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E-mail: rodrigoarteiro@toledoprudente.edu.br
03/02/2015
INTRODUÇÃO
Na idade media, o Processo Penal foi a instituição da própria inquisição, servindo para
identificar o herege e puni-lo queimando-o vivo, ou seja, a punição não servia para proteger o
Estado Democrático, mas sim, como forma de opressão.
O Processo Penal Nazista, não buscava a justiça, mas tão somente mapear os Judeus e
exterminá-los simplesmente por serem indesejados.
No Brasil durante o Regime Militar o Processo Penal era ferramenta para localização
de pessoas subversivas que se opunham ao Regime. Nessa época criou-se o interrogatório
preliminar, em que ocorriam as sessões de tortura e o réu era obrigado a assinar como se
tivesse confessado os crimes pelos quais estava sendo acusado. Assim, pessoas eram
perseguidas e eliminadas em uma estrutura totalitária.
CONCEITO
Atividade Persecutória são todos os atos que o Estado passa a praticar quando ele
toma conhecimento de um crime, ou seja, a prática de um crime deflagra uma movimentação
do Estado que é inerente à sua condição.
Os atos praticados pelo Estado são determinados por Lei, dessa forma, o Estado é
obrigado a desempenhar a atividade que é vinculada por Lei.
FINALIDADE
Isso ocorre porque o Direito Penal é instrumento de coação direta. O Estado se auto
limita no seu direito de punir e se auto determina que ele só poderá punir com o Devido
Processo Legal.
Com isso, concluímos que o Direito Penal, não é auto executável ou auto aplicável, por
ser o ramo do Direito mais atroz, mais invasivo, entrando na esfera de intimidade do indivíduo,
dessa forma, ele só acontece pela via processual. O cidadão somente sentirá o Direito Penal
através do Processo Penal.
O Direito Penal paira sobre a cabeça de todos, mas apenas entra na vida das pessoas
através do processo. Existe um instituto em inglês denominado “Bill of atender”, que são Leis
punitivas que impõe o Direito Penal em concreto (Leis que substituem uma sentença). Nossa
legislação não admite esse tipo de Lei, pois não respeitaríamos o processo. Não permitindo o
processo, não se permite o debate acerca do fato bem como não se permite a dosimetria no
poder de punir do Estado.
PERSECUÇÃO PENAL
Fases
o Inquisitiva ou Investigatória
o Judicial ou Processual
Lide, por si só, é o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida,
trazendo este conceito para Lide Penal, podemos defini-la como conflito de interesse (Poder
de Punir x Direito de Liberdade) qualificado pela pretensão punitiva do Estado e resistido
pelo direito de defesa do réu.
Quando a Lide for Penal sempre o conflito de interesse recairá sempre sobre dois bens
da vida (Direito de Punir do Estado vs Direito de Liberdade do Réu).
Se não houver o Direito de Defesa, não há como ocorrer a condenação. A Lide Penal é
sempre pautada pela Lei, pois lidamos com valores indisponíveis, diferentemente da Lide Civil
que é dinâmica e abarca diversas situações e direitos.
i. É tão importante o papel da defesa, que se ela não atuar, qualquer ato
punitivo é nulo. Queira ou não o réu, queira ou não os demais órgãos
do sistema persecutório a defesa sempre será obrigatória, caso
contrário não há legitimação da punição.
ii. Nenhum poder pode invadir a vida do cidadão sem a participação da
defesa, dessa forma, o advogado acaba legitimando a construção do
Poder Estatal.
04/02/2015
A Norma ou Lei Processual só possui razão de ser para concretizar a Norma ou Lei
Penal.
LEI NORMA
Texto Ideia
Leitura Interpretação
Concreta Abstrata
Continente Conteúdo
Descritiva Proibitiva
Controle Formal de Constitucionalidade Controle Material de Constitucionalidade
O que caracteriza uma Norma Penal é a existência de uma sanção. Dessa forma, a
Norma Penal é toda aquela que delimita o poder de punir do Estado, tanto instituindo-o,
como destituindo-o bem como limitando-o.
Dessa forma o Art. 5°, XV, CF, que disciplina o direito de liberdade acaba sendo uma
norma constitucional de aplicabilidade imediata, mas de eficácia contida, pois cada vez que há
a criação e um novo crime cominado a uma sanção, a liberdade individual fica reduzida, ainda
que apenas no campo abstrato, pois a instituição da punição por si só já regra a sociedade.
Sendo assim, a Norma Penal é a mais invasiva de todas e por isso possui um Controle
Constitucional muito rigoroso. O primeiro limite, por exemplo, é que apenas Lei pode instituir
Norma Penal. O Segundo limite ocorre no tempo, pois toda norma penal que amplia o poder
de punir do Estado não pode retroagir para antes de sua entrada em vigor, porque o cidadão
ao tempo da conduta possuía o Direito Adquirido a Liberdade praticando aquele ato que
somente depois passou a ser previsto como crime.
É instrumental, ritualística, não pune ou restringe a liberdade de alguém. Mas ela pode
dificultar a vida do cidadão, quando ela restringe o Direito de Defesa, diminuindo um prazo,
extinguindo um recurso, dificultando a atividade probatória, criando exigências burocráticas
para o Habeas corpus, entre outras, mas como podemos perceber nenhuma delas reflete
diretamente no Direito de Liberdade do Réu.
Entre outras características, toda Norma Processual Penal está vinculada a Jurisdição,
adstrita à atividade jurisdicional. A Norma Processual define o espaço de poder que o Juiz
possui dentro do processo. Aliás, todo poder do Juiz decorre do Processo e, portanto, se não
existir base processual, o exercício do poder será abusivo.
Não se pode fazer retroagir uma Norma Processual Penal no tempo, seja para piorar
ou melhorar a situação do réu. Não existe direito adquirido processual. A Lei pode, por
exemplo, restringir recursos, diminuindo a amplitude de defesa. Decorre disso o seguinte
princípio:
Formaliza o Direito Processual. É a União que produz o Direito Processual, por meio de
seu órgão legislativo que é o Congresso Nacional (Art. 22, I, CF). Todo o Direito Processual é
uno no território nacional (penal, civil, trabalhista), visando não ocorrer fragmentação
federativa.
Utilizada para conhecer o Direito Processual, para obter a norma processual. A fonte
material ou de cognição, portanto, é a própria Lei Processual Penal, contida no Código de
Processo Penal.
Quando a Lei for interpretada, não poderá criar uma nova Lei, pois caso contrário
violaríamos o princípio da legalidade. É possível, no entanto, extrairmos a norma e sua
abrangência.
Quanto ao Sujeito:
O próprio legislador interpreta a Lei. Pode acontecer do legislador criar uma Lei
interpretativa de modo a explicar uma Lei “mal feita”.
Quando a Lei interpretativa não modifica o âmbito de Direito da Lei interpretada, não
há conflito, no entanto, quando a Lei interpretativa muda o âmbito de direito da Lei
interpretada, ou seja, modifica o poder de punir do Estado, esta última possui efeito de Lei
posterior, promovendo modificação no ordenamento jurídico, promovendo a derrogação ou
ab-rogação da Lei anterior. Nos casos em que a Lei interpretativa torna-se mais gravosa, não
poderá retroagir à época da Lei interpretada, de modo que não se crie conflito intertemporal
de Leis.
o Interpretação Doutrinária
Realizada por estudiosos do Direito com rigor cientifico. É a mais abrangente das
interpretações. Ela não vincula, mas influencia o Direito.
o Interpretação Judicial
Deriva de toda e qualquer decisão judicial. Sempre que um Juiz decide alguma
questão, aplica o direito, exerce a jurisdição, faz-se a interpretação judicial, ainda que sucinta.
Essa interpretação pode evoluir para jurisprudência, quando ela se torna repetitiva e
padronizada para casos semelhantes. Em regra, jurisprudência não vincula os magistrados,
mas também os influencia, podendo ser utilizada como elemento argumentativo.
No entanto, quando o STF edita uma Súmula Vinculante ela torna-se norma de Direito
que não habita a Lei e deve ser seguida pelos Magistrados e pela Administração Pública,
cabendo reclamação, caso alguém tome atitude contrária. As Súmulas Vinculantes estão
sujeitas ao controle formal e material de constitucionalidade.
Quanto ao Método
o Interpretação Gramatical
o Interpretação Histórica
Busca a finalidade da norma, ou seja, para que ela serve; o que se propõe a fazer ou
regrar. Possui alto valor científico.
o Interpretação Sistemática
Quanto ao Resultado
o Interpretação Restritiva
Quando o interprete restringe o âmbito da aplicação da norma, pois a Lei “disse mais
do que queria”.
o Interpretação Declaratória
Quando há exata simetria entre a Lei e a Norma, ou seja, a Norma está na medida da
Lei. Não há necessidade de se modificar o âmbito de incidência.
o Interpretação Extensiva
Ocorre quando a Lei “disse menos do que queria”, dessa forma, o interprete precisa
estender o âmbito de aplicação da norma. Mesmo as normas penais que instituem poder de
punir admitem a interpretação extensiva. Por exemplo, no estatuto do desarmamento trata
como crime portar arma, munição ou acessórios, sendo necessário uma interpretação
extensiva com relação ao que são acessórios (torna a arma mais letal ou facilita seu uso).
No entanto, a interpretação analógica não pode se confundir com a analogia, que não
é interpretação, mas sim uma técnica de supressão de lacuna normativa. Neste caso, a norma
não existe sendo necessário “pegar emprestada” outra norma para regular naquela lacuna. Em
se tratando de Direito Penal a analogia in malam partem é proibida, pois seria uma forma de
burlar o princípio da legalidade.
10/02/2015
PÓS POSITIVISMO
Hoje vivemos uma fase chamada pós positivista do direito, alguns denominam de
direito contemporâneo outros utilizam uma expressão muito criticada chamada neo-
constitucionalismo e neste aspecto viver no pós positivismo significa dizer que os operadores
do direito, sobretudo os Juízes estão superando a visão legalista, a Lei não é mais o único
caminho para se declarar direitos.
Isso ocorre porque estamos diante de uma crise de confiança na Lei, sobretudo
porque estamos diante de outro problema que é uma crise de confiança moral e ética no
Parlamento. A sociedade já não mais confia no Parlamento, não só no Brasil, mas no mundo
todo, as pessoas desconfiam da efetividade da Lei como principal instrumento de concretizar
direitos, justamente porque não se sabe como elas são aprovadas.
legitimidade, por isso quando a Lei “não pega” significa que a sociedade não a reconhece
como boa, não confia naquilo que ela manifesta.
Norma Princípio
Servem para originar as demais normas, inspiram sua criação, propiciam uma melhor
interpretação para as demais normas, servem de fundamento de validade e existência de
outras normas.
Norma princípio é flexível, ou seja, elas se misturam umas nas outras, justamente por
expressarem valores.
Alguns defendem que a norma princípio é norma rarefeita, porque possui baixa
densidade normativa (devido o caráter flexível) e alta carga valorativa. O resultado prático
disso é que quando duas normas flexíveis entram em colisão haverá a interferência de uma
na outra.
Quando falamos em norma princípio não podemos estabelecer uma opinião pré-
definida acerca de uma norma ser mais importante que outra, pois sempre devemos levar em
conta o caso em concreto.
Norma Regra
A norma regra quando entra em contradição com outra norma regra ocorre o
fenômeno denominado de antinomia, no qual somente uma sobrevive. Em outras palavras, a
que for mais adequada ao caso prepondera e a outra é aniquilada. Para avaliarmos a norma
mais adequada utilizamos os três critérios de solução de antinomia: Hierarquia, Especialidade
e Cronologia.
Não há ponderação, não há mistura. O Art. 121, CP, por exemplo, só é aplicado
quando um sujeito mata o outro, não há como avaliarmos o valor da vida. Ela é prática. É tudo
ou nada, não é possível sinalizarmos.
Todos que são processados no Brasil possuem direito de defesa, sendo esta uma
norma princípio, agora quando a norma estabelece 10 dias para se defender estamos diante
de uma norma regra. (Sugestão de Leitura: Teoria dos Direitos Fundamentais – Robert Alexy; e
Pós Positivismo no Sistema da Civil Law - Ronald Dworking).
O Devido Processo Legal é o que tem de melhor o Direito Processual, tendo sido criado
em 1215 na Magna Carta juntamente com o Principio da Legalidade (Máxima do direito
Material). O Devido Processo Legal, nada mais é que a legalidade no processo. Na Magna
Carta, possuía a intenção de limitar o poder do Estado.
Devemos observar no Processo não somente os atos previstos em Lei, mas muito além
deles, o Processo não deve ser somente licito, mas precisa ser justo, não deve simplesmente
seguir a Lei, mas concretizar a Justiça.
O Devido Processo não é exclusividade do Judiciário, pois se lermos o Art. 5°, LIV, CF
perceberemos que ele normatiza que o Estado só restringira a liberdade e tirará os bens após
o Devido Processo Legal, dessa forma, ele se irradia como Postulado Normativo, perante os
três poderes, refletindo no ato de legislar, julgar e de administrar e aplicar a Lei.
Imagine que os parlamentares se reúnam e decidam editar uma Lei disciplinando que
o crime de corrupção passa a ser de menor potencial ofensivo (norma penal mais branda,
portanto retroagiria), certamente violaria o Devido Processo Substancial, pois estaríamos
dando uma resposta desproporcional à gravidade do ato.
Sendo assim, se criarmos uma Lei que tira o poder do Juiz, violaria pela infra proteção,
por outro lado, se uma Lei concedesse poderes ao delegado para invadir domicílios a qualquer
horário sob qualquer pretexto, violaria pelo excesso. Podemos exemplificar também no caso
de um Juiz condenar alguém por furtar um pacote de bolacha à 15 anos de reclusão, ele não só
violaria o sistema trifásico de modulação da pena como também violaria o Devido Processo
Substancial no que tange a vedação ao excesso.
Não apenas os Juízes restringem Direitos Fundamentais no Brasil, visto que, quando
um simples guarda de transito nos multa por uma infração qualquer, por exemplo, também
estará restringindo direito fundamental.
Em resumo o Devido Processo Formal nada mais é que os atos processuais previstos
em Lei que sempre existiram e sempre foram discutidos, no entanto, considerar apenas eles
seria pararmos na fase de positivismo.
JUIZ NATURAL
Não basta fazer o Processo de acordo com a Lei. O julgador também precisa ter
autoridade conforme prevê a Lei. Ou seja, para que um Juiz possa julgar em um Processo a Lei
precisa lhe dar competência. A Lei estabelece os limites do poder do Juiz e normatiza o que ele
pode ou não julgar, ou seja, o poder é pré-delimitado pela Lei. Isso nada mais é que principio
do Juiz Natural ou Legal.
Em resumo, Juiz Natural é o competente para julgar o caso, porque a Lei lhe concedeu
poder para aquele caso. A mesma lógica se aplica para o promotor natural.
PROMOTOR NATURAL
Aquele que a Lei lhe concedeu o poder para acusar pela pratica daquele crime.
Se um Ministro do Supremo julgar uma ação de divorcio a decisão é nula, pois eles não
possuem competência para isso. Cada Juiz decide determinadas causas e cada promotor acusa
determinados crimes, caso qualquer um deles extrapole suas funções, a sua atuação no
processo é nula.
Isso é necessário para não ocorrer invasão, usurpação de poderes entre uma
autoridade ou outra.
Agora esses princípios não podem ser confundidos com o da Vedação aos Tribunais de
Exceção, que passamos a explicar abaixo.
Nada mais é que a vedação aos Tribunais Ex Pos Factum, criados após o fato, Tribunais
de Encomenda, Tribunais com Julgamento Vinculado ou Pré-estabelecidos. Não se trata de
Tribunais de Justiça, mas sim Tribunais Políticos. Aqui o problema é intertemporal trazendo a
Politização da Jurisdição.
11/02/2015
Dessa forma, a regra é que se de publicidade dos atos processuais. O processo é inteiro
público, mas o que se publica é a sucessão de atos.
O processo é público, porque o Juiz precisa dar conhecimento e prestar contas dos
seus atos e decisões para as partes e para a sociedade. O Juiz quando conduz um processo não
pode ter nada a esconder e deve prestar conta do Poder que não é dele, mas sim do povo e ele
exerce em nome do povo, o Poder Jurisdicional.
A publicidade também é fundamental para que as partes possam reagir aos atos e
decisões constantes no processo. Quando se da publicidade para um ato ou decisão a parte
toma conhecimento e tem oportunidade de reagir aquele ato. A publicidade libera a eficácia
dos atos e decisões em relação as partes, para que elas acolham ou recorram da decisão.
Ela é, no entanto, uma regra que comporta exceções nos casos de sigilo ou segredo de
justiça, utilizados para resguardar a intimidade do cidadão (ocorre mais em processo civil) ou
atender o interesse público do processo, pois às vezes o sigilo é fundamental para o
esclarecimento de crimes.
Para nós, portanto, o que interessa é o sigilo para atender o interesse público do
processo. Dessa forma, temos duas normas principio em colisão: publicidade e sigilo.
É claro que o sigilo também não é tão amplo, sendo regrado. Pra nós o que vai
interessar são dois tipos de sigilo: Da Investigação e Dos Documentos ou Peças
Investigatórias.
O Sigilo da Investigação é o mais intenso que existe. Este sigilo se manifesta para os
cidadãos inclusive os advogados, abrangendo a todos que não sejam dos Órgãos Persecutórios,
não sendo oponível apenas ao Promotor, Juiz e ao Delegado. A investigação não fica
registrada em bancos de dados públicos, não há como alguém saber que ela existe, em outras
palavras, esse sigilo não tem como ser relativizado. Geralmente esse sigilo cessa em um dia
muito desagradável, quando é deflagrada a prisão dos envolvidos na investigação.
Quando o Juiz motiva sua decisão, ele presta esclarecimentos, explicações as partes e
a sociedade de um Poder que, como vimos, não é dele, mas que ele o exerce. Poderoso é o
Estado, o Juiz é o depositário do Poder, o detentor momentâneo do Poder e precisa expor
porque decidiu daquela maneira.
Com isso as partes podem se resignar da decisão, em outras palavras, aquele que
“tomou ferro” possui o direito de saber o porquê recebeu aquela punição.
Decisão sem motivação é considerada nula, porque não possui conteúdo jurídico.
Uma decisão sem motivação é inexpressiva do ponto de vista jurídico.
Uma decisão sem motivação não pode ser reformada em um Tribunal, dessa forma, o
que se faz é anula-la e manda-la de volta para o Juiz prolate outra decisão, ou seja, para que
ele reavalie o mérito. Se o Tribunal decidir no buraco deixado pelo Juiz, ele suprime o direito
ao duplo grau de Jurisdição, pois ele decide como primeira instância.
CONTRADITÓRIO
Ele promove o equilíbrio entre as partes, pois fala uma parte, depois fala a outra,
argumenta uma parte, depois argumenta a outra e assim por diante.
