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Álgebra Vetorial - I Unidade PDF
Álgebra Vetorial - I Unidade PDF
ERON E ISABEL
SALVADOR – BA
2007
“Ants”. M. C. Escher
A lei do paralelogramo para a adição de vetores é tão intuitiva que sua origem é desconhecida.
Pode ter aparecido em um trabalho, agora perdido, de Aristóteles (384-322 a.C.), e está na Mecânica
de Heron (primeiro século d.C.) de Alexandria. Também era o primeiro corolário no Principia
Mathematica (1687) de Isaac Newton (1642-1727). No Principia, Newton lidou extensivamente com o
que agora são consideradas entidades vetoriais (por exemplo: velocidade e força), mas nunca com o
conceito de um vetor. O estudo sistemático e o uso de vetores foram fenômenos do século XIX e início
do século XX.
Vetores nasceram nas primeiras duas décadas do século XIX com as representações
geométricas de números complexos. Caspar Wessel (1745-1818), Jean Robert Argand (1768-1822),
Carl Friedrich Gauss (1777-1855) e pelo menos um ou dois outros, conceberam números complexos
como pontos no plano bidimensional, isto é, como vetores bidimensionais. Matemáticos e cientistas
trabalharam com estes novos números e os aplicaram de várias maneiras; por exemplo, Gauss fez um
uso crucial de números complexos para provar o Teorema Fundamental da Álgebra (1799). Em 1837,
William Rowan Hamilton (1805-1865) mostrou que os números complexos poderiam ser considerados
abstratamente como pares ordenados (a, b) de números reais. Esta idéia era parte de uma campanha de
muitos matemáticos, incluindo Hamilton, para procurar uma maneira de estender os “números”
bidimensionais para três dimensões; mas ninguém conseguiu isto preservando as propriedades
algébricas básicas dos números reais e complexos.
Em 1827, August Ferdinand Möbius publicou um pequeno livro, The Barycentric Calculus, no
qual introduziu diretamente segmentos de reta que eram denotados por letras do alfabeto, vetores na
essência, mas não no nome. No seu estudo de centros de gravidade e geometria projetiva, Möbius
desenvolveu uma aritmética destes segmentos de reta; adicionou-os e mostrou como multiplicá-los por
um número real. Seus interesses estavam em outro lugar, contudo, e ninguém se importou em notar a
importância destes cálculos.
Depois de muita frustração, Hamilton estava finalmente inspirado a desistir da procura por um
sistema “numérico” tridimensional e em vez disso, inventou um sistema de quatro dimensões que
chamou de quatérnios. Nas suas próprias palavras: 16 de outubro de 1843,
O que parecia ser uma segunda-feira e um dia de Conselho da Academia Real Irlandesa - eu
estava caminhando para participar e presidir, …, ao longo do Canal Real, … uma sub-
corrente de pensamento estava na minha mente, que finalmente deu um resultado, o qual não
é muito dizer que logo senti a importância. Um circuito elétrico pareceu fechar; e uma faísca
surgiu, ... Não pude resistir ao impulso ... escrever com uma faca sobre uma pedra da ponte
Brougham, quando passamos por ela, a fórmula fundamental... .
Grandezas escalares
• 50 kg de massa
• 30 minutos
• 15 m de comprimento
Grandezas vetoriais
1. Segmento orientado é um segmento determinado por um par ordenado de pontos, onde o primeiro
é chamado origem e o segundo, extremidade. Isto define a orientação ou sentido do segmento.
Notação: (A, B) ou AB B
A
2. Segmento nulo é aquele cuja origem coincide com a extremidade: (A,A) ou AA .
Notação: AB ~ CD A
C
7. Propriedades da eqüipolência
i) AB ~ AB (reflexiva)
ii) AB ~ CD ⇒ CD ~ AB (simétrica)
iii) AB ~ CD e CD ~ EF ⇒ AB ~ EF (transitiva)
iv) Dado um segmento orientado AB e um ponto C, existe um único ponto D tal que
AB ~ CD .
v) AB ~ CD ⇒ BA ~ DC
vi) AB ~ CD ⇒ AC ~ BD
Observações:
r uuur
• Os segmentos nulos determinam um único vetor, chamado vetor nulo. Denotação: 0 = AA .
uuur
• AB = CD ⇔ AB ~ CD .
r r
11. Vetor unitário é o vetor cujo módulo (norma) é 1, ou seja, um vetor v é dito unitário se v = 1 .
C
Observamos que o vetor nulo é paralelo a qualquer vetor.
