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Análise

Uma versão histórica by Melqusedeque

SERIE DE FOURIER
História

A série surgiu na tentativa de Fourier solucionar um problema físico,


que gerou novas fronteiras na matemática. Durante o estudo da propagação de
calor em corpos sólidos. Admitindo que essa propagação deveria se por ondas
de calor, levando em consideração que a forma mais simples de uma onda é
uma função senoidal. Assim Fourier demonstra através da transformada que
qualquer função complexa, pode ser decomposta em uma combinação infinita
de senoides, dividida como uma soma de senos e cossenos.
Jean-Baptiste Joseph Fourier (1768-1830) estudou sistematicamente
tais séries infinitas, na tentativa de resolver a equação do calor. Em 1811, em
sua Théorie mathématique de la chaleur (Teoria matemática de condução do
calor), Fourier explicitou os coeficientes de tais séries (que ficaram conhecidos
como coeficientes de Fourier, embora Euler já conhecesse o formato dos mesmos) e escreveu as
séries de senos e cossenos de várias funções. De um ponto de vista moderno, os resultados de
Fourier, embora muito importantes a forma da série que recebeu o seu nome, são informais, em
boa parte devido à falta de uma definição concisa de funções e integrais até o início do século XIX.
P. G. Dirichlet (1805-1859) foi um dos primeiros a reconhecer que nem toda função poderia ser
representada por uma série de Fourier (fato que Fourier acreditava), obtendo uma condição suficiente para a
validade da representação a partir da série estudada.
Em um trabalho de 1829, Dirichlet dá a primeira demonstração rigorosa de que a série de
Fourier de uma função f converge, em cada ponto x, para a média aritmética dos limites laterais de
f nesse ponto. Nesse trabalho Dirichlet dá origem ao conceito de função como hoje se é conhecido.
Embora o objetivo inicial de Joseph Fourier fosse resolver a equação do calor, depois que
o método foi estudado e encontrado ele foi sendo usado para resolver muitos problemas
matemáticos e físicos e, em especial, os que continham equações diferenciais. Esse estudo,
conhecido hoje por Série de Fourier, tem aplicação direta nas áreas da engenharia elétrica, análise
de vibrações, acústica, óptica, processamento de sinais, processamento de
imagens, econometria. De encontro com esse aspecto está que, durante a elaboração da Série de
Fourier, Joseph Fourier não estava focado em entender o calor enquanto entidade física
(explicitando que não era o foco dele, mas que na pressão de dar uma explicação ele diria que a
condução do calor se daria como radiação) mas para ele o importante era descrever
matematicamente o comportamento do calor.

TEORIA ANALÍTICA DOS NÚMEROS


História
Muito da teoria analítica dos números foi inspirada pelo teorema dos números primos.
Seja π (x) a função de contagem de números primos que fornece o número de números primos
menor ou igual a x, para qualquer número real x. Por exemplo, π (10) = 4 porque há quatro
números primos (2, 3, 5 e 7) menores ou iguais a 10. O teorema dos números primos indica que x /
ln (x) é uma boa aproximação de π (x), no sentido de que o limite do quociente das duas funções π
(x) e x / ln (x) conforme x se aproxima do infinito é 1:
Adrien-Marie Legendre conjecturou em 1797 que π (a) é aproximado pela função a / (A
ln (a) + B), onde A e B são constantes não especificadas. Na segunda edição de seu livro sobre a
teoria dos números (1808), ele fez uma conjectura mais precisa, com A = 1 e B = -1,08366. Carl
Friedrich Gauss já havia considerado esta questão: em 1792 ou 1793, segundo suas próprias
lembranças quase sessenta anos depois em uma carta a Encke (1849), ele escreveu em sua tabela de
logaritmo (ele tinha então 15 ou 16 anos) o curto observe “Primzahlen unter ". Mas Gauss nunca
publicou essa conjectura. Em 1838, Peter Gustav Lejeune Dirichlet propôs sua própria função de
aproximação, o logaritmo integral li (x). Ambos Legendre e fórmulas de Dirichlet envolvem o
mesmo equivalência assintótica conjeturada de π (x) e x / ln (x) acima mencionado, embora
aproximação de Dirichlet é consideravelmente melhor quando se considera as diferenças, em vez
dos quocientes.