AMPLA DEFESA
Com relação a Autodefesa, ele na verdade é um direito fundamental que todo cidadão
possui de opor resistência passiva ao Estado, no sentido de não se auto incriminar. Ninguém
é obrigado a produzir provas contra si mesmo, ninguém é obrigado a colaborar com o Estado
persecutório. Não é obrigado a falar, nem a dialogar e nem a dar bom dia à autoridade, o
individuo pode ficar em silencio e inclusive mentir, sendo essa uma resistência passiva.
A resistência ativa é crime, mas a passiva não, visto que, o indivíduo não pode ser
obrigado a colaborar com o Estado quando seu intuito é puni-lo.
O réu ou investigado que mente para a autoridade não comete crime, mesmo que
mentir para um Juiz. As testemunhas, no entanto, possuem compromisso com a verdade e se
mentirem sai presos. Já o réu não é preso, pois não temos no Brasil o crime chamado perjúrio
que é mentir na condição de réu.
A Defesa Técnica, por sua vez, é indisponível, sendo condição de validade do processo
penal. Aqui não existe querer ou não querer, pois sempre existirá defesa técnica. O direito de
defesa deve ser sempre exercido no curso da ação penal por advogado inscrito nos quadros da
OAB, mesmo que contra vontade do réu. A Defesa Técnica é exigência para se cumprir o
Devido Processo Formal, mas nem sempre abarca o Devido Processo Substancial.
PLENITUDE DE DEFESA
Existe plenitude de defesa no Júri. Aqui há mais direitos resguardados que na Ampla
Defesa, ou seja, a Plenitude de Defesa possui tudo que a Ampla Defesa possui e mais um
pouco.
A Plenitude de Defesa prima pela Defesa Efetiva, ou seja, uma defesa de qualidade
técnica, que gere aptidão para absolver.
A Vedação da Prova Ilícita é nada mais nada menos do que o Principio da Legalidade
no Processo Penal, é a consagração do Estado de Direito. Se o processo se propõe a punir uma
ilegalidade, por questão de coerência lógica ele precisa se pautar pela Lei e deve fazer isso com
preservação de direitos fundamentais.
Não podemos querer provar um crime praticando outro, não podemos em hipótese
alguma pegar o produto de um crime e utiliza-lo em outro crime. O Estado não pode torturar
alguém para obter um depoimento para condenar outro. A ilegalidade vicia o processo e o
inutiliza. Desta forma, esta ilegalidade a qual nos referimos, pode gerar duas provas ilícitas:
Prova originariamente ilícita ou Prova ilícita por derivação.
Por exemplo, o indivíduo é torturado e o delegado descobre onde fica a boca de fumo,
o Juiz determina a busca e apreensão, encontra-se um pó branco cuja pericia comprova ser
cocaína, neste caso a prova pericial é prova ilícita por derivação, porque a boca de fumo foi
obtida pela prática de tortura.
Agora não podemos levar essa regra a “ferro e fogo”, por isso aplicamos uma Teoria
denominada de Fonte Independente da Prova, ou seja, quando temos uma fonte livre da
ilegalidade independente da prova ilícita, a prova volta a ser considerada lícita. Dessa forma,
por essa teoria há uma ruptura, uma quebra do nexo causal que obsta a propagação do ilícito.
Voltando ao nosso exemplo, houve a tortura, mas o Ministério Público também estava
investigando e tinha obtido a informação sobre a boca de fumo por outra fonte independente,
neste caso, aquela pericia que inicialmente se mostrava ilícita volta a ser lícita porque deriva
de outra fonte lícita.
24/02/2015
IGUALDADE PROCESSUAL
Essa igualdade deve ser substancial, o que significa tratar desigualmente as partes na
medida de suas desigualdades para obter um tratamento efetivamente paritário.
instituições muito poderosas que é o Ministério Público e a Polícia Judiciária, portanto, é justo
que ele possua algumas vantagens processuais. Seguindo nessa mesma linha é por isso que o
réu obrigatoriamente deverá ter uma defesa técnica, quer ele queira, quer não, quer ele tenha
condições financeiras, quer não.
LEGALIDADE ESTRITA DAS PRISÕES PROCESSUAIS (Art. 5°, LXI a LXVI, CF)
Aqui temos um único princípio esparso em seis incisos do Art. 5°, CF, ou seja, este
princípio representa a junção de todas as normas constantes do inciso LXI ao LXVI. Dessa
forma, estes incisos contem regras que limitam ou condicionam o exercício do Poder Prisional
do Estado.
Sendo assim, não se pode simplesmente chegar e prender alguém como ocorria na
época da ditadura militar, ao passo que os direitos previstos não podem nem ser suprimidos
por Lei, visto que, eles delimitam um campo mínimo de proteção ao Direito de Liberdade de ir
e vir.
É importante deixarmos claro que estas regras não se aplicam as prisões pena ou
prisões sanção, pois estas decorrem do Direito Penal, após proferida uma condenação em
definitivo pautadas em um juízo de culpabilidade.
Art. 5°, LXI, CF – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente,
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar,
definidos em lei;
Atualmente no Brasil alguém só pode ser preso de duas formas: Flagrante delito ou
por Ordem Judicial. Dessa forma, ninguém pode ser preso por ordem de um delegado ou
promotor, a única autoridade que determina que se prenda alguém é o Juiz, salvo a prisão em
flagrante que não depende de ordem judicial, sendo dependente somente da prática do crime.
Sempre que existir uma falha formal no auto de prisão em flagrante o Juiz deve
reconhecer de ofício o relaxamento da prisão, isso porque, uma falha na estrutura formal do
auto de prisão acaba por desconstituir o Título (problema documental) e ele (Título) não
produz eficácia jurídica para manter alguém preso.
É um vício grave quando o Delegado não emite a Nota de Culpa, que funciona como
um recibo do preso. Na nota de culpa ira constar os responsáveis por sua prisão, quem o
interrogou além de outros elementos como o motivo da prisão. Isso tudo é fundamental para
que posteriormente possamos apurar responsabilidades.
A Nota de Culpa serve também para evitar que o indivíduo suma aos cuidados do
Estado, o mais interessante, no entanto, é que a Nota de Culpa é fornecida ao próprio preso e
enquanto o advogado ou familiares não chegam ele fica com o papel na cela.
A fiança nada mais é do que a substituição da prisão pelo dinheiro, para tal, o réu
deposita em juízo o valor da fiança e pode responder ao processo em liberdade, se por acaso
ele vier a ser declarado inocente, o valor da fiança pode ser resgatado.
O indivíduo preso possui direito a manter contato com a família ou pessoa por ele
indicada e tem direito também a auxílio jurídico que vai exatamente analisar a legalidade da
prisão formular pedidos para assegurar a liberdade do indivíduo.
Aqui é importante falarmos que na prática o Habeas Corpus cabe para tudo, ou seja,
para pedir o relaxamento da prisão, a concessão de liberdade provisória, etc., mas para a
banca da OAB o Habeas Corpus só é cabível quando não couber o pedido de relaxamento ou
liberdade provisória.
O Juiz pode conceder de oficio tanto Habeas Corpus, o relaxamento de prisão, como a
liberdade provisória, no entanto, nada impede que os advogados os requeiram.
Este princípio constitucional disciplina que ninguém pode ser declarado culpado sem
uma decisão judicial com transito em julgado em definitivo. Isso significa que enquanto o
indivíduo é réu ou investigado ele goza de uma presunção de inocência. Na prática isso
significa que a presunção de inocência precisa ser vencida pela acusação, mas para sermos
mais claro, a presunção de inocência gera o fenômeno de inversão do ônus da prova, ou seja,
o ônus de provar a culpa é da acusação. Quem precisa criar o certificado de certeza do crime e
de certeza da culpa na consciência do Juiz é o Promotor através de provas e alegações
postuladas em juízo. Tanto é tarefa do Ministério Público que se ele não fizer muito bem esse
papel o réu é absolvido por insuficiência de provas.
Coloca o Juiz de primeira instância atento aos seus próprios julgamentos, porque ele
sabe que suas decisões podem ser revistas e controladas, dessa forma, ele tenta a todo tempo
dar uma decisão boa e de qualidade, visto que ele não deseja ser censurado pelo Tribunal.
Permite uma reanálise do julgamento por Juízes mais experientes, que possuem
maiores vivencia e melhor que isso, a reanálise é feita por um grupo de Juízes (Três
desembargadores compondo uma Turma ou Cinco compondo uma Câmara), proporcionando
uma decisão mais democrática.
Ele ainda prolonga a vida do processo abrindo uma nova fase chamada de fase
recursal e com isso permite o amadurecimento do debate contraditório, para que o
julgamento venha com maior segurança jurídica e com menor chance de erro.
É importante ressaltarmos que para existir o Duplo Grau é necessário que tenhamos
duas decisões em um mesmo processo, dessa forma, embora o Habeas Corpus seja impetrado
no Tribunal ele não decorre do Duplo Grau, sendo uma ação autônoma de impugnação.
Sabendo disso, para respeitarmos o Duplo Grau, temos que ter no mínimo duas
decisões de mérito devidamente motivadas e fundamentadas, em outras palavras, o duplo
grau não se esgota em duas decisões apenas, mas sim em duas decisões de mérito sendo uma
em primeira instância e outra em segunda instância.
Dessa forma, se por alguma falha formal a decisão de primeiro grau for anulada, no
caso do Tribunal decidir aquilo que a primeira instância não decidiu não há respeito ao Duplo
Grau, pois a decisão em segundo grau deve se pautar em manter ou reformar a decisão em
primeira instancia. Lembrando que uma decisão de mérito é aquela que soluciona o conflito e
dá destinação ao Direito Material discutido conforme o fato.
O Foro por Prerrogativa de Função não possui o Duplo Grau, mas o julgamento é
realizado por um colegiado além de possuir vários instrumentos próprios como os embargos
de declarações e de instrumentos, dessa forma, não há como afirmar que não existe reanálise
da decisão, mas apenas que não há uma mudança de Tribunal. Sendo assim, o Duplo Grau não
se justifica àqueles que possuem Foro por Prerrogativa de Função devido o julgamento ser
altamente elitizado com o que temos de melhor na Justiça.
25/02/2015
PRINCÍPIOS INFRACONSTITUCIONAIS
Esse princípio nos propõe que os Órgãos Persecutórios sejam instituídos por Lei e
pautados (disciplinados) pela Lei. Ele impõe um dever legal ao Delegado e ao Promotor para
desempenhar suas funções principais, típicas, quais sejam investigar e acusar
respectivamente.
Dessa forma, o Delegado deve investigar e o Promotor deve acusar porque a Lei
manda, não importando suas respectivas autonomias de vontade, pois estas funções são
primordiais, típicas, inerentes do cargo que ocupam e, portanto, devem ser executadas.
Não há espaço para que o Delegado ou Promotor avaliem se devem ou não investigar
ou acusar, por uma razão muito simples o Poder de Punir do Estado é indisponível, ou seja,
não está sujeito a voluntarismos ou critérios políticos, justificando a rigidez legal que não cede
espaço para arbítrio. Em outras palavras, o interesse de punir e fazer justiça, não pertence ao
Promotor, Delegado e nem mesmo ao Estado, pertence à Sociedade que se faz representar
pelas Leis, sendo assim, cumpra-se as Leis.
cometendo ilícito algum, caso contrário poderíamos estar diante de um ato ilegal. Em resumo,
motivando o agente justifica o ato, mas vale ressalvar que para não cumprir uma função típica,
a fundamentação deve ser técnica baseada em conhecimento jurídico e que afaste a
obrigatoriedade, não podendo ser uma argumentação baseada em aspectos políticos ou
subjetivos.
Se o Promotor acusar, mas também não argumentar bem, dando a impressão de que
ele não queria estar naquele caso, o Juiz pode discordar da forma de acusação do Promotor e
relatar o fato ao Procurador Geral. Este ato não viola a inércia do Judiciário, pois o Juiz cumpre
uma obrigação administrativa no processo, realizando o controle da legalidade a todo
instante, dessa forma, ele pode entender que sobre o prisma da Obrigatoriedade o Promotor
não esta cumprindo com o seu dever e relatar os fatos para que o Procurador Geral avalie e
tome as providências que achar cabível.
O Promotor, diante das provas que lhe são apresentadas, pode pedir para absolver o
réu e isso não pode ser interpretado como uma desistência da ação, visto que, o seu pedido é
dependente da continuidade da ação, dessa forma, não fere o Princípio da Indisponibilidade da
Ação Penal. Tanto que o Juiz pode condenar o réu, mesmo com o Promotor pedindo para
absolvê-lo. E nestas situações, é cabível inclusive que o Promotor impetre Habeas Corpus para
beneficiar o próprio réu que ocupou o polo passivo da ação que ele representou o que nos leva
a concluir que a indisponibilidade aplica-se apenas a Ação, mas não ao mérito.
Oficialidade
onde a concorrência de mercado gera eficiência, ao passo que se um escritório não estiver
desempenhando bem seu papel o Estado rescindi o contrato e contrata com outro.
Oficiosidade
Significa que a Persecução Penal é uma tarefa desempenhada de ofício, o que significa
dizer que não depende de provocação de terceiros.
Este fato advém do próprio Direito Penal (Art. 29, CP) que adotou, como regra, em
nosso sistema a Teoria Monista, onde o crime é visto como um fenômeno uno que vincula as
pessoas, sendo assim, a Intranscendência da Persecução Penal vincula apenas as pessoas que
participaram no crime e por estarem vinculados a um só fato, todos responderão juntos no
mesmo processo, podendo cada uma receber uma pena diferenciada conforme sua
culpabilidade.
A inércia ocorre somente pré processual e ela existe para preservar a imparcialidade
dos julgamentos, em outras palavras, para que os julgamentos possam ser prolatados de
forma imparcial. Se o Juiz romper com a inércia por mera liberalidade a tendência é que ele
julgue em favor daquela determinada parte.
O que rompe a inércia do Juiz é o exercício do direito de ação. Dessa forma, o papel
da Ação é ativar o Judiciário e uma vez ativado se desenvolve por Impulso Oficial, ou seja, ele
se dinamiza por meio dos atos praticados ao longo do processo.
Voltando ao princípio, quando o réu viola a boa fé objetiva ele sofre o peso da
Persecução, em outras palavras, se ele atrapalhar na investigação, sumir com uma prova,
ameaçar testemunhas, certamente será preso. Mas, em contrapartida o réu também não
precisa ser tão colaborativo ao ponto de se auto criminar, sendo assim, o Principio da Boa Fé
Objetiva Processual não possui o condão de passar por cima do Principio da Ampla Defesa,
onde o sujeito possui a prerrogativa de se autodefender não fazendo provas contra si
mesmo.
Se todos estão atrelados ao crime todos devem ser investigados no inquérito e/ou
acusados. Isso se fundamenta no próprio Princípio da Isonomia, dessa forma, não é permitido
distribuir e escolher quem será investigado e/ou processado.
Nesse sentido, se duas pessoas praticam o crime de dano contra um veículo, cuja ação
penal é privada, a vítima do crime não pode apresentar queixa crime apenas contra um dos
autores, devendo ou apresentar contra ambos ou contra nenhum.
Com isso percebemos que o Princípio da Indivisibilidade possui eficácia sobre três
aspectos da Persecução: na Investigação; na Representação para Investigação; e no Ingresso
da Ação Penal.
03/03/2015
Estes sistemas condicionam o Processo, não a investigação. Aqui não nos referimos ao
Sistema Persecutório, mas apenas ao Sistema Processual. O Sistema Persecutório é mais amplo
que o Sistema Processual, abrangendo a Fase de Investigação e a Ação Penal.
Sistema Inquisitivo
Este Sistema é próprio de Estados Autoritários em que o Processo Penal não serve
para preservar direitos processuais. O Sistema Inquisitivo não contempla Instrumentos
Processuais, mas sim o puro exercício do poder e dominação política, ao passo que ele não
contempla a ampla defesa, o contraditório, o devido processo e admite prova ilícita, alias mais
que prova ilícita ele admite a tortura, pois legitima tal prática para obtenção de informações.
O Sistema não exige que as decisões sejam motivadas, o Juiz Inquisitor ao decidir não
diz o porquê esta decidindo daquela forma, dessa forma, não há mecanismos de controle das
decisões, não contempla Habeas Corpus, não há publicidade, sendo o puro exercício do poder
sem limites, um sistema irracional, sem qualquer base científica ou filosófica.
Isso ocorre porque não há divisão de poderes entre Órgãos Persecutórios, ou seja,
tudo se concentra em uma só autoridade ou um só Órgão, em outras palavras as quatro
funções persecutórias (Investigar, Acusar, Defender e Julgar) são concentradas na figura da
autoridade inquisitiva. Sendo assim, não há dialética aristotélica, não há divisão de tarefas, não
há discussão de teses, por uma questão estrutural fundada em um sistema irracional. Este
Sistema foi muito usado na idade média, onde a igreja era o Estado e existia o Tribunal da
“Santa Inquisição”, no entanto, não precisamos ir muito longe, recentemente durante o
Regime Militar no Brasil nós vivemos o Sistema Inquisitivo.
Sistema Acusatório
Dessa forma, criam-se os Órgãos de Polícia para investigar, o Ministério Público para
acusar, o Juiz para julgar e o Advogado para defender que possuem a função de controlar uns
aos outros.
Isso não significa que o Sistema seja imune a falhas, por exemplo, a “farra do
cafezinho”, onde o Juiz toma café com o Promotor e as vezes até convida o Delegado se ali eles
debaterem sobre um processo qualquer, vai contra os Princípios básicos do Sistema Acusatório
acabando com a separação de funções colocando todos aparelhados pela força dominante
(partido do governo). No caso do Advogado embarcar nessa também, teríamos um modelo
inquisitivo de processo, onde os sujeitos (Órgãos) envolvidos estariam em conluio para
absolver ou condenar o réu de forma arbitrária. Dessa forma, esta situação é um atentado
contra o dinamismo democrático das instituições, que precisam estar aparelhadas e serem
independentes para exercerem suas funções sem influência.
Sistema Misto
No Sistema Misto o Processo Penal possui duas fases, uma fase inquisitiva de
obtenção das provas sem contraditório, tendo a presença de um Juiz instrutor. E
sequencialmente uma fase em que a prova é debatida em contraditório com o Juiz julgador.
Nesse sentido, teremos um Juiz que colhe a prova na investigação e o Juiz que julga com base
na prova colhida em contraditório.
No Brasil tentou-se fazer algo parecido, mas por enquanto não foi efetivamente
implantado. Aqui denominados o Juiz que acompanha o inquérito como sendo o Juiz das
Garantias. Este Juiz não possui competência para julgar a causa, justamente por ficar muito
próximo do Delegado e do Promotor quebrando sua imparcialidade. Dessa forma, o Juiz que
acompanha o inquérito permanece somente até a sua conclusão, evitando o que a doutrina
chama de Quadro Mental Paranoico do Juiz, caso em que o Juiz cria a concepção mental da
culpa e busca provas e elementos para ratificar essa pré-concepção.
