquotas do CIDE
combustível
Obrigações Acessórias ICMS monofásico incidente sobre combustíveis
Resolução do Senado Federal para fixar
alíquota do ICMS nas operações interestaduais

* #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O Decreto nº 8.426/2015, que restabeleceu as alíquotas da


contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre receitas financeiras, conforme limites
previstos no art. 27, § 2º, da Lei nº 10.865/2004, não ofende o princípio da legalidade. STJ. 1ª Turma.
REsp 1.586.950-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Gurgel de Faria, julgado em
19/09/2017 (Info 613).
9
3. PRINCÍPIO DA ISONOMIA

Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente,
proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida,
independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;

É a vedação ao tratamento desigual entre contribuintes que estão em situação equivalente.


 “Impõe tratamento uniforme pela entidade tributante” (Hugo de Brito Machado).
 Celso Antônio: conteúdo jurídico do princípio da isonomia: é preciso verificar qual foi o
fator/critério que gerou aquela discriminação para verificar se a mesma é legítima ou não.
 Humberto Ávila: a igualdade é uma relação entre dois ou mais sujeitos em razão de um critério
que serve a uma finalidade. Para ele os elementos estruturais da igualdade são: sujeito, medida
de comparação, elemento indicativo da medida de comparação e finalidade da comparação.
Humberto Ávila utiliza esse critério para saber se o Simples Nacional deveria ser uma prática
vedada pela legislação. Para o autor, o Simples Nacional seria inconstitucional.
o Já a LC 123/2006, Lei do Simples Nacional, art. 17, estabeleceu que para aderir ao
Simples é preciso que a empresa esteja em dia com os impostos estaduais, municipais e
nacionais e que não tenham a exigibilidade suspensa. O STF, pelo informativo nº 726,
entendeu que o dispositivo é constitucional.

#AJUDAMARCINHO #OLHAOGANCHO #SIMPLESNACIONAL


É constitucional a lei que veda o Simples Nacional para empresas em débito com a Fazenda Pública
O Simples Nacional é um regime unificado de arrecadação, cobrança e fiscalização de tributos aplicável
às microempresas e empresas de pequeno porte. O art. 17, V, da LC 123/2006 afirma que a
microempresa ou empresa de pequeno porte que possua débito com o INSS, ou com a Fazenda Pública
(cuja exigibilidade não esteja suspensa), não poderá recolher os tributos na forma do Simples. O
Plenário do STF decidiu que essa vedação é CONSTITUCIONAL.
O que é o Simples Nacional? O Simples Nacional é um regime unificado de arrecadação, cobrança e
fiscalização de tributos aplicável às microempresas e empresas de pequeno porte, estando previsto na
Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006. A empresa que aderir ao Simples desfruta da
vantagem de recolher quase todos os tributos mediante um único pagamento, calculado sobre um
10
percentual de sua receita bruta. O objetivo do Simples é fazer com que as microempresas e empresas
de pequeno porte tenham um regime jurídico simplificado e favorecido, com menos burocracia e
menor carga tributária.
Todas as microempresas e empresas de pequeno porte poderão recolher seus tributos na forma do
Simples? NÃO. O art. 17 da LC 123/2006 traz uma lista de situações nas quais a microempresa ou a
empresa de pequeno porte não poderá recolher os impostos e contribuições na forma do Simples
Nacional.
O Plenário do STF decidiu que é CONSTITUCIONAL a exigência contida no art. 17, V, da LC 123/2006.
O STF afirmou que é possível que sejam estabelecidas exclusões do regime simplificado com base em
critérios subjetivos. Dessa forma, não há óbice para que o legislador crie restrições de ordem subjetiva
para a adesão ao Simples. Afirmou-se que não seria razoável favorecer aqueles em débito com o Fisco,
que participariam do mercado com vantagem competitiva em relação aos adimplentes. Ponderou-se
que admitir o ingresso no programa daquele que não possui regularidade fiscal, e que sequer pretende
parcelar o débito ou suspender seu pagamento, significaria comunicar ao adimplente que o dever de
pagar seus tributos seria inconveniente, pois receberia o mesmo tratamento dado ao inadimplente.
Assim, o art. 17, V, não viola o princípio da isonomia, mas ao contrário, confirma-o, pois o adimplente
e o inadimplente não estão na mesma situação jurídica. (Processo STF. Plenário. RE 627543/RS, rel.
Min. Dias Toffoli, julgado em 30/10/2013).

