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GAUSS.
RESUMO
Neste artigo desejo analisar o artigo original “Gauss (Schweikart and Taurinus) and
Gauss’s Differential Geometry” que se concentra em estudar o desenvolvimento de
uma geometria não euclidiana e relata as mudanças e evoluções da matemática do
século XIX
ABSTRACT
In this article I want to analyze the original article “Gauss (Schweikart and Taurinus)
and Gauss’s Differential Geometry” which focuses on studying the development of a
non-Euclidean geometry and reports the changes and evolutions of mathematics in
the 1800s.
1 INTRODUÇÃO
matemática e acordo moral. Bolyai, refletindo sobre a amizade deles, lamentou não
compreender completamente o vasto conhecimento e brilhantismo de Gauss.
Bolyai, amigo de Gauss, talvez tenha se sentido um pouco intimidado pela genialidade
de Gauss. Apesar da profunda amizade, eles se separaram em 1799 e nunca mais se
encontraram. Bolyai, descrito como um filósofo observador das loucuras humanas, se
despediu de Gauss em um momento comovente, expressando emoções indescritíveis (O que é
relatado de forma dramática pelo mesmo). Gauss voltou para Brunswick, enquanto Bolyai,
com a consciência tranquila, foi para Göttingen, enfrentando desafios como "mártir da
verdade".
Gauss, hábil em identificar erros em provas do postulado paralelo, participava de
correspondências, mas hesitava em publicar. Essa relutância torna difícil compreender
completamente o que sabia ou não. Em 1817, Gauss expressou dúvidas sobre a possibilidade
de provar a necessidade da geometria euclidiana por meio da razão humana, sugerindo que a
compreensão da natureza do espaço pode ser inatingível nesta vida. Ele comparou a geometria
à mecânica, diferenciando-a de disciplinas puramente a priori, como a aritmética.
SCHWEIKART E TAURINUS
Ele escreveu:
Existem dois tipos de geometria: uma geometria no sentido estrito - a Euclidiana; e
uma geometria astral. Triângulos nesta última têm a propriedade de que a soma de seus três
ângulos não é igual a dois ângulos retos. Assumindo isso, podemos provar rigorosamente que:
(a) A soma dos três ângulos de um triângulo é menor que dois ângulos retos;
(b) A soma torna-se cada vez menor, quanto maior a área do triângulo;
(c) A altitude de um triângulo retângulo isósceles cresce continuamente à medida que os lados
aumentam, mas nunca pode se tornar maior do que um certo comprimento, que chamo de
Constante.
Se considerarmos essa "Constante" como o raio da Terra, imaginando que cada linha que
liga duas estrelas fixas, formando um ângulo de 90 graus com a primeira linha, seja tipo uma
tangente à superfície da Terra, percebemos que essa constante é gigantesca em comparação
com as distâncias normais da vida cotidiana. Para manter a lógica da geometria euclidiana,
precisamos assumir que essa "Constante" é infinita. Só assim faz sentido dizer que a soma dos
ângulos internos de qualquer triângulo é igual a dois ângulos retos. E é fácil ver que isso se
confirma quando a gente supõe que a "Constante" é infinita.
A confiança com que Schweikart estava disposto a construir uma suposição geométrica
que não era de Euclides é impressionante. Ele não estava procurando uma contradição em sua
nova geometria, mas aceitou a nova suposição e explorou suas consequências. Ele até
especulou que isso poderia fornecer uma geometria adequada para estudar o espaço físico.
Gauss respondeu a Gerling concordando com o teorema de Schweikart, acrescentando que
poderia resolver todos os problemas nesta "geometria astral" assim que a Constante
mencionada por Schweikart fosse fornecida.
Nos dois livros de geometria publicados em 1825 e 1826, Taurinus foi além de seu tio e
produziu um estudo completo de geometria baseado em fórmulas trigonométricas. Embora
sempre tenha acreditado na verdade da geometria de Euclides e no postulado paralelo, e
embora seus esforços fossem direcionados para entender melhor a geometria a fim de provar
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Era sabido há muitos anos que as seguintes fórmulas conectam ângulos na superfície de
uma esfera com ângulos subtendidos no centro da esfera. (Observe que estamos usando A, B,
C para ângulos na superfície da esfera; e a/k, b/k, c/k para ângulos no centro da esfera, cujo
raio é k, subtendidos pelos comprimentos a, b, c.)
Taurinus inicialmente resistiu à ideia de uma geometria não euclidiana, desejando que
a geometria de Euclides fosse verdadeira. Em seu primeiro livro, apresentou dez razões contra
a geometria log-esférica, mas essas razões não foram convincentes. No segundo livro,
Taurinus admitiu a possibilidade da existência dessa geometria em alguma superfície, mas
não conseguiu desenvolver mais essa ideia. Ele compartilhou suas descobertas com Gauss,
que considerou incompletas e sugeriu que algo faltava geometricamente. Embora Gauss tenha
falado positivamente sobre as propriedades de uma geometria não euclidiana, enfatizou que
sua resposta não deveria ser publicada. Taurinus, arriscadamente, publicou o livro por conta
própria, mas foi um fracasso, levando-o a mandar queimar as cópias não vendidas.
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O que, de fato, Gauss sabia sobre o assunto? Em seu próprio trabalho, ele desenvolveu
uma teoria elementar de paralelos assintóticos direcionados, uma abordagem inconclusiva na
geometria convencional. Em correspondências, discutiu com estudantes sobre o postulado
paralelo, explorando a ideia de que quatro pontos no espaço não todos pertencentes a um
plano comum estariam em uma esfera. Gauss mencionou uma geometria diferente de
Euclides, autoconsistente, que encontrava satisfatória, mas não a descreveu completamente.