Atividade Investigatória
Mas se pararmos para pensar é comum que outras entidades, como a imprensa,
também agrupem informações, no entanto estas informações não se caracterizam por ser de
conteúdo investigatório. Nesse sentido, o fator determinante para que uma informação seja
de conteúdo investigatório é que ela seja obtida através da Atividade Investigatória, ou seja, à
atividade desempenhada por um Órgão de Persecução Penal que possui a função, pautada por
Lei, de colher informações restringindo Direitos Fundamentais.
As vezes restringe-se Direitos Fundamentais de pessoas que nada tem a ver com o
crime, como, por exemplo, o do indivíduo que é intimado a comparecer na delegacia para
responder o que sabe sobre um determinado crime. O Estado possui esse poder investigatório
de entrar na vida das pessoas, restringir direitos individuais, para atender um interesse maior
que é o de coibir crimes. A obtenção da informação é vinculada ao proposito punitivo.
Esse Poder não pertence a nenhuma autoridade, sendo somente exercido por elas e
por se tratar de uma atividade republicana, o agente investigador precisa prestar contas do
que faz para a sociedade, em outras palavras, não se pode investigar com base em
subjetivismos ou interesses pessoais.
INSTRUMENTOS INVESTIGATÓRIOS
Inquérito Policial
O panorama geral dos dois modelos de Polícia que temos no Brasil pode ser extraído
do Art. 144, CF, pois ele delimita todo o Poder Investigatório e Policial no Brasil, ou seja, ele diz
o que a Polícia pode ou não fazer. Este artigo ainda institui as policias e as organiza, sendo,
portanto, uma norma orgânica.
Policia Militar Estadual de maneira genérica e a Policia Rodoviária Federal que cumpre o
papel de Polícia Preventiva nas rodovias.
É uma Polícia exibida, militarizada, pois possui a intenção de ser ostensiva. Precisa ter
símbolos, fardas, luzes, barulho, ela precisa aparecer porque a ostensividade intimida a prática
de crimes.
A Polícia Preventiva atua com base na Força Pública e em situações de urgência, por
isso não é uma Polícia que depende de autorização judicial para agir, agindo com autoridade
pública, sendo, portanto, autoexecutória, ou seja, ela exerce sua força e depois que se
controla a legalidade do ato.
Ela existe para resguardar situações de desordem e caos, recompondo a ordem, sendo
necessário, as vezes, causar um pouco de dor, pois a dor é o sentimento mais egoísta que
existe, ao passo que o sujeito quando esta sentindo dor não se preocupa com mais nada além
de sua própria dor.
04/03/2015
Ela possui uma relação positiva com o crime, no sentido de que ela só atua quando o
crime acontece. Ela depende do crime para atuar. Ela desenvolve sua atividade investigatória
depois que o crime ocorre, então ela serve para encontrar provas do crime e reprimi-lo.
Ela é representada pelas Policias Civis dos Estados e pela Polícia Federal. É
denominada Polícia Judiciária porque esta estruturalmente vinculada ao Poder Judiciário,
visto que, os inquéritos e investigações sempre tramitam em varas criminais. A todo tempo o
inquérito vai da Delegacia para o Fórum, nem que seja para o Juiz apenas observar o que esta
acontecendo, para que ele avalie a Legalidade da Investigação, sendo também a forma para
que o Ministério Público tome conhecimento da investigação.
Sendo assim a autoridade policial apenas representa para a prisão, pois quem manda
ou não prender é o Juiz, que, portanto, assume a responsabilidade pelo mandado. Em outras
palavras, a autoridade policial apenas representa pelo fato, ou seja, demonstra os fatos para o
Juiz deixando ao seu critério os efeitos pelo ato.
Dessa forma, o Secretário de Segurança Pública chefia ambas as policias estando este
subordinado ao Governador o que acaba condicionando a Polícia a uma politização de suas
funções, em outras palavras, a Polícia torna-se suscetível à interferência política. Por isso não é
fácil investigar pessoas do alto escalão dentro do Estado, visto que, o executivo facilmente
pode cortar parte do orçamento daquele Órgão, sendo assim, acabamos por não ter
independência, podendo deturpar a realidade dos fatos.
Sendo assim, a Delegacia de Polícia é um Órgão, não uma pessoa, na pratica isso
significa que a Delegacia de Polícia não pode figurar como parte em um Processo, sendo
necessário nestas situações processar o próprio Estado.
Todas as atividades exercidas pelo Poder Executivo, segue a lógica do Pacto Federativo
além da Lei 10.446/02, que é uma Lei pequena contendo apenas dois artigos, apelidada de
Lei da Força Tarefa ou Lei das Infrações Penais Interestaduais e Internacionais, que criou a
possibilidade de uma interferência da Policia Judiciaria da União (Polícia Federal) junto às
Polícias Preventiva e Judiciária dos Estados. Sendo necessário para tal, autorização do Ministro
da Justiça, sendo assim deve ser precedida por um pedido.
Dessa forma, é possível a intervenção da Policia Federal nas investigações nos crimes
de: Sequestro, Cárcere Privado, Extorsão mediante Sequestro, com motivação política, quando
a vítima for uma autoridade (podendo ser do Estado ou da União, sendo mais comum ser
autoridade do Estado). Ex. PCC sequestrar um Juiz; Formação de cartel, caracterizando crime
contra economia popular Ex. Combinação de preços nos postos de combustíveis de uma
determinada localidade; Crime que viole direitos humanos previstos em tratados
internacionais que o Brasil é signatário; Furto, Roubo e Receptação de cargas, transportadas
em operação interestadual ou internacional e Formação de Quadrilha ou Bando quando
atuarem em mais de um Estado da Federação; e Falsificação, corrupção, adulteração ou
alteração de produtos para fins terapêuticos e venda, depósito ou distribuição de produto
falsificado, corrompido, adulterado ou alterado.
Então, a Polícia Federal pode entrar na Jurisdição Estatual e atuar junto com a Polícia
Administrativa ou Judiciária porque existe Lei e nosso Federalismo é Cooperativo, o que
significa que as autoridades Estaduais e Federais podem conjugar esforços para preservar
valores. Essa regra veio para superar a ideia do Federalismo Dual ou Rígido que não permitia a
interferência de uma Polícia na outra.
Por isso é possível inclusive que a Força Tarefa Nacional ajude a Polícia Preventiva a
manter a ordem, como comumente vemos no Estado do Rio de Janeiro. É difícil, na atual
conjuntura, acontecer em São Paulo, por questões políticas existe uma dualidade São Paulo e
resto do Brasil.
Hoje temos a Federalização da Persecução Penal expressamente no Art. 109, §5°, CF,
incorporada pela EC 45 de 2004.
Ela se resume por ser uma Intervenção Federal Jurisdicional, ou seja, do Judiciário
Federal no Judiciário Estadual. Dessa forma, aqui relatizamos o Pacto Federativo no âmbito do
Poder Judiciário e transferimos a estrutura persecutória do Estado para a União.
Mas essa federalização não ocorre em abstrato, mas sim em determinados casos
concretos. Esse fenômeno não muda somente a figura do Juiz, mas toda estrutura
persecutória, sendo o STJ o responsável por decidir acerca da federalização.
Para isso, a partir da E.C. 45/04, foi criada uma ação constitucional chamada IDC –
Incidente de Deslocamento de Competência, que tramita no STJ – Superior Tribunal de Justiça
(Competência originária).
Fundamento
Possui como fundamento a punição de crimes que violam direitos humanos previstos
em Tratados Internacionais que o Brasil é signatário.
Dessa forma, o IDC existe para que a União consiga compelir o Estado membro a
cumprir o Tratado Internacional, visto que, se ele não cumprir com o seu dever a União
deslocará a competência.
Em ultima análise, isso serve para preservar a Soberania Estatal perante a comunidade
internacional, pois se o país não punir, quem assume a competência é o TPI, projetando sua
força dentro do Território Nacional, invadindo a soberania interna do país e isso é vexatório.
Segundo o Princípio da Complementariedade da Jurisdição Universal, a Jurisdição Universal é
subsidiária, complementar a jurisdição interna, ou seja, só é utilizada quando o Brasil não
cumpriu sua função.
Por conta disso a União busca fazer sua parte, para que não tenha sua soberania
invadida por uma decisão externa.
Por fim, vale salientar que países que permitem o Genocídio, Tortura e Escravidão não
necessitam se quer de Tratados assinados para a intervenção internacional, visto que estes são
crimes contra a humanidade.
Quem possui legitimidade ativa para propor o IDC é o PGR – Procurador Geral da
República no STJ.
Para propor o IDC se faz necessário uma investigação do MPF – Ministério Público
Federal para investigar duas coisas: se houve crime que violou direitos humanos e que a
Justiça Estadual é ineficiente. E uma vez havendo essas provas o PGR impetra a Ação contra o
Estado Membro que será representado pelo Procurador Geral do Estado.
Efeitos da Decisão
O efeito é ex nunc, ou seja, os atos praticados na Justiça Estadual são válidos porque
na época em que foram praticados ela era a Justiça competente. Nesse sentido, a
federalização poderá ocorrer desde o início (inquérito) como no final (fase recursal), pois não
existe preclusão.
O caso Dorothy Stang, foi a primeira situação em que a possibilidade do IDC ser julgado
procedente, culminou com o rompimento da inércia do Sistema Persecutório do Estado do
Pará, tendo, portando, um efeito político.
Princípios
10/03/2015
INQUÉRITO POLICIAL
Conceito
Histórico
Finalidades
A principal finalidade do Inquérito é ser instrumento para agrupar provas, ou seja, ele
estoca as provas, para que posteriormente seja possível ingressar com uma Ação Penal.
Ele serve para proteger a própria Persecução Penal o qual ele esta inserido, em outras
palavras, ele serve para investigar crimes, mas também investigar situações de risco que
podem ir contra o resultado da Persecução Penal. Nesse sentido, o Inquérito serve como base
para prender pessoas que estão interferindo no resultado do Processo Penal.
O Inquérito serve para controlar a legalidade dos atos praticados pela autoridade.
Nesse sentido, pela simples leitura do Inquérito conseguiremos identificar atos ilegais, em
outras palavras, é possível constatarmos ilegalidade pela própria análise dos autos onde
constam todos os atos da autoridade.
Por fim, o inquérito serve também, não só para comprovar a autoria e materialidade,
mas também para resguardar os direitos fundamentais daqueles que não estão envolvidos
no crime.
CARACTERÍSTICAS
1) Inquisitorial
O Inquérito não serve para imputar crime, mas sim para agrupar provas. O Delegado
não imputa crime, quem faz isso é o Promotor quando acusa. Dessa forma, a questão é
estrutural, não existe defesa porque ninguém acusa e também não se exerce o direito de
provar, porque não há contraditório da prova, daí vem a característica inquisitorial.
Nesse sentido, no inquérito a prova é colhida unilateralmente pelo Delegado, ele não
precisa de alguém para legitimar as informações que obtém e ninguém o confronta. Ele pode
praticar as diligencias que quiser (dentro dos limites legais) para agrupar provas, por isso ele
pode inquerir o investigado da forma como ele quiser, mesmo que ele (investigado) não esteja
acompanhado de advogado.
Com isso, podemos concluir que aqui temos uma inquisitoriedade com o objetivo de
obter informações da forma mais eficaz possível para que posteriormente o Ministério Público
possa utilizar estas informações para propor uma Denúncia.
2) Informativo
A doutrina utiliza uma expressão um tanto quanto pejorativa, dizendo que o Inquérito
é “meramente informativo”, dando uma impressão de reduzida importância ao Inquérito.
Parece óbvio, mas as provas do Inquérito servem realmente para informar. Mas
informar trata-se de qualquer coisa menos julgar. Com isso queremos dizer que a prova,
colhida no inquérito, não é instrutória, servem para informar o Promotor, mas não legitima o
Juiz para condenar ou absolver, porque há necessidade que elas sejam confrontadas em
contraditório.
Se um Juiz decidir por uma condenação com base nas provas colhidas no Inquérito e
não debatidas em contraditório, a decisão é considerada nula. Por isso, por exemplo, que as
Testemunhas do Inquérito precisam depor novamente em juízo, para ganharem legitimidade
pelo crivo do contraditório. Nesse sentido, as provas colhidas servem para informar o
Ministério Público e posteriormente elas devem ser refeitas em juízo.
4) Dispensável
O Inquérito Policial é dispensável, porque não é a única via para se ingressar com uma
Ação Penal, ou seja, o Ministério Público não depende do Inquérito para propor Ação Penal.
Nesse sentido, o Inquérito não é pressuposto obrigatório para que o Ministério Público
propor de forma válida com Ação Penal.
Nesse sentido, o Ministério Público pode ingressar com Ação Penal com base em um
procedimento do IBAMA, por exemplo, nos casos de crimes ambientais; pode entrar com uma
Ação de Cobrança de Tributos com base em um procedimento da RECEITA FEDERAL; pode
ainda ingressar com uma Ação baseada em documentos privados como dossiês, ainda que na
maioria das vezes quando estes documentos chegam ao Ministério Público eles enviam para o
Delegado investigar e dar maior credibilidade.
Em alguns crimes, no entanto, nos parece ser indispensável o Inquérito como no caso
do crime de homicídio. Por outro lado, em crimes de menor complexidade, como um furto
realizado por um funcionário de um banco que foi filmado pelas câmeras de segurança, na
prática já seria possível propor a Ação, visto que, o inquérito só serviria para juntar provas e a
filmagem por si só já serviria como prova.
Com isso podemos concluir que não podemos vincular o Inquérito como pressuposto
para propor a Ação.
Art. 17, CPP – A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos
de inquérito.
Delegado não pode arquivar inquérito, não só porque a Lei não autoriza, mas também
porque o inquérito não é feito só para ele, sendo feito para o Ministério Público e demais
Órgãos do Judiciário, por isso o Delegado não possui essa prerrogativa.
As únicas pessoas que podem arquivar Inquérito são o Juiz, desde que exista um
pedido Fundamentado do Promotor ou o Procurador Geral de Justiça, que decidirá no caso do
pedido do Promotor pelo arquivamento ser negado.
6) Escrito
De qualquer forma dizer que há presunção de veracidade, não significa que as provas
contidas nos autos do Inquérito sirvam como Prova Instrutória servindo para fundamentação
de uma decisão judicial, pois como já vimos, há a necessidade delas serem debatidas em
contraditório.
Nesse sentido, tudo o que acontece durante a Investigação precisa estar documentado
para que se de fidedignidade absoluta. Por isso que lendo o Inquérito é possível encontrarmos
e apontarmos ilegalidades ou mesmo nos convencermos dos fatos.
7) Discricionariedade Investigativa
Sendo assim, o Delegado não é obrigado a seguir um rito, uma ordem legal para
investigar, possuindo liberdade para criar estratégias investigatórias, encadeando as
diligências conforme a sua própria convicção. E não há também nenhuma obrigação que
impõe ao Delegado deduzir certas convicções acerca das provas colhidas, em outras palavras
ele possui liberdade para formar sua convicção e decidir se vai ou não indiciar o investigado,
se vai ou não representa-lo para prisão.
Dessa forma, suponhamos que um Promotor mande uma ordem ao Delegado para
que ele investigue uma determinada pessoa, nesta situação o Delegado não estará obrigado a
investigar, desde que fundamente a recusa, porque ele possui discricionariedade; e mesmo no
caso de uma ordem judicial não manifestamente ilegal o Delegado pode se negar a cumprir
desde que fundamente sua decisão.
8) Sigiloso
O Inquérito pode ser sigiloso, mas para possuir essa característica ele depende de uma
determinação da autoridade policial. Em outras palavras, há a necessidade do decreto de sigilo
do inquérito fundamentado no interesse público de buscar a realidade dos fatos.
O sigilo como já vimos é exceção, pois a regra é a publicidade, por isso o sigilo só deve
ser decretado quando ele for pressuposto para que haja uma investigação eficiente.
9) Controlável Judicialmente
O controle judicial pode ocorrer de ofício, quando o Juiz analisa o Inquérito e constata
alguma ilegalidade e ele mesmo corrige ou repreende a autoridade responsável, mas, pode
também, ocorrer pela via do Habeas corpus, que é a Ação Constitucional apta quando se
busca que o judiciário declare a ilegalidade do Inquérito, a ilicitude de uma prova nele colhida,
para tranca-lo ou ainda para relaxar uma prisão no curso da investigação. Em outras palavras,
o Habeas corpus é a Ação Constitucional hábil quando o controle não é realizado de ofício pelo
Juiz.
11/03/2015
ATOS DE INICIAÇÃO
Neste caso é o cidadão quem leva a autoridade policial a informação acerca do crime
que possui conhecimento, sob qualquer condição, sob qualquer categoria, não possuindo
forma legal, burocracias ou rito.
Possui a característica de ser espontânea, pois não há necessidade de ser ativada por
nenhum Órgão Institucional partindo unicamente do cidadão, que possui a opção de informar
a polícia, em outras palavras, não há dever legal algum de informar, o cidadão comum poderá
permanecer em silêncio sem estar cometendo crime.
Em resumo, não há uma imposição legal, sendo apenas um Direito Constitucional que
qualquer cidadão possui de ir e informar o que sabe a qualquer autoridade.
Neste sentido, o Órgão ou Servidor público possui o dever legal de levar a informação
até a polícia.
Na Notitia Criminis por Provocação por Cognição Imediata, é a própria polícia se auto
informando, ou seja, o investigador de polícia leva a informação para o Delegado que abre o
inquérito.
o Cognição Mediata
Na Notitia Criminis por Provocação por Cognição Mediata, qualquer Órgão Público
externo que tenha conhecimento de um crime, deverá informar a Polícia.
Pode ocorrer nas mais diversas esferas do Poder, por exemplo, caso a Receita Federal
constate sonegação de impostos de um contribuinte, deverá levar as informações para que a
Polícia instaurar um inquérito, o mesmo ocorre caso o IBAMA tome conhecimento de um
crime ambiental, devendo informar a Policia para instaurar o inquérito e assim por diante em
todas as esferas do Poder.
Neste caso, a polícia recebe informações acerca de um crime por ocasião da restrição
de um Direito Fundamental, como Liberdade e Propriedade.
Aqui fica caracterizado os casos onde o Estado exerce seu poder e descobre um crime,
nesse sentido ou o Estado estará Prendendo Alguém ou Interceptando Ligações Telefônicas,
se chegar a notícia de um crime, chamamos de notitia criminis por cognição coercitiva.
Portaria
A Portaria, ainda pode servir para decretar o sigilo da investigação, nesse sentido,
quando necessária a decretação do sigilo o Inquérito não é inserido em um banco de dados
públicos, mas somente em um banco de dados da própria polícia.
O roteiro das diligências não possui uma forma pré-estabelecida, ou seja, o Delegado
possui discricionariedade investigatória, não há um padrão legal ou rito investigatório pré-
concebido.
Neste caso, o Delegado deverá destacar a origem da informação que pode ser
proveniente de uma Notitia criminis espontânea (noticia no jornal, telefonema, denúncia
presencial) ou de uma Notitia criminis por provação de cognição imediata. Estas informações
ganham um tom legal quando passam a consta-las na Portaria.