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
 “Concessão de isenção à operação de aquisição de automóveis por oficiais de justiça estaduais.
(...) A isonomia tributária (CF, art. 150, II) torna inválidas as distinções entre contribuintes ‘em
razão de ocupação profissional ou função por eles exercida’, máxime nas hipóteses nas quais,
sem qualquer base axiológica no postulado da razoabilidade, engendra-se tratamento
discriminatório em benefício da categoria dos oficiais de justiça estaduais.” (ADI 4.276, rel. min.
Luiz Fux, julgamento em 20-8-2014, Plenário, DJE de 18-9-2014.)
 "A lei complementar estadual que isenta os membros do Ministério Público do pagamento de
custas judiciais, notariais, cartorárias e quaisquer taxas ou emolumentos fere o disposto no art.
150, II, da Constituição do Brasil. O texto constitucional consagra o princípio da igualdade de
tratamento aos contribuintes. Precedentes. Ação direta julgada procedente para declarar a
inconstitucionalidade do art. 271 da Lei Orgânica e Estatuto do Ministério Público do Estado do
Rio Grande do Norte – LC 141/1996." (ADI 3.260, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 29-3-
2007, Plenário, DJ de 29-6-2007.) No mesmo sentido: ADI 3.334, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgamento em 17-3-2011, Plenário, DJE de 5-4-2011.
11
 "Lei que restringe os contribuintes da Cosip aos consumidores de energia elétrica do município
não ofende o princípio da isonomia, ante a impossibilidade de se identificar e tributar todos os
beneficiários do serviço de iluminação pública. A progressividade da alíquota, que resulta do
rateio do custo da iluminação pública entre os consumidores de energia elétrica, não afronta o
princípio da capacidade contributiva. Tributo de caráter sui generis, que não se confunde com
um imposto, porque sua receita se destina a finalidade específica, nem com uma taxa, por não
exigir a contraprestação individualizada de um serviço ao contribuinte. Exação que, ademais, se
amolda aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade." (RE 573.675, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgamento em 25-3-2009, Plenário, DJE de 22-5- 2009, com repercussão geral.)
No mesmo sentido: RE 642.938-AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 29-5-2012, Primeira
Turma, DJE de 21-6-2012; AC 3.087-MC-QO, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 27-3-2012,
Segunda Turma, DJE de 21-6-2012; RE 635.001, Rel. Min. Joaquim Barbosa, decisão
monocrática, julgamento em 23-3-2012, DJE de 3-4-2012.
 *#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: Não ofende o art. 173, § 1º, II da Constituição Federal a
escolha legislativa de reputar não equivalente a situação das empresas privadas com relação às
sociedades de economia mista às empresas públicas e suas respectivas subsidiárias
exploradoras de atividade econômica para fins de submissão ao regime tributário das
contribuições para o Programa de Integração Social (PIS) e para o Programa de Formação do
Patrimônio do Servidor Público(PASEP à luz dos princípios da igualdade tributária e da
seletividade no financiamento da Seguridade Social. STF. Plenário. RE 577494/PR, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 13/12/2018 (repercussão geral) (Info 927).

 PRINCÍPIOS RELACIONADOS À ISONOMIA (Serão aprofundados em tópicos próprios) 2

A) Princípio da não-discriminação tributária em razão da procedência ou do destino dos bens (art.


152, CF: “É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária
entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino”). Procurar evitar
a “guerra fiscal”.

B) Princípio da uniformidade da tributação da renda (inciso II do art. 151 da CF: “tributar a renda das
obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a

2
Tema cobrado de maneira aprofundada no MPRS (2017). A seguinte assertiva foi considerada incorreta: É vedado à União
tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a
remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, ainda que em níveis inferiores aos que fixar para suas
obrigações e para seus agentes.
12
remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para
suas obrigações e para seus agentes”). Perceba-se que não se está a tributar o rendimento do ente
federado que emitiu o título da dívida pública (o que é vedado pelo art. 150, VI, a, da CF), mas sim a
renda gerada pela operação (juros), que é rendimento do particular adquirente do título.

C) Princípio da liberdade de tráfego (inciso V do art. 150 da CF: “estabelecer limitações ao tráfego de
pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de
pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público”). O trânsito de pessoas e mercadorias
não pode ser restringido por meio da imposição de tributos. A regra possui exceções: a) ICMS
interestadual; b) pedágio.

D) Princípio do não-confisco (TRIBUTOS e MULTAS): Também chamado de princípio da razoabilidade


ou proporcionalidade da carga tributária. Veda a exigência de tributos que tenham caráter
confiscatório, sendo tal termo de difícil definição.
Porém, pode-se adotar a definição de confisco como sendo a exigência tributária que inviabiliza a
existência ou o desenvolvimento das pessoas jurídicas, ou que priva as pessoas físicas de suas
necessidades básicas.

De acordo com o entendimento do STF, o efeito confiscatório de um determinado tributo deve ser
aferido de acordo com toda a carga tributária imposta ao contribuinte. Veja:

(...) A proibição constitucional do confisco em matéria tributária nada mais representa senão a
interdição, pela Carta Política, de qualquer pretensão governamental que possa conduzir, no campo da
fiscalidade, à injusta apropriação estatal, no todo ou em parte, do patrimônio ou dos rendimentos dos
contribuintes, comprometendo-lhes, pela insuportabilidade da carga tributária, o exercício do direito a
uma existência digna, ou a prática de atividade profissional lícita ou, ainda, a regular satisfação
de suas necessidades vitais (educação, saúde e habitação, por exemplo). A identificação do efeito
confiscatório deve ser feita em função da totalidade da carga tributária, mediante verificação da
capacidade de que dispõe o contribuinte - considerado o montante de sua riqueza (renda e capital) -
para suportar e sofrer a incidência de todos os tributos que ele deverá pagar, dentro de determinado
período, à mesma pessoa política que os houver instituído (a União Federal, no caso), condicionando-
se, ainda, a aferição do grau de insuportabilidade econômico-financeira, à observância, pelo legislador,
de padrões de razoabilidade destinados a neutralizar excessos de ordem fiscal eventualmente
praticados pelo Poder Público. Resulta configurado o caráter confiscatório de determinado tributo,
13
sempre que o efeito cumulativo – resultante das múltiplas incidências tributárias estabelecidas pela
mesma entidade estatal – afetar, substancialmente, de maneira irrazoável, o patrimônio e/ou os
rendimentos do contribuinte. O Poder Público, especialmente em sede de tributação (as
contribuições de seguridade social revestem-se de caráter tributário), não pode agir
imoderadamente, pois a atividade estatal acha-se essencialmente condicionada pelo princípio da
razoabilidade. (...) (ADC 8 MC, STF julgado em 13/10/1999)

4. PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA

O princípio da isonomia guarda relação com a capacidade contributiva. Na verdade, não pode ser
analisado fora da capacidade contributiva, pois cada um vai contribuir conforme sua condição de
pagar, isso para que se atenda à justiça distributiva. Não significa que todos serão tratados da mesma
forma. A capacidade contributiva deve ser analisada no seu aspecto objetivo e subjetivo.
 Objetivo/absoluto: é a capacidade identificada pelo legislador, que elege o evento ou fato-
manifestação da riqueza. Quanto maior a capacidade econômica, mais a pessoa deve pagar.
Deve-se analisar o fato que comprove essa capacidade econômica como, por exemplo, ser
proprietário de um imóvel ou veículo. Deve-se usar um critério que comprove a capacidade de
contribuir.
 Subjetiva/Relativa: é a capacidade identificada pelo legislador, que elege o sujeito
individualmente considerado, levando em consideração a progressividade, mínimo existencial,
dentre outros fatores.
Art. 145 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos:
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade
econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir
efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o
patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
 Sempre que possível: o melhor entendimento é que a capacidade contributiva será adequada à
natureza do imposto e à técnica de sua incidência, além de servir para compatibilizar esse
princípio com a extrafiscalidade.
o Nem sempre a capacidade contributiva será observada como ocorre, por exemplo, com
os tributos extrafiscais, como o IPI. Por exemplo, por mais que o industrial seja de
14
grande porte, sua tributação do IPI pode ser baixa de acordo com a essencialidade do
produto.
o Além disso, objetivos extrafiscais podem ensejar a minoração/majoração do tributo sem
observar a capacidade econômica/contributiva do contribuinte.
o ITR seria imposto extrafiscal, cobrando-se menos das propriedades mais produtivas e
mais das propriedades menos produtivas. Exemplo claro de se cobrar menos de quem
tem mais capacidade.

4.1. Subprincípios da capacidade contributiva: proporcionalidade e progressividade.

a) Proporcionalidade: observar certa proporção para fixar uma tributação. As pessoas pagarão
mais ou menos conforme a capacidade econômica. Essa ideia não é absoluta e evoluiu para a
progressividade. Na prática, a proporcionalidade se dá com a dimensão da base de cálculo. Assim,
quanto maior a base de cálculo, maior será o tributo a se pagar, em virtude da aplicação da alíquota.
b) Progressividade: entende-se que cobrar o mesmo percentual de todos não é o mais justo.
Sendo certo que quanto mais se afasta da margem existencial para o indivíduo, mais se cobrará do
contribuinte, assim, aumenta-se o percentual do tributo. Na prática, a progressividade se dá tanto com
a modificação da alíquota quanto com a modificação da base de cálculo.

No Brasil, temos:
 Tributação fixa: como as taxas, por exemplo, de expedição de passaporte.
 Tributação proporcional: IPTU, ISS, ITBI, ITCMD.
 Tributação progressiva: IR.
 Alíquotas seletivas/diferenciadas: não há necessariamente proporcionalidade ou
progressividade, mas uma própria atuação extrafiscal do Ente tributante. Ex.: alíquotas
seletivas de acordo com a essencialidade do produto.

A progressividade no Brasil pode se dar em dois critérios: extrafiscalidade ou capacidade


contributiva.
 Capacidade Contributiva: alíquotas maiores conforme a maior capacidade contributiva. Ex.: IR.
IPTU também pode ser progressivo de acordo com o valor venal do imóvel.

Dos Impostos da União


Art. 153 - Compete à União instituir impostos sobre:
§ 2º - O imposto previsto no inciso III:
15
I - será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da
lei.
 Extrafiscalidade: ITR. As alíquotas vão variar de acordo com o grau de utilização da propriedade
rural. Maior utilização, menor alíquota. IPTU, quanto maior o tempo em que o imóvel não está
cumprindo a função social, maior será a sua alíquota no tempo. (O IPTU pode ser progressivo
tanto pela capacidade contributiva quanto pela extrafiscalidade)

Art. 153 - Compete à União instituir impostos sobre:


§ 4º - O imposto previsto no inciso VI do caput (ITR)
I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de
propriedades improdutivas;
(...)
Da Política Urbana
Art. 182 - A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme
diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais
da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.
§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou
não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;

* #IMPORTANTE: É constitucional a progressividade das alíquotas do ITR previstas na Lei nº 9.393/96 e


que leva em consideração, de maneira conjugada, o grau de utilização (GU) e a área do imóvel. Essa
progressividade é compatível com o art. 153, § 4º, I, da CF/88, seja na sua redação atual, seja na
redação originária, ou seja, antes da EC 42/2003. Mesmo no período anterior à EC 42/2003, era
possível a instituição da progressividade em relação às alíquotas do ITR. STF. 1ª Turma. RE 1038357
AgR/ SP, Rel. Min Dias Tóffoli, julgado em 6/2/2018 (Info 890).