PRECURSORES
▪ DIRICHLET
É geralmente a Dirichlet que se credita a criação da teoria analítica dos números, uma área
na qual ele demonstrou vários resultados profundos e introduziu ferramentas fundamentais, muitas
das quais foram posteriormente nomeadas em sua homenagem. Em 1837, ele publicou o Teorema
da Progressão Aritmética, usando conceitos de análise matemática para abordar um problema de
álgebra e, assim, criar o ramo da teoria analítica dos números. Por provar este teorema, ele
apresenta seus personagens e funções L. Em 1841, generaliza o teorema das progressões aritméticas
para o anel dos inteiros gaussianos. ℤ[𝑖 ]

▪ CHEBYSHEV
Em dois artigos de 1848 e 1850, o matemático russo Pafnouti Chebyshev tentou provar o
teorema dos números primos. Seu trabalho é notável pelo uso da função zeta ζ ( s ) (para s reais,
como o trabalho de Leonhard Euler , em 1737) precedendo o famoso livro de memórias de
Riemann de 1859, e ele consegue provar uma forma ligeiramente mais fraca do teorema, a saber,
que se o limite de π ( x ) / ( x / ln ( x )) como x tende ao infinito existe, então ele é necessariamente
igual a 1 e dando, além disso, um enquadramento assintótico deste quociente entre duas constantes
muito próximas de 1 . Embora o artigo de Chebyshev não prove o teorema dos números primos,
suas estimativas de π (x) foram fortes o suficiente para provar o postulado de Bertrand, de que existe
um número primo entre n e 2 n para qualquer inteiro n ≥ 2.

▪ RIEMANN
“… é muito provável que todas as raízes sejam reais. Sem dúvida, seria desejável que tivéssemos uma
demonstração rigorosa dessa proposição; no entanto, deixei essa pesquisa de lado por um momento, após algumas
tentativas rápidas e malsucedidas, porque parece supérflua para o propósito imediato de meu estudo. "
Bernhard Riemann fez contribuições famosas para a teoria analítica dos números. No único
artigo que publicou sobre o assunto da teoria dos números, sobre o número de números primos menores
que um determinado tamanho, ele estuda a função zeta de Riemann e estabelece sua importância para
a compreensão da distribuição dos números primos. Ele fez uma série de conjecturas sobre as
propriedades da função zeta, uma das quais é a hipótese de Riemann.
▪ HADAMARD E O VALLÉE-POUSSIN
Ao estender as ideias de Riemann, duas provas do teorema dos números primos foram obtidas
independentemente por Jacques Hadamard e Charles Jean de la Vallée-Poussin e apareceram no
mesmo ano (1896). Ambas as provas usaram métodos de análise complexos, estabelecendo como
lema principal que a função zeta de Riemann ζ (s) é diferente de zero para todos os valores
complexos da parte real 1 e da parte imaginária estritamente positiva.

NÚMERO TRANSCENDENTE
Um número transcendente (ou transcendental) é um númeroreal ou complexo
que não é raiz de nenhuma equação polinomial a coeficientes inteiros. Um número real ou
complexo é assim transcendente somente se ele não for algébrico. Esses números são irracionais
pelo que não podem ser escritos na forma de fração.