Requerimento
Pode ocorrer do pedido ser ilegal, por isso ao analisar o Requerimento o Delegado faz
um juízo de legalidade, nesse sentido, ele poderá indeferir a instauração do Inquérito por
considerar o fato atípico ou por não ser a autoridade competente para investigar, visto que, se
ele deferir ficará vinculado até o final do Inquérito.
Nos casos em que o requerente tiver seu Requerimento Indeferido, poderá recorrer
para o Delegado Geral do Estado, pedindo para que ele analise o pedido, visto que é ele quem
dá a ultima palavra acerca da existência de Inquéritos no Estado. Se ele entender pela
instauração do Inquérito, ele envia ordem para que o Delegado o Instaure.
Ocorre que ninguém utiliza esse recurso, visto que existe um caminho mais breve que
é através do Ministério Público. Desse modo, comumente se o Requerimento é indeferido o
cidadão pode envia-lo ao Promotor de Justiça e se ele entender que há a necessidade da
instauração, requisita ao Delegado através de uma Requisição.
Requisição
Alguns denominam de Ofício Requisitório, pois aqui existe uma ordem legal que
determina a instauração do Inquérito, emanada do Ministério Público ou do Próprio Poder
Judiciário.
Nesse sentido, estamos diante de uma ordem legal, mas que não se trata de uma
ordem absoluta, podendo o Delegado se negar a cumpri-la, desde que fundamente sua
decisão.
Essa Requisição não poderá emanar de um Juiz e esse mesmo Juiz julgar a causa, pois
fere os princípios do Sistema Acusatório estabelecendo, na verdade, um Sistema Inquisitorial,
pois se um Juiz manda um Delegado instaurar um Inquérito é como se ele já estivesse
condenando-o, quebrando com sua inércia pré-processual (Art. 40, CPP).
Nesse sentido, se o Juiz tomar conhecimento de um crime, para que ele não assuma
uma postura inquisitorial deverá extrair cópias do que obteve e enviar para o Ministério
Público, que decidirá se pedirá a instauração de Inquérito.
A Requisição materializa uma Notitia criminis por provocação por cognição mediata.
Portanto, trata-se de ordem legal, imposta, dirigida ao Delegado de polícia que devera
instaurar o Inquérito.
por possuir fé pública, por isso evitar a prisão em flagrante é muito mais interessante para a
defesa que seja lavrado um Auto de Comparecimento Espontâneo, que explicaremos abaixo.
São as formas mais comuns de se formalizar a Notitia criminis por cognição coercitiva,
visto que, no momento que se restringe direitos fundamentais poderá aparecer informações
do crime.
Imaginemos a situação de alguém que mata outrem que invadiu sua casa, o mais
recomendado nestes casos é ligar para o advogado, não importando a hora ou dia e ambos se
dirigirem a uma Delegacia de Polícia para lavrarem o Auto de Comparecimento Espontâneo.
Este auto dilui os efeitos negativos da Notitia criminis por cognição coercitiva, pois
aqui o sujeito estará agindo com boa fé objetiva processual, descaracterizando o flagrante,
sendo a postura mais civilizada e mais ética que se pode adotar em uma situação dessas.
Não existe atitude que mais irrita Delegado de Polícia do que situações em que o
advogado ou o investigado se escusam dos questionamentos escondendo informações.
Em resumo, o flagrante ocorre quando o indivíduo esta praticando o crime, logo após
pratica-lo ou se estiver fugindo, desse modo aqui não há como prender em flagrante, visto que
o Réu esta colaborando com a investigação. Não há substrato fático para sustentar um auto de
prisão em flagrante.
DELAÇÃO
Neste caso, teremos a Portaria, visto que o cidadão simplesmente leva a informação a
Polícia se identificando, visto que, como já falamos é vedado o anonimato. Ou seja, o
indivíduo liga para a Polícia ou vai presencialmente, podendo fazer isso falando ou por escrito
(whatsapp, e-mail, facebook, carta, etc. – nos casos de utilização do meio eletrônico o
Delegado dará um print na página e anexará a Portaria relatando sua fonte).
Veja que a denúncia anônima, não é base para uma busca e apreensão, para mandar
prender alguém ou mesmo para instaurar o inquérito, mas é uma informação e como qualquer
informação se confirmada poderá servir de base para a Instauração do Inquérito.
24/03/2015
O Art. 6°, CPP elenca um roteiro investigatório, sendo ele meramente exemplificativo
ou aberto, em outras palavras temos um rol de providências investigatórias que o Delegado
deve seguir.
Estas medidas, no entanto, não representam um rito, ou seja, não existe uma ordem
pre-estabelecida, embora exista um rol de procedimentos investigatórios, não há uma ordem
concatenada como existe na Ação Penal, pois aqui o Delegado não esta sujeito ao Devido
Processo Formal, possuindo discricionariedade investigatória.
O referido artigo foi redigido em 1941, não sendo, portanto, projetado para os crimes
que existem atualmente, ou seja, ele não se presta para desarticular uma organização
criminosa internacional que utiliza a “deep web” para praticar crimes, não foi feito para
combater o terrorismo, para combater gigantescas estruturas de corrupção, mas se prestam
para nos indicar as providencias investigatórias clássicas que devem ser complementadas.
Nesse sentido, temos Leis mais novas que vieram para complementa-lo Lei 12850/13 e
Lei 12683/12.
o II - Apreensão de objetos
Após realizada a apreensão, a Polícia deve colher toda e qualquer prova que ajude a
esclarecer os fatos e circunstâncias do crime. Ex. Anotar os nomes das testemunhas.
o IV - Ouvir o ofendido
Se possível a Polícia deve ouvir o ofendido, pois ele sempre será fonte de informações
importantes, principalmente se não houver testemunhas oculares.
o V - Ouvir o indiciado
Esse inciso se refere ao interrogatório policial, que é inquisitorial, então não depende
de participação de Advogado para ser válido, mas se o advogado estiver presente o Delegado
não poderá pedir para que ele saia.
Acareação é na verdade colocar “cara a cara” as pessoas para tentar sanar eventuais
divergências nos depoimentos.
Se for o caso, é a principal perícia do Processo Penal, porque é a única perícia que
prova a materialidade do crime, é prova vinculada. Se não houver exame de corpo e delito o
réu é absolvido por insuficiência de provas.
Nos crimes que não deixam vestígios permite-se a utilização do exame de corpo de
delito indireto, que é uma exceção.
o IX - Vida pregressa
Por fim, a Polícia verifica a vida pregressa do investigado do ponto de vida familiar,
individual e social, analisa o temperamento, caráter e estado de ânimo do investigado antes,
durante e depois do crime e apura, também, a condição econômica do investigado.
Essas informações do Art. 6°, CPP são elementos mínimos para individualizar a pena
e evidenciar o crime, visto que se julga o fato e a pessoa.
Mas esse artigo, como já adiantamos no início, ficou insuficiente para os dias atuais, e
hoje existe muitas outras formas de se investigar. Alguns desses novos mecanismos foram
disciplinados pela Lei 12850/13, que disciplina acerca das Organizações Criminosas.
Essa Lei alterou a Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei 9613/98), trazendo novas
ferramentas investigatórias e criou um poder de constrição de bens que antes não existia,
isso porque sabemos que para desarticular o crime de lavagem de dinheiro não basta prender
o cidadão sendo necessário empobrece-lo imediatamente, caso contrário a investigação corre
o risco de não ter um resultado útil.
Como já discutimos anteriormente o Juiz precisa sempre justificar seus atos, visto que
o Poder Jurisdicional não é dele, sendo apenas exercido por ele. Nesse sentido todos ficamos
consternados com o caso do Juiz que sequestrou bens do Eike Batista visando satisfazer os
interesses dos credores ao final da Ação, no entanto, foi pego dirigindo o Porsche do
empresário e encontraram um piano também de propriedade do empresário na casa de um
dos vizinhos do referido Juiz, em uma grave demonstração de postura anti republicana. Ao
menos o Juiz poderia ter tentado justificar-se previamente se auto nomeando e nomeando seu
vizinho como administradores dos bens do empresário como autoriza o Art. 5° da Lei
9613/98.
INDICIAMENTO
Conceito
Somente o delegado pode exercer tal juízo de valor, ou seja, somente ele pode valorar
as provas durante o Inquérito e apontar quais recaem sobre determinada pessoa.
Quando o Delegado indicia, não significa que ele esta incriminando, em outras palavras
ele não imputa a conduta a ninguém, visto que, esta função é do Promotor quando decide por
Denunciar.
O indiciamento pode acontecer em qualquer fase do Inquérito, pois ele não se vincula
a uma fase ou procedimento, bastando que haja prova robusta.
Atribuição Legal
A Lei 12830/13, que dispõe sobre a investigação criminal conduzida pelo Delegado
de Polícia disciplina o indiciamento.
Esta Lei surgiu logo após as manifestações de julho de 2013, onde o povo reivindicava
entre outras coisas a não aprovação da PEC 37 que tirava o poder investigatório do Ministério
Público. Com isso a PEC não foi aprovada, no entanto, a Lei foi uma resposta direta do Governo
ao Ministério Público, visto que, ela tornou o Inquérito policial exclusivo da Polícia Judiciária e
ainda normatizou que o indiciamento é atribuição exclusiva do Delegado de Polícia, por isso,
nenhum Promotor ou Juiz pode mandar que o Delegado indiciasse alguém.
Atos de Indiciamento
Identificação (Art. 6°, VIII, CPP);
Qualificação (Art. 6°, IX, CPP); e
CONTROLE DO INDICIAMENTO
O indiciamento pode ser controlado pelo Juiz, ou seja, o Juiz faz o controle de
legalidade do indiciamento verificando se não há violações de direitos fundamentais. O que
não é permitido é que o Juiz substitua o mérito do Delegado, ou seja, que ele analise a prova
no lugar do Delegado.
Indiciamento:
o De Menor
Não é possível indiciar o menor por causa do ECA – Estatuto da Criança e Adolescente,
visto que, o indiciamento é um instituto do Código de Processo Penal utilizado para investigar
crimes e o menor esta sujeito ao ECA, que prevê que o menor não pratica crimes.
o De Inimputável
É possível o indiciamento de quem possui foro por prerrogativa desde que exista um
inquérito distribuído perante o Tribunal Competente.
25/03/2015
Encerramento
o Normal
o Anormal
Este prazo refere-se ao tempo máximo para que o inquérito seja distribuído em uma
Vara Criminal, quando, então, o Juiz pode autorizar a prorrogação do prazo, por quantas vezes
julgar necessário, por isso, dependendo da complexidade da investigação, pode ocorrer de
algumas levarem anos para serem concluídas.
Destinatários
O Inquérito quando chega ao Fórum vai para uma Vara Criminal, havendo dois tipos de
destinatários: o Imediato e o Mediato.
RELATÓRIO
Conceito
Conteúdo
O Delegado é um agente investigador e não acusador, por isso ele apenas descreve as
provas, e o juízo de valor, imputando condutas, quem realiza é o Advogado, o Promotor e o
Juiz.
Existe uma única exceção legal, um único caso em que o Delegado é chamado a fazer
Juízo de Valor, a tipificar conduta no Relatório, que é no caso do crime de Trafico de Drogas,
vejamos o artigo abaixo:
Somente a Lei de Drogas possui essa exceção, porque o Promotor possui uma grande
dificuldade em algumas situações em distinguir quando a droga é mantida para uso próprio e
quando é utilizada para o tráfico, nesse sentido, é o Delegado em contato com o fato de
maneira direta que terá maiores condições de analisar caso a caso e tipificar o agente, em
outras palavras, o legislador concede autoridade ao Delegado para dizer se é Tráfico ou Uso.
Finalidade
O Promotor deverá formar sua opinião sobre a ocorrência ou não do delito. Nesse
sentido, ele poderá fazer uma opinio delicti positiva, no sentido de que a investigação permite
o acionamento da Ação Penal ou uma opinio delicti negativa, em que o Ministério Público
forma o juízo que não há delito e pedi o arquivamento do inquérito.
Existem situações em que o Promotor não forma opinio delicti positiva e nem opinio
delicti negativa, que é o caso do Relatório encerrar uma investigação insuficiente, mal feita,
frágil, inapta para que o Ministério Público forme sua opinião. O Promotor nestas situações
estará analisando a qualidade do Inquérito e pode solicitar a Complementação Investigatória.
Dessa forma, autorizado pelo Art. 16, CPP o Promotor solicita ao Juiz que oficie o
Delegado para que ele complemente as investigações. O Ministério Público faz isso no próprio
Auto do Inquérito, sendo este ato denominado Cota Ministerial (Manifestação informal por
escrito com a assinatura do promotor, onde ele se reporta ao Juiz que se reporta ao Delegado).
Não é permitido que o Juiz de ofício declare a complementação investigatória, pois ele
estaria ferindo os princípios do Sistema Acusatório, assumindo uma posição inquisitorial
agindo como um Delegado, nesse sentido, o Juiz sempre dependerá de um pedido.
Justa Causa
o Tipicidade
O Inquérito só pode ser instaurado com base em um objeto pré-definido que em tese
representa um fato típico. Se não for assim, o Inquérito é arbitrário/abusivo. Não se pode
manter uma investigação em caso de atipicidade, se não há fato típico não há conduta
proibida não há norma penal aplicável.
o Punibilidade
Para que exista Inquérito em curso deve haver uma possibilidade punitiva nos termos
da Lei Penal. Nesse sentido, o Inquérito só pode tramitar se não houver causas extintivas ou
de exclusão da punibilidade.
Se houver uma dessas causas o Inquérito deverá ser trancado, dessa forma, não se
pode investigar alguém encoberto pelas escusas absolutórias (Art. 181 e 182, CP) ou ainda se
tiver ocorrido a prescrição (Art. 107, IV, CP).
o Viabilidade
Faltando um destes elementos da justa causa o Juiz deve trancar o Inquérito, que pode
ocorrer de ofício ou por provocação. Nesse sentido, o Trancamento pode ocorrer de ofício
porque se tratar de norma de ordem pública, no entanto, caso ele não realize de ofício o
ARQUIVAMENTO
Conceito
Controle Judicial
Nesse sentido, o Juiz pode não concordar e, portanto, não homologar o pedido do
Promotor, caso em que ele devolverá o Inquérito para a chefia do Ministério Público o
Procurador Geral de Justiça, que é o responsável por fazer uma última análise e decidir se será
caso de Arquivamento ou de propositura da Ação Penal.
Aqui novamente o Juiz não esta exercendo jurisdição, mas sim cumprindo uma função
administrativa fazendo controle de legalidade do pedido de arquivamento, a rigor a rigor o Juiz
é fiscal do princípio da obrigatoriedade, ou seja, o Juiz fiscaliza o dever acusatório do
Ministério Público, aplicando o disciplinado no Art. 28, CPP e este ato é denominado de
Princípio da Devolução.
Espécies de Arquivamento
o Arquivamento Direto
o Arquivamento Indireto
Assim, o promotor faz um parecer apenas suscitando o conflito, ou seja, ele não pede
para arquivar, não denuncia e não pede para complementar a investigação.
o Arquivamento Implícito
31/03/2015
Mas toda decisão administrativa, embora não faça coisa julgada material, sofre o que
chamamos de preclusão administrativa, no sentido de que ela dependerá de um fato novo
para justificar o seu desarquivamento, em outras palavras, se nada acontecer o Inquérito
deverá continuar arquivado.
Nesse sentido, se antes não havia testemunha, mas de repente aparece alguém que
viu, a investigação deve ser reaberta imediatamente, pois isso muda o contexto fático e passa
a ser possível descobrir a autoria do crime, por exemplo.
Há, no entanto, arquivamentos que não serão desarquivados nunca, pois pode
acontecer do Juiz ao determinar o arquivamento conceder uma Decisão Jurisdicional, que
fará Coisa Julgada Material. Neste caso, o Juiz estará prolatando uma sentença de mérito nos
Autos do Inquérito, sem que tenha ocorrido Procedimento, sem que tenha sido Proposta a
Denuncia, sendo possível nos casos em que ele aplica as regras do Direito Penal no crime, por
exemplo, quando o Juiz declara que o crime está prescrito.
Tema muito controverso, visto que há instituições favoráveis e outras contra. E essa
divergência tem sentido, pois se procurarmos na Constituição não existe dispositivo que
autorize o Ministério Público a investigar e no mesmo sentido não existe Lei
Infraconstitucional. Mas, o Ministério Público está investigando e utiliza como base normativa
a Resolução 13/06 do Conselho Nacional do Ministério Público, portanto, ele utiliza como
base legal sua própria Resolução para investigar.
O Ministério Público nunca quis e não quer subtrair do Delegado de Polícia o Inquérito
Policial, o que discutimos aqui é o Poder Investigatório realizado através de instrumento
investigatório próprio.
Por não existir Lei, há controvérsias inclusive quanto ao nome do procedimento, nessa
linha, há os que defendam a terminologia P.A.C. – Procedimento Administrativo Criminal e os
que defendem a terminologia P.I.C. – Procedimento Investigatório Criminal.
Direito, ou seja, somente o Legislador pode determinar quem ou quais Órgãos Públicos são
aptos a investigar crimes.
Além disso, toda Lei precisa se pautar em comandos constitucionais, com isso
independentemente dos posicionamentos favoráveis ou contras é necessário a existência de
uma Lei para que o próprio Ministério Público tenha um mínimo de base legal para
estabelecer um procedimento, pois, somente assim, com base nesse procedimento ele estará
se submetendo a sua função republicana, pautada pela legalidade, prestando contas daquilo
que faz e fundamentando suas decisões.
E foi para isso que a Resolução 13/06 inicialmente foi feita, para regulamentar o Art.
8° LC 75/93 e o Art. 26, Lei 8625/93.
Estes artigos autorizam que o Ministério Público investigue seus próprios membros,
isso porque eles possuem Foro por Prerrogativa de Função, só que, o campo de
regulamentação está adstrito aos seus próprios membros, não podendo ser estendido a todo e
qualquer cidadão, no entanto, a resolução estendeu a atuação sofrendo, portanto, de
inconstitucionalidade, visto que a resolução não pode ser contra legem ou extra legem.
Argumentos Favoráveis
O Ministério Público possui o dever legal de alegar e provar o que alega, sob pena de
não respeitar o Devido Processo Legal Formal, caso deixe de cumprir essas funções. Nesse
sentido, como para provar é necessário investigar, surgiria dai a autorização para que o
Ministério Público possa investigar.
O Ministério Público possui o poder dever de ingressar com a Ação Penal, nesse
sentido, existe a Teoria dos Poderes Implícitos (Implied Powers Doctrine) que diz que toda vez
que um Órgão possuir uma missão fim, presume-se que a Constituição concede todos os
instrumentos cabíveis para cumpri-la, em outras palavras, a autorização para investigar não
precisa estar expressa no texto constitucional, podendo ser extraída implicitamente do Art.