#APROFUNDAMENTO #EVOLUÇÃO JURISPRUDENCIAL


O STF, durante muito tempo, adotou uma tese de que os impostos pessoais poderiam ser progressivos,
mas os impostos reais não, ficando entendido que a progressividade deveria estar presente na CRFB e
que os impostos reais (IPTU e ITBI) não estariam sujeitos à progressividade. De acordo com o
entendimento antigo do STF:
16
1. (i) A progressividade tem que estar autorizada pela Constituição (exemplo: IR)
2. (ii) Os impostos reais não comportariam progressividade (IPTU e ITBI).

A regra é que impostos reais não seriam progressivos, salvo se autorizados pela CRFB. Com base nesse
raciocínio, seria vedado também no caso do ITCMD. Contudo, no caso do ITCMD, O STF mudou o
entendimento e passou a aceitar que a progressividade pudesse existir na capacidade contributiva.
De acordo com o entendimento atual do STF: (i) todos os impostos estariam sujeitos ao princípio da
capacidade contributiva; (ii) Não haveria necessidade de emenda constitucional para que o ITCMD
fosse progressivo.3

5. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou
aumentado - irretroatividade;
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; (Vide
Emenda Constitucional nº 3, de 1993) – anterioridade anual
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou, observado o disposto na alínea b – anterioridade nonagesimal

O marco temporal significativo é a entrada em vigor da lei que majora ou cria um tributo. A
nova lei não pode alcançar fatos ocorridos no passado, antes da sua entrada em vigor.
O princípio da irretroatividade se aplica:
 Instituição ou majoração de tributos, não havendo exceção.
 Decorrência da própria legalidade.
 Art. 106 do CTN: hipóteses de retroatividade da legislação tributária. Ex.: aplicação retroativa
da lei que deixa de considerar ato não definitivamente julgado como infração.

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:

3
Na primeira fase da PGE AMAZONAS, organizada pela CESPE, considerou-se incorreta a seguinte assertiva: “É
inconstitucional a fixação de alíquota progressiva para o ITCMD”.
17
I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à
infração dos dispositivos interpretados;
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não
tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.

No direito tributário, existe uma separação entre fatos geradores passados (consumados), fatos
geradores futuros e também fatos geradores pendentes.
 A lei não se aplica aos fatos passados.
 A lei aplica-se aos fatos futuros.
 Fatos geradores pendentes: são aqueles cujo início já ocorreu, mas ainda não foram
consumados em sua totalidade à data da entrada em vigor da nova lei. Quanto aos fatos
pendentes, existe dúvida sobre a retroatividade da lei, formando-se correntes.
o 1ª corrente: fato gerador pendente seria igual ao fato gerador futuro. Ex.: negócio
jurídico sujeito à condição suspensiva. Assim, o fato gerador pendente só vai se
concretizar quando algo acontecer no futuro, não tendo problema em se aplicar a nova
lei tributária.
o 2ª corrente: há problemas quando temos o fato gerador complexivo, representando os
tributos para os quais se deve considerar um certo período de tempo.
Leva em consideração uma série de acontecimentos em dado espaço de tempo.
Fato gerador Ex.: CSLL e IRPF. Ao contrário da circulação da mercadoria ou transferência de
complexivo ou bem imóvel, não é possível apurar com exatidão, auferir se há lucro ou não em
periódico determinado período de tempo. É necessário fazer um recorte no tempo e
espaço para realizar um cálculo.
Fato gerador É possível verificar no tempo e no espaço o momento da ocorrência do fato
instantâneo gerador. Incide sobre compras e vendas, doações, etc.
Como a propriedade não é uma ocorrência, mas um status, não há um
Fato gerador
momento crucial para sua identificação, tal como ocorre nos fatos instantâneos.
continuado
É algo que se protrai no tempo.

6. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
18
É um princípio que se fundamenta no valor segurança jurídica.
 Princípio da não surpresa: representa uma forma do contribuinte não ser surpreendido com
uma nova lei tributária que majore ou crie tributos em seu desfavor.
 Existe anterioridade do exercício financeiro e anterioridade nonagesimal / noventena /
anterioridade mitigada.
 De acordo com Ricardo Alexandre (2016), “é importante ressaltar que o princípio existe para
proteger o contribuinte, não impedindo, portanto, a imediata aplicação das mudanças que
diminuam a carga tributária a que o contribuinte está sujeito (casos de extinção ou redução de
tributos) ou que não tenham qualquer impacto sobre essa carga tributária.”

Aqui, o marco inicial é a data da publicação da lei (e não da vigência).


Enquanto o princípio da irretroatividade representa uma proteção a fatos ocorridos antes da
vigência da lei (passado), o princípio da anterioridade protege fatos futuros.
 Reitere-se: O marco temporal no princípio da irretroatividade é a vigência da lei, ao passo que
no princípio da anterioridade é a publicação da lei. É importante evidenciar esta diferença pois
os conceitos são absolutamente distintos.
 Irretroatividade: garantia aos fatos geradores ocorridos no passado.
 Anterioridade: garantia aos fatos geradores a ocorrerem no futuro.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; (Vide
Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

 Exercício financeiro equivale a ano civil.


c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)

 Contribuições Sociais
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos
termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
19
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (Vide Emenda Constitucional nº 20, de
1998)
§ 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa
dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o
disposto no art. 150, III, "b".

