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Handout 5- Os domínios do saber, as formas

Introdução: varias dimensões da realidade (atual e não-atual)


- A matéria: Aquele do qual uma coisa é feita. Diferencia com o vivo (inércia), e do espírito
(sentidos corporais). A maior parte do tempo, ela só se pode atingir através das formas e dos
objetos. Pedaço de cera de Descartes (percepção*): desaparição das qualidades sensíveis;
matéria é extensão no espaço.
- Matéria e forma: o material, o que se forma e se deforma; produção artificial o natural; o que
permanece; aceitação ativa de uma forma; pb: substancialismo do hylèmorfismo (Aristóteles);
Gilbert Simondon e a noção transdução.
- Matéria e espírito: oposição ao imaterial. Descartes: matéria=extensão; medir e calcular.
Mecanismo. Representações e simbólico (as instituições da significação).
- Tipologia das ciências: segundo objeto, método e objetivo. Os domínios:
1. As ciências formais: as lógicas e as matemáticas. Objetos abstratos e virtuais.
2. As ciências empírico-formais: ciências da matéria/natureza (física, química); por
formalizadas, processo experimental, a partir do século 17 (Galilée) e 18 (Lavoisier).
Importância contemporânea das nanotecnologias (engenharia da micro-matéria).
3. As ciências da vida (biologia, fisiologia, medicina, genética, etc.): arredor de 1800.
Antes, classificação em gêneros e espécies, anatomia descritiva, medicina intuitiva.
Harvey: circulação do sangue e bomba (século 17); invenção do microscópio
(spermatozoïdo, ovulo, mecanismos da reprodução). Rembrandt, A lição de anatomia.
“Biologia”: inventada em 1802 (Lamarck), progressos no século 19: evolução
(Darwin), origem da genética contemporânea. Medicina: Claude Bernard, método
experimental; Pasteur, vaccinos). Biotecnologias (mutações, manipulações genéticas,
fecundação in vitro, clonagem, etc.): incidência forte: pb éticos e políticos.
4. Ciências humanas. Aparecerão tardia, no século 19, a partir de uma extrapolação /
separação da filosofia. Reputação cientifica ruim (« flácidas » vs. duras). Fenômenos
ricos de significação e de valores. Historia, sociologia, economia, lingüística,
antropologia, psicologia, etc.
5. Novas ciências? As ciências da terra? Mistura ciências da matéria (astronomia,
geologia), da vida (ecologia), humanas (influencia sobre o clima, antropocena).
- desenvolvimento irregular (irracional); especulações pseudo-cientifica: alquimia, astrologia.

As formas: lógicas e matemáticas


- A lógica formal é a ciência da inferência valida; pura forma do raciocino, sem consideração
nem do conteúdo da demonstração, nem do conteúdo da verdade. Lógica e matemáticas:

Características/disciplina Calculo das Calculo dos Matemáticas


proposições predicados
Não-contradição x x x
Decidabilidade x o o
Completude x x o

- exemplo de proposição indecidavél: paradoxo de Russell: um barbeiro se propõe de barbear


todos os homens que não se barbeiam eles mesmos; será que ele vai se barbear ele mesmo ?
Será que o conjunto dos conjuntos que não pertencem a eles mesmos pertence a ele mesmo ?
 Nos dois casos, a gente enfrenta uma contradição, o que implica uma existência paradoxal para
um tal conjunto. Indecidabilidade dessa proposição: nem verdadeira, nem falsa (de maneira geral,
a indecidabilidade vem da impossibilidade de ter um método para percorrer todos os casos
incluídos nos quantificadores). Esse paradoxo quebrou a tentativa de Frege de axiomatizar de
maneira lógica a aritmética (Grundsetze der Aritmetik). Nos Principia Matemática (1910), escritos
com Whitehead, Russell tentou de resolver o paradoxo (teoria dos tipos). Já se pode reparar que
lógica e matemáticas não tem as mesmas características (impossibilidade de formalizar
logicamente a aritmética com a lógica da primeira ordem).
 A observação simétrica foi feita do lado das matemáticas: a partir de Cantor (teoria dos
conjuntos), apareceu uma tendência criadora nas matemáticas (existem vários conjuntos infinitos):
indicio (ainda confuso) da incompletude da teoria matemática (tem uma infinidade de objetos).
Hilbert (rival de Poincaré) propôs um programa resolvido por Gödel: os paradoxos deles
mostrarão que as matemáticas não podem pretender a completude (teoremas de incompletude).
Nas matemáticas, as regras de construção (sintaxe) não “cobram” as novidades semânticas
(conteúdos formais novos).
- matemáticas: teoria dos objetos quaisqueres (as formas dos objetos do mundo: aplicações
múltiplas ao mundo “empírico”). Noção de conteúdo formal (Granger). Objetos abstratos (o
numero), sem referencia a realidade atual: reais mas virtuais. Divisões tradicionais : álgebra,
geometria, probabilidades ; aritmética.
- Exemplo de progresso na abstração matemática: a teoria dos números.
 Numero inteiro: 1, 2, 3. Paradoxos; conjunto: N. Operações: adição, multiplicação...
 Número fractionaro: ½ o ¾: complicação e generalização do numero inteiro. Paradoxo
na multiplicação o divisão;  conjunto: D
 O número incomensurável : a raiz de 2 (diagonal do quadrado).
 texto de Platão, Menon: 80a-86c