129, I, CF, nesse sentido, quando a Constituição normatiza que o Ministério Público deve
propor a Ação, normatizaria também que ele pode investigar para formar sua opinio delicti.
3) Ministério Público pode Investigar Ilegalidades Cíveis (Art. 129, III, CF)
Sendo assim, o Ministério Público pode abrir um Inquérito Civil para apurar
ilegalidades praticadas por um Prefeito, como atos de improbidade administrativa, dano ao
patrimônio público, ao meio ambiente, etc., e se durante esse Inquérito observar a autoria e
materialidade de um crime ele pode propor a Ação Penal diretamente, ao passo que o
Inquérito Criminal é útil, mas dispensável para a propositura da Ação.
Não existe nenhum comando Constitucional ou Lei que normatize que a atuação do
Ministério Público esta condicionado a algum instrumento investigatório pré concebido.
5) Poder Requisitório (Art. 129, VIII, CF) e Poder Notificatório (Art. 129, VI, CF)
Esse Poder Notificatório, muitas vezes evita uma Ação Penal, por exemplo, o
Ministério Público pode informar um Prefeito que ele esta agindo ilegalmente na aplicação da
verba da saúde e educação e o convidar a comparecer em sua sede para realizar um T.A.C.
(Termo de Ajustamento de Conduta) sob pena de ser proposta uma Ação Penal, caso não seja
possível uma solução administrativa.
Isso é o que chamamos de Ativismo Ministerial, pois, é uma forma extra judicial de
resolver conflitos.
Nesse sentido, se o Ministério Público já possui estes dois poderes, teria, também, o
Poder de Investigar.
Dessa forma, se ele pode corrigir, se ele pode investigar a investigação da policia, ele
poderia investigar diretamente o crime, visto que a Sociedade não teria culpa de uma possível
inercia da Policia.
Ele pode investigar a Policia, nos casos em que ela esteja envolvida com o crime
organizado, ou seja, quando ela esta corrompida, mas principalmente para verificar se ela
(Polícia) não esta produzindo provas ilícitas, por isso o Ministério Público poderia realizar uma
investigação paralela pautada na legalidade, tornando-se uma fonte independente de prova.
8) Independência Funcional
Dessa forma, por ter todas essas garantias ela não esta suscetível a politização da
investigação, o que não ocorre com a Polícia, que está diretamente subordinado a um superior
hierárquico político.
Este inciso deixa em aberto, autorizando-o a cumprir qualquer função que tenha
relação com sua vocação institucional, dessa forma, investigar nos parece que estaria dentro
deste contexto.
Argumentos Contrários
1) Sistema Acusatório
Permitindo tal fato o Ministério Público formaria sua opinio delictio e depois iria buscar
provas para comprovar aquela convicção, situação essa que é chamada de Quadro Mental
Paranoico. Nesse sentido, ele não pode investigar, pois criaria um ranço inquisitivo.
A Teoria dos Poderes Implícitos foi criada nos EUA cuja Constituição é Sintética, nesse
sentido, lá ela se presta para compensar o caráter sintético da Constituição, mas aqui não faria
sentido aplica-la em uma Constituição Analítica, detalhista, como a nossa.
Existe entre o inciso I e o III do Art. 129, CF uma assimetria estrutural, pois no inciso
III o legislador previu expressamente o Inquérito Civil + Ação Civil Pública, ao passo que no
inciso I ele previu apenas a Ação Penal.
Este silêncio é proposital, sendo na verdade um silêncio que fala, pois significa que o
constituinte quis excluir sim a investigação do Ministério Público, no que tange a Ação Penal.
4) Expressamente há determinação para que a Polícia apure Infrações Penais (Art. 144,
§1°, I e IV CF)
Art. 144, §1°, CF – A polícia federal, instituída por lei como órgão
permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em
carreira, destina-se a: I – apurar infrações penais contra a ordem
política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da
União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim
como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou
internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
[...] IV – exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da
União.
Ou seja, apensar do Ministério Público possuir o Poder Requisitório, ele não se presta
para autorizar para que a própria instituição investigue, mas sim para ordenar que outra
instituição o faça; já quanto ao Poder Notificatório, ele sempre estará adstrito aos Inquéritos
Civis.
Nesse sentido, o Ministério Público também pode praticar atos ilegais, e não haveria
quem julgar acerca da ilegalidade.
Por outro lado, mesmo que ele possua independência funcional, ele não possui
estrutura para investigar, dessa forma, se ele ficar investigando ele não cumpre sua função de
acusar.
Portanto, há violação direta do Devido Processo Legal Substancial, visto que não há
exercício de um Poder Legitimo, sem procedimento não há controle de Poder, não há regime
de controle de arquivamento, enfim, não há controle de nada.
Se não tem Lei, não há a vontade geral do povo autorizando que o Ministério Público
investigue. O particular possui peças de informação e pode investigar, justamente porque ele
é particular, um Órgão Público aplica-se o princípio da legalidade estrita, podendo realizar
unicamente as funções determinadas por Lei.
9) Insegurança Jurídica
01/04/2015
Sistema autônomo, que se distingue do Sistema Processual Penal Comum, por possuir
um fundamento constitucional próprio e princípios específicos que o norteiam, tratando-se de
uma jurisdição especializada para determinado tipo de delito, cujo grande propósito é a
despenalização e adoção de penas alternativas ao invés da pena privativa de liberdade.
Fundamento Constitucional
menor relevância. Para tal a Lei 9099/95 regulamentou o Sistema dos Juizados Especiais
Criminais e trouxe em seu Art. 62 quatro princípios que passamos a discorrer abaixo:
o Informalidade
Os atos processuais do JECRIM não seguem o rigor formal imposto por Lei, pois existe
a ideia de desburocratizar o ato processual, facilitando-o e assim evitando nulidades no
processo.
o Celeridade Processual
Como os casos julgados não são tão relevantes, o Processo pode se dar ao luxo de ser
mais rápido, visto que eles não demandarão muito esforço.
o Oralidade
o Economia Processual
Mais resultados com menos atos processuais, atingindo um maior grau de eficiência.
o Consensualidade
É um princípio que não esta no Art. 62, mas esta na doutrina e para nós é o mais
importante. O JECRIM pretende resolver os litígios através da postura civilizada e
comunicativa das pessoas, ou seja, procura resolver os conflitos através do diálogo e acordos.
Competência
Aqui definimos a matéria que pode ser levada a julgamento do JECRIM, que no caso
são as Infrações Penais de Menor Potencial Ofensivo, determinada tanto pela Constituição
como pela Lei que o regulamentou, nesse sentido, há dois grupos de infrações:
o Contravenções; e
o Crimes com pena máxima cominada de até 2 anos.
Salvo os casos que possuam rito específico, como os crimes de injúria,
calúnia e os crimes funcionais.
O Art. 88 da Lei 9099/95 é muito importante para todo o sistema processual penal,
pois existe um crime que o JECRIM foi regulamentado de forma a conseguir resolve-lo sem
abarrotar o judiciário com processos, que é o caso da Lesão Corporal Leve, que ocorre toda a
hora na nossa sociedade.
Este artigo transformou o crime de Lesão Corporal Leve que era de Ação Pública
Incondicionada para Ação Penal Pública Condicionada a Representação. A representação é
elemento da consensualidade, ou seja, representar ou não representar é o fator decisivo de
ter ou não formado um consenso. A negociação da culpa penal verifica-se através da
representação ou não para o crime.
O STF declarou o Art. 88, inaplicável à Lei Maria da Penha utilizando interpretação
conforme a Constituição Federal, nesse sentido, a Lesão Corporal, mesmo que Leve cuja vítima
seja a mulher no ambiente doméstico é crime de Ação Penal Pública Incondicionada.
TERMO CIRCUNSTANCIADO
Conceito
Estrutura
o Depoimento do Autor do Fato;
o Depoimento da Vítima;
o Depoimento de Testemunhas;
o Perícia caso seja necessário.
Dessa forma, é possível fazermos um Termo Circunstanciado em meia hora, não existe
relatório, indiciamento, mas pode acontecer de um Termo Circunstanciado se converter em
Inquérito Policial.
Finalidade
É possível dar voz de prisão a qualquer um que pratique qualquer crime, mas, nos
casos de crimes de menor potencial ofensivo, ao chegar a Delegacia o Delegado não lavrará o
auto de prisão em flagrante se houver compromisso do autor em comparecer a audiência
preliminar e mesmo que o Delegado chegue a lavrar o auto ao remetê-lo ao Juiz certamente
ele não o converterá em Prisão Preventiva.
Audiência Preliminar
o Reparação do Dano
A Decisão que homologa a Reparação Civil do Dano serve como Título Executivo
Judicial Líquido e Certo, nesse sentido, o Juiz resolve dois problemas com uma única decisão,
pois serão dois processos a menos na prateleira, o da esfera penal e o da esfera cível. No caso
do não pagamento, só haverá a possibilidade de execução do Título, mas não de voltar atrás e
representa-lo.
Pode, no entanto, acontecer de não ocorrer Acordo e neste momento entra a atuação
do Ministério Público, fazendo uma proposta de Transação Penal.
o Transação Penal
Neste caso, teremos o Ministério Público propondo um acordo que deverá ocorrer
exclusivamente na esfera penal, ou seja, não serve para suprir o prejuízo da vítima. Nesse
sentido, o Promotor propõe para o autor que ele entregue determinado número de cestas
básicas a uma instituição de caridade como condição para que a Ação Penal não seja proposta,
ou seja, a Transação é pré-processual e ele concordando esta realizada a Transação.
A transação não gera reincidência, mas impede que o sujeito volte a utilizar o JECRIM
durante um período de 5 anos.
Por essa razão que ele não pode ser aplicado para a Lei Maria da Pena, pois caso fosse
possível o marido se sentiria no direito de a cada 5 anos quebrar a cara da mulher visto que
não aconteceria muita coisa.
A sentença que homologa a Transação Penal não faz Coisa Julgada, porque ocorria do
indivíduo fazer a Transação e não cumprir com o compromisso que assumiu. Nesse sentido, os
Juízes e Promotores começaram a colocar uma condição suspensiva a coisa julgada. No
entanto, é proibido atos processuais sob condição, por isso o Supremo em Outubro de 2014
editou a Sumula Vinculante n. 35, que regulamenta o Art. 76 da Lei 9099/95 disciplinando
que a Transação Penal quando homologada, não faz Coisa Julgada Material e o não
cumprimento do acordo possibilita ao Ministério Público oferecer denuncia e, se necessário,
requisitar instauração de Inquérito Policial.
Se ocorrer de não haver acordo nem para a Transação Penal, o Promotor ditará a
denuncia oralmente no termo de audiência e o interessante é que o Autor do fato fica ouvindo
o Promotor relatar a denuncia, dessa forma, o Autor já sai da audiência preliminar citado,
tendo 10 dias para apresentar defesa escrita.
Mesmo proposta a Ação, o Promotor ainda pode oferecer mais uma chance ao agora
Réu no Processo, sendo possível a Suspenção Condicional do Processo.
Aqui o Promotor oferece a possibilidade do Réu cumprir um período de prova que vai
de 2 a 4 anos (Art. 89 da Lei 9099/95) e passado este prazo sem que ela seja revogada,
extingue-se a punibilidade. Se revogada por algum motivo o processo volta a correr
normalmente e o Réu poderá ser condenado. As causas de revogação do SURSIS do Código
Penal revogam também a Suspensão Condicional do Processo.
Art. 89, Lei 9099/95 – Nos crimes em que a pena mínima cominada
for igual ou inferior a 1 (um) ano, abrangidas ou não por esta Lei, o
Ministério Público, ao oferecer a denuncia, poderá propor a suspensão
do processo, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que o acusado não
esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro
A lógica deste instituto é tão interessante que o Promotor também não pode oferecer
Suspensão Condicional em Crimes de Ação Penal Privada, visto que neste caso somente a
Vítima é Titular do direito de Ação.
07/04/2015
AÇÃO PENAL
o Conceito
o Características
Teorias da Ação
I – Imanentista
Inicio do século XIX, na época do Código Napoleônico. Por esta teoria o Direito de Ação
era imanente ao Direito Material, ou seja, estava intrinsecamente ligado ao Direito Material,
não se reconhecendo o Direito Processual como uma ciência autônoma. Mas essa teoria não
durou, sendo contestada pelas Ações Declaratórias da Inexistência do Direito Material.
Esta teoria defendeu que o Direito de Ação é autônomo, mas ele só existiria se o
resultado da ação fosse favorável. Nesse aspecto, o Direito de Ação continuou atrelado ao
Direito Material.
É uma evolução da concretista, mas não chegou a abstrata. Pela teoria eclética existem
dois resultados da Ação, uma em que o Juiz julga a Ação Sem Resolução do Mérito e outra Com
Resolução do Mérito, pouco importando se o resultado beneficia ou não o autor. Nesse
sentido, para essa teoria o Direito de Ação só existiria se o processo gerasse um julgamento
com resolução de mérito, pois se ele sair sem resolução de mérito, não se exerceu o direito de
ação, de modo que o doutrinador defende que as Condições da Ação são requisitos de
existência do Direito de Ação e não de validade.
Aqui, existindo uma Resolução de Mérito, o que significa que todas as condições da
ação estavam presentes, indicava o exercício do Direito de Ação, ainda que o resultado fosse
pela improcedência.
IV – Abstrata
Nesta teoria, há dissociação plena, pouco importa qual o tipo de julgamento, se com
ou resolução de mérito ou se o resultado fosse pela procedência ou improcedência do pedido.
Dessa forma, o que importa é se o sujeito foi ou não a juízo, nesse sentido, ele se confunde
com o Direito de Demandar, havendo uma desvinculação total do Direito Material Quem adota
essa teoria defende que as Condições de Ação, são requisitos de validade do Direito de Ação.
V – Asserção ou Prospecção
O apego a teoria abstrata criou uma deturpação no Sistema Processual brasileiro, pois
a discussão sobre as Condições da Ação passou a ser mais importante que o próprio Direito
Material, gerando injustiças e por isso surgiu esta última teoria equiparando a analise das
Condições de Ação ao Mérito.
Nesse sentido, quando o Juiz declara a impossibilidade jurídica do pedido ele esta
analisando o mérito, o mesmo ocorre com o interesse de agir e a legitimidade, com isso as
Condições da Ação são analisadas em profundidade com base no que está escrito na Petição
Inicial.
o Fundamento Constitucional
No plano do Processo Penal o fundamento esta no Art. 129, I, CF, que disciplina que
cabe ao Ministério Público privativamente (e não exclusivamente) o exercício da Ação Penal.
Sendo, portanto, uma cláusula constitucional relativa, pois não só o Ministério Público pode
promover a Ação, visto que o ofendido também pode oferecer queixa.
O Direito de Ação é exercido em face do Estado Juiz pelo Autor e se tudo estiver certo
o Estado Juiz possui o dever de citar o Réu, pois ele também possui o direito de se defender. O
Juiz prolata uma decisão e Autor e Réu possuem o direito de recorrer, ou seja, há uma
distribuição de direitos processuais entre as partes durante todo o Processo. Em outras
palavras, a Relação Jurídica Processual permite que as partes exerçam direitos e deveres
alternando suas posições, o que permite que o processo se mobilize e ganhe vida e esses
direitos e deveres só ocorrem se houver Processo, visto que não é possível exercer qualquer
direito processual como o de produzir provas ou recorrer, sem a existência de um Processo.
Pode acontecer de termos uma Relação Jurídica Processual episódica sem ter
procedimento, que é chamada de produção antecipada de prova em contraditório na
presença do juiz que possui a função de coordenar as partes permitidos, por exemplo, que
elas perguntem o que quiserem a testemunha, esse procedimento ocorre principalmente
quando a testemunha esta morrendo.
Legitimados Ativos
O Direito de Ação na sua essência é sempre Público, mas a Ação é chamada de Pública
ou Privada não em razão da sua essência, mas sim em razão do detentor do Direito de Ação,
em outras palavras, em razão dos legitimados ativos. Nesse sentido, se o Titular do Direito de
Ação é um Órgão Público (Ministério Público) a Ação Penal é Pública, ao passo que se o
legitimado for um particular a Ação Penal é Privada.
Provimento jurisdicional
Em geral, a Ação Penal é Condenatória, o Promotor pede para condenar o réu nas
penas da Lei, ou seja, impor uma sanção penal que significa restringir direito fundamental, que
pode abarcar uma restrição da liberdade ou do patrimônio.
As outras duas são muito raras de acontecer. A Ação Penal Constitutiva é aquela que
constitui ou extingue uma Relação Jurídica, por exemplo, a Ação de Reabilitação (Art. 93, CP),
que serve para suprimir os efeitos da reincidência, ou seja, neste caso a Ação possui o intuito
de desconstituir a situação de reincidência para uma situação primária. Outro exemplo é a
Ação de Extradição, que constitui em face do indivíduo uma nova autoridade judiciaria. Por fim
há a revisão criminal, que serve para desconstituir a coisa julgada na esfera penal.
Ação declaratória é aquela que atesta uma Relação Jurídica Relevante já existente com
intuito de sanar uma crise de incerteza e atribuir eficácia jurídica a isso. Ex. Habeas corpus é
uma Ação Penal Declaratória para atestar uma ilegalidade ou um abuso de poder do Estado,
ou seja, ela não cria nada servindo apenas para reconhecer uma situação já existente.
o Condições da Ação
A legitimidade ativa é dada pela Lei Penal, nesse sentido, se ela não disser nada o
Ministério Público será o legitimado ativo, caso contrario, se ela disser algo isso muda. Já o
legitimado passivo será aquele que praticar a conduta típica, ou seja, o sujeito ativo do crime.
Em outras palavras, no polo passivo constará o autor ou sujeito ativo do fato típico.
Interesse de Agir
No civil, é possível entrar com uma Ação e ela ser extinta por existir uma via
extrajudicial mais rápida, agora no Penal, por ser via necessária, não veremos nunca uma Ação
ser extinta por desnecessidade.
No civil seria o caso de entrar com uma Ação de cobrar uma dívida que já esta paga, no
Processo Penal o exemplo seria a prescrição virtual, que não é um fenômeno penal, mas sim
processual, pois ela não aconteceu, sendo um exercício de futurologia processual e nesse
sentido o Juiz extingue o Direito de Ação, visto que a ação será inútil.
O pedido deve ser de acordo com o ordenamento jurídico vigente, de acordo com a
Lei.
Mas cuidado, pois falamos em abstrato e não em concreto, pois se fosse em concreto
ela se referiria ao próprio mérito da ação.
A possibilidade jurídica do pedido diz respeito ao pedido imediato, visto que o pedido
mediato refere-se ao mérito. Nesse sentido, o Juiz avalia o pedido imediato, pois o mediato é o
bem da vida, o mérito e se ele julgar estaria antecipadamente o resultado da lide. Nesse
sentido o juiz avaliará se é possível ou não a condenação a declaração ou a constituição do
direito, com base na existência ou não do tipo penal. Ninguém pode ingressar com um pedido
baseando-se em uma conduta atípica.