 Prorrogações de cobrança de tributos temporários e anterioridade (ex.: CPMF):


a) Prorrogação dentro do prazo de cobrança anterior: neste caso, o STF entendeu que não era
necessário observar a anterioridade novamente. Foi o que ocorreu com a CPMF.
 Exemplo: CPMF seria cobrada até 31/12/2004. Em 01/12/2004, uma emenda prorrogou a
vigência da CPMF até 31/12/2005.
 Não seria hipótese de instituição ou majoração de tributo.

b) Prorrogação fora do prazo de cobrança anterior: segundo STF, aqui incidiria a anterioridade, pois
não se trata materialmente de uma prorrogação, e sim de uma reinstituição do tributo.
 Desta forma, se a “prorrogação” se der após o decurso do prazo previsto na lei anterior, aí será
necessária a observância da anterioridade (de exercício e nonagesimal).

#DESTRINCHANDO:

 Aplicação da anterioridade – art. 150, III, b e c.


 ITR. Art. 153, VI.
 IGF. Art. 153, VIII.
 Imposto residual. Art. 154, I.
 ITD. Art. 155, I.
 ICMS. Art. 155, II, com exceção do art. 155, §4º, IV.
 IPVA e IPTU. Arts. 155, III e 156. Exceto nos casos de majoração decorrente de alteração da
base de cálculo.
 ITBI. Art. 156, II.
 ISS. Art. 156, III.
 Taxas. Art. 145, II.
 Contribuição de Melhoria. Art. 145, III.
20
 Aplicação somente da anterioridade anual:
 IR.
 IPVA e IPTU (alteração da base de cálculo).
A base de cálculo do IPVA e IPTU é o valor de mercado/venal do imóvel ou veículo considerado.
Assim, se uma lei modificar a base de cálculo destes impostos, apenas a anterioridade de exercício
deverá ser observada.
Por outro lado, se a alteração se referir à majoração de alíquota, deverá observar também a
anterioridade nonagesimal.

 Aplicação somente da anterioridade nonagesimal – 150, III, C:


 IPI: a anterioridade nonagesimal do IPI deve ser observada tanto nas alterações materializadas
por lei, quanto nas alterações de alíquotas materializadas por decreto do Poder Executivo.
 ICMS e CIDE: restabelecimento de alíquotas.

 Anterioridade aplicável às contribuições da seguridade social.


 As modificações que trata o 195 só observarão quando tornar mais gravoso a contribuição.
 O princípio da anterioridade não pode ser usado em desfavor do contribuinte.

 Exceções à anterioridade
 II. Art. 153, I.
 IE. Art. 153, II.
 IOF. Art. 153, V.
 IEG. Art. 154, II.
 EC. Art. 148, I.

O empréstimo compulsório previsto no art. 148, II se sujeita a anterioridade nonagesimal e de


exercício.
No II, IE e IOF, a anterioridade não é observada em virtude do caráter extrafiscal das exações.
No IEG e EC, a anterioridade não é observada em virtude da urgência/calamidade pública que
circunda a instituição/majoração destes tributos.
 Súmula Vinculante 50 STF: Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação
tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade
21
* Coach, está complicado demais. Já estou ficando tonto(a).

Relaxa. Respira. Vem tabelinha para ajudar a memorizar isso tudo (#FOCONATABELA):

Exigência imediata Observar só 90 dias Observa apenas o ano


(não precisam observar o financeiro seguinte (não
exercício financeiro precisam observar 90
seguinte). dias).

Logo, podem ser cobrados Logo, são cobrados no 1º


no mesmo ano. de janeiro
necessariamente.
Empréstimo compulsório IPI IR
decorrentes de guerra ou
calamidade pública. A observância de 90 dias
se justifica pelo simples
#CUIDADO: Não se aplica fato da indústria brasileira
a exceção do “já, já” para se adequar as novas
o empréstimo regras.
compulsório no caso de
investimento público de
caráter urgente e de
relevante interesse
nacional.

#ATENÇÃO: Nesse caso,


deve-se aplicar o
princípio da
anterioridade de
exercício (art. 148, inciso
II, CF) e nonagesimal
(introduzida pela EC
42/2003). O fato do art.
148, inciso II não englobar
a alínea “c” do art. 150,
não significa que ele não
deva ser observado. Isso
porque esse tributo não
está incluso na exceção do
§1º do art. 150. Em suma,
deve-se interpretar a CF
de forma global.
II Contribuições destinadas Base de cálculo do IPTU e
à seguridade social (art. IPVA.
22
195, §6º, CF).
#CUIDADO: Essa exceção
apenas se refere à BC.

#CASCADEBANANA: Não
se refere à alíquota.
IE Redução e -
restabelecimento da CIDE
Combustível

#CUIDADO: A majoração
deve observar a
anterioridade de exercício
também.
IOF Redução e -
restabelecimento do
ICMS Combustível.