 O número negativo: muito útil nos cálculos do álgebra.  conjunto: R


 O número imaginário: nas equações do secundo grau (ax+bi, i2=-1). Os números reais
são um caso particular (quando b=0).  conjunto : iR
 O número transfinito (teoria dos conjuntos).  conjunto: Aleph
 Álgebra: não determina numericamente os números; se interessa só as relações deles.
- princípios : a demonstração matemática começa com princípios indemonstráveis.
1. Axiomas: proposições evidentes por elas mesmas. Noções primeiras que foram as vezes
consideradas como “verdades de razão pura”. Ex: a totalidade é maior que a parte, duas
quantidades iguais a uma terceira são iguais entre elas.
Ex: os axiomas da geometria de Euclides:
 Dados dois pontos distintos, há um único segmento de reta que os une;
 Um segmento de reta pode ser prolongado indefinidamente para construir uma
reta;
 Dados um ponto qualquer e uma distância qualquer, pode-se construir uma
circunferência de centro naquele ponto e com raio igual à distância dada;
 Todos os ângulos retos são congruentes (semelhantes);
 Se uma linha reta corta duas linhas retas de forma a que os dois ângulos internos
de um mesmo lado sejam (em conjunto, ou soma) menores que dois ângulos
retos, então as duas linhas retas, se forem prolongadas indefinidamente,
encontram-se num ponto no mesmo lado em que os dois ângulos são menores
que dois ângulos retos.
 axiomática como fundamento das matemáticas, sistema hipotético-dedutivo
2. Postulados: proposições não-evidentes que o matemático demanda aceitar, mesmo que
não possa demonstrá-las, porque são indispensáveis ao progresso da sua demonstração.
Caso particular: o quinto postulado da geometria de Euclides
- enunciado: Paralelismo de Euclides. "Há um ponto P e uma reta r não incidentes
tais que no plano que definem não há mais do que uma reta incidente com P e
paralela a r."
- tentativa de demonstração apagogica (Riemann, 1850), nascimento das geometrias
não-euclidianas (retas sobre uma esfera, como os meridianos do globo terrestre)
- muitos outros postulados implícitos da geometria euclidiana: o espaço é infinito,
homogêneo, com três dimensões, sem curva, etc. (exemplo de postulado da mecânica
de Newton: a massa é constante).
3. As definições: fixam o senso de um termo enumerando os caracteres essenciais do
objeto definido (o retângulo é um paralelogramo cujo angulo é direito). Definições por
geração: o número inteiro nasce pela adição indefinida da unidade a ela mesma ;
definições a priori (o racionais), que indicam a lei de construção ideal duma noção.
Definições que foram tbm chamadas: absolutas, universais, imutáveis.
- raciocínios:
 A dedução construtiva: hipotético-dedutiva. Ex: demonstração do teorema de
Pitágoras por subtração de aérea. Relação algébrica: (a+b)2= 4x(ab/2) + c2; então:
a2+2ab+b2=2ab+c2; então: a2+b2=c2. (papel intermediário na inferência de um
produto notável da álgebra).
Cf. as regras de Descartes:
 texto sobre as regras do método, Discurso do Método, II