15. Vetores coplanares são aqueles que têm representantes num mesmo plano.
16. Vetores colineares são aqueles que têm representantes numa mesma reta.
r
17. Proposição. Dado um ponto A e um vetor v , existe um único ponto B tal que v = AB , isto é
r r
B = A + v , ou ainda, v = B − A .
A este ponto é interessante observar a etimologia da palavra vetor. Vetor é o particípio passado
do verbo latino vehere: transportar, levar. De fato, esta palavra é pertinente ao conteúdo da
proposição anterior: o ponto A é “transportado” até o ponto B.
SOMA DE VETORES
r r r
1. Definição. Dados dois vetores u , v e um ponto A, tomemos um ponto B tal que B = A + u e um
r r r r
ponto C tal que C = B + v . Os pontos A e C determinam um vetor s = u + v , chamado soma de
r r
u e v.
r
Obs: o vetor s não depende do ponto A.
B
r r r
u u v
r
v A r C
s
uuur uuur uuur
∀ A, B e C , AC = AB + BC
r r
Regra do paralelogramo. Escolhendo representantes de u e u
r
v com a mesma origem A, o vetor soma tem como r
representante a diagonal do paralelogramo formado pelos
r r r s
vetores u e v . v
r r r
2. Propriedades da adição de vetores. Sejam u , v e w vetores quaisquer. Então,
r r r r
i. u + v = v + u comutativa
r r r r r r
ii. ( u + v ) + w = u + ( v + w ) associativa
r r r
iii. u + 0 = u elemento neutro
r r r
iv. u + ( −u ) = 0 elemento oposto
r r r r
3. Diferença de vetores. Dados dois vetores u e v , chama-se diferença dos vetores u e v ao vetor
r r r r r r
d = u + ( −v ) e é indicado por d = u − v .
4. Exemplos
Observemos a soma dos vetores indicados nas figuras abaixo:
E H
C
D
F
a) G b)
A B
AB + AC + AF = AH AO + FO + DC = FC
r
v r
2v 1 r
− v
2
r r
2. Propriedades. Sejam a, b ∈ R e u e v vetores quaisquer.
r r r r
i. a ( u + v ) = au + av
r r r
ii. ( a + b ) v = av + bv
r r
iii. a ( bv ) = ( ab ) v
iv. 1v = v
Observações:
1 r r
• Se a ≠ 0 , ⋅ v é indicado por v .
a a
r
r r v r
• Se v ≠ 0 , vˆ = r é o versor de v .
v
r
3. Regras de sinais. Sejam a ∈ R e v um vetor.
r r
i. ( − a ) ⋅ v = − ( av )
r r
ii. a ⋅ ( −v ) = − ( av )
r r
iii. ( − a ) ⋅ ( −v ) = av
r r r r r r
Exemplo: s = u + v , o vetor s é combinação linear de u e v .
r
r r v
u u
r r
v s
r r r
2. Independência linear. Dados n vetores v1 , v2 ,K , vn , dizemos que esses vetores são linearmente
r r r r
independentes (LI) se, e somente se, a equação a1v1 + a2 v2 + L + an vn = 0 admite apenas a
solução nula a1 = a2 = K = an = 0 .
Se existe algum escalar não nulo como solução da equação acima, então os vetores são ditos
linearmente dependentes (LD).
Exemplos:
a) r b)
u
r
u r
r r v
v = 2u
r r r r r r r r r r
u e v são LD, pois v − 2u = 0 . u e v são LI, pois 0v + 0u = 0 .
3. Teorema. n vetores são LD se, e somente se, um deles for escrito como combinação linear dos
outros.
r r r
4. Teorema. Um vetor v é LD se, e somente se, v = 0 .
r r r r
5. Teorema. u e v são LD se, e somente se, u e v são paralelos.
r r r r
6. Corolário. Se v ≠ 0 , então dados u e v vetores paralelos, existe um único k ∈ R tal que
u = kv .