#CUIDADO: A majoração
deve observar a
anterioridade de exercício
também.
Imposto Extraordinário - -
de Guerra

*#OUSESABER: A anterioridade tributária é uma regra ou um princípio? Não obstante seja


comumente utilizada a expressão “princípio” para se referir à anterioridade tributária, parcela da
doutrina indaga acerca da sua real natureza, considerando que não seria propriamente um princípio,
mas sim uma regra. De acordo com tradicional lição doutrinária, as normas jurídicas podem ser
subdivididas em duas espécies: regras e princípios. As primeiras seriam normas que se aplicam na base
do “tudo ou nada”, contendo determinações, sendo sempre satisfeitas ou não satisfeitas. Os últimos,
por sua vez, seriam normas passíveis de satisfação em variados graus. A anterioridade tributária
(presente no art. 150, III, “b” e “c”, da CF) é norma que protege o contribuinte contra a imediata
aplicação de normas que AUMENTEM a carga tributária (criação ou majoração de tributo), ADIANDO A
EFICÁCIA da lei majoradora ou instituidora de tributo. Pois bem, segundo parte da doutrina, o
princípio da anterioridade seria um exemplo de princípio tributário que, em verdade, teria natureza
de REGRA, tendo em vista NÃO ser passível de ponderação, sendo APLICÁVEL OU NÃO a
determinado caso concreto. Em sentido oposto, a isonomia tributária, por exemplo, consistiria
23
verdadeiramente em um princípio, na medida em que permitiria a realização de um juízo de
ponderação em sua aplicação.

#JURISPRUDÊNCIA #POLÊMICO: Princípio da anterioridade tributária e revogação de benefício fiscal.


A revogação de benefício fiscal deverá obedecer ao princípio da anterioridade tributária?
 SIM. O ato normativo que revoga um benefício fiscal anteriormente concedido configura aumento
indireto do tributo e, portanto, está sujeito ao princípio da anterioridade tributária. Precedente da 1ª
Turma do STF.
 NÃO. A revisão ou revogação de benefício fiscal, por se tratar de questão vinculada à política
econômica, que pode ser revista pelo Estado a qualquer momento, não está adstrita à observância das
regras de anterioridade tributária.
Precedente da 2ª Turma do STF. STF. 1ª Turma. RE 564225 AgR/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado
em 2/9/2014 (Info 757). STF. 2ª Turma. RE 617389 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
08/05/2012.

7. VEDAÇÃO AO CONFISCO

No ordenamento jurídico brasileiro, confisco representa a perda da propriedade sem a


correspondente indenização. Assim, “utilizar tributo com efeito de confisco” seria usar a tributação
para se apropriar do patrimônio do particular sem a respectiva indenização.
O confisco é permitido pela legislação brasileira em algumas hipóteses. Todavia, em todos os
casos, são sanções por atos ilícitos.
 Ex.: perda da propriedade em caso de cultura de drogas ou exploração de trabalho escravo.
 Ex.2: perda do produto do crime.

O problema é que vedação ao confisco representa um conceito jurídico indeterminado. No


Brasil, há ausência de parâmetros objetivos fixados pela Constituição ou legislação. A aferição será
feita em cada caso concreto.

#SELIGANASÚMULA: Súmula 69 STF: A Constituição Estadual não pode estabelecer limite para o
aumento de tributos municipais.
24
 É possível que a análise do caráter confiscatório seja feita com base em um único tributo (e não
à carga tributária como um todo), pois visto que constitui conceito jurídico indeterminado,
deve ser aferido no caso concreto.

Nos termos da jurisprudência do STF, não se deve analisar o tributo isoladamente, pois
pode ser que o seu peso individual não aparente gerar efeito confiscatório, mas, ao ser
acrescido a outros tributos incidentes sobre a mesma manifestação de riqueza e
cobrados pelo mesmo ente, a razoabilidade desapareça. Esse entendimento é utilizado em
favor do sujeito passivo que será excessivamente onerado. Ocorre que, por vezes, um único
tributo, sozinho, já pode aferir caráter de penalização.

Para fins de concurso, cuidado com o enunciado e com o que o examinador aduz.
Se o item afirmar que “A obediência ao princípio do não confisco é verificada em cada tributo,
isoladamente”: essa afirmativa é falsa, pois foge à regra e ao entendimento do STF de que deve
ser verificada a carga tributária como um todo. Esta é a regra.
Contudo, se vier exposto, genericamente, que “é impossível que se caracterize o caráter
confiscatório pela análise de único tributo”, essa afirmativa é falsa. Pois é possível.

Conforme expõe Ricardo Alexandre4:


O conceito de efeito confiscatório é indeterminado, sujeito a alto grau de subjetividade e varia
muito de acordo com as concepções político-filosóficas do intérprete. Isso não impede,
contudo, que, em casos de notória ausência de razoabilidade de UMA EXAÇÃO ou de um
CONJUNTO DE EXAÇÕES, o Poder Judiciário reconheça a existência de um verdadeiro abuso
do direito de tributar, tendo em vista a absorção de parcela substancial do patrimônio ou
renda dos particulares.

 A natureza do tributo (fiscal ou extrafiscal) pode levar a algumas diferenciações no que tange à
observância da vedação ao confisco. Os tributos extrafiscais visam estimular ou desestimular
uma determinada conduta. Neste contexto, há quem afirme que o princípio da vedação ao
confisco não poderia ser aplicado a tais tributos quando objetivassem desestimular uma
conduta. Não obstante, ainda que o objeto seja desestimular certa conduta, é possível a análise
da vedação ao confisco à luz da razoabilidade e proporcionalidade.

4
Ricardo Alexandre, Direito Tributário (2017).
25
 Multa tributária: A multa é consequência da prática de uma conduta contrária ao direito. Embora
tributo e multa não se confundam, o STF entende que o princípio da vedação ao confisco aplica-se
também às multas tributárias. A sanção deve ser razoável, ou seja, proporcional à infração, sob pena
de ter um efeito confiscatório.

