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Departamento de Matemática/FC/UNESP/Bauru
mauri@fc.unesp.br
Departamento de Matemática/FC/UNESP/Bauru
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Resumo
Este artigo trata dos três problemas clássicos da antiguidade, a saber, os problemas
os aspectos históricos e a teoria matemática que possibilitou uma resposta aos problemas.
Em nosso contato com alunos e professores do ensino médio observamos que eles nem
sempre sabem que os métodos existentes para algumas construções fornecem resultados
aproximados, não sendo possível um método que forneça resultado exato. Com a utilização
Abstract
This article deals with the three classic problems of the antiquity, namely, the
problems to double a cube, to trisect of an arbitrary angle and to square a circle. The
historical aspects and the mathematical theory are boarded and a reply to the problems is
made possible. In our contact with pupils and professors of average or basic education we
observe that nor always they know that the existing methods are approached methods, not
existed an accurate method for such constructions. With the use of software of Dynamic
Introdução
comprimento era exatamente esse número. Para a soma, a diferença, o produto e a divisão
fracionários. Alguns números irracionais também podiam ser construídos como, por
medida 1.
Os Problemas Clássicos
Alguns problemas a respeito de construção por régua e compasso não puderam ser
resolvidos pelos gregos. Os três mais famosos foram ‘a quadratura do círculo’ (construir
Uma lenda
Durante o quinto século A.C., Atenas foi assolada por uma peste que dizimou um
quarto de sua população. Uma delegação foi então enviada ao oráculo de Apolo, em Delfos,
respondeu que o altar cúbico de Apolo deveria ser duplicado. Em vista da resposta do
oráculo, foi construído um altar cujas dimensões foram dobradas, mas mesmo assim, a
peste continuou. No caso, foi construído um cubo, cuja aresta era o dobro da aresta do cubo
2.200 anos, nada se podendo afirmar sobre as possibilidades de tais construções, apesar dos
esforços para resolvê-los. Somente a partir dos trabalhos deixados por Évariste Galois
Galois
Évariste Galois, jovem nascido em uma aldeia nas proximidades de Paris viveu no
início do século XIX, período em que a França vivia um clima de turbulência política que
também uma paixão pela Matemática, o que o levou a tentar resolver a questão da
resolubilidade de equações polinomiais por meio de radicais, ou seja, tentar decidir se dada
uma equação polinomial, suas raízes podem ser expressas através de radicais, isto é, através
Na escola, Galois já mostrava grande interesse pela Matemática. Apesar disso, seus
trabalhos eram medíocres e ele era considerado um excêntrico por seus professores. Tentou
entrar na École Polytecnique por duas vezes e foi recusado. Galois ingressou na École
Normale com o propósito de preparar-se para ensinar, continuando também suas pesquisas
na Matemática. Aos 17 anos, entregou seus resultados a Cauchy para que os apresentasse à
Académie des Sciences. Cauchy considerou que parte de seus resultados estava
para um concurso na Acadèmie. Fourier levou o artigo para casa, morreu logo em seguida e
Naquela época a França vivia uma efervescência política e Galois, influenciado por
idéias liberais acaba por aderir à causa republicana. Uma carta sua criticando o
1831, foi preso por ter feito uma manifestação que foi interpretada como uma ameaça à
vida do rei Louiz Philippe, tendo sido solto logo em seguida. Foi preso novamente poucos
meses depois e condenado a 6 meses de prisão por vestir indevidamente uniforme militar.
Algum tempo depois, por causa de uma mulher, foi desafiado a um duelo, não o recusando
em nome de um código de honra. Na noite anterior ao duelo, Galois escreveu uma carta a
que aconteceu no mesmo ano. O duelo ocorreu na manhã do dia 30 de maio de 1832.
Galois recebeu um tiro, falecendo na manhã seguinte. Seu funeral foi acompanhado por
polinomiais por meio de radicais. Além disso, foi também uma ferramenta importante para
dar uma resposta aos problemas clássicos gregos. A partir do conceito de extensão de
Para uma equação de grau 2, ax2 + bx + c = 0, suas raízes são obtidas pela fórmula
− b ± b 2 − 4ac
x= , uma contribuição da matemática árabe.
2a
mostraram que uma equação de grau 3 poderia ser modificada e expressa numa das formas
se trabalhavam com números negativos. Também se obteve um método para reduzir uma
p
soluções da equação x3 + px + q = 0, para p e q números reais. Considerando x = z – ,
3z
p3
obtém-se a equação z3 – 3
+ q = 0 que, multiplicada por z3, resulta em
27z
p3
(z3)2 + qz3 – = 0, e esta é uma equação de grau 2 na variável z3, podendo então ser
27
Apesar de Niels Henrik Abel (1802-1829) ter mostrado que nem sempre era
possível encontrar as raízes de uma equação de grau 5 por meio de radicais, não ficaram
estabelecidas as condições para encontrar tais raízes. Somente nos trabalhos deixados por
Galois, e que foram anunciados por Joseph Liouville (1809 - 1882) em 1843, os polinômios
automorfismos de um corpo.
Números construtíveis
= r2, cujas soluções são raízes de equações de graus um ou dois. A partir desta observação,
com coeficientes racionais, e o grau de f(x) é igual a 2n. Isso também nos garante que se α
é raiz de um polinômio irredutível, cujo grau não é uma potência de 2, então α não é
construtível.
2) O número 3
2 é raiz do polinômio irredutível f(x) = x3 – 2. Isso é suficiente para
garantir que 3
2 não é raiz de um polinômio irredutível de grau 2n (veja, por
3
exemplo, o livro do A. Gonçalves ou do I. Kaplansky, da bibliografia). Assim, 2
não é construtível.
1) Quadratura do círculo. Dado um círculo de raio r=1, construir o lado x do quadrado cuja
quadrado.
2) Duplicação do cubo. Para um cubo de aresta 1, seu volume é igual a 1. A aresta do cubo
3
de volume 2 deve medir 2 que não é construtível.
20o, seria possível construir cos(20o), o que já vimos não ser possível. Assim, não é
construções acima. Seria interessante, ao apresentar tais construções aos alunos, pedir para
que eles realizem essas construções com um programa de Geometria Dinâmica para
Como podemos observar, problemas de enunciados simples nem sempre têm uma
solução simples. Para resolver os Problemas Clássicos foram necessários mais de 2.000
Bibliografia
BOYER, C. B. História da Matemática. São Paulo: Editora Edgar Blucher Ltda, 1974.
1981.
http://www-history.mcs.st-and.ac.uk/history/BiogIndex.html.
22/05/2002