08/04/2015
o Denúncia
A peça inicial que deflagra ambas as Ações é a Denuncia, estando descrita no Art. 41
do CPP.
Requisitos
Nesse sentido, o Ministério Público não abrirá um tópico para discutir a Teoria do
Crime, porque no Processo Penal não se adota a Teoria da Substanciação (necessidade de
estabelecer os fundamentos jurídicos para a pretensão). Alias, somente quando o Promotor
pede para Arquivar é que ele expõe os argumentos jurídicos de forma detalhada, visto que
nestes casos ele estará agindo de forma diferente da normal.
O Promotor se vale da Teoria Indiciaria do Tipo, que diz que todo fato típico é
presumivelmente ilícito e culpável, dessa forma, quem terá que provar a existência de uma
das excludentes de ilicitude ou culpabilidade é a defesa.
Fazer uma descrição detalhada do fato inclui o Lugar, Tempo, Motivo, Meios de
Execução, Sujeito Ativo e Passivo, descrição se houve concurso e como ele ocorreu, qual o bem
jurídico penalmente tutelado e que foi atacado pela conduta, permitindo que o Réu possa se
defender pontualmente de cada afirmação.
I – Inépcia
Por exemplo, no caso da propositura de uma Denúncia realizada pelo Ofendido acerca
de um crime de Ação Penal Pública, deverá ser rejeitada for falta de Legitimidade Ativa. Outro
exemplo seria no caso de não existir a representação que é um pressuposto processual nas
Ações Condicionadas a Representação.
Neste caso, falta de justa causa por tipicidade e por punibilidade faz Coisa Julgada
Material, ou seja, o Juiz declara a extinção da punibilidade pela falta de justa causa da ação.
Princípios
o Obrigatoriedade
O Ministério Público é obrigado a propor a Ação, sendo um dever legal. Por isso que
este princípio também é denominado Princípio da Legalidade. A exceção aqui é a transação
penal, que é também chamada de Princípio da Discricionariedade Regrada, mas autorizado
por Lei.
o Indisponibilidade
O Ministério Público não pode desistir da Ação Penal que está em curso (Art. 42, CPP).
A exceção é a SURSIS Processual (Suspensão Condicional do Processo – Art. 89 do JECRIM).
Art. 42, CPP – O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.
Art. 89, Lei 9099/95 – Nos crimes em que a pena mínima cominada
for igual ou inferior a 1 (um) ano, abrangidas ou não por esta Lei, o
Ministério Público, ao oferecer a denuncia, poderá propor a suspensão
do processo, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que o acusado não
esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro
crime, presentes os demais requisitos que autorizam a suspenção
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
o Intranscendência
Limita o polo passivo da demanda apenas em relação aos que estão envolvidos com o
crime. Nesse sentido, só serão Réus aqueles indivíduos que estão relacionados com o crime,
do ponto de vista causal e volitivo, concepção essa ligada a Teoria Monista. Só pode responder
no Processo aquele que de alguma forma contribuiu com o crime.
Por isso, não há intervenção de terceiro, ou seja, não existe possibilidade de alguém
entrar como um terceiro no polo passivo da Ação Penal.
Representação
Natureza Jurídica
Forma
A forma é livre, mas deve ser realizada por escrito não sendo exigido nenhuma
formalidade específica. Precisa ser por escrito para que a representação fique
documentalizada nos autos. A representação é um ato jurídico de manifestação de vontade
em liberar o Ministério Público, para que ele ofereça a Denúncia. Uma simples cláusula no B.O.
(Boletim de Ocorrência) já supri a representação.
Em outras palavras, não se pode escolher contra quem a persecução irá acontecer,
pois a persecução é padronizada, nesse sentido se representa em face de um fato e não das
pessoas.
Temos que se interpretar o Art. 34, CPP sob a égide do Art. 5° do CC vigente, pois a
redação esta com base no CC/16.
Seis meses do conhecimento da autoria (alias esse é um folego que o Delegado possui
para investigar o crime). Deixando passar o prazo ocorre Decadência do Direito de
Representar com Extinção da Punibilidade, ou seja, o prazo é fatal, peremptório e
improrrogável.
Nesta situação, o Juiz rejeitará a Denúncia por falta de justa causa por extinção de
punibilidade, sendo, portanto, uma Decisão de Mérito.
Retratação da Representação
Retratação da Retratação
Equivale a uma nova representação e é possível desde que não tenha ocorrido a
Decadência.
14/03/2015
Dessa forma o artigo acima criou um procedimento judicializado para que a mulher
vítima de violência doméstica renunciasse ao direito de representar. Isto significa que a mulher
vítima de violência doméstica quando pretendesse se retratar da representação ou abdicar-se
do direito de representar deveria fazer na presença do Juiz em uma audiência designada para
tanto com a participação do Ministério Público.
Essa audiência pode ocorrer até o recebimento da Denúncia, ou seja, a Lei deu uma
etapa processual a mais para a mulher refletir se renunciaria ou não a representação. Se optar
por renunciar a representação o Juiz nem recebe a Denúncia, declarando extinta a
punibilidade, agora se ela decide mantê-la ele a receberá e o Processo prosseguirá
normalmente.
Porém desde 2006 verifica-se que o referido artigo não alcançou os objetivos
esperados e apenas tornou o Processo Penal mais burocrático, pois as mulheres continuaram
renunciando ao direito de representação, aumentando a impunidade o que começou a
perturbar o Ministério Público Federal.
Nesse sentido o MPF pelo então PGR ingressou com a ADI 4424-DF.
ADI 4424-DF
Foi a primeira vez que o Supremo utilizou o Processo Penal como inclusão social da
mulher.
o Fundamentos
A ADI 4424-DF foi impetrada no STF buscando que o Art. 16 da Lei 11340/06 fosse
declarado inconstitucional, pois a regulamentação presente nesse artigo estava gerando
impunidade, como vimos acima e, portanto, ferindo a dignidade da pessoa humana do sexo
feminino que fica refém da violência doméstica e violando também a isonomia material, pois
exige da mulher uma postura pró-ativa que muitas vezes ela não consegue por questões
culturais e históricas, em outras palavras a mulher não consegue representar da mesma forma
como o homem.
Essa Petição não foi julgada nem procedente e nem improcedente e o STF manteve o
Art. 16 da Lei 11340/06, porém conferiu uma interpretação a ele em consonância com os
dogmas constitucionais que acabamos de mencionar.
Só que a Lei da Violência Doméstica não mencionou nada sobre o Art. 88 da Lei
9099/95 que alterou a Ação Penal para o Crime de Lesão Corporal Leve de Pública
Incondicionada para Condicionada a Representação, cujo intuito é ser utilizado como barganha
para uma eventual reparação do dano a vítima.
Na prática, o Supremo tornou a Lesão Corporal Dolosa Leve, crime de Ação Penal
Pública Incondicionada, quase que legislando, pois ele modificou a legitimidade ativa do
Direito de Ação, dando ampla legitimidade ao Ministério Público e no Acordão o Ministro
relata que as Mulheres em sua grande maioria são pobres e dependentes do companheiro e,
portanto, não conseguem representar contra eles, nesse sentido, esperar da mulher uma
postura ativa é assumir uma postura discriminatória.
No entanto, essa decisão é válida apenas com relação a Lesão Corporal, o que significa
que se a mulher for estuprada dentro de casa, o crime ainda é de Ação Pública Condicionada a
Representação e é ela que deverá decidir se sua imagem será ferida ou não, aplicando-se a
regra geral do Código Penal.
Aqui o Ministério Público continua sendo o Titular do Direito de Ação, a peça continua
sendo a Denúncia e perdura os princípios da obrigatoriedade, indisponibilidade e da
intranscedencia vistos anteriormente, no entanto, ele (Ministério Público) depende de um ato
liberatório do Ministro da Justiça para que ele possa exercitar o seu Direito de Ação.
Requisição
o Conceito
o Forma
A requisição é pública, dessa forma, deve seguir a forma legal e expressar a vontade do
legislador.
Eficácia
o Hipótese de Cabimento
Outro exemplo que podemos elencar são os crimes praticado por estrangeiros contra
brasileiros fora do país, que também dependem de requisição do Ministro da Justiça, sendo
está uma condição para aplicação da extraterritoriedade da Lei Penal brasileira.
Nestes casos a Lei Penal confere ao Ministro da Justiça o poder de avaliar a situação
política em face ao Processo, ou seja, há uma politização do Direito de Ação.
Não há prazo decadencial para que o Poder Público exerça seu Direito de
Representação, visto que, a decadência é algo que ocorre para o particular e nunca para o
Poder Público, nesse sentido, a requisição pode ser realizada em qualquer momento, salvo se
o crime estiver prescrito.
Retratabilidade da Requisição
Por outro lado, a doutrina majoritária entende que é possível retratação, visto que é
possível revogar qualquer ato do Poder Público desde que exista interesse público. Nesse
sentido, também seria possível a retração da retratação, desde que não tenha ocorrido
prescrição do crime.
22/04/2015
Titularidade
Nesse sentido, é o querelante que ingressara com a Ação Penal, por meio da Queixa
Crime. O fundamento constitucional esta no próprio Art. 129, I, CF que normatiza que cabe ao
Ministério Público Privativamente e não Exclusivamente promover a Ação Penal, ou seja, a
Constituição não faz da Ação Penal um monopólio ao Ministério Público, mas apenas prioriza a
ele o Direito de Ação, o que permite por óbvio que a Lei Penal transfira o Direito de Ação
(Direito de Queixa).
Dessa forma, é o Legislador Penal quem escolhe para quais crimes conferira,
excepcionalmente, o direito de Ação ao ofendido e, nestes casos o Direito de Ação é
transferido integralmente ao particular, enquanto que na Ação Penal Pública Condicionada a
Representação, o Direito de Ação continua sendo do Ministério Público, retirando-lhe apenas a
autonomia para ingressar com a Ação.
O que leva a Lei Penal a criar categorias de crimes cuja Ação Penal é Privada é a Política
Criminal de buscar preservar a imagem da vítima, evitando o strepitus judicii (escândalo do
processo). Ou seja, o Processo pode, em vez de resolver problema, causar maiores danos a
vítima (prejudicando ainda mais sua imagem, honra, etc.), por isso os três crimes contra a
honra são de Ação Penal Privada, em outras palavras, o Legislador precisa dar ao Particular a
possibilidade de determinar se suporta ou não a Ação. Nesse sentido a Ação Pública
Condicionada a Representação possui o mesmo objetivo.
o Jus puniendi
Resumindo a Lei penal transfere ao particular apenas o Direito de Ação e mais nada,
ou seja, não transfere o Jus puniendi por tratar-se de atividade Soberana, exclusiva do Estado.
O Jus puniendi não é concedido ao Particular nem por via reflexa, ou seja, nem que ele
queira influenciar ele não poderá.
A maior prova de que não é possível transferir o Jus puniendi é que não se permite a
negociação da aplicação da pena nas Ações Penais Privadas, ou seja, o Particular não pode
barganhar uma pena, porque ele não é detentor do poder punitivo, o que ele pode na melhor
das hipóteses é desistir da ação, mas não pode transacionar o direito do Estado em punir.
Já o Ministério Público pode transacionar quando a Lei permitir, como é o caso dos
casos levados ao JECRIM cujas Ações são Públicas Condicionadas a Representação, o que
permite inclusive que o Particular tente anteriormente barganhar seu direito de
representação.
Dessa forma, somente o Ministério Público pode barganhar o Jus puniendi quando a
Lei permitir, como no caso do Art. 76 do JECRIM.
Princípios
o Oportunidade
Em contra partida, quando o Ministério Público ingressa com Ação Penal Pública ele
cumpre a vontade da Lei que lhe impõe o dever de acusar, que não pode ser transplantado
para a realidade do ofendido.
Em contrapartida, sempre que a Ação Penal Privada for proposta o Ministério Público
atuará como custos legis (guardião/fiscal da lei), ou seja, ele não será parte, mas será um
interveniente obrigatório. O Ministério Público precisa ficar atento, pois esta acontecendo a
potencial aplicação do Jus puniendi e ele possui a função de fiscalizar a concretização do Poder
de Punir do Estado.
Nesse sentido, o Particular necessita de um fiscal, porque ele pode tentar manipular o
Jus puniendi no ato de exercitar o Direito de Ação, que será explicado mais abaixo.
o Disponibilidade
Nesse sentido, o Ministério Público não pode tomar o lugar do Particular porque como
já dissemos o Direito de Ação Não é dele, salvo uma exceção que é o caso da Ação Penal
Privada Subsidiária da Pública, porque neste caso o Ministério Público sempre foi o legitimado,
tendo sido assumido pelo Particular pela inércia do próprio Ministério Público.
O Querelante pode conceder Perdão se ele quiser, mas o Querelado não é obrigado
aceitar, pois às vezes ele vai querer provar categoricamente sua inocência, evitando a
possibilidade de ser processado posteriormente no campo cível, por um dano sofrido pelo
Autor, visto que a sentença penal faz coisa julgada no civil quando ela é de mérito.
Até este ponto, o regime aplicado a Ação Penal Privada é muito parecido com o
previsto para os procedimentos civis, mas eles se distanciam por conta do ultimo principio
estudado abaixo.
o Indivisibilidade
Dessa forma, no Processo Civil o Particular pode escolher o Réu enquanto que no
Processo Penal não, pois ele esta pautada na Teoria Monista (Art. 29, CP).
Nesse sentido, ou se move a Ação contra todos envolvidos no crime ou não se move
contra ninguém, não sendo possível fragmentar o Direito de Ação.
O princípio da indivisibilidade possui como fiscal o Ministério Público que o faz como
Custos legis. Nesse sentido, não é possível escolher o réu, pois se isso acontecer o Ministério
Público deve pedir a nulidade da Ação, pois não há violação apenas da Teoria Monista, mas
violação do Principio da Isonomia Substancial e a Ação Penal enquanto instrumento
republicano estaria sendo utilizada para satisfazer interesses particulares (Art. 48, CPP).
Art. 48, CPP – A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará
ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua
indivisibilidade.
Peça Inicial
o Queixa Crime
Queixa crime é a peça inicial da Ação Penal Privada, tal qual a Denuncia é da Ação
Penal Pública e, portanto, guarda os mesmos requisitos legais, presentes no Art. 41 do CPP.
Ou seja, há necessidade da narrativa detalhada do fato, o que significa que não são
aceitas acusações genéricas e, caso isso ocorra a queixa será considerada inepta.
Art. 44, CPP – A queixa poderá ser dada por procurador com poderes
especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do
querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais
esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser
previamente requeridas no juízo criminal.
A diferença aqui é que a queixa crime é uma peça assinada por advogado e não pelo
Promotor. Dessa forma, ela é fruto da capacidade postulatória do advogado de ir a juízo
deduzir a pretensão punitiva (que é do Estado).
O Poder que o Promotor possui de elaborar a Denuncia decorre da Lei e o Poder que o
Advogado possui de elaborar a Queixa Crime decorre do contrato (Mandato), nesse sentido o
poder do Promotor é legal e do Advogado é contratual.
O vinculo contratual faz o advogado ficar mais vulnerável ao exercer sua função
acusatória, no sentido de poder ser responsabilizado se realizar uma acusação indevida, dessa
forma, o Art. 44 do CPP traz uma exigência formal em defesa do advogado ao exigir que na
procuração outorgada ao advogado há a necessidade de conter a narrativa do fato criminoso
em seu corpo, pois caso contrário a Queixa Crime é considerada nula, como se não existisse
um advogado assinando.
Se não houver ocorrido a prescrição civil de 3 anos da data do fato, é possível ainda o
ajuizamento civil para a reparação do dano. Ou seja, a decadência não possui o condão de
enfrentar o mérito, ou seja, não há julgamento de mérito, apenas se declara a impossibilidade
de se punir, então uma decisão que reconhece a extinção da punibilidade não faz coisa julgada
na esfera civil podendo ser rediscutido judicialmente nesta esfera.
05/05/2015
Até agora estávamos estudando a Ação Penal Privada Propriamente Dita, que é a
regra, hoje vamos diferencia-la das outras duas.
Neste caso, há uma maior restrição legal do Direito de Queixa, pois aqui ele é
intrasferível, ou seja, somente o ofendido e mais ninguém pode exercê-lo, não existindo co-
titularidade. Por isso, nas hipóteses em que a vítima for menor, o termo inicial para a
contagem do prazo de decadência não será o do conhecimento da autoria, mas sim, o
momento em que ela completar 18 anos e possa ingressar com Ação Penal.
A palavra subsidiaria deve ser vista como complemento e não como substituição. Esta
Ação, antes de tudo é Clausula Pétrea, estando prevista no Art. 5°, LIX, CF e Art. 29, CPP e
acaba por relativizar a regra do Art. 129, I, CF, tutelando o direito do indivíduo de não
conviver com a impunidade diante da inércia do Ministério Público.
Art. 5°, LIX, CF – será admitida ação privada nos crimes de ação
pública, se esta não for intentada no prazo legal.
Art. 29, CPP – Será admitida ação privada nos crime de ação pública,
se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério
Público, aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva,
intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova,
interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.
Nesse sentido, após o Inquérito Policial ser relatado para o Ministério Público, se ele
ficar inerte por 15 dias sem se manifestar, ocorre uma ampliação momentânea da legitimidade
ativa da Ação Penal que perdura por 6 meses. Sendo assim, o termo inicial para a ampliação de
legitimidade é a cessação do prazo de 15 dias para que o Ministério Público tome alguma
providencia, comprovando sua inercia.
Resumindo:
E isso nos leva ao raciocínio subsequente de que o Ministério Público pode entrar na
Ação em qualquer fase do Processo, para praticar qualquer ato que ele praticaria se tivesse
ingressado com a Ação. E o Poder do Ministério Público é tanto, que ele pode inclusive
repudiar a Queixa Subsidiária e oferecer uma Denúncia Substitutiva, pode aditar a queixa, ou
ainda atuar em litisconsorte com o querelante, pois aqui continua vigorando o Princípio da
Obrigatoriedade e Indisponibilidade do Ministério Público. Nesse sentido, a qualquer tempo
dentro do Estado de Direito é bem vindo o cumprimento da Lei pelos Órgãos Públicos.
Com relação ao Ministério Público ficar inerte, significa que ele não fez nada, pois caso
ele peça o arquivamento, em regra, não caracteriza inércia, visto que, apenas o arquivamento
implícito (objetivo ou subjetivo) implica em inércia do Ministério Público. O arquivamento
implícito ocorre quando o Ministério Público deixa de acusar todos os crimes ou todos os
coautores do crime, mas também não pede para arquivar ou para realizar novas diligências,
dessa forma, nestes casos há a possibilidade da Ação Penal Privada Subsidiária da Pública. Em
outras palavras, no que se refere a parcela cujo Ministério Público permaneceu inerte, abre-se
a possibilidade da legitimidade ativa do ofendido e caso ele ingresse com a Queixa Crime o Juiz
mandará juntar os Processos, visto que haverá um litisconsorte passivo (réus) e unitário (pois
se condenar um condena-se todos).