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: O Estado não pode adotar sanções políticas para constranger o
contribuinte ao pagamento de tributos em atraso. STJ. 1ª Turma. RMS 53.989-SE, Rel. Min. Gurgel de Faria,
julgado em 17/04/2018 (Info 626).

#APROFUNDAMENTO - Vedação ao confisco e caráter dinâmico ou estático dos tributos


(@CURSOCEI):
A perspectiva estática de tributação do patrimônio implica uma análise da tributação levando
em conta o bem em si mesmo, sem considerar as eventuais valorizações ou mesmo os frutos
renováveis que esse bem pode gerar (os aluguéis de um imóvel, por exemplo). Por outro lado, a
análise da tributação sob uma perspectiva dinâmica leva em conta as potenciais riquezas que o bem
tributado pode gerar.
Assim, analisando o IPTU sob a perspectiva estática, conclui-se que como o seu fato gerador “é
único e a riqueza tributada não é renovável, a repetição ano a ano da cobrança resultaria em confisco,
pois, a cada incidência, parcela da riqueza do contribuinte estaria sendo entregue ao Estado, num
lento (às vezes nem tanto) processo confiscatório” (ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário
Esquematizado, Editora Método, 8ª Ed., 2014, p. 127).
No entanto, ao analisar a incidência do mesmo imposto sob uma perspectiva dinâmica, verifica-
se não haver, em regra, efeito confiscatório, uma vez que o valor da exação cobrado anualmente
costuma ser inferior aos acréscimos patrimoniais que o bem tributado pode gerar, como os
decorrentes de valorização imobiliária ou aluguéis, por exemplo. Assim, não há diminuição gradativa
da riqueza em decorrência da cobrança do imposto.
Nessa linha, tendo em vista que a Constituição vedou a instituição de tributos com efeito de
confisco, mas autorizou a tributação do patrimônio, conclui-se que pode ser considerada a perspectiva
dinâmica para a análise da eventual violação ao princípio do não confisco

*#OUSESABER: Emenda Constitucional pode alterar a norma magna que prevê tributação com efeito
de confisco?
26
O STF já reconheceu expressamente o caráter de garantia individual a diversas limitações
constitucionais ao poder de tributar, a exemplo do Princípio da Anterioridade Tributária, previsto no
artigo 150, III, “b”, CF/88 (STF, Tribunal Pleno, ADI 939-2/DF, Rel. Min. Sidney Sanches, j. 15.12.1993,
DJ 18.03.1994, p. 5.165). Sobre referido princípio, aponta Eduardo Sabbag: (...) o princípio da
anterioridade da lei tributária representa um dos direitos fundamentais mais relevantes outorgados ao
universo dos contribuintes pelo texto constitucional, além de traduzir, na concreção de seu alcance,
uma expressiva limitação ao poder impositivo do Estado.

Vale ressaltar que o comando constitucional que enuncia as cláusulas pétreas (Art. 60, § 4º, CF) não
veda de modo absoluto a edição de emendas sobre tais matérias, proibindo apenas as modificações
tendentes a abolir (restringir, limitar) o que ali está disposto.

8. NÃO LIMITAÇÃO AO TRÁFEGO DE PESSOAS OU BENS

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios:
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou
intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder
Público;

O objeto é coibir tributos que contenham como hipótese de incidência a transposição de


fronteira interestadual ou intermunicipal. Em que pese esta regra, não há óbice à cobrança dos
tributos que incidam sobre a circulação, como é o caso do ICMS.
Ainda de acordo com a doutrina, o referido princípio protegeria a liberdade de locomoção
prevista no art. 5º, XV da CR.

#PEDÁGIO #POLÊMICA
A polêmica do dispositivo se concentra na questão do pedágio. Há varias posições a respeito da
natureza jurídica do pedágio.
 Corrente 1: Pedágio é tributo. Há uma vertente que acredita que teria natureza de taxa, outros
consideram uma espécie tributária autônoma.
 Corrente 2: Pedágio é preço público.
 Corrente 3: Pode ser taxa ou preço público. Parte desta corrente entende que se for cobrada
pelo Poder Público, será taxa, mas se a cobrança for feita por um particular, será preço público.
27
Outra vertente deste mesmo entendimento considera que, se houver uma via alternativa para
ser usada pelo cidadão, será preço público, caso não haja, será taxa.

“O pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias conservadas pelo poder público, cuja cobrança
está autorizada pelo inciso V, parte final, do art. 150 da Constituição de 1988, não tem natureza
jurídica de taxa, mas sim de preço público, não estando a sua instituição, consequentemente, sujeita
ao princípio da legalidade estrita.” (ADI 800, rel. min. Teori Zavascki, julgamento em 11-6-2014,
Plenário, DJE de 1º-7-2014.)
 Segundo o Min. Teori Zavascki, é irrelevante, para a definição da natureza jurídica do pedágio, a
existência ou não de via alternativa gratuita para o usuário trafegar. Isso porque essa condição
não está estabelecida na CF/88. Dessa forma, esse traço distintivo trazido pela 3ª corrente não
encontra amparo na CF/88.
 Além disso, mesmo que não exista uma estrada alternativa gratuita, na visão do STF, a
utilização da via com pedágio continua sendo facultativa. Isso porque a pessoa tem a
possibilidade de simplesmente não dirigir o seu veículo, ir a pé, de bicicleta, de ônibus, de avião
etc. Enfim, existem outras opções. No mesmo sentido: RIBEIRO, Ricardo Lodi. Tributos. Teoria
Geral e Espécies. Niterói: Impetus, 2013, p. 45
Atualmente, a maior parte dos pedágios é cobrada sob a modalidade de tarifa, com base em
contratos de concessão celebrados pelo poder público com concessionária.
No STF, há um RE (645.181), no qual foi reconhecida a repercussão geral da questão
constitucional alusiva à possibilidade ou não de cobrança de pedágio pela utilização de vias
conservadas pelo Poder Público no caso em que não há estradas alternativas.
#PENDENTEDEJULGAMENTO