História
Questões envolvendo a natureza transcendental dos números fascinam os matemáticos
desde meados do século XVIII, tornando-se uma área central da teoria dos números. “Às vezes,
essas teorias não resolviam um problema original, mas eles passavam a ser ferramentas básicas na investigação
de outras questões” (FIGUEIREDO).
Os números algébricos são identificados com certa facilidade: racionais, somas e produtos
de raízes de números racionais e a unidade imaginária são exemplos, mas, o que tornou esse estudo
tão misterioso e desafiador era a incapacidade de exibir exemplos ou algum tipo de classificação para
os números transcendentes.
Em 1874, Georg Cantor (1845-1918) provou que o conjunto dos números algébricos
é enumerável, o que foi surpreendente: a enumerabilidade deste conjunto implicaria a existência de
uma “quantidade” infinitamente maior de transcendentes do que algébricos, muito embora se
conhecessem pouquíssimos exemplos. Consoante a Marques (2013), “esta teoria vive um grande
paradoxo, se quase todos os números são transcendentes, porque demonstrar a transcendência de
um número é, em geral, uma tarefa tão complicada”?
Grandes matemáticos deram suas contribuições a esta linha de pesquisa, como
Cantor, Hilbert e Euler, mas o primeiro número a ter sua transcendência demonstrada foi dado em
1851 pelas mãos do francês Joseph Liouville (1809-1882) que passou a ser chamado de constante
de Liouville em sua homenagem.
Em 1873 que Charles Hermite (1822-1901) provou que ℯ (número de Euler) é
transcendente.
Aproximadamente uma década após esta célebre constatação, o alemão Ferdinand von
Lindemann (1852-1939) publicou uma bela e “simples” demonstração que 𝜋 era
transcendente. Alexander Gelfond, em 1934, e Theodor Schneider, em 1935, resolveram
independentemente o famoso 7º problema de Hilbert proposto em 1900 sobre a transcendência de
números como "O teorema de Gelfon Schneider (como ficou conhecido), definiu a natureza
algébrica da potenciação de números, estabelecendo uma larga classe de números transcendentes.

Definição
Um número real é chamado algébrico se ele for raiz do polinômio de coeficientes
inteiros,por exemplo, 2 é um número algébrico pois é raiz do polinômio 𝑥 2 − 4 = 0.
Um número β é dito transcendente quando não é algébrico. Ou seja, β é transcendente
quando não se consegue obter um polinômio com coeficientes inteiros P,tal que P(β)=0.

CORTE DE DEDEKIND

J. W. R. Dedekind, nasceu em Braunschweing, Alemanha, no ano de 1831, nunca se casou


e viveu até os oitenta anos. Iniciou-se cedo na matemática entrando em Göttingen aos dezenove
anos e obteve seu doutorado três anos depois com uma tese sobre o Cálculo que foi elogiada
por Gauss.
Permaneceu em Göttingen durante alguns anos, ensinando e ouvindo aulas de Dirichlet e
depois dedicou-se ao ensino secundário, principalmente em Brunswich, pelo resto de sua vida.
Dedekind viveu vários anos depois de sua célebre introdução dos "cortes" que a famosa editora
Teubneu deu como data de sua morte, no calendário de matemáticos, o dia 4 de setembro de 1899.
Dedekind, que viveu ainda mais doze anos, escreveu ao editor que passara a data em questão em
conversa estimulante com seu amigo Georg Cantor.
A atenção de Dedekind se voltara para o problema de números irracionais desde 1858,
quando dava aulas de cálculo. Para ele, o conceito de limite deveria ser desenvolvido através da
aritmética apenas, sem usar a geometria como guia. Ele se perguntou o que há na grandeza
geométrica contínua que a distingue dos números racionais.
Dedekind chegou à conclusão de que a essência da continuidade de um segmento de reta
não se deve a uma vaga propriedade de ligação mútua, mas a uma propriedade exatamente oposta -
a natureza da divisão do segmento em duas partes por um ponto dado. Se os pontos de uma reta se
dividem em duas classes tais que todos os pontos da primeira estão à esquerda de todos os pontos
da segunda, então existe um, e um só, ponto que realiza essa divisão em duas classes, isto é, que
separa a reta em duas partes.
Dedekind viu que o domínio dos números racionais pode ser estendido de modo a formar
um continuum de números reais se supusermos o que agora se chama o axioma de Cantor-Dedekind -
que os pontos sobre a reta podem ser postos em correspondência biunívoca com os números reais.
Isso significa que para toda divisão dos números racionais em duas classes A e B tais que todo número
da primeira classe, A, é menor que todo número da segunda classe, B, existe um e um só número
real que produz essa classificação chamada de Dedekind. Se A tem um máximo, ou se B tem
mínimo, o corte define um número racional; mas se A não tem máximo e B não tem mínimo, então
o corte define um número irracional. Ele observou que os teoremas fundamentais sobre limites
podem ser provados rigorosamente sem apelo à geometria. Foi a geometria que iniciou o caminho
para uma definição conveniente de continuidade, mas no fim foi excluída da definição aritmética
formal do conceito. A noção de corte de Dedekind, no sistema de números racionais, ou uma
construção equivalente dos números reais, tinha agora substituído a grandeza geométrica como
espinha dorsal da análise.
O magistral tratamento dos incomensuráveis formulado por Eudoxo aparece no quinto
livro dos Elementos de Euclides, e essencialmente coincide com a exposição moderna dos números
irracionais dada por Dedekind em 1872. Dedekind, em 1879, parece ter sido o primeiro a definir
explicitamente a noção de corpo numérico - uma coleção de números que formam um grupo
abeliano com relação à adição e (com a exceção do zero) com relação à multiplicação, e na qual a
multiplicação é distributiva com relação à adição. Exemplos simples são a coleção dos números
racionais, o sistema de números reais e o corpo complexo.
Dedekind generalizou a ideia de Gauss de inteiros gaussianos da forma 𝑎 + 𝑏𝑖, onde a e b
são inteiros, com a teoria dos inteiros algébricos - números que satisfazem equações polinomiais com
coeficientes inteiros e primeiro coeficiente igual a um. Introduziu na aritmética o conceito de ideal,
baseado na noção de anel. Por volta de 1888, definiu efetivamente conjunto infinito como todo
conjunto que é equipotente a uma sua parte própria.
OS NÚMEROS TRANSFINITOS
O conceito de infinito foi sempre uma pedra nos sapatos dos matemáticos e ao longo da
história provocou incontáveis discussões. Já no século V a.C., o filósofo grego Zenão, apenas
utilizando a ideia de infinito, conseguiu produzir paradoxos famosos, como o de Aquiles não ser
capaz de alcançar a tartaruga.
Na primeira metade do século XVII, o pai da física moderna, Galileu Galilei, havia
observado uma coisa que lhe parecera estranha. Seja a sequência dos números naturais e ao lado de
cada um deles coloquemos seu quadrado.
1 1
2 4
3 9
... ....
n n²