Este acordo é muito semelhante à Transação Penal, no entanto, aqui o delito é de alta
periculosidade. Na elaboração do acordo mitiga-se o direito à autodefesa, já que a colaboração
precisa ser irrestrita, bem como o Princípio da Obrigatoriedade e caso o Juiz não concorde em
homologar o acordo ele aplica as normatizações que aduz o Art. 28 do CPP.
Em resumo a Ação Penal nos crimes contra a dignidade sexual era complicado o
Supremo descomplicou, no entanto, posteriormente a criação de uma nova Lei voltou a
complica-la.
Pedação Antiga
Só que o detalhe era que o Ministério Público ingressava com a Ação somente quando
o Estupro deixava no mínimo pequenas escoriações no corpo da mulher (lesões leves), o que
na maioria dos casos ocorria, porque em 1995 o Art. 88 a Lei 9099 manteve a Lesão
Corporal Leve como crime de Ação Penal Pública Condicionada.
Com isso os Promotores justificavam sua atuação dizendo que se nos crime de Lesão
Corporal Leve eles eram legitimados a ingressarem com a Ação, não havia sentido nos casos de
estupro em que houvesse Lesão Corporal eles não terem legitimidade. Bem verdade que lá a
Ação é condicionada a representação, mas para superar esse obstáculo eles argumentavam
que aqui havia o Estupro e a Lesão Corporal por isso ele estava ingressando com a ação.
Este fato chegou ao Supremo que editou a Súmula 608 que aduz que o Estupro com
Violência Real (qualquer Lesão Corporal por mais leve que seja) tratava-se de um crime de
Ação Penal Pública Incondicionada e certamente ele apenas não editou uma Súmula
Vinculante porque ela não existia na época.
Este artigo possui uma redação péssima, visto que, ele apenas normatiza que nos
crimes complexos quando um dos crimes for de Ação Penal Pública o complexo também será.
Sendo assim, no crime de Estupro temos o Constrangimento aliado a Conjunção Carnal e, o
Constrangimento é crime cuja Ação Penal é Pública Incondicionada, no entanto a Conjunção
Carnal não é crime, não podendo ser considerado um crime complexo. Assim o STF foi na
legislação italiana e percebeu que existem dois tipos de crimes completos, o crime complexo
em sentido lato e em sentido estrito e, sob esta nova análise o crime de estupro é um crime
complexo em sentido lato.
Este entendimento estava muito bem até chegar a Lei 12015/09 que foi muito boa
no aspecto penal, incluindo o homem como uma possível vítima do crime de Estupro bastando
que ele sofresse qualquer ato libidinoso em um de seus orifícios e não permitindo que
houvesse Abolicio criminis porque não se revogou o Atentado Violento ao Pudor.
No entanto, com relação ao aspecto processual a referida Lei foi muito mal elaborada,
primeiro porque que ela alterou o Art. 225, CP e transformou a Ação no crime de Estupro em
Ação Penal Pública Condicionada a Representação, passando a legitimidade ativa para o
Ministério Público, no entanto, não houve a estipulação de uma norma de transição e como
antes quem deveria propor a Ação era a própria vítima, levou as Ações em curso a sofrerem
uma anulação em massa.
O correto nestes casos seria estabelecer uma norma de transição onde a vítima fosse
intimada a representar no prazo de 30 dias para que o Ministério Público continuasse o
processo daquele ponto para frente, no entanto, sem essa norma para corrigir o polo ativo da
demanda, tecnicamente um Habeas corpus anularia os atos praticados por ilegitimidade ativa.
Outro problema seríssimo do Art. 225, CP é que o crime de Estupro com resultado
morte, também possuía Ação Penal Pública Condicionada a Representação, dessa forma, se a
vítima não deixar parentes, não haveria legitimados para representar e o crime seria
impunível, em outras palavras, o indivíduo Estupraria, mataria e poderia sair impune.
Por conta destas situações que quando a Lei 12015/09 entrou em vigor,
imediatamente o Procurador Geral da República ingressou com à ADI 4301 no STF
apresentando a inconstitucionalidade da referida Lei no âmbito Processual Penal, fundando-se
nas seguintes razões:
1) A Lei 12015/09 ao mudar a Ação Penal nos crimes contra a Dignidade Sexual,
viola a Dignidade da Pessoa Humana, pois deixa desprotegida a liberdade de
opção sexual, em outras palavras, os maiores possuem liberdade de se
autodeterminarem a fazer sexo com quem desejarem e essa liberdade estava
sendo vilipendiada com o advento da referida Lei;
Como a ADI 4301 não foi julgada, os Promotores continuam atuando com base na
Súmula 608, e é muito provável que a Ação seja julgada procedente e gere uma Súmula
Vinculante sobre o assunto.
As mulheres que por sua vez estavam com Ação em curso, aplica-se analogicamente o
Art. 91 do JECRIM que possui o propósito de corrigir o polo ativo da demanda, devendo ser
intimadas para que representem em 30 dias, sob pena de extinguir a punibilidade.
Art. 91 da Lei 9099/95 – Nos casos em que esta Lei passa a exigir
representação para a propositura da ação penal pública, o ofendido ou
seu representante legal será intimado para oferecê-la no prazo de 30
(trinta) dias, sob pena de decadência.
06/05/2015
Premissas
Estes quatro institutos não se aplicam em hipótese alguma para as Ações Penais
Públicas Incondicionadas que só estão sujeitas a Prescrição e nada mais.
Renúncia
Decadência
Perdão do Ofendido
O Perdão do Ofendido nada mais é do que uma proposta formulada pelo Querelante
ao Querelado no sentido de dispor da Ação Penal Privada, em outras palavras é uma forma de
desistência da Ação Penal Privada motivada pelo Autor (Querelante). No entanto, este ato
processual é bilateral (receptício), dessa forma, ele só produz efeitos com aceitação do
querelado.
Caso o Querelado fique em silêncio por 3 dias após ter sido intimado acerca do perdão,
pressupõe que ele consente com o perdão (aceitação tácita). Sendo assim, se o Querelado não
quiser o perdão possuirá 3 dias após sua intimação para nega-lo expressamente.
A não aceitação do perdão justifica-se quando o Querelado deseja lutar por uma
Sentença Absolutória Categórica, pela Declaração da Inocência no Mérito, em outras palavras
o Querelado não aceita o perdão, porque na verdade ele sabe que não praticou nada contra o
Querelante e quer provar isso, até porque a sentença que reconhece o perdão extingue a
punibilidade, mas não declara a inocência e os fatos podem ser rediscutidos no campo cível
através de uma Ação de Reparação de Danos e com uma Sentença Absolutória Categórica o
Querelado poderá opô-la contra o Querelante pelo resto da vida.
Uma última observação importante é que o Querelante quando for vítima de um crime
praticado em concurso de pessoas, por conta do Princípio da Indisponibilidade, não pode
propor o perdão para um e não propor para os demais. Já no polo passivo não há
indivisibilidade no que tange a aceitação do perdão, dessa forma, um Querelado poderá
aceitar e o outro não sem nenhum problema. A aceitação, portanto é divisível, no entanto a
proposição é indivisível.
Perempção
Nesse sentido, se o Querelante pedir para absolver no mérito ao invés de pedir para
condenar o Juiz declarará a Ação Perempta, porque o Querelante conforme normatização legal
só possui a premissa de pedir a condenação.
Inciso IV – Quando ocorre a dissolução da Pessoa Jurídica (Autora da Ação) sem deixar
sucessor, pela desconstituição da Personalidade Jurídica extingue-se a capacidade de estar em
juízo e, portanto, não haveria mais ninguém litigando, o que torna a Ação Perempta.
Introdução
Prejudicialidade Externa
Este conceito é complexo, porque envolve outros conceitos, pois para entender o que
é prejudicialidade externa temos que entender o que é prejudicialidade interna, para entender
o é prejudicialidade interna temos que entender o que questão controversa, para entender a
questão controversa temos que entender o que é ponto controvertido e para entendermos o
que é ponto controvertido temos que entender o que é ponto.
Ponto é toda afirmação no Processo, nesse sentido, o Autor vai ao juízo e faz uma
afirmação e o Réu vai a juízo e afirma outro ponto. Todo ponto pode ter um contraponto, visto
que o processo é dialético discutido em contraditório, quando isso acontece nós temos o
chamamos de questão. Quando o ponto não possui um contraponto é um ponto incontroverso
ou pacifico (não gera questão). Os Juízes adoram os pontos pacíficos, pois diminui as
quantidades de questões que ele tem que resolver, visto que a vida do Juiz é dirimir questão,
verificar quais pontos devem prevalecer no Processo e os efeitos dessa prevalência.
Quando os pontos tratam de afirmação fática o Juiz depende de prova, já com relação
as questões de direito não demandam prova pois o Juiz conhece o direito (Exercer a jurisdição
= dizer o direito), em outras palavras a questão de direito é dirimida pela convicção do Juiz.
Pode acontecer de uma questão refletir na outra e ter uma relação de anterioridade
lógica em relação a outra, quando isso ocorre e trata de direito material estamos diante do
que chamamos de questão prejudicial.
Dessa forma, existe uma questão de prejudicialidade entre a Ação Penal e a Ação Cível,
visto que quando o Juiz Penal declara que fulano é autor do crime de homicídio do qual ficou
comprovada a materialidade, ninguém vai rediscutir o fato na esfera cível, sendo verificado
nesta última esfera apenas o valor da indenização.
Ninguém rediscute o caráter fático da Ação Penal, porque a sentença penal traz mais
confiança e certeza, ao passo que tem policia investigando, prova robusta sendo produzida, a
busca da verdade real, a lide é indisponível, o Promotor acusa com base na Lei, a Defesa é
realizada com base na Lei, a lide é programada pelo ordenamento jurídico ao passo que por
outro lado a sentença cível é muito mais baseada em presunções, não há uma investigação
profunda do fato, visto que tudo que o Autor afirmou e o Réu não contestou é verdade
independente de ser provado e isso ocorre porque o direito é disponível. No Processo Penal o
direito é indisponível, a verdade deve vir a tona no seu nível máximo de certeza.
Jurisdição Una
Além do Princípio da Jurisdição Una, em que a Jurisdição deve ser harmônica e não
contraditória, há ainda o Princípio da Independência entre as Instâncias Cíveis e Criminais.
Este princípio aduz que cada fato possui um tipo de resposta estatal. Mas esta
independência não é absoluta, encontrando um limite, que é a causa de pedir fática (o que
aconteceu de fato), pois o que aconteceu, aconteceu para o Juiz criminal e para o Juiz cível, ou
seja, a base fática é a mesma, só por isso que o principio da independência entre as instancias
não é absoluto.
SENTENÇA ABSOLUTÓRIA
Dubitativa
Também chamada de non liquet (ausência de solução concreta para o caso). Esta
sentença é baseada na insuficiência de provas da autoria ou materialidade do crime. Aqui o
Juiz absolve de forma sucinta, pois não há muito o que valorar, o que analisar e nem pena para
dosar, é uma sentença vazia de conteúdo jurídico, por conta disso, não faz coisa julgada no
cível, visto que ela não decide sobre o fato por não existir provas para declara-los.
Categórica
SENTENÇA CONDENATÓRIA
Esta sentença só pode ser prolatada com base no juízo de certeza acerca da culpa do
agente e da materialidade do crime. A sentença penal condenatória possui dois capítulos: o
capitulo do fato e o capítulo da pena, onde no primeiro o Juiz descreve o fato e as provas e no
segundo ele dosa a pena pelo sistema trifásico.
Este Título é certo e exigível, no entanto é ilíquido, não sendo possível a execução
direta. Dessa forma, faz-se necessário uma Ação de Liquidação (Art. 475-N, II do CPC), pois a
sentença traz a certeza da dívida, mas não a quantifica, em outras palavras ela fornece o an
debeatur, mas não o quantum debeatur. Por fim, a execução esta prevista no Art. 475-J do
CPC.
Art. 472, CPC – A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é
dada, não beneficiando, nem prejudicando terceiros. Nas causas
relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados no processo,
em litisconsórcio necessário, todos os interessados, a sentença produz
coisa julgada em relação a terceiros.
Sendo assim, imaginemos uma situação de legítima defesa com Aberratio ictus, onde
“A” estando armado ataca “B” que começa a se defender em legitima defesa, toma a arma de
“A” e atira contra “B”, mas atinge “C” que não tinha nada a ver com a história. Neste caso, “B”
será Réu no processo e uma vez comprovando que estava agindo em legitima defesa será
absolvido através de uma sentença absolutória categórica que reconheça a legitima defesa,
mas, como “C” não participou da Ação Penal que foi promovida pelo Ministério Público, não
poderá utilizar a sentença em seu favor e entrar diretamente com uma Ação de Liquidação
contra “A”, sendo necessário que ele ingresse com uma Ação Cível contra “B” que deverá
regressar contra “A”.
12/05/2015
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
JURISDIÇÃO
Conceito
Sendo assim, o propósito da Jurisdição é pacificar a sociedade, mas sua função não se
resume a isso, pois ela possui um papel fundamental que é servir de pilar para o Estado de
Direito, visto que nada adiantaria criar Leis caso elas não fossem aplicadas, por isso o Judiciário
tem a função de fazer valer a norma.
o Poder Legislativo
Se fossemos criar um Estado o primeiro poder a ser criado seria o Legislativo, pois é
através de Leis que o Estado se auto organiza, concretizando a vontade do grupo. Por isso há a
necessidade de existir um grupo de pessoas representando a coletividade que ditam as
normas do Estado.
É o Legislativo que possui o papel de edificar, estruturar a Ordem Jurídica para que os
outros dois poderes apliquem o ordenamento.
o Poder Executivo
O Executivo aplica a Lei em situação de paz e a aplica sem ser provocado, ou seja,
agindo de ofício. Fazendo isso ele estará cumprindo seu dever legal sem existir conflitos de
interesse.
O Executivo aplica as Leis de forma parcial, com o intuito de atingir seus próprios
objetivos, que é administrar o Estado, no entanto, as vezes ao aplicar a Lei ele viola direitos,
justamente por visar seus próprios interesses.
Fato é que todo ato do Poder Executivo deve ser pautado em Lei, pois ele deve agir
em nome do povo e o povo se faz representar pelas Leis.
o Poder Judiciário
O Poder Judiciário quando exerce Jurisdição aplica a Lei tendo como pressuposto um
conflito de interesses, sendo assim, o Judiciário aplica a Lei para solucionar o conflito e tutelar
a ordem jurídica, protegendo direitos que é a grande meta do judiciário.
Como dissemos acima, o Executivo aplica as Leis, as vezes passando por cima do
direitos, por isso que a maioria das Ações no Judiciário envolvem o Poder Executivo que
embora execute atos pautados na Lei muitas vezes são contrários a Justiça.
O Poder Judiciário é o único poder que profere suas decisões com caráter de
definitividade e imutabilidade quando esta exercendo Jurisdição, isso significa, que o que
aconteceu no passado predomina sobre o que acontecer no futuro, tendo uma lógica
totalmente inversa dos outros dois poderes. Por exemplo, em se tratando do Legislativo se
hoje esta em vigor uma Lei A e amanha entra em vigor uma Lei B contrária a Lei A, em regra a
Lei A deixa de ter validade; no mesmo sentido em se tratando do Executivo se hoje esta em
vigor um Decreto C e amanha entra em vigor um decreto D contrário ao Decreto C, em regra o
Decreto C deixa de ter validade; por fim o Judiciário se uma decisão transitou em julgado hoje,
se posteriormente for impetrado uma nova Ação idêntica a anteriormente julgada, essa nova
Ação será extinta e permanecerá vigendo a decisão anterior. O Judiciário possui a prerrogativa
de produzir decisões com eficácia imutável e definitiva, porque é o único Poder que exerce
Função Estatal Contramajoritária.
Nesse sentido, o Juiz pode defender grupos minoritários, promover inclusão social,
pois o compromisso que o Juiz possui é com os Direitos Fundamentais, protegendo negros de
quilombolas, as mulheres espancadas no lar, o nascituro, os índios, dessa forma, ele pode
estabelecer compromissos com grupos minoritários que não possuem condições para se
organizarem politicamente para conseguirem representatividade no Congresso Nacional.
Em resumo, o compromisso do Juiz não é com maiorias, mas sim com as minorias que
tem seus direitos vilipendiados.
Princípios
o Inércia
o Investidura
O poderoso não é o Juiz, mas sim o Estado que confere o seu poder ao Juiz, o Estado
sim é poderoso o Juiz é apenas exercente do Poder, isto porque o Poder Judiciário é
Republicano, sendo concedido ao Juiz a possibilidade de exercê-lo, no entanto ele deve prestar
contas do Poder que exerce. O Poder do Juiz é instrumental, ou seja, serve para que ele
trabalhe e não para abusar, por isso os Juízes são controlados pelo próprio Judiciário através
das vias recursais.
o Indeclinabilidade
Não pode haver pretexto para não julgar. Nenhum Juiz pode se furtar (deixar) a julgar
as causas que lhe compete. O Juiz possui o dever processual de prestar jurisdição, de julgar a
demanda. O pior Juiz não é o que julga mal, mas sim o que não julga, pois para o que julga mal
há o recurso, agora contra os que não julgam não há o que fazer.
o Indelegabilidade
O Poder do Juiz não é dele é do Estado e o Juiz é investido do Poder por força da
Constituição, dessa forma, ele não pode delegar esse poder a ninguém, por ato de vontade
própria, visto que, como já dissemos ele não é dono do Poder e o Estado só pode conferir esse
Poder com base na Lei, portanto, o Juiz somente poderá transferir o Poder Jurisdicional para
outro Juiz nas hipóteses em que a Lei autorizar.
o Improrrogabilidade
O Juiz não pode modificar seu campo decisório, seu âmbito de poder de modo a
aumentar sua abrangência ou reduzi-la e, por outro lado também não pode ter o seu Poder
usurpado por outro Juiz. A decisão que recai nessa margem de usurpação de poder é nula
porque viola o Principio da Improrrogabilidade.
o Unidade
o Jurisdição Necessária
Coloca a Jurisdição como via exclusiva para aplicação do Direito Penal, ou seja, só se
aplica o Direito Penal na vida das pessoas pela Jurisdição, não existindo outro caminho, não
existindo substituto processual. Direito Penal é direito de coação indireta, não é auto aplicável,
ou seja, sempre dependerá da Jurisdição para acontecer na vida das pessoas.
Fundamentos
A Constituição dividiu e escalonou o Poder Judiciário para não haver abusos, aliás a
Constituição faz isso com todos os Poderes e não só com o Judiciário, por exemplo, no
Legislativo Federal temos o Senado e a Câmara dos Deputados e dentro delas as Comissões
Temáticas, além da divisão do Legislativo nas três esferas do Poder (Federal, Estadual e
Municipal) que também ocorre com o Executivo.