9. PRINCÍPIOS APLICÁVEIS SOMENTE À UNIÃO

9.1. Princípio da Uniformidade Geográfica

Art. 151. É vedado à União:


I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou
preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida
a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento
socioeconômico entre as diferentes regiões do País;
28
O IPI não precisa ter as mesmas alíquotas em todo o território nacional. A União pode instituir
alíquotas diferenciadas, desde que tenha por objetivo promover o equilíbrio do desenvolvimento
socioeconômico entre as diferentes regiões do País.

9.2. Isonomia na tributação da renda

Art. 151. É vedado à União:


II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos
que fixar para suas obrigações e para seus agentes;

Exemplo: União não poderia estabelecer uma alíquota de IR de 10% para o servidor público federal e
de 25% para o servidor público estadual.

9.3. Vedação a concessão de isenções heterônomas

Art. 151. É vedado à União:


III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios

 Conceito de isenção heterônoma: Um ente federativo concede isenção de tributo da


competência de outro ente. Desta forma, se a competência para instituir o tributo pertence ao
estado-membro, não pode União Federal conceder qualquer isenção relativa a ele. A
competência tributária conferida a cada ente engloba a possibilidade de instituir e cobrar
tributo, bem como a prerrogativa de não instituí-los e de conceder isenções.
 O art. 13 do CTN não foi recepcionado pela CF/88.

#PERGUNTADEPROVA: Tratados e Convenções Internacionais - A União pode conceder isenção de


tributo estadual/municipal através de um tratado internacional? No direito internacional, apenas a
República Federativa do Brasil tem a competência para firmar tratados, dela não dispondo a União, os
estados-membros e os municípios. *O Presidente da República não subscreve tratados como Chefe de
Governo, mas como Chefe de Estado, o que descaracteriza a existência de uma isenção heterônoma,
vedada pelo art. 151, III da Constituição.

10. PRINCÍPIO DA NÃO DISCRIMINAÇÃO BASEADA EM PROCEDÊNCIA OU DESTINO


29

Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária
entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.
 De acordo com a própria disposição constitucional, trata-se de princípio direcionado aos
Estados, DF e Municípios.
o #PEGADINHA #DERRUBANDOOCANDIDATO: De acordo com expressa disposição
constitucional, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão
de sua procedência ou destino. ERRADO!
 Como exemplo da aplicação do princípio, o STF determina que um veículo importado não pode
ter alíquota de IPVA mais alta da aquela incidente sobre os veículos nacionais.

*#OUSESABER: A antecipação de pagamento do imposto referente a mercadoria que se destina a


outro Estado configura a adoção de diferença tributária em razão do destino e procedência dos bens.
Certo ou errado?
Errado. Com efeito, a CF veda que os entes políticos estabeleçam indevida distinção tributária em
decorrência da procedência ou destino dos bens e serviços sujeitos a tributação:
Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária
entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.
Todavia, entende-se que a antecipação de pagamento do imposto, quando a mercadoria se destina a
outro Estado, NÃO configura a adoção de diferença tributária, em razão do destino e procedência dos
bens, caracterizando mero mecanismo de política fiscal: A antecipação de pagamento do imposto,
quando a mercadoria se destina a outro Estado, não configura a adoção de diferença tributária, em
razão do destino e procedência dos bens. [RE 167.034 AgR, voto do rel. min. Néri da Silveira, j. 14-12-
1999, 2ª T, DJ de 25-2-2000].

11. QUADRO RESUMO

É importante rememorar que algumas das limitações se aplicam apenas no âmbito da União,
outras nos Estados e Municípios, ao passo em que outras se aplicam a todos os entes.

Todos os entes Somente União Somente Estados, DF e Mun.


- Legalidade (art. 150, I); - Uniformidade Geográfica (art. - Não discriminação baseada
- Isonomia (art. 150, II); 151, I); em procedência ou destino
30
- Capacidade Contributiva (art. - Isonomia na tributação da (art. 152).
150, II); renda (151, II);
- Anterioridade anual (art. 150, - Vedação a isenção
III, a); heterônoma (151, III).
- Anterioridade nonagesimal
(art. 150, III, c);
- Vedação ao confisco (art. 150,
IV);
- Não limitação ao tráfego de
pessoas e bens (art. 150, V);
- Imunidades (art. 150, VI)

DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

Art. 150-152, CF/88.

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

- Ricardo Alexandre - Direito Tributário Esquematizado.


- Eduardo Sabbag - Manual de Direito Tributário.
- Anotações pessoais de aulas.

Você também pode gostar