A conclusão resulta de uma necessidade lógica. A demonstração matemática é uma


dedução construtiva e reflexiva na qual a mente toma consciência das suas operações e
cria as suas regras. Ao contrario do silogismo, no qual a conclusão é implicada nas
premissas (necessidade analítica), a dedução matemática é sintética, pois resulta da
possibilidade de construir a conseqüência com a hipótese. O pensamento matemático
generaliza complicando. Progresso: a geometria no espaço (3D) e geometria plana.
 A recorrência (Poincaré): na aritmética. Provar uma propriedade para os primeiros
casos; mostrar que, se é verdadeira para n, então é verdadeira tbm para n+1; concluir
que é verdadeira para todos os números inteiros. Sorte de indução necessária
 texto de Poincaré, A ciência e a hipótese, chap. 1

 Formas secundarias
- Demonstração regressiva: partir da conclusão e chegar ao principio; para procurara a
demonstração dum teorema o para resolver problemas (método do álgebra: tratar as
quantidades desconhecidas como se fossem conhecidas)
- Demonstração apagogica (pelo absurdo): regressiva indireta: Riemann
Handout 6- A matéria: física e química

- A mecânica clássica: Descartes, Torricelli, Galileu, Huygens; Newton, Principia


Matemática (1687), leis fundamentais do movimento:
 Principio de inércia (perseverança no movimento)
 Dinâmica da translação (mudança do movimento proporcional a força motriz)
 Ação e reação recíproca (cf. Arquimedes)
 Atração gravitacional
 limite: dimensão absoluta do tempo (Correspondência Leibniz-Clarke)
Exemplos de conceitos matemátizados da mecânica clássica:
- velocidade: v=d/t ; conceito matemático: o numero fractionaro (conjunto D)
- aceleração: a=d(v) (conceito algébrico: função derivada de uma primeira função)
- cf. textos de Galileu e de Koyré (unidade 3: método experimental)

 texto de Descartes, Dioptrica (depois do Discurso do Método), secundo discurso


- leis da reflexão: sinTh1=sinTh2
- leis da refração: n1.sinTh1=n2sinTh2 (n=c/v; coeficiente de refração do
material/ambiente, velocidade da luz no vazio, velocidade da luz dentro do
material/ambiente considerado)

- As varias forças físicas da natureza


 eletromagnética
 gravitacional
 interação forte (núcleo atômico)
 interação fraca (núcleo atômico)

- as partículas elementares: átomos, elétrons, nêutrons, prótons, bóson de Higgs, pion (Lattes)

- Os elementos químicos : estrutura (molecular, atômica, iônica) da matéria; e as principais


reações :
 Lavoisier (reforma da nomenclatura química (oxigênio, hidrogênio, azota), teoria da
combustão; abandono da teoria antiga dos quatros elementos; lei da conservação da
matéria)
 Classificação dos elementos na tabela de Mendeleïev
 Oxidação–redução, polimerização

- Dificuldade atual: unificar a teoria quântica e a teoria da relatividade geral ; desafios da


cosmologia
Handout 7- A vida: biologia e medicina

- Biologia? Lamarck, 1802: estudo de tudo o que é comum aos vegetais e animais. Um
domínio do saber só se torna plenamente uma ciência quando o objeto dela é claramente
definido: métodos adaptados a investigação desse objeto. Duas exigências não satisfeitas.
- O mistério da vida não é fácil de entender o explicar (ate hoje). Formas mas poéticas (o
metafísicas, o religiosas) que cientificas. Foucault: ate o século 18, a vida não existia como
objeto de pesquisa cientifica: só existiam seres vivos, que se tratava de observar, descrever,
classificar. A vida era apenas uma palavra par designar a diferença entre o inerte e o animado.

 texto de Michel Foucault, As palavras e as coisas, Martins Fontes, p 180-181 (pdf).

- Duas capacidades fundamentais do ser vivo: relação constante com o ambiente exterior
graças ao qual se alimenta e se desenvolve; capacidade de se reproduzir entre eles. Condições
necessárias da existência/permanência da vida. Auto-construção, auto-conservação, auto-
regulação, auto-reparação; vida: “o conjunto de funções que resistem a morte” (Bichat, 1800).

- Problema: como estudar um fenômeno inseparável das funções através as quais se


manifesta, que a observação não pode isolar completamente? O método experimental enfrenta
as suas limites pois encontra o risco de fazer desaparecer o objeto da experimentação.
 Paradoxo do “vivo separado da vida pela ciência e esforçando-se de atingir a vida
através da ciência” (Canguilhem)
 Renunciar a explicar a “vida” ela mesma, por causa do risco de perder os caracteres
próprios dela
 Problemas éticas ligados as condições do estudo (não se pode infligir qualquer
tratamento a um ser vivo, sobre tudo um ser humano) como também as conclusões
não–ciêntificas que se pode inferir delas.

Modos de explicação no conhecimento da vida:


 Finalismo: apareceu em primeiro na historia. Idéia que a natureza não faz nada em vão
(Aristóteles), que ela sempre tem um objetivo já fixado – tem uma hierarquia dos seres
e o homem seria o fim da criação. Cada organismo pode ser descrito de maneira
finalista: se pode justificar a existência dos órgãos pela necessidade das funções deles:
se a gente duas pernas e não três, é para uma boa razão !
 Mecanismo: se representa a natureza como uma grande maquina cujo funcionamento
vem da disposição e articulação das varias partes. Essa atitude é ligada ao triunfo da
mecânica clássica: o universo é submetido a uma certa regularidade, a certas leis o
grupos de leis que ninguém, ate Deus, pode mudar.
 texto de Descartes, Princípios da filosofia, IV, §203: os animais-maquinas

Harvey é inspirado pelo modelo mecânico do funcionamento das bombas: explica o


papel exato do coração na circulação do sangue. Problema: esquecimento da
especificidade do ser vivo, da sua irredutibilidade a matéria inerte.
 texto de Kant, Critica da faculdade de julgar, §65:

Tbm, o mecanismo deixa do lado (sem resolve-la) a questão de saber quem construiu a
maquina e como o motor dela foi instalado (se imaginar que foi Deus, seria
equivalente a reintroduzir o finalismo no inicio do mecanismo). Cf. Voltaire
“L’univers m’embarrasse, et je ne puis songer / Que cette horloge existe, et n’ait point
d’horloger”.
 O vitalismo: é uma herança dos médicos hipocráticos da Antiguidade. Idéia de uma
ação de uma sorte de “força vital” que explica a irredutível especificidade de todo ser
vivo. Os efeitos do vitalismo sobre a constituição de uma biologia cientifica são
ambíguos: descobertas sobre o funcionamento e o papel do cérebro (Broca),
observações importantes sobre a reprodução do mundo animal. Mas a interpretação
dos resultados é freqüentemente mais metafísica do que cientifica: ao insistir sobre a
especificidade do vivo, a gente acaba fazendo dele um ser que nao tem mais nada ver
com o ambiente no qual vive.

Três descobertas cruciais da nova ciência biológica (século 19)


 A teoria celular: consagra a existência de um elemento ultimo comum a todos os seres
vivos (a célula), e melhora o conhecimento das relações de intercambio que tem entre
cada ser vivo e o ambiente dele.
 A genética: permite de entender os mecanismos da transmissão hereditária e contribui
ao controle do fenômeno da reprodução.
 A teoria da evolução: transformismo de Lamarck (diversificação dos seres vivos sobre
a influencia das circunstâncias – adaptação necessária), descendência de Darwin
(adaptação dos seres vivos ao ambiente deles pela seleção natural. A evolução explica
o devir das varias espécies vivas e aumenta o nosso conhecimento da historia das
relações entre as varias partes da natureza. Essa teoria entra em oposição ao
criacionismo e ao fixismo. A teoria de Darwin, mesmo que fosse retificada, unificou
saberes ate então heterogêneos. Depois de Darwin, as leis da hereditariedade (apenas
os caracteres inscritos no código genético de um individuo são transmitidos aos
descendentes dele) são ligadas a um melhor conhecimento dos mecanismos e
condições de reprodução, como a natureza e a importância dos intercâmbios entre o
vivo e o ambiente dele (que explicam a especificidade da vida).

Azar e necessidade: ninguém contesta mais a realidade da evolução das espécies vivas;
porém, alguns problemas permanecem: qual é o motor essencial dessa evolução e será que ela
tem uma significação?
1) Sobre o primeiro ponto, a questão é de saber se as mutações genéticas bruscas são
suficiente para explicar os cambio irreversíveis: teria uma pressão da seleção que
implicaria uma subordinação da sobrevivência de uma espécie a continuação da
evolução dela.
2) A velha questão do finalismo ainda não é resolvida.

