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Problemática
Atualmente, vivemos em um país que passa a ser alvo dos olhos do mundo. Isso
não se deve apenas aos Jogos Olímpicos que estão ocorrendo na segunda maior
cidade nacional, o Rio de Janeiro, mas cerca de 3 meses antes do evento começar
o Brasil já estava na boca do povo estrangeiro. Esse fato deu-se pelo momento
conturbado que vive a política presidencialista brasileira, desde quando o governo
reconheceu a crise econômica instaurada no país até o recente afastamento da
presidente Dilma Rousseff. Ainda antes, levantavam-se discussões calorosas entre
os cidadãos brasileiros que possuíam ideologias políticas antitéticas, na qual os
esquerdistas defendiam a permanência da presidente supracitada enquanto a direita
conservadora nacional colocava-se às ruas em forma de protesto a favor do
impeachment. Vendo esse debate fervoroso, conclui-se que poucos estudos
nacionais demonstram o real posicionamento durante o duelo Esquerda x Direita,
nem o que são estes elementos de estudo das Ciências Políticas. Assim, a
problemática apresentada neste estudo aponta os efeitos desse eterno embate
diametralmente político em meio ao cenário brasileiro do século XXI.
Objetivos
● Objetivo principal:
Esse trabalho possui como temática principal a distinção dos conceitos abordados
pela Ciência Política para tratar do embate histórico entre a Esquerda e a Direita.
Assim, deve-se seguir como tratamento dos termos e definição de cada programa
político proposto, ambos em âmbito nacional.
● Objetivos secundários:
Escolheu-se este tema por sua atualidade e importância social, uma vez que a
nação passa por diversos conflitos ideológicos e se vê em manifestações, protestos
e panelaços a fim de demonstrar seu descontentamento com o cenário político e
exigir mudanças. É importante para o povo, neste momento delicado, perceber e
entender como se posicionam alguns partidos e principais políticos brasileiros, pois
assim poderão compreender melhor qual o rumo das decisões tomadas e quais os
embasamentos para ela. É muito importante tomar conhecimento político numa
época em que acontece muito apelo midiático e muitas promessas por parte dos
governantes.
Este é um trabalho não somente para o âmbito acadêmico, mas para orientar e
instruir qualquer cidadão dentro de nossa sociedade. Foi realizado com base em
pensadores contemporâneos e atuais, analisando a fundo quais são os partidos
nacionais e quais as suas principais ideologias.
Corpo do trabalho
Em pleno século XXI, vemos a clara discussão que toma conta de qualquer
conversa tratada sobre política: Você é de Esquerda ou de Direita? E aqui entra o
primeiro plano que trata a Ciência Política, como se ocorre a classificação de uma
ideologia individual perante a sociedade. Para analisar essa classificação precisa-se
voltar aos primórdios do uso destes termos, atualmente, banais. Na obra “Os
Pensadores da Nova Esquerda”, o filósofo inglês Roger Scruton assinala:
Observa-se assim que desde o princípio a direita é caracterizada por aqueles que
possuem o poder aquisitivo sempre maior do que aqueles que representa a
esquerda revolucionária. Mas apenas essa definição se torna vazia quando se é
possível subir de um escalão social, ou seja, adquirir poder aquisitivo, mas mesmo
assim manter a ideologia inicial, ou ainda possuir uma ideologia contrária ao seu
poder aquisitivo. Assim se faz necessário levar o estudo às definições que
precederam o início do capitalismo. O que leva a diferença mais genérica entre a
Esquerda e a Direita, que se dá por um processo de análise filosófica da natureza
humana. Considerado o “pai dos esquerdistas”, Jean-Jacques Rousseau defende a
ideia de que “o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe”. Todavia, para
Thomas Hobbes ocorre o oposto, de onde observa-se a famosa citação: “O homem
é o lobo do homem”. Aqui então temos a primeira e se não, talvez, a mais clara
distinção entre as ideologias: a direita possui uma visão conturbada e pessimista do
ser humano, enquanto os esquerdistas veem o ser humano de maneira otimista e
romantizada.
Essa visão esquerdista ganharia ainda mais impacto juntamente as ideias
positivistas de Auguste Comte. Ao desassociar a religião e a metafísica para
explanar a realidade, Comte remonta uma forma de conhecimento superior,
considerada a etapa final de evolução humana. Essa teoria fez com que esse
filósofo se tornasse referência e inspiração para o desenvolvimento das diversas
propostas da “engenharia social”. E depara-se então com uma segunda distinção
entre os termos: a esquerda tende a promover uma “reengenharia social” baseado
nas ações de seus líderes, enquanto a direita tende a se defender estes ideais, pois,
acredita na evolução humana natural.
Após isso, vemos uma terceira distinção clara entre estes termos antitéticos: a
esquerda coletivista contra a direita individualista. Esta distinção fica clara quando
os estudiosos alemães Friedrich Engels e Karl Marx começam a iniciar os seus
estudos políticos. Em “O Manifesto Comunista”, tem-se a seguinte citação:
“A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias atuais tem sido a
história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e
servo, mestre de corporação e companheiro, numa palavra, opressores e oprimidos.”
Aqui, é possível observar a comparação com o que fora supracitado entre o que foi
dito por Scruton, a luta de classes entre os oprimidos e opressores, onde os
oprimidos sentaram-se à esquerda do Rei enquanto os opressores puseram-se à
direita. Além disso, vê-se que ambos os estudiosos complementam a ideia da
esquerda coletivista, todos em prol de um bem maior, um bem para a sociedade no
geral e não apenas individual:
“[..]Declaram abertamente que seus fins só poderão ser alcançados pela derrubada
violenta das condições sociais existentes. Que as classes dominantes tremam diante
da revolução comunista! Os proletários não tem nada a perder senão os seus
Além do mais, tem-se a problemática de que não se pode dizer que esquerda e
direita são apenas termos para distinguir ideologia políticas. Mais do que isso, a
Esquerda e a Direita são programas políticos diametralmente opostos para a
resolução de problemas sociais e políticos. O filósofo político Norberto Bobbio,
falecido em 2004, foi um expoente no estudo moderno sobre a Esquerda e Direita.
Em seu livro “Direita e Esquerda: Razões e Significados de uma Distinção Política”
ele aponta:
“[...], ‘esquerda’ e ‘direita’ não indicam apenas ideologias. Reduzi-las a pura
expressão do pensamento ideológico seria uma indevida simplificação. “Esquerda” e
“direita” indicam programas contrapostos com relação a diversos problemas cuja
solução pertence habitualmente à ação política, contrastes não só de ideias, mas
Bobbio também cita como estas ideologias se contrapõem e como são excludentes.
Como em qualquer área do conhecimento, as ciências políticas se antagonizam em
grandes dicotomias, devido as famosas díades das informações: na sociologia,
sociedade-comunidade; em economia, mercado-plano; em direito, privado-público.
“Enquanto termos antitéticos, eles são, com respeito ao universo ao qual se referem,
reciprocamente excludentes e conjuntamente exaustivos. São excludentes no
sentido de que nenhuma doutrina ou nenhum movimento pode ser simultaneamente
de direita e de esquerda. E são exaustivos no sentido de que, ao menos na acepção
mais forte da dupla, uma doutrina ou um movimento podem ser apenas ou de direita
Através dos problemas sentidos por grande parte da população brasileira, como
mostram as pesquisas de opinião. Grande parte da população não se sente
representada pela classe política e também não se contenta com o sistema político
vigente.
Desde as grandes manifestações no inicio de 2013, acabaram emergindo
movimentos de representação popular e apartidários que tinham como objetivo
apresentar mudanças nas leis e na estrutura eleitoral no Brasil. Esses movimentos
não se caracterizam somente por movimentos de direita, mas também movimentos
de esquerda e de centro. Após as eleições presidenciais de 2014, boa parte destes
movimentos populares ganharam expressão nacional e seguiram em busca de
reformas ou pela luta de algum ideal comum por seus membros.
Com o agravamento da crise econômica no final de 2014, os representantes de
direita como o Vem pra Rua e o Movimento Brasil Livre, se dedicaram na luta pelo
impeachment e também por uma reforma política no sistema eleitoral.
Atualmente, a legislação eleitoral brasileira e a Constituição, promulgada em
1988, permitem a existência de várias agremiações políticas no Brasil. Com o fim da
ditadura militar (1964-1985), vários partidos políticos foram criados e outros, que
estavam na clandestinidade voltaram a funcionar.
Atualmente (até 13/10/15) existem 35 partidos políticos registrados no TSE -
Tribunal Superior Eleitoral. (Ver Anexo 4). Tal condição torna o Presidencialismo de
coalizão, atual sistema político brasileiro, inviável, pois o representante do Executivo
Federal passa a exercer um grande esforço para garantir sua base aliada no
congresso nacional e assim poder governar.
Abaixo segue uma tabela com os partidos classíficados de acordo com as
suas ideologias. Percebe-se que alguns valores de criação não são seguidos na
prática política
PR PMN PCO
OBS: Os partidos não citados acima são indefinidos ou tem pouca expressão
nacional.
Essa “reforma política” não agradou nem os movimentos sociais de Direita e nem os
movimentos de Esquerda. Porém algumas propostas de reforma ainda estão em
tramitação no Congresso.
PR - Partido da República
Criado em 24 de outubro de 2006 com a fusão do PL (Partido Liberal) e PRONA (Partido da
Reedificação da Ordem Nacional). O Partido Liberal entrou em funcionamento no ano de 1985,
reunindo vários políticos da antiga ARENA e também dissidentes do PFL e do PDS. O partido
tem uma proposta de governo que defende o liberalismo econômico com pouca intervenção do
estado na economia. Outra importante bandeira dos integrantes do PR é a diminuição das taxas
e impostos cobrados pelo governo.
PV - Partido Verde
De base ideológica ecológica, foi fundado em 1986. Os integrantes do PV lutam por uma
sociedade capaz de crescer com respeito a natureza. São favoráveis ao respeito aos direitos
civis, a paz, qualidade de vida e formas alternativas de gestão pública. Lutam contra as
ameaças ao clima e aos ecossistemas do nosso planeta.
PSD - Partido Social Democrático - fundado, por políticos dissidentes do Partido Progressista
e Democratas, em 21 de março de 2011.
PSDC - Partido Social Democrata Cristão - obteve registro definitivo no TSE em 5 de agosto
de 1997.
PCO - Partido da Causa Operária - teve sua criação aprovada pelo TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) em 30 de setembro de 1997.
PPL - Partido Pátria Livre - teve sua criação aprovada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral)
em 4 de outubro de 2011.
PROS - Partido Republicano da Ordem Social - fundado em janeiro de 2010, o PROS teve
sua criação aprovada pelo TSE em setembro de 2013.
PEN - Partido Ecológico Nacional - teve sua criação aprovada pelo TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) em 19 de junho de 2012.
NOVO - Partido Novo - teve seu registro deferido pelo TSE em 15 de setembro de 2015.
REDE - Rede Sustentabilidade - o registro foi aprovado pelo TSE em 22 de setembro de 2015.
PMB - Partido da Mulher Brasileira - registro deferido pelo TSE em 29 de setembro de 2015.