Por isso, temos receio com Justiças Especializadas, pois, em regra, são Justiças de
aplicação do Direito Material pronto, por exemplo, o que é uma Vara do Trabalho se não uma
vara especializada em condenar o empregador, nesse sentido, a Justiça padronizada tenderia a
um Tribunal Exceção.
13/05/2015
Como não há crime trabalhista, excluímos o TST e ficamos com apenas 3 tribunais,
nesse sentido, se o crime não for militar ou eleitoral trata-se de crime comum e, portanto,
sujeita-se ao STJ que esta acima dos Tribunais Regionais.
Dessa forma, ao estabelecermos que o crime não é eleitoral ou militar e que ele não é
de competência da Justiça Federal, tratar-se-á, por exclusão de um Crime Comum Estadual e o
próximo passo será analisar se há foro por prerrogativa de função.
A quarta analise a ser realizada encontra-se no Código de Processo Penal e diz respeito
a Competência Territorial.
o Prorrogação de Competência
Há também, a prorrogação voluntária implícita, que ocorre quando a parte não opõe
exceção de incompetência relativa nos casos onde caberia essa exceção, concordando com o
“equívoco” no ajuizamento e, fazendo isso, preclui a possibilidade dessa alegação no futuro.
Nesse sentido, no caso de um crime praticado e consumado em Pirapozinho que o Ministério
Público promova Ação em Prudente, caso o Advogado de defesa não diga nada, a
incompetência territorial relativa é sanada pela prorrogação voluntaria implícita e o foro de
Prudente passa a ser absolutamente competente.
o Delegação de Competência
É possível que o Juiz transfira o Poder Jurisdicional para outra pessoa, desde que a Lei
autorize. A Delegação pode ocorrer para alguém dentro do próprio Judiciário ou para alguém
que esta fora dele.
Aqui o Juiz transfere o Poder Jurisdicional para outro Juiz. Ex. Carta precatória ou
substituição automática pelo Juiz substituto.
A regra para o lugar da infração encontra-se no Art. 70 do CPP elencado acima que
nos aduz a Teoria do Resultado, ou seja, o lugar para se ingressar com a Ação será onde o
crime se consumou, nesse sentido, se o crime for formal, de mera conduta ou teve seu
resultado no mesmo local da conduta será muito fácil determinar o lugar da infração. O
problema aparecerá nas situações seguintes:
o Crimes à Distância
Crimes à distância é gênero, dos quais os delitos plurilocais e de espaço máximo são
espécies.
Delitos Plurilocais
Nesse sentido, aqui há uma fragmentação do iter criminis, dessa forma, quando o
resultado é consumado fora do Brasil, o foro competente será onde for praticado o último ato
de execução dentro do Brasil.
No caso dos crimes cibernéticos, o lugar da infração será onde estiver localizado o IP,
caso ele não seja localizado, será o do domicilio do Réu que é considerado foro subsidiário.
Por fim, quando o crime começa a ser executado no exterior e se consuma no Brasil, o
foro competente será o do local de consumação ou onde ele deveria ter se consumado no caso
do crime tentado.
o Tentativa
Como não há consumação, o foro competente será o lugar do último ato de execução.
Crime de Homicídio
Mesmo que o resultado se de em outra comarca, o júri será realizado no local onde foi
praticado a conduta, por uma questão probatória e para que se de exemplo, legitimando
democraticamente o Júri, visto que os próprios cidadãos daquele local é que vão decidir acerca
do futuro do Autor do crime.
Aborto
O lugar da infração não será onde o feto for expelido, mas sim no local onde for
realizada a manobra abortiva. Alias depois dessa pacificação a jurisprudência estendeu esse
entendimento para todos os crimes dolosos contra a vida (Art. 121 a 124 do CP), sendo
assim, em todos eles adotaremos a teoria da conduta e não do resultado.
Neste caso o crime se consuma no local onde o indivíduo faz uso do documento falso,
no entanto, o juízo competente será o do local onde a falsificação foi realizada, sendo mais
uma exceção a teoria do resultado.
Quando houver incerteza quanto aos limites de Jurisdições, não havendo um marco
exato diferenciando-as ou mesmo por não conseguirmos definir exatamente onde ocorreu a
conduta e onde ocorreu o resultado, ou seja, o crime ocorrer em um espaço indefinido será
competente o Juiz que primeiro tomar conhecimento do fato.
A prevenção não é fixada pelo ajuizamento da Ação no Penal, mas sim pelo
conhecimento do fato junto ao Juiz. Nesse sentido, o primeiro Juiz que tomar conhecimento
do flagrante, determine busca e apreensão, será considerado prevendo, sendo assim, a
prevenção se da com a distribuição do inquérito sem haver se quer Ação.
Nestes casos, também aplicamos a prevenção, ou seja, o Juiz que primeiro tomar
conhecimento da cadeia continuativa do delito será o competente, dessa forma, mesmo que o
Réu venha tentar uma prorrogação de foro dizendo que estava em outra comarca não obterá
sucesso.
o Foro Subsidiário
Nas hipóteses em que não sabemos o local da infração, o domicilio do Réu será o foro
subsidiário/complementar a ser utilizado.
Nas hipóteses que o Réu tiver mais de um domicilio, utilizaremos a prevenção. E caso o
Réu seja um andarilho, sem domicilio, o foro competente será o do local onde ele for
localizado.
o Foro Optativo
Ao lado do foro subsidiário temos o foro optativo previsto no Art. 73, CPP que é
próprio das Ações Penais Privadas.
19/05/2015
O primeiro grupo de crimes que possuem competência pela natureza da infração são
os Crimes Dolosos Contra a Vida, que são julgados pelo Tribunal do Júri, além dele existe
ainda os Crimes Eleitorais que são julgados pela Justiça Eleitoral, os Crimes Militares que são
julgados pela Justiça Militar, e os Crimes de Menor Potencial Ofensivo cuja competência é do
JECRIM, sendo estas as justiças especializadas.
O Crime de Latrocínio, não vai a Júri Popular porque não é considerado Crime Doloso
Contra a Vida, mas sim Crime Contra o Patrimônio, conforme prevê a súmula abaixo.
A Distribuição ocorrerá pela pratica de qualquer Ato Jurisdicional ainda que durante o
Inquérito Policial. Qualquer Juiz que praticar um Ato Jurisdicional no Inquérito se torna
Prevento, pouco importando, inclusive, se foi violada a Competência Territorial em razão do
local da infração.
Conceito / Fundamentos
A Conexão e Continência caracterizam-se por elos, vínculos legais que unem delitos e
pessoas e, nestes casos, teremos que analisar qual dos Juízes vai exercer Prorrogação de
Competência sobre o outro. Nesse sentido, o foro mais forte é denominado Foro Prevalente.
texto Constitucional, mas a Conexão e Continência não possuem essa “moral” toda por
estarem previstas apenas no plano Infra Constitucional.
Nesse sentido, caso um Crime Eleitoral e um Crime Doloso Contra Vida estiverem
conexos, nenhum dos dois prorrogará sua Competência, havendo cisão e cada um será julgado
pelo foro competente conforme previsto na Constituição Federal.
Conexão Penal
A palavra ocasional é muito boa, pois lembra o chavão popular “que a ocasião faz o
ladrão”. E é mais ou menos isso que ocorre na Conexão Penal Intersubjetiva por
Simultaneidade ou Ocasional, por exemplo, cada um dos indivíduos que furtam a carga de um
caminhão lotado de latinhas de cerveja logo após um acidente, estarão interligados por esta
Conexão.
Nesse sentido, essa conexão não se baseia na Teoria Monista, no plano conjunto do
crime, pois cada um pratica seu crime individualmente, com suas particularidades, por
exemplo, no caso do caminhão acidentado acima teve um que furtou só uma latinha, outro 4
caixas, teve outro que furtou o toca fitas do caminhão. Sendo assim, o Juiz individualizara a
pena para cada um, só que todos serão autuados no mesmo Processo, o Promotor formara
uma única denuncia narrando todos os fatos e o Juiz proferirá uma sentença com vários
capítulos condenatórios individualizando a pena para cada um dos participantes. A razão disso
é o aproveitamento processual, visto que todos estarão envolvidos em um único contexto.
Neste sentido, quando temos dois ou mais crimes interligados pelo concurso de
agentes, estaremos diante de uma conexão intersubjetiva por concurso de agentes.
Por Reciprocidade
É a hipótese mais rara de acontecer, pois aqui os Sujeitos Ativos e Passivos do crime
são ao mesmo tempo Autores e Vítimas, por exemplo, o Crime de Rixa ou Lesão Corporal
Recíproca. Agressor e vítima responderão conjuntamente pelos crimes em um só Processo.
Na Conexão Penal Objetiva a relação de conexão não ocorre entre os sujeitos, mas sim
entre os crimes, inclusive, neste caso, podemos ter um único agente praticando mais de um
crime e estes crimes serem conexos.
Sendo assim, a Conexão Objetiva está ligada aos Delitos quando um crime está
conectado ao outro. No entanto, ela não se aplica aos Crimes Consuntivos ou Progressivos,
justamente por não existir a prática de dois crimes nestas situações, por exemplo, em um
Crime de Homicídio não há o Crime de Agressão Corporal em conexão, temos um crime só,
com lesões progressivas a um bem jurídico.
Teleológica ou Finalística
O verbo aqui é facilitar, ou seja, pratica-se um crime com a finalidade de facilitar outro
crime, o crime anterior é facilitador do posterior, mas não há relação de crime meio e crime
fim.
Por exemplo, o indivíduo que mata o marido com a finalidade de estuprar a mulher, os
dois crimes terão Conexão Objetiva Teleológica, por essa razão ele é qualificado e o Tribunal
do Júri atrai a competência de ambos.
Consequencial
Por exemplo, imaginemos um indivíduo que esta praticando um furto e é visto por
uma testemunha e para garantir a impunidade resolve matar a testemunha.
Sendo assim, não faria sentido nos crimes onde há Conexão Processual serem julgados
em processos independentes, cada um tendo que fazer provas de suas constatações, visto que
é mais viável fazer uma única instrução e toca-los juntamente.
Continência
Continência significa uma coisa que contém outra, portanto, teremos uma única
infração penal, no entanto, há contida nela mais de um agente ou mais de um resultado lesivo.
Em outras palavras, temos uma única conduta típica podendo ser desdobrada para
vários coautores e/ou com vários resultados lesivos.
Nada mais é que o concurso de agentes na hora de praticar um delito. Por exemplo,
João e José em conluio quebram a janela do veículo e furtam o cd player, ou seja, temos um
único crime, praticado em concurso de agentes.
Concurso formal
É o caso, por exemplo, de um atropelamento de duas ou mais pessoas, pois neste caso,
não haverá um Júri para julgar cada morte, mas sim um único Júri para julgar todos os
resultados lesivos.
Erro na execução
Aqui temos o caso do agente que quer atingir a integridade física de alguém, mas
acaba atingindo o patrimônio ou vice versa.
20/05/2015
Conforme as regras dispostas acima, veremos qual Juiz fará prevalecer sua Jurisdição
sobre a do outro, ou seja, as regras servem para identificarmos o foro mais forte denominado
prevalente, no entanto, em alguns casos haverá cisão, pois se o conflito ocorrer entre dois
foros constitucionais, mesmo que haja conexão ou continência, estas regras não prevalecem
por tratar-se de regras infraconstitucionais.
O Júri é o foro mais atrativo que temos no Sistema Processual, portanto, comumente
absorve crimes conexos, pois além de ser um foro constitucional é cláusula pétrea e o rito é o
mais solene que existe, possibilitando discutir a fundo qualquer crime. Por fim vale ressaltar
que o Tribunal do Júri, se vale da Plenitude de Defesa, o que acaba por ampliar a possibilidade
de Defesa para todos os crimes.
Dessa forma, o Júri é prevalente sobre a Justiça Comum, portanto, caso o agente
tente ou consuma qualquer outro crime conexo ao doloso contra a vida, quem julgará ambos
será o Tribunal do Júri.
O Júri, apenas não terá força atrativa contra foros constitucionais, dessa forma, se o
crime doloso contra a vida tiver conexão com crimes militares ou eleitorais, não serão atraídos
pelo Tribunal Júri, por exemplo, caso o fiscal eleitoral autue um candidato e ele o mata em
razão disso, o crime eleitoral será julgado para na Justiça Eleitoral e o doloso contra vida pelo
Tribunal do Júri. O mesmo ocorre com os foros por prerrogativa de função, dessa forma, caso
um Prefeito que possui foro por prerrogativa mata alguém em conluio com um capataz, o
Prefeito será julgado pelo Tribunal de Justiça do Estado e o capataz pelo Tribunal do Júri.
É possível que a Constituição Estadual crie foros por prerrogativa de função para suas
autoridades, por tratar-se de uma norma simétrica, nesse sentido, o Estado Membro possui a
liberdade para se auto organizar e determinar quais autoridades serão julgadas pelo seu
Em resumo, quando o indivíduo (com prerrogativa) comete o crime sozinho ele possui
o foro dele, dessa forma será julgado pelo Tribunal de Justiça do Estado, no entanto, quando
ele comete o crime com outro cidadão (sem prerrogativa) ele é puxado por conexão porque o
Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa estadual.
Vale ressaltar que o foro por prerrogativa é especializado, dessa forma, caso um
Prefeito pratique um Crime Eleitoral, será julgado pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral), já se o
Crime for Federal, será julgado pelo TRF (Tribunal Regional Federal) de seu Estado.
Sendo assim, caso um Prefeito em conluio com um capataz cometa um crime doloso
contra vida com o objetivo de encobrir um crime eleitoral, pelo homicídio o Prefeito será
julgado pelo Tribunal de Justiça enquanto que o capataz pelo Tribunal do Júri, já em relação ao
crime eleitoral o Prefeito será julgado pelo TRE e o capataz pela Justiça Eleitoral em 1°
Instância, não havendo conexão ou continência, pois estas situações já foram pacificadas pela
jurisprudência do Supremo.
Neste caso foros de Juízes que possuem competência territorial em 1° instância, por
exemplo, um indivíduo que rouba em Presidente Prudente – SP e leva o produto do crime para
um receptador em Pirapozinho – SP, em um primeiro critério de verificação do foro
prevalente, pelos crimes possuírem Conexão Instrumental, deverão ser julgados onde houve a
prática do crime com pena maior.
Vale ressaltar, no entanto, que se houver violação das regras de prevenção não
caracterizará nulidade do Processo, ou seja, caso o juízo prevento seja o de Pirapozinho – SP,
mas o Ministério Público optar por ajuizar a Ação Penal em Presidente Prudente – SP, se o
advogado dos Réus não impetre Exceção de Incompetência, o juízo de Presidente Prudente
será o competente para julgar o caso.
Sendo assim, a Súmula acima trata a Justiça Federal como sendo um pouco mais
especializada que a Estadual, por isso ela atrairia as demandas conexas.
Em resumo, em que pese a Justiça Federal fazer parte da Justiça Comum sua
competência é definida pela Constituição, dessa forma, respeita-se a regra de que não haverá
prorrogação da competência de um foro constitucional sobre outro também constitucional. O
mesmo ocorre com o JECRIM que também possui competência definida na Constituição.
SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA
Aqui mesmo que exista conexão, haverá cisão porque o Código determina e o principal
motivo dessa determinação é a divergência de rito que altera inclusive a sentença.
Separamos a Justiça Comum da Militar porque esta última possui Código próprio
especializado em definir e julgar somente Crimes Militares (Art. 125, §4°, 1° parte, CF), no
entanto, conforme prevê a segunda parte do §4° do Art. 125 da CF, caso um militar
pratique um crime doloso contra a vida de um civil a competência será do Tribunal do Júri e
não da Justiça Militar.
Quem possui o Poder para deliberar se o crime é ou não doloso contra a vida é o
Tribunal do Júri. Dessa forma, se o policial dispara contra um civil e mata, o delegado deve
abrir o Inquérito para o Tribunal do Júri e não para a Justiça Militar, pois embora esta última
Justiça também seja especializada, deverá ceder espeço para que o Tribunal do Júri defina se
ele é o competente para julgar o caso ou não.
Partindo da premissa que criança não pratica crime, caso um adulto pratique crime em
conluio com uma criança, não haverá conexão, mas sim cisão, pois cada um terá um rito
diferente de julgamento.
No mesmo sentido, caso um dos autores de um crime seja acometido por doença
mental superveniente, tornando-o inimputável, o Processo Criminal para este agente é
suspenso e o Juiz lhe nomeia um curador, enquanto para os demais, cuja sanidade mental
permanece intacta, o Processo corre normalmente. Isso ocorre porque o rito em relação ao
“louco” será outro, pois haverá necessidade de perícia (incidente de insanidade mental) e a
sentença neste caso será absolutória imprópria.
Revelia de Corréu
Caso um dos Réus não apareça na audiência, ele não será mais intimado para as
praticas de atos processuais (ou seja, não será mais comunicado dos atos processuais) e o
Processo e o Prazo Prescricional em relação a ele ficará suspenso.
Em resumo, os réus não revéis continuarão no Processo e haverá uma cisão com os
réus revéis.
SEPARAÇÃO FACULTATIVA
Aqui é o Juiz quem escolhe se vai ocorrer a cisão ou não, havendo três situações que o
Juiz possui a liberdade de cindir ou não o Processo de acordo com o interesse da Justiça.
Excesso de Acusados
Como vimos acima a cisão pode ser determinada quando houver disparidade
temporal grande, mas também quando houver excesso de acusados, pois no rito ordinário
cada Réu pode arrolar até 8 testemunhas o que tornaria o procedimento muito demorado
incorrendo novamente no risco de ocorrer a prescrição. No mensalão, por exemplo, houve
cisão, onde a “plebe” foi distribuída por outros critérios de competência e o STF julgou apenas
a cúpula política.
Motivo Relevante
Se houver qualquer outro motivo relevante fica a livre discricionariedade do Juiz cindir
o Processo ou não.
Foro privilegiado diz respeito a um privilegio pessoal, sendo, portanto, errado essa
utilização.
O foro por prerrogativa privilegia a função e não o indivíduo, existindo para preservar a
dignidade do cargo público, preservando a hierarquia administrativa, impedindo que quem
esteja em um patamar inferior julgue alguém de um patamar superior.
Antes da CF/88 tínhamos a Sumula 394 do STF que instituía foro para ex ocupantes de
cargos públicos, ou seja, se o indivíduo tivesse sido uma vez na vida Prefeito de uma cidade ele
sempre seria julgado no Tribunal de Justiça do Estado, esta súmula, no entanto, foi cancelada
pela Súmula 451 do STF que aduz que a prerrogativa é do cargo e não pessoal, defendendo
uma posição mais republicana.
Lei 10628/02
Em 2004 STF julgou a ADI 2.797-2, proposta pela CONAMP (Confederação Nacional do
Ministério Público) e a considerou procedente, declarando a inconstitucionalidade dos §§ 1° e
2° do Art. 84 do CPP, fundamentando que os referidos dispositivos violam: