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Esses procedimentos buscam modificar a definição número 23, do livro I, incluindo, por
exemplo, o facto de as rectas paralelas serem coplanares e equidistantes (i).
Tentam substituir o quinto postulado por outro mais evidente e de mais fácil aceitação
(ii). Por último, procuram demonstrá-lo a partir dos outros postulados ou proposições
(iii).
O primeiro matemático a mostrar as tentativas iniciais com o propósito de eliminar a
dificuldade relacionada ao quinto postulado é Proclo de Lícia (412—485), no texto
intitulado O Postulado das Paralelas. Segundo Proclo, o primeiro a tentar
enfrentar essa dificuldade é Possidônio (século I), que define rectas paralelas
como equidistantes no plano. Mas, no pressuposto de que existam rectas coplanares
e equidistantes, esconde-se a hipótese de que o lugar geométrico dos pontos
equidistantes a uma recta é, obviamente, uma outra recta — se conjugarmos a
definição 23 com a noção comum 9 e a proposição 33, verificaremos que o
pressuposto de rectas coplanares e equidistantes já existe em Euclides — o que,
objectivamente, equivale ao quinto postulado.
o segundo matemático a tentar superar a dificuldade é Cláudio Ptolomeu (127—
151), que acredita haver demonstrado o quinto postulado na obra Sobre o
encontro das retas prolongadas a partir dos ângulos menores que dois retos.
Lança mão de várias demonstrações de Euclides, procurando demonstrar o
quinto postulado como um lema. Parte da demonstração de que, se uma transversal
forma com duas retas ângulos internos iguais a dois retos, essas duas retas são
paralelas, isto é, não se encontram. Mais adiante, propõe que a recíproca dessa
afirmação também é verdadeira. A proposição de Ptolomeu baseia-se no fato de
que
(...) quando uma recta que incide sobre outras duas e forma ângulos
internos do mesmo lado, menores que dois rectos, as duas rectas não
só não são assintóticas (...) como o seu encontro se verifica do lado
em que os ângulos são menores e não maiores que dois rectos.
Proclo adverte contra o raciocínio empregado por Ptolomeu porque acredita que o
raciocínio deste, ao dizer que uma recta, ao incidir sobre outras duas, forma de um lado
ângulos menores ou maiores que a soma de dois recto não é um raciocínio correcto de
redução ao absurdo (um absurdo, por exemplo, seria resultar igual a quatro rectos).
Proclo recusa-se a admiti-lo como postulado, uma vez que sua inversa, a
proposição 17 — a soma das medidas de dois ângulos de um triângulo é menor que
dois rectos — é um teorema demonstrado por Euclides, não lhe parecendo
possível que uma proposição, cuja inversa é demonstrável, também não o seja.
Andrade (2013), geometria hiperbólica é, por definição, a geometria que você começa
assumindo todos os axiomas para a geometria neutra e substituindo o postulado das
paralelas de Hilbert por sua negação, o que vamos chamar de “axioma hiperbólico”.
Pela geometria neutra sabemos que a soma dos ângulos interno de um triângulo é
menor ou igual a π, (teorema 1). Caso exista algum triângulo cuja soma angular
interna seja igual a dois ângulos retos implicará no postulado das paralelas e a
recíproca é verdadeira (teorema 1). Ou seja, uma contradição com o axioma
Hiperbólico. Logo, na geometria hiperbólica, a soma das medidas angulares internas
de qualquer triângulo é menor que dois ângulos retos.
Corolário 1.
Todos os quadriláteros convexos têm soma angular inferior a dois ângulos rasos (2π).
Em particular, não existem rectângulos.
Demonstração.
Dado um quadrilátero convexo qualquer ABCD (Figura 2). Tome a diagonal AC e
considere os triângulos ∆ABC e ∆ACD; pelo teorema 1, esses triângulos têm soma
dos ângulos inferiores a π. A suposição de que ABCD é convexo implica que AC está
entre AB e AD e que CA está entre CB e CD, de modo que ∠BAC + ∠CAD = ∠BAD e
∠ACB + ∠ACD = ∠BCD. Ao adicionar todos os seis ângulos, vemos que a soma dos
ângulos internos de ABCD é menor que 2π, implicando, também, a não existência de
rectângulos.
Figura 2: Quadrilátero convexo
Demonstração.
Trace uma perpendicular a reta l e trace uma recta m que passe por P, de modo que
seja perpendicular a . Seja R outro ponto em l, erga uma perpendicular t para l
através de R, e baixe uma perpendicular para t (Figura 3). Agora é paralela a l, uma
vez que são ambos perpendiculares a t (teorema 4: Teorema dos ângulos alternos
internos. Se duas rectas são intersectadas por uma terceira recta de modo que os
ângulos alternos internos são congruentes, então as duas rectas não se intersectam,
ou seja, são paralelas).
Afirmamos que m e são rectas distintas. Suponha, por contradição, que S encontra-
se em m. Então PQRS é um rectângulo. Isso contradiz o corolário 1.
Logo para cada recta l e para cada ponto P, não contido em l, passam por P, pelo
menos, duas paralelas distintas para l.
Figura 3: Teorema Hiperbólico Universal
Corolário 2. Na geometria hiperbólica, para cada recta l e cada ponto P não contido
em l, há uma infinidade de paralelas a l através P.
Referencial Bibliografico