BASE
1. Definições
2. Exemplos:
r r
a) O conjunto unitário de qualquer v ≠ 0 constitui uma base para um conjunto de vetores paralelos
r
a v.
r
r
v
r r
b) O conjunto de quaisquer dois vetores {v1 , v2 } LI constitui uma base para o conjunto de vetores
r r
coplanares com v1 e v2 .
r
v1
r
v2
r r r
c) O conjunto de quaisquer três vetores {v1 , v2 , v3 } LI constitui uma base para o conjunto de
vetores do espaço R³.
r r r r r r r
Seja E = {e1 , e2 , e3 } uma base para o R³. Se v ∈ R 3 , temos v = a1e1 + a2 e2 + a3e3 . Costuma-se
r r r r
expressar v da forma v = ( a1 , a2 , a3 ) E que são as coordenadas de v na base E ou v = ( a1 , a2 , a3 )
sem o índice E quando não se há dúvida quanto à base utilizada.
r r r r r
Exemplo. Sendo u = ( −1, 2, 0 ) e v = ( 3, −3,5 ) , determine w = −3u + 2v .
r
w = −3 ( −1, 2, 0 ) + 2 ( 3, −3,5 ) = ( 3, −6, 0 ) + ( 6, −6,10 ) = ( 9, −12,10 )
r r
4. Teorema. u = ( a1 , a2 , a3 ) e v = ( b1 , b2 , b3 ) são LD ⇔ a1 = kb1 , a2 = kb2 e a3 = kb3 para
algum escalar k ∈ R .
Exemplos:
r r r r
a) u = ( −1, 2, 0 ) e v = ( 2, −4, 0 ) são LD, pois v = −2u .
r r r
b) 0 e u são LD, pois 0 = 0 ⋅ u .
a1 b1 c1
r r r
5. Teorema. u = ( a1 , a2 , a3 ) , v = ( b1 , b2 , b3 ) e w = ( c1 , c2 , c3 ) são LD ⇔ a2 b2 c2 = 0 .
a3 b3 c3
a1 b1 c1
r r r
6. Corolário. u = ( a1 , a2 , a3 ) , v = ( b1 , b2 , b3 ) e w = ( c1 , c2 , c3 ) são LI ⇔ a2 b2 c2 ≠ 0 .
a3 b3 c3
1 0 1
r r r
Exemplo: u = (1, 2,3) , v = ( 0,1, 2 ) e w = (1, 2, −1) são LI, pois 2 1 2 = −4 ≠ 0 .
3 2 −1
r r
7. Vetores ortogonais. Dois vetores u e v são ortogonais se podem ser
representados por segmento orientados ortogonais. r
u r r
r r r r u +v
Denotamos u ⊥ v (lê-se “ u é ortogonal a v ”).
r
v
r r r r2 r2 r2
Aplicando o teorema de Pitágoras e a sua recíproca, temos: u ⊥ v ⇔ u + v = u + v .
Observações:
a) o vetor nulo é ortogonal a todo vetor.
r r r r r r r
b) u ⊥ v e u ⊥ w ⇒ u ⊥ ( v + w ) .
c) u ⊥ v e k ∈ R ⇒ u ⊥ kv .
{ }
r r r
10. Propriedades. Seja O, i , j , k um sistema de coordenadas
uuur
a. Se P ( x1 , y1 , z1 ) e Q ( x2 , y2 , z2 ) , então PQ = Q − P = ( x2 − x1 , y2 − y1 , z2 − z1 ) .
r r
b. Se P ( x1 , y1 , z1 ) e v = ( a, b, c ) , então P + v = ( x1 + a, y1 + b, z1 + c ) .
x + x 2 y1 + y 2 z1 + z 2
c. O ponto médio de PQ é o ponto M 1 , , .
2 2 2
uuur uuur
Exemplo: P (1, 2, 3) , Q(2, 3,5) , PQ = (1,1, 2 ) = OA
r r r
Exemplo: v = (1, −1, 2 ) ⇒ v = 12 + ( −1) + 22 ⇒ v = 6 .
2
1. v ≥0 e v = 0 ⇔ v = 0.
2. k v = k ⋅ v onde k ∈ R .