- Biologia e ética: a decodificação do genoma humano tornou possível modificações do


patrimônio genético de um individuo (eugenismo), a mudança de sexo o de cara, as implante
de órgãos, o prolongamento da duração da vida.

- Um projeto contemporâneo de “filosofia da vida”: Frédéric Worms


- O vital: “aquele sem o qual não seria mais possível a continuação da vida de um ser
vivo na sua relação com o ambiente e os outros seres vivos”. Essa definição é só
aparentemente circular, pois insiste sobre três dimensões fundamentais: o ato de se
manter, a individuação e relação (entre os seres singulares). Ao substituir uma
condição concreta (o mínimo vital, com uma ambição extensiva) a um principio
abstrato (a vida), mesmo definido de maneira mineral (como “impulso”), o ensaio vai
além da epistemologia, na direção de uma ontologia não-substancialista (contra
Bérgson).
- Ambição metafísica. Pretensão de “fundar uma ética e uma ação sobre outra coisa que
a consciência e a liberdade, sem utilizar uma necessidade puramente “lógica” que
passaria além dos seres vivos” (Weil). Um tal projeto conjuntaria as questões do poder
e da vida (biopolitica, bioética), completando as necessidades negativas (assegurar a
sua sobrevivência, criticar os abusos de poder, inclusive técnicos, sobre a vida),
imaginar usos técnicos para previr e evitar catástrofes.
Handout 8- Os seres humanos: as ciências sociais e humanas

- E só de maneira aparente que o ser humano pode se abstrair da vida, pretender constituir
uma ciência (a posição dele não é neutra). Mesmo problema das relações com o ambiente nas
ciências do homem e da sociedade. Se complexifica: presença das significações (o simbólico)
e das normas (valores, ideologias, etc.). O homem se pode considerar ele mesmo como objeto
da ciência? Objetividade? Espinosa: nem rir, nem chorar, mas compreender.
- Um objeto particular implica um método especial: as ciências da sociedade não podem
proceder da mesma maneira que as outras. A compreensão se substitui a explicação (Dilthey)?
Não é exato: tem uma combinação de compreensão e de explicação (Weber).
- Matematização (formalização) não convincente? Falta de rigor suficiente: prénoções da
linguagem, a significação real das ações não é a significação vivida que os homens atribuem
aos comportamentos deles. E.g. Durkheim: as causas do suicídio são inconscientes, mas
socialmente eficientes. Disciplinas que implicam uma parte de interpretação; risco de
ideologia (passagem da descrição a prescrição, dos fatos para as normas). Formalização
possível (historia quantitativa, demografia, etc.), mas precisa tbm guiar as questões pela
formulação de problemas (a inteligência).
- Sociologia: mecanismos e as determinações múltiplas dos comportamentos dos homens em
sociedade. Um grupo humano não é justaposição de indivíduos; a existência e a persistência
dele são mais o produto de interações complexas. Durkheim, Regras do método sociológico
(1885): a sociologia se da objetos próprios. Exemplos:
 a relação entre a predominância do protestantismo e o desenvolvimento do capitalismo
moderno (Weber);
 aparição progressiva do pudor (na Europa) e a relação com a sociedade de Corte
(Norbert Elias)
 relação entre a cordialidade brasileira e o jeito campesino de enfrentar as novas
situações da vida (Sergio Buarque).

 texto de Max Weber, A ética protestante e o espírito do capitalismo

- Métodos: observações em situações, questionários (em lugar de experiências?). A sociologia


construí os fatos que ela estuda, com a ajuda de um mínimo de teoria (cf. a hipótese de
Weber). Parte de interpretação, comunidade de natureza entre o observador e o observado.

Conclusão: a questão da unidade da ciência

 Resposta a nossa questão: o que faz a unidade da ciência? Não é uma unidade de objeto
nem de método, mas de intenção: conhecer a realidade de maneira objetiva, em função de
perecedoras que sejam ao mesmo tempo rigorosas e publicamente verificáveis (dai o papel da
demonstração e da prova). Cf. infra Unidade 4: as normas do saber.

 texto de Granger, A ciência e as ciências,

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