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Espírito, Eu e Organização para o Eu

Steiner em diversas obras considera que o homem possui um “Espírito” individualizado, ao


qual denomina “Eu”, que deve assumir o próprio corpo.
Já o termo usado na Antroposofia “Organização para o Eu” é a organização para uma
fisiologia individualizada.
O nosso “Eu” (Espírito) corresponde ao sono profundo, no inconsciente e sua manifestação
é dada através da Vontade.

A Vontade e o Inconsciente

O filósofo romântico Shopenhauer escreveu que o mundo é uma vontade manifesta e que a
vida é simplesmente a vontade de existir se manifestando.
Em Nietzsche, a vontade é potência, “querer mais estar no mundo”, como um leão que
come sua presa simplesmente para sobreviver.
Já para Goethe, a vontade aparece como a eterna insatisfação e aspiração do “Fausto”.
Na obra “O Estudo geral do homem - Arte da Educação I” - 1919, Steiner detalhou a
Vontade em 7 passos (resolução, propósito, aspiração, motivo, desejo, impulso e instinto)
que é uma classificação trimembrada.
Níveis superiores:

Resolução: é a vontade do espírito - “Eu”


Propósito: o qual leva ao aprimoramento do “Eu”
Aspiração: através da auto-educação do “Eu”

Nível mediano:

Motivo: razões para o “Eu” elaborar o caminho cotidiano da nossa biografia.

Níveis inferiores:

Desejo: ele se torna manifesto através do animal em nós.


Impulso: desencadeado pelas necessidades vitais (fome, sede, etc.).
Instinto: através da reprodução, a forma mais arcaica da vontade.

A nossa cabeça pensante sabe pouco do que queremos. As nossas vísceras, pernas e
músculos, sabem mais. Segundo Steiner o pensar com o nosso sistema metabólico-
locomotor (vísceras, pernas e músculos) seria um pensar vivo, criativo, ele está no nosso
inconsciente.
O “Eu” inconsciente é selvagem, indomado, natural e está aberto em contato com o Todo
(Cosmo). Daí ele recebe inspirações e intuições.
Na cabeça consciente somos “Egos Sociais”. Já nos membros e vísceras, na esfera do
inconsciente, somos “Eus Espirituais”.
A Vontade inconsciente cria o futuro, a cabeça vive na reflexão sobre o passado.
Steiner observou que no homem sadio a Vontade não pode estar desvinculada do pensar e
do sentir. A Vontade permeada pelo Bom, Belo e Verdadeiro transforma-se,
respectivamente em Bondade, Estética e Ética, levando o ser humano ao Entusiasmo.
Segundo Nicola Abbagnano (Dicionário de Filosofia - pág. 335): “Entusiasmo em sentido
próprio seria a inspiração divina, donde o estado de exaltação que ela produz, com a certeza
de possuir a verdade e o bem”. O filósofo contemporâneo Jaspers definiu o Entusiasmo de
acordo como conceito tradicional e precisou-o positivamente. “Na atitude entusiástica”,
disse ele, “o homem se sente tocado em sua substância mais íntima, em sua essencialidade
ou, o que dá no mesmo, sente-se arrebatado e comovido pela totalidade, pela
substancialidade e pela essencialidade do mundo (Psychologie der Weltanschauunge, I, C,
trad. It., pp, 138 ss.). Contudo, Jaspers distinguiu entusiasmo de fanatismo, no sentido de
que, enquanto o entusiasta “se obstina em manter firme suas idéias, mas tem vivacidade e
vitalidade para aperceber-se do novo”, o fanático “fica fechado em determinada fórmula ou
numa idéia fixa” (Ibid,. p.162).
Na Pedagogia Waldorf a educação da Vontade se dá através da repetição nos exercícios
com o corpo por meio do brincar, teatro, canto, música, pintura, desenho e da Eurritmia.

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