3. u +v ≤ u + v (desigualdade triangular)
Exemplo: Considere os pontos A(0, 2, −1) e B (3, 0,1) , a distância entre esses pontos é dada por
uuur
d ( A, B) =| BA |=| (3, −2, 2) |= 32 + (−2)2 + 22 = 17
r r
14. Vetor unitário (versor) associado a um vetor. Dado um vetor v ≠ 0 , podemos associar a este
r
v
vetor um vetor unitário v̂ do seguinte modo: vˆ = r .
|v |
r r
Exemplo: Seja u = (0, 2, −1) , o vetor unitário associado a u é
r
u (0, 2, −1) 2 −1
u= r =
ˆ = 0, , .
|u | 5 5 5
r r
1. Definição. Dados u e v vetores não nulos e escolhido um ponto O, podemos escrever
r r uuur uuur r r
A = O + u e B = O + v . O ângulo θ determinado pelos representantes OA e OB de u e v ,
r r r r
respectivamente, é denominado ângulo dos vetores u e v (ou medida angular entre u e v ).
r r A
• Notação: θ = ( u , v ) , onde 0° ≤ θ ≤ 180° r
r r u
• Se θ = 0 , u e v têm mesmo sentido.
r r
• Se θ = 180° , u e v têm sentidos opostos. B
r r r r r
• ( u , v ) e ( u , −v ) são ângulos suplementares O v
r r r r
2. Definição. O produto escalar ou produto interno dos vetores u e v , indicado por u ⋅ v ou
r r r r r r r r
u , v é o número real u ⋅ v = u ⋅ v ⋅ cos θ , θ = ( u , v ) .
• ur ⋅ vr > 0 indica que cos θ > 0 , o que ocorre quando θ é ângulo agudo.
• ur ⋅ vr < 0 indica que cos θ < 0 , o que ocorre quando θ é ângulo obtuso.
• ur ⋅ vr = 0 indica que:
a) um dos vetores é nulo,
b) os vetores são ortogonais, pois cos 90° = 0 .
r r r
3. Propriedades. Quaisquer que sejam os vetores u , v e w e qualquer que seja k ∈ R , vale:
r r
r r r r u ⋅v
3.1. Se u e v são não nulos e θ = ( u , v ) , então cos θ = r r .
u⋅v
r r r
3.2. u = u ⋅ u
r r r r
3.3. u ⋅ v = v ⋅ u
r r r r r r
3.4. k ( u ⋅ v ) = ( ku ) ⋅ v = u ⋅ ( kv )
r r r r r r r
3.5. u ⋅ ( v + w ) = u ⋅ v + u ⋅ w
r r r r
3.6. Se u ≠ 0 , então u ⋅ u > 0 .
r r
4. Interpretação geométrica do produto escalar. Sejam u e v
r r
vetores não nulos. O vetor v se exprime de maneira única v r
r r r r r r r r v2
v = v1 + v2 , onde v1 // u e v2 ⊥ u . v1
r r r r
v1 diz-se projeção ortogonal do vetor v na direção do vetor u . u
r r
Denotamos v1 = projur v .
r r r r
Prova. Como v1 // u , temos v1 = ku , k ∈ . Segue-se que
r r r r
r r r r r r r r r r2 r2 v ⋅u r v ⋅u r
v ⋅ u = ( ku + v2 ) ⋅ u = k (u ⋅ u ) + v2 ⋅ u = k ⋅ u + 0 = k ⋅ u ⇒ k = r 2 . Ainda, v1 = r 2 u .
u u
vr ⋅ ur r r r
r v ⋅u r r
Logo, projur v = r 2 u e r é a medida algébrica da projeção de v na direção de u .
u u
r r
u ⋅ v = x1 ⋅ x2 + y1 ⋅ y2 + z1 ⋅ z2 .
Prova:
( )( )
r r r r r r r r
u ⋅ v = x1i + y1 j + z1k ⋅ x2i + y2 j + z2 k =
r r r r r r r r r r r r
= ( x1 x2 ) i ⋅ i + ( x1 y2 ) i ⋅ j + ( x1 z2 ) i ⋅ k + ( y1 x2 ) j ⋅ i + ( y1 y2 ) j ⋅ j + ( y1 z2 ) j ⋅ k
r r r r r r
+ ( z1 x2 ) k ⋅ i + ( z1 y2 ) k ⋅ j + ( z1 z2 ) k ⋅ k
r r r r r r r r r r r r
Como i ⋅ j = i ⋅ k = j ⋅ k = 0 e i ⋅ i = j ⋅ j = k ⋅ k = 1 , a expressão acima reduz-se a:
r r
u ⋅ v = x1 ⋅ x2 + y1 ⋅ y2 + z1 ⋅ z2
r r
Exemplo: Dados u = ( 3,0, 4 ) e v = (−1, 2, 0) , temos:
• ur ⋅ vr = 3 ⋅ ( −1) + 0 ⋅ 2 + 4 ⋅ 0 = −3
−3 3 5
• r r
cos ( u , v ) = =−
3
=−
3 5
⇒
r r
( u , v ) = arccos −
9 + 16 ⋅ 1 + 4 5 5 25 25
r −3 r 9 12
• projur v = ⋅ u = − , 0, −
25 25 25
• r 3
medida algébrica da projur v =
5
{ }
r r r
6. Cossenos diretores de um vetor. Fixada uma base ortonormal i , j , k , chamamos cossenos
r r r r
diretores de v , v ≠ 0 , os cossenos dos ângulos que v forma com os vetores da base.
r r
( )
r r r r r r r
Sejam α = ( v , i ) , β = ( v , j ) e γ = v , k . Para v = xi + yj + zk , temos as seguintes expressões:
r
r r r r r r
v ⋅i x v⋅ j y v ⋅k z
cos α = r r = r ; cos β = r r = r ; cos γ = r r = r
v ⋅i v v⋅ j v v⋅k v
r
v x y z
Logo, r = r , r , r = ( cos α , cos β , cos γ ) , ou seja, as coordenadas de um versor são as
v v v v
coordenadas dos cossenos diretores do vetor e, portanto, cos 2 α + cos 2 β + cos 2 γ = 1 .
1. Orientação do espaço
{ } { }
Consideremos as bases e1 , e2 , e3 e f1 , f 2 , f 3 tais que possamos expressar
f1 = a1 e1 + a2 e2 + a3 e3 ,
f 2 = b1 e1 + b2 e2 + b3 e3 ,
f 3 = c1 e1 + c2 e2 + c3 e3 .
a1 a2 a3
Se ∆ = b1 b2 {
b3 > 0 , dizemos que as bases e1 , e2 , e3 e} {f , f , f } têm mesma orientação. Se
1 2 3
c1 c2 c3
∆ < 0 , elas têm orientações opostas.
As bases ficam divididas em duas classes. As bases da classe fixada são ditas positivas e as de
orientação oposta à classe fixada são ditas negativas.
Adotamos, por convenção, uma base positiva do espaço R³, a que é formada por três vetores cujos
sentidos são os sentidos dos dedos médio, indicador e polegar da mão esquerda, nesta ordem.
Exemplos:
{ }
a) i, j , k é uma base positiva.
b) { j , i, k } é uma base negativa, pois tem orientação oposta à base {i, j , k }.
c) {k , i, j} é uma base positiva, pois tem a mesma orientação da base {i, j , k }.
2. Definição
Fixada uma orientação no espaço, o produto vetorial dos vetores u e v , indicado por u × v , é um
vetor tal que:
2.1. se u e v são LD, então u × v = 0 ;
( )
2.2. se u e v são LI e θ = u, v , então
a) u × v = u ⋅ v ⋅ sen θ ,
b) u × v é ortogonal a u e a v ,
c) u , v e u × v formam uma base positiva.
Exemplos:
I) Dada a base ortonormal positiva i, j , k { }
a) i × i = j × j = k × k
b) i × j = k , j × k = i, k × i = j
3. Propriedades
Quaisquer que sejam os vetores u , v e w e qualquer que seja o número real k, vale:
3.1. u×u = 0
3.2. u×v = − v×u ( )
3.3. k (u × v ) = (k u )× v = u × (k v )
3.4. u × (v + w) = (u × v ) + (u × w)
y1 z1 z x1 x y1
u×v = ⋅i + 1 ⋅ j+ 1 ⋅k
y2 z2 z2 x2 x2 y2
i j k
x1 y1 z1 .
x2 y2 z2
( )(
Prova: u × v = x1 i + y1 j + z1 k × x2 i + y2 j + z2 k )
= ( x1 x2 )i × i + ( x1 y2 )i × j + ( x1 z2 )i × k + ( y1 x2 ) j × i + ( y1 y2 ) j × j + ( y1 z2 ) j × k +
+ (z1 x2 )k × i + ( z1 y2 )k × j + ( z1 z2 )k × k
u × v = ( y1 z2 − z1 y2 )i + ( z1 x2 − x1 z2 ) j + ( x1 y2 − y1 x2 )k
Regra prática: 1 2 -2 1 2
1 0 -1 1 0
u × v = ( -2 , -1 , -2 )
D C
h
θ
A B
S ABCD = AB ⋅ AD ⋅ senθ
S ABCD = AB × AD
AB × AD
Observamos também que a área do triângulo ABD é dada por S ABD = .
2
Exercício resolvido
De um triângulo ABC sabemos que AB = 2, AC = 3 e AB ⋅ AC = 3 3 . Determine a área deste
triângulo.
(
AB ⋅ AC = 3 3 ⇔ cos AB, AC = ) 3 3
2⋅3
=
2
3
(
⇔ sen AB, AC =
1
2
)
AB × AC 2 ⋅ 3 ⋅ 12 3
S ABC = = = u.a.
2 2 2
1. Definição
r r r
Sejam u , v e w vetores quaisquer. O produto misto dos vetores u , v e w , indicado por [u , v , w] , é o
( )
número real u × v ⋅ w .
Exemplo: Dados os vetores u = (1,0,−1), v = (− 1,3,2) e w = (1,3,2) , tem-se:
[u , v , w] = ( (1, 0, −1) × ( −1,3, 2 ) ) ⋅ (1,3, 2 ) = ( 3, −1, 3) ⋅ (1,3, 2 ) = 3 − 3 + 6 = 6
r r r
x1 y1 z1
[u , v , w] = x2
r r r
y2 z2
x3 y3 z3
1 3 2
3. Propriedades
Quaisquer que sejam os vetores u , v e w e qualquer que seja o número real k, vale:
a. [u , v , w] = 0 ⇔ u , v e w são LD
r r r
b. k ⋅ [u , v , w] = [ ku , v , w] = [u , kv , w] = [u , v , kw]
r r r r r r r r r r r r
d. [u , v , w] = [ v , w, u ] = [ w, u , v ]
r r r r r r r r r
e. [u , v , w] = − [ v , u , w]
r r r r r r
f. [u , u , v ] = [ v , u , u ] = [u , v , u ] = 0
r r r r r r r r r
( )
r r uur r r ur
Logo, VP = u × v ⋅ w ⋅ cos θ = u × v ⋅ w = [u , v , w]
r r r
( )
uuur uuur uuur
uuur AE ⋅ AB × AD uuur uuur
b) h = proj uuu
r uuur AE = uuu
r uuur , onde AB × AD = (1, 0,1) × ( 0,3, 3) = ( −3, −3, 3) ,
( AB× AD ) AB × AD
( )
uuur uuur uuur uuur uuur 3 3
AB × AD = 3 3 e AE ⋅ AB × AD = −3 . Daí, h = = .
3 3 3
r r
1 u×v
O volume do tetraedro ABDE é dado por VT = ⋅ S b ⋅ h , onde Sb = e h = w ⋅ cosθ .
3 2
r r
1 u × v uur
Logo, VT = ⋅
3 2 6
( )
1 r r ur 1 r r ur
⋅ w ⋅ cos θ = ⋅ u × v ⋅ w = ⋅ u, v, w
6
Exercício
r
Em relação a uma base ortonormal positiva são dados os vetores u = (1, 2, −1) ,
( )
r r r
v = ( 0,3, −4 ) , w = 1, 0, 3 e t = ( 0, 0, 2 ) . Calcule o volume do tetraedro ABCD, sabendo
uuur r r uuur uuur uuur
que AB = projvr u , AC é o vetor oposto do versor de w e BD = projtr ( AB × AC ) .
1. CAMARGO, Ivan de, BOULOS, Paulo. Geometria Analítica. 3ª ed. revisada e ampliada –
São Paulo: Prentice Hall, 2005.
3. CAROLI, Alésio, CALLIOLI Carlos A., FEITOSA Miguel O., Matrizes, Vetores e
Geometria Analítica, Ed. Nobel, 1991.
1) Verifique se é verdadeira ou falsa cada uma das afirmações e justifique a sua resposta.
a) AB ∈ AB g) AB = CD ⇒ AB = CD
b) AB // CD ⇒ AB // CD
h) Se AB = CD então existe um único
c) AB = CD ⇒ A = C e B = D plano contendo A, B, C e D.
d) AB = CD ⇒ AC ~ BD i) AB ~ CD ⇒ AB = CD
e) AB = CD ⇒ AC ∩ BD = φ r r r r r r
j) Se w = u + v , então | w |=| u | + | v | .
f) AB = CD ⇒ AB = CD
2) Na figura 1 os hexágonos são regulares. Em cada caso, determine a soma dos vetores indicados.
Figura 1
Figura 2
5) Na figura 2(a), sejam u = AB, v = AH , w = AC. Obtenha representantes dos vetores x e y tais
que u + v + x = 0 e u + v + w + y = 0 .
O A D C
B
.
Figura 3 Figura 4
uuuur 2 uuuur
8) Sejam M, N, P e O pontos coplanares e não colineares, tais que MN = − PM . Escreva ON
5
como combinação linear de OM e OP .
uuur 1 uuur
9) Sejam A, B, C e D pontos coplanares tais que CD e CB são LI e CD = − AB .
3
a) Expresse AD como combinação linear de AC e AB.
b) Trace um representante de AD a partir da combinação linear obtida.
10) Sabendo-se que a distância entre os pontos P(−1,2,3) e Q(1, −1, z ) é 7 unidades, calcule z.
11) Demonstre que n vetores são linearmente dependentes se, e somente se, um deles é combinação
linear dos outros.
a) (0,0,5) e (0,0,7)
b) (5,1,3), (0,0,0) e (-1,2,3)
c) (1,0,-1)
d) (-1,-1,2), (0,1,-1) e (1,1,1)
14) Dados os vetores u = 5m − 3n, v = 2m + n e w = (0, a,−1) , determine o valor de a para que os
vetores u, v e w sejam LD, sabendo-se que m = (− 1,0,2) e n = (1,2,0 )
17) Demonstre que a soma dos quadrados das diagonais de um paralelogramo é igual à soma dos
quadrados dos quatro lados; em outras palavras, provar que
r r2 r r2 r2 r2
u + v + u − v = 2u + 2v .
r r π
20) Sabendo que o ângulo entre os vetores u = (2,1,−1) e v = (1, −1, k + 2) é dado por rad ,
3
determine o valor de k .
r r r r r r r r
21) Qual o valor de α para que a = α i + 5 j − 4k e b = (α + 1)i + 2 j + 4k sejam ortogonais ?
r
22) Determine o valor de m para que o vetor w = (1,2, m) seja simultaneamente ortogonal aos
ur uur
vetores v1 = (2, −1, 0) e v2 = (1, −3, −1) .
r r r r r r
23) Sabendo-se que a = 3 , b = 2 e 45o é o ângulo entre a e b , calcule a × b .
r r r r r r r r
24) Determine o vetor X tal que X × (i + k ) = 2(i + j − k ) e X = 6 .
Z
r r r
25) Considere os vetores u , v e w que determinam um
tetraedro na figura. Determine:
4
a) a área da face do tetraedro oposta ao vértice O; 3
r
b) a área do paralelogramo determinado pelos vetores
w 2
r r r r
v e w; v
u
r
c) o ângulo formado entre u e o eixo X . −2 1
O
3
2 Y
X
r r r r
27) Determine v , paralelo ao vetor u = (1,−1,2) tal que v ⋅ u = −18 .
28) Calcule x, sabendo-se que A( x,1,1) , B(1, −1, 0) e C (2,1, −1) são vértices de um triângulo de
20
área .
2
29) Dados os pontos A(1,-2,3), B(5,2,5) e M(-4,2,9), determine as coordenadas dos pontos C e D,
tal que ABCD (nesta ordem) seja um paralelogramo, onde M é ponto médio do segmento AC .
r 13
30) A medida algébrica da projeção de um vetor v sobre o eixo f é igual a . Sabendo-se que
3
uuur
a) o eixo f tem o mesmo sentido de AB, onde A ( 6, 2, 2 ) e B ( 8, 3, 0 ) ;
( )
rr 6 r
b) o cos v, i = e v = 7.
7
r
Quais as coordenadas de v ?
o
32) Considere um ∆ABC com área igual a 4, AC = 2 e AB = i. Sabendo que um dos cossenos
2
diretores de AC é cosα = e A(1,0,1), calcule as coordenadas do vértice B.
2
33) Do paralelogramo ABCD sabemos que B(1,2,3), C(1,-2,1) e M é ponto médio de BC. S é um
uuur 1 uuuur 2 uuur uuuur
ponto de AM tal que DS = DM + DA e AM = (1,0,2). Calcule a área do triângulo ASD.