Como para cada número da coluna da esquerda corresponde um e um só número da coluna


da direita e vice-versa, não temos dificuldades em aceitar que as duas têm a mesma quantidade de
elementos.
Entretanto, todos os números da direita também podem ser encontrados à esquerda, ou
seja, como observou Galileu, no conjunto infinito dos naturais a parte era igual ao todo. Ocorre
que para quantidades finitas o axioma de que a parte é sempre menor que o todo era uma verdade
indiscutível há séculos.
Cantor começou procurando atribuir “tamanhos”, que ele chamou de potências, aos
diversos tipos de conjuntos de infinitos elementos. Ao conjunto dos números inteiros 1, 2, 3, …
(aquele que Kronecker disse ter sido o único criado por Deus) foi atribuída a potência representada
pela primeira letra do alfabeto hebraico À0(lê-se Alef-zero), que é o menor dos números transfinitos.
Cantor provou que existem infinitas potências diferentes de conjuntos infinitos. O primeiro
conjunto a ser comparado com os dos números naturais foi o dos racionais. Cantor dispôs aqueles
números em sucessivas linhas horizontais, cada um denominador a partir de 1. Os numeradores,
em cada linha crescem da esquerda para a direita. É fácil ver que todos os números racionais
positivos estão contidos no quadro, inclusive as repetições com 1/2, 2/4, 3/6, etc. (para os
negativos vale o mesmo raciocínio).
Seguindo o esquema de flechas, podemos contar os
racionais, inclusive desconsiderando as repetições que aparecem
entre parênteses. Portanto a potência dos racionais é a mesma
dos naturais, ou seja, À0(Alef-zero). O passo seguinte foi estudar
os algébricos e Cantor descobriu através de um raciocínio mais
elaborado que eles também são contáveis e assim sua potência
também é À0(Alef-zero).
Continuando, por um método simples e elegante,
Cantor provou que os números reais não são contáveis e chamou a
potência daquele conjunto de C (de contínuo) ou À 1(Alef-um).
Cantor foi muito amigo de outro famoso matemático de
fim do século XIX, Richard Dedekind, o homem que deu sólido
fundamento lógico a teoria dos números reais. Ambos costumavam discutir entre si suas ideias sobre
números reais e transfinitos de modo que na matemática os nomes de Cantor e Dedekind quase
sempre aparecem associados.
Cantor faleceu em 1918, tristemente internado em um hospital para enfermos mentais,
mas é pouco provável que a causa da doença tenha sido seu esforço em pensar o impensável.

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