Ele admitiu a possibilidade de uma nova geometria, mas não a explorou completamente,
sugerindo possíveis reservas.
CURVATURA GAUSSIANA
O trabalho de Gauss em geometria diferencial, descrito em suas "Disquisitiones
generales circa superficies curvas" (Investigações Gerais sobre Superfícies Curvas) de 1827,
destaca-se como particularmente notável. Envolvido no levantamento das propriedades das
propriedades de Hanover, Gauss mergulhou em cada detalhe, utilizando invenções como o
helioscópio para aprimorar a precisão das medições. Por meio de extensa trigonometria e
estimativas de erro, ele adentrou o estudo da geometria de superfícies.
Ao abordar a curvatura inerente das superfícies no espaço, Gauss adotou uma abordagem
inovadora. Ele examinou o mapeamento de uma superfície arbitrária para a esfera unitária,
observando normais à esfera celeste. O impacto local na área surgiu como um fator crucial.
Ao considerar uma parte da superfície, denotada como U, que envolve um ponto P, Gauss
calculou a razão da área de sua imagem na esfera para a área original. Representado
simbolicamente como lim(U→P) area(g(U)) / area(U), essa razão foi denominada curvatura
da superfície no ponto P, agora conhecida como curvatura gaussiana.
Para superfícies como esferas, o efeito é uma escala dependente do raio da esfera (R).
Especificamente, se a esfera tem um raio R, a curvatura gaussiana é 1 / R^2. Em contraste, se
a superfície original for um plano, todas as normais convergem para o mesmo ponto na esfera
celeste, fazendo com que todo o plano seja mapeado para um ponto, resultando em área zero.
Da mesma forma, para um cilindro, todas as normais se alinham ao longo de um arco circular
na esfera celeste, mapeando todo o cilindro para uma linha com área zero. Finalmente, se a
superfície for uma sela, uma região na sela é mapeada para uma região na esfera. No entanto,
ao percorrer uma direção na sela, as normais na esfera seguem a direção oposta, causando o
mapeamento de área positiva para área negativa.
Gauss realizou um extenso cálculo e obteve um resultado surpreendente, que ele denominou
"theorema egregium" ou teorema excepcional: a curvatura gaussiana é intrínseca. Isso
significa que ela depende de quantidades mensuráveis apenas na superfície e não envolve a
terceira dimensão. Se criaturas bidimensionais medissem a curvatura gaussiana em uma
esfera, poderiam, em princípio, concluir que toda a discussão sobre a esfera estar incorporada
em um espaço tridimensional seria matematicamente supérflua!
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Superfícies com diferentes curvaturas gaussianas não podem ser isométricas (mapeadas
exatamente uma sobre a outra). No entanto, superfícies com a mesma curvatura gaussiana são
localmente indistinguíveis geometricamente. Um exemplo famoso é o plano e o cilindro - o
mapa que realiza a isometria entre eles é a impressão em um tambor cilíndrico.
Para ter uma ideia do mapa de Gauss, considere a elipse no plano (y, z) com a equação y^2/3
+ z^2 = 1. Faça girar essa curva ao redor do eixo z e obtemos o elipsoide com a equação
x^2/3 + y^2/3 + z^2 = 1. No entanto, o ponto a ser destacado fica mais claro se nos
concentrarmos apenas na curva. A elipse é descrita parametricamente pelos pontos (y, z) =
(√3 cos θ, sin θ). Um cálculo simples mostra que a inclinação da normal nesse ponto é (√3 sin
θ)/(cos θ). Assim, o vetor normal à elipse nesse ponto (e com base nele) é (cos θ, √3 sin θ) e o
vetor normal unitário lá é 1/√(cos^2 θ + 3 sin^2 θ) (cos θ, √3 sin θ).
Para entender isso visualmente, considere a região da elipse onde θ varia de 0 a π/3 (mostrada
em cinza na Figura 8.3) e a região onde θ varia de π/3 a π/2 (mostrada em preto na Figura
8.3), onde a elipse é a curva externa. A região cinza é bastante pequena. O mapa de Gauss
mapeia cada ponto na elipse para o ponto na circunferência unitária definido pelo vetor
normal unitário correspondente, e a parte relevante da circunferência unitária é a curva interna
na figura. Neste arco circular, a imagem da região cinza é bastante grande, e a da região preta
é muito menor, correspondendo ao fato de que a curvatura da elipse é maior onde θ é menor.
Se isso for útil, a curvatura gaussiana do ponto com coordenadas (u, v) na elipse
parametrizada por (a cos u sin v, b sin u sin v, c cos v) é dada por
Assim, Gauss teve uma visão profunda da geometria das superfícies e, evidentemente, poderia
ter se envolvido em uma classificação rudimentar em superfícies com curvatura positiva
constante, curvatura zero e curvatura negativa constante. Vamos chamar isso de curvatura
positiva constante, curvatura zero e curvatura negativa constante. Isso seria a esfera (e talvez
outras, mas na verdade não há outras), o plano (essencialmente) e - o quê? Seguindo essa
analogia - essa tricotomia - a trigonometria correspondente seria: esférica, plana e - o quê?
Gauss não investigou, exceto possivelmente após o trabalho de Bolyai e Lobachevskii ter sido
conhecido por ele. Por essa razão, acredito que o crédito vai para os dois homens que vêm a
seguir nestes capítulos: Bolyai na Hungria/Romênia e Lobachevskii na Rússia.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Stillwell, J. (2010). Worlds Out of Nothing: A Course in the History of Geometry in the
19th Century. Springer. Cap 8 , Pag 91 - 100.