3 3
E
B
A M D
37) Os pontos A(2,1,-1), B(3,0,1) e C(2,-1,3) são vértices de um tetraedro ABCD de volume 1.
Calcule as coordenadas do ponto D, sabendo - se que o mesmo está no eixo das ordenadas.
a) a − b
( )
39) Dados a = −i + 3 j + mk e b = 2i + m j − k , determine m de modo que a, b, a × b seja uma base
ortogonal.
40) Dados os pontos A(0,0,1), B(2,– 1, 2), C(0,2,2) e D(t,3t, t + 1) que constituem os vértices de um
5
tetraedro ABCD, determine t sabendo que o volume deste tetraedro é .
3
uuur 1 uuur
41) De um paralelogramo ABCD temos: A(1,2,3), B(5,2,3), C(7,3,4), AB ⊥ DM e DE = DB .
3
Determine a área do triângulo MDE.
D C
B
A
M
ALGUMAS APLICAÇÕES
r
• Considere que uma força constante F seja um vetor com direção diferente do eixo de
deslocamento de um objeto. Se a força move o objeto de um ponto P ao ponto Q sobre um
r uuur
segmento reto, o vetor deslocamento é D = PQ . O trabalho realizado por essa força sobre o
r r
objeto é o produto escalar T = F ⋅ D .
Exemplo:
r
• Seja uma força F atuante em uma partícula única,
situada no ponto P , cuja posição relativamente à
origem O do referencial inercial é dada pelo vetor
r r r
r (veja figura). Esses dois vetores, r e F , estão
contidos num plano.
r
O momento vetorial ou vetor torque τ atuante sobre a
partícula em relação á origem O é definido em temos do
r r
produto vetorial de r e F , isto é:
r r r
τ =r×F .
O torque possui dimensões de força multiplicada por distância; em termos das nossas dimensões
fundamentais M, L e T, ele tem dimensões ML²T-2, que são idênticas à do trabalho. Entretanto, torque
e trabalho são grandezas físicas muito diferentes: o torque é um vetor, enquanto o trabalho é um
escalar. A unidade de torque pode ser o Newton-metro (N.m) ou libra-pé (lb.ft), entre outras
possibilidades.
Solução. O resultado deste problema está presente em todos os cursos de química orgânica. O estranho
número fornecido pelo professor é aceito pelos alunos, mas, em geral, eles não têm a menor idéia de
como esse resultado foi obtido. Para calcular esse ângulo, a geometria analítica é um método
imbatível, aliada, é claro, com alguma inventividade.
Os pontos A(0, 0, 0) , B (2, 2, 0) , C (0, 2, 2) e D (2, 0, 2) formam um tetraedro regular (uma vez que as
distâncias entre dois quaisquer deles são diagonais de faces do cubo) e são ocupados pelos
hidrogênios.
ˆ ,
O resto é fácil. Para calcular, por exemplo, o ângulo APB
consideremos os vetores:
r uuur r uuur
u = PA = ( −1, −1, −1) e v = PB = (1,1, −1) .
−1 − 1 + 1 1
O cosseno do ângulo entre eles é: cos α = =−
3 3 3
1) a) V b) V c) F d) V e) F f) F g) V h) F i) V j) F
2) a) DB b) FC c) FC d) OD
3) a) AF b) BL c) AF 4) a) AG b) HD 5) x = GA e y = FA
6) OP = (1 − λ )OA + λ OB, λ ∈ R .
2 1 3 2
7) BD = BA + BC 8) ON = OM + OP
3 3 5 5
1
9) a) AD = AC − AB 10) z = -3 ou z = 9
3
12) a) LD b) LD c) LI d) LI 13) a) L.D. b) d = −b + c
14) a= – 1
( ) ( )
16) f1 , f 2 , f 3 é base e g1 , g 2 , g 3 não é base.
33) S =
21
3
1 1
34) AM = − ,0,
2 2
[ ]
35) u , v, w = 26; não
3 3 1
36) S = eV= 37) (0,2,0) ou (0,-1,0)
2 2
2 3 2 3 2 3
38) a) 5 5 b) , , 39) m = 1
3 3 3
2
40) t = 2 ou t = -2 41) S =
3
42) (1,5,2) ou (1,5,-2)